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1 Júlia Morbeck – @med.morbeck Objetivos 1- Debater sobre a epidemiologia, etiologia, fatores de risco, fisiopatologia, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento das lesões benignas e malignas da pele. Lesões benignas e malignas da pele A pele é o maior órgão do corpo humano, sendo constituída por um epitélio pavimentoso estratificado queratinizado, que tem múltiplas funções como a proteção e o contato entre o meio interno e externo, a regulação térmica e hídrica (Hospital de Câncer de Barretos, 2019). Pela sua composição como barreira com contato direto com o meio externo, é alvo constante de agressões físicas, incluindo a radiação solar ultravioleta, a qual conforme o tempo e a intensidade, pode comprometer a viabilidade celular e induzir modificações genéticas que propiciam o desenvolvimento de neoplasias cutâneas (Hospital de Câncer de Barretos, 2019). EPIDEMIOLOGIA ↠ A incidência de tumores cutâneos malignos é muito alta no Brasil e no mundo. O câncer de pele é a neoplasia maligna mais comum. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) registra, a cada ano, cerca de 180 mil novos casos e o câncer da pele responde por 30% de todos os cânceres diagnosticados no Brasil (Hospital de Câncer de Barretos, 2019). ↠ Por se tratar de um câncer externo e detectável a olho nu desde seus estádios iniciais, a educação do profissional de saúde para o diagnóstico de possíveis lesões neoplásicas é essencial para o sucesso terapêutico e parte importante nas políticas de educação em saúde (Hospital de Câncer de Barretos, 2019). ↠ Os cânceres de pele tipo melanoma e não melanoma (carcinoma espinocelular e carcinoma basocelular) são as neoplasias de maior incidência em várias partes do mundo. No Brasil, 1 em cada 4 cânceres diagnosticado é um câncer de pele (BONALUMI, 2017). ↠ No Brasil o tumor cutâneo maligno mais comum é o Carcinoma Basocelular (CBC), com prevalência de 70% dentre os casos diagnosticados de câncer de pele. Em segundo lugar, o Carcinoma Espinocelular (CEC) possui uma prevalência de 25%. O melanoma representa cerca de 4% dos cânceres de pele e apenas 1% representa os demais tumores cutâneos malignos. Apesar da baixa prevalência representa mais de 80% dos óbitos por câncer de pele (Hospital de Câncer de Barretos, 2019). ETIOLOGIA/FATORES DE RISCO A pele fornece proteção contra a radiação solar, através de alguns dos seus componentes, como: pelos, melanina e células de defesa (SANARFLIX). De acordo com a sua sensibilidade e sua resposta quando exposta à radiação solar, a pele pode ser classificada em 6 fototipos de Fitzpatrick: (SANARFLIX). • Fototipo I: Pele branca que sempre queima, nunca bronzeia e é muito sensível ao sol; • Fototipo II: Pele branca que sempre queima, bronzeia muito pouco e é sensível ao sol; • Fototipo III: Pele morena clara que queima moderadamente, bronzeia moderadamente e possui sensibilidade normal ao sol; • Fototipo IV: Pele morena moderada que queima pouco, sempre bronzeia e possui sensibilidade normal ao sol; • Fototipo V: Pele morena escura que queima raramente, sempre bronzeia e é pouco sensível ao sol; • Fototipo VI: Pele negra que nunca queima e nunca bronzeia, porque é totalmente pigmentada e é insensível ao sol. ↠ Existem evidências de que os cânceres de pele são causados pela exposição solar, que é o principal fator de risco, embora outros fatores sejam descritos, como tabagismo, alcoolismo, exposição ao arsênico, radiação ionizante e processos dermatológicos irritativos crônicos (BONALUMI, 2017). OBS.: A radiação UVA penetra até a derme e é constante durante o dia, sendo responsável pelas lesões de foto-envelhecimento. Já a radiação UVB é aquela presente principalmente nos horários de 10 às 16 horas, que acomete as camadas mais superficiais da pele e causa as queimaduras solares (SANARFLIX). Na verdade, UVB pode danificar o DNA dos melanócitos, causando centenas de mutações, inclusive em genes que controlam a progressão do ciclo celular e vias de transdução de sinal (por exemplo, P53, ARN, BRAF e PTEN), reparo de DNA e capacidade de invasão (ou seja, os genes que regulam a adesão, migração e angiogênese) (BONALUMI, 2017). No entanto, a radiação UVB também pode enfraquecer tanto o sistema imunológico inato quanto o adaptativo, promovendo a liberação do imunossupressor IL-10 pelas células de Langerhans e/ou ao favorecer da infiltração de Interferon-γ (IFN-γ), que produzem macrófagos dotados de atividades imunossupressoras e pró- angiogênicas. Essas alterações iniciais, que ocorrem no microambiente do melanoma, resultam em reconhecimento reduzido de melanócitos transformados pelo sistema imunológico e na estimulação do seu crescimento. Isso poderá permitir que as células precursoras de APG 27 2 Júlia Morbeck – @med.morbeck melanoma cresçam