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18/11/2022 22:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/20 LEGISLAÇÃO APLICADA AULA 2 18/11/2022 22:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/20 Profª Rosinda Angela da Silva CONVERSA INICIAL Caros estudantes, sejam bem-vindos a esta aula, que tem como objetivo conhecer o conceito de tributo e as espécies tributárias. Na sequência, entenderemos o que é a obrigação tributária e em que momento ela ocorre. Estudaremos ainda os impostos mais recorrentes nos negócios empresariais. Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO Compreender o contexto jurídico e tributário que impacta nas atividades empresariais é importante para que os gestores tenham a certeza de que a organização não está cometendo nenhuma infração ou deixando de cumprir com suas obrigações tributárias principais e acessórias. Figura 1 – Justiça Crédito: Brian A Jackson/Shutterstock. 18/11/2022 22:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/20 Na prática, compreender como funciona a questão tributária no Brasil não é uma tarefa fácil devido à quantidade de leis, normas, regulamentos, instruções normativas, decretos e outros elementos envolvidos nesse processo. Por isso, nessa aula vamos nos ater às informações contidas na Constituição Federal do Brasil de 1988 (CF/88) e no Código Tributário Nacional (CTN), instituído pela Lei n. 5.172 de 25 de outubro de 1966, o qual dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Esses dois instrumentos são suficientes para dar o respaldo legal para o entendimento do que são tributos, suas classificações e funções. Além disso, na CF/88 e no CTN está claro que os tributos no Brasil só podem ser criados pela União, pelos Estados e pelos Municípios. No entanto, alguns tributos podem ter sua atividade de organização e cobrança repassados a instituições privadas, como ocorre com as contribuições de interesse de categorias de profissionais ou econômicas como o CREA, CRM, CRA, CAU e CRC, entre outros. TEMA 1 – CONCEITO DE TRIBUTO É comum ouvirmos as expressões “os impostos no Brasil são muito altos”, “a carga de impostos no Brasil inviabiliza os pequenos negócios”, “os impostos aumentam para pagar as contas públicas” e muitas outras afirmações. No entanto, há um equívoco nessas sentenças referente à palavra “imposto”! Sim, porque na realidade, pessoas físicas e jurídicas pagam “tributos”, e dentro dos tributos, temos uma categoria chamada: imposto! Compreenderemos no que consiste o termo tributo. 1.1 DEFINIÇÃO DE TRIBUTO De acordo com o Código Tributário Nacional (CTN), art. 3º, temos que tributo é: Figura 2 – Características de um tributo 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/20 Fonte: elaborado com base em CTN, 1966. 1.2 COMPREENDENDO OS TERMOS Quando o CTN define que é uma prestação pecuniária, significa dizer que os tributos serão pagos em espécie. Assim, toda vez que uma pessoa física ou jurídica tiver que pagar seus tributos devidos, (a expressão mais utilizada é recolher), fará isso por meio de pagamento em dinheiro. Há também a possibilidade de pagar um tributo por meio da dação em pagamento com um bem imóvel, quando já estiver na condição de dívida ativa da União. Essa situação está prevista no art.156, XI, do CTN – “a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei” – mas precisa atender algumas premissas, como, por exemplo, o valor do imóvel precisa cobrir todo o débito ou que o proprietário pague o restante; ter laudo de avaliação emitido por uma instituição financeira oficial se for imóvel urbano e pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), caso seja propriedade rural, entre outros. A característica do tributo que afirma ser prestação compulsória significa que não há possibilidade de escolher entre pagar ou não. Uma vez que ocorreu o fato gerador (estudaremos melhor essa situação mais adiante), a obrigação pelo recolhimento do tributo se instala. A partir disso, o tributo é devido aos cofres públicos, os quais podem ser municipais, estaduais ou da União. Outra característica interessante do tributo é que não constitui sanção de ato ilícito. Isso significa dizer que o tributo não tem como propósito penalizar os contribuintes (pessoas físicas e jurídicas que recolhem tributos). Esse discernimento é importante porque o tributo não é uma penalidade como uma multa, por exemplo, e não se aplica às atividades desonestas, mas sim, uma obrigatoriedade após a ocorrência do fato gerador. 