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LIVRO-CONTROLE-DE-QUALIDADE-DE-PLANTAS-MEDICINAIS-E-FITOTERÁPICOS

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CONTROLE DE QUALIDADE DE PLANTAS MEDICINAIS E 
FITOTERÁPICOS 
 
 
 
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Sumário 
NOSSA HISTÓRIA ...................................................................................................... 3 
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 4 
3. CONTROLE DA QUALIDADE DO PRODUTO ACABADO ........................... 12 
4. TÉCNICAS DE CONTROLE DE QUALIDADE................................................ 12 
5. PROCEDIMENTOS DE CONTROLE DA CONSTITUIÇÃO QUÍMICA .......... 14 
6. PROCEDIMENTOS DE CONTROLE MICROBIOLÓGICO ............................. 17 
7. VALIDAÇÃO ..................................................................................................... 18 
8. COMPROVAÇÃO DE SEGURANÇA E EFICÁCIA DE MEDICAMENTOS 
FITOTERÁPICOS ...................................................................................................... 21 
9. BULAS ............................................................................................................... 26 
10. ROTULAGEM................................................................................................. 27 
11. RESTRIÇÃO DE VENDA ............................................................................... 29 
12. EXIGÊNCIAS PARA O PÓS-REGISTRO....................................................... 30 
12.1. RENOVAÇÃO ............................................................................................. 30 
12.2. PÓS-REGISTRO .......................................................................................... 31 
13. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 32 
14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-
sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação 
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-
pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação 
contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos 
e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra-
vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. INTRODUÇÃO 
Figura 1: Análises de controle da qualidade. 
 
Fonte: https://www.docsity.com/pt/fitoterapico-2/4756386/ 
Por longos períodos na história, o uso de plantas medicinais foi presente 
não só devido ao seu caráter alimentar, mas também às suas propriedades de 
cura, sejam elas reais ou ritualísticas. Entretanto, até a metade do século XX, o 
uso de medicamentos de origem sintética tornou-se mais amplo que o uso de 
plantas medicinais, principalmente na sociedade ocidental, com destaque para 
os países desenvolvidos visto que os considerados países em desenvolvimento 
permaneceram fazendo uso das propriedades curativas das plantas, certamente 
devido às difíceis condições econômicas de aquisição dos medicamentos sinté-
ticos (Korolkovas, 1996; Farnsworth, 1997; Rates, 2001; Springfield et al., 2005; 
Foglio et al., 2006; Gupta et al., 2008). A Organização Mundial da Saúde (OMS) 
estimou que 80% da população dependam da medicina tradicional (Springfield 
et al., 2005). A cultura do uso de plantas e de outras fontes naturais com propri-
edades terapêuticas vem sendo valorizada pela sociedade do mundo inteiro e 
retornou ao status de uma fonte de produtos medicinais devido à busca por há-
bitos mais saudáveis de vida e pelo difícil tratamento de certas doenças e resis-
tência microbiana (De Smet, 2004; Giveon et al., 2004; Rocha et al., 2004; Bugno 
et al., 2005). 
No Brasil, a fitoterapia é uma opção medicamentosa que se adequa às 
necessidades de vários municípios no atendimento primário à saúde (Eldin & 
Dunford, 2001). De forma geral, os fatores da expansão da fitoterapia devem-se 
aos efeitos adversos de fármacos sintéticos, à preferência dos consumidores por 
 
 
 
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tratamentos "naturais", crescente validação científica das propriedades farmaco-
lógicas de espécies vegetais, desenvolvimento de novos métodos analíticos para 
o controle de qualidade, desenvolvimento de novas formas de preparações e 
administração dos produtos e relativo baixo custo (Cañigueral et al., 2003; Melo 
et al., 2007) 
Os fitoterápicos são definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) 
como: “substâncias ativas presentes na planta como um todo, ou em partes dela, 
na forma de extrato total ou processado, que podem ser extraídos a partir de 
processos diversificados e comercializados em estado líquido, sólido ou semisó-
lido” (WHO, 1999). Esses são considerados uma modalidade de terapia comple-
mentar ou alternativa em saúde e seu uso tem sido crescente (AndraDE, 2000). 
As espécies nativas do Brasil ou de outros países da América do sul com maior 
número de registro são: Mikania glomerata (Guaco), utilizada como expectorante 
e broncodilatador, Maytenus ilicifolia (Espinheira-Santa) utilizada contra dispep-
sias e no tratamento de ulceras gástricas e Paullinia cupana (Guaraná), como 
estimulante do sistema nervoso central (Figura 1) (ANDRADE, 2000). 
Lacerda et al., (2005), afirmam que, devido a suas ações farmacológicas, 
são intensamente comercializadas na cidade de Recife – PE, as popularmente 
conhecidas quebra pedra (Phyllanthus niruri L), que pode ser indicada para afec-
ções urinárias, afecções do fígado; A Camomila (Matricaria Recutita L) que tem 
ação calmante e antiinflamatória; A espinheira Santa (Maytenus ilicifolia Mart.) 
que pode ser utilizada como antiespasmódica, antiinflamatória e cicatrizante e 
erva–doce (Pimpinella anisum L.) antiespasmódica, inibidora da fermentação in-
testinal. Novos estudos revelaram atividade broncodilatadora do óleo essencial 
e dos extratos etanólicos e aquosos dessa última planta. 
Outro fator a ser considerado na utilização dos fitoterápicos é o seu valor 
econômico, pois além de serem mais baratos e acessíveis que os medicamentos 
sintéticos, o Brasil apresenta grandes fontes de vegetais para a produção dos 
fitoterápicos. Segundo Garcia (1995): 
O valor dos produtos naturais das plantas medicinais para a sociedade e 
para a economia do Estado é incalculável. Um em quatro produtos vendidos nas 
farmácias é fabricado a partir de materiais extraídos de plantas das florestas tro-
picais ou de estruturas químicas derivadas desses vegetais. 
 
 
 
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 O aumento da utilização dos fitoterápicos, tanto no Brasil quanto no 
mundo, tem sido associado a um maior questionamento por parte da população 
a respeito dos perigos do uso abusivo de produtos farmacêuticos sintéticos, uma 
vez que ela está substituindo o seu uso por plantas medicinais. O Brasil é consi-
derado um país privilegiado, considerando sua extensão e o diversificado ecos-
sistema, detendo aproximadamente um terço da flora mundial. Existe também 
no país estudiosos contribuindo para o desenvolvimento da química de produtos 
naturais (Yamamoto et al., 2004; MARLIÉRE et al., 2008). 
Segundo projeções de Carvalho et al., (2006), até 2008 houveram 512 
medicamentos fitoterápicosregistrados no Brasil, sendo 80 associados e 432 
simples, ou seja, obtidos de derivados de um única espécie vegetal. Dentre os 
medicamentos fitoterápicos registrados, as principais formas farmacêuticas ca-
dastradas foram as cápsulas e comprimidos. Entre as demais se têm a solução 
oral, o xarope, as drágeas, o elixir e as tinturas. Existe a predominância de for-
mas farmacêuticas sólidas no registro de fitoterápicos, sendo registradas na AN-
VISA (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, acerca de 162 espé-
cies vegetais, originárias de países asiáticos, europeus e da América do sul, 
principalmente.(SILVA et al., 2006). 
De acordo com projeções do Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais 
(IBPM), o mercado de medicamentos fitoterápicos movimenta até 500 milhões 
de dólares por ano, somente no Brasil. Há uma estimativa que,no mundo seria 
gasto cerca de US$ 27 bilhões (em torno de 7% do mercado mundial de medi-
camentos) com plantas medicinais. O mercado farmacêutico tradicional cresce, 
mundialmente, de 3% a 4% ao ano, enquanto o de fitoterápicos sobe de 6% a 
7% (BOTSARIS, 2010). 
Com a ampliação do consumo, exige-se a normatização do setor, com a 
implantação e a constante revisão de normas técnicas para a produção e comer-
cialização de medicamentos, visando garantir a segurança no uso e a eficácia 
terapêutica aliada à qualidade do produto (FREITAS, 2007). É indispensável, um 
rigoroso controle de qualidade dos dados que revelam a origem de plantas me-
dicinais utilizadas nos medicamentos e suas especificações técnicas. O Controle 
de qualidade é a grande preocupação do momento; é preciso estar preparado 
para lidar com ele, tanto no que se refere à qualidade de informação, quanto na 
formação de profissionais. Um dos pontos a ser ressaltado é a identificação da 
 