horizontalmente, invadindo, assim, as camadas epidérmicas, apesar da potencial expressão de TAAs gerados pelos raios UV. Além disso, as células precursoras de melanoma podem ser detectadas como uma população pequena, recém-formada de melanócitos normais ou pseudonormais, que devem expandir-se para exercer a sua função fisiológica como barreira anti-UV. Assim, é possível que as células do estroma (por exemplo, queratinócitos, células endoteliais e/ou fibroblastos) possam enviar um sinal proliferativo, mediado por citocinas, a melanócitos que imitam as células normais, os quais deverão se replicar (BONALUMI, 2017). DERMATOSES PRÉ-CANCEROSAS: aquelas que, adquiridas ou genéticas, com frequência acima da casualidade, podem evoluir para um verdadeiro câncer cutâneo; além do aspecto estatístico (acima de 10 a 20% de transformação), vale salientar, em muitos casos, a presença, ab initio, de alterações histopatológicas de aspecto anaplásico (AZULAY, 2017). • CERATOSE ACTÍNICA: É conhecida também com o nome de ceratose senil, por aparecer na idade avançada; não é sinal de velhice e, sim, manifestação de irradiação solar cumulativa, progressiva, persistente e duradoura; daí a sua localização preferencial nas áreas expostas, em especial a calva. É, em geral, múltipla e caracteriza-se por pequenas lesões (alguns milímetros a centímetros de diâmetro) discretamente salientes, de coloração acastanhada, com superfície rugosa; às vezes, o aspecto é de lesão atrófica e eritematosa com descamação. A remoção mecânica das lâminas córneas (que, em geral, são aderentes) provoca, em alguns casos, a saída de uma gota de sangue, o que é indício, eventualmente, de uma possível transformação. Ressalta-se que os carcinomas espinocelulares advindos de ceratoses actínicas apresentam baixíssima capacidade metastática (AZULAY, 2017). • ÚLCERAS CRÔNICAS E CICATRIZES: Qualquer que seja a sua natureza (leishmaniose, queimadura, lúpus eritematoso, tuberculose luposa, úlcera angiodérmica), úlceras e cicatrizes antigas podem, eventualmente, sofrer transformação para o CEC, o que constitui a chamada úlcera de Marjolin (AZULAY, 2017). • CORNO CUTÂNEO: Lesão com aspecto de chifre que corresponde ao acúmulo de material queratinizado. Abaixo dele pode haver lesões malignas ou benignas, mas como não é possível diferenciá-las, deve ser feita a excisão (SANARFLIX). SUSCETIBILIDADE GENÉTICA Uma das principais evidências de que o câncer é uma doença do nosso DNA, demonstra-se pelo fato de haver síndromes hereditárias de predisposição ao câncer, em que vários membros de uma família são acometidos pela doença. São tumores hereditários, cuja alteração genética é herdada desde a concepção, portanto, presente em todas as células do indivíduo. Por isso, ele está suscetível a desenvolver câncer, às vezes, vários tumores primários, geralmente em uma idade mais jovem do que na população geral (BONALUMI, 2017). Em relação ao câncer de pele, esse componente hereditário é bem menor, embora exista. Porexemplo, se alguém tem um parente de primeiro grau com melanoma, tem cerca de o dobro da chance da população geral de desenvolver o tumor. Por isso, é de extrema importância o conhecimento do histórico familiar de qualquer paciente com câncer, mesmo o câncer de pele, sobretudo se antes da senilidade (BONALUMI, 2017). A suscetibilidade genética ao câncer de pele envolve, basicamente, três grupos de doenças: 3 Júlia Morbeck – @med.morbeck • Doenças genéticas associadas a um câncer de pele específico e cujas lesões pré-malignas são confinadas à pele (por exemplo, síndrome de Muir-Torre). • Doenças genéticas que: Predispõem ao câncer de pele e outras neoplasias (por exemplo, xeroderma pigmentoso); Predispõem a diversas neoplasias com estigmas cutâneos (por exemplo, neurofibromatose tipo I) • Genodermatoses cujo componente inflamatório predispõe ao câncer de pele (por exemplo, epidermólise bolhosa). lesões benignas da pele As três estruturas epiteliais da pele (epiderme, folículo pilossebáceo e glândula sudorípara) podem originar neoplasias benignas e malignas (AZULAY, 2017). ↠ As neoplasias anexiais benignas, quando múltiplas, são de transmissão autossômica dominante; podem fazer parte de diversas síndromes e, inclusive, o seu reconhecimento, permite o diagnóstico de algumas delas. Raramente são malignas (AZULAY, 2017). NEVOS MELANOCÍTICOS ADQUIRIDOS ↠ Os NMs, comumente designados como sinais, consistem em máculas, pápulas ou nódulos pigmentados adquiridos, circunscritos, pequenos (< 1 cm) e muito comuns (WOLFF, 2019). ↠ São compostos por grupos de células névicas melanocíticas localizadas na epiderme, na derme e, raramente, no tecido subcutâneo (WOLFF, 2019). ↠ Trata‐se de tumores adquiridos benignos, que surgem como grupos de células névicas na junção dermoepidérmica (NMs juncionais), invadindo a derme papilar (NMs compostos) e completando o seu ciclo de vida como NMs dérmicos, nos quais as células névicas localizam‐se exclusivamente na derme, onde, com o envelhecimento progressivo, sofrem fibrose (WOLFF, 2019). 