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Ciclo 1 Ciclo Problemas Dona Dirce relata que está com menorreia a dez anos. Dona Dirce relata que possui ondas de calor que causa insônia resultando em cansaço. As alterações que Dona Dirce tem sentido, são por causa das mudanças de hormônios. Dona Dirce afirma que seus ciclos menstruais eram regulares Hipóteses O ovário é responsável pela produção dos hormônios progesterona e estrogênio, a queda dessa produção de hormônios faz com que a mulher entre no climatério e posteriormente na menopausa. As ondas de calor e desregulação do sono devem ser justificadas pelas alterações de hormônios que ocorrem na menopausa. A mulher já nasce com seus folículos definidos, assim ela usa dessa reserva da menarca até a menopausa, quando eles sofrem ovulação na menopausa. Dona Dirce teve uma menopausa tardia, supondo que a media é de 45-55 anos. O ciclo menstrual acontece em fases sendo a primeira folicular, para maturar o ovulo que será formado sobre o estimulo do FSH. Quando a mulher engravida o endométrio, já espessado, não descama em função do HCG liberado pelo corpo lúteo, portanto durante o ciclo menstrual ocorre a descamação do endométrio em função da ausência da fecundação Questões de Aprendizagem 1. Conhecer a anatomia topográfica e estrutural do ovário, vascularização e ligamentos do útero e ovários. 2. Conhecer a histologia dos ovários e do endométrio de acordo com as fases do ciclo menstrual. 3. Entender a fisiologia do ciclo menstrual considerando o eixo hormonal. 4. Defina climatério e menopausa (idade, características hormonais, características e sintomas). O desenvolvimento de sexo e gênero em humanos é fortemente controlado por fatores genéticos, que induzem o desenvolvimento de órgãos (especialmente gonadais) e a programação dependente de androgênio de maneira específica de tecido e dependente de tempo. A modulação é facilitada através da síntese de esteroides endócrinos, parácrinos e autócrinos, bem como através do recrutamento de muitos outros reguladores envolvidos na especificidade da ação androgênica através da modificação dos complexos receptor hormonal. O aparelho reprodutor feminino é constituído pelos órgãos femininos responsáveis pela reprodução. É no aparelho reprodutor feminino, mas especificamente nos ovários, onde os óvulos amadurecem e ficam prontos para serem fecundados por um espermatozoide. Caso isso ocorra, o zigoto formado irá se instalar no útero, onde irá ocorrer seu crescimento e desenvolvimento até o nascimento. Trato genital superior Os órgãos genitais internos femininos incluem os ovários, as tubas uterinas, o útero e a vagina. Ciclo 2 Ovários Os ovários são gônadas femininas com formato e tamanho semelhantes aos de uma amêndoa, nos quais se desenvolvem os oócitos (gametas ou células germinativas femininas). Também são glândulas endócrinas que produzem hormônios sexuais. Cada ovário é suspenso por uma curta prega peritoneal ou mesentério, o mesovário. O mesovário é uma subdivisão de um mesentério maior do útero, o ligamento largo. Nas mulheres pré-púberes, a cápsula de tecido conjuntivo (túnica albugínea do ovário) que forma a superfície do ovário é coberta por uma lâmina lisa de mesotélio ovariano ou epitélio superficial (germinativo), uma única camada de células cúbicas que confere à superfície uma aparência acinzentada, fosca, que contrasta com a superfície brilhante do mesovário peritoneal adjacente com o qual é contínua. Depois da puberdade, há fibrose e distorção progressiva do epitélio superficial ovariano, em razão da repetida ruptura de folículos ovarianos e liberação de oócitos durante a oocitação. A fibrose é menor em usuárias de contraceptivos orais. Os vasos sanguíneos e linfáticos e os nervos ovarianos cruzam a margem da pelve, entrando e saindo da face superolateral do ovário dentro de uma prega peritoneal, o ligamento suspensor do ovário, que se torna contínuo com o mesovário do ligamento largo. Medialmente no mesovário, um ligamento útero-ovárico curto fixa o ovário ao útero. O ligamento útero-ovárico une a extremidade proximal (uterina) do ovário ao ângulo lateral do útero, imediatamente inferior à entrada da tuba uterina. Como o ovário está suspenso na cavidade peritoneal e sua superfície não é coberta por peritônio, o oócito expelido na ovulação passa para a cavidade peritoneal. Entretanto, sua vida intraperitoneal é curta porque geralmente é aprisionado pelas fímbrias do infundíbulo da tuba uterina e conduzido para a ampola, onde pode ser fertilizado. Ciclo 3 Tubas Uterinas As tubas uterinas (trompas de Falópio) conduzem o oócito, que é liberado mensalmente de um ovário durante a vida fértil, da cavidade peritoneal periovariana para a cavidade uterina. Também são o local habitual de fertilização. As tubas estendem-se lateralmente a partir dos cornos uterinos e se abrem na cavidade peritoneal perto dos ovários. As tubas uterinas (cerca de 10 cm de comprimento) estão em um mesentério estreito, a mesossalpinge, que forma as margens livres anterossuperiores dos ligamentos largos. Na disposição “ideal”, tipicamente mostrada pelas ilustrações, as tubas estendem-se simetricamente em direção posterolateral até as paredes laterais da pelve, onde se curvam anterior e superiormente aos ovários no ligamento largo em posição horizontal. Na realidade, observadas à ultrassonografia, muitas vezes as tubas estão dispostas assimetricamente e uma delas está em posição superior e até mesmo posterior em relação ao útero. As tubas uterinas podem ser divididas em quatro partes, da região lateral para a medial: Infundíbulo: a extremidade distal afunilada da tuba que se abre na cavidade peritoneal através do óstio abdominal. Os processos digitiformes da extremidade fimbriada do infundíbulo (fímbrias) abrem-se sobre a face medial do ovário; uma grande fímbria ovárica está fixada ao polo superior do ovário Ampola: a parte mais larga e mais longa da tuba, que começa na extremidade medial do infundíbulo; é onde geralmente ocorre a fertilização do oócito Istmo: a parte da tuba que tem parede espessa e entra no corno uterino Parte uterina: o segmento intramural curto da tuba que atravessa a parede do útero e se abre, através do óstio uterino, para a cavidade do útero no corno do útero. Ciclo 4 Vascularização dos Ovários e das tubas uterinas As artérias ováricas originam-se da parte abdominal da aorta e descem ao longo da parede abdominal posterior. Na margem da pelve, cruzam sobre os vasos ilíacos externos e entram nos ligamentos suspensores, aproximando-se das faces laterais dos ovários e das tubas uterinas. Os ramos ascendentes das artérias uterinas (ramos das artérias ilíacas internas) seguem ao longo das faces laterais do útero e se aproximam das faces mediais dos ovários e tubas uterinas. Tanto a artéria ovárica quanto a artéria uterina ascendente terminam bifurcando-se em ramos ováricos e tubários, que irrigam ovários e tubas uterinas das extremidades opostas e anastomosam-se entre si, criando uma circulação colateral de origem abdominal e pélvica para ambas as estruturas. Ciclo 5 As veias que drenam o ovário formam um plexo venoso pampiniforme, semelhante a uma trepadeira, no ligamento largo perto do ovário e da tuba uterina. As veias do plexo geralmente se fundem para formar uma única veia ovárica, que deixa a pelve menor com a artéria ovárica. A veia ovárica direita ascende e entra na veia cava inferior; a veia ovárica esquerda drena para a veia renal esquerda. As veias tubárias drenam para as veias ováricas e para o plexo venoso uterino (uterovaginal). Ciclo 6 Inervação dos Ovários e das Tubas uterinas A inervação é derivada em parte do plexo ovárico, descendo com os vasos ováricos, e em parte do plexo uterino (pélvico). Os ovários e as tubas uterinas são intraperitoneais e, portanto, estão localizados acima da linha de dor pélvica. Assim, fibras de dor aferentes viscerais ascendem retrogradamente com as fibras simpáticas descendentes do plexo ovárico e dos nervos esplâncnicoslombares até os corpos celulares nos gânglios sensitivos dos nervos espinais T11–L1. As fibras reflexas aferentes viscerais seguem as fibras parassimpáticas retrogradamente através dos plexos uterino (pélvico) e hipogástrico inferior e dos nervos esplâncnicos pélvicos até os corpos celulares nos gânglios sensitivos dos nervos espinais S2–S4. Útero O útero é um órgão muscular oco, piriforme, com paredes espessas. O embrião e o feto se desenvolvem no útero. As paredes musculares adaptam-se ao crescimento do feto e garantem a força para sua expulsão durante o parto. O útero não grávido geralmente está localizado na pelve menor, com o corpo sobre a bexiga urinária e o colo entre a bexiga urinária e o reto. O útero é uma estrutura muito dinâmica, cujo tamanho e proporções modificam-se durante as várias fases da vida. Na mulher adulta, o útero geralmente encontra-se antevertido (inclinado anterossuperiormente em relação ao eixo da vagina) e antefletido (fletido ou curvado anteriormente em relação ao colo, criando o ângulo de flexão), de modo que sua massa fica sobre a bexiga urinária. Sendo assim, quando a bexiga urinária está vazia, o útero tipicamente situa-se em um plano quase transversal. A posição do útero muda com o grau de enchimento da bexiga urinária e do reto, e com a evolução da gravidez. Embora seu tamanho varie muito, o útero tem cerca de 7,5 cm de comprimento, 5 cm de largura e 2 cm de espessura e pesa cerca de 90 g. Ciclo 7 O útero pode ser dividido em duas partes principais: o corpo e o colo. O corpo do útero, que forma os dois terços superiores do órgão, inclui o fundo do útero, a parte arredondada situada superiormente aos óstios uterinos. O corpo está situado entre as lâminas do ligamento largo é livremente móvel. Tem duas faces: anterior (relacionada com a bexiga urinária) e posterior (intestinal). O corpo do útero é separado do colo pelo istmo do útero, um segmento relativamente estreitado, com cerca de 1 cm de comprimento. O colo do útero é o terço inferior cilíndrico e relativamente estreito do útero, que tem comprimento aproximado de 2,5 cm em uma mulher adulta não grávida. Para fins descritivos, é dividido em duas porções: uma porção supravaginal entre o istmo e a vagina, e uma porção vaginal, que se projeta para a parte superior da parede anterior da vagina. A porção vaginal arredondada circunda o óstio do útero e, por sua vez, é circundada por um recesso estreito, o fórnice da vagina. A porção supravaginal é separada da bexiga urinária anteriormente por tecido conjuntivo frouxo e do reto posteriormente pela escavação retouterina. A cavidade do útero, semelhante a uma fenda, tem cerca de 6 cm de comprimento do óstio uterino até a parede do fundo do útero. Os cornos do útero são as regiões superolaterais da cavidade do útero, onde penetram as tubas uterinas. A cavidade do útero continua inferiormente como o canal do colo do útero. O canal fusiforme estende-se de um estreitamento no interior do istmo do corpo do útero, o óstio anatômico interno, atravessa as porções supravaginal e vaginal do colo, comunicando- se com o lúmen da vagina através do óstio uterino. A cavidade do útero (em particular, o canal do colo do útero) e o lúmen da vagina juntos constituem o canal de parto que o feto atravessa ao fim da gestação. A parede do corpo do útero é formada por três camadas ou lâminas: Perimétrio – a serosa ou revestimento seroso externo – consiste em peritônio sustentado por uma fina lâmina de tecido conjuntivo Miométrio – a camada média de músculo liso – é muito distendido (mais extenso, porém muito mais fino) durante a gravidez. Os principais ramos dos vasos sanguíneos e nervos