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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA ‘‘JÚLIO DE MESQUITA FILHO’’ FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS CAMPUS DE MARÍLIA CINTIA MARTINS DE MELO MARIA JOSÉ SILVA DO NASCIMENTO Marília 2018 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA ‘‘JÚLIO DE MESQUITA FILHO’’ FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS CAMPUS DE MARÍLIA Aquisição da linguagem do aluno com deficiência intelectual. Marília 2018 Pessoas com deficiência intelectual ou cognitiva costumam apresentar dificuldades para resolver problemas, compreender ideias abstratas (como as metáforas, a noção de tempo e os valores monetários), estabelecer relações sociais, compreender e obedecer a regras, e realizar atividades cotidianas - como, por exemplo, as ações de autocuidado. A Deficiência Intelectual é resultado, quase sempre, de uma alteração no desempenho cerebral, provocada por fatores genéticos, distúrbios na gestação, problemas no parto ou na vida após o nascimento. A deficiência intelectual corresponde a um desenvolvimento incompleto do funcionamento intelectual, caracterizada, essencialmente, por um comprometimento das faculdades que determinam o nível global de inteligência, ou seja, das funções cognitivas. As funções cognitivas correspondem à capacidade de aprender e compreender, sendo funções superiores que se estabelecem a partir do sistema nervoso central. Elas englobam as capacidades de linguagem, aquisição da informação, percepção, memória, raciocínio, pensamento etc., as quais permitem a realização de tarefas como leitura, escrita, cálculos, conceptualização, sequência de movimentos, dentre outras (MALLOY-DINIZ et al., 2010) Em relação ao desenvolvimento da linguagem do aluno com deficiênc ia intelectual, é comum um déficit na produção da linguagem, como a construção de frases simples e curtas. O deficiente intelectual do roteiro de Anamnese não estuda atualmente, evadiu a escola, não recebia atendimento educacional especializado, e segundo os pais, não era incluído nas atividades propostas em sala de aula. Não tinha um professor auxiliar e na maioria das vezes ficava isolado na sala de aula sem conseguir realizar as atividades. O Atendimento Educacional Especializado tem como objetivo básico promover, na escola regular, ações educacionais que auxiliem no processo de aprendizagem e construção da autonomia do aluno com deficiência intelectual. Buscar a emancipação, autonomia, independência, dificuldades, as peculiaridades de cada aluno. O AEE deve criar meios para que os professores em formação sejam capazes de identificar as potencialidades de aprendizagem que possuem os alunos com deficiência intelectual, proporcionar situações de conhecimento teórico-prático, afim de que os professores em formação sejam capazes de planejar atividades e produzir materiais para o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores dos alunos com deficiência intelectual. ‘‘ [...] fala-se mais e mais de inclusão, sem pensar que não se trata de incluir, trata-se sim de conhecer as diversas possibilidades para o desenvolvimento humano e de estar aberta a elas numa relação dialógica genuína’’. (PRESTES, 2010, p.98). O acesso ao currículo deve ser estabelecido levando em conta o ano em que o aluno está matriculado no ensino regular, junto aos demais alunos. O processo de inserção ao currículo deve ser acompanhado pelo professor e pela escola, definindo novas metodologias e organizações didáticas, levando em consideração a temporalidade do aluno, definindo os objetivos, conteúdos e critérios de avaliação. A escola e o professor devem ficar atentos para não tornarem o Atendimento Educacional Especializado um apoio paralelo e sem sentido. O aluno com deficiência intelectual muitas vezes necessita de mediação pedagógica, ou seja, de um professor auxiliar, um professor que não costuma atuar na turma, isso acontece quando as atividades propostas exigem um nível de postura e autonomia mais elaboradas. Muitas vezes um professor, quando se depara com uma demanda muito grande de alunos, precisa contar com o apoio desse professor auxiliar. O professor do AEE deve auxiliar o aluno com deficiênc ia intelectual em estratégias de estudo e organização, ações simples, de pequeno porte, como por exemplo, ler o texto com uma entonação de voz mais alta, apontar o dedo no texto enquanto realiza a leitura, e até mesmo gravar a aula para que o aluno possa ouvi-la mais tarde, são ações de cunho simples, mas que auxiliam significativamente no processo de aprendizagem. Trabalhar as habilidades sociais, o convívio com os demais colegas, a socialização também é de suma importância para o desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual. Deve ficar claro que o atendimento do professor no AEE não é um processo isolado, o processo educacional deve ser uma ação conjunta entre todos os professores. As ações do AEE são caracterizadas por um olhar especializado, mas tudo deve ser compartilhado com todos os professores que atuam com o aluno. O professor deve refletir constantemente sobre sua prática docente, buscando atender e reajustar o planejamento de acordo com as necessidades educacionais do aluno, levando em consideração questões como o que o aluno já sabe sobre determinado assunto, quais foram os processos que o aluno usou para chegar a determinada resposta, quais outras estratégias o professor pode utilizar para auxiliar na aprendizagem do aluno, considerar as dificuldades levando em conta os métodos utilizados, sempre questionando se a dificuldade está realmente no aluno ou o método que é inadequado. Por fim, para que todo esse processo obtenha sucesso é preciso planejamento. Deve-se conhecer o aluno com deficiência intelectual. Mrech (2001, p.6), destaca que ‘‘o mesmo tipo de deficiência pode gerar processos inteiramente diferentes de desenvolvimento do aluno, a partir de contextos sociais distintos. (...) Cada caso é um caso e tem que ser considerado de uma maneira especifica’’. Sendo assim, no planejamento é preciso conhecer a realidade familiar e social do aluno; a família é muito importante no processo de ensino-aprendizagem do aluno, podendo ter a visão de como a família enxerga a deficiência intelectual, quais os conceitos e como ela lida com a situação, as necessidades de aprendizagem do aluno, os interesses e peculiaridades, o processo de aprender, como o aluno aprende, qual sua temporalidade, quais suas dificuldades... Referências MALLOY-DINIZ, Leandro F. et al. Avaliação neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010. PRESTES, Z.R. Quando não é quase a mesma coisa: análise de traduções de Lev Semionovitch Vigotski no Brasil – repercussões no campo educacional. 294f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade de Brasília (UnB), Brasília 2010.