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ADMINISTRAÇÃO MODERNA E PÓS-MODERNA E-book 4 Andrea Micchelucci Neste E-Book: Introdução ���������������������������������������������������� 3 Competitividade: qualidade e inovação ������������������������������������������������������� 8 Estratégia competitiva ������������������������������������������ 10 Qualidade total ������������������������������������������������������ 13 Inteligência artificial – soluções emergentes �������������������������������������������������16 Administração estratégica – ciclo PDCA ������������������������������������������������������������20 Planejamento �������������������������������������������������������� 21 Organização ���������������������������������������������������������� 23 Dirigir ���������������������������������������������������������������������� 23 Controlar ���������������������������������������������������������������� 25 Responsabilidade social e ética ���������26 Considerações finais�������������������������������30 Síntese ��������������������������������������������������������� 32 2 INTRODUÇÃO A década de 1980 foi marcada por uma alta compe- titividade no mercado, as empresas – sempre em busca do aumento da lucratividade – começaram a analisar com propriedade quais fatores poderiam ameaçar o seu negócio e buscaram estratégias de como tirar a concorrência do mercado� A abordagem da administração que mais marcou essa época foi o Modelo das Cinco Forças, proposto pelo pesquisador Michael Porter� Segundo seu modelo, as forças que auxiliam a definição da estratégica da empresa se fundamentam no poder de barganha com os fornece- dores (comprar mais barato), analisar a possibilidade de o produto da empresa ser substituído por outro, poder de barganha com os clientes (manter um pre- ço de venda interessante com alta lucratividade) e as ameaças de novos entrantes (empresas que vão produzir o mesmo produto)� Competição e estratégias eram as palavras mais co- mentadas na área da administração� Muitas pesqui- sas eram feitas, buscando melhores caminhos para a definição das estratégias organizacionais. Os bancos começaram um movimento dos maiores comprarem os menores: seguindo o Modelo estratégico proposto por Porter, se o banco pequeno atrapalha o maior, uma forma de tirá-lo da concorrência é comprando suas operações� Essa movimentação de compras e vendas no mer- cado bancário aumentou sensivelmente o número 3 de desempregados, afetando a sustentabilidade fi- nanceira de muitas famílias� A indústria farmacêutica também foi outro grande setor, famoso por excessivas compras e vendas, com o simples objetivo de eliminar a concorrência, forta- lecendo quem ficava no mercado. Essa nova abordagem ia de encontro aos princípios das teorias pós-sistemas, no tocante à avaliação do ambiente externo, estudando os fatores que po- deriam eliminar ou atrapalhar o cumprimento das metas e objetivos institucionais� Os bancos tinham como visão transformar-se no maior serviço financeiro do país e do mundo. Com esse lema, observava-se que a instituição trabalhava para prevalecer soberana no segmento financeiro, sem considerar os concorrentes e os impactos econômicos que poderiam gerar com essa estratégia competitiva� O governo passou, então, a se preocupar com o equilíbrio econômico, dada a centralização do poder produtivo em poucas organizações (geralmente as mais fortes) e buscava, por meio regulatório, criar limites para esse novo comportamento de mercado (excessivo número de compras e vendas, eliminando empresas de menor porte)� Novas discussões emergiram frente a essa busca desenfreada pelo topo da pirâmide na indústria, boa parte delas oriundas de problemas relaciona- dos à ética, responsabilidade social, meio ambiente e sustentabilidade das relações� No ano de 2008, 4 um fato que impactou o mundo dos negócios foi à emissão excessiva de títulos de crédito imobiliário nos Estados Unidos� De modo bem sucinto, foram dados mais empréstimos imobiliários do que o per- mitido pelo mercado (capacidade de pagamento e até fraudulentos) e essa negociação desencadeava outras (compras e vendas vinculadas aos créditos imobiliários concedidos), gerando falta de pagamen- tos e enormes