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Unidade 2 - Planos e Enquadramentos Erica Franzon Iniciar Introdução O cinema não é apenas algo feito para contar uma história, é muito mais profundo e complexo do que isso. A sétima arte nos apresenta universos de possibilidade a partir de suas imagens, sons, narrativas e qualquer outro simbolismo que abrigue sentimento. A linguagem cinematográ�ca produz signi�cações e sentidos que transmitem ao espectador uma relação entre o espetáculo ou a sequência de imagens e a representação do real. De fato, o cinema é uma linguagem da arte, e ela não aparece por si só, mas vinculada em todos os sentidos e outros sistemas de signi�cações, que são culturais, sociais, perceptivos, estilísticos. A experiência estética cinematográ�ca transformou a percepção dos espectadores e in�uenciou as formas de apreensão artística pela sociedade. Essas ideias são apoiadas por Christian Metz e sua teoria sobre a linguagem no cinema, um dos pontos essenciais desta Unidade. As re�exões teóricas de Metz serão associadas aos aspectos técnicos que regem a linguagem no cinema que permitem compreender as características da linguagem não-verbal. Por meio de exemplos visuais, você vai conhecer sobre enquadramento, planos, ângulos de �lmagem, movimentos de câmera; e a importância do corte como elemento rítmico. Outro destaque é a relação entre a linguagem cinematográ�ca de diferentes fases da história do cinema com os contextos sociais e culturais de sua época. A partir desses conteúdos da Unidade 2, você será capaz de compreender conhecimentos teóricos, re�exivos sobre a estruturação do audiovisual. No âmbito técnico, o estudo permitirá conhecer os princípios de linguagem de diferentes fases da cinematogra�a. Seja bem-vindo a mais um percurso pelas temáticas do audiovisual. Vamos lá, então? Bons estudos! 1. Linguagem cinematográfica e suas terminologias Como vimos, o surgimento do cinema se deu a partir das �lmagens dos irmãos Lumière e a partir de simples representação de fatos da realidade. Porém, pouco a pouco, o cinema foi se tornando uma linguagem, isto é, um conjunto de elementos que são capazes de constituir uma narrativa. Flávia Cesarino Costa (1995) explica que, no Primeiro cinema (aquele em que ainda não estava presente a narrativização e era visto apenas como espetáculo), os �lmes não possuíam continuidade narrativa e a câmera, muitas vezes, era considerada como uma espécie de interface entre o ator e o espectador. Esse tipo de atitude “quebra” a chamada diegese do �lme. Ou seja, o espectador percebe que é um �lme e perde o encantamento. O termo diegese está associado ao ambiente autônomo da �cção, o mundo onde a história acontece. Assim sendo, diegese é o processo pelo qual o trabalho de narração constrói um enredo que deslancha de forma aparentemente automática, como se fosse real, mas numa dimensão espaço temporal que não inclui o espectador (COSTA, 1995, p.5). Segundo Costa (2005), o cinema de transição, entre as duas primeiras décadas do cinema (1894-5 a 1906-8) e um segundo período (1906-8 a 1913-15), já incorporou recursos de linguagens mais so�sticados para contar uma história. Esse cinema está voltado para a articulação de diversos elementos com a �nalidade de “contar” uma história. O cinema de transição do segundo período, que vai de 1907 a 1915, começa pouco a pouco a se organizar e tomar forma, os �lmes passam a ser mais compridos: algo em torno de 15 minutos. Eles também começam a utilizar diferentes planos de �lmagens e as narrativas se tornam mais elaboradas e �ccionais. Esse período pode ser considerado de apuração e desenvolvimento dos elementos que compõem o cinema; durante essa época, desenvolveram-se as técnicas de �lmagem, atuação, iluminação, enquadramento e montagem. O que marcou principalmente o período de transição do cinema foi a diminuição da distância entre a câmera e os atores. No que se refere à utilização da linguagem verbal no cinema, nesse período de transição, foram criados os letreiros, que eram compridos e serviam para descrever a situação que aconteceria em seguida. Em 1910, foram sendo incorporados intertítulos com fragmentos de diálogos, antes dos planos em que as falas eram ditas. O próximo passo, em 1913, foi a utilização dos intertítulos no momento em que os personagens falavam. Em relação ao enquadramento, a principal mudança realizada foi deixar de enquadrar o corpo inteiro do ator (long shot) e passar a colocar a câmera mais próxima dos atores, com a �nalidade de ressaltar as expressões faciais. É importante observarmos que, pouco a pouco, os elementos vão sendo organizados de maneira a adquirir signi�cados. Conforme Costa (2005), o �lme francês L’ assassinat du duc de Guise , feito em 1908, sugere uma maneira mais naturalista de apresentação do espaço e de organização dos atores. Essa nova postura técnica contribui para tornar a narrativa mais diegética, pois, quando a encenação é