4 Júlia Morbeck – @med.morbeck OBS.: Trata-se de uma das neoplasias adquiridas mais comuns em indivíduos brancos (a maioria dos adultos tem cerca de 20 nevos), menos frequentes em negros ou em indivíduos de pele mais pigmentada; algumas vezes, ausentes em pessoas com cabelos ruivos e sardas acentuadas (fototipo cutâneo I) (WOLFF, 2019). NERVO EPIDÉRMICO E VERRUCOSO ↠ O conceito de nevo epidérmico é que se trata de uma proliferação hamartomatosa originária do ectoderma embrionário, caracterizada por hiperplasia de estruturas epidérmicas como queratinócitos, glândulas sudoríparas écrinas, apócrinas, sebáceas ou folículo piloso. Fazem parte deste conceito as seguintes entidades: nevo epidérmico verrucoso, nevo sebáceo de Jadassohn, nevo comedônico, nevo écrino, nevo apócrino, nevo de Becker e nevo espongiforme branco (AZULAY, 2017). ↠ Clinicamente, o nevo verrucoso é representado por lesões verrucosas cor da pele ou castanho-escuras. Em geral, a lesão é única e pequena, com disposição linear, mais frequentemente unilateral, com ou sem interrupção da linearidade. Trata-se de uma hiperplasia epidérmica papilomatosa (acantose) acompanhada de hiperceratose e hipergranulose (AZULAY, 2017). OBS.: Quando o processo é mais extenso, podendo envolver até mesmo um membro em toda a sua extensão, recebe o nome de nevo verrucoso unilateral; mais raramente, podem ocorrer lesões múltiplas em um mesmo dimídio (AZULAY, 2017). ↠ Uma variedade é conhecida pelo acrônimo NEVIL (nevo epidérmico verrucoso inflamatório linear), que, na maioria das vezes, aparece nos primeiros anos de vida, tendo como característica principal exacerbações inflamatórias periódicas com prurido; em geral, acomete o sexo feminino (4:1) (AZULAY, 2017). IMPORTANTE: Transformações para carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular têm sido observadas. O tratamento é feito por eletrocoagulação, crioterapia, nitrogênio líquido, ácido retinoico local ou cirurgia, com recidivas frequentes (AZULAY, 2017). CERATOSE SEBORREICA ↠ Caracteriza-se por lesões verrucosas de tamanhos variados (alguns milímetros a poucos centímetros), às vezes únicas, no entanto, em geral múltiplas, localizadas preferencialmente no tronco e na face (AZULAY, 2017). ↠ As lesões são bem demarcadas, acastanhadas, de superfície áspera, friáveis e, ao remover a parte superficial, que é untuosa, há exposição de uma superfície irregular velvética; quando bem desenvolvidas, lembram uma couve-flor, raramente são pedunculadas e podem estar inflamadas (AZULAY, 2017). ↠ Surgem em torno da 4ª década; não há predileção por sexo e são raras nos negros. É um tumor nevoide, de provável herança autossômica dominante (AZULAY, 2017). ↠ A patologia revela uma hiperplasia epidérmica com 6 tipos histopatológicos: ceratótico, acantótico, adenoide ou reticulado, irritado, clonal e melanoacantoma. Acredita-se que a origem da ceratose seborreica seja a partir do lentigo (AZULAY, 2017). ↠ O aparecimento súbito, eruptivo de inúmeras lesões, pode ser indicativo de neoplasia maligna – é o denominado sinal de Leser-Trélat (AZULAY, 2017). 5 Júlia Morbeck – @med.morbeck HEMANGIOMA DA INFÂNCIA (TUMOR VASCULAR) ↠ Trata-se do tumor mais comum da infância. A incidência em recém-nascidos é de 1 a 2,5%; em crianças caucasoides em torno de 1 ano de idade, alcança 10%. A razão entre sexo feminino e sexo masculino é de 3:1. (WOLFF, 2019). ↠ É um processo proliferativo localizado do mesênquima angioblástico. Resulta de uma expansão clonal de células endoteliais em consequência de mutações somáticas dos genes que regulam a proliferação dessas células (WOLFF, 2019). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: A fase proliferativa inicial dura de 3 a 9 meses. Em geral, os HIs crescem rapidamente durante o primeiro ano. Na fase subsequente, de involução, o HI regride gradualmente no decorrer de 2 a 6 anos. A involução é habitualmente concluída aos 10 anos de idade e varia muito entre os indivíduos. Não se correlaciona com o tamanho, a localização ou o aparecimento da lesão (WOLFF, 2019). ↠ As lesões cutâneas são macias, compressíveis e de cor vermelho-brilhante a púrpura-escura. Com o início da regressão espontânea, surge uma área branco- acinzentada na superfície da parte central da lesão. Pode ocorrer ulceração (WOLFF, 2019). DIAGNÓSTICO: É realizado com base nas manifestações clínicas e na RM; Doppler e arteriografia para se demonstrar a existência de fluxo rápido. Deve-se determinar a imunorreatividade à GLUT-1 para se descartar a possibilidade de malformação vascular (WOLFF, 2019). LIPOMA ↠ Os lipomas são tumores subcutâneos benignos, isolados ou múltiplos, que são facilmente