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Apostila História do Brasil - Bonifácio Andrada Apostila Digital para NEO

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Bonifácio José Tamm de 
Andrada, professor e advogado, 
nascido em Barbacena/MG, 
onde foi vereador, por um man-
dato, eleito deputado estadual 
em Minas Gerais por 4 legislatu-
ras, onde foi também Presidente 
da Assembleia Legislativa; 
secretário de Estado e deputado 
federal por 10 mandatos conse-
cutivos até 2019. É professor de 
Direito Constitucional, tendo 
lecionado na PUC Minas e na 
UNB em Brasília, de onde é 
professor aposentado. Também 
é Reitor da UNIPAC e presidente 
da FUPAC, fundação de Ensino 
Superior criada por ele em 
Barbacena, em 1963, que 
chegou a ter mais de 200 esco-
las de Ensino Superior em 
cidades mineiras.
Ao longo de sua carreira, seja 
pública ou acadêmica, foi home-
nageado por diversas institui-
ções. É membro da Academia 
SOBRE O AUTOR
Bonifácio José Tamm de Andrada
Mineira de Letras, do Instituto 
Histórico e Geográfico Mineiro e 
da Academia Brasileira de Ciên-
cias Morais e Políticas, dentre 
outras entidades das quais faz 
parte. Participou ativamente da 
Assembleia Nacional Constituin-
te de 1987/1988, onde foi um 
dos líderes no Centrão Demo-
crático, tendo papel decisivo em 
Ainda, na Câmara dos Deputa-
dos, exerceu as funções de 
relator da concordata Brasil-
Santa Sé e relator da segunda 
denúncia contra o presidente 
Michel Temer, que poderia resul-
tar em um processo de impeach-
ment, também exerceu o cargo 
de Procurador da Câmara dos 
Deputados.
Como escritor é autor de 
vários livros sobre temas jurídi-
cos, políticos, sociais e literários.
Bonifácio Andrada é filho do 
antigo deputado federal José 
Bonifácio Lafayette de Andrada 
e de D. Vera Tamm de Andrada; 
Andrada, de cujo consórcio tem 
oito filhos. É pai do atual deputa-
do federal Lafayette Andrada, 
eleito em 2018 para a 56ª legis-
latura da Câmara dos Deputa-
dos.
História política do Brasil:
de Pedro Álvares Cabral a Jair Bolsonaro
Bonifácio Andrada
Barbacena
Bonifácio José Tamm de Andrada
2019
História política do Brasil:
de Pedro Álvares Cabral a Jair Bolsonaro
Bonifácio Andrada
Barbacena
Bonifácio José Tamm de Andrada
2019
Ficha Técnica
Autor da Obra
Bonifácio Andrada
Transcrição e Revisão
Maria do Carmo Pedro e Edson Brandão
Projeto Gráfico
Wuallen Leandro José Dornelles Ribeiro
Capa
Caravana Grupo Editorial
Ano de Publicação
Set./2019
 
Catalogação na fonte: Rosy Mara Oliveira – CRB6/2083 
A553h Andrada, Bonifácio 
 
 História política do Brasil: de Pedro Álvares Cabral a Jair 
Bolsonaro. – Barbacena: o autor, 2019. 
 
 70p. il. color. 
 
 ISBN: 978-65-901254-0-8 
 
 1. Brasil - História 2. Ciência política I. Título. 
 
 CDD – 981 
 
 
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................6
Capítulo I – O Descobrimento - ORIGEM PORTUGUESA ...............................................................................8
Capítulo II – Brasil Colônia - O INÍCIO DA ADMINISTRAÇÃOCOLONIAL .....................................................10
O TRATADO DE TORDESILHAS E OS CONFLITOS COM A ESPANHA ....................................................... 11
O TRATADO DE MADRID E AS FRONTEIRAS DO BRASIL ..........................................................................12
 A EXPANSÃO DA RIQUEZA E A ESCRAVIDÃO ............................................................................................12
A INCONFIDÊNCIA MINEIRA E OUTROS CONFLITOS ................................................................................14
UNIÃO DAS COROAS DE PORTUGAL E ESPANHA E A INVASÃO HOLANDESA ...................................... 15
NAPOLEÃO E A VINDA DE D. JOÃO VI .........................................................................................................16
Capítulo III – Brasil Império - AS CORTES PORTUGUESAS CONTRA A INDEPENDÊNCIA ....................... 20
Primeiro Reinado - D. PEDRO COROADO IMPERADOR ..............................................................................20
A PRIMEIRA ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE ..............................................................................21
A DISSOLUÇÃO DA ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE E O EXÍLIO DOS DEPUTADOS .............. 21
A GUERRA DA CISPLATINA ...........................................................................................................................22
A OUTORGA DA CONSTITUIÇÃO DE 1824 ..................................................................................................22
Período Regencial - O INÍCIO DAS REGÊNCIAS E AS REAÇÕES POPULARES ........................................ 23
Segundo Reinado - A MAIORIDADE DE D. PEDRO II E ALGUMAS REVOLTAS POLÍTICAS ..................... 25
GUERRA DO PARAGUAI E ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA ........................................................................26
Capítulo IV – Brasil República - O SURGIMENTO DO PARTIDO REPUBLICANO 
E A QUEDA DA MONARQUIA .........................................................................................................................28
Primeira República - OS GENERAIS DEODORO DA FONSECA E FLORIANO PEIXOTO ........................... 30
GOVERNOS DE PRUDENTE DE MORAES E CAMPOS SALES ..................................................................32
GOVERNOS DE RODRIGUES ALVES E AFONSO PENA .............................................................................33
GOVERNOS DE NILO PEÇANHA E HERMES DA FONSECA .....................................................................34
GOVERNOS WENCESLAU BRAZ E EPITÁCIO PESSOA.............................................................................36
GOVERNOS ARTHUR BERNARDES E WASHINGTON LUÍS .......................................................................37
DESENTENDIMENTOS POLÍTICOS COM MINAS GERAIS .........................................................................39
A REVOLUÇÃO DE 1930 E A JUNTA MILITAR ..............................................................................................41
Segunda República - GOVERNO VARGAS E A REVOLUÇÃO DE 1932 ....................................................... 42
CRISE POLÍTICA E O GOLPE DE ESTADO DE 1937 ...................................................................................43
A QUEDA DE VARGAS E A NOVA ASSEMBLEIA NACIONALCONSTITUINTE ............................................ 44
O GOVERNO DE EURICO DUTRA E O RETORNO DE VARGAS ................................................................45
CARLOS LACERDA E O SUICÍDIO DE VARGAS ..........................................................................................46
CAFÉ FILHO E O GOLPE DO GENERAL LOTT ............................................................................................47
A ELEIÇÃO DE KUBISTCHEK E SUA SUCESSÃO POR JÂNIO QUADROS................................................ 48
O GOVERNO DE JOÃO GOULART ...............................................................................................................49
O BRASIL DURANTE A CRISE INTERNACIONAL .........................................................................................50
GOVERNOS MILITARES E O ENFRENTAMENTO AOS GRUPOS ESQUERDISTAS ................................. 51
A REVOLUÇÃO DE 1964 E A JUNTA MILITAR NO GOVERNO ....................................................................51
O GOVERNO DO GENERAL CASTELO BRANCO 
E A CONVOCAÇÃO DO CONGRESSO CONSTITUINTE ..............................................................................52
GOVERNO DO GENERAL ARTUR DA COSTA E SILVA ................................................................................53
A MORTE DE COSTA E SILVA E A NOVA JUNTA MILITAR ...........................................................................54
GENERAL MÉDICI ASSUME A PRESIDÊNCIA ..............................................................................................54
OGOVERNO DE GEISEL E A DEMOCRATIZAÇÃO .....................................................................................55
O GOVERNO DE JOÃO BATISTA FIGUEIREDO ...........................................................................................56
ELEIÇÃO DE TANCREDO NO COLÉGIO ELEITORAL E SEU FALECIMENTO .............................................. 57
O GOVERNO DE JOSÉ SARNEY ..................................................................................................................58
A ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE E A CONSTITUIÇÃO DE 1988 .............................................. 58
FERNANDO COLLOR É AFASTADO E ASSUME ITAMAR FRANCO ...........................................................59
OS MANDATOS DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO ............................................................................60
AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2002 E 2006 
LULA E AS CAMPANHAS DO PT ...................................................................................................................61
A ELEIÇÃO DE DILMA ROUSSEFF E O PROCESSO DE IMPEACHMENT .................................................62
O GOVERNO DE MICHEL TEMER ................................................................................................................63
JAIR BOLSONARO VENCE AS ELEIÇÕES DE 2018 E ASSUME O GOVERNO ......................................... 64
REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................65
SOBRE O AUTOR ...........................................................................................................................................67
OBRAS DO AUTOR ........................................................................................................................................68
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
6
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo focalizar os principais fatos históricos da evolução po-
lítica do nosso país, inclusive os últimos anos que foram influenciados por poderosas tendências 
políticas que recaíram sobre o governo brasileiro após a Constituição de 1988.
Os capítulos deste livro buscam descrever momentos históricos de forma sintética sem ig-
norar os principais fatos que revelam os respectivos cenários de nosso desenvolvimento político.
Na verdade, a Ciência da História indica, através das análises dos séculos, que os melhores 
historiadores se esforçam por mostrar isenção, mas se esquecem muitas vezes das ocorrências 
magnas que se encontram no fundo dos cenários humanos. Em contrapartida, negativamente, 
muitos se valem em suas observações do vestiário político partidário que adotam.
Por outro lado, o leitor ou estudioso fica impedido, em alguns casos, de analisar com cla-
reza os aspectos da realidade devido ao posicionamento ditado pelas emoções no modo de se 
interpretar certos acontecimentos históricos.
Na linguagem de alguns autores brasileiros é interessante constatar a influência marxista 
que predomina em suas conceituações, como também pela compreensão weberiana que se faz 
sentir em muitos instantes. Exemplo curioso entre nós é a simbolização da palavra “coronelismo” 
geralmente mal analisada, mas útil ao palavreado dos historiadores esquerdistas, ou por eles 
influenciados.
