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APOSTILA - SAÚDE COLETIVA -

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SERVIÇO DE ENSINO PROFISSIONALIZANTE DE TÉCNICO EM ENFERMAGEM – FEPE 
ATUANDO NA ATENÇÃO SAÚDE DA CRIANÇA, ADOLESCENTE, MULHER E CLIENTE 
PSIQUIÁTRICO. 
AÇÕES DE ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA 
 
Curso: Técnico em Enfermagem 
Docente: Kívia Thayanne de Brito Reis – PEDAGOGA 
 
PLANO DE CURSO 
ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA 
EMENTA: Conceitos de saúde coletiva. Identificação dos problemas de saúde coletiva. Sistema de 
Saúde no Brasil. Perspectivas de saúde coletiva no Brasil. Planejamento em saúde coletiva. Níveis de 
prevenção. Equipe de saúde coletiva e atribuições da enfermagem na equipe. Fundamentos teóricos-
metodológicos para a prática educativa em saúde. 
OBJETIVO 
▪ Conhecer os principais aspectos constitutivos do processo educativo, e da educação em saúde 
na prática da enfermagem em saúde coletiva. 
▪ Desenvolver ações de prevenção, promoção e educação em saúde relacionadas aos problemas 
e as necessidades em saúde. 
▪ Elaborar projetos de intervenção em saúde coletiva num determinado território, tendo como 
base os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), utilizando conhecimentos e 
práticas da educação e promoção da saúde. 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
• SAÚDE COLETIVA 
➢ Conceito, objetivo, como surgiu 
➢ Articulação e proposta de saúde coletiva 
 
• SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) 
➢ O direito a saúde na constituição federal 
➢ Princípios e diretrizes 
➢ Financiamento 
 
• ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE 
➢ Níveis de atenção da saúde 
➢ Promoção a saúde (Saúde-Doença-Cuidado) 
➢ Planejamento e avaliação na saúde 
 
 
REFERENCIAS 
BACKES, Dirce Stein; BACKES, Marli Stein; ERDMANN, AlacoqueLorenzini; BÜSCHER, 
Andreas. O papel profissional do enfermeiro no Sistema Único de Saúde: da saúde comunitária 
à estratégia de saúde da família. Centro Universitário Franciscano. Rio Grande do Sul, 2012. 
 
BARBOSA, Maria Alves; MEDEIROS, Marcelo; PRADO, Marinésia Aparecida; BACHION, Maria 
Márcia; BRASIL, Virginia Visconde. Reflexões sobre o trabalho do enfermeiro em saúde coletiva. 
RevistaEletrônica de Enfermagem, v. 06, n. 01, p.09-15, 2004. Disponível em www.fen.ufg.br 
 
PINTO, José Marcelino de Rezende. A teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas: 
conceitos básicos e possibilidades de aplicação à administração escolar. Rio Preto, 1995. 
 
ROCHA, S.M.M.; ALMEIDA, M.C.P.de. O processo de trabalho da enfermagem em saúde 
coletiva e a interdisciplinaridade. Rev.latino-am.enfermagem, Ribeirão Preto, v. 8, n. 6, p. 96-101, 
dezembro 2000. 
 
VALENTIM, Igor Vinicius Lima; KRUEL, Alexandra Jochims. A importância da confiança 
interpessoal para a consolidação do Programa de Saúde da Família. Escola de Administração da 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre RS, 2007. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.fen.ufg.br/
INTRODUÇÃO 
 
