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DOENÇA DE CHAGAS E SUA RELAÇÃO COM A ENFERMAGEM Cesar Junior Aparecido de Carvalho 1 ; Rosana Claudia de Assunção2; Gabrielle Jacklin Eler3; Karina da Silva3 1Prof. Doutor.do Técnico em Enfermagem, Instituto Federal da Paraná – Campus Londrina. cesar.carvalho@ifpr.edu.br. 2Prof. Doutor.do Técnico em Enfermagem, Instituto Federal da Paraná – Campus Londrina. rosana.assuncao@ifpr.edu.br. 3Prof. Doutor.do Técnico em Enfermagem, Instituto Federal da Paraná – Campus Londrina. gabrielle.eler@ifpr.edu.br. 4Acadêmica do curso Técnico em Enfermagem, Instituto Federal da Paraná – Campus Londrina. mtajuliana@gmail.com RESUMO O objetivo deste é reconhecer na literatura como a doença de chagas está relacionada com a enfermagem. Trata-se de uma revisão narrativa da literatura acerca do tema proposto. Foram utilizadas como Bases de Dados Scielo, Lillacs com as palavras-chave; Doença de Chagas, Enfermagem, Assistência. Os dados mostram que nos vertebrados o Trypanosoma cruzi circula no sangue e multiplica-se nos tecidos. Nos barbeiros, o parasita multiplica-se no tubo digestivo e as formas infectantes são eliminadas junto com as fezes e urina do inseto. A transmissão da infecção ocorre, principalmente, pela deposição de fezes do vetor sobre os tecidos cutâneos e mucosas do homem. Embora, existam campanhas de combate ao inseto transmissor, a doença permanece ainda sendo transmitida por metódos alternativos como a transmissão congênita, por transplantes e transmissão oral, constituindo assim, um dos mais graves problemas de saúde em todo o continente. A Doença de Chagas não tem cura, mais tem tratamento com medicações específico para auxiliar nos sintomas. A assistência da enfermagem contribui para melhor qualidade de vida do doente, contribuindo por meio dos cuidados paliativos, educação e orientação paciente no uso da medicação além de, atuar na prevenção com campanhas e movimentos a eliminar o foco do hospedeiro. Este estudo possibilita a reflexão da doença e perceber que ainda existem focos da mesma e a enfermagem pode contribuir muito desde prevenção a assistência da mesma, além disso, percebeu-se uma literatura antiga e escassa que ainda tem-se muito a avançar no que tange a referida doença. PALAVRAS-CHAVE: Doença de Chagas, Enfermagem, Assistência. 1 INTRODUÇÃO A Doença de Chagas afeta cerca de 6 milhões de pessoas em 21 países da América Latina, onde 70 milhões de pessoas têm o risco de contrair a doença. É causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida através das fezes de um inseto hemíptero. Anos após a infecção, cerca de 20% dos pacientes desenvolvem a doença de Chagas crônica (LEE BY, 2013). A fase aguda da doença de Chagas se estabelece após a contaminação por transmissão vetorial, transfusão de sangue, congênita ou transplante de órgãos. De acordo com Achá (2009) essa fase apesar da elevada presença de parasita vivo no sangue, na maioria das vezes passa despercebida, sem apresentar sintomas. Quando existem, aparecem de 4 a 12 dias após a infecção pelo Trypanosoma cruzi e são chamados de porta de entrada. Verifica-se dentre eles o chagoma de inoculação, o sinal de Romaña, que é caracterizado por edema unilateral e indolor e que comumente vem acompanhado por linfadenopatia (doença que afete os gânglios linfáticos) satélite pré-auricular e submandibular. Também pode se observar febre superior a 39ºC, mialgias, astenia, anorexia, cefaléia e síndromes digestiva, cardíaca e respiratória que, em geral, duram de um a dois meses. De modo inverso, os animais domésticos como cão e gato, podem invadir o ambiente silvestre para caça, infectando-se por via oral e trazendo a infecção para o domicílio e peridomicílio (COURO; DIAS, 2009). A adaptação dos triatomíneos ao domicílio humano, ao lado da circulação do Trypanosoma cruzi entre eles e os animais silvestres e domésticos, são certamente os determinantes mais importantes para o estabelecimento da infecção humana. Embora tenha sido especulada a possibilidade de uma transformação genética para essa adaptação, ela parece primariamente decorrente da procura pelos triatomíneos de uma nova fonte alimentar, quando a ANAIS X EPCC UNICESUMAR – Centro Universitário de Maringá ISBN 978-85-459-0773-2 fonte original se reduz (COURA; DIAS, 2009). Desta forma, tem-se pretensão do estudo para verificar o que a literatura traz em relação à assistência da enfermagem com a doença de chagas. 2 MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de uma revisão narrativa da literatura de artigos nacionais e internacionais acerca do tema proposto. Segundo Lakatos e Marconi (2003), o estudo de revisão literária, tem finalidade de colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto, com objetivo de permitir ao cientista e o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações. Foi realizado um levantamento bibliográfico sobre a temática em questão por meio de consulta ao banco de dados Scielo (Scientific Eletronic Library On-Line), Lillacs (Biblioteca Virtual em Saúde). Foram utilizadas as seguintes palavras-chave: Doença de Chagas, Enfermagem, Assistência. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A doença de Chagas aparece com uma condição infecciosa (com fase aguda ou crônica). A Organização Mundial da Saúde classificada como enfermidade negligenciada (WHO, 2012). É resultante da pobreza humana, e apresenta uma sobrecarga de morbimortalidade em países endêmicos, incluindo o Brasil, com foco em diferentes contextos epidemiológicos (COURA; DIAS, 2009). A distribuição espacial da doença é condicionada primariamente ao continente americano devido a distribuição do inseto vetor com mais de 140 espécies (Triatominae, Hemiptera, Reduvidae). Progressivamente, a doença tem alcançado países não endêmicos, mediante o deslocamento de pessoas infectadas, como resultado do intenso processo de migração internacional (REQUENA-MÈNDEZ, et al., 2015; WHO, 2010). Fase aguda sendo assintomática e invisível. O quadro clínico da infecção surge de 5 a 14 dias após a transmissão pelo vetor e 30 a 40 dias para as infecções por transfusão sanguínea. As manifestações crônicas da doença de Chagas aparecem na vida adulta, 20 a 40 anos depois da infecção. O quadro grave é caracterizado por febre, mal-estar, inflamação dos gânglios linfáticos e edema do fígado e do baço. Pode ocorrer e persistir até oito semanas uma reação inflamatória no local da penetração do parasito (edema), conhecida como chagoma. O edema inflamatório unilateral das pálpebras (sinal de Romaña) ocorre em 10% a 20% dos casos quando a contaminação ocorre na mucosa ocular. Em alguns casos há manifestações fatais, ou uma ameaça à vida, incluindo inflamação do coração e a meninge e o cérebro. A fase crônica sintomática ocorre com maior frequência de lesões cardíacas, como aumento do coração, alterações do ritmo de contração, e comprometimento do tubo digestivo, com edema do esôfago e do estômago. Se o paciente é assintomático presume-se que o coração não está tão comprometido. Com o auxílio do eletrocardiograma, o médico poderá avaliar o estado evolutivo da cardiomiopatia conforme Dias e Couro (1997) descrevem: 1º período: infecção pelo Trypanosoma Cruzi, sem evidência Clínica, radiológica ou eletrocardiográfica de comprometimento cardíaco; 2º período: sintomas da doença ausente ou discreta, área cardíaca normal ou levemente aumentada no exame radiológico; bloqueio completo do ramo direito, distúrbios da repolarização ventricular; repolarização Retorno à posição de repouso de uma membrana; ANAIS X EPCC UNICESUMAR – Centro Universitário de Maringá ISBN 978-85-459-0773-2 3º período: sintomas da doença evidente, cardiomegalia moderada e alterações eletrocardiográficas bloqueio completo do ramo direito com desvio do eixo elétrico para a esquerda,zonas eletricamente inativas; 4º período: sintomas da doença acentuada com insuficiência cardíaca, cardiomegalia nítida ao exame radiológico, além de severas e numerosas alterações eletrocardiográficas - arritmias complexas e graves, extensas zonas eletricamente inativas. Os protocolos de tratamento aceitos para a Doença de Chagas aguda são o nifurtimox e o Benzonidazol. Mesmo quando os melhores resultados são obtidos, não é totalmente satisfatório. Na Venezuela, estudos com nifurtimox ou benzonidazol têm sido decepcionantes, com mais de 70% dos casos com presença de parasitas teciduais, genoma parasitário ou seus antígenos (sorologia positiva) após o uso destes fármacos (DÍAZ, COURO, 2015; INGLESSIS et al.,1998). Já como critério de cura da doença de Chagas, tenha que ocorrer a erradicação completa do parasita, traduzida na negativação total e permanente das provas parasitológicas (xenodiagnóstico e hemocultura) e imunológicas (sorologia convencional e testes especiais, como a dosagem de anticorpos líticos). O critério clínico é secundário, funcionando como suporte apenas na fase aguda (FOCACCIA, 2010). A fim de tornar efetiva a relação de ajuda, a enfermagem deve comprometer-se com o paciente, mostrando interesse por seus pensamentos, sua situação de vida, seu sofrimento e estar disposto a ajudar a encontrar respostas ou saídas para situações possíveis de ser resolvidas, como também tornar capaz de apoiar naquelas situações que não podem ser modificadas (TRAVELBEE, 1982). A exemplo da Doença de Chagas, tem que ter o compromisso de buscar formas de melhorar o viver dessas pessoas. A Doença de Chagas não tem cura, mais tem tratamento e assistência da enfermagem para melhor qualidade de vida do paciente como: Os cuidados iniciais são de caráter educativo, passando para