do útero estão localizados nessa camada. Durante o parto, a contração do miométrio é estimulada hormonalmente a intervalos cada vez menores para dilatar o óstio do colo do útero e expelir o feto e a placenta. Durante a menstruação, as contrações do miométrio podem causar cólica. Endométrio – a camada mucosa interna – está firmemente aderido ao miométrio subjacente. O endométrio participa ativamente do ciclo menstrual, sofrendo modificações de sua estrutura a cada estágio do ciclo. Se houver concepção, o blastocisto implanta-se nessa camada; se não houver concepção, a face interna dessa camada é eliminada durante a menstruação. Ciclo 8 A quantidade de tecido muscular no colo do útero é bem menor do que no corpo. O colo do útero é, em sua maior parte, fibroso e consiste principalmente em colágeno com uma pequena quantidade de músculo liso e elastina. Externamente, o ligamento útero-ovárico fixa-se ao útero posteroinferiormente à junção uterotubária. O ligamento redondo do útero fixa-se anteroinferiormente a essa junção. Esses dois ligamentos são vestígios do gubernáculo ovárico, relacionados com a mudança de posição da gônada de sua posição embrionária sobre a parede abdominal posterior. O ligamento largo do útero é uma dupla lâmina de peritônio (mesentério) que se estende das laterais do útero até as paredes laterais e o assoalho da pelve. Esse ligamento ajuda a manter o útero em posição. As duas lâminas do ligamento largo são contínuas entre si em uma margem livre que circunda a tuba uterina. Lateralmente, o peritônio do ligamento largo é prolongado superiormente sobre os vasos como o ligamento suspensor do ovário. Entre as lâminas do ligamento largo de cada lado do útero, o ligamento útero-ovárico situa-se posterossuperiormente e o ligamento redondo do útero situa-se anteroinferiormente. A tuba uterina situa-se na margem livre anterossuperior do ligamento largo, dentro de um pequeno mesentério denominado mesossalpinge. Do mesmo modo, o ovário situa-se dentro de um pequeno mesentério denominado mesovário na face posterior do ligamento largo. A parte maior do ligamento largo, inferior ao mesossalpinge e ao mesovário, que serve como mesentério para o próprio útero, é o mesométrio. O útero é uma estrutura densa situada no centro da cavidade pélvica. As principais sustentações do útero que o mantêm nessa posição são passivas e ativas ou dinâmicas. A sustentação dinâmica do útero é propiciada pelo diafragma da pelve. Seu tônus nas posições sentada e de pé e a contração ativa durante períodos de aumento da pressão intra-abdominal (espirro, tosse etc.) são transmitidos através dos órgãos pélvicos adjacentes e da fáscia endopélvica que o cercam. A sustentação passiva do útero é proporcionada por sua posição – o modo como o útero normalmente antevertido e antefletido fica apoiado sobre o topo da bexiga urinária. Quando a pressão intra-abdominal aumenta, o útero é pressionado contra a bexiga urinária. O colo do útero é a parte menos móvel do órgão em razão da sustentação passiva proporcionada por condensações de fáscia parietal da pelve (ligamentos) fixadas a ele, que também contém músculo liso. Ligamentos transversos do colo estendem-se da porção supravaginal do colo e das partes laterais do fórnice da vagina até as paredes laterais da pelve. Ligamentos retouterinos seguem superiormente e um pouco posteroinferiormente das laterais do colo do útero até o meio do sacro; são palpáveis ao toque retal. Ciclo 9 Resumo das relações do Útero Anteriormente Anteroinferiormente em sua posição antevertida normal: a escavação vesicouterina e a face superior da bexiga urinária; a porção supravaginal do colo tem relação com a bexiga urinária e é separada dela apenas por tecido conjuntivo fibroso. Posteriormente A escavação retouterina contendo alças de intestino delgado e a face anterior do reto; apenas a fáscia visceral da pelve que une o reto e o útero nesse local resiste ao aumento da pressão intra-abdominal. Lateralmente O ligamento largo peritoneal ladeando o corpo do útero e os ligamentos transversos do colo, fasciais, de cada lado do colo do útero e da vagina; na transição entre os dois ligamentos, os ureteres seguem anteriormente, um pouco superiores à parte lateral do fórnice da vagina e inferiores às artérias uterinas, em geral cercade 2 cm laterais à porção supravaginal do colo. Vascularização do Útero A vascularização do útero provém principalmente das artérias uterinas, com possível irrigação colateral das artérias ováricas. As veias uterinas penetram nos ligamentos largos com as artérias e formam um plexo venoso uterino de cada lado do colo. As veias do plexo uterino drenam para as veias ilíacas internas. Vagina A vagina, um tubo musculomembranáceo distensível (7 a 9 cm de comprimento), estende-se do meio do colo do útero até o óstio da vagina, a abertura na sua extremidade inferior. O óstio da vagina, o óstio externo da uretra e os ductos da glândula vestibular maior e as glândulas vestibulares menores abrem-se no vestíbulo da vagina, a fenda entre os lábios menores do pudendo. A parte vaginal do colo do útero está localizada anteriormente na parte superior da vagina. Ciclo 10 A vagina: Serve como canal para o líquido menstrual; Forma a parte inferior do canal de parto; Recebe o pênis e o ejaculado durante a relação sexual; Comunica-se superiormente com o canal do colo do útero e inferiormente com o vestíbulo da vagina. A vagina geralmente encontra-se colapsada. O óstio costuma estar colapsado em direção à linha mediana, de modo que suas paredes laterais ficam em contato de cada lado de uma fenda anteroposterior. Superiormente ao óstio, porém, as paredes anterior e posterior estão em contato a cada lado de uma cavidade virtual transversal, que tem formato de H em corte transversal, com exceção de sua extremidade superior, na qual o colo do útero as mantém afastadas. A vagina situa-se posteriormente à bexiga urinária e à uretra, sendo que esta se projeta ao longo da linha mediana de sua parede anteroinferior. A vagina situa-se anteriormente ao reto, passando entre as margens mediais do músculo levantador do ânus (puborretal). O fórnice da vagina, o recesso ao redor do colo, tem partes anterior, posterior e lateral. A parte posterior do fórnice da vagina é a mais profunda e tem íntima relação com a escavação retouterina. Quatro músculos comprimem a vagina e atuam como esfíncteres: pubovaginal, esfíncter externo da uretra, esfíncter uretrovaginal e bulboesponjoso. A vagina está relacionada: Anteriormente com o fundo da bexiga e a uretra; Lateralmente com o músculo levantador do ânus, a fáscia visceral da pelve e os ureteres; Posteriormente (da parte inferior para a superior) com o canal anal, o reto e a escavação retouterina. Ciclo 11 Vascularização da Vagina As artérias que irrigam a parte superior da vagina originam-se das artérias uterinas. As artérias que suprem as partes média e inferior da vagina são ramos das artérias vaginal e pudenda interna. As veias vaginais formam plexos venosos vaginais ao longo das laterais da vagina e na túnica mucosa vaginal. Essas veias são contínuas com o plexo venoso uterino, formando o plexo venoso uterovaginal, e drenam para as veias ilíacas internas através da veia uterina. Esse plexo também se comunica com os plexos venosos vesical e retal. Inervação da Vagina e do útero Apenas o quinto ao quarto inferior da vagina tem inervação somática. A inervação dessa parte da vagina provém do nervo perineal profundo, um ramo do nervo pudendo, que conduz fibras aferentes simpáticas e viscerais, mas não fibras Ciclo 12 parassimpáticas. Apenas essa parte inervada somaticamente é sensível ao toque e à temperatura, embora as fibras aferentes somáticas e viscerais tenham seus corpos celulares nos mesmos gânglios sensitivos de nervos espinais (S2– S4). A maior parte da vagina (três quartos a dois quintos superiores) tem inervação visceral. Os nervos para essa parte da vagina e para o útero são derivados do plexo nervoso uterovaginal, que segue com a artéria uterina na junção da base do ligamento largo (peritoneal) com a parte superior do ligamento transverso do colo (fascial). O plexo nervoso uterovaginal é um dos plexos pélvicos que se estendem do plexo hipogástrico inferior até as vísceras pélvicas. Fibras aferentes simpáticas, parassimpáticas e viscerais atravessam esse plexo. A inervação simpática atravessa os nervos esplâncnicos lombares e os plexos intermesentéricos-hipogástricos-pélvicos, enquanto a inervação parassimpática atravessa os nervos esplâncnicos pélvicos até o plexo hipogástrico inferior- uterovaginal. A inervação visceral da parte superior (corpo e fundo) e inferior (colo) do útero e vagina diferem nas vias de condução, que são importantes para localização correta da anestesia no parto. As fibras que conduzem impulsos do fundo e do corpo do útero seguem inervação simpática retrógrada e chega aos corpos celulares nos nervos espinhais torácicos inferiores-lombares superiores. As fibras que conduzem impulsos do colo do útero e da vagina seguem as fibras parassimpáticas retrogradamente pelos plexos uterovaginal e hipogástrico inferior e dos nervos esplâncnicos pélvicos para chegar aos corpos celulares dos nervos espinhais S2-S4. – As fibras que não conduzem impulsos dolorosos seguem essa via. O corpo do útero está situado acima da linha de dor pélvica, visto que é intraperitoneal. A vagina, por sua vez, está localizada abaixo da linha de dor pélvica. Histologia Ovários Os ovários desempenham duas funções interrelacionadas: a gametogênese (produção de gametas) e a produção de hormônios. Os principais hormônios secretados pelos ovários são o estrogênio e a progesterona. Apresentam forma de amêndoas e estão ligados ao ligamento largo do útero por meio de uma prega de peritônio conhecido como mesovário, onde encontramos vasos sanguíneos para a nutrição dos ovários. O polo superior do ovário está fixado à parede pélvica pelo ligamento suspensor do ovário e o polo inferior está fixado ao útero pelo ligamento útero – ovárico (remanescente do cordão fibroso embrionário que fixa a gônada em desenvolvimento ao assoalho da pelve). Sua superfície é coberta por um epitélio pavimentoso ou cúbico simples, o epitélio germinativo, que corresponde a uma modificação do mesotélio do peritônio. Sob o epitélio germinativo, há uma camada de tecido conjuntivo denso não modelado, pouco vascularizada, a túnica albugínea, responsável pela cor esbranquiçada do ovário. Abaixo da túnica, há a zona cortical, na qual predominam os folículos ovarianos, e, mais internamente, a zona medular, que contém tecido conjuntivo frouxo fibroelástico com um rico leito vascular. Entre essas zonas não há um limite bem definido. Ciclo 13 O folículo ovariano é o conjunto do ovócito e das células foliculares que o envolvem, também chamadas de células da granulosa. Os folículos localizam – se no tecido conjuntivo (estroma) da zona cortical, onde há fibroblastos. O termo epitélio germinativo é uma denominação antiga, quando se acreditava incorretamente que esse epitélio seria o local de formação das células germinativas durante o desenvolvimento embrionário. Atualmente, sabe – se que as células germinativas primordiais (tanto masculinas quanto femininas) são de origem extragonádica. Essas células migram do saco vitelino embrionário para dentro do córtex da gônada embrionária, onde se diferenciam e induzem a diferenciação do ovário. A região central do ovário, a medula, é constituída por fibroblastos frouxamente situados em uma matriz rica em colágeno contendo fibras elásticas, além de grandes vasos sanguíneos, vasos linfático e fibras nervosas. Desenvolvimento dos