toda feita voltada para câmera, acaba-se privilegiando a ponte de comunicação aos proveitos do espectador. Foi exatamente nesse período, de 1909 a 1913, que surgiram os enquadramentos chamados de plano americano e primeiro plano. No começo, ainda no período do primeiro cinema, o tamanho máximo de um �lme dava-se a partir da duração do rolo de película. Com o aperfeiçoamento das técnicas, foi possível estender o tempo do �lme, juntando-se diversos rolos de película. No entanto, foi no período do cinema de transição que os cineastas experimentaram maneiras diferentes de conectar os planos para articular, de forma mais clara para o espectador, a ação narrativa. A constituição de um sistema de convenções mais so�sticado só se desenvolveria em 1917. Entretanto, houve um grande progresso no período de transição, desenvolvendo três maneiras básicas de conexão entre planos: montagem alternada, montagem analítica e montagem em contiguidade (BORDWELL E THOMPSON, apud, COSTA, 2005, p.43). Você quer ver? Figura 1- L’assassinat du Duc de Guise. Fonte: IMDB, 2019 Conforme Aumont (2003), ver um �lme é, antes de tudo, compreendê-lo, independentemente de seu grau de narratividade. A�rmar que o �lme é capaz de dizer alguma coisa a alguém, permite concluir que ele é um meio de comunicação e que possui uma linguagem. Para Martin (2005), a linguagem cinematográ�ca possui uma originalidade, que vem essencialmente do seu poder �gurativo de mostrar o invisível e o visível, de visualizar o pensamento ao mesmo tempo em que o vivido, de conseguir a fusão do sonho e do real, de ressuscitar o passado e atualizar o futuro. Desse modo, a compreensão de qualquer linguagem passa pelo entendimento dos elementos que a formam. Entre esses elementos está a imagem. Christian Metz, em Linguagem e Cinema , nos diz que o desdobramento de uma imagem única, para duas ou mais, é passar do pictórico estático à articulação de uma linguagem, ou seja, à linguagem cinematográ�ca. Para Metz, o cinema pode ser considerado uma linguagem a partir do momento em que ele escolhe e organiza elementos signi�cativos para o �lme e para o espectador, mas ele que não têm nada em comum com a língua, quando esta também organiza fonemas, signos, símbolos e regras gramaticais para dar sentido às palavras componentes de um idioma. O que Metz quer dizer é que a linguagem no cinema está associada à montagem, a qual se insere em um conjunto mais amplo dos fenômenos da linguagem. Segundo o autor, o material fotográ�co é um ponto de partida e “o �lme é composto por várias imagens que adquirem suas signi�cações umas em contato com as outras, através de um jogo complexo de implicações recíprocas, símbolos, elipses”; no qual o signi�cante se distancia do seu signi�cado, mas, que há de fato uma “linguagem cinematográ�ca” se formando (METZ, 1980, p. 59). No entanto, no início, a linguagem no cinema estava ainda em processo de elaboração. De acordo com Fernando Mascarello, em História do Cinema Mundial , em seus primeiros 20 anos de surgimento, o cinema foi considerado de poucointeresse para a história da própria arte, por ser visto como um conjunto de tentativas desajeitadas de narrativas. O que viria a se estabelecer de fato só depois. Nesse período, por estar misturado a outras formas de cultura (como foi visto na Unidade 1) - como o teatro, a lanterna mágica e demais atrações populares - o cinema se O �lme francês L’ assassinat du duc de Guise , feito em 1908, por Calmettes e Le Bargy, para a companhia Film d’Art mostra claramente o efeito da aproximação da câmera em relação aos atores, permitindo o desenvolvimento das cenas a partir do fundo em direção ao primeiro plano; a exemplo na cena em que o duque atravessa a sala onde conspiram seus assassinos. A altura mais baixa da câmera, por sua vez, faz parecer com que os atores estavam sendo observados de um nível de observação inferior, dando certa impressão de grandiosidade e heroísmo às personagens. Além disso, o �lme tem outra característica importante, que é permitir aos atores �carem de costas para a câmera, se a ação assim exigir (COSTA In.: MASCARELLO, 2005. p.42). Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=bh0tonXPEKQ https://www.youtube.com/watch?v=BsgMxLaCPXI&t=10s encontrava em um estágio preliminar de linguagem. “Somente aos poucos, é que os �lmes superaram suas limitações iniciais e se transformaram em arte na medida em que encontram os princípios especí�cos de sua linguagem, ligados à montagem como um elemento fundamental da narrativa. Historiadores como Georges Sadoul, Lewis Jacobs e Jean Mitry, apesar da elevada erudição e do detalhamento de suas análises, privilegiaram esse ponto de vista evolutivo, entendendo os trabalhos dos ‘pioneiros’ do cinema como experimentações que os levariam aos ‘verdadeiros’ princípios da linguagem cinematográ�ca” (MASCARELLO, 2014, p. 22). Marcel Martin em A Linguagem Cinematográ�ca aponta que o elemento base da linguagem