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Psicologia Cuidados Paliativos

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Psicologia: Cuidados Paliativos 
Nas últimas décadas, houve um crescimento significativo de casos de doenças crônicas e incapacitantes na vida dos seres humanos de forma mundial, fazendo necessária a imediata infiltração dos Cuidados Paliativos no âmbito da medicina e imprescindível na relação família-paciente, visando a melhora da qualidade de vida de uma pessoa doente e seus familiares diante de uma doença que pode ser fatal. 
Os fatores significativos que cooperam para o aumento das enfermidades, surgem no processo de transição demográfica, com quedas nas taxas de fecundidade e natalidade e um aumento na população de idosos, vive-se mais pessoas do que nascem pessoas. Sendo assim essa alteração aperfeiçoa o aumento de doenças crônicas-degenerativas (GOMES 2018).
Segundo o autor, a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que 57 milhões de pessoas morrem por ano no mundo, entretanto, 33 milhões dessas pessoas chegam a óbito através de doenças crônico-degenerativas incuráveis e com a introdução dos Cuidados Paliativos essas pessoas são beneficiadas.
Gomes (2018) faz uma leitura do marco do movimento moderno dos Cuidados Paliativos: na década de 1960 em Londres, do St. Christopher Hospice, por intermédio da Dra. Cicely Saunders, precursora no movimento de Cuidados Paliativos, responsabilizou-se por estruturar a gnose para aliviar a dor, delineando a diminuição do sofrimento que é característico no final da vida. Para isso a médica elaborou um projeto que fizesse a junção dos cuidados ao corpo do paciente na finidade de sua vida, como também para a vida psíquica, social e espiritual do mesmo, assim como um oferecimento de cuidados aos familiares, amigos e cônjuges com vínculos estabelecidos.
A partir desse interesse e instalação da Dra. Saunders, o St. Christopher Hospice aguçou o interesse de profissionais de outros países, tornando-se referência do movimento em defesa do melhor tratamento de doentes terminais e discrepância com a cultura tecnicista às terapias focadas no modificador da doença.
Gomes (2018) em suas averiguações, conota que em 1980 a OMS passou a encorajar o desenvolvimento dos Cuidados Paliativos, ampliando as reflexões e as discussões sobre esse tema em todo o mundo. No Brasil, os Cuidados Paliativos são recentes. O autor em sua pesquisa enfatiza Figueiredo (2006), discorrendo que em 1983 a médica Dra. Mirian Martelete do Departamento de Anestesiologia do Hospital das Clínicas da Universidade do Rio Grande do Sul, chefe do Serviço da Dor, entendeu a importância dos Cuidados Paliativos anexando ao seu departamento. Logo depois, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, o médico fisiatra Dr. Antônio Carlos de Camargo Andrade Filho, desenvolveu e iniciou no hospital o Serviço de Dor e Cuidados Paliativos, atendendo evidentemente a uma demanda existente e o artigo segue com profissionais implementando os Cuidados Paliativos em hospitais.
Em relação ao cuidado da criança oncológica, na equipe multidisciplinar que existe nos Cuidados Paliativos a enfermagem também está inserida.
Segundo Avanci (2009) et al. o câncer vem ganhando ênfase na sociedade, principalmente quando se trata de cura/tratamento, embora, em alguns casos a cura para o câncer torna-se impossível, e a morte, consequentemente inevitável. Diante dessa realidade, foca seu interesse em estudos nos cuidados dos enfermeiros quando se deparam com a situação de morte eminente.
Vancini (2009) diz que nos últimos anos o câncer está sendo a principal causa de mortes em crianças abaixo de 15 anos de idade, mesmo sendo considerado uma doença rara nessa idade. Os mais comuns são leucemias, tumores no sistema nervoso central ou linfomas. 
