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CEDERJ 2016 GEOGRAFIA POLÍTICA Prof. Ivaldo Lima Aula 4 A geopolítica clássica e suas hipóteses: A. Mahan e N. Spkyman Nesta aula, daremos continuidade às análises iniciadas na Aula 3, quando estudávamos os fundamentos da geopolítica clássica e as contribuições de Halford Mackinder e Karl Haushofer. As hipóteses geoestratégicas sobre o poder mundial elaboradas por esses autores eram o foco principal daquela aula. Agora, o objetivo é analisar as hipóteses geoestratégicas similares elaboradas por Nicholas Spykman e Alfred Mahan. Para tanto, nunca é demais lembrar que essas hipóteses estão inseridas num contexto geo-histórico muito bem marcado por profundas transformações políticas, econômicas e culturais que transcorreram desde o final do século XIX até o alvorecer da década de 1950. Bastaria relembrar a ocorrência de duas guerras mundiais nesse período. Também, é oportuno lembrar, de modo específico, que essas hipóteses estavam influenciadas fortemente pela questão nacional, isto é, pela afirmação dos Estados nacionais no sistema interestatal mundial. A seu modo, cada Estado buscava ser protagonista nesse sistema mundial, o que explica, em parte, o empenho e a contribuição dos geopolíticos na elaboração de hipóteses que conduzissem a tal protagonismo. Em outras palavras, os geopolíticos traduziam, com suas hipóteses, o desejo de ver seus respectivos Estados em posição de liderança – logo, como protagonistas efetivos – no sistema mundial. A hipótese geoestratégica de Alfred Mahan Alfred Thayer Mahan (1840-1914) nasceu em West Point, nos Estados Unidos, onde seu pai ensinava na Academia Militar. Mahan participou da Guerra de Secessão – a guerra civil travada nos Estados Unidos, entre 1961 e 1965 – e diplomou-se na escola naval de Annapolis, em Maryland, até que, finalmente, tornou-se almirante da marinha estadunidense. Em 1885, imprimiu outra direção à carreira profissional tornando-se professor de filosofia da história naval do, então recém-criado, Naval War College, em Newport. Sua carreira acadêmica é marcada pelas reflexões que realizou sobre o poder marítimo, cuja publicação mais importante é o livro The influence of sea power upon History, 1660-1783, que veio a público em 1890. Mahan admitia que fora graças a sua frota naval e ao controle de pontos estratégicos nos mares e oceanos que a Inglaterra se tornou a maior potência mundial da época e, por isso, tratou de sistematizar as ideias que conduziram a Inglaterra, na prática, ao exercício desse poder, a fim de estimular os Estados Unidos da América a lograrem o mesmo. Como nos acena o geógrafo Paul Claval (1994:36), para Alfred Mahan, A maestria dos mares se constrói: ela não é dada pela natureza às potências insulares. Mas, a vantagem que a insularidade procura é tal que ela potencializa, a longo termo, o triunfo sobre as potências continentais. (...) Os Estados Unidos deveriam se inspirar no exemplo da Grã-Bretanha se eles quiserem ter a posição internacional que sua economia e sua riqueza requisitam. Disponível em: http://rzv039.rz.tu-bs.de/isw/sandra/lexikon/cmsimpleplus/images/mahan.jpg. Acesso em: 20 mar. 2016. Para William Vesentini (2000:17), [a]pesar de ser considerado um dos “clássicos da geopolítica” – juntamente com Kjellén, Mackinder e Haushofer –, o almirante norte-americano Alfred T. Mahan na realidade nunca fez uso desse rótulo em seus escritos, que em grande parte foram publicados antes mesmo de Kjellén ter proposto essa nova forma d conhecimento. (...) A chave para a hegemonia mundial, segundo Mahan, estaria no controle das rotas marítimas, essas “veias por onde circulam os fluxos do comércio internacional”. Embora esteja correta a observação anterior, estava explícito o caráter geopolítico da obra de Mahan, mesmo que o termo não fosse corrente, como também não era à época das publicações do próprio F. Ratzel, considerado, nada mais nada menos, que