no cinema é a imagem. “Ela é a matéria-prima fílmica e, simultaneamente, uma realidade particularmente complexa. A sua gene é, com efeito, marcada por uma ambivalência profunda; é o produto da atividade automática de um aparelho técnico capaz de reproduzir exata e objetivamente a realidade que lhe é apresentada, mas ao mesmo tempo esta atividade é dirigida no sentido preciso desejado pelo realizador. A imagem assim obtida é um dado cuja existência se coloca simultaneamente em vários níveis da realidade, em virtude de um certo número de caracteres fundamentais.” (MARTIN, 2003, p. 27). Compreender a linguagem é um fator essencial para entendermos os fundamentos do cinema, e também das artes em geral, como a�rma Walter Benjamin. Segundo o autor, para que a arte possa ser reconhecida como tal, é necessário considerá-la enquanto linguagem. Dessa maneira, buscar a conexão dela com as linguagens da natureza e da sociedade. “[...] é certo que a linguagem da arte só poderá ser compreendida nas suas relações profundas com a teoria dos signos. Sem esta, qualquer �loso�a da linguagem permanece fragmentária, porque a relação entre linguagem e signo vem das origens e é fundamental”. (BENJAMIN, 1994, p. 195). O que se coloca é que a linguagem do cinema parte de um sistema de signos que exprimem ideias. Portanto, o cinema tem como especi�cidade a presença fundamental de uma linguagem que transmita ao espectador uma relação entre o espetáculo ou a sequência de imagens e a representação do real. Entende-se que o cinema é uma linguagem da arte, e ela não aparece por si só, mas vinculada a outros sistemas de signi�cações que são culturais, sociais, perceptivos e estilísticos. 1.1. Elementos básicos da linguagem cinematográfica Agora que estabelecemos os fundamentos para a compreensão da especi�cidade da linguagem cinematográ�ca, é o momento de conhecer os elementos básicos desta modalidade. Para entender como um �lme ou uma produção audiovisual funciona é preciso voltar às raízes: som e imagem. A�nal, quando as primeiras produções foram lançadas, a linguagem cinematográ�ca era bem mais simples. Mesmo o som inserido no próprio conteúdo fílmico veio só depois. Os planos utilizados eram poucos e a montagem era convencional. Mas, tivemos muitas mudanças com o desenvolvimento da linguagem, do próprio equipamento e até da compreensão do espectador. Vejamos, então, os termos mais comuns na área: 1.1.1. Fotograma Figura 2 - Quadro cinematográ�co Fonte: Não informada No cinema, é cada impressão fotográ�ca ou quadro unitário de um �lme cinematográ�co. Como imagem individual de um �lme, o fotograma corresponde ao frame do vídeo, e ambos são genericamente chamados de ‘quadros’ de um produto audiovisual. Os fotogramas aqui mostram um cavalo de raça galopando, para provar que todas as patas saiam do chão. A foto foi feita por Eadweard Muybridge em 1887, na Filadél�a (EUA). Você quer ver? Para ver os fotogramas em movimento (GIF). Acesse: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fotograma#/media/Ficheiro:Muybridge_race_horse_animated.gif https://www.youtube.com/watch?v=BsgMxLaCPXI&t=10s 1.1.2. Plano Chamamos de plano tudo que é mostrado para o espectador de forma contínua. Uma sucessão de imagens em movimento sem interrupção de qualquer tipo; Quando um plano é cortado na montagem e se passa ao plano seguinte, muda a posição da câmera e as dimensões do plano. Saiba mais É no storyboard que se apontam os planos, a sequência deles e os movimentos de câmera que se deseja gravar. O storyboard são os desenhos que formam um “roteiro” em quadrinhos, permitindo melhor visualização de como vão acontecer as cenas e, com isso, facilitando a programação na fase de pré-produção, para que se calcule tudo o que será necessário para �lmar determinada cena. Você quer ver? Veja primeiro abaixo o storyboard da famosa cena do banheiro do �lme Psicose (1960), de Hitchcock. Quer ver? Acesse: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fotograma#/media/Ficheiro:Muybridge_race_horse_animated.gif https://www.youtube.com/watch?v=BsgMxLaCPXI&t=10s 1.1.3. Enquadramento Enquadrar é a ação de selecionar determinada porção do cenário para �gurar na tela, escolhendo os ângulos e a amplitude do plano. Assim, a depender do enquadramento, uma pessoa pode aparecer inteira na tela, ou pode-se optar por mostrar apenas seu rosto. 1.1.4. Ângulos Além da divisão em planos, a câmera pode ser de�nida quanto a sua inclinação. De�ne-se ângulo tendo em vista o eixo que a câmera faz em relação a sua posição vertical ou horizontal. 