reconhecidos, visto que são macios, arredondados ou lobulados e móveis sob a pele que os recobre (WOLFF, 2019). ↠ Muitos lipomas são pequenos, mas também podem crescer e alcançar mais de 6 cm (WOLFF, 2019). ↠ Ocorrem principalmente na região cervical, no tronco e nos membros, mas podem ser observados em qualquer parte do corpo (WOLFF, 2019). ↠ Os lipomas são constituídos de células adiposas com a mesma morfologia dos adipócitos normais dentro de estrutura de tecido conectivo. Os angiolipomas apresentam um componente vascular e podem ser dolorosas em temperaturas ambientais frias e à compressão (WOLFF, 2019). ↠ Com frequência, os angiolipomas exigem excisão, enquanto outros lipomas só devem ser excisados quando causarem desfiguração estética. A lipoaspiração também pode ser realizada quando os lipomas forem macios e, portanto, possuírem um componente menor de tecido conectivo (WOLFF, 2019). ↠ A síndrome dos lipomas familiares, um traço autossômico dominante que surge no início da vida adulta, consiste emcentenas de lesões indolores de crescimento lento (WOLFF, 2019). ↠ A lipomatose simétrica benigna, que acomete homens de meia‐idade, consiste em numerosos lipomas grandes, coalescentes, mal circunscritos e indolores, localizados principalmente no tronco e nos membros superiores; na 6 Júlia Morbeck – @med.morbeck região cervical, eles coalescem, podendo produzir um aspecto de “arreio de cavalo” (WOLFF, 2019). Lesões malignas da pele ↠ Os Tumores de pele não melanoma (carcinoma espinoeclular-CEC e carcinoma basocelular-CBC) são as neoplasias malignas mais frequentemente encontradas no nosso país, respondendo por 25% dos casos de câncer (CONTO et. al., 2018). TUMORES DE PELE NÃO MELANOMA CARCINOMA ESPINOCELULAR OU EPIDERMÓIDE ↠ O Carcinoma de Células Escamosas Primário, Carcinoma Espinocelular ou Epidermóide (CEC) é uma neoplasia maligna das células queratinizantes da epiderme e é o segundo tumor de pele mais comum, com prevalência de 20% dentre as malignidades cutâneas (Hospital de Câncer de Barretos, 2019). OBS.: Derivado dos queratinócitos suprabasais (camada espinhosa) (CONTO et. al., 2018). ↠ Nos carcinomas espinocelulares o risco de metástase (locoregional ou à distância) apesar de incomum é maior que nos tumores basocelulares (CBC), e ocorrem principalmente naqueles localmente avançados, com grande extensão ou infiltração do tecido osteomuscular e em pacientes idosos ou imunocompromentidos. As áreas de maior acometimento é a pele exposta, principalmente extremidades e face (Hospital de Câncer de Barretos, 2019). FATORES DE RISCO ↠ Assim como os CBCs, os tumores escamosos têm como principal fator de risco a exposição crônica à luz ultravioleta e podem surgir de lesões consideradas pré- malignas, como as queratoses actínicas e a doença de Bowen (um tipo de CEC in situ) e de áreas com doenças inflamatórias crônicas (Hospital de Câncer de Barretos, 2019). ↠ Ocorre geralmente na população acima de 40 anos de idade, com predomínio duas vezes maior nos homens de pele clara. Também é associado a condições como infeccção por HPV 16 e 18, imunodepressão e albinismo. O tabagismo é fator de risco conhecido para o desenvolvimento de carcinomas epidermóides da região oral (CONTO et. al., 2018). A substituição de uma citosina por uma timina, chamada de transição C para T em locais de dinucleotídeos pirimidínicos, foi a alteração mais comum (mais de 85%), consistente com o dano por radiação UV. Estudos prévios sugeriam que o gene TP53 estivesse mutado em 50%-90% dos CECs de pele. O estudo de Durinck et al. (2011) identificou mutações no TP53 em 7 dos 8 CECs, além de mutações conhecidas nos genes CDKN2A, H-RAS, inclusive mutações em genes não descritos previamente no CEC de pele, como os da família NOTCH (BONALUMI, 2017). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ↠ Clinicamente manifesta-se como uma placa eritematosa ceratótica e áspera ou como um nódulo ou pápula avermelhada que pode se infiltrar e ulcerar, dependendo do tempo de evolução. Como o crescimento costuma ser rápido, pode atingir grandes dimensões (CONTO et. al., 2018). ↠ Quando há alto grau de proliferação celular pode apresentar-se como um corno cutâneo. Ocorre em áreas cronicamente expostas ao sol como lábios, pavilhão auricular, face e mãos (CONTO et. al., 2018). O carcinoma verrucoso é uma variante do CEC de crescimento mais lento, exofítico, lembrando o aspecto de uma couve-flor. Desenvolve- se em mucosas oral e genital preferencialmente, podendo ser confundida com verrugas virais. Outros locais acometidos são as plantas dos pés, tronco e extremidades (CONTO et. al., 2018). ↠ Carcinoma in situ ou doença de Bowen corresponde a forma mais inicial da doença, em que ainda não houve invasão da derme. Nesta fase é imprescindível a avaliação dermatoscópica para que se evite sua progressão. Pode ser vista uma placa eritematosa e descamativa com limites bem definidos, contendo vasos puntiformes regulares ou um enovelado de pequenos vasos semelhante a um glomérulo renal. Também pode haver a presença de pigmentação cinza ou acastanhada homogênea (CONTO et. al., 2018). ↠ As metástases acontecem em 0,5-6% dos casos, podendo aumentar para 12% quando a lesão se situa no lábio e para até 40% quando se trata de um carcinoma sobre alguma cicatriz. Geralmente ocorrem em linfonodos regionais. Lesões que invadem estruturas profundas ou nervos também têm maior chance de disseminação (CONTO et. al., 2018). 