Por isto, entre nós há que se identificar determinados conceitos com os quais a técnica 
marxista, em vários momentos, procura fixar ocorrências de acordo com as suas premissas dou-
trinárias.
Este trabalho, quer na visão que se tem dos primeiros dias do aparecimento da Nação ou 
no Brasil Colonial, ou na fase do Império, ou no período republicano, tem em vista os fatos histó-
ricos significativos, fugindo das afirmações panfletárias que visam doutrinar o leitor ao invés de 
informá-lo.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
7
Sendo assim, o posicionamento do historiador, que tem por objetivo descrever, mostrar e 
analisar da melhor forma os fatos da realidade, deve ser o de promover um esforço que seja 
capaz de localizar a verdade histórica, proporcionando ao estudioso a melhor compreensão das 
ocorrências ao longo da evolução humana ou de suas áreas sociais. 
As linhas do presente trabalho, uma modesta contribuição ao estudo histórico, se fixam 
nesta última conceituação visando informar e esclarecer o que verdadeiramente vem ocorrendo 
ao longo dos acontecimentos que começaram com Pedro Álvares Cabral e seguem até os dias 
de hoje, com a presidência de Jair Bolsonaro. 
O Autor 
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
8
Capítulo I – O Descobrimento 
ORIGEM PORTUGUESA
A expansão ultramarina portuguesa se deve, em 
parte, a D. Henrique de Sagres que, através de uma 
espécie de instituto, orientou Portugal a se expandir 
pelos mares e conquistar Colônias. A grande obra de 
Portugal foi a descoberta do Brasil que ocorreu prati-
camente ao mesmo tempo que a descoberta da Amé-
rica, ombreando com Cristóvão Colombo a conquista 
de terras no Atlântico. 
Os portugueses tiveram notícias de que havia 
outras terras ao longo dos mares, perto de Portugal. 
Com isso fora organizada a grande esquadra dirigida 
por Pedro Álvares Cabral que, atravessando o Atlân-
tico, chegou a regiões desconhecidas, mas que ao 
Norte foram exploradas por Colombo, navegador es-
panhol. Nestas terras, Cabral encontrou o território que mais tarde seria o Brasil. Pedro Álvares 
Cabral entrou em contato com os índios, habitantes do lugar, e deixou os primeiros laços para a 
criação de feitorias e depois a Colônia.
Possuindo terras nessa região, chamada pelos espanhóis de América1, que era o nome 
do escrevente da embarcação de Colombo, os portugueses iniciaram o conhecido sistema de 
exploração do território mantendo contato com os índios e verificando a riqueza da respectiva 
Terra. Depois de certo tempo foi montado o primeiro sistema colonial, quando os portugueses 
criaram as Capitanias Hereditárias, faixa do Território doada aos nobres de Portugal.
1 Américo Vespúcio (1454-1512). Nascido na Itália. Navegador e mercador, foi o primeiro a afirmar que ao contrário do que acreditava Colombo, 
as Américas não eram parte da Ásia, mas sim uma nova massa continental desconhecida.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
9
As terras portuguesas foram identificadas e se confundiam com as dos espanhóis, daí os 
conflitos entre os dois países. Desse fato decorreu, após entendimentos, a assinatura entre os 
dois países do Tratado de Tordesilhas que dividia o mundo em duas partes, entre portugueses 
e espanhóis. Ao que o rei da França se pronunciou criticando: “que Deus não dividiu o mundo 
entre Portugal e Espanha”.
É de 1530 a importante expedição de Martim Afonso de Sousa2 que praticamente deu início 
ao domínio português sobre as terras brasileiras. Martim Afonso partiu de Lisboa para criar a 
primeira Vila no Brasil, sendo esta São Vicente, no Sul do país.
Após a expedição de Martim Afonso de Sousa, Portugal criou as Capitanias Hereditárias, 
isto é, a divisão das terras brasileiras em quatorze faixas, que foram doadas a membros da elite 
portuguesa para desenvolver o território. Porém, as Capitanias não deram o resultado esperado, 
apesar da presença de alguns de seus donatários, o que fez com que a Coroa portuguesa con-
siderasse que a solução seria a criação da administração central, de modo a coordenar todo o 
território brasileiro.
2 Martim Afonso de Sousa (c.1490-1564). Nascido em Portugal. A partir de 1531 navegou do atual litoral de Pernambuco até o Rio da Prata, no 
Sul do continente.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
10
Capítulo II – Brasil Colônia 
O INÍCIO DA ADMINISTRAÇÃO COLONIAL
A Administração Colonial portuguesa começou a se situar, aos poucos, em alguns luga-
res fundamentais do Brasil, parte em Pernambuco outra parte na Bahia e outra parte no Rio de 
Janeiro. A parte daBahia ficou sendo realmente o governo central dos portugueses no Brasil, 
nomeando assim os primeiros governadores do país que foram Tomé de Sousa – 1549, Duarte 
da Costa – 1553, e Mem de Sá – 1558, acompanhados dos Jesuítas, entre os quais José de An-
chieta e o Padre Manuel da Nóbrega, que criaram o Colégio São Paulo que deu origem à cidade 
de São Paulo.
Com a implantação dos governos teve início no Brasil uma administração colonial que se 
organizou, procurando, aos poucos, dominar todo o território brasileiro. Assim, Portugal iniciou 
suas atividades administrativas no Brasil criando a Administração Colonial que sucedeu as Capi-
tanias, concentrando todo o governo em Salvador, na Bahia.
Tempos depois foram instaladas as primeiras Câmaras Municipais nas vilas que iam sur-
gindo, sendo estas o órgão representativo da população dos respectivos povoados que foram 
inseridos na vida colonial.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
11
O TRATADO DE TORDESILHAS E 
OS CONFLITOS COM A ESPANHA
Com a presença do governo português se iniciaram as tributações em nosso território, em 
busca de riquezas. Esta fase é marcada pela chamada economia açucareira com plantações 
de açúcar em todo o Nordeste do país, principalmente em Pernambuco. A América do Sul ficou 
dividida ao meio pelo Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, cuja linha passava em cima do 
território brasileiro, fronteiriço com o território que pertencia à Espanha. Nesse momento, em que 
os portugueses se interessavam pela importância dos territórios, sobretudo os paulistas, tiveram 
início as chamadas Bandeiras, que atuaram por toda a região das Américas. As Bandeiras, or-
ganizadas por grupos de indivíduos em São Paulo, não davam importância às linhas do Tratado 
de Tordesilhas e ultrapassavam as mesmas alcançando várias partes do Oeste da América, o 
que resultou em conflitos entre os portugueses e algumas autoridades espanholas, embora os 
portugueses, durante muito tempo, tivessem tomado conta da maior parte desta área do Oeste 
sul-americano, fora da linha do Tratado de Tordesilhas.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
12
O TRATADO DE MADRID E AS FRONTEIRAS DO BRASIL
Depois de muitas discussões e procura de 
soluções sob a liderança de Alexandre de Gus-
mão, jurista e homem público brasileiro, chegou-se 
à conclusão da feitura do Tratado de Madrid entre Portugal 
e Espanha, em 1750, que teve como base o chamado uti 
possidetis, quer dizer, aquelas terras onde havia portugue-
ses vivendo e morando passavam para Portugal, já as ter-
ras onde havia espanhóis ficariam com a Espanha. Ocor-
re que os portugueses tinham avançado praticamente por 
todo o território da América do Sul com o movimento das 
Bandeiras, e quase chegaram ao Pacífico. Com isso, o Tra-
tado de Madrid permitiu que o Brasil tivesse, praticamente 
no seu todo, a configuração de hoje, graças, mais tarde, à 
sua consolidação com o trabalho do Barão do Rio Branco, ministro das Relações Exteriores dos 
primeiros governos republicanos.
 A EXPANSÃO DA RIQUEZA 
E A ESCRAVIDÃO
Com a presença dos portugueses no Brasil, nas 
amplas terras do Tratado de Madrid já devidamente for-
malizado, tiveram início as explorações mais regulari-
zadas, como a ocorrida em Minas Gerais com a desco-
berta do ouro e o surgimento, em toda essa região do 
país, de uma atividade aurífera que fora fundamental 
para nossa história e para a história de Portugal.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
13
A base da produção do ouro no Brasil teve como sede a cidade de Ouro Preto3 e seus 
arredores, expandindo-se também para outras cidades como São João Del-Rei e, sobretudo 
Diamantina, onde foram encontradas preciosas pedras que se tornaram de muito interesse para 
Portugal. Podemos dizer que essa fase é o Ciclo do Ouro e Diamantes no país, e que provocou uma 
situação com dois ângulos: primeiro, a criação do governo de Ouro Preto para defender a produção au-
rífera de Portugal, porque todos aqueles que exploravam o ouro eram obrigados a pagar um imposto; 
e segundo, o surgimento de uma elite de homens mais cultos que se valeram de viagens a Portugal e 
retornaram ao Brasil neste período.
Outro dado importante é que o Ciclo do Ouro fez com que a Administração Colonial saísse do 
Nordeste (Bahia) e se instalasse no Rio de Janeiro, no Sudeste brasileiro.
Ao lado da expansão das riquezas foi estabelecida a escravidão de índios, nativos do próprio 
país, e negros, vindos da África. Os índios conseguiram superar a escravidão devido a sua cultura e 
seu temperamento, não se integrando de forma sistemática como os negros, pois estes, acostumados 
às práticas de escravidão na própria África, se submeteram ao sistema que perdurou por muitos anos 
no nosso país.
A presença de escravos é uma página triste de nossa história, porém foi fundamental à 
formação da população brasileira com marcas altamente significativas.
Os negros escravos tiveram posicionamentos de reação em busca de sua liberdade, o que 
faziam através de organizações pelo interior do país nos quilombos, onde se reuniam e se de-
fendiam contra a perseguição que ocorria por parte dos governantes, sendo célebres o Quilom-
bo dos Palmares e do Campo Grande, sobretudo aquele que deixou a lembrança de seu líder, 
Zumbi.
