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PROBLEMA 3: UM GRAVE PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA QUE AINDA PERSISTE OBJETIVOS: ● Estudar o complexo teníase/neurocisticercose: ciclo biológico, patogenia, quadro clínico, diagnóstico, tratamento e profilaxia; ● Compreender a epidemiologia (fatores ambientais e culturais) do complexo teníase/neurocisticercose; ● Definir Blastocystis hominis e Endolimax nana. Estudar o complexo teníase/neurocisticercose: ciclo biológico, patogenia, quadro clínico, diagnóstico, tratamento e profilaxia INTRODUÇÃO - Nosso problema é a partir de um caso de neurocisticorse e a outra forma da doença, teníase. Sao patogenias originaras por parasitos da classe Cestoda, de tamanhos variados, hermafroditas, encontrados em animais vertebrados; - Esses parasitos apresentam o corpo achatado, possuem órgãos de adesão na extremidade mais estreita de sua estrutura (anterior), não possuem cavidade oral e nem sistema digestório; - Os cestódeos que sao mais comum de se encontrar em humanos sao os da família Taenidae, em que sao destacadas as especies solium e saginata. Sao conhecidas como solitárias, responsáveis pelo complexo teniase-cicticercose —> um conjunto de alterações patológicas acusadas pelas formas adultas e larvares nos hospedeiros; - A teníase e a cisticercose sao duas doencas diferentes, causada pela mesma especie porem com a fase da vida diferente; - A Teníase é uma alteração provocada pela presenca da forma adulta da Taenia solium ou da Taenia saginata no intestino delgado do hospedeiro definitivo, os humanos; - A cisticercose é a alteração provocada pela doença da larva nos tecidos do hospedeiro intermediário, suínos e bovinos. Hospedeiros anômalos como cães, gatos, macacos e humanos, podem abrigar a forma larvar da Taenia solium; - Tanto a tênia solium como a saginata, na fase adulta ou reprodutiva, vivem no intestino delgado humano. Já o cisticerco da Taenia solium é encontrado no tecido subcutâneo muscular, cardíaco, cerebral e no olho de suínos e acidentalmente em humanos e cães; - O cisticerco da Taenia saginata é encontrado nos tecidos dos bovinos. CICLO BIOLÓGICO - Os humanos parasitados eliminam as proglote grávidas cheias de ovos para o exterior. Em alguns casos, durante a apólise pode ocorrer formação de hérnia entre as proglotes devido a não-cicatrização nas superficies de ruptura entre elas, o que facilita a expulsão dos ovos para a luz intestinal e a eliminação com as fezes; - É mais comum as proglotes se romperem no meio externo, por efeito da contração muscular ou decomposição das suas estruturas, liberando muitos ovos no solo; -> No ambiente úmido e protegido de luz solar intensa os ovos têm grande longevidade mantendo-se infectantes por meses; - Um hospedeiro intermediário próprio (T.solium = suíno, T.saginata = bovino) ingere os ovos, e os embrióforos (casca de ovo) no estômago, sofrem ação da pepsina que atua sobre a substância dos blocos de quitina; anéis ou proglotes imaturas (aparelho genital incipiente), maduras (hermafroditas, com órgãos sexuais masculinos e femininos diferenciados) e grávidas (útero com milhares de ovos). *Os ovos das tênias sobrevivem por cerca de quatro meses nas pastagens e suportam bem as temperaturas de inverno nos climas temperados e úmidos por mais de dez meses no campo e quatro meses na água. Resistem menos ao verão, morrendo em poucos dias, exceto quando em ambientes sombreados (nos quais sobrevivem por até 40 dias) ou em estábulos, onde podem resistir por cerca de seis meses! - A capacidade infectante dos ovos também é muito variada, porque nem todos os ovos eliminados com as proglotes já estão maduros; - Os cisticercos são vesículas arredondadas de tamanho variável, repletas de líquido, constituídas por uma camada externa, denominada membrana vesicular, e uma porção interna, chamada escólex; -> A membrana vesicular é composta por uma camada cuticular externa, uma camada celular média com estrutura pseudoepitelial e uma camada interna composta por fibras musculares e reticulares; -> O escólex apresenta uma estrutura semelhante à da T. solium, ou seja, uma cabeça composta por quatro ventosas e uma coroa de ganchos, um colo estreito e um corpo rudimentar (estróbilo) que inclui o denominado canal espiral; - No intestino, as oncosferas sofrem ação dos sais biliares, que sao importantes para sua ativação e liberação; - Assim, quando ativadas, as oncosferas se liberam do ebrioforo e se movimentam em direção às vilosidades, onde penetram com o auxilio de acúleos; - Elas ficam nesse local durante 4 dias para se adaptarem às condições fisiológicas do hospedeiro; -Após isso, penetram nas vênulas e atingem as veias e vasos linfáticos mesentericos, entao sao transportados pela corrente sanguínea a todos os órgãos e tecidos do organismo, até atingirem o local e implantação por bloqueio do capilar. Depois,esses parasitos atravessam a parede do vaso e se instalam nos tecidos vizinhos; -> As oncosferas se desenvolvem para cisticercos em qualquer tecido mole (pele, m.esqueléticos, cardíacos, olhos, cérebro, etc), mas