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Na dermatologia vamos enfatizar o papel do dermatologista e do médico generalista no diagnóstico e manejo. São colagenoses, ou seja, doenças autoimunes do tecido conectivo São doenças multissistêmicas e espectrais Apresentam lesões cutâneas como manifestação inicial É importante posicionar o paciente dentro do espectro da doença – pacientes com acometimento exclusivamente cutâneo (são os casos mais frequentes) e casos sistêmicos com manifestações cutâneas. E o tratamento vai ser diferente de acordo com o espectro. LÚPUS É uma doença multissistêmica com acometimento de vários órgãos, sendo que a pele (lesões dermatológicas) leva a uma incapacidade e serve como indicador de doença interna. Elas levam a lesões inestéticas e marcadoras de doença. 1. Temos pacientes apenas com doença cutânea 2. Temos pacientes com doença sistêmica 3. E temos a intersecção entre os tipos de lúpus. Por exemplo: os pacientes com lúpus eritematoso cutâneo crônico tem apenas doença localizada. Pacientes com lúpus eritematoso profundo pode desenvolver doença sistêmica. Paciente com lúpus subagudo temos a transição para lúpus eritematoso e é uma evolução para doença sistêmica. LÚPUS ERITEMATOSO (LE) Mais comum no sexo feminino – fator de risco maior para desenvolver lesões (6:1) e lesões cutâneas (3:1) Fatores hormonais interferem, são influenciadores da etiologia – mulheres em idade fértil são as mais acometidas pela doença Etnia é importante – afrodescendentes tem 4x mais chances de desenvolver do que as caucasianas Patogênese: Múltiplos fatores: Autoanticorpos-não órgãos específicos Genética em até 5% das pacientes Fatores ambientais (para a pele faz diferença) – em relação a fotoexposição. A luz visível influencia. o Radiações UV A e B que são desencadeantes ou agravantes das lesões cutâneas (uso de fotoprotetor é mandatório no tratamento) o É agravante de manifestações sistêmicas como a nefrite por exemplo o Infecções virais que influenciam na imunorreatividade vírus Epstein barr, CMV e parvovírus B19 (desencadeadores da reação imunológica com deposição de imunocomplexos em todos os órgãos acometidos pelo lúpus) o Tabagismo aumenta o risco de evoluir, piora de fenômenos vasoativos devido a vasoconstrição crônica e compromete a eficácia dos antimaláricos Classificação das lesões cutâneas do LE: Os principais são esses 3 tipos, que são lesões específicas de LEC (cutâneo) LÚPUS E ESCLERODERMIA LECA – LÚPUS ERITEMATOSO CUTÂNEO AGUDO Frequentemente associado a forma sistêmica – manifestação do LES** Idade de início na 3ª década de vida Pode ser localizada ou generalizada Forma localizada erupção em asa de borboleta Lesões de eritema com descamação leve e edema leve É uma forma transitória, fotoinduzida e não cicatricial Acomete até 52% dos pacientes com lúpus Forma generalizada rash maculopapular do lúpus Erupção maculopapular disseminada e simétrica Acomete face, braços, V do pescoço e dorso das mãos (áreas fotoexpostas) Caracterizado por prurido e com acometimento mucoso e queda de cabelo Erupção clássica em asa de borboleta. Leve descamação, eritema, edema. Aqui da mesma forma: eritema, edema, leve descamação Forma disseminada, rash papuloso, com descamação. Lembra eczema que é o principal diagnóswtico diferencial – olhar a história da paciente, são mais infiltradas, prurido é menos intenso que o eczema. O que chama a atenção para pensar num diagnóstico de lúpus – região fotoexposta e eritema é mais intenso, infiltrado. No eczema o eritema é menos intenso e menos infiltrado. Manifestação nas extremidades – pode ter associado com o fenômeno de Renault Regiões mais acometidas ÁREAS FOTOEXPOSTAS