As transformações que vêm ocorrendo na sociedade ocorrem também, de maneira significativa, 
no campo da saúde, tanto no seu objeto — o processo saúde-doença-cuidado — como no instrumental 
teórico-prático em que se apoiam as práticas e na organização da produção em saúde. O setor saúde 
tem que responder a uma pluralidade de necessidades, ou seja, às demandas por intervenções 
tecnológicas de alta complexidade e especialidade que se dão nos hospitais de atendimento terciário e 
também tem que atuar nos espaços aonde as pessoas vivem o seu cotidiano, de modo a proporcionar 
uma vida saudável. Só a intervenção e recuperação do corpo biológico não tem respondido de forma 
plena às necessidades de saúde, pois estas vão além e demandam por uma atenção que leve em conta 
a integralidade do ser humano, a qualidade de vida e a promoção da saúde. Assim, um novo modelo 
assistencial vem se delineando tendo por foco de atenção a família, considerando o meio ambiente, o 
estilo de vida e a promoção da saúde como seus fundamentos básicos. Resgata a posição da família 
como importante unidade de cuidado de seus membros, entendendo que esta é o resultado de três tipos 
de vínculos: os de descendência, os de consanguinidade e os de afinidade. A família pode 
permanentemente modificar suas relações internas de acordo com as necessidades históricas, mas 
sempre respondendo à necessidade humana básica de comunicação, rompendo o confinamento dos 
laços estritos de “sangue”. Em decorrência disso e das questões relativas ao custo, à eficácia, à 
eficiência e à cobertura dos diversos segmentos coletivos, surge a necessidade de mudanças na 
capacitação e formação de recursos humanos em saúde. 
Estas transformações colocam novos desafios aos pesquisadores da saúde e, no caso, da 
enfermagem que procuram uma articulação entre o progresso técnico e as organizações sociais que 
sustentam a vida cotidiana. Os impasses epistemológicos e metodológicos das ciências da saúde, diante 
de um objeto tão complexo — o processo saúde-doença-cuidado — ou de vários objetos que se 
interligam nesta complexidade, têm suscitado debates sobre novos paradigmas e novos conhecimentos 
em busca de sistematização. 
Neste texto são utilizados autores que já se posicionaram sobre o assunto, no âmbito da saúde 
coletiva (ALMEIDA FILHO, 1997; ALVARENGA, 1994; AYRES, 1997b; MINAYO, 1994). Assim, 
este texto e as aulas que nele se baseiam são um ensaio que tem como objetivo fazer uma discussão e 
suscitar reflexões sobre a necessidade de um diálogo interdisciplinar quando se tem como objeto de 
trabalho o processo saúde-doença-cuidado. A enfermagem, como parte do trabalho em saúde e como 
uma das profissões cuidadoras vem reconstruindo seu conhecimento buscando fundamentos na 
filosofia e em autores que epistemologicamente privilegiam a relação sujeito-sujeito. 
DEFININDO ENFERMAGEM 
 