preferem os músculos de maior movimentação e com maior oxigenação, como o masseter, língua, coração e cérebro; - Dentro dos tecidos, perdem os acúleos e cada oncosfera se transforma em um cisticerco que começa a crescer. Ficam viáveis no músculo por alguns anos, e o cisticerco da tênia solium no SNC por alguns anos; - A infecção humana ocorre pela ingestão de carne crua ou malcozida de porco ou de boi infectado (teníase). Infecção por alimentos contaminados com ovos —> neurocisticercose; - O cisticerco ingerido sofre a ação do suco gástrico, evagina-se e fixa-se, através do escólex, na mucosa do intestino delgado, transformando-se em uma tênia adulta; - Três meses após a ingestão do cisticerco, inicia-se a eliminação de proglotes grávidas. A proglote grávida de tênia solium tem menor atividade locomotora que a de tenia saginata; * A tenia solium tem uma longevidade de três anos enquanto a tenia saginata até dez anos. - O colo produz novas proglotes conforme os ovos sao liberados, o que mantem o parasito em crescimento constante. PATOGENIA Imunologia - Cerca de 50% dos pacientes respondem ao teste cutâneo com PPD - proteína purificada do mycobacterium tuberculosis - para hipersensibilidade retardada, teste de inibição de migração de macrofagos tb mostram isso; - Aumentos significativos de linfócitos T e B têm sido observados nesses pacientes, assim como os níveis de eosinófilos no sangue e no líquido cefalorraquidiano (LCR); - Em alguns estudos, foi constatado o aumento de linfócitos B e a diminuição de linfócitos T CD8; - O perfil de citocinas revelou aumento significativo de INFgama e IL-2, demonstrando amplificação da resposta tipo Th1; - Os antígenos de cisticerco induzem o aumento da concentração das imunoglobulinas IgG, IgM, IgE, IgA e IgD no soro de indivíduos com NCC (neurocisticercose). Contudo, existe uma associação entre níveis e classe de anticorpo encontrado em soros e LCR de pacientes com NCC com os tipos e as localizações anatômicas dos cisticercos no cérebro; -> A forma maligna da doença (hidrocefalia, vasculite, infarto cerebral e múltiplos granulomas) foi correlacionada a presença de níveis elevados de anticorpos; - Nos pacientes com NCC predominam anticorpos IgM específicos para antígenos de cisticercos no LCR; - O cisticerco é capaz de produzir alguns mecanismos de escape da resposta humoral: -> O componente C1q pode ser inibido pela ação da paramiosina; -> A taenistatina inibe as vias clássicas e alternativas do complemento e, junto com outros fatores, parece interferir com a proliferação de linfócitos e com a função dos macrofagos, inibindo a resposta celular - O muco resultante da secreção de mucinogênio pelas células da mucosa intestinal parece servir como barreira e como lubrificante contra a fixação do verme; A resposta é de perfil anti-inflamatório; -> Th2 com produção de citocinas como IL-4 (anti-inflamatória), estimulando diferenciação de linfócitosB em plasmócito para a produção de anticorpos IgE, principalmente, IgM, IgG e IgA; -> IgA e IgE estão principalmente em mucosas, possibilitando diagnostico por exame de saliva; -> IL-5 ativa granulocitos (eosinofilos e basofilos, principalmente) com o objetivo de opsonizar o patógeno; -> IL-13: estimula peristaltimos para tentar eliminar o verme junto com as fezes; PATOGENIA E QUADRO CLÍNICO DA TENÍASE - As tênias se fixam na mucosa intestinal por meio de suas ventosas e, no caso da T. solium, também pela coroa de acúleos. No entanto, apesar da intensa forma de fixação, parece não ocorrer lesões significativas na parede interna do intestino delgado, exceto pequenos pontos hemorrágicos e reações tóxicas e alérgicas decorrentes do longo tempo de parasitismo; - Com base em infecção experimental de roedores e hamsters pela T. solium, verificou-se a instalação de lesão inflamatória restrita ao local de fixação do verme na mucosa, provavelmente decorrente de ação mecânica por penetração dos acúleos ou por atividade secretora do escólex da T. solium. Constatou-se que o estímulo antigênico para produção de anticorpos é oriundo de secreções das glândulas existentes na superfície do verme e que o escólex e o pescoço são as principais fontes destes antígenos protetores; - É desconhecido se eventual cura espontânea da teníase decorre de uma reação imunológica direta ou de uma reação cruzada, não específica, causada por outras espécies de parasitas, especialmente nematódeos. No entanto, é aceito que a existência de outros vermes no intestino interfere com a presença e com as reações do hospedeiro contra as tênias. Por sua vez, é possível que mecanismos de imunidade concomitante possam ser responsáveis pela existência de um único exemplar de tênia nas infecções intestinais; - Devido ao longo período em que a tenia solium ou T. saginata parasita o homem, elas podem causar fenômenos tóxicos alérgicos, através de substâncias excretadas, provocar hemorragias através da fixação na mucosa, destruir o epitélio e produzir inflamação com infiltrado celular com hipo ou hipersecreção de muco; - O parasita cresce de maneira muito acelerada, o que, com