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1 CEDERJ - CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO CURSO: Administração DISCIPLINA: Orçamento, Estrutura e Custo de Capital CONTEÚDISTA: Kátia de Almeida e Marcelo Alvaro da Silva Macedo AULA 6 – Módulo 1 A questão do Risco e o Orçamento de Capital META DA AULA Apresentar e discutir abordagens para lidar com o risco de um projeto captando a variabilidade dos fluxos de caixa e da TMA, ou seja, a incerteza destas variáveis. Os principais métodos que serão abordados são a Análise de Sensibilidade, a Análise de Cenários, os Equivalentes de Certezas e a Taxa de Desconto Ajustada ao Risco. As duas primeiras têm como ênfase descrever o impacto das incertezas, enquanto os dois últimos tentam prescrever um tratamento para o risco na análise de viabilidade econômico- financeira. OBJETIVOS Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: • Reconhecer a análise de sensibilidade e a análise de cenários como abordagens comportamentais para lidar com o risco. • Entender a aplicabilidade do cálculo dos equivalentes de certezas (EC’s) e da taxa de desconto ajustada ao risco. PRÉ-REQUISITOS Para que você encontre maior facilidade na compreensão dessa aula, é importante que faça uma revisão dos conceitos básicos de riscos apresentados na disciplina Fundamentos de Finanças, além de uma revisão dos conceitos de construção do fluxo de caixa da aula 3 e uma revisão nos métodos do VPL e da TIR, da aula 4. 2 1. INTRODUÇÃO Até agora simplesmente assumimos que os projetos produzirão determinado conjunto de fluxo de caixa e, então, analisamos esses fluxos de caixa para decidir se o projeto deve ser aceito ou rejeitado, utilizando uma dada TMA. Obviamente, os fluxos de caixa não são conhecidos com certeza, bem como a TMA. Agora, vamos voltar à atenção para o risco no orçamento de capital, examinando as técnicas que as empresas usam para incorporar o risco de um projeto e, assim decidir se vale a pena o risco do seu potencial rendimento. Imagine que estejamos fazendo uma análise preliminar de fluxo de caixa como as foram descritas na aula 3. Identificamos cuidadosamente os fluxos de caixa relevantes, evitando coisas tais como custos irrecuperáveis, e lembrando-nos de considerar as necessidades de capital de giro. Adicionamos de volta qualquer depreciação e prestamos atenção a custos de oportunidade. Por fim, nossos cálculos indicam que o VPL estimado é positivo (conforme descrito na aula 4). E agora? Paramos por aqui e passamos à análise do projeto seguinte? Provavelmente, não. O fato de que o VPL é positivo definitivamente é um bom sinal, mas antes de mais nada devemos examiná-lo mais cuidadosamente. Se você pensar um pouco, há duas circunstâncias nas quais a análise de fluxo de caixa descontados leva-nos a concluir que um projeto tem VPL positivo. A primeira possibilidade é a de que o projeto realmente tenha VPL positivo. Isso é uma boa notícia. A má notícia é a segunda possibilidade. Pode parecer que um projeto tenha VPL positivo por causa de imprecisão das estimativas. Observe que poderíamos errar no sentido oposto. Se concluirmos que um projeto possui VPL negativo, sendo o verdadeiro VPL positivo, estamos perdendo uma oportunidade valiosa. A possibilidade de tomarmos uma má decisão por causa de erros nas projeções de fluxos de caixa e da TMA é chamada de risco de previsão ou risco de estimação. Devido ao risco de previsão, existe o perigo de pensarmos que um projeto tem VPL positivo, quando na realidade isso não ocorre. Como isso é possível? Isso acontecerá, se formos exageradamente otimistas a respeito do futuro e, conseqüentemente, nossas previsões de fluxos de caixa e de TMA não refletirem de maneira realista o futuro. Este problema de previsão não necessariamente está associado a erros de previsão, no sentido pleno, mas, em muitos casos, relacionadas a incertezas advindas de questões políticas, cambiais, de tributação, dentre outras. Até o momento, não consideramos de maneira explicita o que fazer a respeito da possibilidade de erros em nossas previsões, e portanto nossa meta é demonstrar algumas ferramentas que sejam úteis na identificação de áreas nas quais há potencial de erro e nas quais podem ser especialmente danosos. De, uma forma ou de outra, estaremos tentando avaliar quão “razoáveis” são nossas estimativas. Também estaremos nos perguntando sobre a magnitude dos danos causados por erros em nossas estimativas. Essa última análise é importante, pois temos duas situações potenciais: dizer que um projeto bom tem VPL < 0 ou dizer que um projeto ruim tem VPL > 0. A primeira representa 3 perda efetiva de valor, enquanto a segunda representa uma perda potencial. Esta análise está fundamentada nos erros tipo I (α) e tipo II (β) dos testes de hipóteses da estatística. Normalmente, os analistas procuram minimizar os erros do primeiro tipo (estimar de forma pessimista os fluxos de caixa e a TMA), por mais que isso potencialize, naturalmente, o erro do segundo tipo. 2. ENFOQUES COMPORTAMENTAIS PARA LIDAR COM O RISCO Os enfoques comportamentais para lidar com o risco são aqueles usados para obter uma noção do nível de risco em um projeto. Nesta parte, vamos apresentar alguns enfoques comportamentais para lidar com o risco em orçamento de capital: a análise de sensibilidade e a análise de cenários. 