o pai da geografia política e da geopolítica, como estudamos na Aula 2. Mas, do que constava essa geopolítica de Mahan? Fundamentalmente, era uma reflexão sobre o poder marítimo e o destino estratégico dos Estados Unidos, por isso, emprega-se a palavra talassopolítica (do grego, thálassa = mar) para se referir à obra de Mahan. Segundo Mahan, em seu livro sobre a influência do poder marítimo, esse poder é assim definido: Nesses três elementos – produção, com a necessidade de troca entre os produtos; navegação, através da qual esta troca é realizada; e colônias, as quais facilitam e alargam as operações de navegação e tendem a protegê-las através da multiplicação de pontos de apoio – encontra-se a chave para boa parte da história (bem como da política) das nações marítimas. Alfred Mahan apresenta seis critérios que afetam a capacidade de um Estado tornar-se uma potência marítima e naval. São eles: 1. A posição. Na Europa, como nos exemplos da França e da Holanda, o simples fato de possuírem, simultaneamente, fronteiras terrestres e fronteiras marítimas constitui uma desvantagem em relação a um Estado insular como a Inglaterra. A Inglaterra jamais terá de decidir entre que fronteiras deverá concentrar seus esforços, desenvolvendo, efetivamente, seu poder naval. 2. A conformação física. O contorno do litoral que conforma a implantação de portos é importante. 3. A extensão territorial. Mais que a superfície de um país, o que conta, do ponto de vista do poder marítimo é a extensão da costa e a natureza das baías. 4. A população. Nesse caso, não é tanto o número de habitantes o que conta, mas a proporção deles que vive na faixa litorânea. 5. O caráter nacional. Aqui, o que conta é a maior ou menor predisposição de um povo em relação ao exercício do poder marítimo. 6. O governo. Este deve ser aprovado pelo povo e dar provas de constância nas orientações estratégicas. Era patente a preocupação do almirante Mahan com a posição dos Estados Unidos no sistema mundial de Estados. Ressalte-se, contudo, que essas ideias eram sempre muito focadas no poder marítimo, ou seja, elas giravam em torno de uma perspectiva talassocrática. Os mares e oceanos eram os espaços estratégicos pensados por Mahan conduzindo-o, nomeadamente, a um talassocentrismo, de modo similar, à noção de estadocentrismo cunhada por Raffestin para criticar essas geopolítica e geografia política clássicas. Do ponto de vista político, propriamente dito, Mahan esteve bastante alinhado à Doutrina Monroe (1823), cuja máxima era o conceito estratégico “A América para os americanos”. Essa doutrina do presidente James Monroe buscava defender os interesses americanos em face da cobiça e do intervencionismo dos países europeus em terras americanas. De fato, tratava-se de um combate ao potencial imperialismo europeu nas Américas. As ideias mahanianas terão peso notório na política externa dos Estados Unidos a partir da década de 1890, sobretudo, depois que Mahan publica, em 1897, uma coletânea intitulada Os interesses da América no poder marítimo, hoje e amanhã. Esse fora o mesmo ano em que chegaram ao poder os republicanos liderados por Theodore Roosevelt e que fariam uma releitura radical da Doutrina Monroe, através do Corolário Roosevelt. Esse corolário justificaria o intervencionismo estadunidense nas Américas, numa prática imperialista que buscava o controle de pontos estratégicos fora do território pátrio. Por influência de Mahan, para os estadistas de seu país, os mares e oceanos deixaram de ser apenas uma borda protetora, passando à concepção de fronteiras a serem conquistadas. Segundo Louis (2014), parece que o conceito estratégico proposto por Monroe fora reformulado como“A América para os estadunidenses” e muito além do que a porção americana do planeta para esse povo específico. Preconizados pela compra do Alasca à Rússia, em 1867, assim, se concretizam os demais controles geoestratégicos pelos Estados Unidos: Ilha