 
 
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origem das plantas, pois a partir disso o processo de contaminação, não só mi-
crobiológico, mas químico, pode ocorrer comprometimento de toda a qualidade 
do produto fitoterápico, trazendo danos de natureza grave aos que os utilizarem 
(PORTAL EDUCAÇÂO, 2010). No Brasil, a Resolução RDC nº 48, de 16 de 
março de 2004, estabelece que a pesquisa de contaminantes microbiológicos 
em fitoterápicos deve estar de acordo com especificações da farmacopéia. 
 
2. CONTROLE DE QUALIDADE E LEGISLAÇÃO 
Figura 2: Controle de qualidade e legislação. 
 
Fonte: https://guiadafarmacia.com.br/especial/plantas-medicinais-ou-fitoterapicos-saiba-
diferencia-los/ 
Muitas das preparações que utilizam plantas medicinais ainda necessitam 
de estudos científicos mais detalhados, incluindo padronização química, testes 
biológicos in vitro e em modelos animais e avaliação clínica. Para a etapa de 
avaliação clínica, o controle de qualidade passa a ser uma prática totalmente 
indispensável. Métodos de controle de qualidade de algumas plantas medicinais 
já validados estão presentes em monografias encontradas, por exemplo, na Far-
macopéia dos Estados Unidos, Farmacopéia Chinesa, monografias da OMS, 
Farmacopéia Japonesa e Farmacopéia Brasileira, que por sua vez, inclui 44 mo-
nografias de plantas medicinais na sua maioria não nativas do Brasil (Ong, 2004; 
Brandão et al., 2006). 
 
 
 
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No Brasil, em 2004, foi aprovada a Resolução nº 48, que dispõe sobre o 
registro de medicamentos fitoterápicos e, entre outros pontos, abrange as etapas 
de controle de qualidade da droga vegetal, do produto acabado e da importação 
de produtos fitoterápicos (Anvisa, 2004). 
Em 1998, a Organização Mundial da Saúde reuniu procedimentos no do-
cumento Quality control methods for medicinal plant materials, que podem ser 
tomados como base para que auxiliem as nações, a partir de sua legislação, 
formar padrões de controle de qualidade de drogas vegetais e produtos (WHO, 
1998). Em 2005 houve revisão do guia com adequação para a detecção e quan-
tificação de alguns contaminantes e resíduos em plantas medicinais (WHO, 
2005). No Brasil, a quarta edição da Farmacopéia (1988), junto com outras lite-
raturas não oficiais, como o livro organizado por Simões et al (2004), contêm 
parâmetros semelhantes aos da OMS para verificação da identidade e controle 
de qualidade de drogas vegetais. Uma comparação entre estes procedimentos 
pode ser verificada na Tabela 1. 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-695X2010000300023#tab1
 
 
 
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Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
695X2010000300023 
O Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006, sobre a Política Nacional de 
Plantas Medicinais e Fitoterápicos, tem como algumas de suas diretrizes garantir 
e promover a segurança, a eficácia e a qualidade no acesso a plantas medicinais 
e fitoterápicos, promover e reconhecer as práticas populares de uso de plantas 
medicinais e remédios caseiros e promover a adoção de boas práticas de cultivo 
e manipulação de plantas medicinais e de manipulação e produção de fitoterá-
picos, a partir de uma legislação específica. 
Fitoterápicos são largamente utilizados no país. Para seu registro e dis-
ponibilização à população, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) 
avalia diversos critérios de qualidade, segurança e eficácia, exigindo requisitos 
similares aos requeridos para os medicamentos convencionais. Este controle 
 
 
 
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tem o objetivo de desvincular os fitoterápicos da idéia de serem produtos de 
qualidade inferior ou sem potencial de risco tóxico. 
 A transformação de uma planta em medicamento deve visar à preserva-
ção da integridade química e farmacológica do vegetal, garantindo a constância 
de sua ação biológica e segurança de utilização. Para alcançar esses objetivos, 
a produção de fitoterápicos requer estudos prévios relativos ao desenvolvimento 
de metodologias analíticas e tecnológicas. É justamente essa fundamentação 
que diferencia o medicamento fitoterápico propriamente dito das plantas medici-
nais e das preparações utilizadas na medicina popular. 
O uso de plantas medicinais e fitoterápicos deve se dar de maneira orien-
tada, de modo que o uso inadequado não ocasione problemas à saúde que vão 
desde a ineficácia terapêutica a reações adversas severas, dependendo da 
forma de uso. Por isso, é importante que seja realizado o controle sanitário des-
tes produtos e a conscientização da população sobre seus riscos, visto que a 
idéia de que produto de origem natural não faz mal à saúde ainda encontrase 
amplamente disseminada. 
 Os cuidados a serem tomados com o uso de fitoterápicos são os mesmos 
destinados aos outros medicamentos: buscar informações com os profissionais 
de saúde; informar ao médico o uso de plantas medicinais ou fitoterápicos, prin-
cipalmente antes de cirurgias, além do aparecimento de reações desagradáveis, 
caso estas aconteçam; observar os cuidados especiais com gestantes, lactan-
tes, crianças e idosos; adquirir fitoterápicos apenas em farmácias e drogarias 
autorizadas pela Vigilância Sanitária; seguir as orientações da bula e embala-
gem; observar a data de validade, nunca utilizar medicamentos vencidos; e ter 
cuidado ao associar medicamentos, o que pode promover a diminuição dos efei-
tos ou provocar reações indesejadas. 
A regulamentação dos medicamentos fitoterápicos é realizada pela An-
visa, órgão federal do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, responsável pelo 
registro de medicamentos e outros produtos destinados à saúde. A Vigilância 
Sanitária age em um vasto campo de atuação, representando a intervenção do 
Estado nas atividades de produção e consumo, sobrepondo interesses sanitários 
aos econômicos em defesa da saúde da população. 
 