2.1 Análise de Sensibilidade A análise de sensibilidade é o procedimento que verifica qual o impacto nos indicadores financeiros, tais como Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR), quando variamos um determinado parâmetro relevante do projeto. Sendo assim, esta análise permite detectar para qual das estimativas do projeto os indicadores financeiros são mais sensíveis e relevantes, e conseqüentemente, quais deverão ser estimados com maior precisão. É também possível determinar o valor de cada parâmetro que zera o VPL do projeto, ou seja, o ponto de reversão, permitindo separar os intervalos de aceitação ou rejeição do projeto. É importante lembrar que a análise de sensibilidade trata cada variável isoladamente quando na prática todas as variáveis envolvidas no projeto tendem a estarem relacionadas, além do fato de que umas variáveis são mais fáceis de prever do que outras. Entradas de caixa de equilíbrio Uma tipo de análise de sensibilidade é o cálculo da entrada de caixa de equilíbrio, que é o nível mínimo de entrada de caixa necessário para que um projeto seja aceitável, isto é, VPL >0. Nos projetos convencionais de orçamento aqui analisados, o risco decorre quase inteiramente das entradas de caixa, já que o investimento inicial é geralmente conhecido com relativa certeza. As entradas de caixa são conseqüência de algumas variáveis que possuem risco tais como vendas, despesas e impostos. O nível das vendas, o custo das matérias-primas, salários, tarifas públicas e alíquotas de impostos poderiam ser citados como exemplos de variáveis incertas. Nós iremos nos concentrar no risco das entradas de caixa, mas lembrando que esse risco é resultante da interação dessas variáveis subjacentes. Conseqüentemente, a fim de avaliar o risco de um dispêndio proposto de capital, o analista precisa estimar a probabilidade de que as entradas de caixa sejam grandes o suficiente para permitir a aceitação do projeto. Sendo assim, a fim de avaliar o risco de um dispêndio de capital proposto, o analista precisa determinar a entrada de caixa de equilíbrio. Essa abordagem pode ser demonstrada através de um simples exemplo, a seguir: Exemplo: 4 A Empresa Delta, está considerando investir em um projeto, A, exigindo um investimento inicial de $20.000 (II), prometendo entradas de caixa (FC)anuais iguais durante os dez anos de sua vida e com 15% a.a. de TMA. Para cada um dos projetos ser aceitável, de acordo com a técnica do VPL, este deve ser maior do que zero. 0 II - )](FJVPA [(FC VPL nk, >×= Substituindo k por 15% a.a., n= 10 anos, e II por $20.000, a entrada de caixa de equilíbrio - o nível mínimo de entrada de caixa necessário para os projetos da Delta serem aceitáveis – pode ser encontradas por: $0 $20.000 - )](FJVPA [FC anos 15%,10 >× ( ) $20.000 5,019 FC >× $3.984,86 5,019 $20.000 FC => Entradas Limpar 20.000 10 15 0 Funções f CLX CHS PV N i FV PMT Saídas 3.985,04 Em outras palavras, para o projeto ser aceitável, deve ter entradas de caixa anuais de no mínimo $3.985,04. Dado o nível de entradas de caixa de equilíbrio, o risco de cada projeto poderia ser avaliado pela determinação (pela utilização de técnicas estatísticas) da probabilidade de que as entradas de caixa da empresa sejam iguais ou maiores que o nível de equilíbrio. Esse é outro tipo de analise que veremos no anexo a esta aula. Outros tipos de análise de sensibilidade Além do cálculo das entradas de caixa de equilíbrio, pode-se alterar outras variáveis a fim de analisar o impacto dessa variação no VPL. Um exemplo é, quando se necessita que o VPL de um projeto tenha um valor especifico, pode-se calcular a taxa mínima de atratividade máxima para que o esse valor ocorra. Exemplo: O gerente financeiro da Empresa Delta deseja saber qual a taxa mínima de atratividade máxima aceitável para que o VPL do projeto seja de $ 2.000,00, dado que investimento inicial é de $20.000,00 e as entradas de caixa durante os dez anos de vida do projeto são de $5.000,00. Entradas Limpar 22.000 10 5.000 0 Funções f CLX CHS PV N PMT FV i Saídas 18,5995% 5 Projeto A Projeto B Investimento inicial 20.000 20.000 Estimativas Pessimista 4.000 $0 Mais provável 4.500 4.500 Otimista 5.000 6.000 Amplitude 1.000 6.000 Estimativas Pessimista 75 20.000 Mais provável 2.584 2.584 Otimista 5.094 10.113 Amplitude 5.019 30.113 Entradas de caixas anuais Valores presente líquidos a a Esses valores foram calculados utilizando-se as respectivas entradas de caixa anuais, custo de capital de 15% e um prazo de duração de 10 anos. Logo, para que o VPL do projeto seja de $2.000,00, o valor máximo que a taxa mínima de atratividade pode assumir é 18,5995 %a.a. 2.2 Análise de cenário Nesta análise, assim como na análise de sensibilidade, verifica-se os efeitos de apenas uma variável de interesse do projeto nos resultados dos indicadores financeiros. Porém, a análise de cenários consiste em examinar diversos possíveis cenários diferentes sobre o empreendimento, onde cada um deles considera uma dada combinação de fatores. O procedimento da análise de cenários considera vários tipos de cenários para proceder a analise, sendo o mais utilizado a análise MOP, que considera três tipos de cenário para a análise de risco do projeto,: Mais Provável, Otimista e Pessimista. O primeiro cenário, é considerado o mais provável pelos especialistas no ramo de negócios do projeto, onde é utilizado o valor esperado (médio) ou mais “representativos” de cada uma das estimativas do projeto. No cenário otimista, determinados parâmetros de interesse do cenário