3 Em 1720, tornou-se a capital da Capitania de Minas Gerais desmembrada de São Paulo. Era chamada Vila Rica. O arraial de Nossa Senhora 
do Ribeirão do Carmo (hoje Mariana) foi fundado em 1696, sendo posteriormente a primeira vila da Capitania de Minas Gerais. Depois surgiram 
Sabará e Vila Rica, depois Ouro Preto. O nome atual é devido à presença do óxido de ferro no ouro.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
14
A INCONFIDÊNCIA MINEIRA E OUTROS CONFLITOS
À medida em que aumentava a renda com a mi-
neração aurífera e o desenvolvimento agrícola também 
cresciam as taxações fiscais e a antipatia para com o 
governo de Portugal. Tais fatos resultaram em atitudes 
de rebeldia e mesmo no movimento da Inconfidência 
Mineira que nada mais foi que uma tentativa de lide-
ranças com ideias liberais, e também com interesse 
político, de transformar Minas Gerais num país inde-
pendente de Portugal. Houve alguns exageros nas in-
formações históricas a esse respeito.
Embora focalizado nas figuras significativas dessa 
movimentação da região da mineração, as lideranças 
da Inconfidência em Ouro Preto eram em sua maioria 
de formação literária, não sendo muito ativas. Daí o destaque de Tiradentes4, alferes da polícia 
da época, que era indiscutivelmente uma personalidade atuante e destemida.
A chamada Inconfidência Mineira foi organizada com base em reuniões secretas e, como 
se sabe, foi destroçada pelo Visconde de Barbacena5, o governante português da província. 
Com isso, todos os conhecidos literários de alto valor que participaram das conversações, des-
tacando-se Cláudio Manuel da Costa, Tomás Gonzaga, os Resende Costa, pai e filho, Alvarenga 
Peixoto, Padre Rolim, e outros, passaram a ser objeto de duras perseguições.
Cláudio Manuel da Costa, talvez a principal figura, foi assassinado em Ouro Preto e os 
demais foram presos e mandados para o Rio de Janeiro, exilados como sentença dos inquéritos 
que tiveram andamento em Ouro Preto, a respeito desse levante considerado revolucionário.
Na história do Brasil, indiscutivelmente, a Inconfidência Mineira é um ponto significativo, 
pois teve repercussão no país e em Portugal. Como é de conhecimento, os inconfidentes sofre-
4 Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, (1746-1792). Nascido em Minas Gerais. Militar, comerciante, minerador, único condenado à morte 
na chamada Inconfidência Mineira.
5 Luís Antônio Furtado de Castro do Rio de Mendonça e Faro (1754-1830). Nascido em Portugal. Foi o 6º Visconde de Barbacena e governador 
da Capitania de Minas Gerais, entre 1788 e 1797.
História Política do Brasil – Prof. BonifácioAndrada
15
ram consequências do governo português. Vários brasileiros foram mandados para o exterior, 
para a África, e lá sofreram as decisões jurídicas penais. Sobressaiu a figura de Tiradentes, que 
passou a ser o principal foco das preocupações da Corte Portuguesa, sendo o único a sofrer as 
principais consequências penais. Tiradentes foi enforcado, atitude que o transformou em mártir 
e em herói que lutava pela independência do Brasil.
Além da Inconfidência Mineira, outros movimentos nativistas tiveram repercussão no país, 
como a Revolta de Beckman em 1684, no Maranhão; Os Mascates em Pernambuco, 1711; a 
Conjuração Fluminense em 1795, no Rio de Janeiro; a Conjuração Baiana, 1798; a Revolução 
Pernambucana em 1817, além daquelas de menor repercussão como a Revolta dos Alfaiates em 
1798, na Bahia, e Filipe dos Santos em Minas Gerais, 1720, entre outras. 
UNIÃO DAS COROAS DE PORTUGAL E ESPANHA 
E A INVASÃO HOLANDESA
Na vigência do Sistema Colonial várias crises ocor-
reram, sendo um dos momentos graves a luta contra os 
holandeses, em Pernambuco, e mais tarde os problemas 
decorrentes da política portuguesa em relação ao Bra-
sil. Mas, houve um instante em que Espanha e Portugal 
se transformaram em um país unificado, e o Brasil pas-
sou a pertencer à Organização Ibérica. Quando a União 
das duas Coroas se estabeleceu, por volta de 1580, até 
aproximadamente 1640, houve repercussões na vida 
brasileira, e logo depois, alguns problemas inerentes à 
própria história de Portugal com reflexo no Brasil.
Neste momento histórico, como já observado, os 
paulistas, empreendendo suas Bandeiras e desconside-
rando a linha de Tordesilhas, ocuparam grandes territórios depois formalmente reconhecidos 
como do Brasil pelo Tratado de Madrid, já mencionado.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
16
As incursões das Bandeiras pelo país tiveram como seus principais desbravadores Barto-
lomeu Bueno da Silva (conhecido como Anhanguera), Antônio Raposo Tavares e Fernão Dias 
Paes Leme, sendo este último dos mais destacados dos bandeirantes. 
Nessa mesma época aconteceu a invasão dos holandeses no Norte do país, quando con-
seguiram criar quase um estado independente de Portugal, em cuja organização é preciso desta-
car a figura do Conde Maurício de Nassau que, por volta de 1644, dominou o Nordeste brasileiro 
submetido, em parte, à presença holandesa. Graças às suas qualidades como administrador 
adquiriu apoio na região e promoveu várias obras de interesse para a população. Todavia, de-
sentendimentos entre os holandeses e a célebre Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais 
fizeram com que Maurício de Nassau se afastasse e o estado holandês ali instalado fosse enfra-
quecido.
Na luta com os brasileiros, os holandeses foram derrotados, o que deu àquela região plena 
liberdade, destacando-se nos embates três figuras significativas, o senhor de engenho João Fer-
nandes Vieira, o índio Felipe Camarão e o negro Henrique Dias, todos liderados pelo paraibano 
André Vidal de Negreiros. Cada um daqueles comandou indivíduos de sua própria raça.
NAPOLEÃO E A VINDA DE D. JOÃO VI
Superada a unificação das Coroas Ibéricas, com a re-
ação dos portugueses, e assumindo o governo português D. 
João IV de Bragança, iniciou-se nova fase em Portugal até o 
reinado de Dona Maria, a rainha, que, ao ficar viúva, implan-
tou um reinado absolutista e enérgico, sendo ela quem iniciou 
as decisões contra a Inconfidência Mineira. Com a morte de 
D. Maria, assumiu seu filho D. João VI, cujo reinado é de vital 
importância para os destinos do Brasil.
Napoleão, dominando vários países nas áreas mais vitais da Europa, resolveu tomar a Espa-
nha e, em seguida, invadir Portugal. D. João VI, tendo conhecimento dos ataques de Napoleão e 
sabedor de que ele, com grande poder militar, dominaria Portugal que, por sua vez, mantinha inten-
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
17
sas relações com os ingleses – adversários da França – resolveu, então, defender-se de maneira 
inédita: deixou Portugal e se deslocou, com grande embarcação, para o Brasil, para o Rio de Janeiro, 
onde teria condições para continuar a conduzir o Império português. É célebre o episódio do des-
locamento de Dom João Vl e sua Corte de Lisboa para Salvador e, em seguida, ao Rio de Janeiro. 
Pouco tempo depois, com Napoleão derrotado em Waterloo, os ingleses passaram a influir inten-
samente na América Portuguesa.
A partir de 1815, com sua Corte instalada na Colônia, D. João realizou feitos relevantes 
para o desenvolvimento brasileiro. Foi criada a escola militar, museus que influenciaram a vinda 
de cientistas da Europa para conhecer nosso país e, finalmente, a Biblioteca Nacional. No Rio 
de Janeiro se construiu importantes obras. Nesta época o Brasil foi elevado à categoria de Reino 
Unido à Portugal.
Entre 1817 e 1818, embora com a presença de D. João VI no Brasil, houve uma atuação 
de forças revolucionárias contra Portugal, sendo articulada em Pernambuco, sob o comando 
de Domingos José Martins, comerciante de expressão da região, a República Pernambucana. 
Apesar de bem estruturada, tal experiência republicana foi derrotada pelas forças portuguesas e 
presos vários de seus líderes e figuras expressivas que participaram do movimento, entre elas, 
os religiosos Padre João Ribeiro e Padre Miguelinho, e Antônio Carlos de Andrada e Silva (irmão 
de José Bonifácio), entre outros.
Com a queda de Napoleão na Europa, os países que estavam subordinados ao invasor 
francês passaram a ter liberdade, e Portugal, em 1820, iniciou movimentos em favor das ideias 
liberais. Neste mesmo momento, também começaram as articulações favoráveis ao retorno de 
Dom João Vl. Assim, o nobre português foi obrigado a se decidir entre o Rio de Janeiro e Lisboa. 
Se decidiu pela ida para Portugal, deixando no Brasil seu filho, Dom Pedro6, como príncipe re-
gente, para dirigir todo o país, que seria mantido como Reino Unido.
As forças políticas portuguesas eram descontentes com a criação do Reino do Brasil, na 
verdade, uma manobra dos ingleses para seus interesses internacionais. Assim, os portugueses 
discordavam da presença de Dom Pedro no país. D. João VI, no entanto, percebeu como seria 
6 Pedro I do Brasil ou Pedro IV de Portugal (1798-1834). Nascido em Portugal. Foi o primeiro Imperador do Brasil.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
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estratégico manter seu filho no comando do Brasil. Esta visão do monarca é prova de sua habi-
lidade como governante. Dom Pedro permaneceu subordinado a Portugal, mas com poderes de 
Regente.
D. PEDRO CONVIDA JOSÉ BONIFÁCIO
Nesse período, os portugueses, residentes no Brasil, rodeavam Dom Pedro e não admitiam 
a independência, mas teve início um movimento, com apoio dos maçons, para que este se des-
ligasse de Portugal.