 
 
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A RDC n° 14/2010 (68), regulamentação em vigor para o registro de me-
dicamentos fitoterápicos, determina que, para efeito de registro, se faz necessá-
rio a elaboração de um relatório de controle de qualidade, incluindo análises qua-
litativas e quantitativas dos princípios ativos e/ou marcadores.O marcador é o 
composto ou classe de compostos químicos (ex.: alcaloides, flavonoides, ácidos 
graxos, etc.) presentes na matéria-prima vegetal, preferencialmente tendo cor-
relação com o efeito terapêutico, que é utilizado como referência no controle da 
qualidade da matéria-prima vegetal e do medicamento fitoterápico. 
Todos os fitoterápicos industrializados devem ser registrados na Anvisa 
antes de serem comercializados, a fim de garantir que a população tenha acesso 
a medicamentos seguros, eficazes e de qualidade comprovada. Com esse pro-
cedimento, minimiza-se a exposição a produtos passíveis de contaminação e 
padroniza-se a quantidade e a forma certa que deve ser usada, permitindo uma 
maior segurança de uso. 
Deve ser utilizada metodologia descrita em farmacopeias ou formulários 
oficiais reconhecidos pela Anvisa, ou validar a metodologia analítica no controle 
de qualidade. Se houver a metodologia na Farmacopeia Brasileira (FB), esta 
deve ser obrigatoriamente a seguida, em relação às demais conhecidas, de-
vendo-se dar prioridade à edição mais recente. Métodos farmacopeicos nem 
sempre são os mais avançados do ponto de vista científico, mas são os métodos 
oficiais nos quais serão baseadas as decisões em caso de dúvida ou litígio. 
Não havendo a metodologia nos compêndios oficiais, deve ser feita a va-
lidação com o objetivo de demonstrar que o método é apropriado para a finali-
dade pretendida, ou seja, a determinação qualitativa, quantitativa e/ou semi-
quantitativa de fármacos e outras substâncias em produtos farmacêuticos. Para 
tanto, o método deve apresentar os parâmetros especificados para validação de 
métodos analíticos explicitados na RE 899/03 . Todas as metodologias utilizadas 
no controle da qualidade devem ser enviadas para a Anvisa com a indicação da 
fonte bibliográfica ou de desenvolvimento . 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. CONTROLE DA QUALIDADE DO PRODUTO ACA-
BADO 
Figura 3: Medicamento pronto para o uso. 
 
Fonte: http://andreiatorres.com/blog/2017/7/10/o-que-alternativo-uma-planta-ou-um-medi-
camento-desnecessrio 
Produto acabado/terminado é aquele produto que, após ter passado por 
todas as fases de produção e acondicionamento, está pronto para a venda/con-
sumo. Antes de ser liberado para o mercado, todo lote de produto fabricado deve 
ser aprovado pelo controle da qualidade, conforme as especificações estabele-
cidas e mediante processo claramente definido e documentado. Somente o con-
trole de qualidade tem autoridade para liberar um produto acabado . 
Na ausência de uma substância específica identificada, podem ser quan-
tificados vários marcadores e estabelecida uma relação fixa entre eles que ca-
racterize o extrato e o produto final. Os flavonoides podem ser citados como 
exemplo de componentes inespecíficos: o extrato de Ginkgo biloba L é padroni-
zado pela relação fixa entre três flavonoides (quercetina, canferol e isoramne-
tina) e terpenolactonas (bilobalídeo, gincolídeos A, B, C e E). Todos esses com-
ponentes devem ser quantificados. No caso de associações, é necessário que 
se determine um marcador específico para cada planta. A soma das quantidades 
medidas de um mesmo marcador em diferentes plantas no produto final pode 
não ser correta, por não possibilitar a avaliação da proporção de cada planta no 
produto acabado. 
4. TÉCNICAS DE CONTROLE DE QUALIDADE 
Figura 4: Controle de qualidade. 
 
 
 
 
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Fonte: http://www.fiocruz.br/omsambiental/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=printer-
view&sid=13&infoid=144 
É possível observar que ainda existe resistência dos profissionais prescri-
tores quanto ao uso de fitoterápicos, o que pode ser explicado pela origem ex-
trativa da maioria das plantas medicinais comercializadas no Brasil, seja da Mata 
Atlântica, Amazônia, Caatinga ou Cerrado, levando a problemas de risco de ex-
tinção da espécie e sustentabilidade, bem como de fraude e contaminação do 
material. Com a finalidade de aumentar o rendimento do produto a ser vendido 
ou até mesmo por falta de cuidados na coleta e falta de tratamento do material 
coletado, é relativamente freqüente a presença de materiais estranhos e a de 
outras plantas contaminantes, troca de uma espécie por outra e presença de 
fungos e bactérias, principalmente, coliformes fecais. Uma provável causa da 
falta de confiança desses profissionais nesse tipo de produto também se deve à 
falta de padronização dos extratos, que podem conter ou não o princípio ativo 
ou compostos tóxicos em quantidade adequada dependendo do plantio e da 
época do ano, interferindo na reprodutibilidade dos fitoterápicos. É reconhecido 
que dados de eficácia e segurança de várias plantas medicinais ainda não são 
suficientes para dar suporte ao seu uso, por vezes devido à falta de metodologias 
adequadas de avaliação dessas plantas. E, em se tratando da composição, mui-
tas vezes não se tem estabelecido o princípio ativo ou tóxico, sua concentração 
e seu conhecimento farmacológico e toxicológico (Barata, 2005; Springfield et 
al., 2005). 
 A busca por marcadores baseia-se na suposição de que qualquer planta 
possui um ou poucos constituintes responsáveis por sua atividade e que, por-
tanto, substituiriam o uso da planta na sua totalidade permitindo doseamentos 
 
 
 
14 
precisos e determinação das variações de bioatividade (Phillipson, 1995). Con-
tudo, vários são os exemplos de que a bioatividade pode ser o resultado do si-
nergismo entre os constituintes de uma determinada planta. Já foram relatados 
casos de constituintes tidos como ativos que, quando isolados, apresentaram-se 
tóxicos para uso humano ou com solubilidade limitada (Liang et al., 2004; Spring-
field et al., 2005). 
Visando diminuir a resistência da prescrição de fitoterápicos, e com a fi-
nalidade de aumentar a possibilidade de adesão da população ao tratamento, é 
de extrema importância, não só o controle de qualidade desde o cultivo da droga 
vegetal até o produto final, mas também o estudo fitoquímico das plantas, far-
macológico e toxicológico (Melo et al., 2007). 
Deve-se ter em mente que o uso de matéria vegetal falsificada pode ocor-
rer pela variedade de nomenclaturas populares para diferentes espécies. Desta 
forma, é importante o conhecimento da espécie correta pelo seu nome científico 
pelos coletores e distribuidores do material, além da existência de técnicas pa-
drão que confirmem a identidade da amostra (Duarte & Bardal, 2002; Alves et 
al., 2007). O primeiro passo de identificação de uma espécie vegetal pode ser 
feito pelas suas características morfo-histo-anatômicas, macro e microscopica-
mente (Duarte & Menarim, 2006). 
 
