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Aspectos Relevantes Sobre A Sentença Criminal

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1Curso	Ênfase	©	2021
Temas	Especiais	para	Juiz	de	Direito	–	Kleber	Leles
Aspectos	Relevantes	Sobre	A	Sentença	Criminal
Olá!	Tudo	bem	com	você?	Eu	espero	que	sim.	Eu	sou	Kleber	Leles	e	a	gente	vai	falar
sobre	aspectos	relevantes	da	sentença	penal.
Eu	tenho	uma	pergunta	provocadora	para	você.
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A	estrutura	central	da	sentença	penal	condenatória	está	prevista	nos	arts.	381	e	387	do
Código	 de	 Processo	 Penal	 (CPP),	 que	 estabelece	 quais	 são	 os	 elementos	 essenciais
dessa	modalidade	de	sentença.
O	art.	381	estabelece	o	seguinte:
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Antes	de	analisar	cada	um	desses	dispositivos,	vocês	se	lembram	que	estrutura	básica
de	uma	sentença	contém	relatório,	fundamentação	e	dispositivo?!	O	que	o	art.	381	do
CPP	faz	é	dissecar	ou	detalhar	esses	elementos	da	sentença.
Como	uma	sentença	cível,	a	sentença	penal	se	estrutura	a	partir	desses	três	elementos
fundamentais:	relatório,	que	é	um	resumo	dos	principais	acontecimentos	do	processo;	a
fundamentação,	os	elementos	de	convicção	que	levaram	o	juiz	a	decidir	de	uma	forma
ou	de	outra;	e	o	dispositivo,	que	é	justamente	a	decisão	final	adotada	pelo	juiz.
Além	disso,	a	parte	autenticativa	que	refere-se	à	data	e	assinatura.
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O	art.	387,	como	mencionei	para	vocês,	é	o	outro	dispositivo	que	trata	sobre	estrutura
de	sentença	penal	no	âmbito	do	Código	de	Processo	Civil	(CPC).
Ao	proferir	sentença	penal	condenatória,	o	juiz:
I	-	mencionará	as	circunstâncias	agravantes	ou	atenuantes	definidas	no	Código	Penal,
cuja	existência	reconhecer;
Agravantes	e	atenuantes,	 lembra	da	segunda	fase	da	dosimetria	penal.	A	gente	 já	vai
tratar	disso	mais	adiante.
II	 -	mencionará	outras	circunstâncias	apuradas	e	tudo	o	mais	que	deva	ser	levado	em
conta	na	aplicação	da	pena,	de	acordo	com	os	dispositivos	do	artigo	59	e	60	do	código
penal.
Ou	seja,	tratando	sobre	dosimetria	penal.
III	-	aplicará	as	penas	de	acordo	com	essas	conclusões;
Qual	 pena	 é	 cabível?	 Pena	 de	 multa?	 Penal	 privativa	 de	 liberdade?	 Uma
possibilidade	de	uma	pena	restritiva	de	direitos?
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São	esses	elementos	que	o	juiz	deve	levar	em	consideração.
Na	sentença	penal	condenatória,	o	juiz	também	fixa	o	valor	mínimo	de	indenização	que
será	objeto	de	execução	em	uma	ação,	em	uma	vara	cível,	ou,	eventualmente,	se	houver
a	 necessidade	 de	 apuração	 de	 outros	 danos,	 poderá	 ser	 objeto	 também	 de	 uma
liquidação	 no	 âmbito	 do	 processo	 civil,	 de	 um	 processo	 civil	 para	 apuração	 desses
valores	efetivos,	relativo,	então,	àquelas	pessoas	inimputáveis.
O	 Código	 antigo	 falava	 ainda	 em	 jornal;	 publicação	 hoje	 em	 dia	 é	 feita	 por	meio	 do
Diário	de	Justiça	Eletrônico	(DJE).
O	§	1º	desse	art.	387	traz	uma	regra	bastante	importante	que	você	não	pode	esquecer
para	sua	prova.
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Antigamente,	quando	havia	uma	sentença	penal	condenatória,	era	requisito	para	que	o
réu	apelasse,	que	ele	se	recolhesse	na	prisão.	Então,	havendo	condenação,	o	réu	tinha
que	se	recolher	à	prisão	para,	daí,	poder	apelar.