1.1.5. Movimentos de câmera A escolha do que é visto e de como é visto é um dos principais recursos narrativos da linguagem videográ�ca. Além dos planos e ângulos, a câmera tem o recurso de mover-se em relação à sua base e ao eixo da ação. 1.1.6. Tomada Tomada é tudo que é registrado pela câmera desde o momento em que ela é ligada até quando é desligada. Gravar tudo numa mesma tomada é um grande desa�o. Cada captura feita de uma determinada parte do �lme, com o objetivo de se chegar àquela mais perfeita. Particularmente no Figura 3 - Psicose Storybords. Fonte: vashivisuals, 2019. Agora, depois de observar bem o storyboard você poderá compará-lo ao seu resultado �nal de gravação da talvez mais clássica cena de suspense da história do cinema. Acesse: https://www.youtube.com/watch?time_continue=3&v=0WtDmbr9xyY https://www.youtube.com/watch?v=BsgMxLaCPXI&t=10s cinema de �cção, um mesmo trecho de �lme pode ser encenado e registrado repetidas vezes, para que seja possível selecionar a melhor, a que será utilizada na versão �nal do �lme. 1.1.7. Cena A cena é uma unidade de tempo e de espaço em que se desenrola uma parte do �lme. É menor que a sequência. Ao contrário do que ocorre nesta, não há elipses dentro de uma cena. Pode-se entender a cena também como a menor unidade fílmica com signi�cado completo ou o conjunto de planos. Cena pode ser vista também como o conjunto de planos situados no mesmo local ou mesmo cenário, e que se desenrolam em um tempo determinado. Saiba mais Claquete é um dispositivo usado no cinema e audiovisualpara identi�car os planos e tomadas rodados durante a produção, e também para ajudar na sincronização entre imagem e som. É normalmente formada por uma peça maior, na qual são escritos os dados de identi�cação da tomada, e uma menor, articulada, que é batida contra a peça principal, provocando um ruído característico. Figura 4 - Claquete. Fonte: não informada 1.1.8. Corte O corte pode ser dar de duas formas. No plano cinematográ�co, é literalmente o corte da película ou a interrupção do registro pela câmera. No plano fílmico, acontece um corte quando há descontinuidade da imagem mostrada na tela, correspondendo a uma mudança de planos, possivelmente com enquadramento e angulação diferentes. Corte, em cinema e audiovisual, é a passagem de um plano a outro. Todo corte, portanto, pressupõe a existência de dois planos: o que vem antes do corte (por convenção chamado de “plano A”) e o que vem depois do corte (“plano B”). A classi�cação dos cortes obedece o seguinte: Você quer ver? No vídeo a seguir, do canal Pipocando, você terá acesso a uma lista de 10 cenas marcantes da história do cinema. Aproveite e utilize seus novos conhecimentos acerca dos elementos básicos da linguagem da sétima arte para analisá-las. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=_UPCn-mPdxU Corte direto Fade Fusão Sobreposição Transições https://www.youtube.com/watch?v=BsgMxLaCPXI&t=10s Elipse narrativa Você quer ver? Um exemplo de Elipse é a cena do �lme 2001 - Uma Odisséia no Espaço (Stanley Kubrick), na qual o suposto homem/macaco lança o objeto/osso para o alto, a câmera focaliza a imagem e na sequência sobre mesma angulação entra a imagem da nave no espaço. Neste exemplo cria-se uma elipse de milênios de evolução, sem que para isso seja necessário observar cada momento deste processo evolutivo. E tudo isto acontece pelo modo com que as imagens são organizadas. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=9etefsYMm5o Saiba mais Alguns conceitos da linguagem cinematográ�ca podem não ser tão fáceis de compreender. Abaixo listamos algumas de�nições. Elipses Elipses de estrutura Elipses de conteúdo Fonte: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Elipse_(narrativa) https://www.youtube.com/watch?v=BsgMxLaCPXI&t=10s 1.1.9. Sequência Conjunto de planos ou cenas que estão interligados pela narrativa. O lugar pode variar, mas a ação tem continuidade lógica. 1.1.10. Som Criar emoções por meio de efeitos sonoros é um dos maiores desa�os do cinema. Interessante ressaltar que, na maioria dos �lmes, os áudios são captados sem as imagens para, depois, serem mixados. É o som que dá veracidade à experiência cinematográ�ca. Saiba mais No cinema mudo, a introdução da música foi fundamental. Muitas projeções dos �lmes eram acompanhadas por música ambiente, executada por orquestras. Nas cidades pequenas, geralmente, os cinemas possuíam pianistas ou instrumentista para sonorizar a projeção. As cidades grandes possuíam orquestras próprias para produzir os efeitos sonoros. Figura 5 - Cinema mudo. Fonte: não informada Saiba mais 1.1.11. Imagem A imagem é o centro de toda produção audiovisual. Tudo é voltado para esse trabalho, que começa durante a captação das cenas, passa pela escolha da fotogra�a do �lme e é �nalizado na edição. O advento do som mudou a estética do cinema, facilitou o entendimento da narrativa por aumentar a capacidade de expressão do �lme (por meio das palavras, dos diálogos) e por possibilitar a criação de determinada atmosfera (dada pela música, a trilha sonora). Por conta dele, o cinema passou a ser combinação de duas linguagens (o som e a imagem). Fonte: BETTON, Gérard. Estética do cinema. Trad. Marina Appenzeller. São Paulo: Martins Fontes, 1987. Diálogos Música Saiba mais Cinema: (ci.ne.ma) s.m. (Cine) 1. Arte de compor e realizar �lmes cinematográ�cos. 2. Local onde se assiste à projeção cinematográ�ca. 3. A indústria cinematográ�ca. Cinematográ�ca. (ci.ne.ma.to.grá.