Buscar

1 Relações de trabalho no setor público-ajustado

Prévia do material em texto

Relações de trabalho 
no setor público
SST
Becker, Victória
Relações de trabalho no setor público / Victória Becker
Ano: 2020
nº de p.: 10
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
Relações de trabalho 
no setor público
3
Apresentação
Nessa unidade, vamos estudar as relações de trabalho no Setor Público, para isso, 
vamos abordar a dinâmica do funcionalismo na máquina pública. Trataremos 
também das particularidades inerentes à carreira pública, como carreira, salários, 
cargos, concursos, recrutamento, seleção, etc. 
Abordaremos como administração tem geridos o fator humano para atender às 
demandas da sociedade e do Estado, nesse sentido, veremos as maneiras como 
ocorrem as contratações públicas. 
Conheceremos alguns princípios básicos das relações de trabalho, e por fim, 
apontaremos a diferença entre Governança e Governabilidade e as características 
de cada uma.
O funcionalismo público
Já sabemos como o Governo se estrutura e de onde vem o dinheiro que ele 
utiliza para desempenhar suas tarefas. Vimos também que o trabalho que será 
desempenhado pelo Setor Público é definido conforme as prioridades apontadas 
nos orçamentos e demais formas de planejamento político. Agora vem uma 
pergunta importante: quem são as pessoas que executam essas tarefas, que 
movimentam a máquina pública, e como são suas relações de trabalho?
Não devemos esquecer que o Funcionalismo Público, apesar de ser mediado por um 
representante, é fruto da coletividade organizada, ou seja, são pessoas trabalhando 
em prol das necessidades de uma sociedade na qual elas também estão inseridas. 
Costin (2010) afirma que o Setor Público possui esta e mais algumas peculiaridades 
no que se refere às relações de trabalho. 
A atuação dos servidores está atrelada a algumas questões culturais em nosso 
país. Ainda existe a associação de trabalhadores a determinados partidos políticos, 
e essa lealdade é usada em algumas disputas. Além disso, apesar de em alguns 
locais ser a única alternativa de trabalho existente, o Serviço Público é visto como 
uma carreira estável e bem paga, que pode trazer prestígio para quem ocupa esse 
4
cargo. Por outro lado, se a função não for bem desempenhada, a pessoa passa a ser 
mal vista na sociedade. Outro ponto desfavorável é que o trabalhador público tende 
a ser estigmatizado, o que pode prejudicar uma mudança de carreira para empresas 
privadas.
Aqui aparece uma característica do modelo de administração 
pública patrimonialista. Como você vê esse modelo ainda presente 
nos dias de hoje? Que ações poderiam ser tomadas para eliminar 
esse comportamento?
Reflita
Tendo em vista essas peculiaridades, alguns cuidados vêm sendo tomados no 
recrutamento, seleção e gestão de carreira desses profissionais. O principal e mais 
conhecido é o concurso público, que visa a tornar a carreira pública objetiva, com 
critérios focados em desempenho, aptidões e mérito (COSTIN, 2010). 
Além disso, a Administração Pública buscou seguir as mudanças que aconteceram 
ao longo dos anos do mundo do trabalho, a fim de se adequar ao mercado. A 
sociedade e os órgãos públicos não estão isolados, eles andam juntos. O mesmo 
consumidor é cliente tanto das empresas privadas como das públicas. Isso torna o 
cidadão mais exigente em relação aos produtos e serviços prestados pelo Estado, 
que precisa se adaptar contratando profissionais com diferentes perfis, de acordo 
com as atividades e órgãos que atendem.
Os diversos tipos de servidores públicos
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Nas atividades que não são exclusivas do Estado e outras entidades podem atuar, 
existe a possibilidade de se formar parcerias, as chamadas Parcerias Público-
5
Privada (PPPs), e, por alguns tipos de concessão, terceirizar a contratação de 
profissionais privados para atuação em atividades do Governo. Um exemplo disso 
são as atividades que envolvem obras públicas, como a construção de estradas 
(COSTIN, 2010).
Princípios das relações de trabalho
As relações de trabalho, não importa em qual setor de atuação, seguem alguns 
princípios básicos. São eles, segundo Costin (2010, p. 156):
a. a profissionalização, isto é, buscar bons profissionais e desenvolvê-los para
que possam melhorar a prestação dos serviços como um todo;
b. promover uma gestão de pessoas que considere a diversidade de órgãos e
funções, aplicando critérios diferentes de contratação, remuneração, entre
outros;
c. favorecer o trabalho em equipe, principalmente no que diz respeito às tarefas
que envolvem vários setores;
d. capacitar seus funcionários para que sejam orientados a custos e resultados,
avaliando resultados e, inclusive, premiando a superação de metas;
e. o investimento em tecnologias que tragam mais agilidade aos serviços pres-
tados.