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/20 O tributo é uma prestação instituída em lei (geralmente lei ordinária, mas não exclusivamente), ou seja, não poderá ser exigido ou ter sua alíquota aumentada, caso não tenha sido estabelecido por lei (art. 150, CF/88). Segue o princípio da legalidade, como consta no art. 5º da CF/88, inciso II: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Isso se aplica também ao recolhimento de tributos. Já em relação à prestação cobrada mediante atividade vinculada, significa dizer que a administração pública tem como dever (no limite da lei) definir as operações de cobrança dos tributos, tais como determinar como será cobrado, quando e de quem será cobrado. O recolhimento dos tributos consome cerca de 120 e 130 dias de trabalho de cada brasileiro por ano e exige certa organização financeira para mantê-los em dia. Além de ser obrigatório, pode gerar multas caso não sejam recolhidos nas datas previstas pela administração. TEMA 2 – ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS Para entendermos por que o termo correto é tributo e não imposto, temos que conhecer as espécies tributárias. Como o CTN/66 é anterior à CF/88, em seu art. 5º, ele traz três espécies: impostos, taxas e contribuições de melhoria, o que gerou a teoria tripartite. A CF/88, por sua vez, acrescentou mais duas espécies: empréstimo compulsório (art. 148) e contribuições sociais (art. 149), formando a Teoria Pentapartida. Vamos conhecê-los? 2.1 IMPOSTOS Pagar imposto é algo que ninguém gosta, mas é uma obrigatoriedade de toda a sociedade e isso fica claro pela própria palavra que, significa “compulsório, mandatório, forçoso, colocado”, entre outros. Saiba, entretanto, que o imposto não é uma invenção moderna, porque já faz parte do cotidiano da humanidade há séculos! Figura 3 – Imposto 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/20 Crédito: Enciktepstudio/Shutterstock. De acordo com o CTN/66, em seu art. 16, “Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. Na prática isso significa dizer que o montante arrecadado com impostos não necessariamente tenha que ter uma aplicação direta para determinada área, pois o governo recebe a contribuição do cidadão e utilizará no que considerar essencial. Podemos pensar que o valor recolhido com todos os impostos é depositado em uma única conta do governo e, partir de então, a equipe responsável decide em que utilizar, o que pode ser (ou deveria ser): saúde, educação, segurança, moradia, saneamento básico, geração de emprego, crédito rural e transporte, entre tantas áreas fundamentais de um país. Por esse prisma, a cobrança de impostos não parece tão injusta assim, não é mesmo? No entanto, existe um índice que calcula o retorno para sociedade em detrimento do montante arrecadado e no momento, nos mostra que o retorno à sociedade tem sido insuficiente. O Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade – IRBES – tem como proposta medir a qualidade de vida oferecida aos brasileiros em relação ao montante arrecadado pelos impostos ao ano. Para isso, o IRBES, o qual foi criado em 2009 pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), utiliza o Produto InternoBruto (PIB) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para isso. O ranking é computado considerando os 30 países com maior carga tributária do mundo e a qualidade de vida de seus cidadãos. Saiba que desde o início do uso do IRBES como avaliação sobre o retorno à população brasileira dos impostos pagos, o Brasil tem ocupado a 30ª colocação, ou seja, o último lugar em retorno, ficando atrás da Argentina e do Uruguai na América Latina. 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/20 2.2 TAXAS Diferentemente dos impostos, em que o governo (qualquer esfera) não precisa oferecer uma contrapartida ao contribuinte, segundo Brogini (2013, p. 17), “taxa é uma obrigação que decorre da realização de uma atividade estatal que esteja especificamente relacionada ao contribuinte, mesmo que ele não a requeira ou a considere desvantajosa”. Isso significa que, uma taxa somente pode ser cobrada se o cidadão utilizar determinado serviço público ou se beneficiar de algum serviço posto à sua disposição. No art. 145 da CF/88 e no art. 77 do CTN, você encontra a informação que diz: as taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Como exemplo de cobrança de taxas de serviço público específico e divisível, podemos citar: taxa para emitir um passaporte, pois é cobrado do cidadão que o solicita, taxa de coleta de lixo, pois é divisível pelo número de imóveis, entre outros. Já como exemplos de taxas de poder de polícia (administrativa e não judiciária) temos: taxa para emitir um alvará de funcionamento de algum estabelecimento, taxa para fiscalização ambiental, fiscalização de locais destinados a lazer, transportes, entre outros, porque impacta na coletividade. O art. 78 do CTN explica que: Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (CTN, 1966, art. 78) Diante do exposto, podemos compreender que as taxas citadas têm como característica serem cobradas somente de quem utiliza um serviço público (divisível) ou, sua atividade foi passível de fiscalização. 