7 Júlia Morbeck – @med.morbeck DIAGNÓSTICO ↠ O diagnóstico baseia-se, em primeiro lugar, na suspeita clínica de que uma lesão possa ser um carcinoma epidermóide. Áreas de feridas crônicas, friáveis e com dificuldade de cicatrização devem ser sempre biopsiadas (CONTO et. al., 2018). TRATAMENTO ↠ O tratamento pode ser efetivamente realizado com criocirurgia, excisão cirúrgica convencional ou até radioterapia, quando a lesão ocorre em áreas de difícil acesso cirúrgico, é recidivante ou como adjuvante nos casos metastáticos (CONTO et. al., 2018). CARCINOMA BASOCELULAR ↠ O carcinoma de células basais (CBC), também chamado de Carcinoma Basocelular ou Epitelioma Basocelular é a neoplasia epitelial maligna da pele mais comum em humanos e mais comumente se origina em áreas de exposição solar crônica (Hospital de Câncer de Barretos, 2019). ↠ O Tumor basocelular incide com mais frequência nos idosos, com média de diagnóstico aos 68 anos. A sua prevalência é dezenove vezes maior em populações caucasianas, já que a produção de melanina muito mais presente em peles escuras é um fator protetor (Hospital de Câncer de Barretos, 2019). ↠ É um tumor de crescimento lento, indolente e que raras vezes produz metástase. No entanto, se não tratado adequadamente, pode causar grande destruição tecidual local gerando morbidade e eventual mortalidade (Hospital de Câncer de Barretos, 2019). FATORES DE RISCO ↠ Além dos fatores de risco já citados para as neoplasias de pele, a presença de olhos claros, pele clara, cabelos ruivos e efélides estão associados ao seu desenvolvimento (CONTO et. al., 2018). O gene PTCH1 localiza-se no braço longo do cromossomo 9 e é o homólogo humano do gene patched (ptc) da mosca-da-fruta Drosophila. Ele participa da via de sinalização hedgehog, cujo papel é essencial no desenvolvimento embrionário e na regulação de células- tronco. No seu estado inativo, PTCH1 age cataliticamente ao reprimir sete proteínas transmembranares denominadas Smoothened (Smo), prevenindo, assim, a liberação do sinal downstream. A ligação do ligante de hedgehog ao PTCH1 libera a inibição de Smo, com a consequente ativação dos fatores de transcrição GLI1 e GLI2, genes de proliferação celular (cyclin D, cyclin E, myc), e reguladores de angiogênese. Assim, o equilíbrio entre a inibição por PTCH1 e a ativação por Smo é essencial para a regulação dos sinais da via hedgehog. Quando há mutações com perda de função de PTCH1 ou mutações com ganho de função de Smo, há desregulação da via que fica constitutivamente ativada, favorecendo a transformação maligna (BONALUMI, 2017). Até cerca de 30% dos CBCs esporádicos possuem mutações no PTCH1. A demonstração de perdas de ambos os alelos na região 9q22, tanto em CBCs esporádicos quanto em famílias com CBC, sugere que o gene PTCH1 seja um supressor tumoral (BONALUMI, 2017). OBS.: Não existem lesões precursoras claramente implicadas em seu surgimento. Apesar de sua histopatologia remeter as células da camada basal, existem evidencias de que esses tumores podem se originar de outras fontes, tais como as células da bainha radicular externa e infundibular do folículo piloso; células epiteliais primordiais germinativas; células epiteliais pluripotenciais da camada basal que persistem; da unidade pilosebácea e das células de outras estruturas anexas (Hospital de Câncerde Barretos, 2019). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ↠ Apresenta-se geralmente como uma pápula perolada e com telangectasias na região do terço superior da face. Cerca de 30% das lesões ocorrem no nariz (CONTO et. al., 2018). ↠ À dermatoscopia podem ser visualizadas áreas brancas ou estrias, translucência, vascularização proeminente situada paralelamente à epiderme e veias telangectásicas (CONTO et. al., 2018). ↠ No casos de CBCs pigmentados, além dos elementos citados também podem ser visualizados ilhas de pigmento de tamanho variados. Apesar de não específicos, estes achados associados ao exame clínico podem aumentar a acurácia diagnóstica dos CBCs (CONTO et. al., 2018). DIAGNÓSTICO ↠ A biópsia confirma o diagnóstico (CONTO et. al., 2018). TRATAMENTO ↠ O tratamento varia conforme a localização, o tamanho e a profundidade, sendo a criocirurgia, a exérese cirúrgica convencional