�.co) adj. (Cine) Aparelho que permite projetar numa tela cenas animadas; cinema. Cine: (ci.ne) s.m. Abreviatura de cinema. (DICIONÁRIO AURÉLIO, 2008, p. 305, 306) A�nal, o que é linguagem cinematográ�ca? Em A signi�cação no Cinema , Christian Metz (2006, p. 126 - 127) diz: 1.2. Planos e Enquadramentos Como vimos anteriormente, os primeiríssimos �lmes da história do cinema não tinham montagem. Eram pequenas bobinas de �lme, cada uma com pouco menos de um minuto, que registravam �xamente o mesmo enquadramento. Tudo em um único plano. Acabava a bobina, acabava o �lme. Ainda que em inicial, a montagem nasce no ano de 1896, em Démolition d’un mur , de Louis Lumière. No �lme, vemos um muro ser demolido e, depois de uns segundos de tela preta, o �lme roda ao contrário e o muro se reconstrói diante de nossos olhos. É a primeira vez que dois blocos de sentido opostos são aproximados e, apesar de se tratar do mesmo plano que passa repetido duas vezes, o nexo lógico entre duas imagens está estabelecido. Cena de Demolição de um muro de Auguste e Louis Lumière de 1896 Figura 6: Auguste e Louis Lumière Fonte: Não informada O cinema, sem dúvida nenhuma, não é uma língua, contrariamente ao que muitos teóricos do cinema mudo a�rmaram ou sugeriram (temas da “cine-língua”, do “esperanto visual” etc.); mas pode ser considerado como uma linguagem, na medida em que ordena elementos signi�cativos no seio de combinações reguladas, diferentes daquelas praticadas pelos nossos idiomas, e que tampouco decalcam os conjuntos perceptivos oferecidos pela realidade (esta última não conta estórias contínuas). A manipulação fílmica transforma num discurso o que poderia não ter sido senão o decalque visual da realidade. Partindo de uma signi�cação puramente analógica e contínua - a fotogra�a animada, o cinematógrafo -, o cinema elaborou aos poucos, no decorrer de seu amadurecimento diacrônico, alguns elementos de uma semiótica própria, que �cam dispersos e fragmentários no meio das camadas amorfas da simples duplicação visual. Para ver: Démolition d’un mur, acesse https://www.youtube.com/watch?v=PI_Rxa0YFWg A noção de enquadramento é a mais importante da linguagem cinematográ�ca. Enquadrar é decidir o que faz parte do �lme em cada momento de sua realização. Enquadrar também é determinar como o espectador perceberá o mundo que está sendo criado pelo �lme. Enquadrar bem é um passo importante para construir a narrativa e dar senso estético em cada plano do �lme. O enquadramento depende de três elementos: 1. O plano 2. A altura do ângulo 3. O lado do ângulo Vejamos cada um deles. 1.2.1. Plano Plano é uma das palavras mais comuns do cinema, no entanto, não se deve confundir o plano que está entre dois cortes (que separam duas cenas), do plano que envolve o enquadramento, que está relacionado com a distância da câmera e o objeto que está sendo �lmado. A isso se deve levar em consideração o tipo de objetiva utilizada (Grande angular, Normal ou Teleobjetiva). O plano abordado neste tópico é o recurso que determina o tamanho dos personagens e objetos apresentados em cada quadro, assim como qual parte deles veremos. A escolha do plano controla o que podemos saber de um tema numa certa cena e também pode exercer um efeito em nossa percepção da imagem. Podemos utilizar os seguintes termos e abreviaturas para a classi�cação quanto ao plano: 3. O lado do ângulo 1. Planos 2. Altura do ângulo ● Plano Geral (very long shot) P/G É o plano panorâmico da cena. O plano geral também pode ser utilizado para dar sentido de isolamento colocando uma pequena �gura humana numa vasta paisagem. O plano geral permite a utilização como elemento de contraste com planos médios e primeiros planos dos elementos nele incluídos; relaciona os personagens e quem os rodeia. No plano geral, o ambiente domina a cena, como no exemplo abaixo. Figura 3 - Cena do �lme Pulp-Fiction, de Quentin Tarantino. Fonte: blog.emania, 2019. ● Plano Médio (long shot) P/M Inclui todas as características importantes de uma cena. Estabelecerelações entre o tema e o meio ambiente.São visíveis apenas gestos largos. Mostra a pessoa da cintura para cima, está entre o plano geral e o close. Figura 4 - Cena do �lme Pulp-Fiction, de Quentin Tarantino. Fonte: blog.emania, 2019. 