2.3 CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/20 As contribuições de melhoria fazem parte dos tributos que necessitam de uma contrapartida. Isso significa dizer que, para cobrar, o governo (independentemente da esfera) necessita retornar algo ao contribuinte. Esse tributo é utilizado para custear as obras públicas; no entanto, está intrínseca a ele a valorização do imóvel do contribuinte. Outras características inerentes a esse tributo: Figura 4 – Melhorias Crédito: Maksim Safaniuk/Shutterstock. A obra necessita ter a planilha de custo aberta a todos os contribuintes demonstrando exatamente quanto foi gasto na execução da obra. A obra precisa estar finalizada para a definição da valorização do imóvel em decorrência da obra. Cada contribuinte pagará um montante de acordo com a valorização que seu imóvel obteve. Os arts. 81 e 82 do CTN trazem o amparo legal para criação dessa contribuição de melhoria, em que apresenta os requisitos mínimos para que o governo possa criá-la, além de evidenciar que o contribuinte pode contestar qualquer um dos requisitos. 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/20 2.4 CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS As contribuições especiais também têm natureza tributária porque são um tributo, mas não são taxativas (não criam uma taxa) e não possuem fato gerador. A competência tributária é da União e só pode ser criada para custear uma atividade estatal exclusiva, ou seja, o Estado não pode arrecadar determinado valor para uma atividade e utilizá-la em outra. Estão amparadas pelos art. 149 e 149-A da CF/88 e contempla quatro espécies: 1 – Contribuições sociais: são instituídas para custear atividades do estado no âmbito social e podem ser Contribuições Sociais Gerais e Contribuições Sociais para a Seguridade Social. O art. 195 da CF/88, explica que: A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das contribuições sociais”. Já o artigo 149, explica que “Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas. (CF/88) As contribuições sociais mais comuns são: PIS/PASEP: Programas de Integração Social e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público COFINS: Contribuição para Financiamento da Seguridade Social CSLL: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CPRB: Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta PIS: Importação e COFINS-Importação 2 – Categorias profissionais: esse tipo de contribuição é caracterizado como parafiscal, porque, por mais que tenha sido criado pelo Estado, ele delega a terceiros sua arrecadação e fiscalização. Seu propósito é custear as atividades das categorias de classe como CREA, CRM, CRO e COREN, entre outros, por isso tem um pagamento obrigatório (geralmente uma anuidade) e tais instituições representam os interesses de seus contribuintes que são profissionais que atuam nessas atividades. 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/20 Figura 5 – Cálculos e pagamentos Crédito: Enjoysun24/Shutterstock. 3 – Intervenção no Domínio Econômico – CIDE: essa contribuição apresenta um viés interventivo. Hauser (2016, p. 44) explica que o Estado arrecada esse tributo com o fim de fiscalizar algumas atividades, como por exemplo a CIDE-Combustível. 4 – Custeio de Serviço de Iluminação Pública – COSIP. Essa contribuição está respaldada pelo art. 149-A da CF/88 que afirma: “Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública”. 2.5 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO Essa espécie de tributo caracteriza como uma “saída emergencial”, ou seja, pode ser aplicado em casos em que o país está atravessando uma crise profunda. Está previsto no art.148 da CF/88 e no art. 15 do CTN, e ambos os casos esclarecem que o empréstimo compulsório só deve ser instituído em casos críticos mesmo, como calamidades públicas, iminência de guerra externa ou guerra mesmo. Esse tributo é de competência da União e sua receita só pode ser utilizada para a finalidade à qual foi criado e precisa ter um prazo para devolução, bem como a clareza de suas condições de 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/20 resgate pelo contribuinte. Esses são alguns dos motivos pelos quais o empréstimo compulsório não é uma alternativa muito utilizada pelo Estado. TEMA 3 – OBRIGAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA Na prática, ninguém gosta de pagar tributos, mas o pagamento não é facultativo. Observe que o CTN traz a seguinte definição: “art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória” (CTN, art.113). Em relação à obrigação tributária principal podemos entender como o recolhimento do tributo, já a acessória refere-se à comprovação de que isso foi feito, como por exemplo, uma empresa que recolhe