prejuízos no mercado� Outro grande escândalo dessa época, foram parece- res contábeis fraudulentos assinados por empresas de auditoria externa que não verificaram do modo mais correto as informações prestadas por algumas empresas que sugeriam lucros em seus dados pú- blicos e, ao contrário do que se informava, estavam tendo prejuízos. Diversos profissionais foram ques- tionados e responsabilizados por problemas éticos e crimes financeiros. Atualmente, infelizmente, estamos presenciando enormes problemas causados pelas indústrias no meio ambiente; como o caso de Brumadinho, no qual a empresa Vale do Rio Doce, devido à sua bar- ragem acima da capacidade, ocasionou um desastre ambiental com, praticamente, o fim de uma cidade inteira e muitas mortes� Nesse caso, além de falhas técnicas, estão analisando o possível impacto da responsabilidade social (fim das atividades de pesca, degradação do meio ambiente, impossibilidade de viver na região, em razão dos danos causados pelo acidente), os impactos de meio ambiente com toda sua extensão e a apuração de responsabilidades 5 na condução dos trabalhos realizados que tinham relação direta com a capacidade da barragem (cer- tificações de engenheiros, laudos nacionais e inter- nacionais etc�)� Busca-se um equilíbrio financeiro e sustentável, tanto do ponto de vista da indústria como das relações sociais e humanas� Os consumidores, se assim os podemos chamar, ou mesmo a população está consciente e muito sensibilizada com o possível impacto negativo dos negócios em sua sobrevivên- cia� Neste novo cenário, novos estudos da área da Administração continuam – com uma abordagem que contempla e busca a produtividade com um olhar mais sustentável (voltado ao meio ambiente e às relações sociais)� A falta dessa abordagem na administração gerou grandes aprendizagens, custando, muitas vezes, a continuidade da vida, como observado nos desas- tres ambientais gerados por possíveis negligências administrativas� O foco das novas abordagens da administração continua sendo o ambiente e os ob- jetivos organizacionais: ambiente objetivos Pós-Sistemas e Novas Abordagens Figura 1: Abordagem Pós-sistemas – foco: ambiente e objetivos. Fonte: Elaborado pela autora 6 Conforme estudado anteriormente, a figura explora as Teorias Pós-sistemas, privilegiando a análise do ambiente e foco nos objetivos� A ideia continua a promover o estudo do macroambiente sob o olhar transdisciplinar, com a análise das influências que possam subsidiar o surgimento de novas abordagens às Teorias da Administração� Vale ressaltar que as organizações amadurecem em suas gestões administrativas, acompanhando a mudança de comportamento do ambiente que envol- ve, no cenário macro, as relações sociais, economia (recursos para transformação) e tendências tecno- lógicas (era da informação)� As novas abordagens se subsidiam de novas tecno- logias, buscando a perfeição do processo produtivo por meio da automação de funções, gestão de ban- co de dados, alinhados aos objetivos institucionais (big datas), otimização das funções intelectuais com buscas avançadíssimas de informações, reduzindo prazos no desenvolvimento dos trabalhos e até mu- danças ocasionadas pelo fim de algumas profissões e surgimento de outras� 7 COMPETITIVIDADE: QUALIDADE E INOVAÇÃO Michael Porter, engenheiro e professor da renomada Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, atua como pesquisador em estudos que buscam explicar o comportamento das empresas e sua atuação no mercado� Seus estudos, de modo resumido, analisam e buscam soluções para as empresas crescerem e sobreviverem de modo lucrativo no mercado em que atuam (cosmético, alimentício, financeiro etc.). As Teorias de Administração denominamisso de estratégia competitiva� A competição advém de princípios de sobrevivência, tal como a vida de um animal na floresta. O leão, tido como rei os animais, é caracterizado por um perfil de liderança, que ganha suas batalhas pelo porte físico e, para sobreviver, ele caça e mata suas presas� Sem alimento, ele e toda sua espécie entram em extinção� 8 Figura 2: Leão: o dono da rede. Fonte: unsplash. Alguns pesquisadores associam a imagem do leão à do dono da rede de negócios, já que, por suas ca- racterísticas de