A criança com doença crônica estabelece um vínculo afetivo e familiar com o ambiente hospitalar devido as internações recorrentes e o tempo de duração destas. Consequentemente os profissionais que atuam no serviço (tanto enfermeiros, médicos, psicólogos, etc) desenvolvem vínculos e conheçem particularidades tanto da família quanto da criança, aprendendo a identificar suas necessidades para assim, poderem apresentar um trabalho com qualidade.
A notícia do câncer ocasiona uma desestruturação familiar. Todas as reações tanto da família como da criança, criam situações conflitantes em seus mundos. A criança deixa temporariamente a realização de atividades que fazem parte do seu mundo, como ir à escola, brincar e conviver com seus amigos, para fazer tratamentos, ir regularmente às consultas e ao hospital para ser medicalizada e fazer exames. Com isso, a criança sofre com os choques que a doença gera.
O Psicólogo promove um cuidado centrado na criança, estabelecendo a comunicação entre os pais e/ou cuidadores, pois a família é o componente essencial na promoção da saúde e no cuidado à criança com assistência integral (biológica, psicológica, social, econômica, espiritual e cultural).
 Gomes (2018) retoma que o Sistema Único de Saúde (SUS) em 2002 inclui a prática dos Cuidados Paliativos em serviços de Oncologia e, finalmente em 2009 o Conselho Federal de Medicina (CFM), insere pela primeira vez na história da Medicina brasileira, os Cuidados Paliativos como princípio fundamental do Código de Ética Médica.
Os Cuidados Paliativos se fundamentam em uma filosofia humanitária, ou seja, preocupa-se com a prática do cuidado e alívio do sofrimento do paciente sem diminuir o tempo de sua vida, facilitando o cotidiano das pessoas que cuidam e os amam mesmo que seu prognóstico seja de meses, semanas, dias ou horas. É necessário ter uma comunicação verdadeira, conhecendo toda a evolução da enfermidade do paciente, prevenindo complicações estressantes, orientando os familiares oferecendo-lhes suporte adequado através de uma equipe multiprofissional.
Gomes (2018) relata algo que verificou em um artigo de Fonseca (2012) em relação ao trauma dizendo que esse vem à tona pela ansiedade da separação de um ente querido em estado terminal no processo de luto antecipatório e demandas resultantes da situação que se exemplificam pela exposição dos estímulos visuais desagradáveis frente a penalidade de perdas e traumas produzidas pela doença. 
O psicólogo e médico psiquiatra John Bowlby, citado no trabalho de Gomes retrata a Teoria do apego, que ajudam a pensar nos vínculos afetivos que o indivíduo agrega durante toda a sua vida, desde muito pequeno até a fase em que se encontra. Havendo então aí dois conceitos distintos: apego e comportamento de apego, em que o primeiro restringe a poucos indivíduos (mãe, filho, pai ou o responsável) e o segundo a fatos variados apresentados a diferentes indivíduos (tios, tias, avós, padrinhos, avós, madrasta, padrasto etc.) 
Segundo Gomes, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBG 2015), explica que a formação do grupo familiar original desfaz de acordo a forma de como a doença ameaçadora dá continuidade à vida do paciente até o momento de sua inevitável morte. Porém, mesmo depois da morte suas memórias ainda sobrevivem afetando a todos que o circundavam. O Psicólogo se insere na equipe dos Cuidados Paliativos por conta dessa dor total. Visto que nos seres humanos não existe biológico desligado do psicológico, do emocional. Esse profissional facilita a compreensão do paciente acerca do seu estado atual de vida, confortando-o em suas angústias, as dos familiares, amigos e cônjuges. 
O termo Cuidados Paliativos é utilizado para denominar a ação de uma equipe multiprofissional à pacientes fora de haveres terapêuticas de cura.
Segundo o Manual dos Cuidados Paliativos1, a origem implica tradicionalmente com o termo "hospice" - abrigos que tinham a função de cuidar dos viajantes e peregrinos doentes. Essas instituições eram mantidas por religiosos e cristãos dentro de um ponto de vista generosa.