todos os tributos (obrigação principal) e envia digitalmente o SPED (Sistema Público de Escrituração Digital) Fiscalpara Receita Federal (obrigação acessória). Figura 6 – Recolhimento Crédito: Everything Possible/Shutterstock. Assim, nesse tema conheceremos os elementos envolvidos na geração da obrigação tributária, como por exemplo: sujeito ativo e sujeito passivo, hipótese de incidência, fato gerador, entre outros. Em relação ao sujeito ativo, o art. 119 do CTN, explica: “Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento” (CTN, art. 119). Isso 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/20 significa que o sujeito ativo é aquele que tem o poder de cobrar (União, Estados e Municípios) os tributos dos contribuintes, sejam estes pessoas físicas, jurídicas, profissionais liberais e autônomos. O sujeito passivo da obrigação tributária, por sua vez, é o próprio contribuinte, e está previsto no CTN, em seu art. 121: “Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária” (CTN, art. 121). Estudaremos agora a regra básica para que a obrigação tributária ocorra por meio da hipótese de incidência e do fato gerador. 3.1 HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA A palavra hipótese nos remete à ideia de uma explicação lógica para uma determinada situação, ou seja, uma suposição que poderá ser comprovada (ou não) posteriormente. No caso dos tributos, a hipótese de incidência se caracteriza como uma situação prevista anteriormente e que, se efetivamente se concretizar, gerará a obrigação tributária. Figura 7 – Obrigação tributária Crédito: Nopparat Khokthong/Shutterstock. Brogini explica a hipótese de incidência como “a descrição normativa de um fato, ou seja, é uma formulação hipotética, prévia e genérica de um acontecimento que, uma vez ocorrido no mundo real, 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/20 gerará a consequência” (Brogini, 2013, p. 19). Assim a hipótese de incidência tratará das possíveis ações que pessoas físicas ou jurídicas realizem, as quais podem ser tornar “fato gerador” da obrigação de pagar tributos, se atender os seguintes critérios, “material: a realização do fato tributário ou tributável; temporal: o momento de sua ocorrência; e no critério espacial, o local onde ocorreu” (Nyegray, 2016, p. 125). Como exemplos desses critérios na hipótese de incidência temos: Material: sempre ligada a um verbo – possuir um imóvel, possuir um veículo, importar um equipamento, auferir renda, entre outros. Temporal: é entendido como o momento em que surge a obrigação tributária, como, por exemplo, Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), referente a determinado ano, renda auferida em determinado ano, lucro obtido em determinado período, entre outros. Espacial: relacionada ao local onde ocorre a obrigação tributária, como, por exemplo, o contribuinte possui um imóvel na cidade de Porto Alegre, logo, recolhe o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para a cidade de Porto Alegre, entre outros. Além desses três elementos, há ainda o critério pessoal, que define quem é o sujeito ativo e quem é o sujeito passivo e o critério quantitativo, que determina a base de cálculo e a alíquota a ser aplicada. 3.2 FATO GERADOR Também conhecido pelo termo fato jurídico tributário, é a ocorrência efetiva da hipótese de incidência. Isso significa dizer que, para que o contribuinte pague impostos, é preciso que a hipótese de incidência tenha se realizado. Novamente recorreremos ao CTN: “art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência” (CTN, art. 114). Se a hipótese de incidência representa algo que pode ocorrer, já o fato gerador indica que a ação foi realizada, o que é chamado de materialização no mundo fático, ou seja, aquilo que foi pressuposto anteriormente ocorreu, e assim, surgiu a obrigação tributária. Alguns exemplos de fatos geradores de acordo com o CTN: 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/20 Fato gerador do Imposto de Importação: “entrada destes no território nacional” (Art. 19) Fato gerador do Imposto de Exportação: “saída destes do território nacional” (Art. 23) Figura 8 – Importação Crédito: Andrii Yalanskyi/Shutterstock. Fato gerador do Imposto Predial e Territorial Urbano: “a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município” (art. 32). O CTN traz outros casos e cada um deles seguirá normas específicas de acordo com a sua natureza, pois os tributos podem ser de ordem nacional, estadual e municipal. 