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Autora: Profa. Adriana Pavarina Colaboradores: Prof. Ricardo Martins Prof. André Galhardo Fernandes Recursos Humanos Aplicados à Segurança Professora conteudista: Adriana Pavarina Graduada em Pedagogia (1998) pela Fics (Faculdades Integradas Campos Salles) e pós-graduada em Psicopedagogia (2001) pela mesma instituição. Possui MBA em Gestão de Recursos Humanos (2019) pela UNIP (2019) e especialização em Formação a Distância (2019). É mestre em Psicologia Educacional (2017) pelo Centro Universitário Fieo (Unifieo). Desde 2015, é membro (coach) da Sociedade Latino-Americana de Coaching (Slac). Analista comportamental Disc, possui mais de 22 anos de experiência em gestão de pessoas, com foco no desenvolvimento estratégico, tático e operacional, atuando como consultora de RH na condução de processos de estruturação e reestruturação corporativa em todos os subsistemas que compreendem a área de gestão de pessoas. Ministra as seguintes disciplinas: Gerenciamento de Pessoas; Desenvolvimento de Recursos Humanos; Gestão de Cargos e Salários; Sistemas de Operações de RH; Modelos de Liderança; Treinamento e Desenvolvimento; Comportamento Humano nas Organizações; Psicologia Organizacional; Governança Corporativa; Didática; Psicologia Educacional; Recrutamento e Seleção de Talentos; Gestão Estratégica de Pessoas. Participa de bancas de avaliação, coordenando e orientando trabalhos acadêmicos diversificados, tanto para cursos de graduação como de pós-graduação. Na pós-graduação, atua como docente nas seguintes disciplinas: Teorias Pedagógicas como Suporte Social; Psicologia do Trabalho e Organizações; Diretrizes para Treinamento ISO 10015; Life e Professional Coaching. É coordenadora dos cursos de MBA em Comportamento Humano e Consumo, MBC em Comunicação Interna e Diversidade, MBA em Administração de Cargos e Salários e MBA em Treinamento e Desenvolvimento. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) P337r Pavarina, Adriana Recursos humanos aplicados à segurança / Adriana Pavarina. – São Paulo: Editora Sol, 2020. 160 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Processos de RH. 2. Planejamento de RH. 3. Contrato de trabalho. I. Título CDU 658.3 U504.75 – 20 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Vitor Andrade Giovanna Oliveira Sumário Recursos Humanos Aplicados à Segurança APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 ESTRUTURA E DESAFIOS ............................................................................................................................... 11 1.1 História da área de RH ....................................................................................................................... 11 1.2 RH como parceiro estratégico ......................................................................................................... 13 1.3 Características do RH .......................................................................................................................... 17 1.3.1 Contingencial e situacional ................................................................................................................ 18 1.3.2 Responsabilidade de linha e função de staff .............................................................................. 19 1.3.3 Visão sistêmica ......................................................................................................................................... 19 1.4 O processo motivacional ................................................................................................................... 20 1.4.1 Teoria da hierarquia das necessidades (Maslow) ....................................................................... 21 1.4.2 Teoria X e teoria Y (McGregor) .......................................................................................................... 22 1.4.3 Teoria de dois fatores (Herzberg) ...................................................................................................... 23 1.4.4 Teoria do reforço (Skinner) ................................................................................................................. 23 1.4.5 Teoria da expectativa e teoria do aprendizado social (Vroom e Rotter) .......................... 24 1.4.6 Teoria da equidade (Adams) ............................................................................................................... 24 1.4.7 Teoria da fixação de metas (Locke) .................................................................................................. 25 2 A ÁREA DE RH VOLTADA AO PROFISSIONAL DE SEGURANÇA ...................................................... 25 Unidade II 3 PROCESSOS DE RECURSOS HUMANOS - PROVISÃO........................................................................ 34 3.1 Estrutura da área de RH .................................................................................................................... 34 3.2 Provisão de recursos humanos ....................................................................................................... 36 4 PLANEJAMENTO DE RH ................................................................................................................................. 36 4.1 Identificação do perfil do cargo a ser preenchido .................................................................. 37 4.2 Recrutamento ........................................................................................................................................ 37 4.3 Técnica de recrutamento .................................................................................................................. 39 4.4 Triagem ..................................................................................................................................................... 41 4.5 Avaliação dos resultados no processo de recrutamento ...................................................... 42 4.6 Seleção ...................................................................................................................................................... 42 4.7 Integração ............................................................................................................................................... 54 Unidade III 5 PROCESSOS DE RECURSOS HUMANOS - APLICAÇÃO E MANUTENÇÃO .................................. 60 5.1 Aplicação de recursos humanos ..................................................................................................... 60 5.2 Administração de cargos e salários ...............................................................................................60 5.3 Avaliação de desempenho ................................................................................................................ 74 5.4 Manutenção de recursos humanos ............................................................................................... 82 5.4.1 Compensação ........................................................................................................................................... 82 5.4.2 Benefícios sociais .................................................................................................................................... 83 5.4.3 Higiene e segurança do trabalho ..................................................................................................... 84 5.4.4 Equipamento de proteção individual (EPI) ................................................................................... 85 5.4.5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) ............................................................... 86 5.4.6 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) ........................................ 87 6 RELAÇÕES SINDICAIS .................................................................................................................................... 88 Unidade IV 7 PROCESSOS DE RECURSOS HUMANOS - DESENVOLVIMENTO E MONITORAÇÃO ............... 92 7.1 Desenvolvimento de recursos humanos ..................................................................................... 92 7.2 Processo de treinamento e de desenvolvimento..................................................................... 95 7.3 Métodos de treinamento de desenvolvimento ......................................................................103 7.4 Fatores que contribuem para o sucesso de treinamento e desenvolvimento ...........104 7.5 Monitoração de recursos humanos ............................................................................................107 7.6 Legislação ..............................................................................................................................................108 8 CONTRATO DE TRABALHO ..........................................................................................................................109 8.1 Rotinas de admissão .........................................................................................................................114 8.1.1 Sequência de rotina do processo de admissão ......................................................................... 116 8.1.2 Livro de Inspeção do Trabalho ......................................................................................................... 