base são aumentados em valor, enquanto no cenário pessimistas acontece o inverso, os valores diminuem com relação ao cenário base. Exemplo: Continuando com a Empresa Delta, suponha que o gerente financeiro fizesse estimativas pessimistas, mais prováveis e otimistas, das entradas de caixa para cada projeto. (As entradas de caixa estimadas e os VPL’s resultantes em cada caso estão resumidos no Quadro 1. Comparando as amplitudes (faixa) das entradas prováveis de caixa $1.000 para o projeto A e $6.000 para o projeto B) e, mais importante, as amplitudes de VPL’s ($5.019 para o projeto A e $30.113, para o B), fica claro que o projeto A é menos arriscado que o projeto B. Dado que tanto o projeto A, como o projeto B apresentam como VPL mais provável o valor de $5.212, o responsável pela tomada de decisão, se avesso ao risco, escolherá o projeto A porque este tem menos risco e nenhuma possibilidade de perda. Observe-se que a faixa foi usada para quantificar o risco ao mensurar a dispersão do retorno real. QUADRO 1 - ANÁLISE DE CENÁRIO PARA OS PROJETOS A E B DA DELTA 6 No anexo a esta aula vamos aprofundar a análise de cenários, procurando a probabilidade de VPL < 0, quando da existência de incertezas. Obs.: Simulação Esta é uma abordagem baseada em estatística, usada em orçamento de capital para que se tenha um percepção do risco, através da aplicação de distribuições probabilísticas predeterminadas e/ou números aleatórios (por exemplo, simulação de Monte Carlo) para se estimar os resultados arriscados. A análise de simulação só é possível através de softwares específicos, devido a sua complexidade. As variáveis escolhidas estão dentro de um intervalo e o programa altera simultaneamente todas as variáveis envolvidas na análise. A análise de cenários é, portanto, uma aplicação discreta (não contínua) da simulação. 3. TÉCNICAS DE AJUSTE AO RISCO As diferenças nos riscos dos projetos são incorporadas às técnicas de orçamento de capital usadas para sua avaliação, através de técnicas de ajuste ao risco, usando o método de decisão do VPL (a TIR também poderia ser utilizada, porém, utiliza-se o VPL, já que ele é teoricamente preferível). A regra de decisão do VPL de aceitar somente os projetos com VPL’s maiores que zero continua a ser válida. A equação abaixo, é a expressão básica para o VPL. Nela se verifica que, dado o investimento inicial (II) ocorre no instante zero e é conhecido com certeza, o risco do projeto está incorporado no valor presente das entradas de caixa: ( )∑= + n 1t t t k 1 FC Há duas maneiras de se ajustar o valor presente das entradas de caixa ao risco: • podem-se ajustar as entradas de caixa, FCt, ou • pode-se ajustar a TMA, k. Aqui, duas técnicas serão descritas e comparadas – o processo de ajuste das entradas de caixa, usando os equivalentes à certeza, e o processo de ajuste da TMA, usando as taxas de descontos ajustadas ao risco. 3.1 Equivalentes à certeza É uma das abordagens mais diretas e teoricamente preferível para ajuste do risco. Equivalentes à certeza são fatores de ajuste ao risco que representam a percentagem de uma entrada de caixa estimada, que os investidores ficariam satisfeitos em receber com certeza, ao invés de entradas de caixa possíveis, a cada ano. A equação abaixo, apresenta a expressão básica para o VPL quando equivalentes à certeza são usados para o ajuste ao risco: 7 ( ) II - R 1 FC VPL `n 1 t t F tt∑ = + ×= α onde αt = fator de equivalente à certeza no ano t (0 ≤ αt ≤ 1) FC1 = entrada de caixa relevante no ano t RF = taxa de retorno livre de risco A taxa de juros livre de risco (RF) é a taxa de retorno que se ganharia em um investimento virtualmente sem risco, tal como um título do governo. A equação mostra que o projeto é ajustado ao risco, convertendo em primeiro lugar as entradas de caixa esperadas em montantes certos αt x FC1, e, então, descontando as entradas de caixa pela taxa livre de risco, RF. A taxa livre de risco é empregada para descontar entradas de caixa certas e não deve ser confundida com a taxa de desconto ajustada ao risco (se fosse usada uma taxa ajustada ao risco, o risco estaria, na verdade, sendo contado em dobro). Exemplo (Gitman, 2004) : A Bennett Company deseja o ajustar o risco na análise de dois projetos A e B. Ignorando- se as diferenças de risco e usando-se o valor presente líquido, a uma TMA de 10%, o projetoA é preferível ao projeto B, porque seu VPL de $11.074 é maior que os $10.914 de B. Suponha, entretanto, que uma análise mais profunda tenha indicado à empresa que o projeto A é, na realidade, mais arriscado do que o projeto B. A fim de levar em conta as diferenças de risco, a empresa estimou os fatores de equivalentes à certeza para as entradas de caixa de cada projeto, em cada ano. As colunas 2 e 7 do Quadro 4 mostram os valores estimados para os projetos A e B, respectivamente. Multiplicando-se as entradas de caixa com o risco (dadas nas colunas 1 e 6) pelos fatores equivalentes à certeza correspondentes (colunas 2 e 7, respectivamente), obtêm-se as entradas de caixa certas para os projetos A e B, mostrados nas colunas 3 e 8, respectivamente. 