Os princípios dos Cuidados Paliativos incluem: reforçar a importância de a vida lembrar da morte como um processo natural, assegurar alívio da dor e de outros sintomas que causam desconforto, constituir os aspectos psicológicos e espirituais na estratégia do cuidados para que a família possaenfrentar a doença do paciente e sobreviver ao período de luto.
Os cuidados paliativos calculam a ação de uma equipe multiprofissional, já que a proposta consiste em cuidar do indivíduo em todos os aspectos: físico, mental, espiritual e social. O paciente em uma situação terminal deve ser assistido inteiramente, e isto solicita preenchimento de saberes de competências, distribuir as responsabilidades, onde os processos diferenciados se resolvem em conjunto.
A percepção multideterminada do adoecimento possibilita à uma equipe uma atuação extensa que se dá através da observação, análise, orientação, visando identificar os aspectos positivos e negativos importantes para a evolução de cada caso. Além disso, os saberes são inacabados, limitados, sempre precisando ser complementados. O paciente não é só biológico ou social, ele é também espiritual e psicológico, devendo ser cuidado em todas as áreas, e quando uma funciona mal, todas as outras são afetadas.
Os Cuidados Paliativos aconselham humanizar a relação equipe de saúde-paciente-família, e possibilitar uma resposta razoável para as pessoas portadoras de doenças que ameaçam a continuação da vida, desde o diagnóstico dessa doença até seus momentos finais.
A medicina paliativa busca o seu espaço, para que não somente o paciente com rendimentos de cura seja atendido, mas os que sofrem com doenças em que a morte é infalível também, pois a medicina científica não deve ser desvinculada da medicina paliativa, elas devem ser simbióticas. A morte elevada é de grande significado para o doente e também para o profissional que é tolerante e solidário.
A estrutura dos Cuidados Paliativos apresenta uma nova forma de “gestão da morte”, ou seja, é através de uma prática multidisciplinar sobre as necessidades do doente, que esse consegue vivenciar o sofrimento. Assim, conceitos pertinentes, como o da bioética, englobam sempre o bem estar daqueles que sofrem tanto, como nas doenças crônicas .Explica-se a Psicologia Hospitalar como modalidade pedagógica frente os personagens deste cenário de dor e sofrimento quanto às atitudes diante da morte, proporcionando uma melhor maneira do paciente e cuidadores de resolverem pendências e expressarem emoções ao vivenciarem a finitude do ente querido. 
O que faz o ser humano é a consciência de si mesmo, contudo, só é possível quando se tem consciência da própria morte, que faz parte da vida muito mais do que até então se tenha dado conta. 
Desde as guerras, conflitos civis e sociais, as doenças crônicas e epidemias não conseguiam findar-se, pois a medicina não possui mais recursos para deter o avanço fatal da doença, motivando questionamentos para a equipe, familiares e pacientes. 
Segundo Kovács (2003), a forma de se ver a morte certamente influenciara a forma de ser. Entende-se ser a Psicologia Hospitalar é uma ferramenta em Cuidados Paliativos necessária não com o intuito de salvar vidas, mas sim em proporcionar “boas mortes” a partir de uma humanização do morrer.
O olhar ao paciente como sujeito de uma vida e história, e não como prisioneiro de uma doença. Talvez seja o componente mais importante das práticas de saúde, pois, mesmo que a doença seja incapacitante, crônica e limitante, sempre haverá possibilidade de resgate, adaptação e de manutenção da dignidade e qualidade de vida. 
Culturalmente, costuma-se ver a doença como um castigo e a morte como um fim trágico, avassalador, que rouba a vida. Desmistificar esses conceitos é tarefa imprescindível, pois doença e morte fazem parte do currículo da vida.
Quando falamos em Cuidados Paliativos temos que nos ater a termos e as consequências que acabam sendo significativos.
