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XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 CURATIVO OCLUSIVO EM FERIDAS CIRÚRGICAS: COMPARAÇÃO MACROSCÓPICA CICATRICIAL ENTRE COLÁGENO DE PELE DE TILÁPIA E LASERTERAPIA Matheus Henrique Cargnin Borella¹, Caio Henrique de Oliveira Carniatto¹, Stefânia Caroline Claudino da Silva¹, Rafael Ricardo Huppes¹ ¹ Departamento de Medicina Veterinária, UniCesumar, Maringá. Bolsista Prêmio Projeto Iniciação Científica UniCesumar. matborella@gmail.com, carniatto@usp.br; stefaniacaroline@gmail.com; rafaelhuppes@hotmail.com RESUMO A pele é um órgão de grande importância, compondo o sistema tegumentar dos vertebrados. Entre suas funções está a proteção físico-química, protegendo o organismo contra ação mecânica, física, química e microbiológica. Uma das principais lesões que podem acometer a pele é a ferida traumática, que ocorre em sua maioria decorrente de acidentes. Pela importância desse tecido e pela grande ocorrência de feridas na clínica veterinária, a engenharia de tecidos tem buscado novas alternativas para a recuperação tecidual além das técnicas habituais que envolvem pomadas, cremes e loções; dessa forma alguns estudos têm dado enfoque na pele da tilápia como um adjuvante na terapia da lesão tecidual. Baseado nisso, o estudo tem como objetivo abranger novas técnicas no tratamento adequado de feridas. Para tanto, será testado a película proveniente da pele de tilápia, cedida por um pesqueiro, em 30 ratos com feridas superficiais, sendo acompanhados a cada 3 dias para troca de curativo, observação clínica e comportamental e anotação dos aspectos macroscópicos das feridas, avaliando o processo de cicatrização. PALAVRAS-CHAVE: Biomaterial; Colágeno; Medicina Regenerativa; Medicina Veterinária. 1. INTRODUÇÃO A pele representa aproximadamente 12% do peso corporal do animal, e é uma barreira importante contra microrganismos e traumas. Suas funções envolvem a proteção, armazenamento de água, controle de temperatura, produção de vitamina e função imunológica (EBERHARDT et al. 2015). Por ter a função de barreira biológica, a pele sofre constantes traumas que ocasionam a perca da integridade tecidual, e sua correta continuidade, denominadas de feridas, podem se apresentar de forma superficial ou profunda (GOMES et al. 2016). As feridas traumáticas são as mais frequentes nos animais de companhia, entre elas as maiores ocorrências são acidentes automotivos, sendo, na maioria, feridas contaminadas (GOMES et al., 2016). Fernandes et al. (2015) cita que o estudo de tratamento de feridas é essencial pela importância que a pele representa para o organismo. Na reparação tecidual correta ocorrem diversos processos fisiológicos, celulares e bioquímicos complexos, que envolvem uma restauração tecidual de forma química, física e celular (DE CASTRO et al. 2016). Existem duas maneiras principais de reparação, a regeneração a qual é a reposição do tecido lesionado por um novo tecido, com a membrana basal intacta, com funções e morfologia idênticas, e a cicatrização que ocorre em lesões mais profundas da pele, onde ocorre deposição de colágeno, com função e morfologia diferentes da derme e na epiderme. O processo de reparo pode ocorrer de forma sequencial ou simultaneamente em determinadas feridas, e são divididas em fases determinadas: Inflamação, desbridamento, reparação e maturação (GOMES et al. 2016). A engenharia de tecidos estuda biomateriais, sendo um novo ramo que utiliza os conhecimentos da bioengenharia, ciência dos materiais e biologia, para que se possa controlar o processo de regeneração de tecidos, com a finalidade de desenvolver tecidos mailto:matborella@gmail.com mailto:carniatto@usp.br mailto:stefaniacaroline@gmail.com mailto:rafaelhuppes@hotmail.com XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 substitutos, regenerar ou recriar órgãos (ROJAS et al. 2011; FERRÃO, 2015). De acordo com Rocha e colaboradores (2014), através do desenvolvimento tegumentar, realiza-se alterações de tecidos que originam tecidos biológicos, que promovem a reparação dos tecidos lesionados. A importância do estudo aprofundado da engenharia de tecidos se deve ao alto índice de acidentes ao qual essa nova tecnologia pode ser utilizada, sendo essencial no tratamento de lesões (ZAMORA-MORA et al. 2010; CIOCCA, 2017). Souza (2015) cita que um dos tecidos biológicos mais utilizados é o que provem