8 QUADRO 4 – ANÁLISE DOS PROJETOS A E B, DA BENNETT COMPANY, UTILIZANDO EQUIVALENTES À CERTEZA Entradas de caixa Fatores equivalentes à certezaa Entradas de caixa certas FJVP6%,t Valor presente Ano (t) 1 2 1 X 2 = 3 4 3 X 4 = 5 1 $14.000 0,9 $12.600 0,943 $11.882 2 14.000 0,9 12.600 0,89 11.214 3 14.000 0,8 11.200 0,84 9.408 4 14.000 0,7 9.800 0,792 7.762 5 14.000 0,6 8.400 0,747 6.275 $46.541 42.000 $4.541 Entradas de caixa Fatores equivalentes à certeza Entradas de caixa certas FJVP6%,t Valor presente Ano (t) 6 7 6 X 7 = 8 9 8 X 9 = 10 1 $28.000 1 $28.000 0,943 $26.404 2 12.000 0,9 10.800 0,89 9.612 3 10.000 0,9 9.000 0,84 7.560 4 10.000 0,8 8.000 0,792 6.336 5 10.000 0,7 7.000 0,747 5.229 $55.141 45.000 $10.141Valor presente líquido (VPL) Projeto A Valor presente das entradas de caixa (-) Investimento inicial Valor presente líquido (VPL) Projeto B Valor presente das entradas de caixa (-) Investimento inicial a Esses valores foram estimados pela administração da empresa e refletem sua percepção acerca do risco das entradas de caixa Após uma pesquisa, a administração da Bennett estimou que a taxa de retorno de mercado livre de risco, RF, era de 6%. Utilizando essa taxa de 6% para descontar as entradas de caixa certas para cada um dos projetos, obtêm-se os valores presentes líquidos de $4.541 para o projeto A e $10.141 para o projeto B, conforme calculado no Quadro. Observe-se que, após o ajuste ao risco, o projeto B passa a ser preferido. A utilidade da abordagem do equivalente à certeza para o ajuste ao risco deveria ficar bem clara; a única dificuldade reside na necessidade de se efetuarem estimativas subjetivas dos fatores de equivalentes à certeza. 9 3.2 Taxas de desconto ajustadas ao risco (TDAR) Nessa abordagem, ao invés de ajustar as entradas de caixa pelo risco, como foi feito na abordagem do equivalente à certeza, ajusta-se a taxa de desconto. A abordagem da taxa de desconto ajustada ao risco pode ser aplicada tanto com a utilização da taxa interna de retorno, quanto do valor presente líquido. Se a TIR for utilizada, a taxa de desconto ajustada ao risco torna-se a taxa de corte que deve ser excedida pela TIR, para que o projeto seja aceito. Se for utilizado o VPL, as entradas de caixa do projeto serão simplesmente descontadas a essa taxa ajustada ao risco. A equação abaixo apresenta a expressão básica para o VPL quando taxas de desconto ajustadas ao risco são utilizadas: ( ) II - TDAR 1 FC VPL n 1 t t t∑ = += A taxa de desconto ajustadas ao risco (TDAR) é a taxa de retorno que deve ser obtida em um determinado projeto, para compensar adequadamente os proprietários da empresa pelo risco que estão incorrendo, e, dessa forma, preservar ou elevar o preço das ações. Quanto maior o risco de um projeto, maior deverá ser a TDAR e, conseqüentemente, menor o valor presente líquido de uma determinada série de entradas de caixa. Como as razões subjacentes ao uso da TDAR relacionam-se intimamente ao modelo de formação de preços de ativos de capital (CAPM), desenvolvido na disciplina Fundamentos de Finanças, serão revistos aqui alguns de seus conceitos básicos, antes de demonstrar o desenvolvimento e uso das TDAR’s. TDAR E O CAPM O modelo de formação de preços de ativos de capital (CAPM) foi usado para mostrar a relação entre risco relevante e retorno, de todos os ativos negociados em mercados eficientes. No desenvolvimento do CAPM, o risco total de um ativo foi definido como: Risco Total = risco não diversificável + risco diversificável Para os ativos negociados em um mercado eficiente, o risco diversificável, que resulta de eventos aleatórios ou incontroláveis, pode ser eliminado através da diversificação. O risco relevante é, portanto, o risco não-diversificável – o risco pelo qual todos os proprietários desses ativos são recompensados. O risco não-diversificável dos títulos é geralmente medido através do beta, que é o índice do grau de sensibilidade do retorno de um ativo em relação às mudanças no retorno do mercado. Utilizando bj, para refletir o risco relevante de um ativo qualquer, j , o CAPM é dado pela equação ( )[ ]Fm R −×+= kRk Fj jb kj = retorno exigido do ativo j, RF = Taxa de retorno exigida, livre de risco, medida geralmente pelo retorno sobre um Título do Tesouro Km = taxa de retorno da carteira de ativos do mercado ou taxa de retorno médio de todos os ativos, 10 bj = coeficiente beta do ativo j. É o índice do risco não diversificável do ativo j. Qualquer ativo que tenha um ganho esperado maior que o retorno exigido será aceitável (VPL > 0), e aquele que tiver um retorno esperado inferior ao retorno exigido será rejeitado (VPL < 0). Supondo-se, por um momento, que os ativos reais da empresa são negociados em mercados eficientes, o CAPM poderia ser redefinido como: ( )[ ]Fmj projeto projeto R −×+= kRk Fj b A linha de mercado de títulos (SML) - representação gráfica do CAPM - é apresentada na Figura 12. Qualquer projeto com TIR acima da SML, seria aceitável, porque sua TIR seria superior ao retorno exigido, kprojeto; qualquer projeto com uma TIR inferior kprojeto seria rejeitado. Em termos de VPL, qualquer projeto acima da SML teria um VPL positivo e qualquer projeto abaixo da SML teria VPL negativo. Exemplo (Gitman, 2004): Dois projetos, L e R, são apresentados na Figura 12. O projeto L tem beta igual a bL e gera a taxa interna de retorno igual a TIRL. O retorno exigido para um projeto com risco bL é kL. Como o projeto L gera retorno superior ao exigido (TIRL > kL), é aceitável. Esse projeto terá um VPL positivo quando suas entradas de caixa forem descontadas a seu retorno exigido, kL. O projeto R, por outro lado, gera uma taxa interna de retorno inferior à que seria exigida em razão de seu risco, bR (TIRR < kR). Esse projeto terá VPL negativo quando suas entradas de caixa forem descontadas a seu retorno exigido, kR. O projeto R deve ser rejeitado. FIGURA 12 – CAPM E A SML EM SITUAÇÕES DE TOMADAS DE DECISÕES EM ORÇAMENTO DE CAPITAL. CAPM E SML Risco do projeto (b projeto) Ta xa e xi gi da d e re to rn o (% ) bmercado = 1b R b L L R TIRL kL km kR TIRR RF SM L k p r o j e t o = R F + [ b p r o j e t o x ( k m - R F ) ] A ceit a- se [ T IR p r o j e t o > k p r o j e t o ; V PL > $0 ] R ejeit a- se [ T IR p r o j e t o < k p r o j e t o ; V PL < $0 ] Fonte: Gitman, 2004. 