D. Pedro sentiu a necessidade de fortalecer mais sua presença no país e foi buscar em 
Santos, na província de São Paulo, uma peça fundamental para seus planos: um cientista de 
renome internacional, com vasta cultura e ampla visão administrativa. Este homem era José 
Bonifácio de Andrada e Silva7, que logo passou a atuar na direção do governo brasileiro. José 
Bonifácio se aliou à Imperatriz D. Leopoldina, filha de Francisco José, Imperador da Áustria, que 
era uma liderança dominante em todo o mundo ocidental. A esposa de Dom Pedro I, sendo mui-
to favorável ao Brasil, facilitou a Independência que não era desejada por lideranças europeias. 
Apesar da posição de seu pai, D. Leopoldina deu apoio ao processo da independência e influiu 
para que D. Pedro também assumisse o compromisso de libertar o Brasil do jugo português.
7 José Bonifácio de Andrada e Silva (Santos, 1763 – 1838). Nascido em Santos. Naturalista, estadista e poeta luso-brasileiro, conhecido pelo 
epíteto de Patriarca da Independência por seu papel decisivo na Independência do Brasil. 
História Política do Brasil – Prof. BonifácioAndrada
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As Cortes Portuguesas já haviam criado as juntas governativas em diversas partes do país, 
visando com isso enfraquecer o Regente, exigindo seu retorno a Portugal, o que provocou o pri-
meiro movimento de apoio em favor do futuro Imperador no chamado “Dia do Fico”8, contra as 
forças militares portuguesas que estavam no Rio de Janeiro. Este episódio resultou da determi-
nação expressa para que D. Pedro voltasse a Portugal. No entanto, cerca de 8 mil brasileiros, em 
um abaixo-assinado remetido ao Príncipe, o convenceram de que ele ficaria. Além disso, Pedro 
I consolidou a sua presença com nomes fortes na sua equipe, entre eles Gonçalves Ledo, líder 
maçon. 
Em 7 de setembro de 1822, em São Paulo, no local conhecido como Ipiranga, D. Pedro 
proclamou a Independência contra os portugueses, sob os dizeres “Independência ou Morte”, 
momento decisivo para o início do Brasil como Nação.
É conhecido o episódio em que D. Pedro, próximo daquele riacho, recebeu cartas de José 
Bonifácio e de D. Leopoldina relatando que não havia mais como manter a submissão do Brasil 
a Portugal.
8 Dia 9 de janeiro de 1822. Quando D. Pedro disse a célebre frase: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam 
ao povo que fico”.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
20
Capítulo III – Brasil Império 
AS CORTES PORTUGUESAS 
CONTRA A INDEPENDÊNCIA
As investidas dos portugueses contra a Independência do Brasil foram enfrentadas por 
José Bonifácio com habilidade: contratou dois militares estrangeiros, o almirante Cochrane, in-
glês, experiente dirigente de navios de guerra com êxito marítimo em países sul-americanos; 
e o general Pedro Labatut, francês, ex-oficial de Napoleão que atuou na independência de al-
guns países da América Latina. Ambos vieram para o Brasil, e na Bahia teve início a formação 
do Exército Brasileiro para enfrentar as forças portuguesas comandadas pelo general Madeira, 
militar de alta eficiência, que manteve por alguns anos a guerra contra os brasileiros na Bahia.
Primeiro Reinado 
D. PEDRO COROADO IMPERADOR
Com elaboradas solenidades no Rio de Janeiro, D. Pedro I foi aclamado Imperador9, e após 
sua coroação, momento fundamental para a vida brasileira, assumiu o governo, mas, logicamen-
te, enfrentou resistências, sobretudo na Bahia, porque o projeto português para manter influência 
no país seria dividir o Brasil ao meio. O Norte ficaria com Portugal e o Sul, independente, com 
o Rio de Janeiro. A figura marcante nesta luta foi o português general Madeira, que comandou 
forças militares leais a Portugal, mas que foram derrotadas, pois a esta altura o Brasil já possuía 
as forças de defesa do novo Império, o Exército e Marinha brasileira criados sob a orientação de 
José Bonifácio.
9 No dia 12 de outubro de 1822, no Campo de Santana, região central da cidade do Rio de Janeiro. 
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
21
A PRIMEIRA ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE
As ideias liberais cresceram e agitaram o Rio de Janeiro e o resto do país para que se con-
vocasse uma Assembleia Nacional Constituinte capaz de votar uma Constituição para o país. José 
Bonifácio, a princípio, não era muito favorável, mas, posteriormente, concordou e, em 1823, foi 
instalada em nosso país a primeira Assembleia Nacional Constituinte. Esta teve representantes de 
todas as províncias do Brasil então existentes, sendo os seus deputados, aqueles que iriam elaborar 
a Constituição do país. A Assembleia Nacional fora liderada principalmente pela figura de Antônio 
Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, com apoio de seus irmãos José Bonifácio e Martim 
Francisco Ribeiro de Andrada, tendo aquele elaborado o projeto de Carta Magna que fortalecia os 
representantes do povo.
A DISSOLUÇÃO DA ASSEMBLEIA NACIONAL 
CONSTITUINTE E O EXÍLIO DOS DEPUTADOS
Surgiram debates dentro da Assembleia Constituinte, que mais tarde passaram a ser objeto de 
agitação popular, ao que Dom Pedro I entrou em conflito com José Bonifácio, os irmãos dele e com 
os deputados que lhe seguiam. O Imperador decidiu dissolver a Assembleia Nacional Constituinte e, 
ao mesmo tempo, prender a maioria dos deputados, promovendo a ida deles para exílio no exterior, 
entre eles, os irmãos Andradas.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
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Dom Pedro I ficou com poderes absolutos, situação que não repercutiu bem no país. No Nor-
deste houve duras reações muito ativas que sacudiram o país, como a chamada Confederação 
do Equador10 que visava a criação de uma República independente e refletiu em várias províncias 
nordestinas, além de outras partes da Nação onde também as reações contra a dissolução da As-
sembleia foram sentidas.
A GUERRA DA CISPLATINA
Pertencia ao Brasil, a antiga Colônia de Sacramento, território da divisa com a Argentina, isto 
é, com o mundo espanhol, a qual se transformou na Província Cisplatina, graças à invasão luso-bra-
sileira. Tal província tinha uma posição de destaque, com representantes inclusive na Assembleia 
Nacional Constituinte. Com a dissolução desta, as lideranças da Cisplatina consideraram que vários 
compromissos assumidos em favor de sua comunidade não seriam mais respeitados e, com apoio 
da Argentina, declararam guerra ao Imperador para alcançar a sua Independência por volta de 1825.
Na Guerra da Cisplatina o Brasil foi derrotado por aqueles que defendiam a liberdade da pro-
víncia para se tornar um novo país, hoje o Uruguai. Os cisplatinos tiveram o apoio dos ingleses, por 
seus interesses comerciais no mercado internacional. 
A OUTORGA DA CONSTITUIÇÃO DE 1824
Para fazer face às reações liberais, D. Pedro outorgou, em 1824, uma Constituição para o 
país com base no projeto de Antônio Carlos, e que havia sido discutido na Assembleia Constituinte, 
porém com alterações, atitude que deu início à fase constitucional que se estendeu até a Repúbli-
ca. A principal figura deste trabalho foi Carneiro de Campos, o Marquês de Caravelas11, redator da 
Constituição de 1824.
A estrutura do país continuava com suas respectivas câmaras municipais, criando, indiscuti-
velmente, uma nova organização também de tendências liberais, com as províncias semiautôno-
mas. Mas, D. Pedro se envolveu em fatos negativos, inclusive pessoais, até mesmo em relação à 
10 Eclodiu no dia 2 de julho de 1824, em Pernambuco. Os principais líderes foram Manuel de Carvalho Pais de Andrade e Frei Caneca.
11 José Joaquim Carneiro de Campos, Marquês de Caravelas (1768-1836). Nascido na Bahia. Advogado, diplomata e professor. Sucedeu José 
Bonifácio de Andrada e Silva no ministério do Império e dos Negócios Estrangeiros, quando o ministério dos Andradas foi exonerado.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
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D. Leopoldina12, nossa imperatriz de origem austríaca, que era muito querida dos brasileiros. Vale 
lembrar que ela muito contribuiu para a Independência. Tudo isso fez com que o Imperador se 
enfraquecesse dentro da vida brasileira, passando a dar apoio aos portugueses e nomeando um 
ministério impopular, a sua rejeição foi crescendo de tal forma que, em 1831, renunciou ao governo 
brasileiro e o entregou ao seu filho, que nessa época tinha seis anos, o qual mais tarde se tornaria 
o Imperador Dom Pedro II13.
Período Regencial 
O INÍCIO DAS REGÊNCIAS E AS REAÇÕES POPULARES
Embora afastado de seu antigo ministro, D. Pedro I nomeou José Bonifácio tutor do pequeno 
D. Pedro II, por considerá-lo o único brasileiro que poderia conduzir a educação de seu filho. Nesse 
momento se iniciou nova fase em nossa história, o período das Regências14, inicialmente, composto 
por três líderes políticos, general Lima e Silva, Joaquim Carneiro de Campos e Nicolau Campos 
Vergueiro.
Em 1834, com o Ato Adicional, foi feita uma reforma da Constituição que permitiu que a Re-
gência fosse exercida através de eleição geral, por um só membro, para a qual foi escolhido o Padre 
Feijó. Terminadoo mandato de Feijó, Araújo Lima, o Marquês de Olinda, assumiu como Regente 
único, quando dois grandes partidos disputavam o poder, o Partido Liberal e o Partido Conserva-
dor. Foram estes dois grupos que alimentaram a vida pública do país até a República. Em 1840 foi 
votada a Lei de Interpretação do Ato Adicional de 1834 com alterações que atingiram a autonomia 
provincial.