o tempo, acaba gerando uma necessidade suplementação nutricional ao hospedeiro, uma vez que ambos competem pelos nutrientes. Isso gera alguns sintomas como tonturas, astenia, apetite excessivo (pois a reserva energética do individuo infectado é esgotada muito rápido pelo parasito, entao o hospedeiro sente fome com mais frequência), náuseas, vômitos, alargamento do abdome, dores de diferentes graus de intensidade em diferentes regiões do abdome e perda de peso, anemia por consumo de vit b12 pelo parasito; - Obstrução intestinal provocada pelo estróbilo, ou ainda a penetração de uma proglote no apêndice, apesar de raras, já foram relatadas; - Apesar de ser um parasita habitual do intestino delgado, as tênias ou fragmentos do estróbilo podem invadir o estômago e serem recolhidos por endoscopias ou expelidos pela boca com o vômito. Podem também causar um quadro de gastrite granulomatosa, com a formação de granulomas não necrotizantes constituídos por histiócitos epitelioides e por células gigantes na lâmina própria do corpo e do antro gástrico; PATOGENIA E QUADRO CLÍNICO DA CISTICERCOSE - Desenvolve um quadro mais grave, que pode desencadear lesões mais preocupantes; - A cisticercose humana é responsável por graves alterações nos tecidos e grande variabilidade de manifestações; - É uma doença pleomórfica pela possibilidade do cistiicerco se alojar em diversas partes do organismo, como tecidos musculares, subcutâneos, globo ocular e, principalmente o SNC, inclusive intramedular; ->No BR se observou que as oncosferas apresentam tropismo, cerca de 80%, para o sistema nervoso central; As manifestações clinicas dependem de fatores como numero de parasitos, tamanho e localização, estagio de desenvolvimento, se estão viáveis, em degeneração ou calcificados, e também da resposta imune do hospedeiro aos antígenos do cisticerco; -> A cisticercose muscular ou subcutânea provoca pouca alteração e em geral é assintomática. Os cisticercos nesse local provocam reação inflamatória local, formando uma membrana adventícia fibrosa. Com a morte do parasito, há tendencia a calcificação. Quando numerosos cisticercos instalam-se em músculos esqueléticos, podem provocar dor, fadiga e cãibras (quer estejam calcificados ou não), especialmente quando localizados nas pernas, região lombar e nuca. No tecido subcutâneo, o cisticerco é palpável, em geral indolor e algumas vezes confundido com cisto sebáceo; -> A cisticercose cardíaca pode resultar em palpitações e ruídos anormais ou dispneia quando os cisticercos se instalam nas válvulas; -> Na cisticercose ocular, o cisticerco alcança o globo ocular através dos vasos da coróide, se instalando na retina. A partir dai ele cresce, provocando ou o deslocamento dela ou sua perfuração, atingindo o humor vítreo. As consequências da cisticercose ocular são: reações inflamatórias exsudativas que promoverão opacificação do humor vítreo, sinéquias posteriores da íris, uveítes ou até pantoftalmias. Essas alterações, dependendo da extensão, causam a parcial ou total da visão e, as vezes, até desorganização intra-ocular e perda do olho. O parasito não atinge o cristalino, mas pode levar a sua opacificação (catarata); -> A cisticercose no sistema nervoso central pode acometer o paciente por três processos: presença do cisticerco no parênquima cerebral ou nos espaços liquóricos; pelo processo inflamatório decorrente; ou pela formação de fibroses, granulomas e calcificações; Sua localização habitual é o espaço subaracnóideo, mais frequente nas cisternas basais e na convexidade cerebral, incitando uma resposta inflamatória que resulta em meningites crônicas e aracnoidites; - Os cisticercos parenquimatoso podem ser responsáveis por processos obstrutivos, irritativo, vasculares e compressivos. Aqueles que ficam nos ventrículos podem causar obstrução do liquido cefalorraquidiano, hipertensão intracraniana e hidrocefalia e, por fim, as calcificações que sao a forma cicatricial da neurocisticercose e estão associadas à epileptogenese; As localizações mais frequentes dos cisticercos no SNC são leptomeninge e córtex (substância cinzenta). Cerebelo e medula espinhal já são mais raras. As manifestações clínicas em geral aparecem alguns meses após a infecção. Em cerca de seis meses o cisticerco está maduro e perdura entre dois e cinco anos no SNC. Neste processo, são identificados os quatro estágios do cisticerco, citados anteriormente, que culminam com a sua degeneração. * No inicio na fase de degeneração da larva, as reações inflamatórias aumentam muito, podendo ocorrer consequências como encefalite focal, edema dos tecidos adjacentes, vasculite, ruptura da membrana hematoencefalica —> as manifestações clinicas + frequentes sao crises epiléticas, síndrome de hipertensão intracraniana, cefaleia, meningite cisticercotica, distúrbios psíquicos e síndrome medular mais raramente. * De acordo com a literatura, a neurocisticercose é a principal causa da epilepsia nos habitantes de áreas consideradas endêmicas. ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DOS CISTICERCOS - Uma vez implantado o embrião hexacanto no sistema nervoso central, inicia-se o desenvolvimento para a forma embrionária: o cisticerco; - No primeiro estágio do desenvolvimento, denominada etapa vesicular, a membrana é delgada e transparente, o líquido vesicular é claro e o escólex invaginado tem aspecto normal. Os cisticercos podem permanecer indefinidamente nesse estágio evolutivo ou entrar, como resultado da reação imune do hospedeiro, em um processo degenerativo, que pode culminar com sua eventual destruição; -> O primeiro estágio desse processo denomina-se etapa coloidal, quando o líquido vesicular torna-se turvo e o escólex mostra sinais de degeneração hialina; -> Posteriormente, a parede do cisto torna-se espessada e o escólex transforma-seem uma estrutura mineralizada de aspecto granular. Nesse estágio, denominado etapa granular nodular, os parasitas já não são mais viáveis; -> Finalmente, os cisticercos entram na etapa nodular calcificada, quando todo o parasita torna-se um nódulo calcificado e inerte. RELAÇÃO HOSPEDEIRO-PARASITA - Uma vez que os cisticercos alojam-se nos tecidos do hospedeiro, especialmente no sistema nervoso central, o papel do sistema imune deste é reconhecê-los como agentes estranhos e desenvolver uma reação inflamatória que combata adequadamente a infecção. Entretanto, esta situação não ocorre com frequência, pois em muitos casos a resposta imune desenvolve-se lentamente, permitindo que os parasitas sobrevivam no hospedeiro em um estado de relativa tolerância imunológica por vários anos; - Por outro lado, em alguns casos, os parasitas são rapidamente destruídos em decorrência de uma reação inflamatória intensa, que pode desencadear lesão concomitante no tecido cerebral em torno dos cisticercos; - Entre estes dois extremos, o de tolerância imune e o de hipersensibilidade, existe uma ampla gama de respostas inflamatórias desencadeadas pela complexa interação hospedeiro-parasita, em que os mecanismos naturais do hospedeiro procuram eliminar a infecção, enquanto os parasitas tentam escapar desses mecanismos; -> Os cisticercos tentam escapar da resposta imune de varias maneiras: variação antigênica, imunidade concomitante e o mimetismo molecular. Este último, que consiste na incorporação de antígenos do hospedeiro à membrana celular dos parasitas, parece ser utilizado com frequência pelos cisticercos, porém com efeitos opostos aos desejados; -> Estudos realizados no México têm demonstrado que o sistema de antígenos leucocitários humanos (HLA) participa na patogenia da cisticercose. Alguns cisticercos apresentam moléculas HLA aderidas a suas membranas, achado este interpretado inicialmente como um mecanismo protetor dos parasitas com o fim de escapar à vigilância imunológica (mimetismo molecular); -> Entretanto, posteriormente demonstrou-se que os parasitas recobertos com moléculas do HLA desencadeavam uma reação inflamatória mais intensa do que aquela induzida pelos cisticercos que não apresentavam as referidas moléculas em sua superfície. Esse efeito paradoxal leva a crer que existiria uma interação entre o HLA e os antígenos do cisticerco induzindo a mudanças estruturais nas moléculas do HLA, de tal forma que o sistema imune não mais as reconheceria como próprias, desencadeando uma resposta imune mais intensa do que a causada exclusivamente pelos antígenos do cisticerco; outra possibilidade, as moléculas HLA aderidas aos cisticercos não seriam provenientes do hospedeiro, mas sim elaboradas pelos próprios parasitas com a finalidade de escape à resposta imune. Essas moléculas não seriam idênticas às produzidas pelo hospedeiro, levando, então, a uma resposta imune exacerbada. É provável que os cisticercos tenham capacidade de sintetizar moléculas similares às do HLA, uma vez que podem sintetizar outras substâncias complexas, como as porfirinas. DIAGNÓSTICO ' Parasitológico - É feito pela pesquisa de proglotes e, mais raramente, e ovos de tenia nas fezes; - Para as duas tênias o diagnostico é genérico, pois os ovos sao iguais microscopicamente; - Para o diagnostico especifico, é necessário realizar a tamizacao (lavagem em peneira fina) de todo o bolo fecal , recolher as proglotes existentes e as identificar pela morfologia da ramificação uterina —> saginata: ramificação dicotômica; T.solium: ramificação dendrítica; - Os coproantígenos (CoAg) são testes com base em ELISA de captura com anti-soro policlonais formados tanto contra a larva como contra os produtos excretados-secretados. E considerado um método simples e sensível; Clínico - O diagnóstico da cisticercose humana tem como base aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais. Relatos, como procedência do paciente, criação inadequada de suinos, hábitos higiênicos, serviço de saneamento básico, qualidade da água utilizada para beber e irrigar hortaliças, ingestão de carne de porco malcozida, relato de teníase do paciente ou familiar, são relevantes; - O diagnóstico laboratorial tem como base a pesquisa do parasito através de observações anatomopatológicas das biópsias, necropsia e cirurgias; - O cisticerco pode ser detectado por método direto, através do exame