Um deles é o da Tanatologia que surgiu após a Segunda Guerra Mundial. O termo Tanatologia vem do grego que significa thnatos o deus da morte. Já o termo logos, estudo. A Tanatologia possibilitou resgatar o sentido da morte por meio da superação dos medos culturalmente instituídos propondo uma reflexão sobre o sentido da vida e o processo da morte e do morrer com dignidade (Torres, 2003).
Quando uma pessoa descobre ser portadora de uma enfermidade crônica e fatal, imediatamente surge as angústias e incertezas que passam dos recursos internos do indivíduo. Quanto mais o paciente sabe da peculosidade da doença, maior será o desconsolo. O paciente em processo de morte também vive uma condição de luto, que é visto como um fenômeno normal apresentado como uma resposta a qualquer perda de um vínculo afetivo. 
Das consequências iminentes do sofrimento humano, os processos da angústia podem surgir com significativa intensidade nos sujeitos. Este resultado é proveniente, dentre outros aspectos, da dimensão de finitude da própria condição humana
Igualmente, a constituição do ser humano também se fundamente no desterro, fato que resulta na busca e na necessidade de sustentação pelo outro, justificando sua condição de ser relacional durante toda a vida até a concretização da morte. A experiência em circunstância de enfermidade e morte pode, de acordo com o contexto, favorecer a aceitação dos limites humanos ou ser um potencial fator de angústia, não apenas para o paciente e seus pares, mas também para toda a equipe. 
Por tanto, as ações do Psicólogo são imprescindíveis nos Cuidados Paliativos, pois além de abrandar o sofrimento emocional de todas as pessoas envolvidas no processo, o profissional atua com o doente em prol da sua qualidade de vida, da compreensão da finitude e aceitação de sua morte. 
Quando a família e os amigos do paciente vivenciam com a dor da finitude da vida e a certeza da morte, surge, naturalmente, o sentimento de impotência. Nesse sentido, considerando a singularidade de cada ser humano, é extremamente necessário que o Psicólogo hospitalar compreenda o sentido simbólico da morte para o enlutado e, a partir, daí elabore os procedimentos terapêuticos adequados para cada sujeito, oferecendo auxílio para que a pessoa suporte as demandas do cotidiano e encontre a forma menos dolorosa possível de atravessar esta fase (legitimando o sentido existencial da experiência da perda). 
Assim, a Psicologia Hospitalar deve estar articulada não apenas com o doente, mas com todos os atores envolvidos no sofrimento de maneira conjunta, ou seja, os familiares, amigos e profissionais que lidam com a experiência da comunicação, luto antecipatório, proximidade da morte, etc. 
Os preceitos da literatura científica, verificam que muitos pacientes com enfermidades que ameaçam suas vidas apresentam resistência e conflitos na aceitação do diagnóstico ou prognóstico comunicado pelo médico. As doenças e as vicissitudes que fazem com que o indivíduo se confronte com a questão da finitude da vida faz com que o Psicólogo inserido nos Cuidados Paliativos debruce sua investigação no sofrimento humano.
Por fim, este estudo busca ampliar a compreensão das perspectivas de ambas as áreas e nos incita à reflexão acerca da correlação existente entre eles na terminalidade da vida. A Psicologia Hospitalar e os Cuidados Paliativos requerem uma atitude pluralista e imediata unindo ambas as áreas em torno de um projeto comum: o cuidado do indivíduo e da família até a terminalidade da vida do indivíduo doente.
O Psicólogo, por meio da sua escuta e das intervenções necessárias, possibilita os sujeitos a articularem seus desejos através da fala, elaborando sua condição simbolizando aspectos que outras áreas da saúde não conseguem executar, viabilizando, assim, a criação de um vínculo, preocupando em cuidar do psicológico do paciente enfermo e não somente da doença da pessoa.
Em 1967 foi criado o primeiro centro de atendimento com características humanistas, objetivando permitir aos pacientes e família, viver cada dia de forma confortável, ajudando lidar com o estresse causado pela doença, pela morte e pela dor da perda.