Neste período houve insurreições separatistas em algumas províncias. A Cabanagem, no 
Pará, que aconteceu de 1835 a 1840, foi uma revolta popular dos cabanos, índios e mestiços que 
moravam em cabanas às margens dos rios, mas que obtiveram apoio dos fazendeiros e comercian-
tes que estavam insatisfeitos com o governo regencial, o qual os combateu ao final de cinco anos 
de lutas.
12 Caroline Josepha Leopoldine Franziska Ferdinanda, ou Leopoldina da Áustria (1797-1826). Nascida na Áustria. Foi arquiduquesa da Áustria, a 
primeira esposa de D. Pedro I e Imperatriz Consorte. Os rumorosos casos extraconjugais do Imperador, em especial com a Marquesa de Santos, 
são fatos que afetaram a relação do casal imperial.
13 Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, D. Pedro II 
(1825 -1891). Nascido no Rio de Janeiro. O segundo e último imperador do Império do Brasil durante 58 anos.
14 Duração: de 1831 a 1840.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
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Também nesta fase se destacou a Sabinada, revolta ocorrida na Bahia entre 1837/1838, 
comandada pelo jornalista e médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira. Esta revolta tinha 
como objetivo tornar a Bahia um país independente até que D. Pedro II atingisse a maioridade. 
O movimento teve algum êxito e chegou a defender a criação da República Bahiense, até que o 
herdeiro do trono brasileiro chegasse à maioridade. O governo regencial combateu a insurreição 
um ano depois e seus líderes foram julgados e condenados.
No Maranhão se destacou a Balaiada, entre 1838 e 1841, insurreição das camadas popula-
res daquela província que estavam insatisfeitas com o governo regencial e que originou a disputa 
política entre “bem-te-vis” (liberais) e “cabanos” (conservadores), os quais se uniram contra os 
balaios. A revolta se expandiu até o Piauí, liderada por Raimundo Gomes e Manoel Francisco dos 
Anjos Ferreira, mas foi combatida por Luís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias, que foi 
convidado pelo governo para pacificar aquela Província. Caxias conteve as revoltas sufocando as 
agitações e restabelecendo a ordem pública naquelas regiões.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
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Segundo Reinado 
A MAIORIDADE DE D. PEDRO II 
E ALGUMAS REVOLTAS POLÍTICAS 
Em 1840, D. Pedro II, com 15 anos, assumiu a 
Coroa brasileira em decorrência de um golpe parla-
mentar chefiado por Antônio Carlos e Martim Fran-
cisco, irmãos de José Bonifácio, que conseguiram 
apoio do Senado, extiguindo as Regências. Era o 
início da segunda fase monárquica no Brasil.
Inicialmente, Dom Pedro II organizou seu mi-
nistério com os líderes liberais da Independência, os 
irmãos de José Bonifácio, Antônio Carlos15, Martim 
Francisco16 e os Holanda Cavalcanti. Mais tarde, hou-
ve conflitos políticos que resultaram na entrega do 
governo aos Conservadores. Esta posição de Dom 
Pedro provocou a Revolução de 1842, pois anulara 
a eleição vencida pelos liberais, que teve base forte 
em Minas Gerais, sob a liderança de Teófilo Otoni, e também em São Paulo, sendo debelada, 
após algumas lutas, pela figura de Duque de Caxias, que ainda não tinha este título, mas que já 
era uma liderança dentro da vida militar brasileira.
Antes da Revolução Liberal de 1842, houve a violenta Revolução dos Farrapos no Rio 
Grande do Sul, que teve início em 1835 e se estendeu até 1845. O objetivo era tornar aquela 
província uma República independente como foi a Cisplatina, posteriormente Uruguai.
A Guerra dos Farrapos acumulou várias batalhas. Os revolucionários eram comandados 
por Bento Gonçalves e, após dez anos de luta contra os governantes do Império, os brasileiros, 
comandados por Duque de Caxias, conseguiram vencer os revoltosos republicanos. 
15 Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva (1773-1845). Nascido em Santos. Formado em Direito e Filosofia pela Universidade de 
Coimbra, Portugal.
16 Martim Francisco Ribeiro de Andrada (1775-1844). Nascido em Santos. Formado em Matemática e Filosofia pela Universidade de Coimbra, 
Portugal.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
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Ao perceber o risco em que se encontrava o Império com tais conflitos, D. Pedro II implan-
tou um tipo especial de parlamentarismo inspirado no modelo inglês. Por volta de 1845, nomeou 
Manuel Alves Branco com o título de presidente do Conselho de Ministros, semelhante a primei-
ro-ministro. Este foi um novo período da vida brasileira que se desenvolveu praticamente com a 
disputa política entre o Partido Conservador e o Partido Liberal. Surgiram figuras ilustres, e as 
disputas partidárias dominaram o país.
D. Pedro II ainda vivenciou em seu reinado a Revolução Praieira, em Pernambuco, entre 
1848 e 1850, que se desenvolveu pela disputa política entre liberais, chamados de “Praieiros”, 
e conservadores, chamados “Guabirus” (ratos). A revolta comandada pelos Praieiros, sob a lide-
rança de Pedro Ivo Veloso da Silveira, recebeu apoio da população e se espalhou pela província 
de Pernambuco. Seus confrontos se concentravam principalmente em Olinda e Recife e foi com-
batida pelo capitão Antônio de Sampaio, enviado do governo imperial que derrotou os insurretos.
Durante o governo de Pedro II também houve a célebre Questão Christie decorrente de 
conflitos de navios da Inglaterra com brasileiros, o que resultou numa longa crise diplomática 
ocorrida entre 1862 e 1865. Envolvia o comércio de escravos, o saque a um navio inglês naufra-
gado na costa brasileira e a prisão de oficiais ingleses por desacato. O nome da crise se refere 
ao embaixador William Christie, inglês que protestou contra os fatos.
GUERRA DO PARAGUAI 
E ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA
A Monarquia brasileira, aliada à Argentina e Uruguai, formando a Tríplice Aliança, teve que 
enfrentar a guerra do Paraguai que atingiu todo o país, e em cujas batalhas se destacaram, entre 
outros, o general Osório, almirante Barroso e Duque de Caxias, que deram a vitória ao Brasil, além 
da figura de Bartolomeu Mitre, presidente da Argentina nesse período.
Todavia, esta guerra atingiu o prestígio da Monarquia e o poder imperial, que já enfrentava vá-
rias críticas de setores nacionais contrários à escravidão dos negros. Na realidade, a partir do início 
da colonização, os negros vieram da África para o nosso país e continuaram através do chamado 
tráfico negreiro, que os ingleses combatiam, o que o Brasil suspendeu em 1850. Tudo isso causou 
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
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o enfraquecimento da Monarquia que foi agravado com as repercussões da Guerra do Paraguai, e 
também com a célebre Questão Religiosa17. Desta forma, alguns liberais mais avançados criaram 
em 1870 o Partido Republicano, tendo à frente a figura de Quintino Bocaiúva e outros líderes que 
defendiam novos rumos para o governo brasileiro.
17 Foi um conflito na década de 1870, entre a Igreja Católica e a Maçonaria, afetando a estabilidade da Monarquia brasileira. Os bispos, de 
grande expressão no país, assumiram posição contra a maçonaria que estava atingindo as atividades religiosas, contrariando determinadas 
decisões da Santa Sé, o que resultou na prisão de dois arcebispos, Dom Vital, de Olinda, e Dom Macedo Costa, do Pará. O fato causou grande 
repercussão e desgastes ao governo imperial.
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Capítulo IV – Brasil República 
O SURGIMENTO DO PARTIDO REPUBLICANO E A 
QUEDA DA MONARQUIA
Por volta de 1870 foi lançado o Manifesto Repu-
blicano que, na realidade,era formado por dissiden-
tes do Partido Liberal e que muito influenciou a vida 
do país em crescente movimento, adquirindo simpa-
tia à medida em que o governo imperial experimen-
tava sucessivos desgastes.
A Monarquia era forte, mas o Partido Repu-
blicano começou a influir no país. A princesa Isa-
bel18, no exercício do governo em substituição a 
Dom Pedro II, seu pai, promoveu a Abolição da 
Escravatura, em 1888, com a promulgação da Lei 
Áurea, a qual deu liberdade aos negros após mani-
festações nacionais contrárias à escravidão, e que 
ocorriam desde a Independência do país. A Questão 
Religiosa, da Igreja contra a maçonaria, também influiu muito contra a Monarquia e, finalmente, 
o agravamento da própria dificuldade de ordem econômica e financeira que havia no país, com 
as guerras e rebeliões.
Na realidade, a queda da Monarquia também se deveu aos grupos militares que vieram da 
Guerra do Paraguai, foram se organizando e, aos poucos, conquistaram grande prestígio na vida 
política brasileira.
É interessante relembrar um episódio significativo desse momento histórico. Logo após a 
assinatura da Abolição da Escravatura, o Barão de Cotegipe aproximou-se da Princesa Isabel, 
que dirigia o país no lugar de seu pai, que estava em viagem, e lhe disse: – “Vossa Majestade 
redimiu uma raça, mas perdeu o trono”.
18 Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bourbon-Duas Sicílias e Bragança, Princesa Isabel (1846 -1921). 
Nascida no Rio de Janeiro, foi a segunda filha de Pedro II e Teresa Cristina.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
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Todos esses episódios fizeram com que o país se 
movimentasse no apoio aos republicanos que, apesar 
de politicamente fracos, foram liderados por militares 
de formação positivista como Benjamin Constant e o 
próprio Deodoro da Fonseca, além de lideranças civis, 
como Quintino Bocaiúva e Rui Barbosa. Estes líderes 
históricos foram se afastando das ideias monarquistas 
e aderiram aos princípios republicanos. Nesse movi-
mento, conseguiram mudar o regime político brasilei-
ro e substituí-lo, da Monarquia para a República, em 
1889.
O último presidente do Conselho de Ministros da 
Monarquia foi o Visconde de Ouro Preto, que tentou 
um programa avançado, porém sem êxito, declinado 
de seu posto às vésperas da República.
Na realidade, a população aceitou a Proclamação da República, porém sem manifestações 
efusivas porque, de fato, não tinha muita eperança com aquele movimento. 