11 Aplicação das taxas de retorno ajustadas ao risco Como o CAPM baseia-se em um mercado que se supões eficiente, o que não existe no caso de ativos reais (não financeiros) de empresas, como instalações e equipamentos, ele não é diretamente aplicável à tomada de decisões de orçamento de capital. Por essa razão, geralmente procura-se avaliar o risco total de um projeto, através de seu desvio padrão ou coeficiente de variação (DP/R). Relacionando essasmedidas com o nível exigido de retorno teríamos então, como resultado, uma taxa de desconto ajustada ao risco (TDAR), que pode ser usada na equação para se encontrar o VPL. Para ajustar a taxa de desconto, é necessário desenvolver uma função que expresse o retorno exigido para cada nível de risco do projeto, a fim de pelo menos manter o valor da empresa. O coeficiente de variação (CV) é uma medida específica de projetos que engloba tanto o risco não-diversificável como o risco diversificável, porém, admite-se que seja uma medida razoável de risco relativo a projetos de ativos reais. Utilizando o CV como medida de risco do projeto, a empresa pode desenvolver algum tipo de função risco-retorno de mercado – um gráfico das taxas de desconto associadas a cada nível de risco do projeto. Um exemplo de tal função é dado na Figura 12, a qual relaciona a taxa de desconto ajustada ao risco, TDAR, com o risco do projeto medido pelo coeficiente de variação, CV. A função risco-retorno na Figura 12 mostra que as entradas de caixa do projeto, associadas ao evento sem risco (CV = 0) deveriam ser descontadas à taxa de 6%. Conseqüentemente, essa taxa representa a taxa de retorno livre de risco, RF, (ponto a na figura). Para quaisquer níveis de risco maiores que a certeza (CV > 0) é indicada uma taxa exigida de retorno. Os pontos b, c e d (na figura 13) indicam que as taxas de retorno 7, 11 e 14% serão exigidas de projetos com coeficientes de variação de 0,6, 1,0 e 1,6, respectivamente. A Figura 13 é uma função risco-retorno de mercado, a qual significa que os investidores descontarão as entradas de caixa aos níveis de risco dados pelas taxas correspondentes. Portanto, para não prejudicar seu valor de mercado, a empresa deve usar a taxa de desconto correta, ao avaliar determinado projeto. Se uma empresa descontar as entradas de caixa de um projeto arriscado a uma taxa demasiadamente baixa e aceitar o projeto, o preço de mercado da empresa poderá cair, à medida que os investidores perceberem que a própria empresa está se tornando mais arriscada. Também é verdade que se a empresa desconta as entradas de caixa de um projeto a uma taxa muito alta, resultando assim na rejeição de um projeto aceitável, o preço de mercado da empresa pode cair, porque os investidores acreditam que essa é uma posição conservadora, e vendem suas ações, pressionando a queda do valor de mercado da empresa. O montante pelo qual a taxa de retorno exigida de um projeto excede a taxa livre de risco é chamado de prêmio pelo risco. O prêmio pelo risco aumenta, naturalmente, com a elevação do risco do projeto. O exemplo abaixo pode ajudar a esclarecer como a taxa de retorno ajustada ao risco, k, pode ser empregada na avaliação de projetos de orçamento de capital. 12 FUNÇÃO RISCO-RETORNO DE MERCADO 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 R isco (co ef ic iente de variação ) , C V Prêmio p elo r isco Taxa livre de risco, RF a b c d 0,6 1 1,5 FIGURA 13 – FUNÇÃO RISCO-RETORNO DE MERCADO Fonte: Gitman, 2004 Exemplo(Gitman 2004): A Bennett Company deseja usar o enfoque da taxa de desconto ajustada ao risco para determinar, de acordo com o VPL, se deve implantar o projeto A ou o projeto B. Além os dados apresentados anteriormente, a administração da empresa estimou o coeficiente de variação para o Projeto A em 1,5 e para o projeto B em 1,0. Conforme a Figura 13, a taxa de desconto ajustada ao risco do projeto A é 14% ; e para o projeto B é 11%. Devido à natureza mais arriscada do projeto A, seu prêmio pelo risco é 8% (14% - 6%); para o projeto B o risco do prêmio é 5% (11% - 6%). O valor presente líquido de cada projeto, usando-se a taxa de desconto ajustada ao seu risco, é de $6.063 e $9.798 para os projetos A e B, respectivamente. Os resultados mostram claramente que o projeto B é preferível ao projeto A, já que seu VPL ajustado ao risco ($9.798) é maior que o VPL, ajustado ao risco do projeto A ($6.063). A dificuldade dessa abordagem consiste em estimar a função risco-retorno de mercado. Equivalentes à certeza versus taxa de desconto ajustadas ao risco – na prática Os equivalentes à certeza (ex) são preferíveis teoricamente como abordagem ao risco do projetos, porque fazem ajustes separados para risco e para o horizonte de tempo; primeiro eliminam o risco e então desconta esses fluxos de caixa a uma taxa livre de risco. Tal como a abordagem do reajustamento da taxa de desconto, tendo em vista levar em conta os riscos