de Guam, Porto Rico, Havaí, Filipinas (anexadas em 1898) Cuba (imposição de protetorado em 1901), São Domingos (imposição de semi-protetorado), Nicarágua (ocupada de 1912 a 1933), Haiti (ocupado de 1914 a 1934), Ilhas Virgens (comprada à Dinamarca), Samoa (domínio em 1899), além de Wake e Midway. Uma das ideias defendidas por Mahan, em particular, teria um impacto estratégico muito visível na configuração do mundo da primeira metade do século XX. Era a tese do autor sobre a necessidade de abertura de um canal no istmo da América Central. Mahan defendia a necessidade de uma marinha de guerra forte que protegesse uma marinha mercante igualmente forte, ou seja, frotas que comprovassem o poder naval dos Estados Unidos, mas também defendia o controle de áreas e pontos estratégicos – como os mencionados no parágrafo anterior – nas bacias marítimas e oceânicas. Essa defesa implicava uma articulação entre esses pontos e áreas, bem como uma mobilização eficiente das frotas. Para tanto, os litorais oeste e leste dos Estados Unidos deveriam dispor de uma conexão eficaz em termos de circulação marítima. Navios de guerra ou civis que estivessem no litoral atlântico teriam de cruzar o estreito de Magalhães, no extremo sul da América do Sul, se quisessem se juntar aos do litoral pacífico e vice-versa. A solução parecia clarividente: a abertura de um canal que facilitasse a circulação de navios entre os dois litorais estadunidenses. Com esse canal em funcionamento e sob o controle dos Estados Unidos, as distâncias se encurtariam e a proteção dessas costas estaria mais consolidada. Coincidentemente, em 1914, ano da morte de Mahan, foi inaugurado o canal do Panamá que permaneceu até o ano de 1999 sob o controle dos Estados Unidos. Segundo o almirante, em seu livro de 1897: O principal resultado político do canal ístmico será o de trazer nossa costa do pacífico para mais perto, não apenas de nossa costa atlântica, mas também das grandes marinhas da Europa. Militarmente falando, e se referindo apenas ás complicações possíveis com a Europa, no presente estado de nosso despreparo militar e naval, o fechamento do istmo não é nada mais que um desastre para os Estados Unidos. Mahan deu vários conselhos aos estadistas. Nesse contexto, como conselheiro do Príncipe, podem ser mencionados os imperativos: 1. Reforçar a defesa costeira dos Estados Unidos; 2. Desenvolver uma frota de guerra; 3. Estabelecer um perímetro de segurança de 3.000 milhas náuticas ao longo de São Francisco; 4. Tomar posse de territórios de além-mar que pudessem servir como postos avançados para as rotas marítimas, ou seja, servir como bases estratégicas. Então, Mahan deixava clara sua posição de que os Estados Unidos deveriam fortalecer seu poderio naval, rechaçando qualquer pretensão estrangeira em terras americanas, especialmente as pretensões navais japonesas; enfim, uma posição que criaria uma zona de hegemonia nos dois grandes oceanos com uma passagem estratégica entre ambos, conforme se confronta nos fluxos indicados no Mapa 1. Mapa 1. Os fluxos oceânicos a partir dos Estados Unidos Disponível em: http://3.bp.blogspot.com/- gCeWo8FR1dU/VjckYx6cYPI/AAAAAAAAPzk/gLqA8ODzxks/s1600/tentaculoseeuu.png. Acesso em: 20 mar. 2016. Uma ideia para a nossa reflexão: Disponível em: http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/137724/As-riquezas-do-fundo-do-mar-a-nova-fronteira-da- minera%C3%A7%C3%A3o.htm. Acesso em: 20 mar. de 2016. Atualmente, o interesse da talassologia passa pela investigação das riquezas dos fundos oceânicos. Estaríamos no limite da atualização do pensamento estratégico de Alfred Mahan? Então, nas palavras de Morison e Commager (apud COSTA, 1999:69), Alfred Mahan credenciou-se como um “filósofo naval do imperialismo”, um autêntico teórico do expansionismo norte-americano, ao conceber mares e oceanos como um vasto espaço social e político. Contudo, não fora apenas este geopolítico que se preocupou com