Ovários Os estágios iniciais da oocitogênese ocorrem durante a vida fetal, quando as divisões mitóticas aumentam maciçamente o número de ovogônias (células germinativas primordiais) até próximo ao final do 5º mês fetal. Neste período, cada ovário contém cerca de 5 a 7 milhões de ovogônias. Cerca de 1 milhão delas tornam – se envolvidas por células foliculares e sobrevivem até o nascimento. Do milhão de ovogônias que sobrevivem formando folículos primordiais, cerca de 600.000 tornam – se atrésicas durante a primeira década devida, e na menarca, uma mulher jovem possui apenas cercade 300.000 a 400.000 folículos. Geralmente, a ovulação ocorre a cada 28 dias , com um ovócito sendo liberado a cada mês, contabilizando um total de cerca de 450 ovócitos liberados durante o período reprodutivo. Os folículos restantes degeneram e morrem. Folículos primordiais Os folículos primordiais, os mais primitivos, formados durante a vida fetal, são constituídos por um ovócito primário, circundado por uma única camada de células foliculares achatadas aderidas umas às outras através de desmossomos. Ao nascimento, esses ovócitos encontram – se parados na fase de diplóteno da prófase da meiose I. O ovócito primário é uma célula esférica que apresenta um núcleo grande e excêntrico com um único nucléolo bem evidente. Contém numerosas mitocôndrias, abundantes aparelhos de Golgi e retículo endoplasmático rugoso contendo poucos ribossomos. A maioria desses folículos se localiza na região cortical, próximo à túnica albugínea. Uma lâmina basal envolve as células foliculares e marca o limite entre o folículo e o estroma conjuntivo adjacente. Ciclo 14 A partir da puberdade, a cada dia um pequeno grupo de folículos primordiais inicia um processo de crescimento folicular – modificações do ovócito, das células foliculares e dos fibroblastos do estroma que envolve cada um desses folículos. Inicialmente, o ovócito aumenta de tamanho, e ocorre proliferação das células foliculares achatadas circundantes, que se tornam cuboides. Nesse estágio, o folículo passa a ser identificado como folículo primário. Dentre a grande população de folículos primordiais, não se sabe como são selecionados os folículos que abandonam seu estado de repouso e entra na fase de crescimento. O crescimento folicular é estimulado pelo FSH secretado pela hipófise. Folículos Primários Na fase de crescimento, além do aumento de diâmetro do ovócito, o núcleo aumenta de volume, vários aparelhos de Golgi estão dispersos por toda a célula, o retículo endoplasmático rugoso torna – se em rico em ribossomos, além de abundantes ribossomos livres e mitocôndrias dispersas por toda a célula. Ciclo 15 Enquanto uma única camada de células foliculares cúbicas circunda o ovócito, o folículo é denominado folículo primário unilaminar. Quando as células foliculares proliferam e se estratificam, formando várias camadas de células ao redor do ovócito primário que se comunicam por junções comunicantes, o folículo passa a ser denominado folículo primário multilaminar ou folículo pré - antral. Nesse caso, esta camada de células foliculares recebe o nome de células da granulosa. A lâmina basal se mantém entre a camada mais externa de células foliculares e o estroma de tecido conjuntivo. A atividades proliferativa das células granulosas é induzida pela ativina, uma molécula de sinalização produzida pelo ovócito primário. Além disso, uma espessa camada amorfa, chamada zona pelúcida, composta de várias glicoproteínas (que atribuem acidofilia a essa zona) é secretada e envolve todo o ovócito. Acredita – se que o ovócito e as células foliculares contribuam para a síntese da zona pelúcida. Delgados prolongamentos de células foliculares e microvilos do ovócito penetram a zona pelúcida e estabelecem contato entre si por junções comunicantes. Nos humanos, a zona pelúcida é composta de três classes de glicoproteínas ácidas sulfatadas, denominadas ZP1, ZP2 e ZP3. Dessas três, a mais importante é a ZP3, que atua como receptor para a ligação dos espermatozoides e indutor da reação acrossômica. As células do estroma começam a se organizar ao redor do folículo primário multilaminar formando a teca interna, constituída principalmente por uma camada celular ricamente vascularizada, e a teca externa, constituída principalmente células do estroma sem maiores modificações. As células da camada granulosa estão separadas da teca interna por uma espessa lâmina basal. As células poliédricas que compõem a teca interna possuem receptores para o hormônio luteinizante (LH) e assumem características de células produtoras de esteroides. Seu citoplasma acumula numerosas gotículas lipídicas, apresenta um abundante retículo endoplasmático liso e as cristas mitocondriais são tubulares. As células poliédricas que compõem a teca interna possuem receptores para o hormônio luteinizante (LH) e assumem características de células produtoras de esteroides. Essas células da teca interna produzem o hormônio sexual masculino androstenediona, o qual penetra nas células da camada granulosa, onde é convertido pela enzima aromatase no estrógeno estradiol. Além das células secretoras, a teca interna contém fibroblastos, feixes de colágeno e uma rede rica de pequenos vasos. Ciclo 16 A teca externa é a camada externa e contém principalmente células musculares lisas e feixes de fibras colágenas. As células são semelhantes às células do estroma ovariano, porém se arranjam de modo organizado concentricamente em volta do folículo. Folículos Secundários (ou antrais) À medida que os folículos crescem, principalmente em virtude do aumento (em tamanho e em número) das células da granulosa, eles ocupam áreas mais profundas da região cortical do ovário. O líquido folicular, formado por componentes do plasma e produtos secretados pelas células foliculares, começa a se acumular entre as células foliculares. Os pequenos espaços que contêm esse fluido se unem formando uma grande cavidade, o antro folicular. A partir disso, esses folículos são chamados de folículos secundários ou antrais. Nesse momento, o ovócito não sofre crescimento adicional devido à ação de um pequeno peptídeo, o inibidor da maturação do ovócito, que é secretado pelas células da granulosa para dentro do líquido antral. A continuação da proliferação das células da camada granulosa do folículo secundário depende do hormônio folículo estimulante (FSH). Sob a influência do FSH, o número de camadas de células da granulosa aumenta, assim como o número de espaços intercelulares, contendo fluido folicular. Este fluido, um exsudato do plasma, contém glicosaminoglicanos, proteoglicanos e proteínas de ligação a esteroides produzidas pelas células da camada granulosa. Além disso, contém os hormônios progesterona, estradiol, inibina, foliostatina e ativina, os quais regulam a liberação de LH e FSH. Por sua vez, o FSH (juntamente com os estrógenos) estimula as células da camada granulosa a produzirem receptores para LH. A inibina atua na regulação da síntese e secreção de FSH pela adeno – hipófise. Com a formação do antro, as células da camada granulosa se reorganizam de modo que algumas se concentram em determinado local da parede do folículo, formando um pequeno espessamento, o cumulus oophorus, que serve de apoio ao ovócito. Além disso, um pequeno grupo de células foliculares envolve o ovócito, constituindo a corona radiata. Este conjunto de células emite microvilosidade que penetram em toda a zona pelúcida e comunicam – se por meio de junções comunicantes, com as microvilosidades do ovócito. A corona radiata acompanha o ovócito quando este abandona o ovário por ocasião da ovulação. Folículos maduros (ou de Graaf) Normalmente durante cada ciclo menstrual, um folículo antral cresce muito mais que os outros e se torna o folículo dominante, que pode alcançar o estágio mais desenvolvido de crescimento e prosseguir até a ovulação. Ciclo 17 Quando alcança seu máximo desenvolvimento, esse folículo é chamado folículo maduro, pré – ovulatório ou de Graaf. Como resultado do acúmulo de líquido, a cavidade folicular aumenta de tamanho e a camada de células da granulosa da parede do folículo torna – se mais delgada, sendo agora chamada de membrana granulosa, pois essas células não se multiplicam na mesma proporção que o crescimento do folículo. Esses folículos têm suas tecas muito espessas. A continuação da formação do líquido folicular leva o cumulus oophorus, a corona radiata e as células foliculares associadas ao ovócito, a se separar da sua base, passando a flutuar livremente no líquido folicular.O folículo de Graaf pode ser observado como uma saliência transparente na superfície do ovário, quase tão grande quanto o próprio ovário. Os outros folículos que estavam crescendo com certa sintonia em relação ao dominante, entram em atresia. A atrésia é um processo de involução, por meio do qual as células foliculares e ovócitos morrem e são eliminados por células fagocíticas. Folículos em qualquer fase de desenvolvimento podem sofrer atresia. Ela é significativamente acentuada logo após o nascimento, quando o efeito de hormônios maternos cessa, e durante a puberdade e gravidez, quando acontecem marcadas modificações hormonais qualitativas e quantitativas. Este processo é marcado por algumas características como: sinais de morte celular de células da granulosa, separação de células da granulosa de modo que fiquem soltas no líquido folicular, morte do ovócito e pregueamento da zona pelúcida. Após a morte das células, macrófagos invadem o folículo e fagocitam seus restos. O espaço deixado é ocupado por fibroblastos que produzem uma cicatriz de colágeno. O processo total de crescimento do folículo, desde primordial até maduro, dura na mulher aproximadamente 90 dias. Desenvolvimento dos Folículos Folículo Primordial Formados durante a vida fetal Oócito primário + única camada de células foliculares Prófase da meiose I interrompida Folículo Primário Após o cresimento folicular Pode ser unilaminar ou multilaminar (prá-antral) Ciclo 18 Células foliculares —> Células da granulosa Zona pelúcida Composta de glicoproteínas Teca externa Tecido conjuntivo fibroso Teca interna Alta vascularização Produção de hormônios esteroides Folículo secundário Aumento do número de células da granulosa Formação do antro folicular Cumulus oophorus Corona radiata Folículo maduro (ou de Graaf) Máximo desenvolvimento para a ovulação Aumento da cavidade folicular Membrana granulosa Ovulação A ovulação é um processo pelo qual o ovócito secundário do folículo de Graaf é liberado. Para esse processo, ocorre a ruptura de parte da parede do folículo maduro e a consequente liberação do ovócito, que será capturado pela extremidade dilatada da tuba uterina. Acontece frequentemente na época próxima à metade do ciclo menstrual, isto é, ao redor do 14º dia de um ciclo de 28 dias. Geralmente, apenas um ovócito é liberado pelos ovários em cada ciclo, mas às vezes nenhum ovócito é ovulado. Em outros casos, dois ou mais ovócitos podem ser expelidos ao mesmo tempo. Por volta do 14º dia do ciclo menstrual, as concentrações de estrógenos sanguíneos elevam ao serem produzidos principalmente pelo folículo de Graaf em desenvolvimento, mas também pelos folículos secundários. Esse aumento provoca um inibição por feedback negativo para a interrupção da liberação de FSH pela hipófise e a liberação de uma quantidade elevada de LH repentinamente pelas células da hipófise. Poucos minutos após o aumento de LH circulante há um aumento do fluxo de sangue no ovários, e os capilares dentro da teca externa começam a extravasar plasma, causando um edema. Há liberação local de prostaglandinas, histamina, vasopressina e