O	CPC	sofreu	uma	reforma	e	hoje	em	dia	o	juiz	decide	fundamentadamente	se	é	o	caso
de	manter	 a	 prisão,	 caso	 o	 réu	 já	 esteja	 preso;	 de	 decretar	 a	 prisão,	 caso	 entenda	 a
necessidade;	 ou	 se	 o	 réu	 irá	 recorrer	 em	 liberdade,	 caso	 haja,	 também,	 essa
possibilidade,	independentemente	do	reconhecimento	ou	do	recebimento	da	apelação.
E	o	§	2º	tem	uma	regra	importante	também:	Os	casos	de	pena	privativa	de	liberdade,
quando	o	Código	estabelece	uma	pena	de	detenção,	a	pena	será	cumprida	em	regime
semiaberto	 ou	 regime	 aberto.	 No	 caso	 de	 pena	 de	 reclusão,	 ela	 pode	 ser	 cumprida
inicialmente	em	regime	fechado,	semiaberto	ou	aberto.
O	que	o	Código	estabelece	é	que,	além	dos	critérios	de	tempo	de	pena	previstos	no	art.
33	para	fixação	do	regime	inicial,	o	 juiz	deve	levar	em	consideração	também	o	tempo
de	pena.
O	 juiz	 analisa	 quanto	 tempo	 o	 réu	 já	 ficou	 preso	 e	 verifica	 se	 há	 possibilidade	 de,
naquele	 momento,	 no	 momento	 da	 fixação	 do	 regime	 dele,	 fixar	 um	 regime	 menos
gravoso	do	que	aquele	que	 seria	devido,	 considerando	o	 tempo	da	prisão	preventiva.
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Não	se	trata	efetivamente	ou	tecnicamente,	de	uma	detração.
Por	que	não	se	trata	de	uma	detração?
Porque	para	a	detração	é	necessária	também	a	análise	de	elementos	subjetivos,	o	que
só	 cabe	 ao	 juízo	 da	 execução.	 É	 justamente	 isso	 que	 o	 Código	 diz,	 analisar	 a
possibilidade	de	computar	esse	tempo	para	a	fixação	de	um	regime	inicial	mais	brando
eventualmente.
Isso	 não	 impede	 que	 o	 juiz	mantenha	 o	 regime	mais	 gravoso	 se	 entender	 que	 estão
presentes	os	requisitos	legais.
A	 jurisprudência	 entende	 que,	 por	 exemplo,	 havendo	 circunstâncias	 judiciais
desfavoráveis,	o	 juiz	pode	ter	um	regime	mais	gravoso	do	que	aquele	previsto	no	art.
33.	Todavia,	isso	não	impede	a	análise	da	aplicação	do	§	2º.
De		qualquer	forma,	havendo	a	presença	dessas	circunstâncias	judiciais,	o	juiz	-	não	é
só	por	conta	do	§	2º	do	art.	387	que	deverá	fixar	um	regime	menos	brando	-	pode	fixar
um	regime	mais	gravoso	com	base	nas	circunstâncias	do	crime	(art.	33,	§	3º	do	Código
Penal	-	CP).
E	eu	tenho	um	conteúdo	importante	para	você.
CONTEÚDO	IMPORTANTE
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A	 sentença	 penal	 deve	 conter,	 obrigatoriamente,	 sob	 pena	 de	 nulidade:	 relatório,
fundamentação.
Na	fundamentação	ou	motivação,	o	que	o	juiz	deve	analisar?
Preliminares,	possibilidade	de	emendatio	libelli,	a	análise	do	mérito;	momento	em	que
ele	verifica	se	estão	presentes	os	requisitos	probatórios.