o destino mundial de seu país. Vejamos o papel desempenhado por Nicholas Spkyman. A hipótese geoestratégica de Nicholas Spkyman O geógrafo Nicholas John Spykman (1893-1943) nasceu em Amsterdã e se tornou cidadão estadunidense em 1928. Nos Estados Unidos, país onde chegou como jornalista, estudou sociologia e passou a se dedicar ao tema das relações internacionais. Spykmam desenvolve amplamente a ideia de uma estreita relação entre a política externa de um Estado e a sua geografia, ecoando o conteúdo da frase “a política de todas as potências está em sua geografia”, originalmente dita por Napoleão Bonaparte. Para Spykman, as chamadas realidades geográficas constituem o fator mais essencial na elaboração da política externa dos Estados, devido à permanência que lhes é inerente. Diz o autor: “Os ministros vão e vêm, mesmo os ditadores morrem, mas as cadeias de montanhas permanecem imutáveis”. Por um lado, Spykman se empenha em não ser tachado de determinista, como o fora F. Ratzel. O determinismo ambiental da Geopolitik alemã é repudiado por Spykman que não aceita a ideia da explicação dos eventos históricos como uma decorrência direta dos imperativos geográficos, esses últimos entendidos, basicamente, como aqueles de natureza física. Por outro lado, Spykman também rejeitava o possibilismo de Vidal de La Blache, que preconizava a ideia de uma natureza que oferecia as possibilidades – recursos – à ação humana. Nicholas Spykman se posicionava entre essas duas concepções da relação natureza / sociedade, ou seja, não se considerava determinista nem possibilista, mas sim um condicionista. “A geografia não determina, ela condiciona; não apenas oferece possibilidades úteis, mas demanda que essas mesmas sejam utilizadas”, afirma o autor. Assim, na abordagem condicionista de Spykman, a liberdade humana em relação aos recursos da natureza não reside na escolha de utilizá-los, mas na maneira, boa ou má, de fazer isso. Contraditoriamente, Spykman transparece uma influência do pensamento de Ratzel quando afirma: “a luta pelo poder [potência] é idêntica à luta pela sobrevivência” e que, em consequência disso, o único objetivo de um Estado deve ser o robustecimento de seu poder. Disponível em: http://1.bp.blogspot.com/-L_xx6TrPWnQ/T-zJktae7dI/AAAAAAAAFzc/Pv9Yixux99o/s1600/spykman.jpg. Acesso em: 20 mar. 2016. Um aspecto crucial da obra de Spykman reside no fato de ser, explicitamente, uma discussão e uma revisão das teses de H. Mackinder. Segundo Spykman, o principal objetivo da política externa dos Estados Unidos deveria consistir em “prevenir a unificação dos centros de poder do Velho Mundo numa coalizão hostil aos seus próprios interesses”. Assim, um novo mapa-múndi estratégico é desenhado. Inspirado na conhecida configuração cartográfica proposta por Mackinder, com o heartland, a Ilha Mundo e suas áreas periféricas offshore, Spykman colocará a ênfase de suas análises nas terras que circundam a Eurásia. Por isso, o autor rebatiza as margens da Eurásia, área repleta de penínsulas importantes. Assim, surge um novo conceito estratégico: rimland (que significa borda do mundo ou região marginal), confrontado no Mapa 2. Nicholas Spykman (apud LOUIS, 2014:73) em seu livro de 1944, A geografia da paz, nos explica que, sendo uma interface estratégica que articula áreas marítimas e continentais, [o] rimland da região eurasiática deve ser considerado como uma zona intermediária,situada entre o heartland e os mares periféricos. Ele funciona como uma zona tampão de conflito entre as forças marítima e terrestre. Voltada para duas faces, ele deve funcionar de maneira anfíbia. Com base no mapa-múndi redesenhado, Spkyman, parodiando Mackinder, enuncia: Quem controla o rimland domina a Eurásia; Quem controla a Eurásia domina o destino do mundo. Mapa 2. O rimland proposto por Spykman Disponível em: https://lh4.googleusercontent.com/2XUZzAPNCUepUb4aUfdYzOyskLyjmKU4TU24xYCAyWpsOf7ruzHOk6RbW3WFVno5XD