oftalmoscópico de fundo de olho ou ainda pela presenca de nódulos subcutâneos no exame físico; Diagnóstico Imunológico - Durante algum tempo os métodos usados para detectar anticorpos anticisticercos no soro, líquido cefalorraquidiano (LCR) e humor aquoso eram: a fixação do complemento (reação de Weinberg), hemaglutinação indireta e imunofluorescência que apresentavam limitações devido a baixa sensibilidade e especificidade; - Posteriormente, o teste imunoenzimático (ELISA) passou a ser recomendado após a melhora na qualidade e preparo de antígenos. Assim, passou a substituir os outros na pesquisa de anticorpo IgG no soro ou LCR; - Para analisar anticorpos de classes IgG, IgM, IgE e IgA e entao os relacionar com sinais clínicos e topográficos, estuda-se o método imunoenzimático de LCR. A forma inativa de neurocisticercose apresentou perfil imunológico no LCR semelhante ao grupo sem neurocisticercose. Por outro lado, a forma ativa da neurocisticercose apresentou elevação de imunoglobulinasespecíficas (IgG, IgM, IgE e IGA em ordem decrescente), com maiores valores registrados entre os casos com cistos intraventriculares ou com sinais de inflamacao no LCR ou naqueles com manifestações clínicas múltiplas; - Atualmente a técnica de EITB (Imunoblot ou Enzyme-Linked Immuno- electrotransfer Blot) é considerada a melhor para o diagnóstico da cisticercose em decorrência da alta sensibilidade e especificidade produzindo altos valores preditivos positivos sendo útil em estudos epidemiológicos; * Estudos recentes permitiram distinguir entre T. solium, T. saginata e T. asiatica com o uso de DNA de cisticercos e de vermes adultos obtidos de diferentes regiões geográficas. Resultados muito promissores no diagnóstico específico de T. solium e T. saginata, pela PCR multiplex, a partir de material fecal utilizando os iniciadores HDP1 e HDP2, foram recentemente demonstrados. Embora esta técnica tenha se mostrado altamente específica, a sensibilidade média de diagnóstico do método foi de aproximadamente 68 ovos/gra- ma de fezes. Mais recentemente, mostrou-se a diferenciação de T. solium, T. saginata e T. asiática a partir de ovos dos parasitos em amostras fecais, utilizando a técnica de amplificação denominada de loop-mediated isothermal amplification of DNA, a qual foi capaz de detectar especificamente o DNA de tênia em amostras fecais contendo 5 ovos/grama de fezes. Estas novas metodologias possuem aplicação imediata, tanto no diagnóstico específico como em estudos epidemiológicos a partir de amostras fecais. Neuroimagens - O diagnóstico através do RX utilizado durante algum tempo é limitado, pois somente evidência cisticercos calcificados que podem aparecer anos após a infecção; - A tomografia computadorizada e a ressonância nuclear magnética sao tecnologias que facilitaram muito o diagnostico de neurocisticercose; -> São métodos sensíveis, que fornecem informações quanto a localização, ao numero, a fase de desenvolvimento e a involução dos cisticercos; -> A RNM do crânio é considerada mais sensível, quando os cisticercos são pequenos, de localização intraventricular, subaracnóide e viáveis. Contudo, não identifica as microcalcificações típicas da neurocisticercose em sua fase crônica e por isso, naqueles pacientes com epilepsia em que a suspeita etiológica recair sobre neurocisticercose, é imprescindível a realização de tomografia computadorizada; -> A TC é considerada o método de escolha para estudo de pacientes com suspeita de neurocisticercose. A hidrocefalia obstrutiva pode ser detectada através deste método; TRATAMENTO TENÍASE - Nas teníases,é importante o diagnóstico prévio da espécie do helminto, pois isso orientará melhor a terapêutica e determinará a adoção ou não de medidas profiláticas relacionadas com a cisticercose no indivíduo infectado e nos seus familiares ou contatantes. Isso porque, se a infecção no portador crônico for causada pela T. solium, é imperativo que seja feito o exame parasitológico de fezes das demais pessoas, com o objetivo de diagnosticar e tratar todos os positivos e fazer, assim, a segura profilaxia da cisticercose; - Nas infecções pela T. solium não se deve utilizar drogas que também atuem sobre os cisticercos, sob pena de agravar o quadro clínico, ou que possam causar vômitos, potencialmente indutores do mecanismo de autoinfecção; - Os medicamentos mais recomendados sao a niclosamida ou o praziquantel; -> A niclosamida atua no sistema nervosidade tenia, levando à sua imobilização, o que facilita sua eliminação com as fezes (bloqueia absorção de glicose). A ingestão do comprimido sem ser mastigado pode levar a uma concentração insuficiente da droga no tubo digestivo, por isso esta orientação é essencial. Recomenda-se, ainda, dieta líquida a partir da tarde anterior. -> Devem ser ingeridos quatro comprimidos de dois em dois com intervalo de uma hora pela manhã. Uma hora após a ingestão dos últimos comprimidos, o paciente deverá ingerir duas colheres de leite de magnésio para facilitar a eliminação das tênias inteiras e evitar a auto-infecção interna por solium; -> Para o praziquantel