e a cirurgia micrográfica de Mohs no caso 8 Júlia Morbeck – @med.morbeck de lesões maiores, as principais alternativas terapêuticas (CONTO et. al., 2018). MELANOMA ↠ O melanoma é uma neoplasia originada dos melanócitos. É um tumor agressivo e potencialmente letal. Pode se originar em pele sã ou em lesões precursoras como nevos melanocíticos congênitos e nevos atípicos (Hospital de Câncer de Barretos, 2019). ↠ Ocorre mais comumente entre os 40 e 60 anos de idade, podendo surgir em áreas expostas ou não expostas à exposição solar (Hospital de Câncer de Barretos, 2019). ↠ Possui alta letalidade, porém sua incidência é considerada baixa (CONTO et. al., 2018). EPIDEMIOLOGIA ↠ Ocorre em todas as raças, porém é raro em negros (nestes, a localização frequente é palmoplantar); nos caucasianos, os melanomas são tanto mais usuais quanto mais branca for a pele, mais claros os cabelos e olhos e maior a presença de efélides ou número de nevos, principalmente os atípicos; incidem com maior frequência em áreas mais próximas à região do Equador (guardadas, é claro, as noções anteriores), estando associados a história de queimadura solar, o que sugere uma ação etiológica solar, pelo menos na raça branca (AZULAY, 7ª ed.). ↠ No Brasil, a maior incidência ocorre em Santa Catarina, e no Rio Grande do Sul (8,2/100.000 entre os homens e 7,2/100.000 entre as mulheres), sendo o pico de ocorrência na 7ª década (AZULAY, 7ª ed.). FATORES DE RISCO ↠ A exposição solar da infância e a fotoexposição intermitente levando a queimadura são os fatores mais importantes para o desenvolvimento da lesão, ao contrário dos outros tumores -CEC e CBC- em que a exposição contínua sem queimadura (efeito cumulativo) é o principal fator de risco. História pessoal ou familiar de melanoma pode aumentar o risco em 5-9 vezes (CONTO et. al., 2018). ↠ Além disso, indivíduos de pele, olhos e cabelos claros continuam sendo o principal grupo populacional acometido, em comparação com a raça negra. A presença de melanina parece conferir proteção contra o desenvolvimento desta neoplasia, embora indivíduos da raça negra não estejam isentos deste risco (CONTO et. al., 2018). GENÉTICA (AZULAY, 7ª ed.). Acredita-se que a transformação maligna do melanócito ocorra por acúmulo sequencial de alterações genéticas e moleculares, algumas vezes induzidas pelo UV. Apesar de os mecanismos patogênicos envolvidos no desenvolvimento do melanoma ainda não serem completamente conhecidos, diversos genes e vias de sinalização já foram identificados como locais dessas alterações. De todas as alterações genéticas envolvidas na gênese do melanoma, as mais frequentes estão no locus CDKN2A e no RAS. O locus CDKN2A tem dois genes de supressão tumoral, o p16 e o p14ARF, além da proteína p53. Já a via RAS, talvez a mais importante, está intimamente ligada ao BRAF, que, por sua vez, participa na via de ativação da MAPK (proteinoquinase mitógeno-ativada). Esta é a proteinoquinase mais frequentemente mutada em neoplasias humanas, sendo detectada em até 66% dos melanomas. Quando ocorrem mutações no BRAF, principalmente por uma única substituição (V600E), a proteína passa a um estado permanentemente ativado, independente da estimulação pelo RAS e, dessa maneira, induz à proliferação celular e à oncogênese, como também à perda de controle da apoptose. A maioria (97,3%) das mutações ativadoras do BRAF ocorre em virtude de uma única substituição do aminoácido ácido glutâmico (E) por valina (V) na posição 600 (BRAF-V600E). Essa proteína é um alvo específico para um dos medicamentos empregados no tratamento do melanoma metastático. Essas mutações são encontradas principalmente nos tumores avançados (lesões em fase de crescimento vertical) e na doença metastática. O gene CDKN2A é um importante fator na gênese e na predisposição ao melanoma. Este gene é encontrado no cromossomo 9p21 e codifica duas proteínas supressoras de tumor: p16CDKN2A e p14CDKN2A. Nos casos familiais, com dois ou mais parentes afetados, essas mutações podem ser encontradas em até 35% dos pacientes. Além disso, a ocorrência de mutações no gene CDKN2A também é mais elevada nos pacientes com melanomas múltiplos, sincrônicos ou não. Melanomas familiais com mutações neste gene expressam preferencialmente um fenótipo histopatológico caracterizado por densa pigmentação, células não fusiformes e intensa disseminação de células pagetoides. Em especial, a p16CDKN2A também está muitas vezes presente em casos familiais de adenocarcinoma de pâncreas. A partir desta constatação, criou-se o conceito da síndrome melanoma- câncer de pâncreas; portanto, todos os pacientes com história familial para essas doenças devem pesquisar a presença deste gene. Outros carcinomas associados a esse gene são o de mama e o de pulmão. Outro gene implicado, relacionado com a mesma via do gene CDKN2A, é o CDK4 localizado no cromossomo 12q13, que codifica uma proteína que interage com o p16CDKN2A. Mutações neste gene são mais raras, porém são de alta penetrância. Um interesse crescente vem sendo direcionado à atividade do gene MITF (microphthalmia-associated transcription factor), considerado um regulador crucial da diferenciação da linhagem melanocítica e que se encontra alterado em alguns casos de melanoma. 