força, ele é tido como o rei da sel- va� Pesquisadores, quando discutida a estratégia competitiva, vislumbram que as empresas devem se representar nos negócios tal qual o leão na selva: suficientemente fortes para não terem seus produtos substituídos, impedir que outras empresas mandem no mercado, além dela mesma (novos entrantes), mantendo o controle sobre os preços praticados com fornecedores (aquisição de matéria prima e insumos) e clientes (preço de venda), assim como o comportamento do leão em sua cadeia alimentar� Podcast 1 9 https://unsplash.com/photos/ZxNKxnR32Ng https://famonline.instructure.com/files/120810/download?download_frd=1 Estratégia competitiva Neste conceito, desdobram-se indicações de como as empresas precisam agir para não serem extintas� Michael Porter propõe uma análise de sobrevivência a partir dos cuidados com algumas forças� Preço de Compra Preço de Venda Estratégia Substituição de Produtos Novos Entrantes Figura 3: Modelo das Cinco Forças. Fonte: Elaboração Própria. O Modelo de Porter estuda o poder de definição de preço entre os fornecedores de materiais, o valor de venda do produto a partir da barganha com o cliente, novos concorrentes e a falta de inovação, gerando a substituição do produto� O modelo não é complexo e, no tocante a possíveis substituições do produto, entra a discussão da quali- dade� O conceito de qualidade foi sendo aperfeiçoado ao longo dos anos, a partir do momento em que a sociedade percebeu verdadeiro o dito popular: “o barato sai caro”� Uma das principais referências mundiais nessa questão são os Programas de Qualidade Japoneses� Trata-se de estudos que buscam a otimização dos 10 recursos e a máxima eficácia (durabilidade, funcio- namento, design). A filosofia japonesa preza por criar produtos que tenham o preço à altura da qualidade� Um exemplo clássico são os carros japoneses – ti- dos como os de melhor qualidade, em relação aos produzidos em outros países� Segundo estudos do setor, eles dificilmente falham ou quebram, e suas peças têm um longo prazo de durabilidade� Essa qualidade só é possível devido ao rigoroso con- trole durante a produção, na qual os produtos são testados para verificar se se enquadram nos níveis de qualidade previstos (tempo de uso, durabilidade, design milimetricamente pensado e revisado)� Todo esse processo é realizado ainda na fábrica, antes do consumo, para prevenir possíveis erros posteriores� Você já deve ter notado algumas chamadas de montadoras solicitando trocas de peças (recalls), em função da identificação de algum problema de fabricação� É muito comum as indústrias automobi- lísticas terem esse cuidado, caso sejam identificados defeitos que possam impactar o uso do produto� Nesse sentido, as empresas identificam os veícu- los envolvidos no lote com falha e efetuam a troca ou ajustes necessários para solução imediata do problema� A qualidade total ocorre em decorrência da aplicação da melhoria contínua� A palavra qualidade pode ter vários significados, tais como: • atender as exigências do cliente; 11 • ter como objetivo as necessidades do usuário – presentes e futuras; • adequar-se à finalidade ou ao uso. Na realidade, os vários conceitos de qualidade falam o mesmo idioma por meio de vários dialetos� Por trás dos conceitos de qualidade está a figura do cliente – que pode ser interno ou externo� Nas organizações, existe uma infinidade de cadeias de fornecedores e clientes: cada empregado é um cliente do anterior (do qual recebe suas entradas) e um fornecedor para o seguinte (para o qual entrega suas saídas)� A ideia de fornecedores/clientes internos e exter- nos constitui o núcleo da qualidade total� A melhoria contínua e a qualidade total são abordagens que se retroalimentam para obter excelência na qualidade dos produtos e processos� SAIBA MAIS Henry Mintzberg foi um famoso pesquisador que, tal como Michael Porter, buscou estabelecer fer- ramentas que pudessem analisar e estabelecer estratégias empresariais� Seu livro, Safari de Es- tratégia, faz uma analogia entre o comportamen- to das empresas com os bichos na selva� Conhe- ça mais sobre o autor e o assunto, no site: http://www.mintzberg.org� 12 Figura 4: Controle de qualidade japonês. Fonte: capetown Qualidade total