117 8.1.3 Jornada de trabalho ............................................................................................................................. 118 8.1.4 Dispensa da marcação de horário ................................................................................................. 120 8.2 Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) ..............................................120 8.3 Descanso Semanal Remunerado (DSR) .....................................................................................121 8.3.1 Período de descanso entre jornadas ............................................................................................ 122 8.3.2 Prorrogação de horas (horas extras) ............................................................................................ 123 8.4 Adicional noturno ..............................................................................................................................124 8.4.1 Adicional de periculosidade............................................................................................................. 125 8.4.2 Adicional de insalubridade ............................................................................................................... 126 8.5 Folha de pagamento .........................................................................................................................127 8.5.1 Salário ....................................................................................................................................................... 128 8.5.2 Vale-transporte ..................................................................................................................................... 129 8.5.3 Gratificação natalina (13º salário) ................................................................................................ 130 8.5.4 Férias ..........................................................................................................................................................131 8.5.5 Auxílio-doença ...................................................................................................................................... 132 8.5.6 Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ..................................................................... 133 8.6 Descontos ..............................................................................................................................................133 8.6.1 INSS ........................................................................................................................................................... 133 8.6.2 Imposto de renda ................................................................................................................................. 134 8.7 Rotina de desligamento ..................................................................................................................135 8.7.1 Rescisão do contrato de trabalho ................................................................................................. 135 8.7.2 Termo de rescisão do contrato de trabalho .............................................................................. 137 8.7.3 Exame médico demissional .............................................................................................................. 137 8.7.4 Prazo de pagamento das verbas rescisórias.............................................................................. 138 8.8 Aviso-prévio .........................................................................................................................................138 8.9 Seguro-desemprego ..........................................................................................................................140 8.10 Homologação ....................................................................................................................................140 9 APRESENTAÇÃO Para compreender a área de recursos humanos (RH) e suas especificidades quando aplicadas à segurança, é necessário revisitar a história do que hoje conhecemos como gestão de pessoas ou talentos humanos. Além desses termos, há muitas nomenclaturas utilizadas no mundo corporativo que fazem referências à área de RH que têm relevância ímpar na criação, na estruturação e na manutenção de estratégias organizacionais. Tais categorias humanizam e flexibilizam o trabalho, trazendo leveza e profissionalismo às relações empregador-empregado, possibilitando aos gestores a atuação necessária para o sucesso organizacional, norteando-se em três pilares: pessoas, processos e resultado. O presente livro-texto vai abordar temas essenciais à área, tais como a evolução histórica da área de RH, também chamada de ARH, sua importância no contexto organizacional nos diversos níveis organizacionais (estratégico, tático e operacional), a área de RH como centro de lucro, a função da gestão de RH enquanto linha e staff, as dificuldades encontradas na atuação do profissional de gestão de pessoas, os cinco subsistemas que compõem a área e suas respectivas atividades. Ao destacar os processos de gestão de pessoas, espera-se que o aluno entenda como viabilizar uma estrutura técnica e humana adequada, com foco em resultados assertivos para as partesenvolvidas nos processos organizacionais. O objetivo deste livro-texto é fazer com que o aluno compreenda o contexto organizacional e a interação em processos de gestão. Assim, serão indicados os fatores determinantes das relações entre a organização e os seus colaboradores. Por meio da apresentação das metodologias de interação disponíveis, serão classificados os subsistemas que integram a administração de RH e sua importância para o gerenciamento de pessoas. INTRODUÇÃO “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas, ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. Carl Jung O propósito deste livro-texto é acentuar o que já se publicou sobre a área e a estrutura de RH, bem como os processos presentes nessa estrutura. Obviamente, não seria possível estudar tudo o que já foi escrito na área de RH. O vital é buscar sempre ter conhecimento, pois durante sua trajetória profissional você fará descobertas e decerto aplicará as informações presentes nesse material, inclusive as práticas de RH aplicadas à segurança. Com esse propósito, é essencial ter consciência de que o capital humano é crucial para o crescimento e o desenvolvimento das empresas. Tal relevância ocorre porque as pessoas são o ativo mais importante de uma empresa, elas atuam como parceiros. Cesar Destacar 10 O valor das pessoas no contexto organizacional é enfatizado por Mayo (2003, p. 26): A incomparável contribuição das pessoas compreende seu comando de informação e experiência, sua habilidade de integrá-las e de fazer uso de seu discernimento pessoal, de se mostrar inovador e intuitivo e de desenvolver relacionamentos. Essas são as dinâmicas vitais de uma organização em processo de desenvolvimento. Sem as pessoas, todos os elementos estruturais – tanto relativos aos clientes como organizacionais – poderiam se desintegrar e, com toda certeza, deixariam de crescer. As únicas exceções possíveis seriam as metodologias devidamente documentadas ou o conhecimento patenteado [...]. Inicialmente, estudaremos as estruturas e os desafios presentes na área de RH, destacando suas histórias e suas fases evolutivas. Nesse contexto, destacam-se os seguintes aspectos: caraterística contingencial; responsabilidade de linha e staff; visão sistêmica; visão do RH como parceiro estratégico da organização; teorias de motivação e sua análise e utilização no ambiente corporativo; doenças psicológicas relacionadas ao trabalho, cada vez mais presentes na atualidade. Em seguida, pontuaremos a estrutura da área de RH, acentuando o subsistema de provisão de recursos humanos. Então, descreveremos o subsistema de aplicação e manutenção de recursos humanos. Por fim, analisaremos os subsistemas de desenvolvimento e monitoramento em questão, elencando todas as atividades que envolvem os processos presentes na área. Bons estudos! 11 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Unidade I 1 ESTRUTURA E DESAFIOS “O executivo de sucesso é, antes de tudo, um previsor; comprar, produzir, vender, fixar preços vem depois”. Bernstein 1.1 História da área de RH Considerada nova, a área de RH surgiu entre o fim do século XIX e o começo do século XX. Inicialmente, foi chamada de relações industriais, haja vista o impacto da Revolução Industrial nas relações empregador-empregado. Desde então, a área vem crescendo dia a dia, agregando aos poucos inúmeras atividades e desafios em sua composição. Tose (1997) destaca cinco fases na evolução do perfil profissional de RH e suas respectivas épocas: Antes de 1930 1930 a 1950 1950 a 1965 1965 a 1985 1985 até hoje Contábil Legal Tecnicista Administrativa Estratégica Figura 1 – Fases evolutivas da gestão de pessoas • Fase contábil: considerada a fase pré-histórica da gestão de pessoal, caracterizava-se pelo enfoque nos custos organizacionais; os funcionários eram vistos sob o ângulo contábil, existindo a necessidade de contabilizar os registros, controlar horas trabalhadas, faltas e atrasos para efeito de pagamento ou desconto. O profissional da época, sem formação específica, era definido para função por ser de confiança do dono do negócio e era considerado controlador e extremamente frio, daí vem a expressão “Rua!”