 
 
 
 
5. PROCEDIMENTOS DE CONTROLE DA CONSTITUI-
ÇÃO QUÍMICA 
Figura 5: Constituição química. 
 
 
 
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Fonte: https://marcioantoniassi.wordpress.com/2015/12/18/mestrado-profissional-em-
plantas-medicinais-e-fitoterapicos-na-atencao-basica-2/ 
O emprego de técnicas cromatográficas e analíticas que permitam a se-
paração e o isolamento de substâncias de um extrativo vegetal mostra-se ne-
cessário tanto para o conhecimento da composição química, do princípio ativo 
e/ou do composto tóxico de uma planta, como também para a determinação de 
uma substância, ou grupo de substâncias, que sirva como marcadora daquela 
espécie, para controle qualitativo e quantitativo da droga, propiciando a padroni-
zação do material vegetal e produtos relacionados (Drasara & Moravcova, 2004; 
Famei et al., 2006; Liu et al., 2007). Mais do que rapidez, alta sensibilidade e 
seletividade são as grandes vantagens dessas técnicas, sendo que o perfil de 
uma planta traçado pelo uso da cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), 
por exemplo, pode proporcionar a identificação da presença dos marcadores e 
também de outros compostos, oferecendo uma caracterização completa da 
planta ou do produto analisado além de permitir a distinção entre espécies pró-
ximas (Drasara & Moravcova,2004; Liu et al., 2007). Métodos simples e rápidos 
de análise são as melhores opções para serem utilizados em laboratórios de 
regulamentação e laboratórios de controle de qualidade de produtos a base de 
material vegetal (Drasara & Moravcova, 2004). 
Alguns desafios para o desenvolvimento de um método analítico a ser 
utilizado no estudo de materiais vegetais são: 1) extração dos constituintes, prin-
cipalmente compostos ativos, a partir de uma matriz complexa; 2) estabilidade 
térmica e sob luz; 3) falta de substâncias de referência; 4) variação da composi-
ção química entre lote coletado, localidade e época do ano (Drasara & Mora-
vcova, 2004; Blank et al., 2007). 
 
 
 
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Métodos mais modernos como extração por fluido supercrítico, por líquido 
pressurizado e destilação por microondas propiciam melhor extração, redução 
do consumo de solventes orgânicos, da degradação da amostra e dos passos 
de purificação (Drasara & Moravcova, 2004; Deng et al., 2007). A determinação 
da constituição química da amostra pode ser feita por diferentes técnicas croma-
tográficas: cromatografia em camada delgada (CCD), cromatografia líquida de 
alta eficiência (CLAE), cromatografia gasosa (CG) e eletroforese capilar (EC) 
(Liang et al., 2004). 
A CCD é o método mais comum de análise, principalmente antes da im-
plementação dos métodos de CLAE e CG, por ser fácil, versátil, rápido e sensível 
para uma caracterização prévia dos constituintes de uma droga vegetal, propor-
cionando análise qualitativa e semi-quantitativa, indicando uma possível adulte-
ração (Mukherjee, 2002; Famei et al., 2006). O método de CG torna mais precisa 
a identificação de compostos voláteis, permite a quantificação e a verificação de 
mudanças na composição do óleo essencial, que podem ser causadas por oxi-
dação, ação de enzimas ou fermentação microbiana, levando a compostos sem 
atividades ou tóxicos (Liang et al., 2004). A técnica de CLAE apresenta-se com 
relativa facilidade de manipulação e permite ampla análise de diferentes com-
postos. A análise por CLAE deve considerar a necessidade de condições ótimas 
de separação, o que depende da fase móvel utilizada, pH, pressão da bomba, 
preparo da amostra etc (Sanyal et al., 2003; Thanawiroon & Linhardt, 2003; Liang 
et al., 2004). 
O acoplamento de técnicas cromatográficas, ou técnicas cromatográficas 
hifenadas, vem sendo mais uma importante ferramenta para identificação dos 
constituintes das plantas e análise de sua qualidade. No acoplamento destas 
técnicas, faz-se uso de métodos eficientes de separação, como CLAE e CG, com 
técnicas espectrométricas que funcionam para detecção, como espectrofotome-
tria de UV-Visível (DAD), espectrometria de massas (MS e MS-MS) e ressonân-
cia magnética nuclear (RMN), fornecendo informações adicionais sobre a estru-
tura química dos componentes da amostra. Os instrumentos quando acoplados 
promovem melhores resultados por se eliminar a interferência de instrumentos, 
 
 
 
17 
por apresentar seletividade, capacidade de separação cromatográfica e precisão 
de resultados (Mukherjee, 2002; Liang et al., 2004). 
Embora a CLAE seja aplicada à grande maioria das drogas e dos produ-
tos vegetais, foi observado que alguns produtos originados da medicina alterna-
tiva não se adequam a essas técnicas por serem constituídos por uma variedade 
de princípios ativos, dificultando seu processo de controle de qualidade. Nesses 
casos, alguns autores propõem métodos biológicos para análise destas plantas 
e suas preparações (Huang et al., 2004; Rong et al., 2007). 
Biocromatografia molecular é um método tido como efetivo para análise 
de compostos biologicamente ativos baseando-se em interações entre os com-
postos e proteínas, enzimas ou anticorpos imobilizados, o que colabora também 
para a avaliação do tipo de ligação entre proteína e composto ativo (Noctor et 
al., 1992; Huang et al., 2004). 
Rong e colaboradores (2007) realizaram estudos de testes biológicos de 
controle de qualidade baseados em resposta genômica de expres-
são up e down de genes marcadores definidos utilizando as técnicas de micro-
array para selecionar o perfil de transcrição ou de PCR em tempo real de RNA 
(qRT-PCR) para quantificação após exposição ao produto vegetal. 
6. PROCEDIMENTOS DE CONTROLE MICROBIOLÓ-
GICO 
Figura 6: Controle microbiológico. 
 
Fonte: https://jc.ne10.uol.com.br/canal/cidades/cienciamambiente/noti-
cia/2015/10/25/ufpe-avalia-qualidade-de-medicamentos-fitoterapicos-205013.php 
O controle de qualidade microbiológico de plantas medicinais e/ou fitote-
rápicos deve considerar que, pela origem, os produtos vegetais estão em contato 
direto com o ambiente e, portanto, com o solo rico em esporos de fungos, patas 
 
 
 
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de insetos e animais carregadas de bactérias e esporos (Rocha et al., 2004). A 
contaminação por esses microrganismos pode acarretar deterioração do mate-
rial por ser fonte de enzimas e de patógenos, podendo levar ao desenvolvimento 
de doenças. São produtos de alto risco, sendo necessário definir medidas ade-
quadas de controle higiênico-sanitário para garantir a qualidade e segurança 
deste tipo de produto desde a coleta, armazenamento e manipulação até o pro-
duto final (Kneifel et al., 2002). 
No Brasil, a preocupação com a contaminação de materiais vegetais vem 
desde a década de 80 com estudos sobre qualidade microbiológica (Fisher et 
al., 1996). Na Resolução nº 481, de 23 de setembro de 1999, está estabelecido 
parâmetros de controle microbiológico para os produtos de higiene pessoal, cos-
méticos e perfumes, que também preconizou os limites de contaminação micro-
biana para materiais vegetais, sendo considerados para controle de qualidade 
microbiológico como medicamentos não-estéreis. 
7. VALIDAÇÃO 
Figura 7: Validação de méodos. 
 
Fonte: https://nominuto.com/noticias/cidades/fitoterapicos-sao-uma-opcao-menos-
agressiva-de-tratamento/50657/ 
 A validação de um método analítico pode ser definida como um pro-
cesso baseado na documentação, na obtenção e na análise de dados, por meio 
dos quais é possível estabelecer e executar procedimentos de análise, bem 
como identificar e controlar os fatores de variação, objetivando assegurar a qua-
lidade de um produto, demonstrando que este é cientificamente confiável para 
as condições experimentais definidas (ver Capítulo 24 – Validação de métodos 
analíticos).16 Um de seus objetivos é assegurar a reprodutibilidade dos resulta-
dos. 
 