existente, a abordagem dos equivalentes à certeza apresentam problemas práticos de aplicação. Para uma dada série de fluxos de caixa previstos, é difícil especificar precisamente os coeficientes de equivalência à certeza a serem aplicados. Por outro lado, as taxas de desconto ajustadas ao risco (TDAR) apresentam um problema teórico maior: elas combinam o risco e o horizonte de tempo em uma única taxa de desconto. Devido às propriedades básicas da matemática financeira 13 (capitalização e desconto de juros), a abordagem da TDAR supõe implicitamente, portanto, o risco como uma função crescente no tempo. Todavia, devido a complexidade do desenvolvimento dos equivalentes à certeza, as TDAR’s são freqüentemente mais utilizadas na prática. Sua aceitação decorre de dois fatos principais: (1) ela é coerente com a disposição geral dos responsáveis pelas decisões financeiras em favor das taxas de retorno, e (2) ela é facilmente estimada e aplicada. A primeira razão é claramente uma questão pessoal, mas a segunda baseia-se na conveniência de cálculo e nos procedimentos bem-desenvolvidos, relacionados ao uso da TDAR’s. Na prática, o risco muitas vezes é definido subjetivamente, ao invés de ser relacionado ao contínuo de TDAR’s associadas a cada nível de risco. Freqüentemente, as empresas estabelecem várias classes de riscos, e relacionam a cada uma delas uma TDAR. Cada projeto é, então, subjetivamente colocado na classe apropriadas de risco, e a TDAR correspondente é utilizada na sua avaliação. Às vezes, isto é feito separadamente em cada divisão da empresa, onde cada uma delas possui sua própria determinação de classes de riscos e respectivas TDAR’s. CONCLUSÃO Atualmente, as empresas se encontram, cada vez mais, expostas a incertezas de diversas naturezas, tais como financeira, política, ambiental ou, até mesmo, quanto à disponibilidade de recursos energéticos. Por isso, é importante que os investidores identifiquem quais os principais riscos associados aos projetos em que tenham interesse, de forma a incorporar seus impactos no retorno financeiro. Embora existam diferentes abordagens para lidar com o risco associado a um projeto, como foi visto nesta aula, nenhuma abordagem tem 100% de certeza. Lidar com o risco não é tarefa fácil A crescente complexidade do ambiente estratégico, o aumento exponencial dos dados e informações a respeito das variáveis, e a rapidez com que as mudanças se processam, requer das empresas instrumentos mais flexíveis que levem em consideração os riscos intrínsecos para a análise ambiental. Pelo fato de grande parte das decisões estratégicas estarem voltadas para o futuro, torna-se imprescindível que se introduza a variável risco como um dos mais relevantes aspectos do estudo do orçamento de capital. A essência do instrumental apresentado foi com o propósito de incluir tal complexidade e as dificuldades do processo de orçamento de capital, a fim de superar os riscos intrínsecos ao processo de estimativas, e dar maior flexibilidade para o tomador de decisão. EXERCICIOS RESOLVIDOS 1. (Gitman, 2004) A Pueblo Enterprises está considerando investir em um de dois projetos mutuamente excludentes, X e Y. O projeto X exige um investimento inicial de $ 30.000,o Y exige $40.000. Cada projeto tem como entradas de caixa anuidades durante cinco anos: $10.000 ao ano para o projeto X e $15.000 ao ano para o projeto Y. A empresa dispõe de fundos ilimitados e, na ausência de diferenças nos riscos dos projetos, aceita aquele que apresenta o maior VPL. A TMA é de 15%. 14 Intervalo de entrada de caixa Projeto X Projeto Y $0 a $5.000 0% 5% $5.000 a $7.500 10 10 $7.500 a $10.000 60 15 $10.000 a $12.500 25 25 $12.500 a $15.000 5 20 $15.000 a $20.000 0 15 Acima de $20.000 0 10 Probabilidade de se obter uma entrada de caixa dentro do intervalo Investimento inicial $30.000 $40.000 Entradas de caixa de 1 a 5 anos 10.000 15.000 Projeto YProjeto X a. Calcule o VPL para cada projeto. São projetos aceitáveis? b. Calcule a entrada de caixa de equilíbrio para cada projeto. c. A empresa estimou as probabilidades de atingir certos intervalos de entradas de caixa para os dois projetos, como pode ser visto no quadro adiante. Qual é a probabilidade de que cada projeto venha a atingir a entrada de caixa de equilíbrio calculada no item b? d. Qual é o projeto de maior risco? Qual projeto tem o VPL potencialmente mais alto? Discuta o tradeoff entre risco-retorno dos dois projetos. e. Se a empresa desejasse minimizar perdas (isto é, VPL < $0), qual projeto você recomendaria? Se, ao contrário, o objetivo da empresa fosse atingir o maior VPL, qual projeto você recomendaria? Resolução: a. Cálculo do VPL para cada projeto Projeto X: Anuidade Entradas Limpar 30.000 10.000 5 15 Funções f CLEAR CHS g CF0 g CFj g Nj i f NPV Saídas 3.521,55 Projeto Y: Anuidade Entradas Limpar 40.000 15.000 5 15 Funções f CLEAR CHS g CF0 g CFj g Nj i f NPV Saídas 10.282,33 15 b. Entradas de caixa de equilíbrio = [FC x ( FJVPAi,n) – Investimento inicial] > 0 Projeto X: [FC × (FJVP 15%, 5 anos) - $$30.000 > 0 FC × (3,352) > $30.000 ⇒ FC > $8.949,84 352,3 000.30$ = Projeto Y: [FC × (FJVP 15%, 5 anos) - $40.000 > 0 FC × (3,352) > $40.000 ⇒ FC > $11.933,17 352,3 000.40$ = Projeto X: Entradas Limpar 30.000 5 15 0 Funções f CLEAR CHS PV n I FV PMT Saídas 8.949,47 Projeto Y: Entradas Limpar 40.000 5 15 0 Funções f CLEAR CHS PV n I FV PMT Saídas 11.932,62 c. Projeto X: 60% Projeto Y: 25% d. O projeto de maior