A Enfermagem é uma das profissões da área da saúde cuja essência e especificidade é o 
cuidado ao ser humano, individualmente, na família ou na comunidade, desenvolvendo atividades de 
promoção, prevenção de doenças, recuperação e reabilitação da saúde, atuando em equipes. A 
enfermagem se responsabiliza, através do cuidado, pelo conforto, acolhimento e bem-estar dos 
pacientes, seja prestando o cuidado, seja coordenando outros setores para a prestação da assistência e 
promovendo a autonomia dos pacientes através da educação em saúde. Há cinquenta anos 
aproximadamente a enfermagem vem revisando seu conhecimento e prática, reconstruindo muitas 
teorias e modelos de intervenção. 
Em que pesem as diferenças decorrentes do contexto e clientelas para os quais foram 
propostas, todas as modalidades de assistência referem-se ao ambiente e seu impacto no ser humano, 
ao receptor do cuidado, isto é, o indivíduo, os grupos, a família e à definição de saúde em que se pauta. 
A enfermagem é descrita como um processo que pode integrar a relação entre estes componentes. 
Alguns autores reconhecem que muito do conhecimento requerido pela enfermagem é adquirido na 
realidade empírica, assim, um caminho para construir uma teoria seria observar o que os profissionais 
em enfermagem fazem, convidando-os a refletir sobre sua prática e então definir a natureza da 
enfermagem, partindo da base empírica de informações (WHO,1997). Um documento da Organização 
Mundial de Saúde que trabalhou com as descrições da enfermagem em todo o mundo, demonstra que 
a qualificação do pessoal de enfermagem e suas atividades (sua prática) diferem profundamente de um 
local para outro. Concluem que, em todo o mundo, a natureza e a prática da enfermagem são 
influenciadas pela realidade que compreende a política, a economia e a cultura e essa realidade difere 
de país para país, de região para região. Em todo o mundo, entretanto, a enfermagem constitui o maior 
contingente da força de trabalho em cuidados à saúde. É o grupo profissional mais amplamente 
distribuído e que tem os mais diversos papéis, funções e responsabilidades. Estes profissionais provêm 
cuidados aos indivíduos, as famíliase as comunidades que incluem promoção à saúde, prevenção de 
doenças, tratamentos a pacientes crônicos, agudos, reabilitação e acompanhamento de doentes 
terminais. 
É uma profissão constituída, predominantemente, por mulheres e estas são encontradas em 
maior número trabalhando em hospitais, frequentemente em unidades de emergência e de terapia 
intensiva, em áreas de grandes concentrações urbanas. Nas décadas, de 80 e 90, observa-se uma 
mobilização da enfermagem na reorganização do setor saúde em várias regiões do mundo, dando 
suporte à área de atenção primária. Os enfermeiros estão também na zona rural de países pouco 
desenvolvidos, muitas vezes, sendo os únicos trabalhadores em saúde disponíveis, coordenando vários 
programas de controle de malária, tuberculose, hanseníase, diarreia, entre outros. Em muitos países 
encontram-se, ainda, como uma forte tradição, obstetrizes/enfermeiras obstetras trabalhando na 
assistência ao parto, nos cuidados preventivos e na educação em saúde. 
Nas últimas décadas têm ocorrido profundas mudanças no perfil epidemiológico do processo 
saúde-doença, como a transição demográfica e epidemiológica com o aumento de doenças crônico-
degenerativas, o reaparecimento de endemias já extintas, o envelhecimento da população, a 
mortalidade alta em faixas etárias jovens, devido à violência, homicídios, acidentes de trânsito e 
surgimento de doenças sexualmente transmissíveis como a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. 
A reestruturação do setor saúde em todo o mundo, o decréscimo relativo de leitos hospitalares, 
a ênfase em atenção primária e a desospitalização, bem como, a preocupação com o barateamento dos 
custos da atenção à saúde vêm promovendo mudanças e estão trazendo os enfermeiros para o cuidado 
domiciliar, ambulatorial e novos espaços na comunidade, mas também sua presença se faz nos 
hospitais altamente especializados. O BANCO MUNDIAL (1993) preconiza soluções ágeis, modernas 
e flexíveis para o setor saúde dentro de indicadores de eficácia/eficiência e custo/benefício, bem como 
a importância da família como unidade de atenção das políticas sociais. 
Nas escolas, as enfermeiras estão atuando não somente na atenção primária, mas também 
intervindo em problemas como gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis e AIDS, 
nutrição, higiene, trabalho e violência infantil, drogas, alcoolismo e suicídio. Na assistência domiciliar, 
seu trabalho direciona-se para a atenção materno-infantil, gravidez de risco, prematuridade, doenças 
crônicas e pacientes terminais. Em alguns países, a enfermeira atua nas indústrias, empresas e na 
prevenção de acidentes de forma muito significativa. Trabalha também em equipes de planejamento e 
administração e na gestão de políticas de saúde. Desta forma, constatamos que as definições e modelos 
de enfermagem conformados não são capazes de apreender toda a complexidade do cuidado. 
Cuidar significa assistir o ser humano em suas necessidades básicas e este é o caráter universal 
do cuidado. Entretanto, na prática, o cuidado se apresenta de forma histórica e contextual, portanto, é 
variável e depende de relações que se estabelecem no processo de assistência, tornando-se uma 
atividade bastante complexa. 
O TRABALHO DA ENFERMAGEM 
 