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Na	 análise	 do	 mérito,	 o	 juiz	 verifica	 a	 presença	 da	 materialidade,	 prova	 da
materialidade,	 prova	de	 autoria,	 e	 analisa	 também	questões	 relacionadas	 às	 teses	de
absolvição.	O	 ideal	 é	 que,	 na	 construção	de	uma	 sentença	penal	 condenatória,	 o	 juiz
analise	 estes	 elementos	 sequencialmente,	 verificando	 primeiro	 as	 preliminares,	 se
foram	alegadas;	eventuais	questões	 sobre	nulidades;	depois	a	possibilidade	ou	não,	a
hipótese	ou	não	de	uma	emendatio	 libelli,	que	nós	vamos	ver	na	sequência;	questões
relativas	 ao	 mérito,	 onde	 ele	 analisa	 a	 prova	 relativa	 à	 autoria,	 materialidade	 e
eventuais	teses	defensivas,	como,	por	exemplo,	legítima	defesa	ou	outras	teses.
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Após	a	análise	desses	elementos	de	teses	defensivas	e	concluindo-se	pela	presença	de
elementos	para	condenação,	o	juiz	vai	verificar	as	circunstâncias	do	crime.	Isso	vai	ser
importante	para	definição	do	tipo	penal	exato	e	também	para	a	dosimetria	de	pena.
EXEMPLO:	 Um	 crime	 de	 roubo	 pode	 ser,	 eventualmente,	 um	 crime	 majorado	 pelo
emprego	 de	 arma	 de	 fogo.	 Essa	 circunstância	 vai	 influenciar	 tanto	 na	 tipicidade,
porque	o	juiz	vai	deixar	de	aplicar	o	art.	157,	caput,	para	aplicar	o	§	2º-A,	no	caso	de
uma	arma	de	fogo,	por	exemplo;	quanto	na	própria	pena,	porque	a	pena	será	mais	alta.
Nessa	 análise	 das	 circunstâncias	 do	 crime,	 ele	 vai	 verificar	 as	 elementares,	 se	 estão
presentes	as	elementares,	se	foi	um	crime	cometido	com	grave	ameaça,	com	violência
etc.,	 as	 qualificadoras,	 circunstâncias	 atenuantes*	 ou	 agravantes,	 causas	 de	 aumento
ou	diminuição	de	pena.
Eu	coloquei	um	asterisco	em	frente	às	circunstâncias	atenuantes	ou	agravantes.
Por	quê?
Neste	 momento	 de	 análise	 do	 mérito,	 o	 juiz	 basicamente	 verifica	 a	 presença	 das
atenuantes	ou	agravantes,	mas	é	no	momento	da	dosimetria,	o	momento	posterior,	em
que	 o	 juiz	 efetivamente	 vai	 analisar	 de	 forma	 mais	 concreta	 a	 presença	 desses
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elementos,	da	mesma	forma	as	causas	de	aumento	ou	diminuição.
Durante	a	fundamentação,	o	juiz	tem	que	analisar	quais	são	os	elementos	de	prova	que
apontam	para	a	presença	de	uma	causa	de	aumento.
No	momento	da	dosimetria,	quando	ele	for	aplicar	a	pena	na	terceira	fase,	é	que	o	juiz
vai	 verificar	 quanto	 de	 diminuição	 ou	 quanto	 de	 aumento	 vai	 ser	 aplicado	 nocaso
concreto.
O	juiz	verifica,	na	sequência,	situações	relativas	a	concurso	de	crimes.	Se	houver	mais
de	um	crime,	o	juiz	faz	esta	análise	de	forma	individualizada.	Primeiro,	analisa	todo	o
conteúdo	 de	 um	 delito	 e	 depois	 analisa	 o	 segundo	 delito,	 o	 outro	 conteúdo.
Posteriormente,	ele	faz	a	análise	da	dosimetria,	momento	em	que	ele	faz	efetivamente	a
aplicação	das	penas.
É	neste	momento	da	dosimetria	que	o	juiz	procede	a	análise	daquilo	chamado	critério
trifásico.
A	aplicação	da	pena	no	nosso	ordenamento	jurídico,	ela	segue	o	modelo	do	trifásico,	ou
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seja,	a	pena,	o	 juiz	deve	analisar	primeiro	circunstâncias	 judiciais	previstas	 lá	no	art.
59;	 depois	 num	segundo	momento	 circunstâncias	 agravantes	 ou	 atenuantes	do	 crime
prevista	nos	arts.	62,	63	64	e	65,	do	CP;	e	por	fim	causas	de	aumento	ou	de	diminuição,
que	estão	presentes	tanto	na	parte	especial,	quanto	na	parte	geral	do	CP.