Patologia: Na dúvida acabamos biosiando Atrofia da epiderme é característica em todos os tipos de lúpus Degeneração da junção dermoepidérmica por liquenificação Edema da derme Infiltrado linfocítico dérmico e degeneração fibrinóide do tecido conectivo e das paredes dos vasos sanguíneos LECS – LÚPUS ERITEMATOSO CUTÂNEO SUBAGUDO Acomete 10% dos portadores de lúpus Mulheres são mais acometidas Pacientes jovens e de meia idade Incomum em negros e hispânicos Fatores desencadeantes: FOTOEXPOSIÇÃO Acomete principalmente V do decote, dorso superior, MMSS, tórax superior, face não é tão acometida quanto no agudo. Lesões papuloescamosas psoriaseformes (lembra psoríase) Lesões anulares vermelho-vivas com regressão central e pouca descamação Duas formas coexistentes Não deixa cicatriz mas pode causar hipopigmentação vitiligo-like 50% dos pacientes preenchem critérios para LES Geralmente são oligossintomáticos (artralgias e mialgias) Sintomas severos em menos de 10% Chama atenção nessa forma é que 70% das pacientes tem anti-Ro positivo podendo haver overlap com a síndrome de Sjogren Tipo mais associado por indução a drogas – hidralazina Lesões anulares, de bordas eritematosas, regressão central, descamativas Aqui no dorso superior, área fotoexposta, lesão não é tão anular mas vemos algumas lesões formando anéis, descamação, eritema mais intenso, quadro mais disseminado e extenso Aqui da mesma forma, lesões anulares, atividade de borda. Lembra tínea (diagnóstico diferencial). Granuloma granular, hanseníase dimorfa – diagnósticos diferenciais LECC – LÚPUS ERITEMATOSO CUTÂNEO CRÔNICO Discoide – clássico Mais comum Acomete mulheres de 20-45 anos Mais graves em negros Na maioria das vezes é exclusivamente cutâneo (sem comprometimento sistêmico) Tipos discoide, profundo, túmido e perniose lúpica Forma discoide Forma mais comum e mais branda 10% evoluem para LES Forma localizada principalmente acometendo parte superior do corpo – cabeça, pescoço, orelhas, couro cabeludo Forma generalizada – mãos e face extensora dos braços Pode acometer mucosas – nasais, orais, bucais e genitais Se manifesta por máculas/ pápulas eritematosas que evolui om placa endurecida e atrofia com hiperpigmentação periférica e despigmentação central residual. É cicatricial, leva a atrofia (fica pelo resto da vida) Temos o fenômeno de Koebner – aparecimento de lesões em áreas de trauma Variante: verrucosa Semelhante a forma subaguda: mas podemos ver uma infiltração mais intensa, com centro mais escurecido e mais deprimido Lesão característica de LECC avançada no couro cabeludo – causa de alopecia cicatricial Lesão hipocrômica, central, residual, com bordas hiperpigmentadas, com descamação e atrofia em alguns locais. O que chama atenção é a cicatriz e a atrofia. Hiperpigmentação periférica e atrofia central. Tudo começa com eritema e vai evoluindo, regressão central, forma atrofia e bordas hiperpigmentadas e no final de tudo fica só a hiperpigmentação com atrofia e não tem mais o que fazer. Lesão hipocrômica, atrófica, por lesões pigmentadas. Vitiligo não tem atrofia! Somente a mácula crônica. Grande diferença é a hiperpigmentação periférica Área central mais hiperacrômica com hiperpigmentação importante Lesões de aspecto verrucoso em áreas expostas – forma verrucosa Forma profunda Denominada paniculite lúpica (hipodermite) – doença que acomete tecido gorduroso e manifesta como nódulos subcutâneos aderidos Nódulos subcutâneos aderidos Acomete mais braços, pernas, face e mamas Tem curso crônico com cicatrizes atróficas Perniose lúpica Relacionada com frio Forma rara no Brasil pois o clima não é de frio Diferenciada de queimadura pelo frio Placas e nódulos violáceos em áreas