A qualidade japonesa foi um tema tão legitimado (reconhecido) mundialmente que surgiu, então, o Toyotismo – inspirado nas técnicas de qualidade implantada na empresa automobilística Toyota� A técnica de produção da Toyota levou em considera- ção o maior problema da Ford que, segundo os en- genheiros, era o desperdício, tanto de tempo quanto de atividades que não agregavam ao produto, como de materiais utilizados na produção� As principais ideias usadas nesse sistema para eli- minar desperdícios se fundamentaram na: • Racionalização da força de trabalho, usando o con- ceito de equipe� O líder, além de operacional junto à equipe, coordena o grupo� A equipe tem a tarefa de fazer pequenas manutenções em equipamentos, consertos de baixa complexidade e devem auxiliar no controle de qualidade� 13 https://capetownguy.co.za/toyota-celebrates-top-performing-dealers/ • Just in time (na hora): método que procura reduzir ao mínimo possível os estoques, mantendo os ní- veis de acordo com as vendas� O conceito também se aplica ao processo produtivo: só se compra os insumos que serão utilizados na produção do dia, sem sobras� • Kanban: sistema de controle de uso de materiais, registrando em cartões toda a movimentação de produtos e retroalimentando-o com as saídas – o quê e quanto precisa ser comprado para substituição� • Produção flexível. Este sistema de produção permi- te que os produtos sejam feitos em pequenos lotes, alterando para isso os moldes colocados nas má- quinas de produção� Para se ter uma ideia, a Toyota treinou seus funcionários para efetuarem essa troca de moldes em apenas três minutos� Observa-se que a racionalização da força de trabalho é um conceito já pensado na Administração Científica (Frederick Taylor) e na Administração Clássica (Fayolismo)� Os sistemas de controle monitoram regras claras quanto ao uso, trazendo também os princípios da Teoria da Burocracia, de Max Weber� O treinamento e a capacitação do funcionário – além do envolvimento do líder no processo produtivo, ge- renciando a equipe – utilizam princípios da Teoria das Relações Humanas� Se assim pensarmos, os princípios da Qualidade Total trabalham as abordagens essenciais da admi- nistração: a abordagem clássica e a humanística� O foco continua sendo a produtividade (maior número 14 de produtos produzidos), observados os controles de vendas, operações que subsidiam o quanto deve ser produzido, com eficiência (agilidade) e eficácia (qualidade)� Até hoje, esse modelo é aplicado nas indústrias japonesas e mercados do primeiro mundo, onde os indicadores econômicos são mais lineares em termos de consumo e produção� 15 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL – SOLUÇÕES EMERGENTES A inteligência artificial (ou IA) é uma nova forma de aprimorar controles com a eficácia (qualidade) de- sejada nos moldes da qualidade total� Você já ouviu por aí que o trabalho humano está sendo substituído por máquinas? Ou que não haverá mais trabalho por conta dos computadores? Será que isso é verdade? Num primeiro momento, a inteligência artificial era apresentada como uma máquina; algo tangível, palpá- vel, visualizado como um robô� A máquinafoi, então, substituída por holografia (muito utilizado para carac- terizar fantasmas nos filmes), que acabou até virando grupo musical, no Japão, com centenas de fãs� Podcast 2 Figura 5: Holografia e Robô. Fonte: unsplash 16 https://famonline.instructure.com/files/120812/download?download_frd=1 https://unsplash.com/photos/jIBMSMs4_kA As pesquisas contemporâneas já apresentam a Inteligência Artificial como solução para call centers (atendimento eletrônico programado com voz huma- na) para tratar de diferentes temas com os clientes: cobranças, televendas, dentre outros� Muitas atividades anteriormente exercidas pelo ser humano hoje são feitas pela inteligência artificial. A área médica alcançou grandes conquistas com as cirurgias realizadas por meio de equipamentos altamente qualificados e computadorizados, con- duzidos pelo médico fora da sala de cirurgia, pos- sibilitando uma maior precisão nos procedimentos invasivos� Exames também são realizados por má- quinas e equipamentos diversos� A telemedicina tem possibilitado o atendimento à população que vive longe