3.3 EXEMPLO APLICADO DESSES ELEMENTOS Para compreendermos a aplicação dos elementos estudados neste tema, observe o exemplo a seguir: A empresa Alpha é uma importadora e distribuidora de itens de decoração e realiza importações frequentes de diferentes países. A referida empresa atende todas as prerrogativas legais e tributárias 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/20 para atuar sem restrições no território nacional. Sabendo que as vendas da Alpha aumentam consideravelmente no final do ano e que produtos importados por meio marítimo demoram a chegar, no final do mês de agosto a empresa fechou a compra com um fornecedor no exterior, com a perspectiva de receber os produtos até meados de outubro. Isso realmente ocorreu e o setor de importação e o setor financeiro da Alpha já estavam preparados para honrar os compromissos desse processo, que consistia no processo de desembaraço aduaneiro e recolhimento dos tributos, pois sem isso, a mercadoria não poderia ser retirada do porto. No caso da Alpha, podemos identificar os elementos: Sujeito ativo: no primeiro momento, a União, com o recolhimento do Imposto de Importação. Sujeito passivo: empresa Alpha, que realizou a importação. Hipótese de incidência: a importação de mercadorias. Fato gerador (fato jurídico tributário): foi realizada uma importação a qual chegou no porto do país no mês de outubro (entrada da mercadoria no território nacional), assim, gerou uma obrigação tributária. Consequência: pagamento dos tributos para retirar a carga do porto. Nesse exemplo simplificado foi possível evidenciar que os elementos constituintes de uma operação de importação estão contemplados no arcabouço jurídico tributário e que precisam ser seguidos para que a Alpha não seja autuada ou mesmo impedida de desempenhar suas atividades. TEMA 4 – PRINCIPAIS IMPOSTOS Os tributos no Brasil são representados pelas inúmeras siglas que nos deparamos no dia, e os impostos não fogem à regra, porque certamente você já viu as siglas IR, ICMS, IPVA, IPTU, ISS, entre tantas outras, não é mesmo? Então, neste tema, conheceremos o significado deles, dividindo-os por competência: União, estados e municípios, de acordo com Brogini (2013). 4.1 IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO Os arts. 145, 148, 149, 153, 154, 155 e156 (CF/88) representam o arcabouço jurídico nacional que empodera o Estado a criar os tributos em geral, abrangendo os impostos. 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/20 Em linhas gerais, de acordo com o site Impostômetro e com a página do Senado Federal, compete à União instituir: Quadro 1 – Alguns impostos federais IMPOSTOS FEDERAIS Para manutenção das contas públicas da União II – Imposto sobre Importação. IE – Imposto sobre Exportação. IRPF – Imposto de Renda Pessoa Física. ITR – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. IPI – Imposto sobre Produto Industrializado. Cobrado das indústrias IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica. Incide sobre o lucro das empresas. IOF – Imposto sobre Operações Financeiras. Incide sobre empréstimos, financiamentos e outras operações financeiras, e sobre ações INSS – Instituto Nacional do Seguro Social. Percentual do salário de cada empregado cobrado da empresa (cerca de 28% – varia segundoo ramo de atuação) e do trabalhador (8%) para assistência à saúde. Fonte: Impostômetro, 2019. Esses impostos são os mais conhecidos, mas claro, não são os únicos. No caso das empresas, os impostos e tributos federais que serão recolhidos dependerá de seu regime tributário, como Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real. 4.2 DE COMPETÊNCIA DOS ESTADOS De acordo com a CF/88, Art. 154, compete aos estados e ao distrito federal, os seguintes impostos: ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias. Incide também sobre o transporte interestadual e intermunicipal e telefonia. IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores. ITCMD – Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação. Incide sobre herança. O montante arrecadado com os impostos pagos ao governo estadual também é utilizado para custear a máquina pública do estudo, assim, como no caso da União e dos municípios. 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/20 4.3 DE COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS E por fim, de acordo com a CF/88, Art. 156, compete aos municípios, os seguintes impostos: IPTU – Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana. ISS – Imposto Sobre Serviços. Cobrado das empresas. ITBI – Imposto sobre Transmissão de Bens Inter Vivos. Incide sobre a mudança de propriedade de imóveis. Dos valores arrecadados com os impostos (federais, estaduais e municipais), mesmo que não tenham destinos específicos, o contribuinte espera que sejam utilizados na melhoria dos serviços disponíveis à população como educação, saúde e segurança. TEMA 5 – OUTROS TRIBUTOS Como estudamos no início desta aula, os tributos do Brasil são classificados em cinco grupos, conforme a Teoria Pentapartida. Assim, além dos impostos apresentados no tema anterior, que são os mais conhecidos, temos