3. Lado do ângulo Figura 5 - Cena do �lme O diabo veste Prada, de David Franke. Fonte: blog.emania, 2019. ● Plano Americano (mid shot) P/A Revela expressões mas não enfoca um tema. Estabelece inter-relação entre dois personagens, Mostra a pessoa do joelho para cima. Figura 6 - Cena do �lme Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola. Fonte: blog.emania, 2019. Figura 7 - Cena do �lme Embalos de Sábado à noite, de John Badham. Fonte: blog.emania, 2019. ● Primeiro Plano (close-up) P/P Concentra-se num rosto ou detalhe de uma cena. Revela o personagem e seus sentimentos. Desempenha função mais emocional. plano é cortado pouco abaixo das axilas. Permite por exemplo imagens de alguém a fumar,cortando totalmente o ambiente em redor. Este tipo de planos privilegia o que é transmitido pela expressão facial. Figura 8 - Cena do �lme O Fabuloso destino de Amèlie Poulain, de Jean Pierre Jeunet. Fonte: blog.emania, 2019. Figura 9 - Cena do �lme Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola. Fonte: blog.emania, 2019. ● Primeiríssimo Plano (big close-up) Pº/P Enquadra e enfoca uma parte do rosto do tema como os olhos, as mãos ou outro detalhe. Cria um efeito de choque. Essencial para se alcançar a máxima intensidade dramática, apresenta nitidamente a expressão do rosto e projeta as características do personagem e pode revelar pensamentos e o momento interior do personagem. Figura 10 - Cena de Pulp Fiction, de Quentin Tarantino. Fonte: blog.emania, 2019. Figura 11 - Cena de 2001 - Uma odisséia no espaço, de Stanley Kubrick. D - Fonte: blog.emania, 2019. ● Plano Detalhe (extra-big close-up) P/D Focaliza um detalhe mínimo, muitas vezes de maneira que não se consegue reconhecer o objeto. Cria-se um sentido de mistério e surpresa quando o tema é revelado. Plano de impacto visual e emocional, mostrando uma parte essencial do assunto, às vezes, criando uma imagem abstrata. Figura 11 - Cena de 2001 - Uma odisséia no espaço, de Stanley Kubrick. Fonte: blog.emania, 2019. ● Plano Detalhe (extra-big close-up) P/D Focaliza um detalhe mínimo, muitas vezes de maneira que não se consegue reconhecer o objeto. Cria-se um sentido de mistério e surpresa quando o tema é revelado. Plano de impacto visual e emocional, mostrando uma parte essencial do assunto, às vezes, criando uma imagem abstrata. Figura 12 - Cena do �lme O Fabulosos destino de Amèlie Poulain, de Jean Pierre Jeunet. Fonte: blog.emania, 2019. ● Plano Inicial (Stock Shot) São planos que podem utilizar vários tipos de planos. Eles são usados para que o público possa se situar e compreender onde se localiza a história ou a passagem do tempo na trama do �lme. Exemplo: Um �lme que está sendo gravado em São Paulo, mas que durante a trama existe uma cena que vai ser gravada em Nova Iorque, é aí que entra o plano de passagem, fazendo a ligação entre os dois cenários. Neste caso, é comum utilizar um plano geral da cidade, e cortar para uma determinada ação. Figura 13 - Cenas do �lme O Fabulosos destino de Amèlie Poulain, de Jean Pierre Jeunet. Fonte: blog.emania, 2019. ● Plano Sequência O plano seqüência é um plano sem cortes. Segue uma seqüência contínua, podendo ser executado com a câmera na mão ou utilizando vários tipos de estabilizadores de imagem. O mais conhecido e utilizado é o ” Steadicam “. Exemplos: Plano sequência inicial do �lme “Snake Eyes”, dirigido por Brian de Palma em 1998. Acesse aqui. https://www.youtube.com/watch?time_continue=16&v=iZQyWyy4dDE Plano sequência de Arca Russa, dirigido por Alexandr Sokurov em 2002. Acesse aqui. https://www.youtube.com/watch?v=6ziy8GahWEs No Brasil, em 2008, Gustavo Spolidoro dirigiu Ainda orangotango, rodado em um único plano-sequência de 81 minutos, o primeiro realizado no país. Acesse aqui. https://www.youtube.com/watch?v=Gi8UJ4dx2Pk 1.2.2. Altura do ângulo ● Normal: a câmera é disposta em um ângulo na altura da pessoa. Figura 14 - Cena do �lme O céu de Suely, de Karim Aïnouz. Fonte: blog.emania, 2019. ● Plongèe: a câmera �lma a pessoa de cima para baixo. Figura 15 - Cena do �lme Senhor dos Anéis de Peter Jackson. Fonte: o globo, 2019 ● Contra plongèe: a câmera �lma a pessoa de baixo para cima, passando uma imagem de superioridade. Figura 16 - Cena do �lme Cidadão Kane, de Orson Welles. Fonte: obviousmag, 2019 1.2.3. Lado do ângulo ● Frontal: a pessoa é �lmada com o rosto de frente para a câmera. Figura 17 - Cena do �lme O Fabulosos destino de Amèlie Poulain, de Jean Pierre Jeunet. Fonte: blog.clubecafe, 2019. ● Per�l : a imagem mostra exatamente o per�l da pessoa. Figura 18 - Cenas do �lme A vida é bela, de Roberto Begnini. Fonte: notaterapia, 2019. ● Semiper�l ou 3/4 : é uma imagem lateral para a câmera. Figura 20 - Cena do �lme X-men - Origens: Wolverine, de Gaven Hood. Fonte: adorocinema, 2019 ● Nuca : a pessoa é �lmada de costas. Figura 21 - Cena do �lme Elefante, de Gus Van Sant. Fonte: revistamoviement, 2019 2. Linguagem cinematográfica e elementos não específicos Para trabalhar detalhadamente os elementos dessa linguagem, é necessário saber que a linguagem cinematográ�ca é composta por uma totalidade de códigos, chamados por Metz (1980) de especí�cos e não especí�cos , onde os códigos especi�camente cinematográ�cos são aqueles próprios do cinema, ou seja, os movimentos de câmera e a montagem, como foram abordados no capítulo anterior. Segundo Metz (1980) os elementos não especí�cos (códigos não especí�cos ou não fílmicos), são aqueles códigos narrativos comuns compartilhados com outras linguagens como: a iluminação o vestuário o cenário a cor o desempenho dos atores No entanto, não são somente esses os códigos não fílmicos; Betton (1987) acrescenta que a tela larga e a profundidade de campo, que não são usadas por outras artes, têm uma in�uência na linguagem cinematográ�ca, porém não são fundamentais para sua de�nição. 