dos grandes centros urbanos, por intermédio de orientação on-line de médicos e profissionais da saúde assessorando outros centros de apoio sem o deslocamento físico� A área de Direito também já programa uma diferente atuação profissional, a partir de buscas eletrônicas atualizadas sobre temas em discussão, apresentando resultados recentes de decisões que balizam novas análises e avaliações de juízes e profissionais da área. O impacto que começou com a era da informação e as novas tecnologias vem mudando significativamen- te o comportamento da sociedade e suas relações sociais� A tecnologia permite o trabalho a distância com o mesmo monitoramento e controle que o líder tem presencialmente sobre sua equipe� Essa mu- 17 dança reduz o deslocamento urbano e até melhora o tráfego nas vias públicas� São novos tempos que exigem novos comportamentos� As ferramentas de comunicação e mídias sociais (Facebook, WhatsApp, Teams, Skype, entre outras) promovem, a qualquer momento, reuniões virtuais que aproximam pessoas e incentivam a troca de in- formações rumo a soluções� Não há, no mundo contemporâneo, como conviver sem a tecnologia� A Receita Federal do Brasil, por exemplo, só aceita as Declarações de Imposto de Renda por via eletrônica; então, todo cidadão (e empresa) que deseja estar com sua situação fiscal regular, precisará baixar o programa e enviar seus dados eletronicamente� Figura 6: Ambiente virtual e o trabalho. Fonte: unsplash. 18 https://unsplash.com/photos/ysWRN3BqG3U Também os encontros e reuniões passam, com as novas tecnologias, a ter uma ampla integração do ambiente físico com o virtual (ou mesmo apenas virtual)� As grandes metrópoles sofrem com proble- mas como: transporte público, trânsito, reparos de vias, entre outros; e, como estudamos ao longo desta disciplina, a otimização do tempo é fundamental para a produtividade� 19 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA – CICLO PDCA As funções administrativas resumem-se em: Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar� Essas atividades do ad- ministrador podem ser condensadas em um ciclo que se retroalimenta a partir da conexão entre as partes� Planejar Dirigir OrganizarControlar Figura 7: Ciclo do Administrador. Fonte: Elaboração Própria. O trabalho do administrador não se restringe apenas ao momento corrente, ele precisa ir além, projetando- -se para o futuro� As decisões administrativas preci- sam ter fundamento estratégico (com motivos muito bem analisados e subsidiados por dados) para que as decisões estejam alinhadas com as metas pre- vistas e planejadas para o futuro da organização� A tomada de decisão é dinâmica e exige atualização constante dos cenários e situações vivenciadas ou previs- tas (sendo este um primeiro caso a respeito do assunto)� 20 Planejamento O planejamento está voltado para o futuro� E o fu- turo requer um plano de ação para que o desejado aconteça� O planejamento é uma das mais importan- tes funções administrativas que definem objetivos e decidem sobre os recursos e tarefas necessários para alcançá-los adequadamente� Como principal decorrência do planejamento estratégico, estão os planos de ações, que facilitam a organização no al- cance de suas metas e objetivos� Os planos integram vários objetivos a serem alcançados Permitem o endereçamento de responsabili- dade dos envolvidos Possibilitam compreender e documentar as etapas rumo ao cumprimento dos objetivos Figura 8: Plano de Ação. Fonte: Elaboração Própria. O plano de ação é a ferramenta utilizada pelo admi- nistrador para traçar uma ação ou mais ações a partir de um objetivo da empresa, estabelecendo o que será feito, o responsável pela execução, e o prazo máximo de entrega da implantação da ação� É uma forma de controlar se todas as ações programadas para o cumprimento do objetivo estão sendo realizadas� 21 Recomendo os seguintes passos para a realização de um planejamento: • Clareza na definição dos objetivos O primeiro passo é ter claramente definido aonde se deseja chegar� Vale ressaltar que, num primeiro momento, são definidos os objetivos da organização que direcionam todos os planos de ação desenvol- vidos, os quais servirão de guia para as áreas ou departamentos responsáveis pela execução da