risco é o projeto B. O projeto que tem o VPL potencialmente mais alto é o projeto é o projeto B, já que têm 15% de probabilidade de obter entradas de caixa entre $15.000 e $20.000, enquanto que o projeto A não tem possibilidade alguma, bem como o projeto B tem a probabilidade de 10% de obter entradas de caixa acima de $20.000, enquanto que A não tem qualquer possibilidade. Tradeoff entre risco-retorno é a expectativa de que, por aceitar maior risco, os investidores devem ser compensados com maiores retornos, por isso é que a probabilidade de se Ter maiores retornos entre os dois projetos é no projeto B que também tem o maior risco (maior variabilidade dos retornos) e. Se a empresa desejasse minimizar perdas (isto é VPL < $0) o projeto recomendado é o A Se a empresa desejasse atingir o maior VPL o projeto recomendado é o B 2. Uma empresa está avaliando o risco de duas propostas de orçamento de capital. O analista financeiro produziu estimativas pessimistas, mais prováveis e otimistas das entradas anuais de caixa, que são fornecidas na tabela a seguir. O custo de capital da empresa é de 10%. 16 Projeto A Projeto B Investimento anual $20.000 $100.000 Resultado Pessimista $5.000 $20.000 Mais Provável 10.000 40.000 Otimista 15.000 100.000 Entradas Anuais de Caixa a. Determine a amplitude das entradas anuais de caixa do projeto A b. Determine a amplitude do valor presente líquido do projeto B supondo que os projetos têm cinco anos de vida c. Determine o valor presente líquido esperado do Projeto A considerando que os retornos têm a mesma probabilidade de ocorrência e que o projeto tem cinco anos de vida. Resolução: a) Amplitude = Resultado Otimista (-) Resultado Pessimista = $15.000 - $5.000 = $10.000. b) VPL B Pessimista Entradas Limpar 100.000 20.000 5 10 Funções f CLEAR CHS g CF0 CHS g CFj g Nj i f NPV Saídas -24.184 Otimista Entradas Para 100.000 100.000 5 10 Funções f CLEAR CHS g CF0 CHS g CFj g Nj i f NPV Saídas 279.079 Amplitude = Resultado Otimista (-) Resultado Pessimista = $279.079 – (- $24.184) = $303.281. c) VPL esperado do Projeto A Pessimista Entradas Limpar 20.000 5.000 5 10 Funções f CLEAR CHS g CF0 CHS g CFj g Nj i f NPV Saídas -1.046 Mais Provável Entradas Limpar 20.000 10.000 5 10 Funções f CLEAR CHS g CF0 CHS g CFj g Nj i f NPV Saídas 17.908 17 Otimista Entradas Limpar 20.000 15.000 5 10 Funções f CLEAR CHS g CF0 CHS g CFj g Nj i f NPV Saídas 36.862 VPL esperado = 908.17$ 3 724.53 3 862.36908.17046.1 ==++− Ou Resultado esperado = 000.10$ 3 000.30 3 000.15000.10000.5 ==++ VPL esperado Entradas Limpar 20.000 10.000 5 10 Funções f CLEAR CHS g CF0 CHS g CFj g Nj i f NPV Saídas 17.908 3. Usando a abordagem do equivalente à certeza, determine se o seguinte projeto é aceitável: Ano Fluxo de Caixa do projeto Fatores equivalentes à certeza 1 $7.000 0,95 2 6.000 0,91 3 5.000 0,8 4 4.000 0,75 O investimento inicial é de $15.000, a empresa tem um custo de capital de 10% e a taxa livre de risco do mercado é de 7% Resolução: a) Cálculo do VPL para avaliar os projetos aplicando equivalentes à certeza para tratar do risco 18 Taxa livre de risco = 7% Valor presente Ano 1 2 1 X 2 = 3 4 3 X 4 = 5 1 7.000 0,95 $6.650 0,935 $6.217,75 2 6.000 0,91 5.460 0,873 4.766,58 3 5.000 0,8 4.000 0,816 3.264,00 4 4.000 0,75 3.000 0,763 2.289,00 $16.537,33 15.000 $1.537,33 Fatores de equivalentes à certeza Entradas de caixa certas FJVP7% Projeto P Valor atual das entradas (-) Investimento inicial Valor presente líquido Entradas de caixa Pela calculadora hp 12 C: VPL (NPV) Entradas Limpar 15.000 6.650 5.460 4.000 3.000 7 Funções f CLEAR CHS g CF0 g CFj g CFj g CFj g CFj i f NPV Saídas 1.537,81 A taxa de retorno livre de risco é de 10% e o prêmio pelo risco de mercado é de 10%. O beta do projeto em análise é 1,5, com fluxos de caixa líquidos esperados de $4.000 ao ano durante cinco anos. O desembolso necessário para investimento no projeto é $12.000 O projeto deve ser aceito? Justifique sua resposta. Respostas: Retorno exigido: )R - (K R k FMFs ×β+= Taxa de retorno livre de risco, RF = 10% Prêmio pelo risco de mercado, (kM – RF) = 10% Beta do Projeto, β = 1,5. ks = 10% + 1,5 × 10% ⇒ ks = 10% + 15% = 25% (i) Investimento Inicial = $12.000 Entradas de Caixa = $4.000 Taxa de retorno = 25% VPL = $4.000 × FJVPA25%, 5 anos - $12.000 VPL = $4.000 × 2,689 - $12.000 VPL = $10.756 - $12.000 VPL = - $1.242,88 Não, porque VPL do projeto menor que zero, e TIR (19,86%) menor que o custo de capital (25%) Pela calculadora hp 12 C: VPL (NPV) 19 Índice de risco Taxa de desconto correspondente 0,0 7% (RF = taxa livre de risco 0,2 8,0 0,4 9,0 0,6 10,0 0,8 11,0 1,0 12,0 1,2 13,0 1,4 14,0 1,6 15,0 1,8 16,0 2,0 17,0 Projeto A Projeto B Investimento inicial (II ) $20.000 $30.000 Vida do projeto 5 anos 5 anos Entradas de caixa (FCt) $7.000 $10.000 Índice de risco 0,2 1,4 Projeto A Projeto B 0 1 1 1 0,95 0,9 2 0,9 0,8 3 0,9 0,7 4 0,85 0,7 Mais que 4 0,8 0,6 Fatores de equivalentes à certeza (at)Ano (t ) Entradas Limpar 12.000 4.000 5 25 Funções f CLEAR CHS g g CFj g Nj i f NPV f IRR Saídas -1.242,88 19,96%4.