O planejamento de Recursos Humanos no Setor Público ainda é praticamente 
inexistente e, somente há pouco tempo, teve início em alguns estados a preparação 
de concursos com base na real carência profissional dos setores. Costin (2010, 
p. 158) afirma que, o que geralmente ocorre, “é uma mistura de clientelismo, com
indicação de pessoas para os ainda numerosos cargos de confiança com base em
compromissos políticos e um atendimento de demandas emergenciais”.
6
O recrutamento e seleção, no Setor Público, têm características 
bem específicas e em três tipos de situações: o acesso a cargos 
públicos, feito pelos concursos; o acesso a cargos temporários, 
por processos seletivos simplificados (ainda que contenham 
provas), como o caso de professores substitutos; e, por fim, 
acesso a cargos de confiança por nomeação direta pelo órgão em 
questão.
Atenção
A capacitação dos funcionários públicos é feita pelas unidades de recursos 
humanos de cada órgão, com base em cursos previstos nas carreiras ou até mesmo 
por solicitação dos próprios servidores. A administração de pessoal (cargos, 
salários, benefícios etc.) é feita com base em previsões legais e está diretamente 
ligada ao setor de Finanças Públicas. Já a Avaliação de Desempenho na área 
pública está relacionada a instrumentos bem específicos, como estágio probatório.
Governança e governabilidade
Com base em tudo o que estudamos até agora, você deve ter percebido que a 
gestão do nosso governo é bastante complexa, envolvendo diversos órgãos e 
setores nos três níveis (Federal, Estadual e Municipal). Cada um desses níveis 
possui atribuições bem específicas, podendo inclusive ter sua própria constituição. 
Considerando que o Brasil tem 26 estados e um Distrito Federal, é praticamente 
impossível apresentarmos aqui tudo que se refere a essa intrincada estrutura 
governamental.
Apesar disso, veremos a diferença entre Governança e Governabilidade e as 
características de cada uma. De forma bem simples, podemos dizer que a 
Governabilidade está relacionada ao exercício em si do poder do Estado e seu 
governo, enquanto a Governança é a capacidade do governo de formular e 
implementar suas políticas (MATIAS-PEREIRA, 2016).
7
Diferença entre Governabilidade e Governança
Governabilidade
É a capacidade política de governar, é o resultado da relação 
legítima do Estado e do Governo com a sociedade. Ela diz 
respeito aos aspectos mais gerais do Estado, como a forma 
de governo, as relações que ocorrem entre os poderes, os 
sistemas partidários, entre outros. 
Governança
É a capacidade do governo de realizar suas políticas com base 
na sua capacidade financeira e administrativa, ou seja, é o 
modo como esses recursos são gerenciados, a fim de promover 
o desenvolvimento. Ela atende questões concernentes à
participação da sociedade na política e em metas coletivas,
buscando a divisão do poder entre os governantes e os
governados. Ela visa à descentralização da autoridade e
das funções do governo. Vale frisar que a Governança não é
representada, necessariamente, pelos cidadãos, apesar de
estar ligada à participação deles na política. Manifesta-se pelo
trabalho dos agentes e servidores públicos que representam o
Estado perantea sociedade.
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).
Sobre esse tema, Matias-Pereira (2016, p. 76, grifo do autor) afirma:
Em sentido amplo, pode-se sustentar que a governabilidade refere-
se às próprias condições substantivas e materiais de exercício do 
poder e de legitimidade do Estado e do seu governo derivadas da 
sua postura diante da sociedade civil e do mercado (em um regime 
democrático). Nesse sentido, pode ser aceita como autoridade 
política do Estado em si, entendida como a capacidade que este tem 
para agregar os múltiplos interesses dispersos pela sociedade e 
apresentar-lhes um objetivo comum para o curto, médio e longo prazo. 
Governança é a capacidade que determinado governo tem para formular e 
implementar as suas políticas. Nesse elenco de políticas, pode-se assinalar 
a gestão das finanças públicas, gerencial e técnica, entendidas como as 
mais relevantes para o atendimento das demandas da coletividade.
Outra diferença entre os dois conceitos está ligada à como a legitimidade 
é apresentada em cada um. Na Governabilidade, a legitimidade resulta da 
capacidade do governo de representar os interesses de suas próprias instituições. 
A Governança, por outro lado, baseia a sua legitimidade no fato de que as políticas 
públicas que contam com a participação da população (ao menos uma parte dela) 
na sua elaboração têm uma chance muito maior de sucesso. Em contrapartida, uma 
semelhança entre os dois conceitos é a questão da participação institucionalizada 
presente como agente na busca pela estabilidade política.