expostas ao frio Pode ulcerar 20%evolui para LES Áreas de palmas, plantas, extremidades com as lesões eritematosas, violáceas que é o que chama a atenção das pernioses. Tudo que é frio fica mais arroxeado, com algumas áreas de descamação. Dactilite no dedão. Forma túmida É o tipo com mais fotossensibilidade Tem curso benigno É mais comum em homens e na face Placas policíclicas, edematosas, urticária- like Lesões mais edematosas. A duração é mais que 24h, entra no diagnóstico diferencial com urticária. São lesões policíclicas, geralmente em homens, edemaciadas, entumecidas. Quanto mais profunda a manifestação, mais a chance de ter cicatriz residual. Lúpus agudo é o que menos tem e o discoide é o que mais tem. DIAGNÓSTICO É clínico. Afastar critérios de doenças sistêmicas Afastar LES Quadro clínico Exame dermatológico Exames FAN, auto-Acs, hemograma, função renal, prova de atividade inflamatória Exame anatomopatológico – pilar Imunofluoresencia TRATAMENTO Orientações quanto a fotoproteção Evitar manipular as lesões PROTETOR SOLAR É FUNDAMENTAL. DE AMPLO ESPECTRO. GC e inibidores da calcineurina tópicos mas em geral não são muito efetivos Sistêmicos: em casos de refratariedade, doença disseminada hidroxicloroquina é o primeiro a entrar. Corticoide, imunossupressores, biológicos, dapsone, talidomida, retinoides orais em casos descamativos. ESCLERODERMIA Assim como o lupus é uma doença multissistêmica na qual há alterações inflamatórias, vasculares e escleróticas da pele e de vários órgãos internos particularmente CORAÇÃO, PULMÃO E TGI. Temos acometimentos exclusivos desses órgãos. Prevalência 20 pessoas por milhão Idade de início geralmente é dos 30 aos 50 anos Acometimento das mulheres 4x maior em relação aos homens CLASSIFICAÇÃO Sistêmica Localizada (CREST) Sistêmica difusa Cutânea (morfeia) ETIOLOGIA Desconhecida, vamos ter lesões de células endoteliais dos vasos sanguíneos – vasculite, que leva a edema, seguido de fibrose MORFEIA – ESCLERODERMIA LOCALIZADA Em placa Em golpe de sabre Romberg EM PLACAS: É a forma mais frequente Se inicia como placa eritematosa, bem delimitada, de pregueamento difícil e halo violáceo – essa placa endurecida é o que mais chama a atenção. E o halo inicialmente é mais claro, mas vai se tornando violáceo. Sudorese diminuída Hipoestesia Alopecia definitiva em áreas pilosas As placas podem ser únicas ou múltiplas DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL INICIALMENTE COM HANSENÍASE (alteração de sensibilidade, sudorese) Área com placa, de bordas eritemato violáceas, e com centro mais amarelado, na qual tem um espessamento da pele. Bordas eritematosas e lesão espessada, placa espessada Lesão mais avançada, no flanco, com áreas mais hipocrômicas. ESCLERODERMIA EM GOLPE DE SABRE Ocorre na região frontal ou frontopaietal Inicia no couro cabeludo alopecia cicatricial lesão em golpe de sabre que é uma linha que vai aprofundando na pele Pode estar relacionado com acometimento neurológico, como convulsões, cefaleia Afundamento ósseo dessa região É um quadro muito grava que deve ser tratado rapidamente pois as lesões residuais são inestéticas SÍNDROME DE PARRY-ROMBERG Mais grave pois acomete primariamente o tecido subcutâneo, músculo e o osso É mais profunda Hemiatrofia da face Diagnóstico é clinico, mas pode ser necessário um anatomopatológico – interessante fazer biópsia excisional em fuso, para pegar todo comprimento da pele de uma área doente e uma área sã. TRATAMENTO: Em placas: corticoide tópico (fase inflamatória inicial) de alta potência por longo período de tempo Generalizada: fototerapia e morfeia generalizada pode usar os imunossupressores – escolha é o MTX. Pulso de metilpredinisolona.