. • Fase legal: surge a função de chefe de pessoal, profissional centrado no acompanhamento das leis trabalhistas da era getulista. A área passa dos feitores (chefes de produção), sem formação específica, para as mãos do chefe de pessoal, função ocupada por advogados, que conheciam as regras e as normas jurídicas determinadas pela CLT. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 12 Unidade I • Fase tecnicista: é instituído o modelo americano de gestão de pessoal no Brasil, promovendo a função de RH a status de gerência. A área passa a operacionalizar serviços de recrutamento e seleção, cargos e salários, higiene e segurança do trabalho, treinamento e desenvolvimento, e nessa fase era guiada por profissionais da área de psicologia. Historicamente, foi nesse período que o presidente Juscelino Kubitschek implementou a indústria automobilística no país, quando os donos de empresas tiveram que aceitar a figura do gerente de relações industriais (GRI) em sua estrutura organizacional (organograma). • Fase administrativa: criou-se um marco histórico nas relações entre capital e trabalho, pois nessa fase efetivou-se o movimento sindical (novo sindicalismo). O gerente de relações industriais tornou-se gerente de RH, uma nova denominação que trouxe novas responsabilidades, transferindo a ênfase dos procedimentos burocráticos e exclusivamente operacionais para responsabilidades humanísticas, voltadas para funcionários e suas relações com sindicato, sociedade etc. Nessa fase, a área foi comandada por um administrador, um advogado e/ou um psicólogo. • Fase estratégica: foi definida pela introdução dos primeiros programas de planejamento estratégico atrelados ao planejamento estratégico central das organizações. Surgem assim, os primeiros registros de preocupações da diretoria para com seus funcionários. O cargo de gerente de RH (GRH), em nível tático, passou a ser reconhecido como diretoria de RH (DRH), em nível estratégico. O profissional dessa área deveria ter formação e experiência em gestão de pessoas. Saiba mais O trabalho indicado a seguir destaca bem o percurso da gestão de RH. TOSE, M. G. L. S. A evolução da gestão de recursos humanos no Brasil. Dissertação (Mestrado em Administração) – Faculdade de Economia, Administração, Contábeis e Atuariais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1997. Quadro 1 – Fases históricas da área de RH Fase Período Profissional Contábil Antes de 1930 Alguém de confiança Legal 1930-1950 Advogado Tecnicista 1950-1965 Psicólogo Administrativa 1965-1985 Administrador, advogado, psicólogo Estratégica 1985-atual Especialista em gestão de pessoas Para Chiavenato (2000), a administração de RH no Brasil é considerada uma área relativamente nova, pois o profissional é encontrado nas grandes organizações e raramente nas médias. Contudo, Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 13 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA sabe-se que essa administração é perfeitamente aplicável em qualquer tipo de organização, basta a conscientização dos executivos em relação à importância dessa ação. A administração de RH consiste no planejamento, na organização, no desenvolvimento, na coordenação e no controle de técnicas capazes de promover o desempenho eficiente de pessoal, ao mesmo tempo em que a organização representa omeio que permite às pessoas que com ela colaboram alcançar os objetivos individuais relacionados direta ou indiretamente com o trabalho (CHIAVENATO, 2000, p. 162). 1.2 RH como parceiro estratégico Atualmente, a área de RH tem papel essencial na estrutura do negócio, administrando as relações com as pessoas que compõem o quadro organizacional. Sabe-se que hoje essas pessoas são consideradas parceiras do negócio, e não mais exclusivamente recursos. Assim, há um grande desafio: sua função passou do operacional a uma função determinante e extremamente estratégica, devendo estar em todas as esferas – estratégica, tática e operacional. Estratégico (Foco no longo prazo) Visão da empresa Objetivos gerais Planos genéricos Tático (Foco no médio prazo) Visão por unidade de negócio/departamento Definições das principais ações por departamento Operacional (Foco no curto prazo) Visão por tarefas rotineiras Definição de objetivos e resultados específicos Figura 2 – Esferas organizacionais Segundo Maximiano (2005), podemos definir as esferas organizacionais como: • Planejamento estratégico: elaborado no campo institucional, trata a organização como um todo, definindo seu caminho (rumo) a longo prazo. Envolve a análise externa (oportunidades e ameaças Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 14 Unidade I do mercado, a análise interna (forças e fraquezas), a formulação das alternativas estratégicas e a escolha daquela que será utilizada para o alcance dos objetivos organizacionais e, por fim, o desenvolvimento dos planos táticos e operacionais, permitindo que toda análise e todo desenho saiam efetivamente do papel através do próximo planejamento, o tático. • Planejamento tático: refere-se ao detalhamento do planejamento estratégico, visando à eficiência dos processos e à utilização dos recursos de forma adequada, com foco nos resultados. É de médio prazo, pois o objetivo é embasar o próximo planejamento. • Planejamento operacional: focado na atuação prática, voltado às rotinas e às necessidades de atuação no curto prazo, busca garantir a eficácia no âmbito operacional para resultados no dia a dia da organização através de suas equipes de trabalho. Quadro 2 – Diferenças entre gestões Níveis Seleção Avaliação Compensação Desenvolvimento Estratégico Definição das características de pessoal da empresa a longo prazo Adequação dos sistemas interno e externo às previsões sobre o futuro da empresa Aspectos a serem avaliados a longo prazo Definição de meios para avaliar dimensões futuras Identificação de talentos em potencial Previsão de remuneração no futuro (no mundo) Vinculação desses diagnósticos de remuneração às estratégias de longo prazo da empresa Planejar meios para formar pessoal que conduzirá a empresa no futuro Fixar métodos flexíveis, ajustáveis às mudanças de circunstâncias Formular planos de carreira Tático Validação dos critérios de seleção Formulação de plano de recrutamento de pessoal no mercado Busca de novos mercados para recrutamento de pessoal Elaborar sistemas para adequar o atual potencial de pessoal com as futuras necessidades Centros de assessoria para treinamento Formular planos individuais de compensação a médio prazo Idealizar planos de benefícios complementares Organizar programas de formação gerencial Executar atividades de desenvolvimento organizacional. Estimular o autodesenvolvimento profissional Operacional Planejamento de necessidades de pessoal Aplicação de planos de recrutamento Sistemas de avaliação anual Sistemas de controle diário Administração de salários e saldos Administração de planos de benefícios Executar os planos de desenvolvimento de habilidades Prover treinamento no próprio trabalho Fonte: Albuquerque (1988, p. 48 apud MARRAS, 2011a). Observação Recursos humanos estratégicos são definidos como: “a união da administração de recursos humanos com metas e objetivos estratégicos para melhorar o desempenho da empresa e desenvolver culturas organizacionais que encorajam a inovação e a flexibilidade” (DESSLER, 2003, p. 15). Cesar Destacar 15 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA No atual cenário, com a área de RH alcançando caráter estratégico, é essencial realizar um diagnóstico de estrutura, políticas e práticas de gestão de pessoas antes de qualquer ação e tomada de decisão. O diagnóstico organizacional consiste na coleta sistemática, no tratamento e na interpretação teoricamente fundamentada das informações, quer sobre a organização como um todo e sua interação com o ambiente, quer sobre algum ou alguns dos seus componentes ou sobre aspectos específicos de seu funcionamento. Ele é feito por meio de investigação sistemática e análise das informações e permite examinar a “caixa-preta” dos processos de transformação de uma organização (CUMMINGS; WORLEY, 2009, p. 9). A seguir, citaremos a EPPRH (escala de políticas e práticas de RH), instrumento que pode ser utilizado por gestores como ferramenta diagnóstica, que auxilia na identificação, na análise e na estruturação de propostas de melhoria para a área de gestão de pessoas. Essa escala foi desenvolvida e validada no Brasil por Demo Ghidelli e colaboradores entre 2012 e 2014 para suprir uma lacuna na literatura em relação às políticas e às práticas de gestão de pessoas, viabilizando estudos em psicologia do trabalho, comportamento organizacional e gestão de pessoas. Bastante simples, o instrumento de aplicação contempla seis políticas de RH (recrutamento e seleção; desenvolvimento; treinamento, desenvolvimento e educação; condições de trabalho; avaliação de desempenho e competências; remuneração e recompensas). Quadro 3 – Escala de políticas e práticas de RH Você deve avaliar cada uma das 40 afirmativas seguintes na coluna à direita, de acordo com a escala a seguir, indicando o quanto você concorda ou discorda de cada uma delas, escolhendo o número (de 1 a 5) que melhor reflete a sua percepção em relação às políticas de RH da organização em que você trabalha. Por favor, não deixe nenhum item em branco! 