9 Júlia Morbeck – @med.morbeck Em resumo, as mutações ocorrem na via RAS isoladamente, PTEN e BRAF ou BRAF apenas. As alterações do BRAF não guardam relação com a espessura tumoral, enquanto as do PTEN estão mais presentes em lesões avançadas. HISTOPATOLOGIA OBS.: Nem sempre é fácil fazer o diagnóstico diferencial histopatológico entre nevo e melanoma; há casos borderline que dificultam uma decisão. Tal fato tem sido ainda mais observado a partir do advento da dermatoscopia, tendo-se em vista que as biopsias das lesões são feitas em momentos cada vez mais precoces de sua evolução. Alguns autores têm demonstrado que o aumento da incidência do melanoma pode estar representado, em parte, por uma mudança nos critérios de diagnóstico. Eles reavaliaram casos que há 20 anos foram diagnosticados como lesões com atipia grave, e o diagnóstico foi mudado para melanoma em 15% dos casos (AZULAY, 7ª ed.). ↠ No melanoma, as principais características histopatológicas são assimetria da arquitetura, margens mal definidas e perda da arquitetura névica, com variação no tamanho e na forma dos ninhos; alguns tornam-se confluentes e as células no interior dos ninhos mostram- se menos coesas. Há também migração de melanócitos atípicos para as camadas superiores da epiderme (AZULAY, 7ª ed.). ↠ Essas células são DOPA-positivas e apresentam abundante atividade tirosinásica. Em uma fase inicial, limitam-se à epiderme e, eventualmente, a seus anexos, a não ser nos casos metastáticos ou que tenham origem em NMC, ou no nevo azul (origem dérmica). Em uma fase posterior, ocorre perda de maturação dos melanócitos quando estes penetramna derme (AZULAY, 7ª ed.). ↠ As células são volumosas, com núcleos atípicos, hipercromáticos e nucléolos proeminentes. Dependendo da forma e da fase, as células são chamadas de pagetoides, pois lembram as células da doença de Paget. Um infiltrado inflamatório composto por linfócitos costuma estar presente. Na fase de crescimento vertical, as alterações citológicas são mais intensas, diminuindo inclusive a síntese do pigmento melânico que pode estar ausente (melanoma amelanótico). Nesse caso, a confirmação é feita por imuno-histoquímica (AZULAY, 7ª ed.). ↠ A ulceração, definida por interrupção microscópica da superfície epitelial acometida pelo tumor, tem sido descrita como o melhor indicador de probabilidade do envolvimento linfonodal, sendo capaz de redefinir o estágio do melanoma entre A e B e, junto ao número aumentado de mitoses, ajudar a definir os tumores finos, menores que 0,8 mm (anteriormente 1 mm) de espessura, como de mau prognóstico (AZULAY, 7ª ed.). ↠ Apesar de estar fortemente associada à espessura do tumor, a ulceração tem sido relatada como um importante fator prognóstico independente nos estudos de análise multivariável (AZULAY, 7ª ed.). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ↠ Clinicamente se apresentam como uma lesão única em área fotoexposta, irregular e pigmentada, podendo conter mais de uma cor (azul, preto, marrom, cinza ou vermelho). Os pacientes sempre devem ser questionados quanto a mudança da coloração, crescimento, presença de prurido ou sangramento (CONTO et. al., 2018). ↠ Ao contrário das lesões benignas, estas costumam apresentar mudança no padrão ao longo de um curto período de tempo. Com o uso de um dermatoscópio, é possível identificar uma rede pigmentar irregular, grosseira, densamente pigmentada e que termina imediatamente no bordo da lesão. Glóbulos castanhos, negros ou azuis escuros que correspondem a acúmulos de melanócitos densamente pigmentados, quando encontrados em disposição irregular, periférica e com diferentes dimensões são sugestivos de melanoma (CONTO et. al., 2018). ↠ Há dois tipos de crescimento: radial (cresce para as laterais) e vertical (cresce para baixo). Este último tem pior Melanoma. Observe as células e os ninhos de tamanhos variados na epiderme. 