o paciente cuidados com a higiene oral, reeducação alimentar, incentivo ao tratamento e apoio psicológico; Na fase crônica o Técnico de Enfermagem deve observar a aceitação de alimentos, queixas de dores, intensidade, tipo, localização e freqüência da dor, náuseas e vômitos, verificar sinais vitais, sempre fazendo anotações sobre cada sintoma ou dificuldade do paciente; Encorajar o paciente a fazer refeições pequenas e frequentes, comendo lentamente; Verificar a dificuldade para deglutir; Sugerir métodos não-farmacológicos para aliviar a dor como: exercícios de relaxamento, massagens em geral e período de repouso; No caso do paciente em ambiente hospitalar, o fisioterapeuta auxilia o paciente a fazer o alongamento; Orientar mudança de decúbito; Colocar apoio nos membros inferiores (MMII) como travesseiros ou toalhas no caso de edema nos membros; Estimular a deambulação em caminhadas curtas e frequentes com auxilio; Já nos cuidados paliativos, a equipe de saúde, paciente e família criam um vínculo de confiança, estabelecendo uma assistência integral e contínua, para o paciente. A terapêutica paliativa que é voltada ao controle e qualidade de vida do paciente, sem função curativa, de prolongamento da sobrevida (VARELLA, 2004; GIROND, 2006). ANAIS X EPCC UNICESUMAR – Centro Universitário de Maringá ISBN 978-85-459-0773-2 Silva et al. (2008) relatam que a fé é muito importante no enfrentamento de todos esses fatores. Orar ou rezar é uma maneira de se aproximar de Deus e ter força para suportar as adversidades. Os cuidados paliativos envolvem o lidar com o sofrimento, com a dignidade, a atenção às necessidades e a qualidade de vida e outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual dos portadores de doenças crônico-degenerativas ou em fase terminal de vida (SILVA; GUERRA; SEGRE, 2010). A equipe de Enfermagem deve sempre orientar os pacientes, principalmente os moradores em zona rural e famílias mais carentes, como: Evitar montes de lenhas, telhas ou entulhos no interior e arredores da casa; Retirar ninhos de pássaros das beiras das casas; Orientar quanto às condições de higiene; Afastar os animais como (gato, cão, macaco, etc...) das casas; Fazer limpeza das camas frequentemente; Lavar e cozinhar bem os alimentos; Lavar sempre as mãos antes de fazer qualquer coisa; Encaminhar os insetos suspeitos, para o serviço de saúde mais próximo. Esses hábitos não evitarão só a doença de Chagas, mas também várias outras transmitidas por protozoários e bactérias. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo apresentou alguns pontos importantes da Doença de chagas e suas especificidades Um dos pontos importantes foi citar que é um doença incurável, porém a prevenção e o tratamento pode contribuir muito na qualidade de vida do paciente. A relação da enfermagem com a Doença de Chagas é que os profissionais da área devem comprometer-se com o paciente, ajudando e demonstrando interesse para com ele, criando um clima de segurança que os faz sentir a vontade para expor seus medos e suas dúvidas,assim obtendo as informações que procuram, orientando para uma melhor qualidade de vida e incentivando o paciente no autocuidado. Encorajar o paciente na alimentação, nos exercícios de relaxamento. A prevenção da doença deve ser sempre enfatizada. Com a melhora do Sistema Único de Saúde houve avanços aos pacientes chagásicos, quanto ao tratamento e às intervenções. O diagnóstico precoce é muito importante, pois há medicamentos eficazes para o tratamento dos sintomas. Apesar dos dados apontados, notou-se uma literatura antiga e escassa sobre o contexto da doença, o que demonstra que falta muito para erradicar ou quem sabe achar a cura para a doença de Chagas, que ainda acomete milhares de pessoas em todo o Brasil. REFERÊNCIAS ACHÁ, R. E. S. Doença de Chagas. Arq Bras Cardiol v. 93, n. 6 (supl.1,: p. e110-e178 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v93n6s1/v93n6s1a11.pdf. Acesso em: 20 mar 2017. COURA J. R.; DIAS, J. C. P. Epidemiology, control and surveillance of Chagas disease: 100 years after its discovery. Mem Inst. Oswaldo Cruz.; v. 104, Suppl, p. 31-40, Jul. 2009. Disponível ANAIS X EPCC UNICESUMAR – Centro Universitário de Maringá ISBN 978-85-459-0773-2 em: http://memorias.ioc.fiocruz.br/issues/past-issues/item/1058-epidemiology-control-and- surveillance-of-chagas-disease-100-years-after-its-discovery. Acesso em: 20 mar 2017. DIAS, J. C. P.; COURA, J. R. org. Clínica e terapêutica da doença de Chagas: uma abordagem prática para o clínico geral [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ. 1997. 486p. Disponível em: http://static.scielo.org/scielobooks/nf9bn/pdf/dias-9788575412435.pdf . Acesso em : 20 mar 2017. FOCACCIA. R. Tratado de infectologia. 4. Ed. 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