também muitos outros que fazem parte da estrutura arrecadatória do país. Conheceremos mais alguns: Quadro 2 – Outros tributos PIS/Pasep – Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público. Cobrado das empresas e utilizado para pagamento do seguro-desemprego, abonos e outros benefícios previstos em lei. COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. Também é cobrado das empresas e é utilizado para os programas de saúde, previdência e assistência social. CIDE – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. Incide sobre petróleo e gás natural e seus derivados, e sobre álcool combustível. FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Percentual do salário de cada trabalhador com carteira assinada depositado pela empresa. CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Cobrado das empresas. IGF – Impostos sobre Grandes Fortunas. Fonte: Impostômetro, 2019. 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/20 Embora esteja contemplado no art. 153 da CF/88 (Inciso VII), no Brasil, o IGF ainda não foi instituído, embora no ano de 2020, devido à crise instalada no país devido à pandemia de covid-19, tenha voltado a ser discutido. Por isso recomenda-se estar atento às movimentações sobre assunto, pois, se avançar, o estado terá mais uma fonte de renda. TROCANDO IDEIAS Discuta no fórum com seus colegas de curso sobre a situação do cidadão brasileiro trabalhar praticamente a metade do ano para pagar impostos. NA PRÁTICA Leia a situação a seguir e depois, faça o que se pede: Uma família brasileira é composta por um casal e dois filhos, em que o pai é engenheiro e a mãe é enfermeira; um dos filhos é adolescente e o outro ainda é uma criança. As despesas mensais típicas dessa família, são: alimentação, transporte, educação, saúde, lazer e tributos. Observe alguns dados dessa família: Um imóvel habitado em um bairro residencial de uma cidade, onde a prefeitura determinou o valor venal em R$ 188.000,00 (O valor venal é a base para a determinação do valor dos tributos a serem pagos pela posse, mas não representa o valor de venda do imóvel). Esse imóvel conta com iluminação pública e a empresa responsável pela coleta do lixo orgânico recolhe três vezes por semana. Um veículo avaliado pela tabela na FIPE em R$ 30.597,00. O adolescente estuda em escola pública, mas no contraturno, faz cursinho particular para o vestibular. A criança estuda em escola particular o dia todo e, aos sábados, faz aulas de natação em escola particular também. Depois de alguns anos de economia, neste ano, o casal conseguiu comprar a tão sonhada casa na praia. A negociação está em fase de emissão dos documentos de posse e os novos proprietários 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/20 estão felizes porque isso fará com tenham uma opção de lazer que agrada a família toda. Realização das tarefas: Após as informações acima, responda: a) Diante da situação apresentada, você consegue identificar os principais tributos que essa família paga ou terá que pagar? b) E a que competência pertencem? FINALIZANDO Nesta aula buscamos compreender o contexto da legislação tributária, com foco nos tributos e suas espécies. Com os estudos entendemos a diferença entre tributo e imposto, pois aprendemos que o termo tributo é mais genérico e que está classificado em cinco espécies: impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições especiais e empréstimos compulsórios, o que foi nomeado de Teoria Pentapartida. Aprendemos que, se a obrigação jurídica tributária decorre de uma hipótese de incidência, que se efetivada, causará o fato gerador; a partir disso, a obrigação pelo pagamento do tributo se instala. Além disso, nessa aula, foi evidenciado que o fundamento para todos esses temas se encontra na Constituição Federal de 1988 e no Código Tributário Nacional representado pela Lei n. 5.172 de 25 de outubro de 1966. Isso corrobora com o que já estudamos: que o contribuinte somente pagará um tributo que esteja previsto em lei (princípio da legalidade). REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 20 abr. 2021. BROGINI, G. Tributação e benefícios fiscais no comércio exterior. Curitiba: InterSaberes, 2013. CTN – Código Tributário Nacional. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 de out. 1966. Disponível em: 18/11/2022 22:12 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/20 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm>. Acesso em: 20 abr. 2021. HAUSER, P. Contabilidade tributária: dos conceitos à aplicação. Curitiba: InterSaberes, 2017. IMPOSTÔMETRO. Disponível em: <https://impostometro.com.br/Noticias/Interna? idNoticia=377>. Acesso em: 20 abr. 2021. NYEGRAY, J. A L. Legislação aduaneira, comércio exterior e negócios internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2016.