tarefa ou atividade� As ações são os passos intermediários que ligam o objetivo ou resultado� Para que seja pos- sível atingir o resultado, muitas vezes, são definidas inúmeras ações que, quando finalizadas conforme esperado, atingem o objetivo� • Verificar qual a situação atual em relação aos ob- jetivos. Simultaneamente à definição dos objetivos, deve-se avaliar o que está sendo feito e o que preci- saria complementar essa ação� • Desenvolver premissas quanto às condições futuras� Premissas constituem os ambientes esperados dos planos em operação, cujas ações foram elaboradas com a participação das pessoas envolvidas� A inclu- são da participação de todos na definição e discussão da ação dá mais legitimidade (reconhecimento) pelos envolvidos em relação ao que terão de fazer com clareza e objetividade� Quanto maior for o número de participantes, mais próxima está a avaliação do cenário e o sucesso da realização da tarefa� 22 Organização A organização do planejamento pode ser feita por meio de várias técnicas, a mais utilizada são os pla- nos� Nesse documento são previstas datas de início, data do término, especificação da atividade ou tarefa a ser desenvolvida e, por fim, o responsável. Os planos operacionais mais utilizados se classifi- cam da seguinte maneira: • Procedimentos – relacionam-se aos métodos; • Orçamentos – relacionam-se ao dinheiro; • Programações – relacionam-se ao tempo; • Regulamentos – definem comportamentos. Além da classificação acima, podemos ter: • Planejamento Estratégico sob uma abordagem institucional, ou seja, definido para todas as áreas da empresa; • Planos Táticos – voltados aos departamentos; • Nível Operacional – voltados às tarefas� Dirigir Já com as ações definidas, vale a participação dos envolvidos combinando datas, atribuindo responsabi- lidades e cobrando a execução da tarefa combinada� Dirigir significa liderar. Ou seja, a capacidade de mo- bilizar os recursos humanos para que os resultados desejados sejam alcançados� 23 Nessa definição, não cabe apenas a distribuição das tarefas, mas sim o ato de influenciar e motivar os fun- cionários da empresa de maneira positiva� Para liderar, é preciso, sobretudo, muita inteligência emocional – que é a capacidade de perceber as emoções dos ou- tros, verificando a melhor forma de conduzir as suas. São inúmeras as formas de dirigir pessoas� As mais comentadas estão inseridas nas Teorias de Motivação, de McGregor� Na Teoria X, o administra- dor tende a dirigir e controlar os subordinados de maneira rígida e intensiva, fiscalizando seu trabalho, pois acha que as pessoas são passivas, indolentes,relutantes e sem qualquer iniciativa pessoal� Nesse estilo de direção, o administrador não confia nos colaboradores, acreditando que não têm ambi- ção e evitam a responsabilidade� Não há delegação de incumbências, dado que são dependentes e pre- ferem ser dirigidos� Com todas essas restrições, o administrador cria um ambiente autocrático, sem- pre apresentando muita desconfiança, mantendo a vigilância e o controle coercitivo que não estimula ninguém a trabalhar� As pessoas, por sua vez, tratadas dessa forma res- pondem com falta de interesse e de estímulo, de- sencorajamento, pouco esforço pessoal e baixa pro- dutividade – situação que vai aumentar ainda mais a pressão e a vigilância� A ação constrangedora do administrador provoca reação cômoda nas pessoas� Na Teoria Y, totalmente oposta à Teoria X, o adminis- trador confia às pessoas maior participação, liber- 24 dade e responsabilidade no trabalho, pois entende que elas são aplicadas, gostam de trabalhar e têm iniciativa própria� Em virtude dessas características, esses líderes delegam e ouvem opiniões, comparti- lham desafios, porque entendem que os colaborado- res são capazes de assumir responsabilidades com autocontrole e autodireção� Esse estilo de administrar cria um ambiente democrático de trabalho, além de oportunidades para que as pessoas possam satis- fazer suas necessidades pessoais� Colaboradores tratados com respeito, confiança e participação tendem a responder com iniciativa, pra- zer em trabalhar, dedicação, envolvimento pessoal, entusiasmo e elevada produtividade em seu trabalho� Controlar O administrador planejou, organizou e