3. Coerência e Linguagem A coerência e a coesão textual são ferramentas utilizadas para que um texto faça sentido no nível das ideias e das palavras escolhidas. Em se tratando de linguagem audiovisual, a coerência refere- se ao nexo entre o argumento ou roteiro e os acontecimentos e circunstâncias da história. Para que uma linguagem seja coerente é preciso não haver contradição entre as partes do texto. No livro A Arte do Cinema , o crítico David Bordwell destaca critérios para a análise de �lmes, entre eles, a coerência. É natural da percepção humana buscar por ordem e sentido no mundo, e por isso que um texto, por exemplo, tenha equilíbrio e tenha suas partes bem amarradas. Do mesmo modo, em um �lme, é desejável que todos os elementos sejam bem colocados e justi�cados na trama. O cenário, a iluminação, a cor, os movimentos de câmera, as atuações dos atores, a ordem das cenas, tudo tem de estar disposto de tal modo que construa signi�cados. Na linguagem cinematográ�ca, como vimos, há diversos elementos que são manuseados para o desenvolvimento da sequência. As cenas devem se encaixar para dar sentido completo à narrativa. Para isso, é necessário atentar-se aos elementos especí�cos e não especí�cos da linguagem cinematográ�ca que estarão dispostos no roteiro. O roteiro de cinema é como um guia de imagens. A coerência em uma linguagem roteirizada, como do cinema, existe a partir da interação entre os elementos estruturais e de maior relevância na composição técnica e estética da obra cinematográ�ca. Como nas instâncias que envolvem noções de tempo, sequência, cena, tema, trama, ponto de virada, diálogo, montagem, entre outros. Entre os elementos que contribuem para a coerência do texto cinematográ�co está a montagem. A montagem no cinema está relacionada com a construção de signi�cados a partir da junção de elementos diferentes e não relacionadosentre si. Muitas cenas são gravada e depois editadas para formarem um todo. É através da ordem dos planos e da velocidade dos cortes, por exemplo, que se constituem a atmosfera e o �uxo narrativo do �lme. A identidade, a estética da obra só se faz conjunta e coerente a partir do momento em que estas questões de montagem estão bem de�nidas. 3.1 “O estilo da escrita”: a montagem No processo fílmico, a montagem não é apenas a etapa �nal de um processo, mas também uma modalidade articulatória que participa do conjunto, indo do roteiro até o resultado �nal. Com isso, pode-se dizer que a montagem é a articulação de três etapas distintas: a escritura do roteiro (peça cinematográ�ca), a realização (encenação da peça) e a seleção e organização dos planos (montagem propriamente dita) (LEONE; MOURÃO, 1993, p. 15). Segundo os autores, a escritura de um �lme exige um bom roteiro, que organize a lógica das ações e o desenvolvimento da narrativa. Destacam-se nesta etapa, pensando no roteiro: a espacialidade : a estruturação dos personagens no espaço do cenário. a temporalidade : a organização do tempo na trama, como o tempo interior das sequências e o tempo do conjunto das sequências que farão parte do �lme. o ritmo : o conjunto dos elementos anotados no texto; uma espécie de andamento da ação. Para a montagem e realização, Leone e Mourão, em Cinema e Montagem (1993), abordam a dimensão do movimento, a importância dos enquadramentos, o espaço e o tempo de realização, e o ritmo na narrativa. Gerard Betton (1987), em Estética do cinema, classi�ca os tipos de montagem nas três categorias expostas na sequência: 1. Montagem rítmica: a ordem e proporção do �lme são extraídas de uma intuição rítmica. A partir do ritmo, o realizador insistirá nesse ou naquele detalhe e comporá o �lme por sequências curtas, para sugerir dinamismo, e/ou longas, para indicar tédio, monotonia etc. A alternância dessas durações que o �lme adquire diversidade e vida. 2. Montagem intelectual ou ideológica: o �lme é montado a partir da justaposição dos planos que visa comunicar um ponto de vista, um sentimento ou um conteúdo ideológico ao espectador. O realizador está o tempo todo procurando causar efeitos e sugerir algo. 3. Montagem narrativa: tem uma função mais descritiva, o intuito é reunir os vários fragmentos de realidade de forma a criar um todo signi�cativo que realmente conte algo. Ressaltando que a dimensão temporal é o que guia essa montagem, Betton apresenta a seguinte subdivisão: montagem linear: uma ação una é disposta em sua ordem lógica e cronológica, por isso é o tipo de montagem mais simples e clássico. montagem invertida: mistura-se passado, presente e futuro a partir de várias digressões (como as dadas