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ESTUDO DE CASO

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ESTUDO DE CASO: MARIA DO PERPÉTUO
Maria do Perpétuo é moradora da Vila das Flores. Essa vila tem seu território coberto por um lixão e é considerada um dos grandes bolsões de miséria do município de Camaquã da Serra, no Pará.
Maria do Perpétuo, esclarece que além dos problemas que vem enfrentando com os filhos, não tem conseguido lugar no mercado de trabalho após ter sido demitida. Maria tem 36 anos, é obesa, negra e costumava trabalhar em uma pequena empresa, na área de higienização.  Apesar de aparentar ter um pouco mais de idade, mantém certa jovialidade, apesar de uma história de vida bastante sofrida. Possui um olhar firme e atento, rosto redondo, aperto de mão forte e sorriso gentil. 
Maria do Perpétuo vai à Unidade de Saúde Vila Flores e, durante o acolhimento com o profissional de saúde, relata que está muito ansiosa devido a problemas familiares. Explica que não está conseguindo dormir à noite e que muitas vezes sente dor no peito e dificuldade para respirar, situação que a tem lhe preocupado muito.
No dia anterior, Maria do Perpétuo foi à escola, atendendo ao chamado da orientadora pedagógica e da diretora, após a segunda 
MAICON: 
· suspensão do seu filho Maicon, de 13 anos. A orientadora pedagógica e a diretora tinham como objetivo se aproximar mais de Maria e entender um pouco mais do contexto de sua família. 
· Maicon, por sua vez, vem apresentando um comportamento agressivo, tanto com colegas como professores, o que já fez com que fosse suspenso da escola.
JULIANA:
Sua filha Juliana, de 9 anos, vem apresentando muita dificuldade na escola, e já reprovou duas vezes, continuando no segundo ano do Ensino Fundamental. 
MARINA:
Além disso, sua filha mais velha, Marina, de 15 anos, abandonou a escola no último ano, pois engravidou. Não retornou aos estudos, mesmo a escola tendo ofertado inúmeras possibilidades para que pudesse conciliar a maternidade e os estudos.
Maria do Perpétuo é casada com José, de 39 anos, desempregado, alcoólatra e portador do vírus HIV. 
A transmissão para a parceira ocorreu em um tempo em que não se acreditava que o companheiro pudesse ter outros relacionamentos e ser usuário de drogas. 
O casal não completou o primeiro grau, embora ela tenha mais alguns anos de estudo. 
Puderam alugar uma pequena e humilde casa, com duas peças. Os filhos dormiam no mesmo quarto do casal. 
Aparenta boa reação emocional quanto ao HIV, reagindo e enfrentando bem o problema, mas não realiza o tratamento adequado. 
Conta que com a situação do desemprego, passou a fumar ainda mais. Dos 10 a 15 cigarros diários, passou a fumar de 20 a 30 (TRATAMENTO E GRUPO DE TABAGISMO).
Compreende que todo esse contexto tem afetado muito a vida da família, mas não sabe como mudar essa situação. 
Maria relata ao profissional de saúde que conseguiu uma vaga na creche para a filha Emily, de 2 anos, mas está preocupada pelo fato da filha ser portadora do vírus HIV (não sabe, teste). Também tem medo das doenças que a menina possa vir a contrair na creche (VACINAÇÃO).
Desafio 01 - Considerando o caso exposto, quais são os determinantes sociais apresentados no caso que podem interferir no processo saúde-adoecimento da família de Maria do Perpétuo. (identificar determinantes sociais de saúde no caso familiar)
Resposta: 
Os aspectos físico-materiais dos determinantes sociais estão na falta de investimento na infraestrutura já que é relatado que Maria vive em um território coberto de lixão, escassez de emprego. Estando diretamente ligado aos fatores psicossociais em que Maria apresenta sinais de ansiedade como, dor no peito, falta de ar e dificuldade para dormir são reflexo da desigualdade social que afeta sua família. Entretanto, Maria consegue ter apoio no enfoque ecossocial, uma vez que chegou à unidade para criar vínculo com os profissionais através da escuta ativa para que possa buscar soluções tanto para os problemas diretamente relacionados a saúde física de sua família quanto problemas sociais.
Desafio 02 - Por que é importante considerar o contexto em que a família de Maria do Perpétuo vive para que o profissional de saúde possa pensar no cuidado adequado? (Analisar as possibilidades de interferência dos determinantes sociais de saúde no processo saúde-adoecimento em caso familiar)
Resposta: 
Desafio 03 – Quais ações a equipe interprofissional de saúde poderia propor para abordar os problemas relatados por Maria do Perpétuo, com a finalidade de potencializar a concretização do conceito ampliado de saúde e a observação dos determinantes sociais? (plano de cuidado, obs. a aplicação do conceito ampliado de saúde)
Resposta: Os cuidados necessários com a família começaram com abordagem de escuta ativa durante o acolhimento de Maria ao chegar à unidade de Saúde Vila Flores. O profissional da unidade deve encaminhar maria para realizar exames, encaminhando para nutricionista e ao médico para retomar o tratamento para HIV. 
Marina, 15 anos, deve ser levada a unidade para iniciar ou dar continuidade ao pré-natal, além de trabalhar as suas opções para retomar os estudos. Marido de Maria, José, ao ser levado a unidade deve realizar exames para verificar sua saúde, por apresentar problemas com álcool, tabagismo e portar vírus do HIV e não realizar o tratamento corretamente.
Juliana, 9 anos, pode ser encaminhada ao oftalmologista para verificar se não há algum problema de visão dificultando seu aprendizado na escola e assim justificando suas repetências. Já sobre Emily, 2 anos, devem ser realizados exames para verificar a presença do vírus do HIV, realizar a vacinação orientando Maria que assim Emily não corre risco de contrair diversas doenças na creche. 
De acordo com Buss e Pelegrini Filho (2007), existem várias abordagens para o estudo dos mecanismos, através dos quais, os DSS provocam as iniquidades de saúde. A primeira abordagem privilegia os “aspectos físico-materiais” na produção da saúde e da doença, entendendo que as diferenças de renda influenciam a saúde pela escassez de recursos dos indivíduos, e pela ausência de investimentos em infraestrutura comunitária – educação, transporte, saneamento, habitação, serviços de saúde etc. –, decorrentes de processos econômicos e de decisões políticas. Outro enfoque privilegia os “fatores psicossociais”, explorando as relações entre percepções de desigualdades sociais, mecanismos psicobiológicos e situação de saúde, com base no conceito de que as percepções e as experiências de pessoas em sociedades desiguais provocam estresse e prejuízos à saúde. Os enfoques “ecossociais” e os chamados “enfoques multiníveis” buscam integrar as abordagens individuais e grupais, sociais e biológicas em uma perspectiva dinâmica, histórica e ecológica.

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