delegou as tarefas aos seus colaboradores, no entanto, tudo isso não é garantia de que, na prática, o trabalho será bem executado e trará os resultados previstos� Por conta disso, há o controle� O controle envolve a criação de padrões, medição, e ações de correção para manter ou elevar o desempe- nho, reordenando sempre para garantir o alcance dos objetivos da empresa� Há uma série de indicadores de qualidade e financeiros que permitem ao administra- dor analisar se os controles estão dando os resultados esperados� Quanto maior for o número de indicadores técnicos, melhores serão as condições para se fazer uma avaliação fidedigna da situação da empresa. 25 RESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA A confiança de mercado, do consumidor, da comu- nidade é essencial para a organização� Grandes escândalos e surpresas relacionadas a falências e concordatas trouxeram uma instabilidade dos inves- tidores, que passaram a valorizar a responsabilidade social e a ética� Um grande exemplo foi o caso Enron, sétima maior empresa dos Estados Unidos, em 2001; até então considerada uma potência com influência nos ne- gócios mundiais (Gasoduto Brasil/Bolívia, Usina Termoelétrica de Cuiabá, Elektro, dentre outras), e com excelentes recomendações das agências eco- nômicas� No entanto, foi considerada, por muitos pesquisadores, a falência mais importante da história empresarial americana� A ruína se deu pelo acúmulo de dívidas não divulga- das nos balanços e, de certa forma, desconhecidas pelos investidores – a ponto de não ser mais possível quitá-las, resultando na falência da empresa� Esse exemplo traz à tona a responsabilidade do ad- ministrador enquanto responsável pela transparência das informações e assunção de problemas institu- cionais em público – tal como as outras funções na organização (contador, vendedor, analistas)� 26 A responsabilidade social também pode ser anali- sada por duas frentes: uma voltada à preservação do meio ambiente e a outra alusiva às relações in- terpessoais� O termo parece fácil, mas, na verdade, está totalmente vinculado ao que vem acontecendo nos últimos anos. Desastres ambientais catastróficos – como os de Paraitinga, Mariana e Brumadinho – chocaram a opinião pública, uma vez que ações não discutidas com propriedade possam ter sido respon- sáveis pela morte de inúmeras pessoas e animais, além da degradação do solo� São inúmeras as provas de que a responsabilidade social deve focar a sobrevivência da humanidade� Nos casos citados, foram desastres ambientais aca- bando com as cidades, as quais passarão por um longo período de reconstrução, até que tudo volte ao normal (caso isso realmente venha a acontecer)� Após esses grandes acidentes, a alimentação natural da região (peixe, carne, vegetais) ficou escassa e a água contaminada� Casas foram destruídas, bem como escolas, hospitais e mercados� Esses desastres estão associados a alguma ação ou monitoramento não realizado� Daí a importância do respeito de diretores e demais cargos de liderança ao tomar decisões que possam não estar subsidiadas adequadamente – a ponto de causar verdadeiras tragédias� A ética é a padronização de um comportamento le- gitimado por meio de uma sociedade em função da incessante busca por: transparência, honestidade, 27 valores morais, entre outros, que traduzem objetivos e ações organizacionais� O assunto tem sido tema de concursos públicos e provas do ENADE (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), com o objetivo de alertar sobre a importância da ética para se conquistar a confiança do mercado� Essa questão é de suma importância para a sobre- vivência das organizações, uma vez que, rompida a relação por meio de escândalos envolvendo fraude, negligência e corrupção, os investidores liquidam seus investimentos dada a quebra da confiança. O caso Enron é semelhante ao do Banco Santos que aconteceu na década de 1990� Assim que declarado o problema de liquidez (falta de dinheiro) e consequente concordata, os investidores se desesperaram e muitos perderam boa parte de seu capital� Muitos clientes do Banco Santos que haviam aplicado seus recursos tam- bém não conseguiram recuperar o dinheiro� Foi uma verdadeira surpresa para nosso mercado bancário