do colágeno, pois é a proteína mais abundando na pele, sendo os bovinos e os suínos as fontes de colágeno mais utilizadas atualmente. Contudo, devido a surtos de doenças e crenças religiosas, novas fontes de colágeno têm sido estudadas. O colágeno representa cerca de 30% das proteínas totais do organismo, é encontrada principalmente em ossos, cartilagem e na pele, sendo um componente importante da matriz extracelular com função mecânica e de suporte (ZAMORA-MORA et al. 2010; BELTRÁN, 2011). O colágeno é um dos principais constituintes da pele da tilápia, por esse motivo novos estudos têm sido realizados com a pele da tilápia por ser acessível, de baixo custo e apresentar componentes favoráveis para o tratamento de feridas e queimaduras (ROJAS et al., 2011). Um estudo realizado por pesquisadores do núcleo de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos da Universidade Federal do Ceará, sobre a caracterização da pele de tilápia do Nilo, através de sua propriedade histomorfológicas, tipificação do colágeno e caracterização física, concluiu-se que as estruturas da pele da tilápia são semelhantes as da pele humana, prioritariamente presente o colágeno do tipo I, demonstrando grande resistência em extensão, atração e quebra, apresentando umidade adequada (JUNIOR, 2017). Em exame microscópico, a pele de tilápia apresenta a epiderme coberta por epitélio pavimentoso e estratificado, e é composta por poucas camadas celulares. Também são observadas células mucosas dispersas (ALVES et al., 2015). A derme superficial é constituída por tecido conjuntivo frouxo, intermeado por vasos sanguíneos de diversos calibres, com fibras colágenas paralelas e finas, além de melanóforos subepiteliais e dispersos. Na derme profunda observa-se fibras colágenas organizadas e espessas, compactadas de forma paralela/horizontal e transversal/vertical, rente à superfície da pele. São evidenciados na hipoderme acúmulos de adipócitos típicos e feixes nervosos (JUNIOR et al., 2017). Como objetivo geral, o presente estudo visa testar a pele de tilápia como uma nova terapêutica no tratamento de feridas em ratos, buscando assim inovação nesta técnica terapêutica 2. METODOLOGIA A pesquisa será realizada no Hospital Veterinário UniCesumar, campus Maringá, e utilizará 30 ratos do sexo masculino, adultos e hígidos. Os animais serão alojados em gaiolas individuais por um período mínimo de 20 dias para adequada adaptação, recebendo ração adequada e água à vontade. Os animais serão alojados em sala climatizada e ventilada. Grupo experimental Os animais serão divididos em três grupos de acordo com o tratamento da ferida: Grupo I – 10 animais serão tratados com pele da tilápia sem sutura; Grupo II – 10 animais serão submetidos ao tratamento com diodo laser contínuo diretamente na ferida, com comprimento de onda 600nm, potência 35mW, potência média de saída 20 nW, tipo de feixe colimado, área de emissão 0,035 cm²; Grupo III – 10 animais com apenas cuidados básicos para a ferida sem uso de procedimentos adicionais, sendo considerado grupo XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 controle. Os curativos serão trocados e avaliados a cada 3 dias. A ferida será avaliada quanto aos aspectos macroscópicos, visuais e biométricos. Preparo da pele da tilápia As peles serão cedidas por um pesqueiro local, provenientes de animais abatidos para consumo humano. As peles serão colidas e armazenas em caixas isotérmicas com gelo moído e água (1:1). As peles serão selecionas e cortadas com um ângulo de 1,5. Após, serãopreparadas com solução fisiológica (NaCl a 0,9%) estéril para devida lavagem do biomaterial. São colocadas em um recipiente com clorexidina a 2% por 30 minutos. Finalizando o período as peles passarão por um novo processo de lavagem com solução fisiológica estéril a 2%, e colocadas em um novo recipiente contendo glicerina e soro fisiológico (1:1) por 5 horas. Após serão submetidas à lavagem com solução fisiológica e armazenadas em lacres individuas e estéril e armazenadas a 4°C, sendo abertas somente no momento da utilização, lavadas por três vezes em solução fisiológica estéril por 5 minutos cada procedimento. Realização da ferida Os animais serão submetidos a protocolo pré-anestésico com cetamina 60 mg/kg associado a midazolam 0,4 mg/kg intraperitoneal (IP); após 15 minutos os animais serão induzidos com mascara de isoflurano a 1%. Com os animais