1 2 3 4 5 Discordo totalmente da afirmativa Discordo parcialmente da afirmativa Não concordo nem discordo da afirmativa/ não se aplica Concordo parcialmente com a afirmativa Concordo totalmente com a afirmativa 1 Os processos de recrutamento (externo e interno) de candidatos a ocuparem vagas na organização em que eu trabalho são amplamente divulgados 2 Os processos seletivos da organização onde eu trabalho são disputados, atraindo pessoas competentes 3 Os testes de seleção da organização em que eu trabalho são conduzidos por pessoas capacitadas e imparciais 4 A organização em que eu trabalho utiliza-se de vários instrumentos de seleção (exemplos: entrevistas, provas) 5 A organização em que eu trabalho divulga aos candidatos informações a respeito de etapas e critérios do processo seletivo 6 A organização em que eu trabalho comunica aos candidatos seu desempenho ao fim do processo seletivo 7 A organização em que eu trabalho acompanha a adaptação de seus colaboradores aos seus cargos 8 A organização em que eu trabalho se preocupa com meu bem-estar 9 A organização em que eu trabalho me trata com respeito e atenção Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Máquina de escrever 2 Cesar Máquina de escrever 5 Cesar Máquina de escrever 3 Cesar Máquina de escrever 5 Cesar Máquina de escrever 5 Cesar Máquina de escrever 3 Cesar Máquina de escrever 2 Cesar Máquina de escrever 4 Cesar Máquina de escrever 4 16 Unidade I 1 2 3 4 5 Discordo totalmente da afirmativa Discordo parcialmente da afirmativa Não concordo nem discordo da afirmativa/ não se aplica Concordo parcialmente com a afirmativa Concordototalmente com a afirmativa 10 A organização em que eu trabalho procura conhecer minhas necessidades e expectativas profissionais 11 A organização em que eu trabalho estimula a minha participação nas tomadas de decisão e na resolução de problemas 12 A organização em que eu trabalho incentiva a integração de seus colaboradores (exemplos: confraternizações, eventos sociais e esportivos) 13 A organização em que eu trabalho reconhece o trabalho que faço e os resultados que apresento (exemplos: elogios, matérias em jornais internos) 14 Na organização em que eu trabalho, os colaboradores e suas chefias desfrutam da troca constante de informações para o bom desempenho das funções 15 Na organização em que eu trabalho, há um clima de compreensão e confiança dos chefes em relação aos seus colaboradores 16 Na organização em que eu trabalho, há um clima de confiança entre os colegas de trabalho 17 A organização em que eu trabalho privilegia a autonomia na realização de tarefas e tomada de decisões 18 Na organização em que eu trabalho, há coerência entre discurso e prática gerencial 19 A organização em que eu trabalho me ajuda a desenvolver competências necessárias à boa realização das minhas funções (exemplos: treinamentos, participação em congressos) 20 A organização em que eu trabalho investe em meu desenvolvimento e minha educação, propiciando meu crescimento pessoal e profissional de forma ampla (exemplos: patrocínio total ou parcial em graduações, pós-graduações, cursos de línguas) 21 Eu consigo aplicar no meu trabalho conhecimentos e comportamentos aprendidos nos treinamentos/eventos de que eu participo 22 A organização em que eu trabalho estimula a aprendizagem e a produção de conhecimento 23 Na organização em que eu trabalho, as necessidades de treinamento são levantadas periodicamente 24 Na organização em que eu trabalho, os treinamentos são avaliados pelos participantes 25 A organização em que eu trabalho preocupa-se com a minha saúde e qualidade de vida 26 A organização em que eu trabalho me oferece benefícios básicos (exemplos: plano de saúde, auxílio-transporte, auxílio-alimentação) 27 A organização em que eu trabalho me oferece benefícios complementares (exemplos: convênios com academias, clubes e outros estabelecimentos, espaços de convivência/descanso) 28 Na organização em que eu trabalho, existem ações e programas de prevenção de acidentes e enfrentamento de incidentes 29 A organização em que eu trabalho preocupa-se com a segurança de seus colaboradores, controlando o acesso de pessoas estranhas na empresa 30 As instalações das condições físicas (iluminação, ventilação, ruído e temperatura) do local onde eu trabalho são ergonômicas (adequadas e confortáveis) 31 A organização em que eu trabalho realiza avaliações de desempenho e competências periodicamente 32 Na organização em que eu trabalho, a avaliação de desempenho subsidia as decisões sobre promoções e aumentos de salário 34 Na organização em que eu trabalho, os critérios e os resultados da avaliação de desempenho e competências são discutidos com os colaboradores 35 Na organização em que eu trabalho, os critérios e os resultados da avaliação de desempenho e competência são divulgados para os colaboradores Cesar Máquina de escrever 2 Cesar Máquina de escrever 3 Cesar Máquina de escrever 1 Cesar Máquina de escrever 3 Cesar Máquina de escrever 3 Cesar Máquina de escrever 3 Cesar Máquina de escrever 3 Cesar Máquina de escrever 2 Cesar Máquina de escrever 2 Cesar Máquina de escrever 2 Cesar Máquina de escrever 2 Cesar Máquina de escrever 3 Cesar Máquina de escrever 3 Cesar Máquina de escrever 3 Cesar Máquina de escrever 2 Cesar Máquina de escrever 4 Cesar Máquina de escrever 5 Cesar Máquina de escrever 1 Cesar Máquina de escrever 4 Cesar Máquina de escrever 4 Cesar Máquina de escrever 3 Cesar Máquina de escrever 2 Cesar Máquina de escrever 2 Cesar Máquina de escrever 2 Cesar Máquina de escrever 2 17 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA 1 2 3 4 5 Discordo totalmente da afirmativa Discordo parcialmente da afirmativa Não concordo nem discordo da afirmativa/ não se aplica Concordo parcialmente com a afirmativa Concordo totalmente com a afirmativa 36 A organização em que eu trabalho me oferece remuneração compatível com as oferecidas no mercado (público ou privado) para a minha função 37 A organização em que eu trabalho me oferece remuneração compatível com minhas competências e minha formação/escolaridade 38 Na organização em que eu trabalho, recebo incentivos (exemplos: promoções/funções comissionadas, bônus, prêmios/gratificações) 39 Na definição de seu sistema de recompensas, a organização em que eu trabalho considera as expectativas e as sugestões de seus colaboradores 40 Na organização em que eu trabalho, minha remuneração é influenciada pelos meus resultados Fonte: Mendonça, Ferreira e Neiva (2016, p. 144-145). 1.3 Características do RH A evolução histórica do perfil da área de RH ao longo dos tempos registra alterações importantes: passou do operacional ao estratégico, com sua essência humanista evidenciada. Assim, exige-se desse profissional uma empatia profunda para estabelecer relações produtivas e benéficas a todas as esferas organizacionais. Tratamos, portanto, de uma visão de gestão de pessoas ativa, empreendedora de ações assertivas, provocadora de decisões e criadora de inovação no ambiente corporativo. Para Ribeiro (2005), é preciso que os profissionais que atuam na área não se esqueçam que modismo técnico e conceitos passam, mas as expectativas dos funcionários não, permanecem o desejo de justiça, o desejo de valorização e reconhecimento, o desejo de transparência, o desejo de evolução, a boa liderança, o bom ambiente de trabalho. Quadro 4 – O velho papel da área de RH Controlar rigidamente a carreira dos funcionários Manter as escalas salariais em segredo, de tal forma que nem os gerentes saibam como tal escala funciona Manter a avaliação de potencial como uma tarefa exclusiva da função de RH Entender que a manutenção de um clima organizacional adequado é tarefa exclusiva do RH Manter tudo que diga respeito ao RH em um clima cheio de mistérios e segredos Conservar a imagem de RH como um departamento fechado e à parte da organização Valorizar excessivamente a área, em detrimento dos objetivos estratégicos da empresa Pressupor que as atividades operacionais e de linha de frente não têm a menor chance de funcionar sem a presença de RH Oferecer treinamento para todos de maneira indiscriminada Fazer com que os custos de pessoal não digam respeito à área de RH, e sim a cada setor, respectivamente Fonte: Ribeiro (2005, p. 16). Cesar Máquina de escrever 5 Cesar Máquina de escrever 5 Cesar Máquina de escrever 1 Cesar Máquina de escrever 1 Cesar Máquina de escrever 1 Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 18 Unidade I Quadro 5 – O novo papel do RH Propor, definir e garantir um conjunto de normas e procedimentos alinhados com os princípios empresariais e de acordo com a CLT Criar e operar sistemas que permitam que as oportunidades de emprego e desenvolvimento de carreira estejam disponíveis a todos Dar suporte às demais unidades da empresa prestadoras de serviço ou funcionar como facilitador nos processos de administração de pessoas Dar suporte às demais unidades da empresa no recrutamento e no desenvolvimento de pessoas Criar, propor e administrar instrumentos que possibilitem uma remuneração competitiva a todos os funcionários Buscar sempre a diversidade, com o objetivo principal de aumentar o capital intelectual, de modo a garantir a capacidade de atualização e inovação da empresa Ver as pessoas e a organização como seres espirituais e ajudá-las a dar o próximo passo em seu processo de desenvolvimento Ter no treinamento a principal ferramenta para retenção do capital humano e desenvolver novas competênciaspara a atual era empresarial Dignificar o trabalho e o ser humano Fonte: Ribeiro (2005, p. 17). Observação A gestão de pessoas é responsável por “um conjunto de políticas e práticas que permitem a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas para que ambas possam realizá-las ao longo do tempo” (DUTRA, 2002, p. 16). 