 
 
19 
 O rigor na avaliação dos resultados e no estabelecimento dos limites 
de confiança é condicionado pela complexidade do método, precisão e sensibi-
lidade dos instrumentos, composição e homogeneidade amostrais, além de ou-
tras exigências analíticas incidentes. 
 
A validação dos métodos analíticos é regulamentada pela Resolução Es-
pecífica (RE) nº 899, de 29 de maio de 2003,17 a qual determina que a validação 
deve garantir, por meio de estudos experimentais, que o método atenda às exi-
gências das aplicações analíticas, assegurando a confiabilidade dos resultados. 
 
 Para tanto, deve apresentar precisão, exatidão, linearidade, sensibili-
dade, especificidade e reprodutibilidade adequadas à análise.17 
 Todas as metodologias analíticas referentes à qualidade do medica-
mento fitoterápico e destinadas ao registro sanitário desse produto devem ser 
oficialmente reconhecidas no País, seja por meio do uso de metodologias des-
critas em farmacopeias reconhecidas pela Anvisa, seja pela utilização de meto-
dologia validada, conforme o disposto na RE nº 899/200317 ou em suas atualiza-
ções. 
 A necessidade de realização de estudos de validação dos métodos 
analíticos para a avaliação dos medicamentos fitoterápicos está contemplada na 
RDC nº 14/2010,1 e, juntamente com as boas práticas de fabricação e controle, 
contribuem para assegurar a sua qualidade. 
 A RDC nº 14/2010 estabelece que as metodologiasfarmacopeicas não 
precisam ser validadas. São consideradas metodologias farmacopeicas aquelas 
descritas na Farmacopéia Brasileira ou nas últimas edições das farmacopéias 
oficializadas no País, que são atualmente: Farmacopéia Alemã, Farmacopeia 
Americana, Farmacopéia Argentina, Farmacopéia Britânica, Farmacopeia Euro-
peia, Farmacopéia Francesa, Farmacopéia Internacional (OMS), Farmacopéia 
Japonesa, Farmacopéia Mexicana, Farmacopéia Portuguesa, conforme estabe-
lecido na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 37, de 6 de julho de 
2009, que trata da admissibilidade das farmacopeias estrangeiras. 
 A Farmacopeia Brasileira passou por um processo de revisão cujos 
responsáveis foram grupos de especialistas em áreas específicas de conheci-
 
 
 
20 
mento, membros dos comitês técnicos temáticos, resultando, em 2010, na publi-
cação da 5ª edição, a qual revoga as quatro edições anteriores. Para isso, todas 
as monografias passaram por consulta pública para avaliação e contribuições da 
população, incluindo as monografias de plantas medicinais e seus derivados. 
 A RE nº 899/2003 também determina que metodologias constantes em 
farmacopeias reconhecidas não precisam ser validadas. Entretanto, essa deter-
minação é válida apenas se o derivado utilizado no produto final tiver sido extra-
ído da planta com o mesmo solvente usado na metodologia farmacopeica e se 
não possuir adição de excipientes. A alteração na obtenção do extrato ou a adi-
ção de algum excipiente levam a uma composição diferente do extrato e são 
consideradas uma mudança na composição do produto acabado, sendo neces-
sária a validação da metodologia analítica. Os parâmetros a serem validados 
nessa situação dependem principalmente da alteração realizada no processo de 
produção, mas, de forma geral, são linearidade, especificidade, exatidão e pre-
cisão. Como a maioria dos extratos contém algum excipiente adicionado à sua 
composição, tais como lactose e maltodextrina, e como nem sempre o laudo do 
fornecedor contempla essa informação, é recomendável que uma revalidação 
da metodologia analítica seja realizada para esses casos. 
Caso seja utilizada uma metodologia analítica não descrita nos compêndios 
oficiais, deve-se realizar a validação desta com o objetivo de demonstrar que o 
método é apropriado para a finalidade pretendida, qual seja, determinação qua-
litativa, quantitativa ou semiquantitativa dos marcadores. 
 
 Para a validação do parâmetro exatidão, o método de adição de pa-
drão de referência a uma solução diluída do produto acabado é recomendado, 
permitindo que seja considerado o efeito de matriz complexa dos fitoterápicos. 
 A RE nº 899/2003 estabelece também que em toda validação de me-
todologia analítica devem-se utilizar substâncias de referência oficializadas pela 
Farmacopeia Brasileira ou, na ausência destas, por outros códigos autorizados 
pela legislação vigente. No caso da inexistência dessas substâncias de referên-
cia, substâncias isoladas da espécie vegetal ou obtidas de fornecedores qualifi-
cados podem ser utilizadas como substâncias químicas de referência (SQR). 
Essas substâncias podem ser usadas como padrões de trabalho desde que a 
 
 
 
21 
identidade e o teor sejam devidamente comprovados por meio de laudo de aná-
lise, incluindo resultados da análise química, físico-química e espectroscópica.17 
 Para fitoterápicos, além de SQRs, também podem ser utilizados os 
extratos padrões oficializados, como os disponibilizados pela Farmacopeia Ame-
ricana (USP), desde que acompanhados de laudos de análise e do perfil croma-
tográfico do fornecedor. 
 Não havendo disponibilidade do padrão de referência, é possível qua-
lificar um lote de derivado vegetal por meio de SQR e do perfil cromatográfico e 
usar esse derivado qualificado como padrão de trabalho. Para tanto, devem-
se determinar o teor e a identidade do marcador em relação à SQR e apresentar 
os dados da qualificação, o número de lote da SQR e do extrato qualificado, bem 
como seu prazo de validade. 
 
8. COMPROVAÇÃO DE SEGURANÇA E EFICÁCIA DE 
MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS 
Figura 8: Segurança e eficácia dos medicamentos. 
 
 
Fonte: https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/Saude/noticia/2016/02/fitoterapicos-
para-engravidar-funcionam-mesmo.html 
 Para o registro de medicamentos fitoterápicos, é necessária a com-
provação da sua segurança e eficácia, que, conforme a RDC nº 14/2010, pode 
ser atendida por meio de uma das quatro alternativas: 
 
1. Pontuação em literatura técnico-científica; 
 
 
 
22 
2. Evidências a partir de ensaios toxicológicos e farmacológicos pré-clíni-
cos e clínicos; 
3. Levantamentos etnofarmacológicos ou de utilização; ou 
4. Presença na lista de medicamentos fitoterápicos de registro simplificado. 
 