A introdução do pensamento “social” na saúde ocorreu no século XIX em alguns países 
europeus como França, Alemanha e Inglaterra, o que se denominou de Medicina Social. O segundo 
momento ocorreu após o término da 2ª Guerra Mundial, nos Estados Unidos e vinte anos depois este 
movimento atinge a América Latina (NUNES, 1996). No Brasil, na década de 70, cunha-se a termo 
Saúde Coletiva e profundas questões teórico metodológicas e epistemológicas são trazidas para se 
redefinir este campo de saberes e práticas. 
A compreensão do social no campo da saúde provocou uma ruptura com os modelos 
cartesianos de investigação que reduziam as relações de causa e efeito ao plano biológico e remetiam 
a sua resolução ao modelo clínico de diagnóstico e terapêutica. Autores como DONNANGELO 
(1975); DONNANGELO & PEREIRA (1979) e, posteriormente, MENDES GONÇALVES (1979; 
1994), entre outros, introduziram a categoria trabalho para entender o processo saúde-doença e as 
práticas de saúde em nossa sociedade. Definiu-se, então, como objeto da prática médica não mais os 
corpos biológicos, mas os corpos sociais e passou-se a analisar o processo saúde-doença em suas 
relações com a estrutura econômica, política e ideológica da sociedade. Desta forma, foi também 
possível apreender as formas como a medicina e as demais práticas em saúde, institucionalizadas, 
reproduzem as relações sociais mais amplas determinando patologias, tecnologias e formas 
diferenciadas de atendimento. 
Partindo da apreensão dos momentos do processo de trabalho, a atividade orientada para uma 
finalidade, seu objeto e seus instrumentos, MENDES GONÇALVES (1994) desenvolveu um profundo 
raciocínio lógico e dialético para compreender as práticas em saúde, discutindo e redefinindo 
tecnologia. O conceito de organização tecnológica do trabalho em saúde construído por MENDES 
GONÇALVES (1994) refere-se aos nexos estabelecidos no interior do processo de trabalho entre a 
atividade operante, realizada através de instrumentos, considerados em sentido amplo, sendo o 
conhecimento o principal deles porque orienta todo o processo, os objetos de trabalho e a finalidade. 
Portanto, tecnologia não tem o significado corriqueiro de conjunto de instrumentos materiais, muitas 
vezes associado à maior eficácia e produtividade por avanços em suas concepções operacionais. 
Portanto, o conhecimento capaz de fundamentar o cuidado de enfermagem deve ser 
construído na intersecção entre a Filosofia, que responde à grande questão existencial do homem, a 
Ciência e Tecnologia, tendo a lógica formal como responsável pela correção normativa, e a Ética, 
isto é, numa abordagem epistemológica efetivamente comprometida com a emancipação humana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
DEFINIÇÃO 
O Sistema Único de Saúde - SUS- foi criado pela Lei Orgânica da Saúde n.º 8.080/90 com o 
objetivo de alterar a circunstância de disparidade na assistência à Saúde da população, tornando 
obrigatório a assistência de saúde, sem ônus a qualquer cidadão, não sendo permitido qualquer 
cobrança de dinheiro sob qualquer pretexto. Assim, o SUS não é um serviço ou uma instituição, mas 
um Sistema que significa um conjunto de unidades, de serviços e ações que interagem para um fim 
comum. Esses elementos integrantes do sistema referem-se ao mesmo tempo, às atividades de 
promoção, proteção e recuperação da saúde. 
COMPONENTES DO SUS 
Do Sistema Único de Saúde fazem parte os centros e postos de saúde, hospitais - incluindo 
os universitários, laboratórios, hemocentros (bancos de sangue), além de fundações e institutos de 
pesquisa, como a FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Vital Brazil. 
BENEFÍCIOS PARA O CIDADÃO 
Por meio do Sistema Único de Saúde, todos os cidadãos têm direito a consultas, exames, 
internações e tratamentos nas Unidades de Saúde vinculadas ao SUS, sejam públicas (da esfera 
municipal, estadual e federal) ou privadas, contratadas pelo gestor público de saúde. 
FINANCIAMENTO DO SUS 
O SUS é destinado a todos os cidadãos e é financiado com recursos arrecadados através de 
impostos e contribuições sociais pagos pela população em geral e compõem os recursos do governo 
federal, estadual e municipal. 
DOUTRINAS DO SUS 