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Primeira República 
OS GENERAIS DEODORO DA 
FONSECA E FLORIANO PEIXOTO
Com o grito de “Viva a República” do general Deodoro teve início outra fase da história do 
Brasil, pois que, logo depois foi instalada uma Assembleia Constituinte para votar a Constituição 
Republicana de 1891.
A Assembleia Nacional Constituinte convocada pelo governo republicano promoveu vários 
debates destacando-se entre eles a discussão entre os sistemas presidencialista e parlamen-
tarista. Os parlamentaristas eram minoria, e os defensores do presidencialismo, inclusive Rui 
Barbosa e outros, foram vitoriosos, influenciados pelo sistema norte-americano.
Os parlamentaristas defendiam o sistema francês que adotava a República após a guerra 
de 1870, mas adaptada ao regime parlamentarista. Na prática, a Constituinte adotou o texto do 
projeto apresentado pelo Executivo e aprovou o novo texto Constitucional, dentro de claras li-
nhas presidencialistas.
Essa fase republicana foi de transição e, por isso mesmo, provocou uma série de atri-
tos que resultaram na atitude do general Deodoro da Fonseca19 que, na presidência do país, 
19 Manuel Deodoro da Fonseca (1827-1892). Nascido em Alagoas. Militar e político, foi o primeiro presidente do Brasil.
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tentou, à moda do Império, dissolver o Congresso Nacional, obedecendo aos princípios 
parlamentaristas, que aliás não foram aceitos pelos republicanos de então. Foi uma crise muito 
séria que resultou no afastamento do general Deodoro que, doente, renunciou ao governo fede-
ral.
Floriano Peixoto, que era seu vice-presidente, assumiu o poder. Este marcou outra época 
na política brasileira com seu temperamento ditatorial havendo o risco de se iniciar um regime 
autocrático como nos outros países sul-americanos, literalmente dominados por ditadores. Ten-
do o governo de Floriano Peixoto todas as características autoritárias, vários conflitos foram en-
frentados, inclusive com o Poder Legislativo, mas sua presença era forte dentro da vida política 
brasileira, com muitos adeptos.
Durante o seu governo houve a Revolta da Armada que foi comandada pelo almirante 
Custódio Ribeiro de Melo que, sem êxito, foi abatido pelos grupos militares que tiveram apoio do 
governo de São Paulo.
Ainda, no governo de Floriano Peixoto, ocorreu a Revolução Federalista, no Rio Grande do 
Sul envolvendo dois grandes partidos: o Federalista, popularmente chamado de Maragatos, e 
os Republicanos, chamados Chimangos. Esta luta ocorreu de 1893 a 1895, com a participação 
de diversas figuras expressivas, tendo entre os federalistas, Silveira Martins, personalidade da 
mais alta expressão e valor no Império, contra Júlio de Castilhos, jovem liderança republicana 
que mais tarde iria ocupar o governo do Rio Grande do Sul. Esta Revolução foi de caráter local, 
mas teve também muita repercussão no governo federal, que precisou intervir para pacificar as 
lutas rio-grandenses. 
Floriano foi acometido por grave doença ao fim de seu governo, e novas eleições para a 
presidência da República foram convocadas de acordo com a Constituição. Foi eleito, então, o 
primeiro presidente civil do país na República, Prudente de Moraes20, paulista ilustre e de for-
mação democrática. A sua história mostra o seu temperamento, inclusive quando ele deixou de 
agredir o assassino de seu pai, levando-o preso.
20 Prudente José de Moraes Barros (1841-1902). Nascido em São Paulo. Advogado e político, foi o terceiro presidente do Brasil.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
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GOVERNOS DE PRUDENTE DE 
MORAES E CAMPOS SALES
Prudente de Moraes seguiu para o Rio de Janeiro para tomar posse na qualidade de pre-
sidente da República. Oficialmente, ninguém o aguardava, nenhuma personalidade governa-
mental. Mesmo assim, assumiu o governo e o país inaugurou novo período administrativo, em 
ambiente de equilíbrio político. Nesta época, porém, enfrentou na Bahia a célebre Rebelião de 
Canudos, liderada pelo messiânico Antônio Conselheiro. A revolta popular baiana foi interpretada 
na época como uma reação monarquista, tendo sido derrotada por forças do Exército.
Prudente de Moraes teve como sucessor Campos Sales, paulista, com temperamento to-
talmente diferente daquele, e que passou a governar de maneira enérgica se aliando aos go-
vernadores e criando uma política de aliança com os chefes dos diversos Estados. Assim, se 
estabeleceu no Brasil uma aliança das forças políticas locais e regionais de modo que, com essa 
situação, os Partidos Republicanos estaduais se uniram, o que resultou na criação de uma rede 
republicana nacional de pleno apoio ao presidente da República. Este sistema perdurou até a 
Revolução de 1930.
História Política do Brasil – Prof. Bonifácio Andrada
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 GOVERNOS DE RODRIGUES ALVES E AFONSO PENA
Depois de Campos Sales, assumiu Rodrigues Alves, outro paulista também de reconhecido 
valor que realizou obras notáveis para o país, sobretudo no Rio de Janeiro, combatendo a febre 
amarela e outras doenças então existentes. Patrocinou importantes construções, prestigiou a 
figura do médico sanitarista Oswaldo Cruz. Porém, a população, insatisfeita com a obrigação de 
se vacinar e sem o devido esclarecimento sobre a importância da vacina, reagiu contra os agen-
tes de saúde e a polícia teve que agir. Esse movimento é conhecido como a Revoltada Vacina, 
que foi combatida e dominada pelo governo.
Ainda neste governo, foi nomeado ministro das Relações Exteriores o Barão do Rio Bran-
co21, que iniciou as negociações para a consolidação definitiva das atuais fronteiras do Brasil.
Rodrigues Alves teve como seu sucessor o mineiro Afonso Pena, figura ilustre da vida bra-
sileira que tinha participado do governo nos tempos da Monarquia, mas que pela sua importância 
e sua respeitabilidade fora bem aceito pelos republicanos, sendo eleito presidente da República.
21 José Maria da Silva Paranhos Júnior, Barão do Rio Branco (1845-1912). Nascido no Rio de Janeiro. Advogado, diplomata, geógrafo, professor, 
jornalista e historiador brasileiro.
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Afonso Pena tinha temperamento equilibrado, muito sensato, e tentou, aos poucos, influir 
para que seu sucessor fosse o ministro da Fazenda, David Campista, prestigioso financista, o 
qual não contava com o apoio das forças políticas do país então organizadas, que preferiram o 
ministro da Guerra, general Hermes da Fonseca, sobrinho de Deodoro da Fonseca. Minas Ge-
rais e São Paulo se opuseram ao nome de David Campista, por ser estranho ao meio político.
GOVERNOS DE NILO PEÇANHA E HERMES DA FONSECA 
Afonso Pena adoeceu, vindo a falecer, e quem assumiu o governo do país foi Nilo Peça-
nha, que atuou de forma democrática e manteve os planos do governo anterior. O presidente 
em exercício fortaleceu o nome de Hermes da Fonseca que, eleito, assumiu o país, tendo como 
vice-presidente o mineiro Wenceslau Braz. Hermes da Fonseca venceu Rui Barbosa em uma 
campanha de alcance nacional.
O governo Hermes da Fonseca prosseguiu apoiando as lideranças republicanas, mas não 
realizou grandes feitos. Enfrentou, porém, movimentos populares e a célebre Revolta da Chiba-
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ta, quando marinheiros se revoltaram contra as violências e castigos físicos dentro dos navios 
brasileiros. Neste período ainda houve a chamada Guerra do Contestado que, na realidade, era 
o conflito de vários fazendeiros poderosos do estado de Santa Catarina e do estado do Paraná 
que disputavam terras na divisa entre as duas unidades federadas. A disputa provocou uma cri-
se que se transformou numa luta dentro dos dois estados, sendo necessária a intervenção do 
governo federal para, aos poucos, pacificar e resolver o conflito.
O governo Hermes da Fonseca interferiu em vários estados e teve sérios problemas no 
Ceará contra a liderança do padre Cícero e do deputado Floro Bartolomeu devido a intervenção 
contra o presidente do estado, Antônio Pinto Nogueira Accioly, que voltou ao poder com a sus-
pensão da intervenção.
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GOVERNOS WENCESLAU BRAZ E EPITÁCIO PESSOA
Ao término do governo Hermes da Fonseca foi eleito Wenceslau Braz, anteriormente vice-
-presidente, cujo mandato à época da Primeira Guerra Mundial viveu certa crise política porque 
predominava no Senado a figura de Pinheiro Machado, gaúcho de prestígio, que, no fundo, não 
tinha boa relação com o presidente.
No episódio da eleição do presidente do estado do Rio de Janeiro houve sério conflito políti-
co que resultou na posse de Nilo Peçanha como dirigente do Estado. Nesta fase foi assassinado 
o senador Pinheiro Machado, o que abalou o país porque era uma liderança poderosa, chefe do 
Partido Republicano Conservador e senador pelo Rio Grande do Sul.
Findo o governo Wenceslau Braz, Rodrigues Alves deveria ser o seu sucessor, porém, 
impossibilitado por estar doente, quem lhe sucedeu foi o vice, Delfim Moreira, que ficou pouco 
tempo à frente do país, indicando, nas eleições, como seu sucessor Epitácio Pessoa que, embo-
ra fora do país, num Congresso Internacional, pelo seu grande prestígio, mesmo no exterior, foi 
escolhido dirigente do governo brasileiro, nomeando um ministério só de civis, como Raul Soares 
e Pandiá Calógeras, na Marinha e na Guerra, entre outros titulares.
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GOVERNOS ARTHUR BERNARDES E WASHINGTON LUÍS
Houve uma crise na sucessão de Epitácio Pessoa, quando Arthur Bernardes, candidato ofi-
cial indicado pelos mineiros, entrou em conflito com seus adversários de outros estados, e uma 
série de intrigas os levou também a antipatia de setores do Exército. Seu adversário, candidato 
derrotado, foi Nilo Peçanha, ex-vice-presidente da República do governo Afonso Pena.