10 Júlia Morbeck – @med.morbeck prognóstico por apresentar maior chance de gerar metástases (CONTO et. al., 2018). DIAGNÓSTICO ↠ Diante de uma lesão suspeita de melanoma, deve-se realizar biópsia excisional preferencialmente com margens de 1-2mm para análise histopatológica (CONTO et. al., 2018). ↠ Em casos de tumores maiores pode-se realizar biópsia incisional. É fundamental que a amostra de tecido retirada inclua o tecido celular subcutâneo, uma vez que o grau de crecimento vertical é o principal fator relacionado com o prognóstico, tratamento e seguimento (CONTO et. al., 2018). ↠ O estadiamento inclui as classificações de Breslow (espessura do tumor) e de Clark (nível da invasão) (CONTO et. al., 2018). ↠ Uma das dificuldades associadas ao método de Clark é a falta de uniformidade entre patologistas na interpretação dos vários níveis, particularmente na distinção dos níveis II, III e IV. Os limites histológicos entre a derme papilar e a derme reticular são frequentemente de difícil visualização, especialmente na pele danificada pelo sol. Além disso, a espessura da derme varia de acordo com a localização anatômica: por exemplo, uma lesão de nível IV na face seria provavelmente um nível II no dorso (AZULAY, 7ª ed.). ↠ O índice de Breslow é, isoladamente, o fator prognóstico mais fidedigno. É medido com um micrômetro ocular do topo da camada granulosa ao ponto de maior profundidade do tumor ou em lesões ulceradas da base da úlcera. É, portanto, uma mensuração objetiva, independente da interpretação do observador, o que justifica sua maior acurácia prognóstica (AZULAY, 7ª ed.). ↠ A suspeita clínica de melanoma fundamenta-se na regra do ABCDE: (AZULAY, 7ª ed.). TRATAMENTO ↠ Independente da classificação, o tratamento cirúrgico é sempre o mais efetivo, podendo incluir outro procedimento adjuvante como quimioterapia, imunoterapia, linfadenectomia ou radioterapia de acordo com o estadiamento. Os principais locais de disseminação são os linfonodos regionais, fígado, baço, pulmão e cérebro (CONTO et. al., 2018). IMPORTANTE São fatores relacionados ao mau prognóstico: idade avançada, Breslow, sexo masculino e localização axial (tronco) (CONTO et. al., 2018). O seguimento deve ser feito a cada 3 meses no primeiro ano e após a cada 6 meses pelos 2 anos seguintes, nos casos de ausência de metástase e espessura menos de 1mm. Se a espessura for maior do que 1mm, o seguimento é feito a cada 3 meses nos 2 primeiros anos e a cada 6 meses nos 3 anos seguintes (CONTO et. al., 2018). A sobrevida em 10 anos varia de 90% nos casos de Breslow baixo e ausência dos fatores de mau prognóstico até 30% em casos metastáticos (CONTO et. al., 2018). CARCINOMA DE CÉLULAS DE MERKEL ↠ O Carcinoma de Células de Merkel também é conhecido como tumor neuroendócrino da pele. É um tumor raro, com alto potencial maligno e que acomete as terminações nervosas das papilas dérmicas (Hospital de Câncer de Barretos, 2019). 11 Júlia Morbeck – @med.morbeck ↠ Este tipo de tumor cutâneo maligno tem como causa a exposição solar e acomete principalmente idosos. A incidência desta neoplasia aumentou em três vezes nos últimos quinze anos e a mortalidade por causas específicas da doença está em torno de 30-38% em cinco anos (Hospital de Câncer de Barretos, 2019). ↠ Este carcinoma tem apresentação cor vermelho cereja, superfície brilhosa, limite preciso e morfologia nodular como características mais frequentes (Hospital de Câncer de Barretos, 2019). ↠ O CCM ocorre quase exclusivamente em indivíduos brancos. O CCM é de 10 a 30 vezes mais comum em pacientes imunossuprimidos do que em indivíduos imunocompetentes (WOLFF,2019). ↠ O tumor pode ser solitário ou múltiplo e ocorre na cabeça e nos membros. Existe alta taxa de recidiva após a excisão; todavia o aspecto mais importante é que esse carcinoma se dissemina para os linfonodos regionais em > 50% dos pacientes, bem como nas vísceras e no SNC (WOLFF,2019). ↠ As lesões crescem rapidamente e, em geral, acometem indivíduos com > 50 anos de idade (WOLFF,2019). ↠ A dermatopatologia mostra padrões nodulares ou difusos de pequenas células basaloides ou seme‐lhantes ao linfoma, agregadas e de coloração intensamente azul, que também podem estar dispostas em lâminas, formando ninhos, cordões e trabéculas (WOLFF,2019). ↠ O tratamento consiste em excisão ou cirurgia de Mohs, e a biópsia do linfonodo‐sentinela ou a dissecção profilática dos linfonodos regionais são recomendadas, tendo em vista a elevada taxa de metástases regionais. A radioterapia no local do CCM e dos linfonodos regionais é efetuada na maioria dos casos, exceto quando as lesões forem muito pequenas (WOLFF,2019). ↠ As taxas de recidiva são altas; em uma série, até mesmo sem recidiva local, cerca de 60% dos pacientes desenvolveram metástases nos linfonodos regionais, assim como 86% dos pacientes com recidiva local. O prognóstico é reservado (WOLFF,2019). Referências Hospital de Câncer de Barretos Atlas de Câncer de Pele. / Hospital de Câncer de Barretos. – Fundação Pio XII - Barretos, São Paulo 2019. The American Cancer Society. AZULAY, Rubem D. Dermatologia, 7ª edição. Grupo GEN, 2017. BONALUMI, Aguinaldo. Oncologia Cutânea. Grupo GEN, 2017. E-book. WOLFF, Klaus. Dermatologia de Fitzpatrick: Atlas e Texto. Grupo A, 2019. CONTO et. al. Abordagem clínica e dermatoscópica das principais neoplasias de pele, 2018.
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