Baseado nos preceitos constitucionais a construção do SUS se norteia pelos seguintes 
princípios doutrinários: 
1.UNIVERSALIDADE – É a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e 
qualquer cidadão. Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços 
públicos de saúde, assim como àqueles contratados pelo poder público. Saúde é direito de cidadania e 
dever do Governo: municipal, estadual e federal.2.EQÜIDADE – É assegurar ações e serviços de todos os níveis de acordo com a 
complexidade que cada caso requeira, more o cidadão onde morar, sem privilégios e sem barreiras. 
Todo cidadão é igual perante o SUS e será atendido conforme suas necessidades até o limite do que o 
sistema puder oferecer para todos. 
3.INTEGRALIDADE - É o reconhecimento na prática dos serviços de que: cada pessoa é um 
todo indivisível e integrante de uma comunidade; as ações de promoção, proteção e recuperação da 
saúde formam também um todo indivisível e prestar assistência integral. 
PRINCÍPIOS QUE REGEM A ORGANIZAÇÃO DO SUS 
1.REGIONALIZAÇÃO e HIERARQUIZAÇÃO - Os serviços devem ser organizados em 
níveis de complexidade tecnológica crescente, dispostos numa área geográfica delimitada e com a 
definição da população a ser atendida. Isto implica na capacidade dos serviços em oferecer a uma 
determinada população todas as modalidades de assistência, bem como o acesso a todo tipo de 
tecnologia disponível, possibilitando um ótimo grau de resolubilidade (solução de seus problemas). O 
acesso da população à rede deve se dar através dos serviços de nível primário de atenção que devem 
estar qualificados para atender e resolver os principais problemas que demandam os serviços de saúde. 
Os demais, deverão ser referenciados para os serviços de maior complexidade tecnológica. A rede de 
serviços, organizada de forma hierarquizada e regionalizada, permite um conhecimento maior dos 
problemas de saúde da população da área delimitada, favorecendo ações de vigilância epidemiológica, 
sanitária, controle de vetores, educação em saúde, além das ações de atenção ambulatorial e hospitalar 
em todos os níveis de complexidade. 
2.RESOLUBILIDADE - É a exigência de que, quando um indivíduo busca o atendimento 
ou quando surge um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja 
capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível da sua competência. 
3.DESCENTRALIZAÇÃO - É entendida como uma redistribuição das responsabilidades 
quanto às ações e serviços de saúde entre os vários níveis de governo, a partir da ideia de que quanto 
mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto. Assim, o que é abrangência de 
um município deve ser de responsabilidade do governo municipal; o que abrange um estado ou uma 
região estadual deve estar sob responsabilidade do governo estadual, e, o que for de abrangência 
nacional será de responsabilidade federal. 
4.PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS - É a garantia constitucional de que a população, 
através de suas entidades representativas, participará do processo de formulação das políticas de saúde 
e do controle da sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local. A participação deve se 
dar nos Conselhos de Saúde, com representação paritária de usuários, governo, profissionais de saúde 
e prestadores de serviço. 
5.COMPLEMENTARIEDADE DO SETOR PRIVADO – A Constituição definiu que, 
quando por insuficiência do setor público, for necessário a contratação de serviços privados, isso deve 
se dar sob três condições: 
• 1ª - a celebração de contrato, conforme as normas de direito público, ou seja, interesse 
público prevalecendo sobre o particular. 
• 2ª - a instituição privada deverá estar de acordo com os princípios básicos e normas 
técnicas do SUS. Prevalecem, assim, os princípios da universalidade, equidade, etc., 
como se o serviço privado fosse público, uma vez que, quando contratado, atua em 
nome deste. 
• 3ª - a integração dos serviços privados deverá se dar na mesma lógica organizativa do 
SUS, em termos de posição definida na rede regionalizada e hierarquizada dos 
serviços. Dessa forma, em cada região, deverá estar claramente estabelecido, 
considerando-se os serviços públicos e privados contratados, quem vai fazer o que, 
em que nível e em que lugar. 
 