colagenase nas imediações do folículo. As células da granulosa produzem mais ácido hialurônico e se soltam de sua camada. O pico de LH também é responsável pela liberação de um fator local, a substância indutora da meiose que estimula o ovócito primário do folículo de Graaf a completar sua primeira divisão meiótica, levando à formação de duas células – filhas, o ovócito secundário e o 1º corpúsculo polar (um núcleo envolvido somente por uma delgada faixa de citoplasma). O ovócito secundário recém – formado entra na segunda divisão meiótica, que é interrompida na metáfase até que haja fertilização. Uma pequena área da parede do folículo enfraquece por causa da degradação de colágeno da túnica albugínea, por isquemia e pela morte de algumas células. Essa fraqueza, associada à contração de células musculares lisas que circundam o folículo, conduz à ruptura de parte da parede exterior do folículo. Consequentemente, o ovócito secundário e o 1º Ciclo 19 corpúsculo polar envoltos pela zona pelúcida, pela corona radiata e juntamente com um pouco de fluido folicular, deixam o ovário e entram na extremidade aberta da tuba uterina, onde o ovócito pode ser fecundado. Os resquícios do folículo de Graaf são convertidos em um corpo hemorrágico e, em seguida, no corpo lúteo. Corpo Lúteo Após a ovulação, os resquícios do folículo de Graaf sofrem um colapso e tornam -se pregueados; alguns dos vasos sanguíneos rompidos liberam sangue na cavidade folicular, formando um coágulo central – o corpo hemorrágico. Conforme o coágulo vai sendo removido por fagócitos e a cavidade do antro folicular é preenchida por tecido conjuntivo, altos níveis contínuos de LH convertem o corpo hemorrágico em uma estrutura temporária, o corpo lúteo, o qual atua como uma glândula endócrina. São identificados dois tipos de células lúteas: Células granuloso – luteínicas (80%): São células grandes, palidamente coradas e de localização central, derivadas das células da granulosa. Sintetizam estrogênios, progesterona e inibina Células teco – luteínicas (20%): São células menores, mais intensamente coradas e de localização periférica, derivadas das células da teca interna. Secretam androgênio. À medida que o corpo lúteo começa a se formar, os vasos sanguíneos e linfáticos da teca interna crescem rapidamente dentro da camada granulosa e uma rica rede vascular é estabelecida no corpo lúteo. Se não houver fertilização, o corpo lúteo – neste caso, denominado corpo lúteo da menstruação – permanece ativo por 14 dias. Nesse período, a taxa de secreção de progesterona e estrogênios declina, o corpo lúteo começa a sofrer degeneração entre o 10º e o 12º dia após a ovulação e ocorre a descamação de parte da mucosa uterina (pela secreção decrescente de progesterona) – a menstruação. O corpo lúteo degenera e sofre involução lenta. Como a concentração de esteroides no Ciclo 20 sangue diminui, o FSH é liberado em quantidade maiores, estimulando o crescimento rápido de alguns folículos e iniciando o ciclo menstrual seguinte. As células tornam – se carregadas de lipídios, diminuem de tamanho e sofrem autólise. Uma cicatriz branca, o corpo albicans, é formada à medida que ocorre acúmulo de material hialino entre as células em degeneração do antigo corpo lúteo. O corpo albicans se aprofunda no córtex do ovário à medida que involui lentamente no decorrer dos meses. Se uma gravidez se instalar, a implantação do embrião na mucosa uterina envia um sinal para o corpo lúteo, cujas células trofoblásticas sintetizam um hormônio chamado gonadotrofina coriônica humana (HCG). A ação desse hormônio é semelhante à do LH, estimulando o corpo lúteo. Essa glândula endócrina cresce e estimula a secreção de progesterona durante pelo menos metade da gravidez. Além de manter a mucosa uterina, a progesterona também estimula a secreção das glândulas uterinas, importante para a nutrição do embrião antes que a placenta se estabeleça e se torne funcional. Este é o corpo lúteo gravídico, que persiste durante 4 a 5 meses e em seguida degenera e é substituído por um corpo albicans muito maior que o de menstruação. Útero O útero é um órgão único, muscular, espesso e piriforme (em formato de pera), localizado na linha média da pelve e que recebe a porção terminal do par de tubas uterinas. É dividido em três regiões: corpo (porção dilatada onde as tubas uterinas se abrem), fundo (em formato de cúpula na parte superior do órgão) e a cérvice ou colo (porção estreita e cilíndrica que se projeta e se abre na vagina). A parede do útero nas regiões de corpo e fundo é relativamente espessa e formada por três camadas: endométrio, miométrio e serosa (ou adventícia). Endométrio Camada mais interna, consiste em um epitélio colunar simples, caracterizado por células ciliadas e células secretoras, e uma lâmina própria com glândulas tubulares simples (àsvezes ramificadas) que se estendem até o miométrio. Embora as células glandulares se assemelhem às células do epitélio superficial, não há células ciliadas nas glândulas. A lâmina própria é formada por um tecido conjuntivo rico em fibroblastos, além de macrófagos, leucócitos e fibras reticulares e contêm abundante matriz extracelular. Suas fibras são constituídas principalmente por colágeno tipo III. O endométrio pode ser subdividido em duas camadas: Camada basal: Mais profunda, adjacente ao miométrio, é constituída por tecido conjuntivo e pela porção inicial das glândulas uterinas. Camada funcional: Mais superficial, formada pelo restante do tecido conjuntivo da lâmina própria, pela porção final e saída das glândulas e pelo epitélio superficial. Enquanto a camada funcional sofre mudanças significativas durante os ciclos menstruais, a basal permanece quase inalterada. Os vasos sanguíneos que irrigam o endométrio são importantes para o fenômeno do ciclo menstrual que resulta na perda de parte do endométrio a cada 28 dias. Das artérias arqueadas, que se orientam circunferencialmente nas camadas médias do miométrio, partem as artérias retas, que irrigam a camada basal do endométrio, e as artérias espiraladas, que irrigam a camada funcional. Ciclo 21 Miométrio Parede muscular espessa do útero, constituída de pacotes ou grandes feixes de fibras musculares lisas separadas por tecido conjuntivo. Os pacotes estão distribuídos em quatro camadas com limites não muito bem definidos. A primeira e a quarta camadas são compostas principalmente de fibras dispostas longitudinalmente e as camadas intermediárias apresentam feixes organizados em disposição circular e grandes vasos sanguíneos que irrigam o órgão. À medida que o útero se estreita em direção à cérvice, o miométrio é substituído por um tecido conjuntivo denso não modelado contendo fibras elásticas e poucas células musculares lisas dispersas. Durante a gravidez, o miométrio apresenta um grande crescimento, por meio da hiperplasia (aumento no número de células lisas) e hipertrofia (aumento no tamanho das células) do músculo, impulsionado pelo aumento nos níveis de estrógeno. Durante esta fase, muitas células musculares lisas adquirem características ultraestruturais para secreção de proteínas e sintetizam ativamente colágeno, cuja quantidade aumenta significativamente no útero. Após a gravidez, há degeneração de algumas células, redução no tamanho de outras e degradação enzimática do colágeno. Durante a contração do útero (por estímulo sexual, durante a menstruação ou para o trabalho de parto) todas as camadas do miométrio atuam em conjunto como um sincício funcional. O processo de contrações uterinas durante o parto é provocado por ações hormonais a partir da ocitocina, liberada pela neuro – hipófise, e das prostaglandinas produzidas no miométrio e nas membranas fetais sob influência do hormônio corticotrófico. Serosa ou adventícia Em sua camada externa há uma delgada serosa – constituída de mesotélio e tecido conjuntivo – ou, dependendo da porção do órgão, uma adventícia constituída de tecido conjuntivo sem revestimento de mesotélio. Tanto o miométrio quanto o endométrio sofrem alterações cíclicas a cada mês para preparar o útero para a implantação de um embrião, e os eventos subsequentes do desenvolvimento embrionário e fetal. Essas alterações constituem o ciclo menstrual. Se houver implantação de um embrião, o ciclo é interrompido, e ambas as camadas sofrem crescimento e diferenciação consideráveis durante a gravidez. Ciclo menstrual Normalmente, o ciclo menstrual dura cerca de 28 dias e apresenta diferentes estágios de desenvolvimento que ocorrem na camada funcional do endométrio. É um processo controlado pelas gonadotropinas secretadas pela Ciclo 22 hipófise que regulam as secreções esteroides do ovário. Embora os eventos sucessivos que constituem o ciclo ocorram continuamente, eles podem ser descritos em três fases: fase menstrual, fase proliferativa e fase secretora. Fase menstrual (3 a 4 dias) Começa no dia do início do sangramento do útero, a menstruação, caracterizada pela descamação funcional do endométrio, o que indica que não houve fertilização. Nesse processo, o corpo lúteo perde sua funcionalidade cerca de 10 a 12 dias após a ovulação, reduzindo os níveis de progesterona e estrógenos. Alguns dias antes do início da menstruação, a camada funcional do endométrio perde sua irrigação devido a constrições intermitentes nas artérias espiraladas. Depois de aproximadamente 2 dias, essas artérias tornam – se permanentemente contraídas, reduzindo a oxigenação da camada funcional, que leva à interrupção do funcionamento das glândulas, invasão de leucócitos, isquemia e a final necrose da camada funcional. Logo em seguida, as artérias espiraladas dilatam – se novamente, mas como estão enfraquecidas devido aos eventos anteriores, elas se rompem. A maior parte da camada funcional do endométrio é separada da mucosa e cai no lúmen uterino, fazendo parte do fluido menstrual. O resto do endométrio encolhe devido à perda de fluido intersticial. Antes e durante a fase menstrual, a camada basal do endométrio continua vascularizada pelas artérias retas, permanecendo, assim, viável. As células basais das glândulas da camada basal começam a proliferar, e as células novas migram para a superfície, dando início a reepitelização da lesão de tecido conjuntivo do lúmen uterino. Estes eventos iniciam a fase proliferativa do ciclo menstrual. Fase proliferativa (ou estrogênica) No final da fase menstrual, o endométrio consiste em uma delgada faixa de tecido conjuntivo, com aproximadamente 1 mm de espessura, contendo apenas as porções basais das glândulas uterinas e as porções inferiores das artérias espiraladas. O começo da fase proliferativa coincide com o crescimento rápido de um pequeno grupo de folículos ovarianos que estão provavelmente na transição entre folículos primários e secundários. Quando sua teca interna desenvolve – se mais intensamente, esses folículos começam a secretar ativamente estrógenos. Sob influência dos estrógenos, a fase proliferativa é iniciada e são observadas as seguintes alterações: as células epiteliais da porção basal das glândulas reconstituem as glândulas e migram para recobrir a superfície endometrial, as células do estroma proliferam e produzem a matriz extracelular e as artérias espiraladas aumentam de comprimento à medida que o endométrio é restabelecido. Com isso, o endométrio perdido durante a menstruação é reconstituído. A fase proliferativa continua até o primeiro dia após a ovulação, que ocorre aproximadamente no 14º dia do ciclo. No final dessa fase, o endométrio alcançou uma espessura de cerca de 3 mm. Durante essa fase, o endométrio está coberto por um epitélio colunar simples que também caracteriza as glândulas, cujo os tubos são retilíneos, e