pelo �ashback e pelo �ashforward) para tornar a história mais complexa e dinâmica. montagem alternada: é baseada no paralelismo entre duas ou várias ações para causar efeitos diversos como tensão e suspense. montagem paralela: é feita uma aproximação simbólica de várias ações com o objetivo de criar um sentido de justaposição. O espectador vai aos poucos estabelecendo relações entre os elementos das várias histórias e tem uma participação ativa na construção do enredo. Saiba mais O roteiro ou argumento é a forma escrita de qualquer espetáculo audiovisual, escrito por um ou vários pro�ssionais que são chamados de roteiristas (argumentistas). O roteiro é um documento narrativo utilizado como diretriz para espetáculos de cinema, performances, rádio ou programas televisivos. O enredo está centrado num con�ito, responsável pelo nível de tensão da narrativa. Ele pode ser organizado de várias formas: Situação inicial - os personagens e espaço são apresentados. Quebra da Situação Inicial - um acontecimento modi�ca a situação apresentada. Con�ito - Surge uma situação a ser resolvida, que quebra a estabilidade de personagens e acontecimentos Clímax - ponto de maior tensão na narrativa. Desfecho - solução do con�ito. Obs.: essa solução não signi�ca um �nal feliz. Para mais informações sobre como fazer um roteiro, consulte aqui. Link: https://www.aicinema.com.br/como-fazer-um-roteiro/ 4. Procedimentos narrativos Com vimos anteriormente, o cinema em sua origem não fazia uso de tantos elementos da linguagem cinematográ�ca, o que muda com a inserção do som e de outros recursos técnicos e estéticos é que houve o encontro entre diferentes elementos que se tornaram parte integrante da linguagem cinematográ�ca em prol das narrativas. A possibilidade da imagem em movimento, https://www.aicinema.com.br/como-fazer-um-roteiro/ com códigos de movimento da câmera, contribui para que o cinema saia do estático e ganhe mobilidade e verossimilhança, como explica Jacques Aumont et al. (2010, p. 106). A articulação dos processos narrativos envolvem o corte e a montagem. Além da importância da montagem, o corte é um elemento essencial e conciliador na concatenação dos planos. O corte poderá mediar, intensi�car as signi�cações tanto no nível estético quanto ideológico. São esses aspectos que criam um campo propício para o desenvolvimento da narrativa, conforme explicam Leone e Mourão (1993). Você quer ler? Martin Scorcese valoriza a “estória” sobre o “enredo” Em uma entrevista, Scorsese diferencia os conceitos de enredo ou trama e “estória”, e porque é que a estória é mais importante do que o enredo. Para ele, o enredo é apenas a sucessão dos eventos narrados. A estória, por outro lado, inclui além do enredo ainda a caracterização dos personagens. Para Scorcese são estas outras coisas que garantem a longevidade de um �lme, já que o simples enredo, depois de conhecido, perde rapidamente o seu poder de atração. No material que indicamos a seguir, você poderá acessar os tipos principais de roteiros que encontraremos nas maior parte das produções cinematográ�cas. Você gostaria de conhecê-los? Link: http://www.massarani.com.br/rot-enredos-roteiro-cinema.html Síntese Neste percurso da Unidade 2 foram abordados os elementos especí�cos e não especí�cos que dão completude à linguagem audiovisual, tornando-a um meio e�ciente para transmitir uma narrativa coerente, na qual o público se sinta conectado. Independentemente da intenção da obra cinematográ�ca, se é para �ns de divertimento, cultura ou informação, essa linguagem necessita desses elementos para atingir um objetivo e justi�car a escolha desta linguagem para contar a história em detrimento das demais linguagens. A compreensão desse processo de formação da linguagem audiovisual é necessária, pois conhecer essas terminologias e saber manusear esses elementos contribuem para o entendimento técnico e estético do que é aplicado no meio pro�ssional. Além dessas orientações, vale investigar os pontos que mais lhe suscitaram interesse e curiosidade entre os conteúdos tratados nesta unidade, que foram: Linguagem cinematográ�ca e suas terminologias; ○ Planos e Enquadramentos; Linguagem cinematográ�ca e elementos não especí�cos; Coerência e Linguagem; ○ Procedimentos narrativos. Download do PDF da unidade Bibliografia AUMONT, Jacques. BERGALA, Alain. MARIE, Michel. VERNET, Marc. A estética do �lme . Campinas: Papirus, 2010. AURÉLIO. Dicionário eletrônico . Disponível em: <http://www.dicionariodoaurelio.com/>. Acesso em: 25 jun. 2019. BENJAMIN, Walter. Sobre arte, técnica, linguagem e política . Traduções de Maria Luz Moita e Maria Amélia Cruz e Manuel Alberto. Prefácio de T. W. Adorno. Lisboa: Relógio D’Água Editores, 1994. BETTON, G. Estética do cinema . São Paulo: Martins Fontes, 1987. COLOMBO, Angélica A.; OLIVEIRA, Robespierre. Cinema e Linguagem : as transformações perceptivas e cognitivas. 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