Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Urgência e Emergência – Internato Aula 3: Pneumo – Parte 1 de 3 Dispneia: Sensação subjetiva (percepção) da própria pessoa da incapacidade de respirar de forma confortável (pode estar saturando bem e com FR adequada, mas com dispneia). Objetivo da aula: fornecer tratamento inicial adequado para que as condições que podem ser ameaçadoras da vida relacionadas com a dispneia possam evoluir melhor. Além disso, buscar diagnósticos diferenciais. Epidemiologia: Na emergência as 5 principais patologias associadas à dispneia são: ICC DESCOMPENSADA, PNEUMONIA, DPOC, TROMBOEMBOLISMO PULMONAR E ASMA. Objetivos primários em pacientes agudamente dispneicos: (quem se move, MOV) Otimizar a oxigenação Determinar a necessidade de manejo emergencial das vias aéreas e suporte ventilatório Identificar condições ameaçadoras da vida (sinais de alarme!!!) Determinar a principal causa da dispneia Iniciar tratamento e estabilizar se grave Sinais de que o paciente está na iminência de parada respiratória ou insuficiência respiratória aguda: (IPC) Alteração do estado mental (agitado, ansioso, confuso, etc) – pode acontecer tanto por hipóxia, quanto por hipercapnia Incapacidade de manter esforço respiratório adequado (bradipneia, respiração agônica, esforço inspiratório insuficiente) Cianose (sinal tardio de insuficiência respiratória ou metemoglobinemia) Obs: no monitor a FR é contata pelo estimulado da expansão da parede torácica, não sendo fidedigno e alterando com a movimentação. Então por isso usamos o relógio mesmo. Sinais sugestivos de desconforto respiratório grave: Retrações e uso de músculos acessórios Alterações de fala (frases incompletas, etc) Taquipneia significativa (>30irpm) Incapacidade de deitar em decúbito dorsal Diaforese profunda (fria, pálida) Estridor ou sibilo Pele pálida Alteração de consciência ou outra alteração mental Estabilização de emergência em pacientes com sinais de perigo: Oxigênio suplementar (cateter, macronebulização, mas a melhor é a máscara com reservatório) Acesso IV e obter sangue para analise Monitoramento cardíaco e oximetro Pegar equipamento para gerenciamento de vias aéreas e deixar separado Continuar história e exame focados Determinar a necessidade de manejo de vias aéreas e suporte ventilatório Medidas gerais: ECG, radiografia, USG no leito e manter medidas de controle de infecção. Opções de oxigenação e suporte ventilatório: Ventilação Não Invasiva (NIV) e Ventilação Mecânica. A NIV deve ser tentada e tem bom nível de evidencia em: DPOC descompensada e EAP. Geralmente evita uma medida mais invasiva. Sem ser essas duas situações a VNI deve ser feita com muita cautela, pois aumenta a mortalidade por retardar a intubação. Algumas contraindicações à VNI incluem agitação, vômitos, trauma de face, gastrectomia, etc. Em pacientes que necessitam de suporte ventilatório, as vezes o problema não é troca gasosa, mas esforço respiratório ruim (acontece em pessoa em falência respiratória hipercapnica – tipo 2 vista por ex em dpoc descompensada, guillan barre, etc; sepse; doença neuromuscular e TCE). Obs: tipo 1 é falência respiratória hipoxêmica. Sinais clínicos e o que pensar: Estridor: obstrução traqueal/laríngea (corpo estranho/tumor), angioedema, anafilaxia Sons respiratórios reduzidos/abolidos de um lado: pneumotórax, derrame pleural Crepitações: liquido intra-alveolar. Exceto em edema pulmonar, frequentemente necessitarão de ventilação mecânica quando em insuficiência respiratória hipoxêmica. Edema pulmonar cardiogênico agudo: início súbito e progressão rápida do edema pulmonar, pode ser causado por isquemia, arritmia ou crise hipertensiva. Geralmente apresenta dispneia de início agudo, hipertensão grave, sudorese, desconforto respiratório e estertores difusos. O esforço respiratório geralmente melhora rapidamente com VNI e administração de agentes para reduzir a pós-carga. Pneumonia COVID-19: algumas medidas importantes incluem manter paciente em posição prona, fornecer oxigênio de alto fluxo por cânulas nasais antes da ventilação mecânica, pois geralmente corrigem a hipóxia. Intoxicação por Organofosforados (chumbinho de rato; agrotóxicos): apresenta-se com manifestações de colinérgicos em excesso. O manejo geralmente envolve intubação endotraqueal e terapia antídoto empírica com atropina, pralidoxima e benzodiazepínicos. D – dispneia U - poliúria M - Miose B - Bradicardia B - Broncoespasmo E – Vômito L - Lacrimejamento S - Salivação Hipóxia com pulmão limpo: Embolia pulmonar (TEP), tamponamento cardíaco, metemoglobinemia Embolia Pulmonar (TEP): Achados usg de distensão do coração direito (Ex: aumento de ventrículos, redução da função ventricular, sinal de McConnel) ou trombose venosa profunda proximal suportam o diagnóstico. A angiografia pulmonar por tc é o teste diagnóstico de primeira escolha e pode descobrir causas alternativas de hipóxia. A abordagem incial de pacientes com suspeita de TEP maciça deve se concentrar em estabilização do paciente, anticoagulação iniciada mesmo antes de confirmar o diagnóstico se houver risco benefício em relação à suspeita e o risco de sangramento. No paciente com oxigenação inadequada ou instabilidade hemodinâmica está indicada terapia trombolítica ou embolectomia. Se tem D dímero no sangue, sinal que tem trombo no sangue. Se D dímero vier normal, não é TEP. Tamponamento cardíaco: pode ocorrer por trauma, uremia, drogas ou infecção. A tríade clássica de Beck é: hipotensão, veias cervicais distendidas e batimentos cardíacos abafados ou ausentes. Metemoglobinemia (pode ocorrer com uso de nipride): Essa variante anormal da hemoglobina pode apresentar dispneia, cianose e uma leitura de oximetria de 85-88% que não muda com oxigênio suplementar. É tratada com azul de metileno. Sibilos: asma, anafilaxia, obstrução abaixo da traqueia, asma cardíaca (por ICC), lesões próximas à carina como tumor, não é patognomonico de broncoespasmo, DPOC descompensado DPOC: frequentemente exacerbado por infecção respiratória. Normalmente melhora com VNI, além de medicamentos (Ex. beta adrenérgicos, antagonistas muscarínicos, glicocorticoides). Em pacientes qe não melhoram com o tratamento padrão de DPOC reavaliar uma EP, que pode ser responsável por até 25% das aparentes exacerbações de DPOC. Asma: Os sinais de doença grave incluem o uso de músculos acessórios, fala breve e fragmentada, sudorese profunda, agitação e falha em responder ao tratamento agressivo. Manejo inclui agonistas beta adrenérgicos, antagonistas muscarínicos e glicocorticoides. Se com alterações de ECG, taquicardia e dor torácica associada: Sindrome Coronariana Aguda: dispneia é sintoma principalmente em idoso e diabético Arritmia cardíaca: sensação subjetiva de dispneia e geralmente melhora com a diminuição da taxa do ritmo cardíaco De forma geral: otimizar oxigenação, determinar a necessidade de manejo emergencial e suporte ventilatório e estabelecer as causas mais prováveis de dispneia, iniciar tratamento e estabilizar se gravemente doente.
Compartilhar