Então,	 o	 juiz	 analisa	 estes	 elementos,	 a	 presença	 desses	 elementos	 fazendo	 incidir
então	 a	 pena	 nestas	 três	 fases.	 Ele	 parte	 do	 tipo	 básico,	 analisa	 se	 estão	 presentes
circunstâncias	 judiciais	 na	 primeira	 fase	 e	 procede	 a	 eventuais	 aumentos,	 causas
agravantes	e	atenuantes,	eventualmente,	e	procede	o	aumento	ou	a	diminuição,	causas
de	 aumento	 de	 pena	 ou	 diminuição	 de	 pena	 e	 aplica	 a	 consequente	 diminuição	 ou
aumento	em	relação	a	fase	anterior,	sempre	em	relação	às	fases	anteriores	e	chega	ao
montante	final	da	sua	pena.
E	por	 fim,	 o	 juiz	 elabora	 o	 dispositivo	 com	base	nessas	 conclusões	que	 ele	 chegou	 a
partir	da	análise	desse	critério	trifásico.
NÃO	ERRE
Tratando	 especificamente	 sobre	 emendatio	 libelli,	 existe	 uma	 grande	 confusão	 dos
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candidatos	em	relação	aos	conceitos	de	emendatio	libelli	e	mutatio	libelli.
O	que	é	a	emendatio	libelli?
É	aquela	prevista	no	art.	383	do	CPP,	segundo	a	qual	o	juiz,	sem	modificar	a	descrição
do	fato	contida	na	denúncia	ou	queixa	-	isso	é	muito	importante,	essa	é	a	emendatio.	O
juiz,	analisando	a	descrição	fática	contida	na	denúncia	ou	queixa,	se	convence	de	que
aquela	descrição	refere-se	a	um	crime	diverso.
Então,	nesse	caso,	nós	estamos	falando	de	emendatio	libelli,	o	juiz	não	modificou,	não
mexeu	na	descrição	do	fato.
E	aqui	ele	faz	uma	análise	apenas	com	base	na	descrição	do	fato,	sem	analisar	prova,
porque	se	analisar	prova	e	ele	se	convencer,	após	a	análise	da	prova,	de	que	o	crime	foi
um	crime	de	furto	e	não	de	roubo,	nós	não	estamos	diante	de	uma	emendatio	libelli,	nós
estamos	diante	de	uma	desclassificação.
A	emendatio	libelli	se	faz	apenas	com	base	nos	elementos	contidos	na	própria	denúncia,
então,	 se	 o	 juiz	 analisando	 aquela	 descrição	 fática	 entende	 que	 não	 se	 trata	 de	 um
roubo	próprio,	mas	um	roubo	 impróprio,	por	exemplo,	ele	pode	aplicar	uma	situação,
uma	qualificação	jurídica	diversa.
Se	o	juiz	entende	que	está,	que	aquela	descrição	não	aponta	para	a	prática	de	um	crime
de	roubo,	porque	a	grave	ameaça	é	duvidosa,	ali	a	descrição	ela	é	dúbia	com	relação	à
grave	ameaça	ou	 com	 relação	ao	emprego	de	 violência,	 ele	pode,	 então,	 a	partir	dos
elementos	contidos	na	própria	denúncia	concluir	pela	ocorrência	de	um	crime	de	furto,
e	a	partir	daí	ele	faz	a	emendatio	libelli	sem	analisar	a	prova.
Se	houve	a	necessidade	de	análise	de	prova,	nós	estamos	diante	de	uma	situação	de
desclassificação	e	não	de	emendatio	libelli.
Já	 a	 mutatio	 libelli	 é	 aquela	 circunstância	 que	 a	 partir	 da	 análise	 dos	 elementos
colhidos	 nos	 autos,	 inclusive	 durante	 a	 instrução,	 o	Ministério	 Público	 (MP)	 entende
que	há	a	prática	de	um	crime	diverso.
Então,	 ele	 procede	 a	 modificação	 da	 sua	 denúncia,	 há	 uma	 mutatio,	 há	 uma
modificação	 para	 fazer	 incluir,	 então,	 uma	nova	 circunstância	 ou	 uma	nova	 definição
daquele	 fato,	mas	 com	base	 em	novos	 elementos,	 ele	 tem	que	descrever	 então	 esses
novos	elementos.