que têm lúmen estreito. As células epiteliais das glândulas gradualmente acumulam cisternas de retículo endoplasmático rugoso e o complexo de Golgi aumenta de tamanho, em preparação para o crescimento de sua atividade secretora da próxima fase. Ciclo 23 Fase secretora (ou progestacional) Após a ovulação, sob influência da progesterona produzida pelo corpo lúteo, a fase secretora inicia – se, sendo caracterizada pelo espessamento do endométrio por hipertrofia das células epiteliais, edema e aumento da vascularização (as artérias espiraladas aumentam de comprimento e tornam – se mais espiraladas). Nesta fase, o endométrio alcança sua máxima espessura, cerca de 5 a 6 mm. Além disso, as secreções ricas em glicogênio acumuladas pelas glândulas endometriais fazem com que elas se tornem altamente contorcidas e de aspecto serrilhado. À medida que mais produtos de secreção vão sendo produzidos, os grânulos de secreção deslocam – se para a região apical e são liberados no lúmen da glândula. O líquido mucoide rico em glicogênio secretado será responsável pela nutrição do feto antes da formação da placenta.A fase secretora completa o ciclo ao se aproximar do 28º dia, precedendo a fase menstrual de um novo ciclo menstrual. Ciclo 24 Se ocorrer fertilização, o embrião é transportado ao útero e aderido ao epitélio uterino durante a fase secretória, cerca de 7 ou 8 dias após a ovulação. A progesterona tem um papel importante inibindo contrações musculares lisas do miométrio, que podem interferir na implantação do embrião. O hipotálamo recebe estímulo dos núcleos arqueados para secretar o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) de forma pulsátil, com pulsos que duram de 5 a 25 minutos (LH em maior quantidade) em intervalos de 1 a 2 horas (FSH em maior quantidade). Essa forma de liberação permite a secreção de FSH e LH pela hipófise anterior, no qual o LH também é liberado de forma pulsátil pela hipófise a cada 90 minutos. Estes hormônios então atuam no processo de maturação dos folículos Foliculos primordiais → Folículos primários (unilaminares) → Folículos primários (multilaminares) → Folículos secundários (pré antral) → Folículo maduro (de Graff) Os ovócitos estão parados na fase de diplóteno da prófase Fase menstrual (3 a 4 dias) Começa no dia do início do sangramento do útero, a menstruação, caracterizada pela descamação funcional do endométrio, o que indica que não houve fertilização. Nesse processo, o corpo lúteo perde sua funcionalidade cerca de 10 a 12 dias após Após a ovulação, os resquícios do folículo de Graaf sofrem um colapso e tornam -se pregueados; alguns dos vasos sanguíneos rompidos liberam sangue na cavidade folicular, formando um coágulo central – o corpo hemorrágico. Conforme o coágulo vai sendo removido por fagócitos e a cavidade do antro folicular é preenchida por tecido conjuntivo, altos níveis contínuos de LH convertem o corpo hemorrágico em uma estrutura temporária, o corpo lúteo, o qual atua como uma glândula endócrina. Ciclo 25 da meiose I Na transição entre folículo primário unilaminar e multilaminar, a atividade proliferativa das células granulosas é induzida pela ativina, uma molécula de sinalização produzida pelo ovócito primário, que auxilia na formação das tecas internas e externas. As células poliédricas que compõem a teca interna possuem receptores para o hormônio luteinizante (LH) e assumem características de células produtoras de esteroides. Essas células da teca interna produzem o hormônio sexual masculino androstenediona, o qual penetra nas células da camada granulosa, onde é convertido pela enzima aromatase no estrógeno estradiol. Além disso nessa fase hà a formação da zona pelúcida que é composta por glicoproteínas (principal ZP3— auxilia na reação acrossômica da fecundação) Na fase de folículo secundário ou pré-antral, sob a influência do FSH, o número de camadas de células da granulosa aumenta, assim como o número de espaços intercelulares, contendo fluido folicular. Este fluido, um exsudato do plasma, contém glicosaminoglicanos, proteoglicanos e proteínas de ligação a esteroides produzidas pelas células da camada granulosa. Além disso, contém os hormônios progesterona, estradiol, a ovulação, reduzindo os níveis de progesterona e estrógenos. Alguns dias antes do início da menstruação, a camada funcional do endométrio perde sua irrigação devido a constrições intermitentes nas artérias espiraladas. Depois de aproximadamente 2 dias, essas artérias tornam – se permanentemente contraídas, reduzindo a oxigenação da camada funcional, que leva à interrupção do funcionamento das glândulas, invasão de leucócitos, isquemia e a final necrose da camada funcional. Logo em seguida, as artérias espiraladas dilatam – se novamente, mas como estão enfraquecidas devido aos eventos anteriores, elas se rompem. A maior parte da camada funcional do endométrio é separada da mucosa e cai no lúmen uterino, fazendo parte do fluido menstrual. O resto do endométrio encolhe devido à perda de fluido intersticial. vasoconstricção, Miotamponamento, coagulação Fase proliferativa (ou estrogênica) O começo da fase proliferativa coincide com o crescimento rápido dos folículos ovarianos que estão provavelmente na transição entre folículos primários e secundários. Quando sua teca interna desenvolve – se mais intensamente, esses folículos começam a secretar ativamente estrógenos. Sob influência dos estrógenos, a fase proliferativa é iniciada e são observadas as seguintes alterações: as células epiteliais da porção basal das glândulas reconstituem as glândulas e migram para recobrir a superfície endometrial, as células do estroma proliferam e produzem a matriz extracelular e as artérias espiraladas aumentam de comprimento à medida que o endométrio é restabelecido. Com isso, o endométrio perdido durante a menstruação é reconstituído. Fase secretora (ou progestacional) Após a ovulação, sob influência da progesterona produzida pelo corpo lúteo, a fase secretora inicia – se, sendo caracterizada pelo espessamento do endométrio por hipertrofia das células epiteliais, edema e aumento da vascularização (as artérias espiraladas aumentam de comprimento e tornam – Células granuloso – luteínicas (80%): Sintetizam estrogênios, progesterona e inibina Células teco – luteínicas (20%): Secretam androgênio. À medida que o corpo lúteo começa a se formar, os vasos sanguíneos e linfáticos da teca interna crescem rapidamente dentro da camada granulosa e uma rica rede vascular é estabelecida no corpo lúteo. Se não houver fertilização, o corpo lúteo – neste caso, denominado corpo lúteo da menstruação – permanece ativo por 14 dias. Nesse período, a taxa de secreção de progesterona e estrogênios declina, o corpo lúteo começa a sofrer degeneração entre o 10º e o 12º dia após a ovulação e ocorre a descamação de parte da mucosa uterina (pela secreção decrescente de progesterona) – a menstruação. O corpo lúteo degenera e sofre involução lenta. Como a concentração de esteroides no sangue Ciclo 26 inibina, foliostatina e ativina, os quais regulam a liberação de LH e FSH. Por sua vez, o FSH (juntamente com os estrógenos) estimula as células da camada granulosa a produzirem receptores para LH. A inibina atua na regulação da síntese e secreção de FSH pela adeno – hipófise. Folículo maduro (ou de Graaf) Máximo desenvolvimento para a ovulação Aumento da cavidade folicular Membrana granulosa A ovulação é um processo pelo qual o ovócito secundário do folículo de Graaf é liberado. Para esse processo, ocorre a ruptura de parte da parede do folículo maduro e a consequente liberação do ovócito, que será capturado pela extremidade dilatada da tuba uterina. Acontece frequentemente na época próxima à metade do ciclo menstrual, isto é, ao redor do 14º dia de um ciclo de 28 dias. Por volta do 14º dia do ciclo menstrual, as concentrações de estrógenos sanguíneos elevam ao serem produzidos principalmente pelo folículo de Graaf em desenvolvimento, mas também pelos folículos secundários. Esse aumento provoca um inibição por feedback negativo para a interrupção da liberação de FSH pela hipófise e a liberação de uma quantidade elevada de LH repentinamente. se mais espiraladas). Nesta fase, o endométrio alcança sua máxima espessura, cerca de 5 a 6 mm. Além disso, as secreções ricas em glicogênio acumuladas pelas glândulas endometriais fazem com que elas se tornem altamente contorcidas e de aspecto serrilhado. À medida que mais produtos de secreção vão sendo produzidos, os grânulos de secreção deslocam – se para a região apical e são liberados no lúmen da glândula. O líquido mucoide rico em glicogênio secretado será responsável pela nutrição do feto antes da formação da placenta. A fase secretora completa o ciclo ao se aproximar do 28º dia, precedendo a fase menstrual de um novo ciclo menstrual. Interação Hormonal O estrogênio age por feedback de forma a inibir a secreção de LH eFSH pela hipófise. A progesterona tem pouco efeito inibitório, porém quando associados, ela tem a capacidade de multiplicar o efeito inibidor do estrogênio. Outros hormônios também atuam na regulação da secreção de hormônios hipofisários. A inibina secretada pelas células da granulosa do corpo lúteo é capaz de diminuir a secreção de FSH e LH, principalmente FSH. Após a ovulação, o corpo lúteo secreta progesterona, estrogênio e inibina em altas quantidades. Esses hormônios têm fazem feedback negativo na hipófise anterior e no hipotálamo, diminuindo a secreção de FSH e LH, assim , 3 a 4 dias antes da menstruação, os hormônios hipofisários atigem seus níveis mais baixos. Com a involução do corpo lúteo, a secreção de progesterona, estrogênio e inibina cessa, assim o efeito de feedback negativo sobre a hipófise diminui. Então, cerca de 1 dia depois (durante a menstruação) a hipófise aumenta a liberação de FSH e alguns dias depois a de LH. Então, inicia-se a recrutação de novos folículos. Como na primeira fase do ciclo há grande circulação de estrogênio, o feedback negativo é mantido de forma menos intensa. Por motivos ainda não compreendidos, ocorre o pico pré-ovulatório de FSH e LH, supõe-se que o alto nível e estrogênio favoreça essa elevação pelo diminui, o FSH é liberado em quantidade maiores, estimulando o crescimento rápido de alguns folículos e iniciando o ciclo menstrual seguinte. As células tornam – se carregadas de lipídios, diminuem de tamanho e sofrem autólise. Uma cicatriz branca, o corpo albicans, é formada à medida que ocorre acúmulo de material hialino entre as células em degeneração do antigo corpo lúteo. O corpo albicans se aprofunda no córtex do ovário à medida que involui lentamente no decorrer dos meses. Se uma gravidez se instalar, a implantação do embrião na mucosa uterina envia um sinal para o corpo lúteo, cujas células trofoblásticas sintetizam um hormônio chamado gonadotrofina coriônica humana (HCG). A ação desse hormônio é semelhante à do LH, estimulando o corpo lúteo. Essa glândula endócrina cresce e estimula a secreção de progesterona durante pelo menos metade da gravidez. Ciclo 27 Poucos minutos após o aumento de LH circulante há um aumento do fluxo de sangue no ovários, e os capilares dentro da teca externa começam a extravasar plasma, causando um edema. Há liberação local de prostaglandinas, histamina, vasopressina e colagenase nas imediações do folículo. As células da granulosa produzem mais ácido hialurônico e se soltam de sua camada. O pico de LH também é responsável pela liberação de um fator local, a substância indutora da meiose que estimula o ovócito primário do folículo de Graaf a completar sua primeira divisão meiótica, levando à formação de duas células – filhas, o ovócito secundário