(Gitman, 20054 Após uma cuidadosa avaliação de alternativas e oportunidades de investimento, a Masters Scohool Supplies encontrou a melhor estimativa da função risco- retorno de mercado, como mostrado no quadro: A empresa está frente a dois projetos mutuamente excludentes, A e B. Ela conseguiu coletar os seguintes dados sobre os projetos: Resolução: a. Análise dos Projetos A e B, utilizando Equivalentes à Certeza 20 FJVP7% Valor atual Ano 1 2 1 X 2 = 3 4 3 X 4 = 5 1 7.000 0,95 6.650 0,935 6.217,75 2 7.000 0,9 6.300 0,873 5.499,90 3 7.000 0,9 6.300 0,816 5.140,80 4 7.000 0,85 5.950 0,763 4.539,85 5 7.000 0,8 5.600 0,713 3.992,80 25.391,10 20.000 5.391,10 Entradas de caixa Fatores de equivalentes à certeza Entradas de caixa certas FJVP7% Valor atual Ano 1 2 1 X 2 = 3 4 3 X 4 = 5 1 10.000 0,9 9.000 0,935 8.415 2 10.000 0,8 8.000 0,873 6.984 3 10.000 0,7 7.000 0,816 5.712 4 10.000 0,7 7.000 0,763 5.341 5 10.000 0,6 6.000 0,713 4.278 30.730 30.000 730 Fatores de equivalentes à certeza Projeto A Valor atual das entradas de caixa (-) Investimento inicial Valor atual líquido Entradas de caixa Entradas de caixa certas Projeto B Valor atual das entradas (-) Investimento inicial Valor atual líquido FUNÇÃO RISCO-RETORNO DE MERCADO 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 Índice de risco Ta xa d e de sc on to a ju st ad a ao ri sc o, T D A R (% ) 7 Pr êm io p el o ris co Taxa livre de risco, RF A B b. Análise dos projetos, utilizando a Taxa de Desconto Ajustada ao Risco Projeto A: Taxa de retorno de 8% será exigido pois o projeto tem o índice de risco de 0,2. 21 VPL = $7.000 × FJVPA8%, 5 anos - $20.000 VPL = $7.000 × 3,993 - $20.000 VPL = $7.951 Projeto B Taxa de retorno de 14% será exigido pois o projeto tem o índice de risco de 1,4. VPL = $10.000 × FJVPA14%, 5 anos - $30.000 VPL = $10.000 × 3,433 - $30.000 VPL = $4.330 c. Nas duas abordagens o Projeto A é preferível ao Projeto B, uma vez que em ambos os casos o valor presente líquido de A é maior do que o valor presente líquido de B. O risco, ajustado à taxa de desconto, baseia-se no ajuste da taxa de desconto ao risco, enquanto que equivalentes à certeza envolve o ajuste do fluxo de caixa ao risco. As abordagens tentam ajustar o risco de maneiras diferentes mas geralmente elas classificam da mesma maneira os projetos quanto a sua aceitabilidade e superioridade Exercícios Propostos: 1.Johnson Farm Implement deve escolher entre dois projetos de investimentos mutuamente excludentes: P e Q. A empresa tem TMA de 12%. Os dados da relação risco-retorno de mercado aplicáveis estes projetos são dados a seguir. Investimento inicial $40.000 $50.000 Vida do projeto 3 anos 3 anos Entradas de cx anuais $15.000 $25.000 Coeficiente de variação 1,5 2 Projeto P Q 0 6% 0,5 10 1 12 1,5 14 2 16 2,5 18 Coeficiente de Variação Taxa de desconto Dados da relação risco- retorno de mercado 22 2.Considere dois projetos de investimentos Ano Projeto A Projeto B Investim. Inicial 42.000 45.000 1 14.000 28.000 2 14.000 12.000 3 14.000 10.000 4 14.000 10.000 5 14.000 10.000 a. Calcule o VPL dos projetos, considerando um k = 10% b. Considerando ser o Projeto A mais arriscado do que o Projeto B - conforme estimativa dos fatores de EC abaixo indicados, e a obtenção de uma taxa de retorno livre de risco de 6%, analise novamente os dois projetos. Projeto A Projeto B Ano Entrada Caixa Fator EC Ano Entrada Caixa Fator EC 1 14000 0,90 1 28000 1,00 2 14000 0,90 2 12000 0,90 3 14000 0,80 3 10000 0,90 4 14000 0,70 4 10000 0,80 5 14000 0,60 5 10000 0,70 c. Considerando a estimativa de um CV de 1,5 para o Projeto A e de 1,0 para o Projeto B, que está associado na função risco-retorno a TDAR de 14% e 11%, respectivamente, qual seria a análise dos projetos? RESUMO Nesta aula você aprendeu vários enfoques para lidar com o risco na análise de viabilidade econômico-financeira de projetos. A análise de sensibilidade verifica o impacto sobre o VPL e a TIR ao variar uma variável da análise. Na análise de cenários, criamos cenários possíveis, através de probabilidades de ocorrência. Na simulação, que é feita através de softwares específicos, a variação é feita dentro de intervalos, criando um número muito grande de cenários. As técnicas de ajuste ao risco são duas: equivalentes à certeza, onde você ajusta as entradas de caixa ao risco e taxa de juros ajustada ao risco (TDAR), onde o ajuste é na TMA. INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA A próxima aula será a primeira do módulo 2, onde você começará a estudar as decisões de financiamento de longo prazo. Você ira aprender a calcular o custo de capital da empresa a partir do cálculo do custo de cada fonte especificas de capital (capital de terceiros e capital próprio). 23 REFERÊNCIAS Brigham, Eugene F.; Ehrhardt, Michael C. Administração Financeira - Teoria e Prática. 10ª Edição. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006.1044 páginas. Gitman, Lawrence Jeffrey. Princípios de Administração Financeira. 10 Edição. São Paulo: Pearson Education, 2004. 745 páginas. Hirschfeld, Henrique. Engenharia Econômica e análise de custos: aplicações para economistas, engenheiros, analistas de investimentos e administradores. 6 Edição. São Paulo: Atlas, 1998. 407 páginas. Lemes Jr., Antonio Barbosa; Rigo, Claudio Miessa; Cherobim, Ana Paula Miessa. Administração Financeira - Princípios, Fundamentos e Práticas Brasileiras . 2ª Edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 547 páginas. Ross, Stephen A.; Westerfield, Randolph W.; Jaffe, Jeffrey F. Administração Financeira - Corporate Finance. 2ª Edição. São Paulo: Atlas, 2002. 699 páginas. Weston, J. Fred; Brigham, Eugene F. Fundamentos da Administração Financeira. 10ª Edição. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2000.1030 paginas.
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