também sao 4 comprimidos mas em dose única. Elenco deve ser utilizado para tratamento de teníase em paciente com as duas formas clínicas; nesse caso é recomendado o tratamento separado e especifico para cada patologia; -> O praziquantel aumenta a permeabilidade de cálcio no parasito, o que leva a contração muscular, paralisia e morte; -> Praziquantel não deve ser utilizado quando houver suspeita de infecção concomitante pela cisticercose e em indivíduos com cardiopatia, nefropatia ou hepatopatia; - Mebendazol também pode ser utilizado, ele atua sobre várias helmintíases mas não sobre as formas larvares da tênia (ação e festiva apenas em proglotes); - Albendazol: é muito efetivo, índices de cura em 100%. Os efeitos colaterais são raros, mas podem surgir desconforto abdominal, náusea e vômito, alteração do trânsito intestinal, boca seca, cefaleia, exantema e prurido; -> Cuidados especiais devem ser adotados em indivíduos infectados com neurocisticercose assintomática, haja vista que dose única de albendazol, que possui boa penetração no liquor, pode desencadear crises convulsivas nos primeiros dias após seu uso; - Tribendimine: novo medicamento aprovado para uso comercial na China contra helmintos. * A repetição de um segundo ciclo de tratamento com a mesma droga aumenta o percentual de cura, mas, na possibilidade de não levar à erradicação do verme, é recomendável sua substituição por outra. * Em todos os casos de teníase, é importante a comprovação da cura da infecção, a qual só é assegurada pela destruição ou pela eliminação do escólex. Para tanto, é indispensável o acompanhamento do paciente por 3 a 4 meses com a realização de exames parasitológicos das fezes. Após o uso do vermicida, são eliminados pequenos fragmentos, degenerados e irreconhecíveis, das proglotes do parasita e o escólex geralmente não é visível. Nesses casos, deve ser priorizada a pesquisa dos escóleces pelo método da tamização, utilizando-se a coleta do volume fecal em três evacuações sucessivas. A comprovação da cura é feita pela visualização do escólex nas fezes, o qual é extremamente difícil de ser encontrado. TRATAMENTO NEUROCISTICERCOSE - Também é utilizado praziquantel mas para pacientes sintomáticos, apresentando cisticercos viáveis múltiplos em topografia encefálica intraparenquimatosa, subaracnoidianos e, ainda, muscular ou subcutâneo, causando a sua morte. O praziquantel rompe a membrana do cisticerco, ocorrendo vazamento do líquido da vesícula, altamente antigênico, causando uma intensa reação inflamatória local, sendo necessário a associação com altas doses de corticóide em geral em ambiente hospitalar; Devido aos efeitos colaterais graves provocados pela toxicidade do praziquantel, o albendazol vem sendo utilizado e considerado o medicamento de escolha na neurocisticercose. Esse medicamento é metabolizadono fígado, produzindo o produto ativo sulfoxi de albenzadol, que age sobre o cisticerco. Com o propósito de atenuar a reação inflamatória observada durante o tratamento, recomenda-se a associação de dexametasona; -> A terapêutica com o albendazol é ainda mais vantajosa devido ao menor custo do tratamento, pois pode ser administrado por oito dias com eficácia similar ao esquema de 2 1 dias, recomendado para praziquantel; Como a neurocisticercose caracteriza-se por ser uma entidade nosológica extremamente polimorfa com uma grande variedade de manifestações, não se pode esperar que apenas um esquema terapêutica seja efetivo em todos os pacientes. Para a maioria é aconselhada a prescrição de anti- helminticos específicos e drogas sintomáticas, como anti- convulsivantes e corticosteróides. - Para a neurocisticercose intraventricular não há consenso ainda. Os procedimentos cirúrgicos que algumas vezes são indicados em pacientes com neurocisticercose incluem derivações ventrículo-peritonial em casos de hidrocefalia, e, ocasionalmente, ressecção de grandes cisticercos subaracnóides ou intraventnculares; * Grande numero de pacientes se toma dependente de derivações liquóricas! - A neuroendoscopia foi mencionada como um método eficaz de tratamento nos pacientes com hidrocefalia e dilatação dos formes de Monro e do aqueduto do mesencéfalo. PROFILAXIA - Impedir o contato do porco com fezes do hospedeiro definitivo (humanos); - De acordo com os relatórios da OPAS/OMS, a teníase é uma doença infecciosa potencialmente erradicável, O parasito possui várias características que parecem torna-lo passível de erradicação: o ciclo biológico requer seres humanos como hospedeiros definitivos; infecções por tênias em seres humanos são a Única fonte de infecção para bovinos e suínos, e, inexistência de reservatórios para a infecção na natureza. Logo, os programas de intervenção dos órgãos de saúde devem ser direcionados ao tratamento dos portadores de teníase, a construção de redes de esgoto ou fossas sépticas, ao tratamento de esgotos, para não contaminarem rios que fornecem águas aos animais; a educação em saúde; ao incentivo e apoio de modernização da suinocultura, ao combate ao abate clandestino e a inspeção rigorosa em abatedouros e sequestro