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Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 1 INTRODUÇÃO • Protusão do conteúdo abdominal ou pré- peritoneal através da cicatriz umbilical, podendo ser congênita ou adquirida. FISIOPATOLOGIA • O anel umbilical permite a passagem dos vasos umbilicais durante o período da gestação. Após o nascimento, a abertura se fecha espontaneamente por meio do crescimento dos músculos retos abdominais e da formação de um tecido fibroso no local do umbigo. • Em algumas crianças esse processo falha, gerando as hérnias umbilicais persistentes. Outros casos podem ser adquiridos devido ao aumento da pressão intra-abdominal, como em pacientes com ascite ou obesidade. CLASSIFICAÇÃO • Congênitas: por volta da 10º semana de gestação ocorre uma herniação fisiológica do intestino pelo cordão umbilical. A falha no completo fechamento da parede abdominal anterior após o retorno do intestino para a cavidade abdominal pode gerar a hérnia umbilical congênita. • Adquiridas: mais comum no adulto. Fatores de risco: obesidade, distensão abdominal, , gravidez, multíparas, ascite e outros. EPIDEMIOLOGIA • Maior prevalência no sexo feminino (3:1). • Maior encarceramento no sexo masculino, dada a maior redutibilidade em mulheres. • Mais comum em negros. • Mais comum em prematuros (até 84% em <1.000g). • A maioria fecha espontaneamente até os 8 anos de idade. • Risco aumentado para estrangulamento devido à rigidez do anel herniário. • A recorrência é comum em pacientes obesos, com doenças intra-abdominais e com idade avançada. FATORES PREDISPONENTES • Aumento da pressão intra-abdominal. • Predisposição familiar. • Trissomias 13, 18 e 21 (síndrome de Down). • Síndrome de Beckwith-Wiedemann, síndrome de Marfan. • Mucopolissacaridoses. • Mielomeningocele (hipotonicidade da parede abdominal). • Hipotireoidismo (hipotonia generalizada). • Infecção neonatal do umbigo. • Desnutridos, prematuros (distensão abdominal, hipotonia muscular). APRESENTAÇÃO CLÍNICA • É um achado comum em crianças pequenas e, na maior parte das vezes, assintomático. • Abaulamento redutível da região umbilical que aumenta aos esforços, podendo produzir borborigmo. • O tamanho do saco e a quantidade de conteúdo herniado não são proporcionais ao diâmetro do orifício. O defeito facial amplo associado à pele redundante adquire a forma de probóscide. • Raramente apresenta complicações como encarceramento, estrangulamento, perfuração com evisceração e dor abdominal (,0,07 a 0,3%). EXAME FÍSICO • Inspeção: observa-se abaulamento na altura da cicatriz umbilical. O abalamento aparece ou piora com manobras de aumento da pressão intra-abdominal, como durante o choro ou tosse. • Palpação: identificação do anel herniário para avaliar o tamanho do defeito. HÉRNIA UMBILICAL Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 2 • Hérnia umbilical encarcerada: abaulamento em região umbilical doloroso e não redutível. • Hérnia umbilical estrangulada: abaulamento doloroso em região umbilical, não redutível, com comprometimento vascular do conteúdo herniado. Apresenta sintomas como dor e distensão abdominal, náuseas, vômitos e hiperemia da pele suprajacente. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA • O diagnóstico é realizado durante a anamnese e exame físico (palpação de uma massa no umbigo, podendo ser assimétrica, ligeiramente acima ou abaixo, para um lado ou outro da cicatriz umbilical, redutível ou não), sem necessidade de exames complementares. • Muitas vezes assintomáticas. • Quando pequenas, podem causar dor, mas as maiores geralmente não são dolorosas. • Dor leve pode aparecer à manobra de Valsalva. • Dor de início repentino que, associada à náuseas, vômitos e sinais inflamatórios locais, pode sinalizar estrangulamento. • Exames de imagem: ❖ Só devem ser solicitados quando há dúvida no exame clínico e/ou diante da suspeita de complicações. ❖ Na maioria dos casos, o exame de escolha é a ultrassonografia da parede abdominal. ❖ Nas hérnias muito volumosas, na qual a avaliação torna-se dificultada pela USG, idealmente deve ser solicitada a RNM. ❖ A TC do abdome apresenta papel importante somente no contexto de urgência/emergência, quando não há disponibilidade de outros métodos. • Diagnóstico diferencial: Onfaloceles. Hérnia supraumbilical. ACOMPANHAMENTO • Ambulatorial. • Na maioria dos casos, ocorre fechamento espontâneo do anel umbilical. Sendo assim, a conduta é expectante, podendo ser assistindo unicamente pelo pediatra. • O uso de objetos, ataduras ou faixas sobre a cicatriz umbilical é contraindicado (a limitação dos movimentos espontâneos e livres da musculatura abdominal leva à perda do tônus muscular e inibe o estímulo local de maturação anatômica). INDICAÇÕES DE ENCAMINHAMENTO PARA O CIRURGIÃO PEDIÁTRICO: ❖ Hérnia umbilical >= 1,5cm de diâmetro em criança maior de 2 anos. ❖ Aparência de ¨tromba de elefante¨(probóscide) após os 2 anos de idade. ❖ Não fechamento com 5-6 anos de idade com paciente sintomático. ❖ Estrangulamento ou encarceramento (encaminhar como emergência). ❖ Aumento do tamanho da hérnia após a idade de 1-2 anos. ABORDAGEM TERAPÊUT ICA • A maioria dos casos não necessita de tratamento específico. • Indicação: congênitas: normalmente, o tratamento é expectante até os 3-4 anos de idade, quando costuma ocorrer o fechamento espontâneo | Adquiridos sintomáticos | Hérnias irredutíveis ou com crescimento | Vigência de complicações. Adquiridas assintomáticas não necessitam de reparo cirúrgico imediato. • Estabelecer comunicação eficaz com a família dos pacientes, principalmente no que diz respeito ao esclarecimento do malefício de técnicas popularmente recomendadas, como uso de cintas ou moedas. • Os pacientes que necessitem de abordagem específica são tratados cirurgicamente. • A cirurgia consiste no fechamento do saco herniário e fechamento do defeito aponeurótico com plastia da cicatriz umbilical. COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS: • Infecção de ferida operatória. • Hematoma e/ou seroma. • Recidiva da hérnia.
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