ter esse tipo de problema no Brasil� Tanto que, após esse caso, novos controles foram criados pelo Banco Central (regulador bancário) e outras associações – como a Comissão de Valores Mobiliários – com o intuito de evitar esse tipo de golpe� 28 SAIBA MAIS O terceiro setor tem grande impacto no PIB (Produto Interno Bruto) mundial, movimentando quantias representativas� As entidades assisten- ciais crescem sensivelmente a cada ano� Conhe- ça mais sobre esse assunto acessando: http://www.portalterceirosetor.org.br e https://bi- blioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94686.pdf� 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS As novas abordagens da Administração caminham para soluções que resgatam conceitos de outras Teorias, especialmente da Abordagem Humanística e das Teorias Pós-sistemas, associando a liderança com o uso de novas tecnologias, além dos aspectos do capital humano� A Qualidade e a Inovação tiveram boa parte de sua discussão inicial centrada nas indústrias automobi- lísticas japonesas� Estudos continuam sendo feitos no sentido de se produzir peças em escala (grandes quantidades), sem qualquer tipo de erro, com alta du- rabilidade, sendo reconhecida a qualidade e o preço competitivo� A tecnologia surgiu com a entrada de novos sistemas, otimização de controles e atividades para também começar a gerar resultados próximos aos do capital intelectual� Muitos robôs têm sido desenvolvidos para reproduzir o cérebro humano na orientação de atitudes, comportamentos e, recentemente, de deci- sões. A inteligência artificial começa a tomar conta da associação entre o cérebro humano e o robô, e todas as otimizações que este trabalho possa gerar� No entanto, apesar de bem requisitado, o preço desse tipo de tecnologia ainda é quase inacessível para as pequenas empresas� Apesar de tudo, o comportamento da sociedade – tal qual comentado nas Teorias pós-sistemas – conti- 30 nua sendo impactado pelas tecnologias e, portanto, estão sendo retomadas e aprimoradas as Teorias de Motivação e outras destinadas à manutenção e ao incentivo do capital humano� A responsabilidadesocial surge em parceria com a ética, retratando comportamentos e valores huma- nísticos de sobrevivência – não apenas das orga- nizações, mas também, da sociedade� Muitos dos problemas ocasionados pela falta de responsabilida- de social e de ética podem ser atribuídos às Teorias da Competitividade, que buscam a lucratividade a qualquer custo, inclusive da vida humana� 31 Síntese ADMINISTRAÇÃO MODERNA E PÓS-MODERNA 1. Competitividade 1.1 Qualidade 1.2 Inovação 2. Inteligência artificial 3. Estrutura dos processos administrativos 3.1 Planejamento estratégico 3.2 Organização 3.3 Direção 3.4 Controle 4. Responsabilidade social e ética Novas abordagens Referências Bibliográficas & Consultadas CARAVANTES, Geraldo R�; PANNO, Claudia C�; KLOECKNER, Monica C� Administração: teorias e processos� São Paulo: Pearson, 2005� [Biblioteca Virtual] CERTO, Samuel C� Administração moderna� 9� ed� São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003� [Biblioteca Virtual] CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos: os novos horizontes em administração� 3� ed� Barueri: Manole, 2014� [Biblioteca Virtual] CHIAVENATO, Idalberto. Administração pública e concursos� São Paulo: Pearson, 2009� GRÜTZMANN, Lidiane� Fundamentos filosóficos da administração. Curitiba: InterSaberes, 2014. [Biblioteca Virtual] PILGER, Rosane R. Administração e o meio ambiente� Curitiba: InterSaberes, 2013. [Biblioteca Virtual] RIBEIRO, Corina A. B. C. Teorias sociológicas mo- dernas e pós-modernas: uma introdução a temas, conceitos e abordagens. Curitiba: InterSaberes, 2016. [Biblioteca Virtual] SILVA, Reinaldo O. da. Teorias da administração� São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008� [Biblioteca Virtual] SOBRAL, Filipe; PECI, Alketa. Teorias da adminis- tração� São Paulo: Pearson Education do Brasil� [Biblioteca Virtual] Introdução Competitividade: qualidade e inovação Estratégia competitiva Qualidade total Inteligência artificial – soluções emergentes Administração estratégica – ciclo PDCA Planejamento Organização Dirigir Controlar Responsabilidade social e ética Considerações finais Síntese