Pessini (2000) apud Castro (2001) acredita que para manter o respeito e a integridade o paciente deve ser mantido livre de dor para que possa morrer confortavelmente, receber todos os cuidados, não ser abandonado e nem sofrerperda da sua identidade pessoal, tendo autonomia para recusar qualquer intervenção tecnológica prolongadora de vida, além de poder compartilhar seus medos, pensamentos, sentimentos, escolher o que deseja, poder compartilhar seu medos, pensamentos, sentimentos e escolher onde deseja morrer. 
 A Psicologia é de suma importância no acompanhamento de pacientes e familiares em todas as fases do tratamento, com objetivo de oferecer assistência integral ajudando-o encontrar estratégias para adotar um estilo de vida mais saudável e equilibrado, bem como facilitar o ajustamento psicológico do paciente e da família na comunicação da doença na fase de diagnóstico, pois a presença de uma doença terminal pode ser um processo doloroso, mas quanto bem orientados a família pode crescer como grupo fora do contexto hospitalar.
Pode se dizer que uma pessoa é considerada ética quando a personalidade é bem integrada, ou seja, tenha maturidade emocional permitindo lidar com situações conflitantes. 
A Psicologia e a ética contribuem para estudos e reflexões de uma boa morte, fazendo com que essa não seja apenas um processo biológico que permita morrer sem dor.
O amparo ao paciente terminal e sua família é importante. O princípio da autonomia deve existir na relação paciente-profissional e para isso, deve haver a revelação cuidadosa da verdade sobre seu diagnóstico, trocas de informações sobre seu estado de saúde, planejamento do tratamento e suas implicações e expectativas futuras.
Lembrando sempre que pessoas com doenças crônicas terminais normalmente estão mais frágeis, vulneráveis e assustadas, portanto, essa revelação deve ter uma boa comunicação, honesta e compassiva por parte dos profissionais.
Cuidados Paliativos podem ser dito também como Cuidados de Proteção, pois paliativo é derivada do vocábulo latino pallium que tem como significado, manto, proteção.
 A saúde paciente com câncer no passado, as possibilidades de tratamento eram quase que inexistentes, os doentes eram institucionalizados esperando o momento da morte. Seguidamente, veio o desenvolvimento das práticas cirúrgicas oncológicas, abrindo novas possibilidades para o tratamento da doença, surgindo também os tratamentos com quimioterápicos e radioterápicos. Desse modo, os avanços no tratamento do câncer foram se acentuando e consequentemente o tempo de sobrevida dos pacientes prolongou-se.
Os profissionais de saúde devem estar sempre capacitados para identificar as necessidades do paciente e seus familiares. E como a medicina paliativa se baseia numa perspectiva que busca de forma integrada, identificar e minimizar problemas de ordem física, psicológica, social e espiritual; é essencial a atuação conjunta de uma equipe multidisciplinar composta por médicos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, conselheiros espirituais, entre outros profissionais que prestem assistência ao paciente e a seus familiares com o objetivo de minimizar o sofrimento enquanto houver vida.
Como parte dessa equipe que atua na área de Cuidados Paliativos, a contribuição do profissional de Psicologia se define a partir de uma visão da doença como pertencente ao campo da mente e das vivências e expressões da mesma, pelo corpo. Atuando nessa área, o Psicólogo também necessita manter o equilíbrio nas suas relações com os outros profissionais. O psicólogo deve estar atento em detectar os conteúdos envolvidos na queixa, no sintoma e na patologia, permitindo assim uma atenção integral e a identificação de desordens psíquicas que geram sofrimento, estresse e também aos mecanismos de defesa negativos que costumam surgir
O psicólogo se empenha por minimizar os efeitos causados pela doença, pois mesmo com todas as discussões sobre a doença, o câncer ainda remete, em grande parte das pessoas, a ideia de morte. Ter esse diagnóstico significa muitas vezes estar condenado à morte, percepção que está relacionada à grande dificuldade das pessoas aderir ao tratamento e de lutar para garantir uma melhor qualidade de vida ao mesmo tempo em que convivem com a doença.