YAj7Grb3F4VWjvCl5EXw-HOQMa3-Y2eHt0h2hZgxFQueuUnqckFZIIxOPsfP_FwZU. Acesso em: 20 mar. 2016. Segundo vários autores, como Bertha Becker (1995:281), o rimland de Spykman inspira a política de contenção do socialismo, resultando na Cortina de Ferro proposta por Churchill. A prática geoestratégica dessa política era formar uma barreira na Europa Oriental que contivesse a expansão do modo de produção socialista, a partir da união Soviética, interrompendo uma espécie de efeito dominó, em que a continuidade territorial entre os países seria fundamental para tal expansão. Tal situação é fruto do que se chama código geopolítico, isto é, uma diretriz que guia a política externa de alguns Estados. Foi iniciado, então, o código da contenção. Nesse caso, a diretriz era clara: conter a expansão soviética. Tratava-se da configuração do famoso cordão sanitário que impediria a difusão das ideias e das ações soviéticas. Vários conflitos, durante a Guerra Fria, provocaram a partição de trechos do rimland, como nos exemplos da divisão do Vietnã (acompanhando o traçado do paralelo 17, em 1954) e da Coreia (seguindo o traçado do paralelo 38, em 1953). Nota-se que tanto Spkyman quanto Mackinder partiam da premissa de uma possível unificação eurasiática em torno do polo soviético, já que este país era o detentor do heartland e, assim, poderia controlar a Ilha Mundo e, por conseguinte, todo o mundo. Esse era o fantasma que assombrava ambos os autores. Acrescentamos, ainda, que uma possível aliança geoestratégica entre a Alemanha e a Rússia (posteriormente, a União Soviética) era o fantasma específico que assombrava a Inglaterra daquela época. A história, ironicamente, desmentiu a possibilidade de tais alianças unificadoras na Eurásia, pois a Alemanha invadiu a Rússia... cujo final, todos sabemos. Realizemos um exercício descritivo: a) Quais são as penínsulas mais destacadas no rimland? Identifique, ao menos, cinco delas. b) Quais foram as penínsulas asiáticas “divididas” em função da Guerra Fria? Disponível em: http://www.revistamilitar.pt/recursos/imagens/imgs2014/RM2547-310.jpg. Acesso em: 20 mar. 2016. A hipótese de Nicholas Spykman sofreu algumas críticas. Uma delas foi elaborada por Saul Cohen, nos anos 1960. Para Cohen, tanto Spkyman quanto Mackinder partiam da mesma premissa, como vimos, de uma possível unificação da Eurásia em torno de inimigos da Inglaterra e dos Estados Unidos. Cohen contesta a importância dessa possibilidade e contesta a própria relevância estratégica do rimland, que, segundo seu autor, corresponderia a uma área passível de ser controlada totalmente por uma única potência. Também contesta a teoria do efeito dominó que explicaria uma possível expansão do socialismo real, a partir da URSS. Cohen argumentava com o exemplo do socialismo em Cuba, país sem contiguidade com a URSS. Saul Cohen apresentou, então, uma proposta de interpretação do mundo geopolítico a partir de zonas estratégicas que ele denominou de cinturões despedaçados ou shatterbelts. Essas zonas corresponderiam ao Oriente médio e ao Sudeste Asiático. Nos anos 1980, Cohen, acrescentaria o shatterbelt da África Subsaariana. Nas próximas aulas, estudaremos sobre os conceitos básicos da geografia política, seus temas e a sua renovação. Referências bibliográficas: BECKER, B. A geopolítica na virada do milênio. In: Castro, I. et al. (Org.). Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 1995 COSTA, W. Geografia política e geopolítica. São Paulo: Edusp, 1999 LOUIS, F. Les grands théoriciens de la géopolitique. Paris, PUF, 2014 VESENTINI, W. Novas geopolíticas. São Paulo: Contexto, 2000 Sugestões de leitura: CLAVAL, P. Géopolitique et géoestratégie. Paris: Nathan, 1994 LÓPEZ TRIGAL, L. e POZO, P. Geografía política. Madri: Cátedra, 1999 MAGNOLI, D. O que é geopolítica. São Paulo: Brasiliense, 1986 MELLO, L. Quem tem medo da geopolítica? São Paulo: EDUSP, 1999
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