 A pontuação em literatura técnico-científica deve ser obtida pela apre-
sentação de estudos que totalizem, no mínimo, seis pontos por meio das obras 
referenciadas na Lista de referências bibliográficas para avaliação de segurança 
e eficácia de medicamentos fitoterápicos, publicada como Instrução Normativa 
(IN) nº 5, de 31 de março de 2010, ou suas atualizações. Os pontos são confe-
ridos de acordo com o nível da evidência clínica de eficácia e segurança e con-
forme a seguinte escala: três pontos a cada inclusão em obra relacionada no 
grupo A; dois pontos a cada inclusão em obra relacionada no grupo B; um ponto 
a cada inclusão em obra relacionada no grupo C; meio ponto a cada inclusão em 
publicação técnico-científica indexada, brasileira e/ou internacional, que conte-
nha informações relacionadas à segurança de uso e às indicações terapêuticas 
propostas. No grupo A, estão as obras que apresentam o melhor nível de evi-
dência dos dados clínicos e toxicológicos; no grupo B, estão aquelas que, 
mesmo com qualidade científica amplamente reconhecida, apresentam dados 
mais limitados sobre eficácia clínica e segurança, geralmente baseados em uma 
revisão mais restrita dos dados disponíveis; no grupo C, estão aquelas obras 
que reúnem um menor número de evidências sobre segurança e eficácia em 
relação às do grupo A. São consideradas para pontuação as edições das obras 
indicadas na norma ou suas versões atualizadas. 
 A comprovação de eficácia, ou seja, a soma de seis pontos, deve ser 
atingida para cada indicação terapêutica solicitada, sendo que, se a comprova-
ção de segurança e eficácia for realizada apenas com referências da Lista de 
referências bibliográficas para avaliação de segurança e eficácia de medicamen-
tos fitoterápicos, pelo menos uma referência deve compreender informações de 
estudos em seres humanos. Caso a pontuação seja efetuada apenas com publi-
cação técnico-científica indexada, no mínimo 50% da pontuação obtida deve ori-
ginar-se de informações de estudos em seres humanos. E ainda, quando uma 
referência apenas remeter à informação de outra já pontuada, é considerada 
apenas a pontuação da referência já citada e pontuada. 
 
 
 
23 
 
É importante salientar que, para que a pontuação seja obtida, os estudos 
contidos nas obras selecionadas devem referir-se ao derivado vegetal, e não a 
um componente de origem natural isolado; que este derivado esteja padronizado 
ou que ao menos indique a relação droga vegetal/derivado; e ainda, que o deri-
vado empregado na produção do medicamento a ser registrado indique obtido a 
partir do mesmo solvente indicado na referência utilizada. 
 
 Assim, os estudos selecionados devem referir-se ao derivado espe-
cífico que se pretende registrar e apresentar as mesmas indicações solicitadas 
para o produto em dosagens semelhantes às testadas no estudo. 
 A comprovação de segurança e eficácia também pode ser realizada 
por meio da apresentação de estudos pré-clínicos e clínicos, como ocorre com 
os medicamentos novos registrados junto à Anvisa. Paraos medicamentos fito-
terápicos, há um guia específico a ser seguido, o Guia para a realização de es-
tudos de toxicidade pré-clínica de fitoterápicos, que consta na Resolução Espe-
cífica (RE) nº 90, de 16 de março de 2004. Esse guia estabelece os critérios 
mínimos aceitáveis para a condução de ensaios toxicológicos agudo, subcrônico 
e crônico, os quais devem ser realizados com amostra padronizada do derivado 
vegetal ou do medicamento fitoterápico, além da exigência de realização dos 
testes de sensibilização dérmica, irritação cutânea e irritação ocular para medi-
camentos de uso tópico e do estudo especial de genotoxicidade, que deve ser 
realizado quando houver indicação de uso contínuo ou prolongado do medica-
mento em humanos. Os testes definidos nessa RE precisam ser complementa-
dos pelo Guia de estudos não clínicos de medicamentos da Anvisa, no que cou-
ber, que é um documento adotado pela Anvisa para padronizar os estudos não 
clínicos de qualquer medicamento a ser registrado. 
 
Para os estudos clínicos, devem ser seguidas as determinações do Con-
selho Nacional de Saúde (CNS), estabelecidas por meio das Resoluções nº 196, 
de 10 de outubro de 199622 e Resolução nº 251, de 7 de agosto de 1997, e da 
Anvisa, Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) no 39, de 5 de junho de 2008. 
 
 
 
 
24 
 As boas práticas clínicas determinadas nessas normas devem ser 
aplicadas em todos os estágios de experimentações clínicas de assegurar que 
os requisitos de qualidade e de ética sejam contemplados. O Guia para realiza-
ção de pesquisa clínica, publicado pela Anvisa, determina que, antes da realiza-
ção de cada pesquisa, as propostas de estudos sejam aprovadas pela Anvisa 
com a emissão do comunicado especial (CE). Esse documento é necessário 
para a execução de protocolo de pesquisa no Brasil. Essa norma aplica-se a 
todas as pesquisas clínicas com medicamentos, fases I, II e III, que possam sub-
sidiar registros e alterações pós-registro de medicamentos. 
 Salienta-se, ainda, que é necessária a autorização do comitê de ética 
em pesquisa local antes da solicitação da anuência do protocolo pela Anvisa e 
do início da pesquisa, de modo a resguardar a população submetida ao estudo. 
 Outra forma possível de comprovação de segurança e eficácia é com 
a comprovação da tradição de uso por meio de estudo etnofarmacológico ou 
etno orientado de utilização e documentações técnico-científicas, reconhecendo 
a eficácia e a segurança do produto que tenha uso comprovado por um período 
igual ou superior a 20 anos. 
 A abordagem etnofarmacológica consiste em combinar informações 
adquiridas junto a usuários da flora medicinal (comunidades e especialistas tra-
dicionais), com estudos químicos e farmacológicos. O método etnofarmacológico 
permite a formulação de hipóteses quanto às atividades farmacológicas e às 
substâncias ativas responsáveis pelas ações terapêuticas relatadas. 
 
O reconhecimento do uso tradicional como parte da comprovação de eficácia e 
segurança de produtos naturais é previsto em algumas legislações internacio-
nais, como a do Canadá, a do México e a da Comunidade Européia, e recomen-
dado pela OMS. Além disso, é uma das diretrizes da PNPMF. 
 
 Nesse caso, é essencial considerar o tempo de uso proposto para o 
medicamento, que deve ser episódico ou curto, e realizar uma busca detalhada 
por substâncias químicas potencialmente tóxicas ao usuário. Deve-se também 
apresentar comprovação de que o produto não é potencialmente tóxico, sendo, 
para isso, solicitados dados de toxicologia pré-clínica do derivado vegetal. 
 
 
 
25 
 Para utilizar uma informação tradicional na comprovação de segu-
rança e eficácia de um medicamento fitoterápico, é imprescindível que informa-
ções sobre dosagem, via de administração recomendada e método de prepara-
ção sejam semelhantes à tradicionalmente utilizada. Os estudos etnofarmacoló-
gicos estão lastreados no uso da planta medicinal, principalmente na forma de 
infusos e decoctos. Para que um produto possa ser avaliado considerando esse 
aspecto, este deve seguir o mais proximamente possível a forma de uso tradici-
onal, pois seu perfil químico pode ser bastante diferente do utilizado tradicional-
mente, dependendo da forma e do tipo de extração empregada para obtenção 
do derivado 
 Existe ainda uma lista de medicamentos fitoterápicos de registro simplifi-
cado, publicada como Instrução Normativa (IN) nº 5, de 11 de dezembro de 2008, 
que contempla 36 espécies vegetais para as quais é dispensada a comprovação 
de eficácia e segurança para o medicamento fitoterápico correspondente, consi-
derando que dados de estudos com essas espécies são amplamente difundidos. 
 