e o 1º corpúsculo polar (um núcleo envolvido somente por uma delgada faixa de citoplasma). O ovócito secundário recém – formado entra na segunda divisão meiótica, que é interrompida na metáfase até que haja fertilização. feedback positivo na hipófise anterior. O aumento de LH leva a ovulação e ao desenvolvimento do corpo lúteo, que levará a um novo ciclo. Além de manter a mucosa uterina, a progesterona também estimula a secreção das glândulas uterinas, importante para a nutrição do embrião antes que a placenta se estabeleça e se torne funcional. Este é o corpo lúteo gravídico, que persiste durante 4 a 5 meses e em seguida degenera e é substituído por um corpo albicans muito maior que o de menstruação. Caso Síndrome do ovário policístico Excesso de produção de insulina pelo pâncreas e o restante apresenta problemas nas glândulas hipotálamo, hipófise e adrenais, produzindo maior quantidade de hormônios masculinos. Ocorre principalmente em mulheres com idade entre 30 e 40 anos. Sangramento uterino anormal (SUA) Hipermenorragia Cérvice (ou colo do útero) Ciclo 28 É a porção cilíndrica mais baixa do útero que se projeta para dentro da vagina. O lúmen da cérvice (endocérvice) é revestido por um epitélio colunar simples secretor de muco; entretanto, sua superfície externa (ectocérvice), onde a cérvice se projeta para a vagina, é revestida por um epitélio estratificado pavimento não – queratinizado. A parede da cérvice é constituída principalmente por tecido conjuntivo denso não modelado contendo muitas fibras elásticas e somente algumas fibras musculares lisas. A transição entre o epitélio colunar simples do canal cervical e o epitélio estratificado pavimento na porção vaginal do colo ocorre de forma abrupta na zona de transformação que, durante a idade reprodutiva da mulher, está localizada fora do óstio externo. Antes da puberdade e depois da menopausa, a zona localiza – se no canal cervical. A mucosa da cérvice contém as glândulas mucosas cervicais, que se ramificam intensamente. Esta mucosa não sofre mudanças notáveis durante o ciclo menstrual e não descama durante a menstruação. As secreções cervicais têm um papel importante na fertilização. Na época da ovulação, as secreções mucosas são mais fluidas e facilitam a penetração do esperma no útero. Já na fase secretora ou na gravidez, os níveis de progesterona alteram as secreções mucosas, tornando – as mais viscosas. Nesse caso, elas atuam como um tampão de muco espesso no orifício da cérvice, para a prevenção da passagem de esperma de microrganismos para o interior do útero. Na época do parto, outro hormônio produzido pelo corpo lúteo, a relaxina, induz a lise de colágeno da parede cervical. Isto resulta no amolecimento da cérvice, facilitando, desta maneira, a dilatação cervical. O bloqueio da abertura das glândulas mucosas resulta em retenção de suas secreções, levando à formação de cistos dilatados no colo do útero, denominados cistos de Naboth. Estes se desenvolvem com frequência, mas apenas serão clinicamente importantes se houver história de um número grande cistos que provoquem aumento acentuado do colo do útero. Ciclo 29 Fisiologia do Sistema Reprodutor Feminino Os ovários são órgãos pares, têm-se o ovário direito e o esquerdo. Dentro deles, são originados os oócitos, que são os gametas ou as células germinativas femininas. Além disso, os ovários exercem a função endócrina de produzir hormônios sexuais. O útero é um órgão oco para onde o embrião é levado para se desenvolver. Ele é formado por 3 camadas concêntricas: o endométrio (mais internamente), o miométrio (camada média) e o perimétrio (camada mais externa. É o endométrio que vai sofrer alterações durante o ciclo menstrual que vai permitir o sangramento. As tubas uterinas também são órgãos pares e eles ligam os ovários ao útero, conduzindo os oócitos liberados pelo ovário para o interior da cavidade uterina. É na tuba uterina onde ocorre a fertilização. A vagina é um canal muscular que liga o colo do útero a superfície externa, através do óstio da vagina. O monte do púbis é uma região rica em tecido adiposo, localizada a frente da sínfise púbica. Os grandes lábios são pregas cutâneas que protegem o óstio da uretra, o clitóris e a vagina. Os pequenos lábios circundam o vestíbulo da vagina, também como fator de proteção. O clitóris é um órgão erétil com grande quantidade de terminações nervosas sensitivas que atuam exclusivamente na estimulação sexual. Durante o período fetal, entre a 6ª e 8ª semana de gestação, ocorre a diferenciação sexual do embrião, de acordo com o sexo cromossômico. Nesse momento incia-se a diferenciação da gônada primordial em ovário. É nesse ovário que vai ocorrer a produção folicular. A produção folicular da mulher se inicia ainda no período intrauterino. A superfície externa dos ovários é formada por células germinativas, que dão origem às ovogônias. Essas células se dividem através de meiose e interrompem o processo de divisão celular na primeira fase da meiose, originando os ovócitos primários. Então, cada ovócito primário é circundado por células foliculares (célulasda granulosa), gerando um folículo, denominado folículo primordial. Nesse momento, a maturação folicular é cessada até a puberdade. Por volta do 6º mês de vida intrauterina, os ovários contém cerca de 7 bilhões de folículos. A partir desde ponto, muitos folículos sofrem atresia. Ao atingir a menarca, a mulher tem cerca de 300.000 folículos. Durante a puberdade, o hipotálamo inicia gradualmente a liberação do GnRH, que estimula a hipófise a secretar de hormônios gonadotróficos LH e FSH. Esse hormônios estimulam os ovários a produzir os hormônios sexuais femininos, levando à menarca, a primeira menstruação de uma mulher que marca o início de sua vida reprodutiva. A menarca pode ocorrer entre 9 e 16 anos, com idade média no Brasil de 12 anos e 4 meses. Os primeiros ciclos menstruais costumam ser irregulares e podem permanecer assim por até 2 ou 3 anos. Chamamos de menacme o período fértil da mulher. Esse intervalo de tempo ocorre entre a menarca e a menopausa. Durante o menacme, acontecem os ciclos sexuais mensais femininos ou ciclos menstruais. No período de 28 dias do ciclo menstrual, existem 2 diferentes ciclos que ocorrem ao mesmo tempo: o ciclo ovariano e o ciclo endometrial. O primeiro dia de menstruação é o primeiro dia do ciclo sexual mensal feminino. A menopausa é o período no qual há uma diminuição dos hormônios femininos a quase zero e o ciclo menstrual é cessado. Isso ocorre entre 40 e 50 anos, devido ao esgotamento ovariano. Menarca : Primeira menstruação da mulher Menacme: Período fértil da mulher Menopausa: Última menstruação da mulher Para que o ciclo sexual mensal feminino ocorra, é necessário um bom funcionamento do eixo hipotálamo-hipófise- gonadal. O hipotálamo é o órgão do diencéfalo que faz conexão entre o sistema nervoso central e o sistema endócrino. Ele produz o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). Ele se relaciona intimamente com a hipófise. A hipófise é uma glândula endócrina que libera o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH) através do Ciclo 30 feedback com GnRH. As gônadas femininas (os ovários) produzem os hormônios sexuais através do feedback com FSH e LH. Ciclo Ovariano O ciclo ovariano ocorre devido às alterações cíclicas dos hormônios gonadotróficos FSH e LH secretados pela hipófise anterior, que estimulam as células-alvo ovarianas. O ciclo ovariano é divido em 2 partes: a fase folicular (do desenvolvimento do folículo até a ovulação) e a fase lútea (a partir da ovulação). A fase folicular é a primeira etapa do ciclo ovariano, nela ocorre a foliculogênese, processo capaz de transformar um folículo primordial em um folículo ovulatório. O objetivo da foliculogênese é produzir um folículo dominante a partir de folículos em desenvolvimento. A primeira etapa da foliculogênese é o recrutamento de folículos primordiais para reiniciar o desenvolvimento. Isso ocorre entre os dias 1 e 4 do ciclo menstrual. O aumento da secreção de FSH, cerca de 1 dia antes da menstruação, permite a iniciação desse processo. O recrutamento folicular provavelmente é controlado por fatores autócrinos e parácrinos no ovário, de forma independente de gonadotrofinas. O aumento do FSH inicia o recrutamento de folículos primordiais. Ocorre então, inicialmente, síntese de RNA e de proteínas e aumento no número de células da granulosa. As células da granulosa adquirem um formato cubóide e surgem também canais de comunicação com o oócito, viabilizando a troca de nutrientes. Após todas essas mudanças, o folículo primordial passa a ser chamado de folículo primário. Ou seja, o folículo primário é um oócito coberto por duas ou mais camadas de células da granulosa com junções comunicantes entre si. As células da granulosa são células que circundam o folículo, protegendo-o e dando suporte para o desenvolvimento do óvulo. Uma vez formado o folículo primário, ele progride para o estágio pré-antral (também chamado de folículo secundário). O oócito aumenta de tamanho e passa a ser circundado por uma camada de matriz extracelular (chamada de zona pelúcida) que encapsula o oócito. As células da granulosa sofrem proliferação e atingem de 2 a 10 camadas de células cubóides a Ciclo 31 colunares baixas. Nesse estágio, as células da granulosa já são capazes de sintetizar esteróides e possuem receptores para FSH. Ocorre, também, a proliferação de células da teca no estroma. A formação da camada tecal é um estágio de grande importância do desenvolvimento folicular, é nesse momento que há formação de pequenos vasos capazes de levar as substâncias necessárias ao seu desenvolvimento. Na camada tecal existe prevalência de receptores de LH. As células da teca são células localizadas externamente às células da granulosa que produzem os andrógenos necessários para o desenvolvi- mento folicular. Alem disso, dão suporte vascular até a ovulação. Ainda nesse estágio, a enzima aromatase age, pelo estímulo do FSH, convertendo androgênios em estrogênios nas células da granulosa, processo conhecido como aromatização. Um ambiente com quantidade de androgênios leva a atresia folicular. O estrógeno e o FSH favorecem um aumento do líquido folicular, que contém grande quantidade de estrógeno. O acumulo desse líquido forma uma cavidade dentro das células da granulosa, chamada de antro. Nesse estágio, o folículo é chamado de folículo terciário, folículo antral ou folículo De Graaf. A camada de células da granulosa que circunda imediatamente o oócito é chamada de cumulus ooforus. O FSH estimula o surgimento de receptores de LH nas células do cumulus ooforus, para que o folículo responda ao pico de LH que ocorre no meio do ciclo. O folículo está pronto para ovulação. Entre o quinto e o sétimo dia do ciclo menstrual ocorre a seleção do folículo dominante. Um folículo começa a crescer acima dos demais os outros folículos entram em atresia. O mecanismo pelo qual esse processo ocorre ainda não está bem estabelecido, mas acredita-se que o estrogênio do folículo em maior crescimento agem no hipotálamo inibindo um pouco a secreção de FSH, dessa forma, bloqueia o crescimento dos folículos menos desenvolvidos. O processo de atresia é importante para que, em cada ciclo, um único folículo cresça o suficiente para ovular. Além disso, a ação do LH sob os folículos em atresia eleva a produção de androgênio, isso estimula o desejo sexual feminino no período pré-ovulatório. As células da granulosa crescem e o folículo entra no estágio pré-ovulatório. Então, ele produz mais estrogênio, alcançando o pico 3 dias antes da ovulação. Um dia depois, ocorre o pico do LH, que permite