devidamente anestesiados será realizado a ferida superficial (até a camada subcutânea da pele) no dorso do animal, de aproximadamente 1 cm, sendo mantida e tratada como ferida aberta, com curativo específico de cada grupo. Os animais serão submetidos a controle analgésico durante cirurgia até 4 dias após realização do procedimento com a utilização de dipirona 60 mg/kg e morfina 2 mg/kg. Os curativos dos grupos serão refeitos e analisados a cada 3 dias, de acordo com o procedimento de cada grupo; os dados serão analisados através da medida das feridas, com registro através de imagens fotográficas. As variáveis quantitativas com distribuição normal serão avaliadas por meio de análise de variância com teste de Tukey com intervalo de credibilidade de 95% (p<0,05). As variáveis decorrentes de dados de contagem com distribuição binomial serão avaliadas por percentil. Os resultados serão expressos em forma de gráfico e tabelas utilizando ferramenta Microsoft Excel do pacote Office 2010. 3. RESULTADOS ESPERADOS Com a pesquisa esperamos que a nova terapêutica que será analisada responda de forma promissora para que se tenha novas alternativas na terapêutica de feridas. Espera-se que o processo cicatricial se demostre com eficiência, não apresentando reações adversas ao usa do biomaterial (pele da tilápia). REFERÊNCIAS ALVES, A. P. N. N. Avaliação microscópica, estudo histoquímico e análise de propriedades tensiométricas da pele de tilápia do Nilo. Revista Brasileira de Queimaduras, v. 14, n. 3, p. 203-10, 2015. BELTRÁN, J. R. Valoración de la innovación tecnológica del proceso de obtención de colágeno a partir de piel de tilapia (oreochromis sp) para su aplicación en el mercado cosmético. 171 f. Tese (Doutorado) – Departamento de engenharia de sistema industrial, Universidad Nacional de Colombia, 2011. XI EPCC Anais Eletrônico 29 e 30 de outubro de 2019 CIOCCA, B. E. Produção, caracterização e avaliação in vitro de membranas fibrosas de poli (l-ácido láctico) (plla) fabricadas por rotofiação para engenharia de tecidos. 80 f. Tese (Mestrado) – Departamento de engenharia química, Universidade Estadual de Campinas, 2017. DE CASTRO, M. V. F. Retalho de omento como adjuvante no reparo cutâneo na pseudocicatrização em gatos-Relato de caso. Brazilian Journal of Veterinary Medicine, v. 38, n. Supl. 2, p. 75-80, 2016. EBERHARDT, T. D. Mensuração de feridas: revisão da literatura. Ciência & Saúde, v. 8, n. 2, p. 79-84, 2015. FERNANDES, C. P. M. Comparing open wound measuring methods popularly used in experimental studies. Braz. j. vet. res. anim. sci, v. 52, n. 2, p. 106-111, 2015. FERRÃO, M. P. Produção e caracterização de espumas 3D obtidas por electrofiação para aplicação em engenharia de tecidos. 97 f. Tese (Mestrado) – Departamento de Engenharia Biomédica, Faculdade de ciências e tecnologia, Universidade Nova de Lisboa, 2015. GOMES, Lívia Amaral et al. Biodegradable polymer nanofiber membrane for the repair of cutaneous wounds in dogs-two case reports. Semina: Ciências Agrárias, v. 37, n. 6, 2016. JÚNIOR, E. M. L. Tecnologias inovadoras: uso da pele da tilápia do Nilo no tratamento de queimaduras e feridas. Revista Brasileira de Queimaduras, v. 16, n. 1, p. 1-2, 2017. JUNIOR, E. M. L. Uso da pele de tilápia (Oreochromis niloticus), como curativo biológico oclusivo, no tratamento de queimaduras. Revista Brasileira de Queimaduras, v. 16, n. 1, p. 10-7, 2017. ROCHA, A. M.; QUINTELLA, C. M.; TORRES, E. A. Prospecção de artigos e patentes sobre polímeros biocompatíveis aplicados à Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa. Cadernos de Prospecção, v. 5, n. 2, p. 72, 2014. ROJAS, M. Elaboración de apósitos biológicos del colágeno de la dermis de tilapia y del quitosano del exoesqueleto de camarón y evaluación preliminar de su potencial terapéutico en afecciones epidérmicas. 2011. SOUZA, D. J. Incorporação de colágeno de rã-touro em membranas de nanocelulose visando aplicação em medicina regenerativa. 115 f. Dissertação (Mestrado) ‒ Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós- Graduação em Engenharia Química, 2015. ZAMORA-MORA, V.; SIBAJA, M.; VEGA-BAUDRIT, J. Diseño de un biofilm a partir de colágeno de pieles de tilapia y de quitosano de camarón como soporte para aplicaciones en ingeniería de tejidos. Revista iberoamericana de polímeros, v. 11, n. 7, p. 607-619, 2010.
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