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Surgindo	novos	elementos	que	apontam	para	um	outro	crime,	o	Ministério	Público	vai
modificar	a	sua	descrição	fática,	e	aqui	nós	estamos	diante	de	uma	mutatio.	As	regras
da	mutatio	estão	previstas	no	art.	384.
Nesse	caso,	o	MP	oferece	a	mutatio	com	a	notificação	da	acusação	por	conta	de	novos
elementos	 surgidos,	eventualmente,	no	curso	do	processo,	o	 juiz	ele	deve	determinar
que	 a	 parte	 contrária	 se	manifeste	 e	 ao	 final	 ele	 decide	 sobre	 o	 acolhimento	 ou	 não
daquela	modificação,	 prosseguindo	 então	 a	 instrução	 com	 base	 nessa	 nova	 definição
dada	aos	fatos.
Falando	sobre	dosimetria	penal.	A	primeira	fase	da	dosimetria,	eu	falei	para	vocês	que
a	pena	é	fixada	a	partir	de	um	critério	trifásico.
Como	é	que	funciona	isso?
O	juiz	parte	do	tipo	penal	básico.
EXEMPLO:	 suponhamos	 um	 roubo.	 No	 roubo,	 a	 pena	 básica	 é	 quatro	 anos,	 vocês
sabem,	está	no	art.	157	 -	subtrair	 coisa	alheia	móvel	de	outrem	mediante,	para	 si	ou
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para	outrem	mediante	violência	ou	grave	ameaça.	Pena:	4	a	10.
O	ponto	é:	Como	o	juiz	fixa	entre	4	e	10?
O	juiz	utiliza	o	critério	 trifásico,	ele	parte	do	mínimo	de	quatro	anos.	A	partir	daí	ele
analisa	a	primeira	fase	da	dosimetria.	A	primeira	fase	da	dosimetria	ele	verifica	quais
são	 as	 circunstâncias	 judiciais	 previstas	 no	 art.	 59,	 culpabilidade,	 antecedentes,
conduta	social,	personalidade.
Se	 ele	 verificar	 que	 essas	 circunstâncias	 são	 desfavoráveis,	 ele	 vai	 proceder	 ao
aumento	 da	 pena.	 Então,	 a	 pena	 deixa	 de	 ser	 de	 quatro	 anos	 e	 passa	 ser	 um	 pouco
maior,	geralmente,	 aplica-se	1/6	para	cada	circunstância	 judicial	desfavorável;	1/6	de
quatro	anos	são	oito	meses.
Então,	 suponhamos	 que	 o	 juiz	 analisando	 os	 autos	 ele	 verifica	 que	 o	 réu	 tem	maus
antecedentes,	 são	 condenações	 que	 não	 servirão	 para	 reincidência,	 mas	 são	 maus
antecedentes.
Ele	pode,	então,	aumentar	a	pena	em	1/6,	então,	a	pena	base	dele	na	primeira	fase	será
de	quatro	 anos	 e	 oito	meses.	A	partir	 daí	 o	 juiz	 passa	 a	 analisar	 a	 segunda	 fase.	Na
segunda	fase	o	juiz	vai	verificar	atenuantes	e	agravantes.
Suponhamos	 que	 o	 juiz,	 que	 o	 réu	 seja	 menor	 de	 21	 anos,	 existe	 uma	 atenuante
específica	que	prevê	a	redução	da	pena	nesses	casos.
O	juiz,	então,	ele	deve	proceder	a	redução	da	pena,	nesse	caso	específico	como	regra
ele	 reduz	 1/6	 e	 a	 pena	 volta	 para	 o	 mínimo	 legal	 de	 quatro	 anos.	 Segunda	 fase	 de
dosimetria,	agravantes	e	atenuantes.
Terceira	fase,	causas	de	aumento	ou	de	diminuição.	Eu	falei	de	um	roubo	simples,	art.
157,	não	tem	causas	de	aumento	ou	diminuição.
