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Resumo - Fisiopatologia da DPOC 1 🫁 Resumo - Fisiopatologia da DPOC Diferenças entre doenças pulomares obstrutivas e restritivas Doenças pulmonares obstrutivas são caracterizadas pelo aumento da resistência ao fluxo aéreo (causado por obstrução parcial ou completa de qualquer nível do trato respiratório) enfisema bronquite crônica bronquiectasia asma Capacidade vital forçada (CVF) normal ou levemente diminuída Volume expiratório forçado em 1 segundo diminuído em testes de função pulmonar Doenças pulmonares restritivas são caracterizadas pela redução na expansão do parênquima pulmonar e diminuição da capacidade pulmonar total Taxa de fluxo expiratório normal ou proporcionalmente menor Defeitos restritivos ocorrem em 2 situações: distúrbios da parede torácica → poliomielite, obesidade grave, doenças da pleura e cifoescoliose doenças intersticiais e infiltrativas crônicas → pneumoconioses, fibrose intersticial de etiologia desconhecida Doenças Pulmonares Obstrutivas Possuem características anatômicas e clínicas diferentes entre si DPOC = doença pulmonar obstrutiva crônica → enfisema e bronquite crônica gatilho em comum = cigarro geralmente é resultado de uso intenso de cigarro com longa duração aumento do tabagismo, poluentes ambientais e exposições nocivas → aumento dos casos de DPOC Asma possui broncoespasmo reversível → diferença do enfisema e bronquite crônica exceção: alguns pacientes com componente irreversível sob outros aspectos alguns pacientes com DPOC tem componente reversível sob outros aspectos Resumo - Fisiopatologia da DPOC 2 Enfisema Caracterizada pelo aumento irreversível dos espaços aéreos distalmente ao bronquíolo terminal, acompanhado por destruição de suas paredes sem fibrose óbvia Existe uma nítida associação entre o hábito intenso de fumar cigarros e o enfisema Tipois de Enfisema Classificado de acordo com sua distribuição anatômica no lóbulo lóbulo = agrupamento de ácinos (as unidades respiratórias terminais) 4 tipos principais: (1) centroacinar (2) pan-acinar (3) parasseptal (4) irregular Centroacinar e pan-acinar causam uma obstrução clinicamente significativa do fluxo aéreo (Fig. 15-6) o enfisema centroacinar é muito mais comum que a forma pan-acinar, constituindo mais de 95% dos casos Enfisema Centroacinar / Centrolobular Resumo - Fisiopatologia da DPOC 3 Partes centrais ou proximais dos ácinos (formadas por bronquíolos respiratórios) Álveolos distais poupados Existem tanto espaços aéreos enfisematosos quanto normais no mesmo ácino e lóbulo Lesões são mais comuns e geralmente mais severas nos lobos superiores, particularmente nos segmentos apicais Paredes dos espaços enfisematosos frequentemente contêm grandes quantidades de um pigmento preto Inflamação ao redor dos brônquios e bronquíolos é comum No enfisema centroacinar severo, o ácino distal também pode estar envolvido, e a diferenciação do enfisema pan- acinar é dificultada Enfisema centroacinar ocorre predominantemente em fumantes inveterados, muitas vezes em associação com bronquite crônica A. Enfisema centroacinar. As áreas centrais exibem lesão enfisematosa acentuada (E), cercada por espaços alveolares relativamente poupados. Enfisema Pan-acinar / Panlobular Ácinos uniformemente aumentados desde o nível do bronquíolo respiratório até os alvéolos em fundo cego terminais (Figs. 15-6C e 15-7B) O prefixo “pan” refere-se ao ácino por completo, mas não a todo o pulmão Tende a ocorrer mais frequentemente nas zonas mais baixas e nas margens anteriores do pulmão e geralmente é mais severo nas bases Está associado à deficiência de α1-antitripsina (α1-AT) Resumo - Fisiopatologia da DPOC 4 B. Enfisema pan-acinar envolvendo todo o lóbulo pulmonar. Enfisema Acinar Distal / Parasseptal Porção proximal do ácino está normal e a parte distal é predominantemente envolvida Mais notável em áreas adjacentes à pleura, ao longo dos septos de tecido conjuntivo lobular e nas margens dos lóbulos Ocorre em locais adjacentes a áreas de fibrose, cicatrização ou atelectasia e geralmente é mais severo na metade superior dos pulmões Múltiplos espaços aéreos aumentados e contínuos, de menos de 0,5 cm a mais de 2,0 cm de diâmetro, às vezes formando estruturas císticas Este tipo de enfisema provavelmente é a base de mitos casos de pneumotórax