a luteinuzação das células da granulosa, isso leva a maior produção de progesterona, cerca de 12 horas antes da ovulação. A progesterona age na hipófise contribuindo para o pico de LH e FSH. Folículo Primordial Oócito circundado por uma única camada com uma ou mais células pavimentosas da granulosa Folículo Primário Oócito circundado por uma ou mais camadas de células cubóides da granulosa com junções comunicantes. Folículo secundário ou pré-antral Oócito desenvolvido circundado pela zona pelúcida, com 2 a 10 camadas de células da granulosa e camada tecal com pequenos vasos. Folículo terciário ou antral Folículo maduro, composto pelo antro e cumulus ooforus Folículo pré-ovulatório Folículo maduro, com crescimento superior. A ovulação ocorre no 14º dia de um ciclo de 28 dias. Um pouco antes da ovulação a parede externa do folículo forma um bico que rompe e libera o Ciclo 32 líquido folicular. Esse líquido contém o óvulo cercado por células da granulosa, a coroa radiada. A ovulação ocorre sempre 14 dias antes da menstruação e não no meio do ciclo. Dois dias antes da ovulação, ocorre uma aumento da secreção de LH pela hipófise, atingindo o pico cerca de 16 horas antes da ovulação. O LH aumenta rapidamente a secreção de esteróides pelos folículos. Duas horas depois a teca externa libera enzimas proteolíticas, principalmente colagenase, que enfraquece a parededo folículo e, há liberação de prostaglandinas que dilatam os vasinhos da parece folicular. Esses eventos permitem o rompimento do folículo. Simultaneamente ao pico de LH, há aumento da secreção de FSH pela hipófise, que também dilata o folículo. A fase lútea é fixa e dura 14 dias. Após a ovulação, as células da granulosa e da teca interna se enchem de capilares e se transformam em células luteínicas. Acumulam lipídios no citoplasma e produzem progesterona aceleradamente. Nesse momento, está formado o corpo lúteo. Aluteinização é dependente da secreção pulsátil do LH. O corpo lúteo dura 12 dias. Tem atividade máxima entre 7 e 8 dias quando atinge o tamanho de 1,5 cm e começam a regredir cerca de 3 a 4 dias antes da menstruação. Então, ele perde sua característica lipídica amarela e se torna o corpus albicans, que é absorvido por meses. O corpus albicans é a cicatriz de tecido fibroso que aparece em decorrência da degeneração do corpo lúteo. Os produtos produzidos pelo corpo lúteo são a progesterona e o estrogênio, principalmente a progesterona. O corpo lúteo tira da circulação o LDL para síntese de progesterona, por isso, durante essa fase, os níveis de LDL circulantes sofrem uma queda de até 25%. As células tecais produzem andrógenos que sofrem aromatização e se transformam em estrogênios. Principalmente o estrogênio, mas também a progesterona, têm efeito de feedback na hipófise anterior para diminuição da secreção de LH e FSH. As células luteínicas também secretam um hormônio chamado de inibina que também inibe a secreção de FSH e LH. A concentração reduzida desses hormônios possibilita a involução do corpo lúteo. Dois dias antes da menstruação, o corpo lúteo alcança sua involução final. Nesse momento, ocorre a parada brusca de secreção de estrogênio e inibina, assim a hipófise volta a secretar FSH e LH. Esses hormônios dão origem ao crescimento de novos folículos. Assim, se inicia um novo ciclo ovariano. Alguns autores consideram que a ciclo ovariano possui três fases. A fase folicular, a ovulação e a fase lútea. Ciclo Uterino Ciclo 33 O ciclo uterino ocorre devido às alterações sofridas pelo endométrio durante o ciclo ovulatório, como resposta a atividade das progestinas e dos estrogênios. O estrogênio prolifera células responsáveis pelo desenvolvimento das características sexuais femininas, enquanto que a progesterona prepara o útero para a gravidez e as mamas para lactação. O ciclo uterino também é divido em duas partes. A fase proliferativa ou estrogênica e a fase secretória ou progestacional. O marco de divisão, assim como no ciclo ovulatório, é a ovulação. Equivalência entre os ciclos: Ciclo Ovariano Ciclo Uterino Fase Folicular Fase Proliferativa Fase Lútea Fase Secretória Na fase proliferativa ou estrogênica tem-se a proliferação do endométrio. Ela ocorre do primeiro dia do ciclo menstrual até a ovulação, correspondendo à primeira fase do ciclo ovariano. Nesse momento, ocorre a proliferação progressiva de células epiteliais e do estroma endometrial, levando ao aumento da espessura do endométrio, pela estimulação do estrogênio. Na fase proliferativa, as glândulas endometriais que se encontravam estreitas e pequenas se alongam e assumem um formato mais curvado. O pico do estradiol ocorre entre os dias 8 e 10 do ciclo, nesse momento o endométrio se encontra com sua máxima capacidade glandular. O endométrio que inicialmente tinha 1 a 2 mm cresce e chega a 10mm na pré- ovulação. Depois da ovulação, cerca de 48 a 72 horas, ocorre a fase secretória ou progestacional. Ela ocorre após a ovulação, pela ação da progesterona. Nessa fase, o endométrio uterino está se preparando para receber um embrião, então há aumento de glicogênio e lipídios, aumento das glândulas endometriais e consequentemente da produção de muco e aumento do fluxo sanguíneo do endométrio, para melhor aporte de oxigênio e nutrientes. Vacúolos com glicogênio são formados pelas glândulas do endométrio, o glicogênio é secretado no endométrio e atinge sua capacidade máxima no sexto dia após a ovulação. Nesse tempo, o endométrio é capaz de receber um blastocisto para implantação. Quando não ocorre fecundação e consequentemente implantação uterina, a involução do corpo lúteo leva a redução de progesterona, isso faz com que as alterações endometriais ocorram. Inicia-se o processo de vasoconstricção pelo aumento de protaglandinas, principalmente PGF2alfa. Como as células estavam sendo irrigadas por vasos que agora estão constritos, ocorre atrofia e necrose celular da camada superficial do endométrio por falta de aporte de oxigênio. Assim, essas células começam a descamar. Para eliminar as células descamadas, o útero contrai. A descamação do endométrio é chamada de menstruação. O fluxo menstrual é cessado pela combinação da ação reparadora do estrogênio, estase vascular e colapso tecidual. Como a camada basal do endométrio não foi afetada durante a menstruação, ela pode iniciar a reparação da camada funcional. Ciclo 34 Interação Hormonal O hipotálamo recebe estímulo dos núcleos arqueados para secretar o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) de forma pulsátil, com pulsos que duram de 5 a 25 minutos em intervalos de 1 a 2 horas. Essa forma de liberação permite, por mecanismos ainda desconhecidos, a secreção de FSH e LH pela hipófise anterior. O LH também é liberado de forma pulsátil pela hipófise a cada 90 minutos. Se o GnRH fosse liberado de forma contínua, não haveria secreção suficiente das gonadotrofinas. O estrogênio age por feedback de forma a inibir a secreção de LH e FSH pela hipófise. A progesterona tem pouco efeito inibitório, porém quando associados, ela tem a capacidade de multiplicar o efeito inibidor do estrogênio. Outros hormônios também atuam na regulação da secreção de hormônios hipofisários. A inibina secretada pelas células da granulosa do corpo lúteo é capaz de diminuir a secreção de FSH e LH, principalmente FSH. Após a ovulação, o corpo lúteo secreta progesterona, estrogênio e inibina em altas quantidades. Esses hormônios têm fazem feedback negativo na hipófise anterior e no hipotálamo, diminuindo a secreção de FSH e LH, assim , 3 a 4 dias antes da menstruação, os hormônios hipofisários atigem seus níveis mais baixos. Com a involução do corpo lúteo, a secreção de progesterona, estrogênio e inibina cessa, assim o efeito de feedback negativo sobre a hipófise diminui. Então, cerca de 1 dia depois (durante a menstruação) a hipófise aumenta a liberação de FSH e alguns dias depois a de LH. Então, inicia-se a recrutação de novos folículos. Como na primeira fase do ciclo há grande circulação de estrogênio, o feedback negativo é mantido de forma menos intensa. Por motivos ainda não compreendidos, ocorre o pico pré-ovulatório de FSH e LH, supõe-se que o alto nível e estrogênio favoreça essa elevação pelo feedback positivo na hipófise anterior. O aumento de LH leva a ovulação e ao desenvolvimento do corpo lúteo, que levará a um novo ciclo. Climatério Dos aproximadamente sete milhões de folículos ovarianos presentes em um feto feminino, mais de 99% sofrem atrofia durante a vida. E é a menopausa a consequência deste processo, onde ocorre uma quase cessação completa da produção ovariana de estrógeno e progesterona, acompanhada de amenorreia(ausência da menstruação), a qual geralmente ocorre em torno de 51 anos de idade. Durante este período, muitas mulheres ovulam irregularmente, devido a um declínio do nível estrogênico, com consequente corpo lúteo insuficiente e déficit de progesterona ou resistência folicular ao estímulo ovulatório. Ciclo 35 O climatério é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o período de vida da mulher compreendido entre o final do período reprodutivo até a senilidade, considerado o período não reprodutivo. Apresenta duração variável, mas em geral, ocorre entre 40 a 65 anos. Dentro deste período de climatério ocorre a menopausa, que é um marco dessa fase e corresponde ao último ciclo menstrual espontâneoda mulher, reconhecida após 12 meses consecutivos de amenorreia. Se dá em média aos 51 anos de idade, sendo considerada como menopausa precoce quando se estabelece antes dos 40 anos de idade, e tardia após os 55 anos. Fisiopatologia Alterações do Eixo Hipotálamo-hipófise-ovários Durante a vida reprodutiva da mulher, o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) é liberado de forma pulsátil pelo hipotálamo e se liga aos seus receptores na hipófise para estimular a liberação cíclica das gonadotrofinas: LH e FSH. Essas gonadotrofinas, por sua vez, estimulam a produção de estrogênio e progesterona, e também do peptídeo hormonal inibina. Durante o ciclo reprodutivo da mulher, o estrogênio e a progesterona exercem feedback positivo e negativo sobre a produção das gonadotrofinas hipofisárias e sobre a amplitude e a frequência da liberação de GnRH. Já a inibina exerce uma importante influência no feedback negativo sobre a secreção de FSH pela adeno-hipófise. Esse sistema endócrino rigorosamente regulado produz ciclos menstruais ovulatórios regulares e previsíveis, como descrito abaixo: Ciclo 36 Durante a vida produtiva da mulher, o eixo hipotálamo-hipofisário sofre alterações no metabolismo dopaminérgico e diminuição dos receptores estrogênicos. No final da transição menopáusica, a mulher passa a apresentar redução da foliculogênese e maior incidência de ciclos anovulatórios. Ciclo 37 Além disso, nesse período, os folículos ovarianos sofrem uma taxa acelerada de perda até que, finalmente, ocorre um esgotamento no suprimento de folículos, reduzindo ainda mais a secreção de inibina. Com a insuficiência ovariana na menopausa, a liberação de estrogênio cessa, ativando o feedback negativo. Como consequência, o GnRH é liberado com frequência e amplitude máximas, sendo assim, os níveis circulantes de FSH e LH aumentam e se tornam quatro vezes maiores que no ciclo reprodutivo. Perda dos folículos ovarianos Redução da inibina Redução de estrógeno Aumento de GnRH, FH e FSH Atresia folicular Alterações ovarianas A senescência ovariana é um processo que se inicia efetivamente na vida intrauterina, no interior do ovário embrionário, em razão da atresia de oócitos programada. A partir do nascimento, os folículos primordiais são ativados continuamente, amadurecem parcialmente e, em