Mas,	 suponhamos	que	 isso	 seja	um	crime	 tentado,	nesse	caso	o	 juiz	deve	proceder	a
uma	redução	de	pena	na	terceira	fase	de	1/3	a	2/3.	Suponhamos	que	ele	tenha	aplicado
o	mínimo	de	1/3,	ele	vai	reduzir	a	pena	de	quatro	anos	em	1/3	e	vai	definir	então	aquela
pena,	a	partir	dali	então	definir	também	o	regime	inicial	de	cumprimento.
Eu	queria	chamar	a	atenção	de	vocês	que	no	crime	de	tráfico	de	drogas,	na	primeira
fase	 o	 juiz	 deve	 levar	 em	 consideração,	 com	 preponderância,	 as	 circunstâncias	 do
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artigo	59,	a	natureza	e	quantidade	da	substância,	a	personalidade	e	a	conduta	social	do
agente.
Então,	só	chamando	a	atenção	de	vocês	que	a	regra	geral	sobre	circunstâncias	judiciais
na	primeira	 fase,	está	no	art.	59,	mas	o	art.	42	da	Lei	de	Drogas	estabelece	algumas
circunstâncias	 preponderantes	 em	 relação	 ao	 art.	 59	 que	 você	 deve	 analisar	 na	 sua
prova.
Atenção!
É	o	exemplo	que	eu	mencionei	do	mau	antecedente.
Suponhamos	que	seja	uma	condenação	que	sirva	como	mau	antecedente,	mas	não	sirva
como	 	 reincidência,	 neste	 caso	 o	 juiz	 pode	 aplicar	 na	 primeira	 fase	 como	 mau
antecedente.	Todavia,	se	esta	condenação	anterior	ela	serve	como	reincidência,	o	 juiz
não	aplica	como	mau	antecedente.
O	 juiz	 não	 aplica	 nenhuma	 majoração	 na	 primeira	 fase	 e	 aplica	 a	 reincidência	 na
segunda	fase,	porque	as	circunstâncias	do	art.	59	sãoresiduais.
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Segunda	 fase	 da	 dosimetria,	 já	 mencionei	 para	 vocês	 agravantes,	 arts.	 61	 e	 62;	 e
atenuantes,	art.	65,	do	CP.
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Terceira	 fase,	causas	de	aumento	ou	de	dimensão,	que	estão	previstas	 tanto	na	parte
especial	quanto	na	parte	geral.
Eu	mencionei	uma	situação	específica	de	causa	de	aumento	numa	parte	especial,	por
exemplo,	 o	 emprego	 de	 arma	 de	 fogo,	 mas	 também	 temos	 uma	 causa	 diminuição
prevista	na	parte	geral,	por	exemplo	a	tentativa.
NÃO	ERRE
Quanto	aos	regimes,	eu	falei	no	curso	da	aula	sobre	o	regime	de	cumprimento	de	pena,
o	regime	inicial.
O	CP	possui	uma	tabela	no	art.	33,	que	estabelece	que	o	regime	será	fechado	se	a	pena
for	 superior	 a	 oito	 anos	 ou	 em	 caso	 de	 réu	 reincidente.	 Então	 é	 um	 duplo	 critério,
quantidade	 de	 pena	 e	 reincidência	 ou	 primariedade.	 Sendo	 reincidente	 com	 pena
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superior	a	oito	anos,	reincidente	ou	pena	superior	a	oito	anos,	regime	inicial	fechado.
Semiaberto,	 pena	 superior	 a	 quatro	 e	 igual	 ou	 inferior	 a	 oito,	 e	 não	 reincidente.
Lembrando	que	se	for	reincidente	o	regime	é	fechado	por	força	de	lei.
Por	 fim,	 regime	 aberto,	 igual	 ou	 inferior	 a	 quatro	 anos	 e	 não	 reincidente.	 Essa	 é	 a
tabela.
Lembrando	que	o	juiz	pode	aplicar	o	regime	diverso	desse	estabelecido,	inclusive	mais
gravoso	se	as	circunstâncias	concretas	do	caso	autorizarem.
EXEMPLO:	suponhamos	uma	pena	entre	4	e	8	anos,	um	roubo	que	tenha	sido	fixado
em	seis	anos,	mas	o	juiz	verifica	que	as	circunstâncias	concretas	daquele	delito	foram
muito	gravosas,	muito	gravosas.