1.3.1 Contingencial e situacional É necessário ter em mente que não existe um único modelo ou o melhor modelo de gestão de pessoas (RH) que possa ser aplicável a toda ou a qualquer organização. Gestão de pessoas não é um produto de prateleira pronto a ser usado, independentemente do cenário. O desenho e todo o processo da área de RH deve ser elaborado de acordo com o perfil de cada organização, de forma particular, pois depende de aspectos como: estilo do negócio; contexto ambiental; condições financeiras; estrutura organizacional; cultura organizacional; processos internos; tecnologias utilizadas. Cabe ao profissional que atua na área de RH, em parceria com gestores, a estruturação de um modelo que esteja atrelado às necessidades organizacionais. Uma ferramenta vital nesse processo é, no início de qualquer demanda, fazer o diagnóstico, que permite o conhecimento do cenário naquele momento, trazendo a bagagem necessária para a tomada de decisão e a estruturação de um novo desenho organizacional. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 19 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Podemos concluir que a área de RH não deve se compor de regras rígidas e imutáveis, mas sim flexíveis e adaptáveis a cada contexto, visto que as necessidades mudam. É preciso sempre estar alerta, pois o RH tem como um de seus principais objetivos auxiliar a organização a alavancar resultados por meio das pessoas. 1.3.2 Responsabilidade de linha e função de staff Segundo Chiavenato (2004, p. 22), “Há um princípio básico em administração de recursos humanos: gerir pessoas é uma responsabilidade de linha e função de staff”. A área de RH tem como objetivo e responsabilidade dar apoio aos gerentes e à organização, atuando como staff; já a gestão de pessoas enquanto linha de staff é responsabilidade de todos os gestores da organização. A diferença entre linha e staff é pontuada por Chiavenato (1999 apud MARRAS, 2011b) no quadro a seguir: Quadro 6 – Responsabilidade de linha versus função de staff Aspectos Linhas Staff Papel principal É quem decide É quem assessora Atuação É quem cuida da execução É quem dá consultoria Tipo de atividade Comando, ação, trabalho de campo Recomendação, alternativas, trabalho de gabinete Responsabilidade Pela operação, pelos resultados Pelo planejamento, pelas sugestões Exemplo Gerentes de departamento Gerente de RH Adaptado de: Marras (2011b). Podemos, portanto, concluir que a função de RH primeiro é de atribuição do gestor da área e de maneira ampla é compartilhada com todos os gestores na empresa, cabendo ao gestor deliberar sobre promoção, mérito, demissão, entre outras ações. Todavia, para que haja uniformidade nos processos, a área de RH é a responsável por orientar e fornecer consultoria interna quanto a normas e procedimentos, realizando, assim, sua função de staff, o que fará com que o gestor (linha) considere o RH (staff) como uma fonte de ajuda, e não como um intruso no processo. Lembrete A área de RH tem responsabilidade de linha e função de staff. 1.3.3 Visão sistêmica Cabe à área de RH a visão da organização como um todo, ou seja, visão sistêmica do negócio e das pessoas; como resultado, passa a ter total entendimento dos processos e passa a compreender o funcionário em sua especificidade muito mais facilmente, sabendo onde, quando e como se posicionar mediante qualquer situação. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 20 Unidade I Dominar a visão sistêmica é fator decisivo não só para a área de RH, mas para os demais gestores organizacionais, o que certamente é uma função do RH com esses profissionais em sua função de staff. É possível ainda observar que profissionais que desenvolvem a visão sistêmica possuem tomada de decisão mais estratégica, realizam avaliação contínua de falhas e imprevistos e possuem análise crítica e autoconhecimento. Pode-se concluir que a função de RH é vista como um grande sistema integrado, composto de vários subsistemas e processos interligados e interdependentes. 1.4 O processo motivacional Entender o que é motivação é essencial a qualquer gestor, visto que muito se fala sobre o tema, porém, na maioria das vezes, de forma errônea, levando os gestores e a área de RH a assumirem a responsabilidade da motivação dos funcionários no ambiente corporativo. Motivação define-se pelo desejo individual em exercer níveis altíssimos de esforço em direção a determinados objetivos, sejam estes organizacionais ou não, condicionados pela capacidade de satisfazer algumas necessidades individuais. Drucker (1954) define motivação como o processo responsável pela intensidade, pela direção e pela persistência dos esforços de uma pessoa para atingir uma determinada meta. Podemos concluir que a motivação é algo individual, cabendo às lideranças apenas a possibilidade de fornecer estímulos ou incentivos, com o objetivo de despertar o interesse ou identificar as necessidades das pessoas para que elas tenham interesse em atingir os objetivos organizacionais. Sabendo que são diversas as causas motivacionais do indivíduo, suas necessidades e suas expectativas, é possível observar dois tipos de motivação: • Motivação intrínseca: associada com recompensas psicológicas, como reconhecimento, respeito, status, está intimamente ligada às ações individuais dos gestores em relação aos seus funcionários. • Motivação extrínseca: baseada em recompensas tangíveis, como salários, benefícios, promoções; enfim, compreende essas práticas determinadas pela área de RH em concordância com a alta gestão. Conforme Maximiano (2005), há dois grupos de motivos que influenciam o desempenho: • Motivos internos: surgem das próprias pessoas, como aptidões, interesses, valores e habilidades individuais. • Motivos externos: criados pela situação ou ambiente em que a pessoa se encontra; são estímulos ou incentivos que o ambiente oferece. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 21 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Para Griffin e Moorhead (2006), o desempenho no cargo depende de motivação, capacidade e ambiente. Ou seja, o funcionário precisa querer fazer o trabalho (estar motivado), ser capaz de fazê-lo e dispor dos recursos no ambiente de trabalho necessários para tal. Historicamente, ao falar de motivação, podemos citar: a administração científica, que parte do pressuposto de que os funcionários são motivados por dinheiro; a escola das relações humanas, que defende a ideia de que atitudes favoráveis dos funcionários acarretam motivação para trabalhar; por fim, a abordagem de recursos humanos, que parte do pressuposto de que as pessoas querem contribuir para a organização e são capazes de fazê-lo de forma genuína. Observação Motivação é o ato ou a ação de motivar (motivo da ação), que representa os motivos para se tomar/adotar uma ação. Nos próximos temas de discussão, vamos trabalhar algumas teorias da motivação que podem ser observadas e relacionadas ao ambiente corporativo. 1.4.1 Teoria da hierarquia das necessidades (Maslow) O homem tem uma natureza superior que é tão natural quanto a sua natureza inferior. Em sua natureza superior, podemos incluir a necessidade de trabalho significativo, de criatividade, de ser justo e equânime, de fazer o que é digno de ser feito, e de preferir fazê-lobem (MASLOW, 1970, p. 259). A teoria da hierarquia das necessidades de Maslow estuda a motivação através das necessidades presentes nos seres humanos. O autor considera necessidade a manifestação natural de sensibilidade interna, que desperta uma tendência a realizar um ato ou a procurar uma determinada categoria de objetos, baseando-se na ideia de que cada ser humano se esforça muito para satisfazer suas necessidades pessoais e profissionais. É um esquema que apresenta uma divisão hierárquica: as necessidades consideradas de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das de nível mais alto. De acordo com a teoria, cada indivíduo tem de realizar uma “escalada” hierárquica de necessidades para atingir a sua plena autorrealização. Quadro 7 – Hierarquia das necessidades de Maslow Necessidades de autorrealização Representam o topo da pirâmide das necessidades humanas e se caracterizam pela necessidade de o indivíduo realizar-se, de promover o seu próprio potencial em contínua expansão No trabalho: desafios no trabalho, necessidade de influenciar nas decisões, autonomia etc. Necessidades de estima Representam a maneira como o indivíduo se vê e se avalia, envolvem, portanto, aspectos ligados à autoconfiança, à aprovação social, tais como estima, prestígio e status No trabalho: responsabilidade pelos resultados, reconhecimento por todos, promoções ao longo da carreira, feedback etc. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 22 Unidade I Necessidades sociais Surgem quando as anteriores já foram atendidas e se referem à aceitação do indivíduo pelo grupo (relações de amizade e afeto) No trabalho: necessidade de conquistar amizades, manter boas relações, ter superiores gentis etc. Necessidades de segurança Também chamadas de estabilidade, são as necessidades do segundo patamar, que surgem depois da satisfação das necessidades fisiológicas No trabalho: necessidade de estabilidade no emprego, boa remuneração, condições seguras de trabalho etc. Necessidades fisiológicas Representam o nível mais baixo, porém de vital importância para a sobrevivência e a preservação da espécie No trabalho: necessidade de horários flexíveis, conforto físico, intervalos de trabalho etc. 1.4.2 Teoria X e teoria Y (McGregor) As teorias X e Y, criadas por Douglas McGregor, norteiam as relações entre as empresas e os trabalhadores. São teorias antagônicas, ou seja, tratam de dois perfis de personalidade e comportamentos. São muito interessantes, pois mostram duas formas distintas de “ser” do funcionário ou duas formas distintas de “ver” o funcionário. A teoria X parte do pressuposto de que o trabalho é desagradável para a maioria das pessoas. A premissa é de que os funcionários não gostam de trabalhar, evitam o trabalho, são preguiçosos, evitam responsabilidade, precisam ser coagidos e controlados para mostrar desempenho. Já na teoria Y, o trabalho é natural quando em condições favoráveis. Os funcionários são vistos como altamente competentes, responsáveis e criativos, gostam de trabalhar e veem o trabalho como uma grande diversão. Às empresas cabe proporcionar meios para que as pessoas possam dar o seu melhor. Quadro 8 – Comparação dos pontos principais das teorias X e Y Teoria X Teoria Y 1. O trabalho é desagradável para a maioria das pessoas 1. Se as condições forem favoráveis, o trabalho é tão natural quanto um jogo 2. A maioria das pessoas não é ambiciosa, tem pouco desejo de responsabilidade e prefere ser dirigida 2. Autocontrole é, na maioria das vezes, indispensável para alcançar as metas organizacionais 3. A maioria das pessoas tem pouca capacidade criativa para solucionar problemas organizacionais 3. A capacidade criativa na solução de problemas organizacionais está amplamente presente nas pessoas 4. A motivação ocorre apenas nos níveis fisiológicos e de segurança 4. A motivação ocorre tanto nos níveis de afiliação, estima e autorrealização, quanto nos fisiológicos e de segurança 5. A maioria das pessoas deve ser comumente controlada e coagida para que sejam alcançados os objetivos organizacionais 5. Se adequadamente motivadas, as pessoas podem se autodirigir e ser criativas no trabalho Fonte: Carvalho, Nascimento e Serafim (2012, p. 72). Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 23 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA 1.4.3 Teoria de dois fatores (Herzberg) Desenvolvida por Frederick Herzberg, foi publicada em seu livro The motivation to work (A motivação para trabalhar). A teoria foi embasada em entrevistas realizadas com inúmeros profissionais da área industrial de Pittsburgh. O autor dividiu os relatos em dois fatores: motivacionais, ou seja, aqueles que agradavam; e higiênicos, aqueles que desagradavam. Quadro 9 – Fatores motivadores Fatores motivadores Determinantes Realização O término com sucesso de um trabalho ou uma tarefa; os resultados do próprio trabalho Reconhecimento pela realização O recebimento de reconhecimento público, ou não, por um trabalho benfeito ou um resultado conseguido O trabalho em si Tarefas consideradas agradáveis e que provocam satisfação Responsabilidade Proveniente da realização do próprio trabalho ou do trabalho de outros Desenvolvimento pessoal Possibilidade de aumento de status, perfil cognitivo ou mesmo de posição social Possibilidade de crescimento Uma alavancagem dentro da estrutura organizacional, em termos de cargo ou responsabilidade Fonte: Marras (2011a, p. 28). Quadro 10 – Fatores higiênicos Fatores higiênicos Determinantes Supervisão A disposição ou boa vontade de ensinar ou delegar responsabilidades aos subordinados Políticas empresariais Normas e procedimentos que encerram os valores e as crenças da companhia Condições ambientais Ambientes físicos e psicológicos que envolvem as pessoas e os grupos de trabalho Relações interpessoais Transações pessoais e de trabalho com os pares, os subordinados e os superiores Status Forma pela qual a nossa posição está sendo vista pelos demais Remuneração O valor da contrapartida da prestação de serviço Vida pessoal Aspectos do trabalho que influenciam a vida pessoal Fonte: Marras (2011a, p. 28). 1.4.4 Teoria do reforço (Skinner) Para B. F. Skinner, cientista comportamental no campo da psicologia, o comportamento humano é condicionado por determinadas experiências, sejam positivas, sejam negativas. Assim, o papel do gestor é incentivar condutas desejáveis, bem como desestimular as não desejáveis. É importante pontuar que a teoria negligencia emoções, sentimentos e expectativas, levando em conta apenas as atitudes dos funcionários. A teoria do reforço divide-se em quatro posturas, cada uma com os seus objetivos: Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 24 Unidade I • Reforço positivo: oferecer recompensa quando se alcança um objetivo. Exemplo: pagamento de prêmio por alcance de metas. • Reforço negativo: remover uma consequência negativa na ocorrência de uma ação desejada. Exemplo: um funcionário que se esforça para cumprir a meta e assim não precisar trabalhar no sábado. • Punição: praticar uma medida negativa na ocorrência de uma ação indesejada. Exemplo: realizar desconto no salário por conta de atraso do funcionário. • Extinção: retirada de uma recompensa positiva quando ocorre uma ação indesejada. Exemplo: retirar o prêmio por assiduidade do funcionário pelas faltas. 1.4.5 Teoria da expectativa e teoria do aprendizado social (Vroome Rotter) Os psicólogos Victor Vromm e Julian Rotter publicaram suas teorias e pesquisas empíricas baseadas no modelo de expectativa (Vromm) e na teoria do aprendizado social (Rotter). Juntos, desenvolveram um modelo comportamental pautado na expectativa e no aprendizado social. Segundo as teorias, o indivíduo se comporta orientando-se para resultados e age esperando obter algo em troca. Portanto, os autores sugerem que existem duas variáveis que determinam a motivação de um indivíduo: o valor da recompensa e o que se espera como recompensa. A resposta que o indivíduo se coloca, diante da questão do que fazer, é diretamente proporcional não só ao que efetivamente ele deve receber em troca ao terminar a missão, mas também aos níveis de expectativa que ele tem em relação ao que deve receber (MARRAS, 2011a, p. 30). 1.4.6 Teoria da equidade (Adams) Criada por J. Stacy Adams, essa teoria parte do pressuposto de que a motivação depende do equilíbrio entre o que o funcionário oferece à organização através do seu desempenho e o que recebe em troca. O funcionário sente-se motivado sempre que recebe algo da organização, como valores, reconhecimento, promoção, transferências, isto é, uma compensação justa pelo seu esforço. Essa compensação é avaliada através da comparação entre o que recebem outros funcionários cuja contribuição à organização é semelhante. Caso essa contribuição seja inferior àquelas atribuídas a outros funcionários, o indivíduo sente-se insatisfeito e tende a reduzir suas contribuições ou até mesmo sair da organização. A teoria possui uma sequência lógica: • O funcionário avalia como é tratado pela organização. • Julga como um outro “comparável” a ele é tratado. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 25 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA • Compara suas próprias circunstâncias com o outro e usa essa relação para verificar a equidade ou inequidade. • Realiza uma opção com base na avaliação e na força do sentimento presente. 1.4.7 Teoria da fixação de metas (Locke) Em 1990, o psicólogo Edwin Locke publicou, em parceria com Gary Latham, o livro A teoria da fixação de metas e desempenho de tarefas, que se tornou uma fonte utilizada por psicólogos organizacionais; seus princípios têm sido largamente aplicados nas organizações. Segundo a teoria, os objetivos influenciam o comportamento: enquanto os específicos melhoram o desempenho, os difíceis, quando aceitos pelo indivíduo, resultam em desempenho mais elevado do que os fáceis. Saiba mais Para enriquecer seu conhecimento sobre motivação, leia: LOBOS, J. Teorias sobre a motivação no trabalho. Revista Administração de Empresas, São Paulo, v. 15, n. 2, mar./abr. 1975. Disponível em: http:// dx.doi.org/10.1590/S0034-75901975000200002. Acesso em: 30 out. 2019. TAMAYO, A.; PASCHOAL, T. A relação da motivação para o trabalho com as metas do trabalhador. Revista Administração Contemporânea, Curitiba, v. 7, n. 4, out./dez. 2003. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/ S1415-65552003000400003. Acesso em: 30 out. 2019. 2 A ÁREA DE RH VOLTADA AO PROFISSIONAL DE SEGURANÇA “Gestão de pessoas é a função gerencial que visa à cooperação das pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos tanto organizacionais quanto individuais” (GIL, 2001, p. 17). O setor de segurança privada vem crescendo no Brasil desde que surgiu oficialmente, com o decreto federal de 21 de outubro de 1969, o que pode ser observado pelo aumento constante do número de empresas de vigilância, de profissionais que atuam na área e da disseminação de tecnologias voltadas ao setor. Obviamente, a violência, a criminalidade (especialização do crime) e a insegurança têm sua importância; além disso, a percepção da violência, as mudanças na utilização do espaço urbano e a circulação da população nas grandes cidades contribuíram para o cenário (LIMA; MISSE; MIRANDA, 2000). O marco regulatório atual da segurança privada é legislado pela Lei n. 7.102, de 20 de junho de 1983, e pelos decretos n. 89056/83 e n. 1592/95, complementados por decretos e portarias específicas, que atribuíram novos requerimentos à regulação. Conforme definido pela Polícia Federal, a segurança privada está autorizada a atuar em sete áreas distintas. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 26 Unidade I Quadro 11 – Descrição e áreas de atuação dos segmentos da segurança privada Segmento Descrição Áreas de atuação Vigilância/segurança patrimonial Preservação de bens e patrimônio, prevenção de riscos provenientes de ações criminosas Bancos Organizações comerciais e industriais diversas Órgãos públicos Condomínios fechados, prédios ou residências Shopping-centers, estádios de futebol, centros de exposições, casas de eventos e espetáculos diversos Segurança orgânica Empresas que, em vez de contratar serviços especializados das empresas de proteção, constituem o seu próprio organismo de segurança Bancos Organizações comerciais e industriais diversas Condomínios fechados Shopping-centers Segurança pessoal Acompanhamento individual, pode ou não ser armado Empresários, executivos, políticos, pessoas famosas e outros Curso de formação Treinamento e qualificação de vigilantes Empresas de segurança e profissionais de segurança privada e pública Escolta armada Acompanhamento motorizado armado Veículos de cargas, empresários, executivos, políticos e outros Transporte de valores Transporte de valores Bancos e instituições financeiras Fonte: Zanetic (2010, p. 51-70). Saiba mais A área de segurança é norteada por uma legislação que deve ser de conhecimento da área de gestão de pessoas e dos gestores de segurança. Consulte a referência a seguir: CUBAS, V. O. A expansão das empresas de segurança privada em São Paulo. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, São Paulo, 2002. Diante desse cenário, o gestor de segurança possui o papel de planejar e organizar as atividades de segurança, prevenir riscos, reduzir prejuízos e perdas, integrando todos os setores e recursos da estrutura organizacional de forma planejada. O gestor deve possuir visão sistêmica e estar totalmente atualizado no mercado, bem como atuar em parceria com a área de RH. Tal profissional deve ter uma visão humana dos processos e ter um aliado para estruturar e gerir equipes de trabalho que possam Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 27 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA efetivamente operar em setores e áreas relacionadas à segurança patrimonial em instituições públicas e privadas de forma assertiva, ética e extremamente profissional, atendendo e adequando as organizações e profissionais ao rigor da legislação. À área de RH cabe definir, direcionar e gerenciar os parâmetros de gestão de pessoal, elaborar, conduzir e monitorar treinamentos que aproximem o comportamento do profissional dos padrões estabelecidos pela organização, bem como garantir que as ações da área de gestão de pessoas influenciem o cumprimento e os resultados individuais e coletivos da área de segurança. Alguns assuntos são essenciais e devem ser trabalhados pela área de RH com os profissionais de segurança, pois estão atrelados à missão da área, às necessidades do mercado e ao sucesso dos resultados organizacionais e bem-estar dos colaboradores. São eles: • Trabalho em equipe: alinhar um grupo de pessoas a atuar de forma cooperativa e interdependente, visando à realização de um objetivo comum, é essencial ao desenvolvimento do negócio. “Reunir-se é um começo, permanecer juntos é um progresso e trabalhar juntos é sucesso”. Henry Ford • Comunicação: a comunicação é uma aliada que auxilia noalcance dos objetivos organizacionais; para tanto, as empresas devem realizar o monitoramento de informações e a abertura de diálogo entre as áreas, disseminando as informações de forma estruturada, de maneira atrativa e constante. Segundo Chiavenato (1987), a comunicação como atividade administrativa tem dois propósitos principais: proporcionar informação e compreensão necessárias para que as pessoas possam se conduzir nas suas tarefas e proporcionar as atitudes necessárias que promovam a motivação, a cooperação e a satisfação nos cargos. “Sessenta por cento de todos os problemas administrativos resultam da ineficácia da comunicação”. Peter Drucker • Liderança: uma liderança assertiva influencia o comportamento dos funcionários, portanto, é um agente transformador no ambiente corporativo. O intuito da liderança é potencializar dia a dia o capital humano e, assim, torná-lo cada vez mais vigoroso em termos de competência e resultado. Bateman e Snell (2007) afirmam que os líderes dirigem a mudança, estabelecem as orientações e motivam as pessoas a superar obstáculos e a fazer com que a organização se mova em direção ao seu futuro ideal. Para Carvalho, Nascimento e Serafim (2012), liderança é doação, é servir de uma maneira muito intensa àqueles a quem influenciamos. É uma habilidade que, se desenvolvida, pode ser utilizada para influenciar pessoas para desempenhar seus trabalhos com entusiasmo, alegria e satisfação, visando atingir e até mesmo ultrapassar objetivos e resultados. “Bons líderes fazem as pessoas sentirem que elas estão no centro das coisas, e não na periferia. Cada um sente que ele ou ela faz a diferença para o sucesso da organização. Quando isso acontece, as pessoas se sentem centradas e isso dá sentido ao seu trabalho”. Warren G. Bennis Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 28 Unidade I Lembrete Não há gestor sem equipe, e essa é uma relação de liderança na qual tudo é negociado. • Cultura: é essencial no ambiente corporativo que a gestão assimile e difunda a cultura organizacional com sua equipe de trabalho. Os valores presentes na cultura de uma organização devem ser entendidos como geradores de impulsos dos comportamentos e das atitudes das pessoas em sua atuação profissional. A cultura é concebida como um conjunto de valores e pressupostos básicos expressos em elementos simbólicos, que, em sua capacidade de ordenar, atribuir significações, construir a identidade organizacional, tanto agem como elemento de comunicação e consenso como ocultam e instrumentalizam as relações de dominação (FLEURY; FISCHER, 1989, p. 67). • Disciplina: a disciplina é essencial para a área de segurança e deve ser trabalhada pela área de RH e em parceria entre os gestores e os demais funcionários. Atuar na área, independentemente da posição hierárquica, exige disciplina, característica que o profissional leva para sua vida de maneira geral. Disciplina imposta não gera engajamento, tampouco resultado. O professor em sala de aula pode “impor” disciplina aos alunos, mas também “ensinar” disciplina a eles. A diferença é que no primeiro caso a disciplina será imposta e terá efeito temporário. Quando ensinada, transforma-se em conduta e passa a orientar a vida da pessoa. Infelizmente, nas salas de aulas, encontramos mais disciplinas impostas do que ensinadas, e nas empresas também (MUSSAK, 2003, p. 111). • Competência: são características individuais, envolvendo conhecimento, habilidade e atitude (CHA), que, em conjunto, permitem chegar ao desempenho superior tanto nas relações interpessoais quanto nas atividades técnicas; trata-se de um conjunto de aspectos que separam profissionais de alto desempenho de outros. Para ter elevada competência, o profissional precisa possuir as três vertentes, ou seja, conhecimento (embasamento técnico, conteúdo específico para sua atuação), habilidade (saber colocar em prática todo conhecimento adquirido) e atitude, e esta, mais do que fazer, envolve valores e princípios éticos. De acordo com Le Boterf (2003, p. 48), “o profissional não é aquele que possui conhecimentos ou habilidades, mas aquele que sabe mobilizá-los em um contexto profissional”. Competência é, portanto, um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, trocar conhecimentos, recursos e habilidades. Cp (competência) = S (saber) x P (poder) x Q (querer). Significa que a competência é o produto da relação entre saber, poder e querer. Ou ainda: conhecimento multiplicado por habilidade multiplicada por atitude. Se a Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 29 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA pessoa quer fazer, sabe fazer, mas faltam-lhe habilidades humanas para aplicar convenientemente seus conhecimentos, sua competência tende a zero (MUSSAK, 2003, p. 53-54). Quadro 12 – Competências essenciais Intelectuais Entendimento, lógica de argumentação, capacidade de correlacionar fatores e problemas multidimensionais e inteligência prática Funcionais Habilidades essenciais ao domínio da função exercida, capacidade de expansão do conhecimento para outras áreas de problema, reconhecimento de oportunidades e atualização profissional Organizacionais Capacidade de atender, definir e adaptar prioridades, resolver problemas, capacidades de implementação, confiabilidade e postura construtiva em relação a mudanças Produtivas Administração de tempo, foco, follow-up sobre iniciativas anteriores, desempenho, resistência ao estresse e capacidade de operar em situações críticas, vitalidade e estabilidade emocional Gerenciais Liderança, capacidade de persuadir, integrar e formar equipes, além de contribuir para o desenvolvimento de outros Sociais Fraqueza, interesse sincero em desenvolver-se, capacidade de