Arthur Bernardes, eleito, assumiu a direção do país 
dentro de um ambiente de agitação e conflitos promovidos 
pela oposição. Incentivou maior aproximação com a Santa 
Sé, iniciou as bases do sistema previdenciário e fortaleceu o 
ensino criando a Universidade de Viçosa, em Minas Gerais, 
além de manter a ordem com certa energia.
Neste período ocorreu em São Paulo, em 1922, a cé-
lebre Semana de Arte Moderna, com efeitos diretos na vida 
intelectual e artística brasileira, que buscava identidade na-
cional e repercutiu na cultura de todo o país. 
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É de se registrar ainda a insurreição dos 14 tenentes no Forte de Copacabana, que foram 
derrotados violentamente estando entre eles o então tenente Eduardo Gomes, que foi ferido.
Também no governo Bernardes houve grave desentendimento político no Rio Grande do 
Sul entre os adeptos de Borges de Medeiros e os de Assis Brasil, aquele sustentando sua quarta 
reeleição como presidente rio-grandense, o que foi contestado e provocou choques armados.
Convém assinalar ainda a Revolução de 1924, em São Paulo, comandada pelo general 
Isidoro Dias Lopes que, derrotada, deixou consequências conhecidas, como a criação da Coluna 
Prestes22, chefiada por Luís Carlos Prestes, chefe comunista.
Como seu sucessor, elegeu-se presidente da República o paulista Washington Luís, que 
era representativo das poderosas forças econômicas e políticas de São Paulo e trazia consigo 
forte apoio do Partido Republicano Paulista que dominava literalmente o Estado bandeirante 
com reflexos na política nacional.
Em Minas Gerais, fora eleito presidente do Estado o líder do governo Arthur Bernardes na 
Câmara dos Deputados, a figura de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, muito influente em Mi-
nas, e que alcançou expressivo prestígio durante o seu mandato.
É interessante mencionar nesta época a política internacional e seus reflexos no mundo 
todo. Após a Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918, o Brasil se articulou com as lideranças 
inglesas e se ajustou a todos aqueles que foram os vitoriosos na Primeira Guerra, momento fun-
damental para a história mundial, porém é de se registrar a crise na Alemanha e na Itália, quando 
surgiram as figuras de Hitler e Mussolini, com repercussão em alguns setores do país.
O governo de Washington Luís enfrentou problemas socioeconômicos, mas defendeu o 
princípio de que governar era abrir estradas. No seu governo houve alguns problemas políticos 
no Rio Grande do Sul, os quais procurou superar. O ministério de Washington Luís tinha Getúlio 
Vargas como ministro da Fazenda, representando o Rio Grande do Sul. 
22 A Coluna foi um movimento revoltoso organizado por tenentistas que percorreu 25 mil quilômetros no Brasil, entre 1925 e 1927, combatendo 
as tropas dos governos de Arthur Bernardes e Washington Luís. Tinha a inspiração revolucionária marxista de seu líder, Luiz Carlos Prestes 
(1898-1990).
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DESENTENDIMENTOS POLÍTICOS COM MINAS GERAIS
Nesta fase de tendências ditatoriais, Antônio Car-
los Ribeiro de Andrada23, eleito presidente de Minas 
Gerais e se revelando um democrata no governo do 
Estado e, numa ação governamental que até hoje é 
elogiada por todos os historiadores, se voltou para o 
progresso educacional, sendo dele a criação da Uni-
versidade de Minas Gerais, indiscutivelmente a pri-
meira do país. Também desenvolveuum programa 
de criação de escolas primárias no interior do Estado. 
Ainda elevou Minas Gerais a uma posição de muito 
prestígio nos meios liberais do Brasil, pelo respeito às 
liberdades públicas, pois tais ideias dominavam real-
mente o seu pensamento, de sua equipe e do Partido 
Republicano Mineiro.
O nome de Antônio Carlos passou a percorrer todos os estados do país como uma figura 
de alta visão para a vida republicana. Contrário à política de Minas, o presidente Washington 
Luís tentou algumas medidas que atingiam a autonomia mineira. Nessa fase também, em todo 
o país, tiveram início movimentos de reação liberal e democrática, contrários à estrutura republi-
cana representada por Washington Luís, homem de comportamento um tanto violento e avesso 
à autonomia dos diversos Estados. Esta é uma fase de crises.
Washington Luís lançou como seu candidato à presidência da República o paulista Júlio 
Prestes, fugindo à tradição política existente, pois deveria sucedê-lo um mineiro, quando todo o 
país esperava que fosse o nome de Antônio Carlos, dado o prestígio que ele adquiriu e as práti-
cas governamentais de sua administração.
23 Antônio Carlos Ribeiro de Andrada (1870-1946). Nascido em Barbacena, Minas Gerais, foi um político brasileiro, prefeito de Belo Horizonte, 
presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, senador da República, presidente da Assembleia Nacional Constituinte de 1932-1933, ministro 
e governador do estado de Minas Gerais. Na época o cargo era de presidente do estado, daí ser conhecido nacionalmente como Presidente 
Antônio Carlos.
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Em face desta atitude discriminatória com Minas, pressionado pelas lideranças de seu Es-
tado, Antônio Carlos criou, com os líderes mineiros, gaúchos, paraibanos e de outros Estados, 
a Aliança Liberal, que lançou como candidato à presidência da República, Getúlio Vargas24, o 
presidente do Rio Grande do Sul, e João Pessoa, presidente da Paraíba, como vice. Antônio 
Carlos julgava que o nome do presidente gaúcho vinha constituir um candidato de oposição à 
Júlio Prestes, capaz de ter apoio de fortes grupos políticos em toda Nação.
Essas eleições ocorreram num ambiente de muitos desentendimentos e muitas incompreen-
sões, porém a campanha da Aliança Liberal em favor de Getúlio se desenvolveu forte em todo o 
Brasil. Grupos políticos se reuniam nas capitais com a presença de líderes de expressão nacional 
que se dispuseram a viajar por todo o interior brasileiro apoiando a Aliança Liberal. O país foi sacu-
dido por uma disputa de enorme repercussão. Na Câmara dos Deputados, o deputado José Bonifá-
cio, irmão do Presidente Antônio Carlos, líder da Aliança Liberal, enfrentou agressivos debates com 
o líder do governo, o deputado paulista Manuel Villaboim.
Os candidatos da Aliança Liberal, principalmente em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e o estado 
da Paraíba, alcançaram elevado prestígio nacional. Washington Luís, com atitudes antidemocráticas, 
24 Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954). Nascido no Rio Grande do Sul. Foi advogado, militar e político brasileiro, líder da Revolução de 1930, 
que pôs fim à República Velha. Foi presidente do Brasil em dois períodos.
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interveio, inclusive na Paraíba, dando força a grupos regionais para combater a governança naquele 
Estado. Em Minas criou a Concentração Conservadora, um partido de oposição ao presidente Antônio 
Carlos e de apoio a Júlio Prestes, candidato presidencial. Esta era a situação nacional quando os re-
sultados das eleições, através de meios fraudulentos, logicamente esperados, deram a vitória a Júlio 
Prestes, no início de 1930.
A REVOLUÇÃO DE 1930 E A JUNTA MILITAR
O país entrou inteiramente em um ambiente de confusão política. As lideranças gaúchas e as 
lideranças mineiras, como também os paraibanos e líderes de diversas partes do Brasil, começaram 
a criticar o governo de Washington Luís e a vitória de Júlio Prestes. Este era o cenário quando em 
junho de 1931, João Pessoa foi assassinado em Recife ao visitar o estado de Pernambuco. Tal fato 
provocou no Brasil inteiro uma enorme exaltação e revolta.
As forças políticas contrárias a Júlio Prestes e Washington Luís passaram a ter apoio popular 
com vocações revolucionárias. A escolha de Júlio Prestes era considerada uma eleição falsa, resul-
tado da imposição do governo de Washington Luís. Dentro desse ambiente, o governo de Minas, do 
Rio Grande do Sul e as poucas forças políticas existentes na Paraíba se reuniram e provocaram a 
Revolução, o que resultou na queda do governo de Washington Luís que foi afastado por uma Junta 
Militar, composta pelos generais Menna Barreto e Tasso Fragoso e pelo almirante Isaías de Noronha, 
que assumiu a direção do país, mais tarde transferida a Getúlio Vargas, considerado o candidato 
aprovado pelo povo. 
A revolução teve repercussões militares, e Minas Gerais foi decisiva para a vitória com sua 
Força Pública e grupos atuantes em diversas cidades, como a célebre Cavalaria da Mantiqueira25 de 
Barbacena que colaborou para a vitória revolucionária em Juiz de Fora, sede da Região Militar, cujo 
comandante, general Azevedo Costa, se deslocou para o Rio de Janeiro. Este fato foi uma das razões 
do enfraquecimento de Washington Luís e seu afastamento do governo, com a criação da Junta Mi-
litar, que, após consolidar o triunfo da Revolução, teve de se afastar da direção do país, passando o 
poder a Getúlio Vargas.
25 Organizada por José Bonifácio Lafayette de Andrada (1904-1986), conhecido como Zezinho Bonifácio. A Cavalaria da Mantiqueira teve atu-
ação sob o comando do então Tenente Eduardo Gomes e foi base para a formação do Batalhão de Polícia de Barbacena, sendo formada por 
voluntários, e os cavalos tomados da tropa do Exército que se rendeu em Carandaí, durante a Revolução de 30.
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Segunda República 
GOVERNO VARGAS E A REVOLUÇÃO DE 1932
O governo de Getúlio Vargas se desdobrou em algu-
mas fases. A primeira foi a provisória, como chefe da Re-
volução, quando baixou decretos e fez nomeações contra 
os grupos políticos que não lhe deram apoio. Todavia, teve 
que enfrentar a Revolução de 1932 que, organizada por 
líderes paulistas, com valorosa estruturação, prestígio e 
apoio geral em São Paulo, provocou diversas lutas, mas foi 
derrotada. Com Vargas no poder começaram a surgir sé-
rias divergências, a principal delas com Flores da Cunha, 
que era presidente do Rio Grande do Sul.