O PAPEL PROFISSIONAL DO ENFERMEIRO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: DA 
SAÚDE COMUNITÁRIA À ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA 
 
INTRODUÇÃO 
 
A enfermagem vem ampliando, a cada dia, o seu espaço na área da saúde, tanto no contexto 
nacional quanto no cenário internacional. O enfermeiro assume um papel cada vez mais decisivo e 
proativo no que se refere à identificação das necessidades de cuidado da população, bem como na 
promoção e proteção da saúde dos indivíduos em suas diferentes dimensões. O cuidado de enfermagem 
é, portanto, um componente fundamental no sistema de saúde local, que apresenta os seus reflexos a 
nível regional e nacional e, por isso, também motivo de crescentes debates e novas significações. 
Mesmo que interligada e complementada por outros saberes profissionais, a enfermagem 
pode ser amplamente definida como a ciência do cuidado integral e integrador em saúde, tanto no 
sentido de assistir e coordenar as práticas de cuidado, quanto no sentido de promover e proteger a 
saúde dos indivíduos, famílias e comunidades. Nessa direção, o cuidado de enfermagem configura-se 
como prática social empreendedora, pela inserção ativa e proativa nos diferentes espaços de atuação 
profissional e, principalmente, pelas possibilidades interativas e associativas com os diferentes setores 
e contextos sociais. 
Evidências internacionais acenam para a importância do papel profissional do enfermeiro na 
saúde coletiva, tanto no espaço domiciliar quanto no espaço comunitário ou nos centros de saúde 
comunitários. A enfermagem tem a possibilidade de operar, de forma criativa e autônoma, nos 
diferentes níveis de atenção à saúde, seja através da educação em saúde, seja na promoção ou na 
reabilitação da saúde dos indivíduos. Esse processo se dá, particularmente, no esforço pelo 
levantamento de situações críticas e a intervenção sistematizada de um plano de cuidados, capaz de 
superar as fragmentações e assegurar a continuidade e a resolutividade do cuidado em saúde. Nesse 
campo de discussões, o papel profissional do enfermeiro é ampliado pela estratégia da Organização 
Mundial da Saúde “Saúde 21”, saúde para todos no século 21 e prioridade número um para a região 
europeia, a qual se concentra em alcançar níveis cada vez mais amplos de saúde e, desse modo, 
favorecer ao ser humano uma vida social e economicamente produtiva e com mais qualidade. 
No Brasil, vários estudiosos se empenham em dar visibilidade ao papel profissional do 
enfermeiro, seja como prática social comunitária, autônoma, ou como prática assistencial 
institucionalizada. É preciso levar em conta, no entanto, que a enfermagem como prática comunitária 
se cunhou de novos significados conceituais, possibilitados pela concepção de saúde coletiva, campo 
ainda em constituição e que, crescentemente, vem assumindo diversas formas e abordagens. 
O termo saúde coletiva surgiu, mais especificamente, no fim da década de 70, em um 
momento de reordenamento de um conjunto de práticas assistenciais, diante da necessidade de ampliar 
a compreensão do processo saúde-doença dos indivíduos e comunidades, pela inserção e valorização 
dos diferentes saberes profissionais e a integração com os diferentes setores sociais. A compreensão 
do coletivo significa, a partir de então, a apreensão do individual em seu contexto estruturado de 
práticas sociais. Significa reconhecer o indivíduo – ser individual - como um ser social, em constante 
interação com os outros indivíduos e com o seu entorno, ou seja, o indivíduo se transforma e é 
transformado continuamente, por meio das relações e interações, tornando- se protagonista e autor do 
processo saúde- doença em seu contexto real e concreto. 
A mudança conceitual do termo - saúde pública para saúde coletiva - é reflexo de um intenso 
engajamento dos movimentos sociais na luta pela democratização do país, além da centralidade 
assumida pela Assembleia Nacional Constituinte, em 1977. Emergida como parte dessa luta pela 
democracia, a Reforma Sanitária, no Brasil, alcançou a garantia constitucional do direito universalà 
saúde e a construção institucional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovado na Constituição Federal 
de 1988. O Sistema Único de Saúde – possibilidades profissionais. O SUS foi criado, nessa 
perspectiva, a partir das manifestações de um conjunto de necessidades sociais de saúde, as quais 
imprimem um caráter ético-moral que a defende como direito de todo cidadão. Enquanto conquista 
das lutas participativas e democráticas, o SUS se desenvolve com base nos princípios de acesso, 
universalidade, equidade e integralidade, e com base nas diretrizes organizativas de descentralização, 
regionalização, hierarquização e participação da comunidade. Como estratégia de reformulação do 
modelo brasileiro de atenção à saúde e o fortalecimento dos princípios e diretrizes do SUS, o Ministério 
da Saúde criou, em 1994, a Estratégia Saúde da Família (ESF), inicialmente denominada Programa de 
Saúde da Família. A estratégia nasceu na tentativa de repensar os padrões de pensamento e 
comportamento dos profissionais e cidadãos brasileiros, até então vigentes. Sistematizada e orientada 