8
Legitimidade e políticas públicas
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
A Governabilidade diz respeito a quais premissas estão ligadas ao exercício da 
autoridade política, ou seja, quando o governo pode usar sua autoridade; já a 
Governança, ao modo ele pode usar essa autoridade.
Podemos citar ainda outro conceito, o termo accountabiliy, que diz respeito à 
prestação de contas do governo para a sociedade, promovendo a transparência 
das políticas públicas. Quanto mais o povo consegue identificar se seus interesses 
estão sendo atendidos pelo Estado, mais accountable é considerado o governo 
(MATIAS-PEREIRA, 2016).
9
Fechamento
Compreendemos que, o Poder Público, quando necessário, pode constituir 
parcerias, fazer concessões, contratar profissionais terceirizados, para suprir suas 
demandas de mão de obra. Aprendemos que o perfil dos profissionais do Setor 
Público tem relação direta com as funções que serão desenvolvidas por estes e 
com as instituições aos quais serão alocados.
Conhecemos alguns princípios básicos das relações de trabalho no âmbito público, 
como profissionalismo e motivação para o trabalho em equipe. Nesse contexto, o 
Funcionalismo Público é recrutado e selecionado mediante concursos, processo 
seletivo e nomeação direta. 
Compreendemos que Governança e Governabilidade são termos distintos, sendo a 
primeira a forma pela qual os recursos financeiros são gerenciados, já a segunda, é 
a capacidade política de governar. 
Vimos também outro importante conceito no setor público, que é o termo 
accountabiliy, que tem relação direta com a transparência e a prestação de contas. 
10
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: 
Senado Federal: Centro Gráfico, 1988, 292 p. Disponível em: <https://www.senado.
gov.br/atividade/const/con1988/con1988_04.10.2017/ind.asp>. Acesso em: 27 
nov. 2017. 
BRASIL. Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. Brasília: Presidência da 
República, 1995. Disponível em: <http://www.bresserpereira.org.br/Documents/
MARE/PlanoDiretor/planodiretor.pdf>. Acesso em: 8 dez. 2017.
BRASIL. Câmara dos Deputados e Senado compõem o Poder Legislativo. 
Governo do Brasil, Brasília, 2009a. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/
governo/2009/11/camara-dos-deputados-e-senado-compoem-o-poder-
legislativo>. Acesso em: 27 nov. 2017.
BRASIL. Governo federal é formado por ministérios, secretarias e órgãos especiais. 
Governo do Brasil, Brasília, DF, DF, 31 out. 2009b. Disponível em: <http://www.brasil.
gov.br/governo/2009/11/conheca-os-orgaos-que-formam-o-poder-judiciario>. 
Acesso em: 28 nov. 2017.
BRASIL. Presidência da República. Ministros. Planalto, Brasília, DF, 2017. Disponível 
em: <http://www2.planalto.gov.br/presidencia/ministros>. Acesso em: 29 nov. 2017.
COSTIN, C. Administração Pública. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
MATIAS-PEREIRA, J. Manual de gestão pública contemporânea. Rio de Janeiro: 
Atlas, 2016. 
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO. Organograma do MPU. 2017. Disponível em: 
<http://www.mpu.mp.br/navegacao/institucional/organograma>. Acesso em: 8 dez. 
2017.
VIEIRA, L. N. Administração pública: modelos, conceitos, reformas e avanços para 
uma nova gestão. Curitiba: Intersaberes, 2016. 
https://www.senado.gov.br/atividade/const/con1988/con1988_04.10.2017/ind.asp
https://www.senado.gov.br/atividade/const/con1988/con1988_04.10.2017/ind.asp
http://www.bresserpereira.org.br/Documents/MARE/PlanoDiretor/planodiretor.pdf
http://www.bresserpereira.org.br/Documents/MARE/PlanoDiretor/planodiretor.pdf
http://www.brasil.gov.br/governo/2009/11/camara-dos-deputados-e-senado-compoem-o-poder-legislativo
http://www.brasil.gov.br/governo/2009/11/camara-dos-deputados-e-senado-compoem-o-poder-legislativo
http://www.brasil.gov.br/governo/2009/11/camara-dos-deputados-e-senado-compoem-o-poder-legislativo
http://www.brasil.gov.br/governo/2009/11/conheca-os-orgaos-que-formam-o-poder-judiciario
http://www.brasil.gov.br/governo/2009/11/conheca-os-orgaos-que-formam-o-poder-judiciario
http://www2.planalto.gov.br/presidencia/ministros
http://www.mpu.mp.br/navegacao/institucional/organograma

Continue navegando