Foi um período de conflitos, inclusive na escolha 
de interventores para assumirem o governo dos estados, 
porque todos os presidentes de Estado foram afastados. 
Também em Minas Gerais ocorreram sérios desentendimentos quando faleceu o presidente do 
Estado, Olegário Maciel, figura fundamental para a vitória da Revolução de 30. A sua sucessão 
temporária foi, na realidade, disputada por forças políticas de expressão. Para resolver a ques-
tão, Vargas nomeou um contraparente como interventor, o deputado Benedito Valadares, o que 
trouxe sérios descontentamentos, mas assumiu o governo e se manteve até o fim do exercício 
de Getúlio.
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CRISE POLÍTICA E O GOLPE DE ESTADO DE 1937
A segunda fase de Getúlio Vargas se vincula à eleição 
para a Assembleia Constituinte e votação da Carta Cons-
titucional de 1934, que foi o segundo documento político 
da República. Porém, logo depois da Assembleia Nacional 
Constituinte o país se preparou para a disputa para a su-
cessão de Vargas, sendo os candidatos, Armando Sales, 
experiente governante paulista, pela União Democrática 
Brasileira – UDB, e José Américo, ministro de Vargas. 
Em 1935, houve a Intentona Comunista, liderada por 
Luís Carlos Prestes que, embora repercutindo no país, na 
prática, foi um movimento de fragilidade política. Também, 
com grande repercussãoem todo o país, se desenvolveu o Movimento Integralista, de tendên-
cias fascistas que, liderado por Plínio Salgado, apesar de derrotados pelas forças militares, foi 
uma tentativa de afastar Vargas e implantar no país o governo dos adeptos daquela doutrina 
política. 
Getúlio Vargas, no poder, iniciou seu processo para o Golpe de Estado. Começou a se mo-
vimentar objetivando afastar Antônio Carlos da presidência da Câmara para conseguir, o que não 
alcançou sem o seu apoio, a aprovação do “Estado de Guerra” para ascender a ditadura. Com 
dificuldade, o jovem deputado Pedro Aleixo venceu Antônio Carlos na disputa pela presidência 
da Câmara, por poucos votos, apoiado pelo presidente da República, no início de 1937.
Vargas conseguiu, na Câmara, a aprovação do “Estado de Guerra”, apesar de forte oposi-
ção. Como resultado alcançou o poder necessário para fazer com que o Exército depusesse o 
governador do Rio Grande do Sul, Flores da Cunha, aquele que era considerado o seu principal 
opositor, seu principal adversário, que poderia impedir o golpe de estado que pretendia.
Com tais atitudes, o ambiente estava preparado para o golpe que implantou no Brasil o 
“Estado Novo”, o qual compreendeu o período de 10 de novembro de 1937 a 1945, trazendo um 
sistema ditatorial fascista para o país. As eleições presidenciais não ocorreram e a Câmara dos 
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Deputados e o Senado foram fechados, e promulgada a Constituição em 1937, que nunca foi 
colocada em execução, pois o país ficou sob a plena ditadura de Vargas.
O Estado Novo, aparentemente, era uma cópia das organizações políticas dominantes dos 
países fascistas da Europa. Durante o período de 1937 a 1945, Vargas governou, mas não obede-
cia à Constituição que ele mesmo elaborou, pois agia ditatorialmente, se voltando sobretudo para o 
populismo, junto às classes trabalhadoras, inclusive criando o sindicalismo dominado pelo Estado.
A QUEDA DE VARGAS E A 
NOVA ASSEMBLEIA NACIONALCONSTITUINTE
Em 1945, os democratas venceram a Segunda 
Guerra Mundial na Europa e, assim, os aliados saíram 
vitoriosos, derrotando os governos ditatoriais. O mundo 
inteiro se entregou ao início de uma fase democrática, 
o que repercutiu no Brasil. Aqui, as lideranças militares, 
com apoio das agitações populares, afastaram Vargas 
do poder, entregando o governo provisoriamente ao mi-
nistro José Linhares, presidente do Supremo Tribunal 
Federal, que assumiu a direção do país e convocou elei-
ções presidenciais e uma Assembleia Nacional Consti-
tuinte, visando uma reorganização política para a Nação. 
Os deputados da Assembleia Constituinte foram eleitos 
pelos partidos PSD – Partido Social Democrático, UDN 
– União Democrática Nacional, PTB – Partido Trabalhista Brasileiro, PCB – Partido Comunista 
do Brasil – e outros. Disputaram as eleições para a presidência da República, Eduardo Gomes, 
brigadeiro da Aeronáutica, apoiado pela UDN e outros grupos liberais, e o general Eurico Dutra, 
do Exército, apoiado pelas forças que tinham sido os restos políticos do governo Vargas nas in-
terventorias estaduais. O Partido Comunista lançou Yedo Fiúza, o menos votado.
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Houve uma disputa acirrada no período eleitoral, porém, na última hora, Vargas decidiu 
apoiar Eurico Dutra que, com as forças organizadas do PTB, saiu vitorioso. Desta forma, iniciou-
-se novo período na vida brasileira, com a eleição da Câmara e do Senado e novo presidente da 
República.
O GOVERNO DE EURICO DUTRA 
E O RETORNO DE VARGAS
Com o governo de Eurico Dutra26, depois do governo 
de José Linhares, o país passou a ter um ambiente político 
razoavelmente regular. As forças políticas que disputavam 
eram principalmente do PSD, UDN e PTB, partidos presen-
tes no governo de Eurico Dutra. Seu ministério se alimentou 
do PSD, e foi esse partido que governou o país com a maio-
ria na Câmara dos Deputados e com base em governado-
res que elegeu, mas a figura de Vargas novamente cresceu 
dentro do país com adesões generalizadas e das classes 
trabalhistas.
26 Eurico Gaspar Dutra (1883-1974). Nascido em Mato Grosso. Militar, 16º Presidente do 
Brasil, entre 1946 e 1951.
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Com o fim do mandato de Eurico Dutra, Eduardo Gomes novamente foi candidato, mas 
Getúlio Vargas, disputando o pleito, ainda com Cristiano Machado, político mineiro, candidato 
do PSD, venceu as eleições, reassumindo a direção do país com participação de um grupo de 
tendências esquerdistas e populistas. Todavia, o novo governo de Vargas, voltado para deter-
minadas iniciativas escusas, inclusive de seus familiares, criou um ambiente de muitas críticas, 
alargando as oposições contra ele27.
Neste momento surgiu dentro da UDN a figura do jornalista Carlos Lacerda, uma liderança 
poderosa, que iniciou campanha muito forte contra Vargas, apoiado por toda a bancada da UDN 
na Câmara e no Senado.
CARLOS LACERDA E O SUICÍDIO DE VARGAS
Neste cenário de conflitos, a tentativa de as-
sassinato de Carlos Lacerda28 provocou crise cres-
cente, e os setores militares começaram a ter certa 
inquietação, além do episódio ocorrido contra o filho 
do presidente, que teria cometido desvios no campo 
financeiro.
O Brasil vivia uma situação tal que Vargas não 
conseguiu superar. Nessas circunstâncias o país foi 
realmente surpreendido com a notícia de seu suicí-
dio29, o que trouxe para a Nação um quadro de sérias 
dificuldades. O vice-presidente Café Filho30, assumiu 
o governo no lugar de Getúlio e o país sofreu mais 
um momento de séria turbulência política.
27 O segundo governo do ex-ditador foi marcado pelo desenvolvimentismo-nacionalista com a criação da Petrobras e BNDES, mas com alta 
inflação o que gerou greves e inquietação entre os trabalhadores.
28 Carlos Frederico Werneck de Lacerda (1914-1977). Nascido no estado do Rio de Janeiro. Jornalista e polemista. Fundador do jornal Tribuna 
da Imprensa e da editora Nova Fronteira.
29 Suicídio no Palácio do Catete, sede do governo federal, Rio de janeiro em 24 de agosto de 1954.
30 João Fernandes Campos Café Filho (1899-1970). Nascido no Rio Grande do Norte. Advogado, foi presidente por um ano e três meses.
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Novos problemas políticos ocorreram no país com a eleição para a sucessão de Café Filho, 
pois boatos circulavam de que haveria intervenção na posse de Juscelino Kubistchek, candidato 
do PSD, que disputava com Juarez Távora, pela UDN e fora vitorioso, preparando-se para assu-
mir a Presidência.
CAFÉ FILHO E O GOLPE DO GENERAL LOTT
A crise política aumentou de tal maneira que 
cresceu a falsa notícia de que o presidente eleito 
não assumiria porque os setores militares e popu-
lares iriam impedir sua posse. O país vivia esse 
ambiente e Café Filho foi internado por grave do-
ença. O ministro da Guerra, Henrique Lott, enten-
deu que havia a preparação de um golpe contra 
Kubistchek. O substituto de Café Filho, deputado 
Carlos Luz, presidente da Câmara, foi afastado 
por um golpe militar do general Lott, e a presi-
dência foi entregue a Nereu Ramos, presidente 
do Senado. Lott tomou tal atitude golpista porque 
Carlos Luz, como substituto de Café Filho, tentou 
demiti-lo do governo. Também houve violenta atitude contra o presidente Café Filho 
que, impedido de retornar ao governo pelo General Lott, ficou praticamente preso em 
sua residência. 
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A ELEIÇÃO DE KUBISTCHEK 
E SUA SUCESSÃO POR JÂNIO QUADROS
Terminado o interstício de Nereu Ramos, o presi-
dente eleito, Juscelino Kubistchek31, e seu vice, João 
Goulart, assumiram a direção do país em janeiro de 
1956.
A administração de Juscelino foi democrática e 
coube a ele transferir a capital do país do Rio de Janei-
ro para Brasília. Desenvolveu a malha rodoviária brasi-

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