por equipes de saúde da família que envolve médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, 
odontólogos e Agentes Comunitário de Saúde (ACS), a ESF busca discutir e ampliar o tradicional 
modelo sanitário médico curativa, para a compreensão de uma abordagem coletiva, Multi e Inter 
profissional, centrada na família e na comunidade, inserida em seu contexto real e concreto. 
Sendo a ESF uma estratégia de fomento à participação da população, esta deve, 
crescentemente, promover uma nova relação entre os sujeitos, onde tanto o profissional quanto o 
usuário podem/devem ser produtores e construtores de um viver mais saudável. Este envolvimento, no 
entanto, só é possível mediante um processo dialógico entre os diferentes saberes, no qual cada um 
contribui com o seu conhecimento peculiar e juntos possibilitam uma interação efetiva pela valorização 
das diferentes experiências e expectativas de vida. 
É neste contexto de discussões, conquistas e desafios que o enfermeiro precisa delinear cada 
vez mais e melhor o seu campo de atuação profissional e desenvolver o seu projeto político-legal, 
coerente com os princípios e diretrizes do SUS, bem como com as diretivas da ESF. Um projeto 
profissional, portanto, que necessita considerar o ser humano – ser individual e coletivo – como sujeito 
e ator social. Nessa direção, questiona-se: Qual o significado do papel profissional do enfermeiro no 
Sistema Único de Saúde brasileiro e qual o significado de sua prática social neste campo de discussões 
e significações teórico-práticas? 
Pretende-se, a partir do exposto, situar a enfermagem frente às práticas em saúde coletiva, 
mais especificamente no SUS, para compreender como esta vem se constituindo enquanto uma das 
disciplinas que contribui de forma decisiva para a consolidação dos princípios e diretrizes do SUS. 
Objetiva-se, assim, possibilitar um olhar retrospectivo sobre o papel profissional do enfermeiro no 
Sistema Único de Saúde brasileiro, bem como compreender o significado de sua prática social neste 
campo de discussões e significações teórico-práticas. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Um olhar retrospectivo sobre o papel do profissional enfermeiro no Sistema Único de Saúde 
brasileiro – 29 anos de SUS, permite argumentar que este e, de modo especial, a ESF, podem ser 
considerados estratégias facilitadoras e estimuladoras do processo de mobilização social, da ampliação 
da intervenção comunitário-coletiva, de um novo modo de pensar e agir, bem como pelas novas 
possibilidades interativas e associativas, à medida que sinalizam para uma nova abordagem de 
intervenção social, não mais focada nos reducionismos do saber médico curativista, mas centrada na 
educação, promoção e proteção da saúde. Em outras palavras, à medida que, para superar o enfoque 
reducionista, os enfermeiros buscam adotar perspectivas integradoras de variáveis múltiplas, para 
captar amplamente a complexidade do processo saúde-doença. 
Sendo uma profissão fundamental no sistema de saúde, a enfermagem se destaca e diferencia 
pelo desenvolvimento de práticas interativas e integradoras de cuidado, às quais vêm adquirindo uma 
repercussão cada vez maior, tanto na educação e promoção da saúde, quanto no fomento de políticas 
voltadas para o bem-estar social das famílias e comunidades. Nessa direção, a enfermagem se 
configura, crescentemente, como a profissão do futuro, pela possibilidade de compreender o indivíduo 
não como um ser doente, mas como um ser singular e complexo, capaz de continuamente auto 
organizar-se e projetar-se como autor do processo saúde-doença. Basta, no entanto, que a enfermagem 
invista em atitudes proativas, capazes de promover e emancipar o indivíduo e a família como 
protagonistas da sua própria história. 
Tendo o cuidado ao ser humano, em todas as suas dimensões, como essência e 
especificidade da profissão, a enfermagem tem a possibilidade de transitar pelos diferentes campos de 
conhecimento, bem como pelas diferentes realidades sociais. Tendo como foco a pessoa humana, a 
família e a comunidade, a enfermagem apresenta grande possibilidade de contribuir para a construção 
de um saber interdisciplinar, além de estabelecer canais efetivos de comunicação com os diversos 
setores sociais e, dessa forma, possibilitar estratégias mais eficazes e resolutivas de cuidado em saúde. 
O papel do enfermeiro é reconhecido, em suma, pela capacidade e habilidade de 
compreender o ser humano como um todo, pela integralidade da assistência à saúde, pela capacidade 
de acolher e identificar-se com as necessidades e expectativas dos indivíduos e famílias, pela 
capacidade de acolher e compreender as diferenças sociais, bem como, pela capacidade de promover 
a interação e a associação entre os usuários, a equipe de saúde da família e a comunidade. A 
enfermagem se aproxima, se identifica e procura criar uma relação efetiva com o usuário, 
independentemente das suas condições econômicas, culturais ou sociais, ou seja, busca otimizar as 
intervenções de cuidado em saúde de modo que integre e contemple tanto os saberes profissionais 
quanto os saberes dos usuários e da comunidade.

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