Nesse	 caso,	 com	 fundamento	 no	 §	 3º	 do	 art.	 33,	 o	 juiz	 pode	 fixar	 um	 regime	 inicial
fechado,	regime	inicial	mais	gravoso,	mas	ele	deve	fundamentar	isso	concretamente.
ATENÇÃO!	O	art.	269	do	Superior	Tribunal	de	Justiça	(STJ)	traz	uma	ponderação	em
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relação	essa	regra,	essa	tabela	do	art.	33.
E	que	ponderação	é	essa?
Eu	mencionei	para	vocês	que	a	pena	do	reincidente	como	regra	é	fechada.	Todavia,	a
jurisprudência	 atenua	 esta	 gravidade	 quando,	 esse	 procedimento	 gravoso	 quando,	 a
pena	 for	até	quatro	anos.	Lembrando,	pena	até	quatro	anos	o	regime	poderia	ser	até
aberto;	todavia,	como	ele	é	reincidente,	o	regime	seria	fechado.
Mas	o	STJ	chega	no	meio	termo,	reincidente	com	pena	até	quatro,	se	as	circunstâncias
forem	 favoráveis,	 é	 possível	 a	 fixação	 de	 um	 regime	 intermediário,	 qual	 seja,	 o
semiaberto.
Então	como	regra	o	reincidente,	ele	nunca	vai	começar	o	cumprimento	da	sua	pena	no
regime	 inicial	 aberto,	 a	 regra	 é	 o	 regime	 fechado,	mas	 a	 jurisprudência	 atenua	 com
base	na	Súmula	nº	269,	permitindo,	 em	determinadas	hipóteses,	 a	 fixação	do	 regime
inicial	semiaberto.
Por	 fim,	 eu	 trago	 para	 vocês	 algumas	 providências	 finais	 no	 termo,	 na	 sentença,	 ao
término	da	sentença,	após	 fixar	a	pena,	o	 juiz	deve	estabelecer	algumas	providências
finais,	após	o	dispositivo,	após	definir	sobre	a	condenação	ou	absolvição	do	réu.
Tratando	especificamente	sobre	a	condenação.
21Curso	Ênfase	©	2021
O	 juiz	 deve	 determinar	 as	 seguintes	 providências,	 e	 aqui	 eu	 trago	 um	 pequeno
modelinho.
Após	 o	 trânsito,	 o	 juiz	 deve	determinar,	 capturado	o	acusado	 -	 um	exemplo,	 caso	 ele
esteja	 solto	 e	 a	 pena	 seja	 uma	 pena	 privativa	 de	 liberdade	 -	 capturado	 o	 acusado
expeça-se	guia	de	execução	(a	guia	é	só	expedida	após	a	captura)
Se	houver	 fixação	de	multa,	 intimar	o	 acusado	para	pagamento	no	prazo	de	10	dias,
isso	está	no	código.
Oficiar	ao	IIRGD,	que	é	o	Instituto	de	Identificação,	para	lançar	aquela	condenação	na
folha	de	antecedentes	do	acusado.
22Curso	Ênfase	©	2021
Oficiar	ao	Tribunal	Regional	Federal	(TRF),	aliás	ao	Tribunal	Regional	Eleitoral	(TRE)
para	a	 suspensão	dos	direitos	políticos	do	condenado,	enquanto	durar	a	pena,	essa	é
uma	consequência	secundária,	um	efeito	secundário	da	condenação	penal.
E	e	por	fim,	condenar	ao	pagamento	das	custas	e	despesas	processuais,	se	houver	mais
de	um	réu	o	pagamento	deve	ser	rateado.	E	o	pedido	de	justiça	gratuita,	se	o	caso	deve
ser	analisado	em	fase	de	execução.
Aqui	eu	trouxe	para	vocês	um	panorama	da	sentença	penal	condenatória,	passando	a
partir	da	sua	estrutura	uma	análise	da	questão	da	dosimetria	da	pena	e	as	providências
finais.
Eu	agradeço	vocês,	um	grande	abraço.	Bons	estudos.	A	gente	se	vê,	até	mais!

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