de carcaças parasitadas; - Medidas para a realização obrigatória de exames periódicos nos trabalhadores das indústrias de car- nes, proibição do abate clandestino e sua comercialização e notificação obrigatória dos casos de teníase e de cisticercose humana; - A perspectiva do uso da vacina contra a teníase, no presente, não é viável, nem imunologicamente, nem do ponto de vista de sua logística operacional, uma vez que os portadores humanos são dificilmente identificados. Acrescente-se que o fato de a teníase não causar sérias manifestações clínicas torna pouco atraente o desenvolvimento de uma vacina. Contudo, a vacinação de suínos, conforme mencionado, pode ser uma estratégia muito interessante para interromper o ciclo do parasita, de modo a eliminar a fonte de infecção para humanos evitando, assim, que adquiram a teníase. Acredita-se, portanto, que a combinação do tratamento parasitário dos portadores dos vermes adultos, a vacinação de suínos e a educação sanitária da população poderá levar, no futuro, à erradicação dessas doenças; - As medidas de inspeção das carcaças nos matadouros dos grandes centros têm sido praticadas. A seriedade dos critérios adotados na seleção de carnes para o consumo humano são medidas de grande valor, como: a) liberação de carnes adequadas para o consumo da população; b) tratamento especiais para as carcaças com cisticerco (salgapor 2 1 dias, defumação, refrigeração a -1 0°C por 10 dias) ou rejeicao total para o consumo, podendo haver o aproveitamento de carcaças para abdicação de farinha; - Segundo a OMS, o critério para o aproveitamento de uma carcaça num matadouro é o seguinte: -> De um a cinco cisticercos a carcaça pode ser consumida desde que congelada a -5°C por 35 horas ou -15C por 45 horas; -> de seis até 20 cisticercos, a carcaça só poderá ser consumida se for tratada em enlatados, e cozida a 120°Cdurante uma hora; -> acima de 20 cisticercos, descartada ou encaminhada para graxaria. Compreender a epidemiologia (fatores ambientais e culturais) do complexo teníase/neurocisticercose As tênias sao encontradas em todas as partes do mundo em que a população tem o habito de moer carne mal passada de porco ou de boi; - Os suínos, os humanos, os cães e macacos têm sido descritos como portadores de cisticercos da T. solium. O cão é importante hospedeiro no sudoeste da Asia, onde sua carne é usada na alimentação humana. Sua importância epidemiológica está restrita a esta área, embora a infecção de cães já tenha sido descrita em vários países da América do Sul e Central; - Na Inglaterra, as gaivotas possuem papel na epidemiologia local da cisticercose bovina, uma vez que em condições deficientes das redes de esgoto em algumas cidades, esses pássaros disseminam ovos de tenia, uma vez que os ovos de T.saginata passam pelo tubo digestivo dessas ave sem serem destruídos; - No BR, tanto a T.solium quanto a T.saginata possuem grande distribuição, devido as precárias condições de higiene de grande parte da população, métodos de criação extensiva dos animais e o hábito de ingestão de carne pouco cozida ou assada; - Em várias localidades do país ainda é comum a criação de porcos livres ou confinados em pocilgas precárias, ou próximas das habitações, nas quais a privada, ou esgoto, as vezes tem ligação direta com a pocilga; - Da mesma forma, pode ocorrer a infecção de bovinos em pastagens contaminados por fezes de portadores de teníase ou ainda a contaminação de rios ou córregos que fornecem água aos animais, por esgotos in natura; - O primeiro caso de cisticercose humana no Brasil foi relatado na Bahia, em 1881; - Em estudo realizado no PR (Curitiba), a prevalência de neurocisticercose foi cerca de 9%, uma das mais elevadas do mundo; - Quanto a contaminação humana por ovos de 7: solium, o mecanismo mais comum é a heteroinfecção, no qual o indivíduo ingere ovos das seguintes maneiras: -> dejetos humanos contaminando fontes de água para beber ou utilizadas para regar hortaliças; disseminação de ovos de T. solium por moscas e baratas; -> acidentes de laboratório, quando o técnico ao manipular material fecal ou vidraria se infecta acidentalmente; -> transmissão através de práticas sexuais orais; - Essas patologias são conhecidas desde a Antiguidade pensando-se, durante muito tempo, que eram causadas por fenômenos ou espécies diferentes. Daí os nomes específicos para a forma adulta e para a forma larvária; - O diagnóstico da cisticercose animal é feito apenas no abate, podendo apresentar falhas metodológicas ou mesmo não ser realizado; - Embora o Ministério da Saú- de recomende (Portaria 1.100 de 24/05/1996) a implementação da notificação do complexo teníase-cisticercose, apenas os Estados de Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul e a localidade de Ribeirão Preto (SP) implantaram programas de combate e controle desse complexo; - A cisticercose é altamente'endêmica em áreas rurais da América Latina, África e Ásia; - urna extrapoiaçãoa partir dos dados limitados relatados sobre infecção sugere que entre 30 e 50 milhões de pessoas em países da América Latina tenham sido expostas. A