 Se o solicitante do registro seguir todos os parâmetros especificados 
nessa lista, que são parte da planta, forma de uso, quantidade de marcador, 
indicações, via de administração, dose diária e restrições de uso, ou suas atua-
lizações, fica dispensado de comprovação de eficácia e segurança no processo 
de registro. 
 Para qualquer uma das formas possíveis de se comprovar eficácia 
e segurança de medicamentos fitoterápicos, deve-se considerar a sua composi-
ção. Assim, para um medicamento composto por uma associação de derivados 
vegetais, os estudos que serão apresentados, sejam eles realizados com o pró-
prio medicamento a ser registrado, sejam com dados publicados em livros ou 
periódicos, devem ser conduzidos com a associação, e não com as espécies 
vegetais isoladamente. 
 Com a RDC nº 14/2010, possibilitou-se novamente o registro de dro-
gas vegetais como ativos, e não apenas do derivado vegetal, na formulação de 
medicamentos fitoterápicos. Contudo, nesses casos, é obrigatório que a com-
provação de segurança e eficácia seja feita por meio de dados de estudos pré-
clínicos e clínicos, fases I a III, para a forma farmacêutica específica que se pre-
tende registrar. 
 
 
 
26 
 
9. BULAS 
 A regulamentação das bulas de medicamentos fitoterápicos segue o 
disposto na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 47, de 8 de setembro de 
2009,30 a qual estabelece regras para elaboração, harmonização, atualização, 
publicação e disponibilização de bulas de medicamentos para pacientes e pro-
fissionais de saúde. 
 Concomitantemente à preocupação com o conteúdo das bulas de me-
dicamentos e sua padronização, que levou à recente publicação da RDC nº 
47/2009, houve também a preocupação com as diferentes formas de utilização, 
as indicações farmacêuticas permitidas, as diferentes posologias e as restrições 
de uso de um mesmo derivado de droga vegetal presente nos medicamentos 
fitoterápicos registrados. Nesse sentido, foram padronizadas, por meio da ado-
ção de bulas-padrão, as informações disponíveis e comprovadas cientificamente 
sobre 18 plantas medicinais que dão origem a medicamentos fitoterápicos. Es-
sas plantas são apresentadas no Quadro 1. 
 Os fabricantes de medicamentos obtidos a partir dessas espécies ve-
getais devem adotar, em seus produtos, o texto da bula-padrão disponibilizado 
no bulário eletrônico da Anvisa. Os textos padronizados podem ser modificados 
apenas em dois casos: quando da republicação da norma, que pode ocorrer por 
iniciativa da Anvisa ou por solicitação de qualquer interessado, ou quando forem 
apresentados estudos clínicos específicos para o produto, conforme determina 
a RDC nº 47/2009, e que apontem desfechos relativos a informações não pre-
vistas na bula-padrão. 
 Os medicamentos fitoterápicos que ainda não tiverem suas bulas pa-
dronizadas devem seguir a RDC nº 47/2009 em forma e conteúdo. 
 
Quadro1: Plantas medicinais para as quais foram padronizadas informações cientí-
ficas na forma de bulas padronizadas 
 
Aesculus hippocastanum 
Allium sativum 
Calendula officinalis 
 
 
 
27 
Cimicifuga racemosaCynara scolymus 
Echinacea purpurea 
Ginkgo biloba 
Glycine max 
Hypericum perforatum 
Maytenus ilicifolia 
Passiflora incarnata 
Paullinia cupana 
Peumus boldus 
Piper methysticum 
Rhamnus purshiana 
Senna alexandrina 
Serenoa repens 
Valeriana officinalis 
Fonte: http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/6115/registro_de_medi-
camentos_fitoterapicos.htm 
 
 
 
 
 
 
10. ROTULAGEM 
Figura 9: Medicamentos rotulados. 
 
Fonte: https://www.promtec.com.br/rotulagem-de-medicamentos-e-produtos-farmaceuti-
cos/ 
http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/6115/registro_de_medicamentos_fitoterapicos.htm
http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/6115/registro_de_medicamentos_fitoterapicos.htm
 
 
 
28 
 A regulamentação da rotulagem de fitoterápicos segue o disposto na 
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 71, de 22 de dezembro de 2009, a 
qual estabelece regras para a rotulagem de medicamentos. Essa norma revo-
gou, em parte, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 333, de 19 de no-
vembro de 2003, que ainda está vigente quanto à regulamentação de nomes 
comerciais de medicamentos juntamente com o disposto na Lei nº 6.360, de 23 
de setembro de 1976 e no Decreto nº 79.094, de 5 de janeiro de 1977. Essa 
resolução não é específica para fitoterápicos, mas contempla itens que versam 
apenas sobre o assunto. Especificamente em relação aos nomes adotados para 
fitoterápicos, a RDC nº 333/2003 explicita a possibilidade de adotar o nome po-
pular ou o sinônimo utilizado na literatura técnica. Na falta destes, pode ser ado-
tada uma parte da nomenclatura botânica associada ao nome da empresa. A 
norma também determina que, nas embalagens, após o nome comercial, deve 
constar a nomenclatura botânica da espécie vegetal que deu origem ao medica-
mento fitoterápico. 
 Deve-se observar também o nome escolhido para o medicamento fi-
toterápico, de modo a não induzir o consumidor a erro ao solicitar um nome se-
melhante a outro existente no mercado, segundo a Lei nº 6.360/1976 e a RDC 
nº 333/2003. É necessário que haja uma distinção em pelo menos três letras em 
relação ao nome de outro produto já registrado junto à Anvisa. 
 Outro aspecto importante é a proibição de designações, nomes geo-
gráficos, símbolos, figuras, desenhos e quaisquer indicações na rotulagem dos 
produtos que possibilitem interpretação falsa, erro ou confusão quanto à origem, 
à procedência, à natureza, à composição e à qualidade ou que atribuam ao pro-
duto finalidades e características diferentes das que realmente possua. 
 Entre as novidades introduzidas com a RDC nº 71/2009 estão a obri-
gatoriedade de apresentação do nome do medicamento em sistema Braille em 
suas embalagens secundárias, possibilitando mais acessibilidade e segurança 
no uso dos medicamentos por portadores de deficiência visual. Outra mudança 
é a proibição da utilização exclusiva de relevo negativo ou positivo, sem cor ou 
com cor, que não mantenha nítido e permanente o contraste com a cor do su-
porte para a impressão das informações de número do lote, data de fabricação 
e data de validade. Além disso, os rótulos devem trazer ainda alertas sobre cui-
dados de conservação após o preparo do medicamento ou tempo de validade 
 
 
 
29 
reduzido após a abertura da embalagem. A inclusão de mecanismos de identifi-
cação e segurança que possibilitem o rastreamento do produto desde a fabrica-
ção até o momento de dispensação também está prevista na norma. 
 