lidar com a rejeição, resposta a críticas, solidariedade e capacidade de estabelecer interesse e obter respostas Relacionais Capacidade de comunicação, diplomacia e tato, capacidade de inspirar outros, carisma e autoridade Julgamento Capacidade de distinguir o que é ou não relevante, antecipar tendências e desdobramentos, possuir um sexto sentido negocial, reconhecer competências e “ler as entrelinhas”, bem como ajustar ações à relevância do fato gerador Iniciativa Orientação à ação rumo aos resultados, capacidade de influência no processo de decisão, motivação, força de vontade, tenacidade e perseverança, aceitação de desafios (ponderada pela avaliação dos riscos) e procura permanente por novas ou melhores alternativas Fonte: Giovelli, Calvetti e Bevilacqua (2012, p. 85). • Inteligência emocional: trabalhar os cinco coeficientes da inteligência emocional (sociabilidade, empatia, autocontrole, automotivação, autoconhecimento) é vital para um profissional de alta performance; pessoas emocionalmente centradas são mais felizes nos diversos papéis que devem desempenhar durante sua trajetória em todos os contextos, sejam eles pessoais, sejam eles profissionais. “No mundo atual, não basta ser inteligente, esperto e preparado para competir. É preciso ter calma e empatia e persistir diante das frustrações para conseguir viver bem no amor, ser feliz com a família e vencer no mercado de trabalho”. Daniel Goleman • Administração de conflitos: devido às constantes modificações implementadas nas organizações em seu dia a dia, é fato que os conflitos sejam igualmente constantes no ambiente de trabalho. O conflito, em si, não é bom nem ruim, mas a maneira como a gestão irá administrá-lo pode levar ao sucesso ou ao fracasso de processos, relações e donegócio. Portanto, administrar conflitos é essencial. Para tanto, é necessário saber ouvir, ter percepção do trabalho em equipe, mente aberta, foco e espírito de consenso, pois conflitos bem administrados tendem a extinguir-se, já o potencial gerado com o conflito, através de uma gestão efetiva e assertiva, é aproveitado por todos. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 30 Unidade I “Obviamente, desde que somos seres humanos, eternamente existirão algumas espécies de conflitos, rivalidades ou mesmo divergências de opiniões. Entretanto, terminantemente, jamais deve haver a necessidade de nutrirem-se de ódio ou mesmo matarem-se uns aos outros”. Daisaku Ikeda • Ética: cabe a qualquer profissional, no exercício de suas tarefas/atribuições, ser honesto ao lidar com qualquer situação, bem como assumir suas responsabilidades, seja qual for a circunstância, agindo de acordo com seus princípios. É essencial buscar e ter conhecimento na íntegra do código de ética que permeia sua profissão, usando-o como norteador para suas ações. Sem ética, o indivíduo “emburrece” e perde credibilidade. A ética é condição indispensável sempre que se pensa em construir um ambiente, quer profissional, quer familiar, quer social. Todas as organizações trabalham apoiadas em uma ética, que às vezes está clara, explícita, e às vezes não, é implícita ou tácita, quando então seus “habitantes” a praticam silenciosamente (MUSSAK, 2003, p. 191). Saiba mais Para fixar o conteúdo estudado, leia: MUSSAK, E. Metacompetência: uma nova visão do trabalho e da realização pessoal. São Paulo: Gente, 2003. Resumo Esta unidade tratou da evolução histórica da área de RH. Destacou-se que a área de RH é um parceiro estratégico para os resultados do negócio. Assim, foram pontuadas suas características presentes: contingencial e situacional, responsabilidade de linha, função de staff e visão sistêmica. O processo motivacional também foi abordado, por meio das diversas teorias, visto que o conhecimento sobre motivação é essencial a qualquer gestor. Acentuou-se, especificamente, a administração de RH voltada ao profissional de segurança. Ainda foram estudados temas essenciais que devem ser trabalhados pela área de gestão de pessoas junto aos profissionais de segurança: trabalho em equipe; comunicação; liderança; cultura; disciplina; competências; inteligência emocional; administração de conflitos; ética. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 31 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Exercícios Questão 1. “Durante o Estado Novo (1937-1945), foi construído um novo conceito de ‘democracia’ – definida como ‘substantiva’ (econômica, corporativa, social e sindical) – ligada aos direitos sociais do trabalho, dissociada dos direitos políticos abolidos em 1937, criando um espaço público e institucional: de um lado, para a formulação das leis sociais, atributo exclusivo do Estado, dentro de um modelo legislado e não contratual que nega aos agentes privados da produção, o poder de produzir regulação sobre o mercado de trabalho e fazê-la valer. E, de outro, para o exercício da cidadania das classes trabalhadoras dentro dos sindicatos oficiais, a ‘cidadania corporativista’, configurando um projeto de construção de uma identidade operária reapropriada e, permanentemente, ressignificada pelos trabalhadores em suas relações com o Estado.” Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rh/n172/2316-9141-rh-172-00367.pdf>. Acesso em: 21 out. 2019. Com o advento do Estado Novo, governo ditatorial, preocupado com questões sociais e trabalhistas, surge a necessidade de uma nova fase dentro da evolução de pessoas, qual seja: A) Fase contábil. B) Fase administrativa. C) Fase legal. D) Fase tecnicista. E) Fase humana. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: a fase contábil precede a fase estabelecida com o advento do Estado Novo, a fase legal. B) Alternativa incorreta. Justificativa: a fase administrativa é uma das fases mais modernas da evolução da gestão de pessoas, sendo reconhecida por ocupar o período de 1965 a 1985, estando, portanto, bastante à frente da fase legal. Cesar Destacar 32 Unidade I C) Alternativa correta. Justificativa: a fase legal é a etapa evolutiva da gestão de pessoas que surge com o advento do Estado Novo e suas preocupações com as leis trabalhistas, daí o nome “legal”. D) Alternativa incorreta. Justificativa: a fase tecnicista é a evolução da fase legal, estando, portanto, na ordem cronológica, à frente da fase legal. E) Alternativa incorreta. Justificativa: não existe fase humana; ainda que dentro de cada fase as preocupações estejam ligadas às práticas humanas, não existe uma fase evolutiva com essa descrição. Questão 2. “Segundo a teoria contingencialista, um crescimento do porte da organização (medido pelo número de empregados ou parte do mercado) seria acompanhado, conforme a descrição de Mintzberg, de uma maior complexidade (que geraria, por sua vez, uma divisão do trabalho mais significativa), uma diferenciação entre unidades e um maior número de níveis hierárquicos. Enfim, o aumento dos efetivos provocaria também o aumento de unidades/departamentos. Entretanto, os efetivos de pessoal administrativo aumentariam em um nível inferior aos do efetivo total, em razão das economias de escala e da formalização, que permitiriam um sistema de controle mais eficaz e demandador de menos gente para viabilizá-lo. A questão que ora se coloca é se isto também se verifica em relação ao órgão de RH. Os resultados de pesquisa mostram que a emergência da formalização de um órgão de RH está efetivamente ligada a um número mínimo de pessoal, que varia, entretanto, segundo diversos autores. Assim, Wasmuth sugere que 240 pessoas empregadas na organização seriam o número mínimo que justificaria um órgão de RH; Simonds propõe 200; e Marsh, 500 empregados. A importância quantitativa do órgão de RH é frequentemente medida pelo tamanho ou pela sua relação percentual em relação ao efetivo total da organização. Nesta linha, destaca-se o trabalho de Wood, que encontrou um percentual de 0,9% para efetivos de menos de 200 pessoas, 1,23% de 500 a 800, e 1,01% para mais de 800 pessoas. O percentual de 1% parece ser um padrão considerado adequado pela American Society of Personnel Administration, conforme Yoder e Heneman.” Disponível em: https://bit.ly/2p3f6v7. Acesso em: 21 out. 2019. Em termos numéricos, portanto, o RH pode ter vários tamanhos e várias formas. Não havendo correlações significativas entre tamanho do RH e sua influência sobre as ações da empresa, independentemente do tamanho, o modelo de RH preterido na organização é aquele que se baseia em: Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 33 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA A) Responsabilidade de linha. B) Função de staff. C) Visão sistêmica. D) Processo motivacional. E) Responsabilidade de staff. Resposta correta: alternativa A. Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: ainda que a responsabilidade de linha seja também função do RH, é importante perceber que, nos métodos mais contemporâneos, o RH tem função de staff em decorrência da opção pela não ingerência em demais áreas. B) Alternativa incorreta. Justificativa: os diversos setores de uma empresa têm predileção por um departamento de RH que não pratica ingerências, ou seja, é preferível um RH que tenha função de staff ao de responsabilidade de linha. C) Alternativa incorreta. Justificativa: a visão sistêmica não é preterida em nenhum dos casos. Grande ou pequeno, o departamento de RH não deve comprometer a visão sistêmica da empresa.
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