OMS estima que ocorram, a cada ano, 50.000 mortes devidas a neurocisticercose e que exista um número ainda maior de pacientes, que sobrevivem, todavia, incapacitados, devido aos ataques convulsivos ou outros danos neurológicos; - Os índices de 1% para teníase, 0,1% para cisticercose humana e 5% para cisticercose animal são considerados endêmicos; - No BR, a cisticercose é endêmica no país, particularmente nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina; - 2002: estudo revelou que a letalidade gira em tomo de 15% e que na população psiquiátrica a incidência de neurocisticercose é cinco vezes mais elevada que na população geral; - Estudos de sequenciamento de DNA mitocondrial e epidemiológicos permitiram estimar que a introdução da T. solium no Brasil ocorreu no período colonial, há cerca de 500 anos, provindo de diferentes regiões da Europa; - Em 1993, foi descrita uma terceira espécie parasita do homem, a Taenia saginata asiatica, em Taiwan, filogeneticamente próxima à T. saginata, possui diferentes características morfológicas, tanto no verme adulto como na larva. Recentemente, o uso de tecnologia mais sofisticada, de análise do DNA mitocondrial, permitiu comprovar que esta tênia, conhecida como tênia asiática, é uma nova espécie e deveria ser classificada como Taenia asiatica; -> Das três espécies de tênias que parasitam o homem, a T. solium e a T. saginata são cosmopolitas e prevalentes em regiões do globo onde os seres humanos fazem a ingestão de carnes cruas ou malcozidas de gado suíno ou bovino. A terceira espécie, a T. asiática (espécie coirmã da T. saginata) é encontrada apenas na Ásia como agente etiológico da cisticercose suína e da teníase no homem, sendo ainda desconhecida a possibilidade de seus ovos infectarem o ser humano e causarem a cisticercose; *Os ovos das tênias sobrevivem por cerca de quatro meses nas pastagens e suportam bem as temperaturas de inverno nos climas temperados e úmidos por mais de dez meses no campo e quatro meses na água. Resistem menos ao verão, morrendo em poucos dias, exceto quando em ambientes sombreados (nos quais sobrevivem por até 40 dias) ou em estábulos, onde podem resistir por cerca de seis meses! - O perfil de doença essencialmente rural vem sendo modificado de forma acentuada, com muitos casos ocorrendo nas regiões urbanas. Isso decorre dos intensos e constantes fluxos migratórios populacionais para estas áreas nas quais os indivíduos infectados se transformam em importantes fontes de infecção e de disseminação da parasitose. Esses portadores da T. solium são o principal fator de risco de transmissão da cisticercose, tanto nas zonas rurais como nas urbanas, como nas regiões não endêmicas, quer por contaminação acidental de água e alimentos, quer por contato direto entre pessoas; - Mesmo nos países não endêmicos, como na Bélgica, o gado bovino encontra-se infectado em 3%, quando usada a pesquisa de antígenos do parasita por PCR (polymerase chain reaction), que é dez vezes mais sensível que a inspeção rotineiramente usada nos abatedouros. Igualmente, no Equador, resultados obtidos com esta técnica, no gado bovino, foram 11 vezes mais sensíveis que a inspeção das carcaças. Estudos similares em suínos evidenciaram diferenças equivalentes nos dois métodos. Esses resultados são altamente preocupantes, haja vista que, no Brasil, onde a prevalência nos suínos e bovinos é muito mais elevada, a triagem é feita pela clássica inspeção, permitindo supor que os valores reais sejam muito superiores. Definir Blastocystis hominis e Endolimax nana. BLASTOCYSTIS HOMINIS - Blastocystis hominis é um protozoário freqüentemente encontrado nas fezes de pessoas com e sem manifestações gastrintestinais, imunocompetentes e imunossuprimidos. De todos os microorganismos possíveis de serem observados nas fezes, B. hominis é o segundo mais freqüente, somente superado pelas leveduras. O protozoário é o parasito mais comum; - É o agente etiológico da blastocistose. É um protozoário entérico dos seres humanos, sendo o organismo mais comumente encontrado em amostras de fezes; - A infecção causada por este protozoário ainda envolve várias controvérsias e indefinições em relação a sua ação patogênica; - A maioria dos indivíduos acometidos por esteprotozoário se apresenta assintomático, e nos casos sintomáticos a remissão dos sintomas muitas vezes ocorre sem o tratamento específico, fortalecendo a idéia de que o B. hominis possa ser um organismo comensal; -A ação patogênica do B. hominis estaria, portanto, relacionada à imunodeficiência, com a virulência da cepa e com a carga parasitária; - O B. hominis é considerado a causa de distúrbios intestinais quando se confirma a inexistência de outros agentes patogênicos (vírus, protozoários, bactérias e helmintos). ENDOLIMAX NANA - É um protozoário intestinal não patogênico, ou seja, não causa dano em pessoas saudáveis. Não há necessidade de tratamento, todavia tal protozoário pode ser um marcador de exposição a contaminantes fecais e indicar a presença de outros organismos patogênicos;
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