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XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 A EFICÁCIA DA TOXINA BOTULÍNICA TIPO-A ASSOCIADA A FISIOTERAPIA NA MARCHA EQUINA EM CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL – UMA REVISÃO SISTEMÁTICA Saadina Fernandes Hijazi1, Lucas Vinicius dos Santos Avelar2 1Acadêmica do Curso de Fisioterapia, Centro Universitário de Maringá - UNICESUMAR. saadina_fernandes@hotmail.com 2Acadêmico do Curso de Fisioterapia, Centro Universitário de Maringá - UNICESUMAR. lucas_avlr@hotmail.com RESUMO A paralisia cerebral é uma encefalopatia crônica da infância originada de uma lesão que pode ocorrer em períodos pré-natais, perinatais e pós-natais. Ela se classifica quanto a sua localização, alteração motora e tônica. A espasticidade é uma alteração tônica que leva a alteração motora, como o pé equino, no qual o paciente adquire o padrão de flexão plantar excessiva e fica incapacitado de realizar dorsiflexão. Este padrão não permite contato calcanhar solo trazendo deformidades, levando a marcha equina. Os tratamentos mais eficazes para a espasticidade são a toxina botulínica tipo-A e a fisioterapia, quando associadas, trazem melhores resultados. O objetivo deste estudo é através de uma revisão sistemática mostrar a diminuição da espasticidade do pé equino com estes tratamentos, de forma a melhorar o padrão de marcha equina. Foi realizada uma revisão sistemática em artigos científicos, sendo utilizadas as bases de dados eletrônicas Scielo, PubMed, Cochrane, Google Acadêmico, Pedro, no período de 2009 à 2019. Sendo a soma dos bancos de dados de 993 artigos encontrados através das palavras chaves, havendo um processo de seleção e exclusão neste número. Portanto foram utilizados 21 artigos para a pesquisa. O que se espera desde estudo é verificar a eficácia da toxina botulínica tipo-A associada ao tratamento fisioterapêutico na marcha equina de crianças com paralisia cerebral. PALAVRAS-CHAVE: Fisioterapia; Paralisia Cerebral; Toxinas Botulinicas do Tipo A. 1 INTRODUÇÃO A Paralisia cerebral é uma encefalopatia crônica da infância que foi originada de uma lesão, que pode ter ocorrido em três períodos: pré-natal, perinatal e pós-natal. Ela afeta SNC em fase de maturação estrutural e funcional (ASSIS-MADEIRA; CARVALHO, 2009). Sua classificação clinica se remete ao tipo e a localização da alteração motora, junto ao grau de comprometimento e nível de independência para atividades diárias classificada de três formas: tetraparesia, o qual acomete os quatro membros; diparesia que acomete em maior proporção os membros inferiores e a hemiparesia, esta acomete um hemicorpo. Outra classificação importante é quanto ao tônus, estes divididos em: espásticos, discinéticos, atáxicos, hipotônicos e mistos. O mais comum encontrado é o espástico, sua característica principal é a hipertonia, tendo exacerbação reflexos tendinosos junto ao aumento da resistência muscular submetidos a estiramento rápido (OLIVEIRA; GOLIN; CUNHA, 2010). Fatores causais podem estar presentes nos três períodos gestacionais, sendo as causas mais comuns encontradas: as causas infecciosas, durante o primeiro e o segundo trimestre pela toxoplasmose, citomegalovírus, rubéola, dentre outras doenças; causas traumáticas, tanto pré, quanto pós-natal; causas em relação à prematuridade e o baixo peso, pela maior probabilidade de ter prejuízos neurológicos; causas por acidente vascular cerebral isquêmico, no período perinatal, levando a um distúrbio cognitivo associado na maioria dos casos. Em países desenvolvidos sua incidência é de 2,0 á 2,5 a cada 1000 nascidos vivos. Já nos países subdesenvolvidos esta incidência aumenta para 7 a cada 1000 nascidos vivos (ZANINI; CEMIN; PERALLES, 2009). A incapacidade motora crônica na infância é um dos aspectos mais comuns na paralisia cerebral, e um dos achados é o pé equino. Este ocorre quando se fica XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 incapacitado de realizar a dorsiflexão de tornozelo por conta da flexão plantar excessiva, com contraturas musculares levando a alterações articulares e ósseas não se estabelecendo contato de calcanhar e solo, trazendo compensações dinâmicas inicialmente e tem progressão para deformidade neste membro. Em aproximadamente 61% de paralisia cerebral espástica ocorre a marcha equina (TUSTIN; PATEL, 2015; DELGADO et al., 2016). É essencial a fisioterapia no tratamento da paralisia cerebral, contribuindo em diversos fatores, entre eles, a redução do tônus muscular, melhora da amplitude de movimento, consequentemente melhorando padrão de marcha equina. A fisioterapia vai agir nas debilidades da doença, visando tratar as condições cardiorrespiratórias, diminuição de força muscular, disfunções motoras, dor, buscando a melhor qualidade de vida do paciente de forma física e emocional, tendo como um objetivo importante melhorar a marcha do indivíduo (RYAN, J. M. et al.,2017; TELES; MELLO, 2011) Um tratamento padrão ouro para a espasticidade é a Toxina Botulínica Tipo-A. Seu objetivo é bloquear contração muscular, para ocorrer essa inibição de contração ela age de forma que causa bloqueio da liberação de acetilcolina no terminal pré sináptico por conta desta desativar proteínas de fusão. Dessa forma que não há o lançamento da acetilcolina na fenda sináptica impedindo despolarização do terminal pós sináptico, temporariamente (BORGES, 2018). Toxina botulínica tipo A tem ótimos efeitos conciliada a fisioterapia, retardando a necessidade cirúrgica. Encontra-se em diversas doses de forma segura com poucas evidências de efeitos colaterais encontrados em estudos (VILASBÔAS et al., 2018). Os tratamentos baseados em estudos recentes revelam melhora da espasticidade, ADM e da funcionalidade, analisadas pela Medição de Função Motora Grossa, o GMFM (VILASBÔAS et al. 2018; UNLU et al., 2010). 2 MATERIAS E METODOS O estudo se configura em um propósito de caráter descritivo e exploratório, através de pesquisas desenvolvidas de descobertas de conhecimento, a partir de bases textuais. Será utilizado como banco de coleta de dados as seguintes ferramentas PEDRO (Physiotherapy Evidence Database), PUBMED (National Library of Medicine) , GOOGLE ACADÊMICO, COCHRANE (Cochrane Collaboration) e SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), por meio de seus sistemas de busca, usamos as palavras chaves “paralisia cerebral”, “toxina botulínica” e “fisioterapia” A pesquisa também foi realizada por meio de consulta das mesmas palavras em inglês “cerebral palsy”, “toxin botulinum” e “physioterapy”. A utilização desses bancos de dados, foi por conta do grande conhecimento e do uso de pesquisas, feita por acadêmicos e profissionais da área da saúde. A inclusão dos artigos foi elaborada pelo tempo de dez anos, a fim de selecionar estudos que interessassem a pesquisa e que respondessem ao objetivo de analisar a eficácia da toxina botulínica tipo-A associada ao tratamento fisioterapêutico na marcha equina. Na busca, foram computados 993 artigos, desde 2009 a 2019, na língua portuguesa e inglesa. A exclusão deu-se pelos fatores de artigos pagos; que expressavam assuntos voltados a estética; que não tinham desfecho que se relacionava a temática escolhida, quais foram selecionados 39. Estes artigos foram analisados criteriosamente e excluídos temas e assuntos repetitivos, permanecendo 21 publicações que se relacionavam ao tema da pesquisa. Os artigos foram analisados de forma criteriosa, referente a aplicação da toxina botulínica, a metodologia e os resultados da aplicação. Os resultados serão apresentados na forma de tabelas comparativas, para assim, analisar os dados coletado e chegar a uma conclusão. XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES A fisioterapia tem como objetivo a redução do tônus muscular na paralisia cerebral, porém, associada a aplicação de toxina botulínica tipo A, torna esse processo maisfácil e eficaz. A TBA é uma proteína polipeptídica, de origem biológica comumente aceita e utilizada como opção de tratamento segura e com eficácia na espasticidade em crianças com paralisia cerebral. Os artigos mostram que a associação da fisioterapia com a aplicação da toxina botulínica, possibilitou a melhora do padrão de marcha das crianças com paralisia cerebral, permitindo maior interdependência e melhor qualidade de vida. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O pé equino é uma deformidade ocasionada pela tonicidade espástica, a mais encontrada na paralisia cerebral, de forma que leva a uma disfunção na marcha da criança, de forma que altera a qualidade de vida do paciente, muitas vezes impossibilita sua autonomia, tornando os dispositivos de marcha essenciais nas suas atividades de vida diária. Para melhorar a qualidade de vida e a independência desta criança encontra-se no mercado um tratamento padrão ouro baseado na aplicação de toxina botulínica tipo-a conciliada a fisioterapia intensiva. Esta toxina causa bloqueio da liberação de acetilcolina no terminal pré-sináptico impossibilitando a contração, de forma que reduz a espasticidade do musculo gastrocnêmio, possibilitando o retorno do pé a posição anatômica correta, assim, após a aplicação, a fisioterapia trabalha com exercícios concêntricos, excêntricos, pliometricos, aeróbicos, anaeróbicos, métodos como Kabat, para facilitação de movimentos funcionais, Bobath para inibição de padrões anormais, entre outros recursos. Dessa forma, conclui-se que a aplicação da toxina botulínica associada a fisioterapia contribui beneficamente para redução da espasticidade, fortalecendo a musculatura afetada e melhorando a qualidade de vida do indivíduo. REFERÊNCIAS ASSIS-MADEIRA, E. A.; CARVALHO, S. G. Paralisia cerebral e fatores de risco ao desenvolvimento motor: uma revisão teórica. Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, São Paulo, v.9, n.1, p.142-163, 2009. BORGES, M. J. Efeito da toxina botulínica tipo a no tratamento de espasticidade de pacientes com sequelas de AVC e sua influência na funcionalidade: meta-análise. 2018. 73 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Aplicadas a Saúde) - Universidade Federal de Goiás, Jataí, 2018. DELGADO, M. R.; TILTON, A.; RUSSMAN, B. AbobotulinumtoxinA for equinus foot deformity in cerebral palsy: a randomized controlled trial. Pediatrics. 2016;137(2):1–9. OLIVEIRA, A. ; GOLIN, M. O. ; CUNHA, M. C. B. Aplicabilidade do Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS) na paralisia cerebral: revisão de literatura. Arq Bras Cienc Saúde , Santo André, v.35, n.3, p.220-4, Set/Dez 2010 RYAN, J. M. et al. Exercise interventions for cerebral palsy. Cochrane Database Syst Rev. 6:CD011660 ,2017. XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 TELES, M. S. ; MELLO, E. M. C. L. Toxina botulínica e fisioterapia em crianças com paralisia cerebral espástica: revisão bibliográfica. Fisioter Mov. V.24(1) p.181-90, 2011. TUSTIN, K.; PATEL, A. A Critical Evaluation of the Updated Evidence for Casting for Equinus Deformity in Children with Cerebral Palsy. Physiotherapy research international: the journal for researchers and clinicians in physical therapy. 2015. UNLU, E. et al. Multilevel botulinum toxin type a as a treatment for spasticity in children with cerebral palsy: a retrospective study. Clínicas, São Paulo, v.65 p.613–619, 2010. VILASBÔAS, I. G. M. et al. Eficácia e segurança da Toxina Butolínica noTratamento da Paraparesia Espástica: Revisão Sistemática. Revista Brasileira de Neurologia, v.54 n. 2, p. 34-39, abril/maio/junho 2018. ZANINI, G.; CEMIN, N. F.; PERALLES, S. N. Paralisia Cerebral: causas e prevalências. Fisioter. Mov.; Curitiba, v.22, n.3, p. 375-381, jul./set. 2009.
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