espontâneo em adultos jovens Aumento do Espaço Aéreo com Fibrose / Enfisema Irregular O ácino é envolvido irregularmente Está quase invariavelmente associado a uma cicatrização Consequentemente, esta pode ser a forma mais comum de enfisema, uma vez que a pesquisa cuidadosa da maioria dos pulmões na necropsia exibe uma ou mais cicatrizes derivadas de um processo inflamatório curado Na maioria dos casos, estes focos de enfisema irregular são assintomáticos e clinicamente insignificantes Patogenia DPOC caracterizada por inflamação crônica leve em todas as vias aéreas, parênquima e vasculatura pulmonar Macrófagos, linfócitos TCD4+ e TCD8+ e neutrófilos aumentados em várias áreas do pulmão Cél. inflamatórias → liberação de mediadores = leucotrieno B4, IL-8, TNF → danos na estrutura pulmonar Embora os detalhes da gênese das duas formas mais comuns de enfisema – centroacinar e pan-acinar – ainda não sejam bem definidos, a hipótese mais plausível para explicar a destruição das paredes alveolares é o mecanismo de protease-antiprotease, auxiliado e estimulado pelo desequilíbrio de oxidantes e antioxidantes e pacientes com uma deficiência genética da antiprotease α1-antitripsina apresentam uma tendência notavelmente maior de desenvolver enfisema pulmonar, que é aumentada pelo tabagismo α1-antitripsina (presente no soro, em fluidos tissulares e macrófagos) = inibidor importante das proteases (particularmente a elastase) secretadas por neutrófilos durante a inflamação é codificada por genes expressos de um modo codominante no lócus do inibidor de proteinase (Pi) no cromossomo 14 lócus Pi é extremamente polimórfico, com muitos alelos diferentes o mais comum é o alelo normal (M) e o fenótipo correspondente 1. Os neutrófilos (a principal fonte de proteases celulares) são normalmente sequestrados em capilares periféricos, incluindo os do pulmão, e alguns têm acesso aos espaços alveolares. 2. Qualquer estímulo que aumente o número de leucócitos (neutrófilos e macrófagos) no pulmão ou a liberação de seus grânulos contendo protease aumenta a atividade proteolítica. 3. Com baixos níveis séricos de α1-antitripsina, a destruição do tecido elástico não é reprimida, resultando em enfisema. Resumo - Fisiopatologia da DPOC 5 💡 Considera-se que o enfisema resulte do efeito destrutivo de uma elevada atividade de protease em indivíduos com baixa atividade antiprotease. Patogenia do enfisema: A atividade excessiva de protease e as espécies reativas de oxigênio têm efeitos aditivos e contribuem para o dano tissular. A deficiência de α1-antitripsina (α1-AT) pode ser congênita ou “funcional” como resultado de inativação oxidativa. Em indivíduos com níveis normais de α1-antitripsina, o enfisema pode se desenvolver em indivíduos fumantes de acordo com: 1. Em fumantes, ocorre acúmulo de neutrófilos e macrófagos nos alvéolos. O mecanismo da inflamação não está totalmente claro, mas possivelmente envolve os efeitos quimioatraentes da nicotina, assim como os efeitos de espécies reativas de oxigênio contidas no fumo. Estas ativam o fator de transcrição NF-κB, que aciona os genes que codificam TNFe quimiocinas, incluindo IL-8. Estes, por sua vez, atraem e ativam os neutrófilos. 2. Os neutrófilos acumulados são ativados e liberam seus grânulos, ricos em uma variedade de proteases celulares (elastase neutrofílica, proteinase 3 e catepsina G), resultando em lesão tissular. 3. O tabagismo também aumenta a atividade da elastase em macrófagos; a elastase dos macrófagos não é inibida pela α1-antitripsina e, na verdade, pode digerir proteoliticamente esta antiprotease. Existem cada vez mais evidências de que, além da elastase, as metaloproteinasesda matriz derivadas de macrófagos e neutrófilos também atuam na destruição dos tecidos. Tabagismo tem papel na perpetuação do desequilíbrio de oxidantes-antioxidantes na patogenia do enfisema normal: pulmão com complemento saudável de antioxidantes (superóxido mutase, glutationa) → mantém lesão oxidativa mínima Fumação com espécies reativas de oxigênio/radicais livre → depleção dos mecanismos antioxidantes → dano tissular neutrófilos contribuem para o pool de espécies reativas de oxigênio nos alvéolos consequência secundária: lesão oxidativa → inativação das antiproteases nativas → deficiência funcional de α1- antitripsina mesmo em pacientes sem deficiência da enzima Perda de tecido elástico (recuo elástico) nas paredes dos alvéolos → redução da tração radial → colapso dos bronquíolos respiratórios durante a expiração → obstrução funcional do fluxo aérea (ausência de obstrução mecânica) Diversas alterações são observadas: 1. metaplasia de células caliciformes com muco obstruindo a luz. 2. infi ltração inflamatória das paredes por neutrófilos, macrófagos, células B (algumas vezes formando folículos), células T CD4 e CD8+. 