11. RESTRIÇÃO DE VENDA 
 A restrição de venda de medicamentos fitoterápicos é definida em 
duas resoluções: Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 138, de 29 de maio 
de 2003, republicada em 6 de janeiro de 2004, e IN nº 5/2008, de 11 de dezem-
bro de 2008. Para os medicamentos que são registrados com base na Lista de 
medicamentos fitoterápicos de registro simplificado, a descrição do tipo de res-
trição de venda é apresentada na IN nº 5/2008, ou em suas atualizações. Já para 
os medicamentos fitoterápicos que não são registrados por meio dessa lista de 
registro simplificado, devem-se seguir as determinações da RDC nº 138/2004, a 
qual dispõe sobre o enquadramento na categoria de venda de medicamentos, 
ou em suas atualizações. Caso seja solicitado o registro para um medicamento 
fitoterápico cuja espécie vegetal esteja presente na IN nº 5/2008, mas com outra 
forma de comprovação de segurança e eficácia, ou seja, que possuam indica-
ções terapêuticas diferentes das previstas no registro simplificado; o mesmo 
deve seguir o disposto na RDC nº 138/2004, podendo ficar diferente da restrição 
determinada na IN nº 5/2008. 
 Os grupos e as indicações terapêuticas que estiverem descritos na 
RDC nº 138/2004 têm sua classificação de venda como isentos de prescrição 
médica. Todos os medicamentos cujos grupos terapêuticos e as indicações te-
rapêuticas não estão descritos na RDC nº 138/2004 são de venda sob prescrição 
médica. As associações medicamentosas, ou duas ou mais apresentações em 
uma mesma embalagem para uso concomitante ou sequencial, cujo grupo tera-
pêutico e indicação terapêutica de pelo menos um de seus princípios ativos não 
estiverem especificados na norma são de venda sob prescrição médica, assim 
como os medicamentos novos. 
 
 
 
 
30 
12. EXIGÊNCIAS PARA O PÓS-REGISTRO 
12.1. RENOVAÇÃO 
 Conforme determina a Lei nº 6.360/1976, todas as empresas detento-
ras de registro no último semestre do quinquênio de validade do registro devem 
solicitar a renovação do registro anteriormente concedido, já que, segundo essa 
norma, o registro sanitário é uma autorização de comercialização do produto 
pelo período definido de cinco anos. 
 
As determinações para renovação de registro de medicamentos fitoterápi-
cos ainda constam na RDC nº 14/2010, sendo necessário, essencialmente, de-
monstrar que o produto mantém as características de segurança, eficácia e qua-
lidade. 
 
 Tendo como base a necessidade de monitoração pós-comercializa-
ção dos medicamentos, é na renovação de registro que o fabricante de medica-
mentos fitoterápicos deve comprovar a existência de um sistema de farmacovi-
gilância na empresa, o qual é responsável por identificar falhas terapêuticas e 
efeitos colaterais indesejáveis relacionados à utilização do medicamento. Para 
tanto, devem ser seguidas as exigências do Guia para boas práticas de inspeção 
em farmacovigilância, conforme Instrução Normativa (IN) nº 14, de 27 de outubro 
de 2009. Adicionalmente, conforme determina a legislação vigente, a Resolução 
da Diretoria Colegiada (RDC) nº 4, de 10 de fevereiro de 2009, devem ser apre-
sentados relatórios de farmacovigilância padronizados de acordo com o Periodic 
Safety Update Report (PSUR), modelo da International Conference on Hamo-
nisation (ICH) adotado internacionalmente. 
 A comercialização do medicamento fitoterápico deve ser comprovada 
no momento da renovação do registro, pelo envio Anvisa de cópias de notas 
fiscais, em número máximo de três por forma farmacêutica. Caso a empresa 
detentora do registro tenha interesse em renovar o registro de apresentações 
comerciais do medicamento não comercializadas no último período de validade 
de registro, deve declarar esse fato indicando as apresentações para as quais 
tenha interesse em manter o registro, e comprovar que ao menos uma apresen-
tação daquela forma farmacêutica tenha sido efetivamente comercializada. Para 
 
 
 
31 
os medicamentos fitoterápicos registrados por laboratórios oficiais, que são la-
boratórios públicos produtores de medicamentos para atender às necessidades 
dos programas do SUS; para os medicamentos fitoterápicos que não foram pro-
duzidos e, conseqüentemente, comercializados, no último período de regis-
tro, deve-se apresentar justificativa da não comercialização no momento da so-
licitação de renovação de registro. 
 Para osmedicamentos fitoterápicos importados, o dossiê de renova-
ção de registro deve conter, além de toda a documentação anteriormente men-
cionada, laudos de controle de qualidade físico-química, química, microbiológica 
e biológica, de acordo com a forma farmacêutica, realizados pelo importador, no 
Brasil, de três lotes do medicamento importados nos últimos três anos. 
 
12.2. PÓS-REGISTRO 
 Qualquer modificação nas características de um medicamento fitote-
rápico registrado, como alterações, inclusões, notificações e cancelamentos, 
deve ser aprovada pela Anvisa antes de sua implementação por parte do fabri-
cante. 
 
Assim, de acordo com a determinação da RDC nº 14/2010, as empresas 
detentoras de registro de medicamentos fitoterápicos devem seguir o Guia para 
realização de alterações, inclusões, notificações e cancelamentos pós-regis-
tro de fitoterápicos, conforme Resolução Específica (RE) nº 91, de 16 de março 
de 2004. 
 
 Além de classificar as modificações para os medicamentos fitoterápi-
cos passíveis de execução, a RE nº 91/2004 estabelece a documentação e os 
ensaios a serem realizados em cada caso. Dessa forma, cada alteração, inclu-
são, notificação e cancelamento deve ser apresentada separadamente e com 
documentação pertinente. 
 Como estabelecido pela RDC nº 14/2010 e também previsto na Reso-
lução Específica (RE) nº 1, de 29 de julho de 2005, é nesse momento que as 
empresas detentoras de registros devem apresentar, conforme cronograma 
apresentado no momento do registro, dados complementares aos estudos de 
 
 
 
32 
estabilidade de longa duração do medicamento fitoterápico quando estes não 
forem enviados concluídos no momento de submissão do registro. Isso ocorre 
devido ao fato de as normas preverem a possibilidade do envio dos estudos de 
estabilidade acelerado concluído e o de longa duração em andamento no mo-
mento da solicitação de registro do produto. Assim, ao medicamento é dado um 
prazo de validade provisório, que deve ser confirmado mediante apresentação 
da conclusão do estudo de estabilidade de longa duração do produto. O não 
cumprimento do item acarreta instauração de processo administrativo para apu-
ração de infração sanitária, conforme previsto no próprio texto do regulamento. 
13. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O uso das plantas medicinais representa uma fonte de acesso em poten-
cial para as camadas mais carentes da sociedade e também possibilita a desco-
berta de novas moléculas ou de novos tratamentos de doenças que apresentem 
tratamento e/ou prognóstico difíceis (Rates, 2001). 
Entretanto, assim como qualquer outro medicamento, aqueles baseados 
em plantas devem comprovar sua eficácia e segurança para uso, exigindo que 
procedimentos de controle de qualidade sejam estabelecidos em toda a sua ca-
deia produtiva, desde o seu plantio até a droga vegetal ou fitoterápico prontos 
para dispensação. 
É necessária a determinação da maioria dos constituintes químicos de 
uma planta para que sejam asseguradas a confiabilidade e repetibilidade dos 
dados clínicos e farmacológicos, conhecer quais são os compostos ativos e pos-
síveis efeitos adversos, a fim de promover a manutenção da qualidade do mate-
rial. Para o controle de qualidade desse material vegetal, não só metodologias 
químicas devem ser aplicadas, mas também botânicas para identificação da es-
pécie, análise de fraudes e de contaminações grosseiras além de metodologias 
de controle de qualidade microbiológico, analisando a contaminação por micror-
ganismos que podem ser patogênicos para o usuário ou que podem propiciar a 
degradação do material vegetal diminuindo, assim, a sua eficácia e segurança. 
 
 
 
 
33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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