Dar assistência a esse paciente envolve, sobretudo, integrar as várias dimensões do ser, isto inclui também o aspecto espiritual. Estudos mostram que as questões referentes à espiritualidade representam para o paciente oncológico, em sua maioria, uma fonte de conforto, fé em Deus e suporte para enfrentamento da doença, apresentando-se como fator de contribuição na adesão ao tratamento.
Além da intervenção técnica, também devem estar presentes no trabalho do Psicólogo a empatia e a escuta acolhedora verbal e não-verbal, permitindo que o paciente oncológico possa confrontar com seus conteúdos internos, suas angústias e sentimentos em geral, para que a partir daí inicie o processo de aceitação, elaboração e superação do tratamento. A escuta permite ao psicólogo identificar as reais demandas do paciente. A questão da boa comunicação, ou seja, a comunicação interpessoal envolve compreensão, percepção e transmissão de mensagens, por meio da linguagem verbal e não-verbal. O psicólogo no contexto oncológico atua para alargar o canal de comunicação entre o paciente, seus familiares e a equipe multidisciplinar, para que se permita: identificar as necessidades do paciente e da família, visando aumentar seu bem-estar.
O psicólogo que integra uma equipe de Cuidados Paliativos precisa de formação profissional na área, na busca de estratégias para ajudar o paciente no enfrentamento e elaboração das experiências emocionais intensas vivenciadas na fase de terminalidade da vida, pois muitos pacientes com câncer acabam morrendo. Tendo cuidado para não ocupar o lugar de mais um elemento invasivo no processo de tratamento, mas de facilitador no processo de integração do paciente, da família e da equipe multidisciplinar, mantendo como foco o doente (não a doença) e a melhora na qualidade de vida do paciente (não o prolongamento infrutífero do seu sofrimento).
O relato a seguir apresenta atendimento psicológico com o paciente e familiares em atenção domiciliar com a Equipe Multidisciplinar de Cuidados Paliativos (EMCP).
Trata-se de Pedro, 64 anos, educador físico aposentado, casado, dois filhos. Apresentou diagnósticos de demência por corpúsculos de Lewy, acidentes vasculares cerebrais prévios, hipertensão arterial, doença pulmonar obstrutiva crônica, dislipidemia, apneia do sono, dor crônica por estenose medular, traqueostomia e gastrostomia. O paciente estava acamado, não respondia estímulos verbais, apresentava sintomas depressivos, desânimo e desesperança, estava constantemente agitado, irritado e lábil emocionalmente, mostrando-se pessimista diante do seu estado de saúde. Em atendimento ele relatou que estava morando com a esposa e que se sentia com saudades da sua casa (situada na praia). 
Os atendimentos aconteciam separadamente, trabalhando com a esposa o esgotamento e sua autopercepção, e com o paciente questões de enfrentamento diante do adoecimento, manter-se autônomo e participativo ao seu tratamento.
Os objetivos do acompanhamento psicológico e da equipe de atenção domiciliar era resgatar a autonomia de Pedro, estimulá-lo a tornar-se ativo e participativo de seu tratamento, bem como possibilitar que seus desejos fossem realizados. Diante disso a equipe multidisciplinar concordou que o desejo do paciente de voltar para sua casa na praia era importante para que ele resgatasse sua autonomia. Sendo assim, a equipe explicou para a esposa, mesmo que Pedro viesse a falecer na praia não significaria negligência de cuidados e nem apressar a morte. A morte seria inevitável diante do quadro clínico e eles queriam preservar a qualidade de vida do paciente nos seus últimos dias, então não levariam em conta a quantidade. 
Alguns dias antes da transferência de domicilio, o paciente teve infecção urinária pelo uso frequentes da sonda de alivio e precisou ser hospitalizado na UTI. Sob cuidados paliativos, apesar da gravidade do quadro, após alguns dias na UTI o paciente recuperou-se da infecção e recebeu alta, conseguindo então mudar-se para a cidadelitorânea.