3. espessamento da parede bronquiolar devido a hipertrofia de músculo liso e fibrose peribrônquica Alterações → estreitamento da luz bronquiolar → obstrução das vias aéreas Resumo - Fisiopatologia da DPOC 6 Curso clínico Manifestações clínicas começam a aparecer a partir da lesão de 1/3 do parênquima pulmonar Primeiro sintoma = dispneia progride de modo estável Queixa principal de alguns pacientes é tosse e sibilo → pode ser confundido com asma Tosse e expectoração são variáveis (dependem da extensão da bronquite associada) Perda de peso: comum; pode ser severa no nível de sugerir tumor maligno oculto Classicamente: tórax em barril dispneia prolongamento óbio da expiração senta-se inclinado para frente em posição encurvada respira por lábios franzidos Morte da maioria dos pacientes com enfisema: 1. acidose respiratória e coma 2. insuficiência cardíaca direita 3. colapso maciço dos pulmões secundários a pneumotórax Opções terapêuticas: broncodilatadores esteroides bulectomia cirurgia de redução do volume pulmonar (pacientes selecionados) e transplante de pulmão Bronquite crônica Definição clássica: o tosse persistente com produção de escarro por, no mínimo, 3 meses em pelo menos 2 anos consecutivos, na ausência de qualquer outra causa identificável Bronquite crônica, quando persiste por anos, pode: 1. progredir para DPOC 2. provocar cor pulmonale e insufuciência cardíaca 3. causar metaplasia atípica e displasia do epitélio respiratório → terreno fértil para transformação cancerosa Patogenia Fator primário = irritação de longa duração por substâncias inaladas como fumaça de tabaco (90% dos pacientes são fumantes) pós de grãos, algodão e sílica Característica mais precoce = hipersecreção de muco pelas vias aéreas, associada a uma hipertrodia das glândulas submucosas na traqueia e brônquios Neutrófilos → liberação de proteases (elastase neutrofílica, catepsina, metaloproteinases da matriz) → estímulo → hipersecreção de muco BC persiste → aumento das cél. caliciformes das pequenas vias aéreas → produção excessiva de muco → obstrução de vias aéreas Hipertrodia das glândulas submucosas e aumento das cél. caliciformes = reação mataplásica protetora contra fumaça de tabaco e poluentes A infecção é importante para a manutenção da BC e pode ser crítica na produção de exacerbações agudas Cigarro: Resumo - Fisiopatologia da DPOC 7 interfere na atividade ciliar do epitélio respiratório pode causar lesão direta do epitélio das vias aéreas inibe capacidade de eliminação de bactérias pelos leucócitos brônquicos e alveolares Aspectos Clínicos sintoma primordial = tosse persistente com produção de catarro eventualmente surge dispneia ao esforço com a passagem de tempo e continuação do tabagismo, outros elementos de DPOC podem aparecer: hipercapnia, hipoxemia, cianose leve muitos pacientes com DPOC apresentam BC e enfisema BC severa de longa duração: geralmente leva a cor pulmonale com insuficiência cardíaca Asma Distúrbio inflamatório crônico das vias aéreas que causa episódios recorrentes de sibilos, falta de ar, opressão torácica e tosse, particularmente à noite ou no início da manhã broncoconstrição difusa e limitação do fluxo aéreo (parcialmente reversível, espontaneamente ou com tratamento) Aspectos característicos: aumento da reatividade das vias aéreas a uma variedade de estímulos → broncoconstrição episódica inflamação das paredes dos brônquios aumento da secreção de muco Pacientes com asma apresentam crises de dispneia, tosse, sibilos de severidade variável decorrentes de episódios súbitos de broncoespasmo A asma pode ser classificada em: atópica (evidência de sensibilização a alérgenos, geralmente em um paciente com história de rinite alérgica, eczema) não atópica (sem evidência de sensibilização a alérgenos) Em qualquer delas, os episódios de broncoespasmo podem ser desencadeados por