seguida, regridem. Essa ativação folicular prossegue em um padrão constante, independente de estimulação hipofisária. Uma depleção mais rápida dos folículos ovarianos se inicia no final da quarta e início da quinta décadas de vida e se mantém até o momento em que o ovário menopáusico é praticamente destituído de folículos. Em média, uma mulher pode ter aproximadamente 400 eventos ovulatórios durante sua vida reprodutiva. Isso representa um percentual muito pequeno quando comparado aos 6 a 7 milhões de oócitos presentes na 20ª semana de gestação, ou mesmo dos 400.000 oócitos presentes no nascimento. O processo de atresia dos folículos não dominantes é o principal evento que leva, finalmente, à perda da atividade ovariana e à menopausa. É no período do climatério que se verifica redução progressiva importante das dimensões dos ovários. Mulheres após a menopausa apresentam menor volume ovariano que na pré-menopausa, sugerindo que a alteração volumétrica seja principalmente relacionada com a redução da capacidade funcional. Ciclo 38 Alterações nos esteroides Suprarrenais O sulfato de desidroepiandrosterona (SDHEA) é produzido quase exclusivamente pela suprarrenal. Com o avanço da idade, observa-se declínio na produção suprarrenal de SDHEA. Outros hormônios suprarrenais também são reduzidos com a idade. A androstenediona atinge seu ponto máximo entre 20 e 30 anos de idade, e caindo para 62% em relação a esse nível em mulheres com idade entre 50 e 60 anos. A pregnenolona diminui em 45% entre a vida reprodutiva e a menopausa. Os ovários contribuem para a produção desses hormônios durante os anos reprodutivos, porém, após a menopausa, somente a glândula suprarrenal mantém essa síntese hormonal. Alterações no nível de Globulina de Ligação ao Hormônio sexual Os principais esteroides sexuais, estradiol e testosterona, circulam no sangue ligados a um transportador de glicoproteínas produzido no fígado, conhecido como globulina de ligação ao hormônio sexual (SHBG). A produção de SHBG declina após a menopausa, o que pode aumentar os níveis de estrogênio e testosterona livres ou não ligados. Alterações Endometriais As alterações microscópicas que ocorrem no endométrio refletem diretamente o nível sistêmico de estrogênio e de progesterona e, consequentemente, podem ser muito diferentes dependendo da fase da transição menopáusica. Durante a fase inicial da transição menopáusica, o endométrio reflete ciclos ovulatórios que prevalecem nesse período. Durante o estágio final da transição menopáusica, a anovulação é muito comum, e o endométrio refletirá o efeito do estrogênio atuando sem oposição à progesterona. Portanto, alterações proliferativas ou alterações proliferativas desordenadas são achados frequentes no exame patológico de amostras de biópsia endometrial. Com a menopausa, o endométrio se torna atrófico em razão da ausência de estimulação estrogênica. Fatores Influenciadores A idade da ocorrência da menopausa parece geneticamente programada para cada mulher, através do número de folículos ovarianos, mas inúmeras condições podem influenciar no envelhecimento ovariano, como: Fatores socioeconômicos: Mulheres que têm longas jornadas de trabalho e exercem atividades estressantes têm mais chances de entrar na menopausa mais cedo; Paridade: Mulheres nulíparas têm menopausa mais precocemente, enquanto o aumento da paridade correlaciona-se à menopausa mais tardia devido a diminuição do número de ciclos menstruais ovulatórios; Ciclo 39 Tabagismo: nesse caso, a idade da instalação da menopausa é antecipada de 12 a 18 meses. Essa antecipação em fumantes tem sido explicada pela deficiência estrogênica causada diretamente pelo tabaco, podendo não só antecipar o aparecimento de sintomas da menopausa, mas também das doenças estrógeno-relacionadas, como a osteoporose e doenças cardiovasculares; Altitude: Mulheres que vivem em países de altitudes maiores podem apresentar a menopausa em idade mais precoce; Nutrição: Deficiência nutricional e baixo peso levam à ocorrência precoce da idade da menopausa; Fatores Cirúrgicos e Medicamentosos: quimioterapia, radioterapia pélvica, cirurgias ovarianas e histerectomia também podem resultar em antecipação da menopausa. Sintomas do Climatério Embora o climatério e a menopausa sejam eventos fisiológicos na biologia da mulher, o aparecimento ou não de sintomas dependerá não somente de variações hormonais próprias desse período, mas também de fatores socioeconômicos. No período do climatério ocorrem alterações na fisiologia da mulher, caracterizadas por alterações hormonais, modificações funcionais, como disfunções menstruais e sintomas vasomotores, modificações morfológicas, como atrofia mamária e urogenital, alterações da pele e mucosas, além de alterações em sistemas hormônio-dependentes, como o cardiovascular e esquelético. Tais mudanças repercutem na saúde geral da mulher, podendo alterar sua autoestima e qualidade de vida, e também na longevidade. Manifestações Menstruais No período da perimenopausa o intervalo entre as menstruações pode diminuir devido ao rápido amadurecimento dos folículos, o que ocorre pelos elevados níveis de gonadotrofinas ou os intervalos menstruais podem estar aumentados pela persistência dos níveis de estrógeno e ausência de progesterona. Quando ocorre a menstruação, como o endométrio está hiperplasiado por essas alterações hormonais, o sangramento pode ser abundante e com maior duração. A anovulação é a causa mais comum de sangramentos erráticos durante a transição, no entanto é importante considerar outras causas como hiperplasia e carcinoma endometrial, neoplasias sensíveis ao estrogênio, como póliposendometriais e leiomiomas uterinos, e episódios relacionados com gravidez. Manifestações Neurogênicas/Vasomotoras As manifestações neurogênicas compreendem os sintomas mais comuns da síndrome do climatério: ondas de calor, conhecidas como fogachos, sudorese, calafrios, palpitações, cefaleia, tonturas, parestesia, insônia, perda da memória e fadiga. O fogacho é o segundo sintoma mais frequente na perimenopausa, sendo experimentado por cerca de 80% das mulheres. A sua frequência não segue um padrão, podendo ser diário, semanal ou mensal. Cessa, na maioria das vezes, sem que qualquer tratamento seja feito, entretanto, algumas mulheres irão experimentar estes desconfortos por vários anos após a menopausa. A patogênese dos fogachos não é conhecida, mas é aparentemente originária no hipotálamo e pode estar relacionada com a queda estrogênica, levando à formação diminuída de catecolestrógenos no cérebro. Outra hipótese é que a diminuição nos níveis estrogênicos levaria à queda nas concentrações dos receptores de β-endorfinas, resultando na perda da inibição da atividade noradrenérgica e, consequentemente, estimulação dos neurônios produtores de GnRH. A maioria das mulheres que experimenta os fogachos descreve sensações de ondas de calor que ocorrem no tórax, pescoço e face, esse desconforto dispara a resposta termorreguladora normal para o calor, incluindo sudorese e vasodilatação cutânea, o que leva à ruborização da pele. Ciclo 40 Os fogachos se caracterizam por aumento na pressão arterial sistólica tanto na vigília quanto durante o sono. Além disso, a frequência cardíaca aumenta entre 7 e 17 batimentos por minuto, aproximadamente no mesmo período em que ocorrem vasodilatação periférica e sudorese. Sua duração é variável e ocorre principalmente à noite, atrapalhando o sono e apresentando um efeito dominó sobre o humor, podendo surgir irritação, insônia e depressão. Manifestações Psicogênicas As limitações impostas e a insegurança proveniente do quadro clínico exacerbado, em decorrência de forte deficiência estrogênica, possam influir desfavoravelmente no estado emocional da mulher e interferir no relacionamento familiar, na adaptação sexual e na integração social. Alguns sintomas psíquicos atribuídos a essa fase são: diminuição da autoestima, irritabilidade, labilidade afetiva, sintomas depressivos, dificuldade de concentração e memória, dificuldades sexuais e insônia. Manifestações no Metabolismo Ósseo Sabe-se que a idade está associada com progressiva rarefação do esqueleto, dessa forma, a perda óssea e as fraturas osteoporóticas são bastante comuns nas mulheres na menopausa. Essa situação acontece devido à queda de estrogênio que diminui a atividade dos osteoblastos e aumenta a atividade dos osteoclastos. Assim, não se forma osso e, o que é mais importante, há reabsorção; a matriz óssea se desfaz e libera cálcio, ocorrendo alta remodelação óssea e instalando-se progressivamente a osteopenia e a osteoporose. Manifestações no Metabolismo Lipídico Os esteroides sexuais podem influenciar o metabolismo lipídico e induzir alterações nas apolipoproteínas que constituem a parte proteica do sistema de transporte dos lipídeos. Tanto a apolipoproteína A (apo-A) como a apolipoproteína B (apo-B) mostram aumento significativo como resultado do decréscimo dos estrógenos sanguíneos. Antes da menopausa, os níveis de LDL são menores e os de HDL são maiores nas mulheres se comparados com homens da mesma idade. Após a menopausa, os níveis de LDL aumentam, com tendência para partículas menores, mais densas e potencialmente mais aterogênicas, enquanto os níveis de HDL diminuem. A deficiência estrogênica da pós-menopausa é considerada como fator relevante na etiopatogenia da doença cardiovascular e das doenças cerebrovasculares isquêmicas. Manifestações Urogenitais Ciclo 41 Devido à origem embriológica comum, tanto a bexiga quanto a uretra e órgãos genitais têm respostas semelhantes às mudanças hormonais, especialmente ao estrógeno. Sendo assim, a deficiência estrogênica ocasiona atrofia epitelial de tais órgãos e dos tecidos de sustentação, manifestando-se com prolapsos genitais, sintomas vaginais como ressecamento, sangramento e dispareunia, e sintomas uretrais como disúria, frequência e urgência miccional. Manifestações Tegumentares No climatério ocorrem alterações em todas as camadas da pele, que variam com a vulnerabilidade individual, determinada geneticamente, e a influência de agentes externos e internos, que agem sobre ela durante a vida. O hipoestrogenismo atua diminuindo a produção de colágeno pela alteração da polimerização dos mucopolissacarídeos. Consequentemente a derme diminui a síntese de ácido hialurônico resultando na diminuição do conteúdo de água. Com o avançar da idade, a pele perde a elasticidade, os músculos enfraquecem e ficam frouxos, o coxim subcutâneo dissolve-se e a pele mais afinada perde o apoio, permitindo o aparecimento das rugas. Dada à redução no número de melanócitos, podem aparecer manchas hipocrômicas ou formação de sardas e melanose nas áreas expostas ao sol, devido à hiperplasia de melanócitos da junção dermoepidérmica. Outras alterações À medida que as mulheres evoluem para a menopausa, elas experimentam mudanças na função sexual que são multifatoriais e compreendem domínios biológicos, psicológicos e sociais. Os sintomas climatéricos, principalmente os fogachos e a dispareunia são fatores associados à disfunção sexual. A histologia das mamas após a menopausa é de progressiva involução de todos os tecidos componentes da glândula, exceto o adiposo, ficando mais pesadas, flácidas e pêndulas. Referências 1. Livro de Ginecologia de Williams - 2ª edição 2. Manual de Orientação em Climatério - FEBRASGO 3. Fisiologia - Guyton, 12ª edição 4. Fisiologia - Berne e Levy, 6ª edição 5. Gartner - Tratado de Histologia em cores, 3ª edição 6. Moore - Anatomia, 7ª edição 7. Netter - Anatomia, 6ª edição Sangramento Uterino Anormal https://www.notion.so/Sangramento-Uterino-Anormal-24bae2170f5b48a09f3dfc5136a53741