Após estar a um mês em sua casa, Pedro foi novamente internado por infecção urinária, o filho veio visitá-lo e a Psicóloga o informou sobre o estado clínico do pai e ele solicitou que todas as conversas fossem realizadas junto com Pedro.
O paciente e seu filho foram em alguns atendimentos com a Psicóloga aonde foi discutido a importância de refletir sobre as decisões quanto ao final da vida, sendo garantido que o desejo do paciente seria respeitado. Pedro mostrava compreender a gravidade e progressão das doenças, sem possibilidade de cura, porem solicitou "Salva o velho!".
Após diálogos com o Pedro, seus familiares e cuidadoras, o paciente foi retirado de protocolo de cuidados paliativos, a equipe assistencial foi informada sobre esta decisão compartilhada, as informações foram registradas em prontuário, respeitando-se a decisão de Pedro de investir em terapêuticas mesmo que isto levasse a prolongar sua vida artificialmente. Inclusive, na presença da equipe, a cuidadora questionou o paciente: “o senhor entende que, caso precise ir para a máquina de ventilação mecânica, pode não sair mais, ficando dependente dela?”. Ainda assim, o paciente solicitou: “Salva o velho!”.
Apesar da interrupção do acompanhamento pela EMCP, o acompanhamento psicológico se manteve, visando o bem-estar de Pedro, incentivando a convivência entre familiares e amigos, realização de desejos, com o objetivo de que o paciente vivesse intensamente os dias que ainda restavam. 
Passados alguns dias Pedro deu novamente entrada no hospital, porém sua pressão arterial e frequência cardíaca haviam diminuído afetando seu nível de consciência. A equipe de enfermagem mostrou-se ansiosa e questionou a psicóloga “quanto ao que fazer em caso de parada cardíaca”. Considerando a retirada do paciente do protocolo de cuidados paliativos a seu pedido, a orientação era de realizar reanimação, caso isso acontecesse.
Poucos dias após a internação, a psicóloga visitou o paciente no leito, Marcos e Gabriela mostraram à psicóloga as fotos de Pedro com seu cachorro em sua casa, na praia, fotos antigas, do paciente ainda criança. O paciente contava tudo, mostrava-se feliz lembrando de boas experiências da vida. Por meio de suas lembranças e memórias, na presença de seus familiares, Pedro encontrou paz e conforto. Foi uma despedida. Naquela madrugada, Pedro teve uma parada cardíaca, foi reanimado e retornou à vida em estado vegetativo.
Em conversa com a psicóloga e com o médico da equipe de cuidados paliativos, os filhos foram enfáticos sobre desejo de não realizar nova reanimação ou procedimentos invasivos de tratamento, pois referiam que “o pai não desejava permanecer assim”, e havia referido que, caso chegasse àquele estado, não desejava que sua vida fosse prolongada.
Após cinco dias da inserção em protocolo de cuidados paliativos, na presença de uma das cuidadoras, de madrugada, o paciente teve nova parada cardíaca e não foi reanimado. 
Na semana seguinte, a profissional realizou contatos telefônicos com uma das cuidadoras e também um atendimento ao filho, que se mostrava tranquilo e assim também referia estar sua irmã.
Diante desse relato destaca-se a importância do respeito aos desejos, opiniões, crenças e história de vida de Pedro e de sua família; a busca pela resolução de pendências emocionais, espirituais e sociais; o cultivo de um vínculo de amizade e confiança, possibilitando ao paciente, familiares e cuidadoras sentirem-se acolhidos, seguros e aliviados psíquica e espiritualmente com a presença da equipe. 
O trabalho em Cuidados Paliativos e as intervenções em Psicologia contribuíram, assim, para que Pedro falecesse tranquilo e “a salvo”. 
Referências
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