diversos mecanismos, como: infecções respiratórias (especialmente infecções virais) exposição ambiental a irritantes (p. ex., fumaça, vapores) ar frio estresse Resumo - Fisiopatologia da DPOC 8 exercício Asma Atópica Reação de hipersensibilidade tipo I (mediada por IgE) Geralmente começa na infância Desencadeada por alérgenos ambientais (poeira, pólen, excretas de baratas ou animais e alimentos) Asma não Atóica Não apresenta evidências de sensibilização a alérgenos Infecções respiratórias por vírus (rinovírus, vírus parainfluenza) = gatilhos comuns da asma não atópica Irritabilidade excessiva da árvore brônquixa Inflamação induzida por vírus da mucosa respiratória → diminuição do limiar dos receptores vagais subepiteliais aos irritantes Patogenia Asma atópica principais fatores etiológicos: predisposição genética à hipersensibilidade tipo I indivíduos propensos a desenvolver reações intesas de TH2 contra antígenos ambientais/alérgenos exposição a gatilhos ambientais Sensibilização inicial a alérgenos inalados → estimulam indução de cél. TH2 → secreção de citocinas → inflamação alérgica → produção de IgE e outros anticorpos pela cél. B citocinas: IL-4 (estimula produção de IgE) IL-5 (ativa eosinófilos recrutados localmente) IL-3 (estimula secreção de muco e também promove produção de IgE por cél. B) Exposição repetida ao alérgeno → mastócitos liberam conteúdo dos grânulos + citocinas e mediadores → reação de fase inicial (hipersensibilidade imedata) e reação de fase tardia Reação de fase imediata broncoconstrição desencadeada por estimulação direta de receptores vagais parassimpáticos subepiteliais por meio de reflexos centrais e locais aumento da produção de muco graus variáveis de vasodilatação com aumento da permeabilidade vascular Reação de fase tardia inflamação com recrutamento de leucócitos, eosinófilos, neutrófilos e cél. T mastócitos, cél. epiteliais e cél. T → quimiocinas → recrutamento de leucócitos cél. epiteliais produzem citocinas em resposta a agentes infecciosos, drogas, gases e mediadores inflamatórios 2° onda de mediadores estimulam reação tardia Com o tempo, surtos repetidos de exposição ao alérgeno e reações imunes resultam em alterações estruturais na parede brônquica, referidas como “remodelagem das vias aéreas”. Essas alterações, descritas mais detalhadamente adiante, incluem hipertrofia e hiperplasia da musculatura lisa brônquica, dano epitelial, aumento da vascularidade das vias aéreas, maior hipertrofia/ hiperplasia das glândulas mucosas subepiteliais e deposição de colágeno subepitelial. As complexas interações entre o sistema imunológico, o epitélio das vias aéreas e os tecidos mesenquimais nas vias aéreas são pouco compreendidas. Resumo - Fisiopatologia da DPOC 9 A e B. Comparação de um brônquio normal com o de uma pessoa com asma. Observar o acúmulo de muco na luz brônquica resultante do aumento no número de células caliciformessecretoras de muco na mucosa e de hipertrofia das glândulas submucosas. Além disso, ocorre inflamação crônica intensa devida ao recrutamento de eosinófilos, macrófagos e outras células inflamatórias. A membrana basal subjacente ao epitélio mucoso está espessada, e existem hipertrofia e hiperplasia das células musculares lisas. C. Alérgenos inalados (antígenos) estimulam uma resposta dominada por TH2, favorecendo a produção de IgE e o recrutamento de eosinófilos (preparação ou sensibilização). D. Na reexposição ao antígeno (Ag), a reação imediata é desencadeada pela ligação cruzada induzida por Ag de IgE ligada a receptores de IgE nos mastócitos. Essas células liberam mediadores pré-formados. Coletivamente, seja diretamente ou por reflexos neuronais, os mediadores induzem broncoespasmo, aumento da permeabilidade vascular e produção de muco e recrutam outras células liberadoras de mediadores do sangue. E. A chegada dos leucócitos recrutados (neutrófilos, eosinófilos e basófilos; linfócitos e monócitos) sinaliza o início da fase tardia da asma e uma nova rodada de liberação de mediadores de leucócitos, endotélio e células epiteliais. Os fatores, particularmente os dos eosinófilos (p. ex., proteína básica maior, proteína catiônica eosinofilica), também causam lesão do epitélio. GM-CSF, fator estimulante de colônias de granulócitos-macrófagos.
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