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MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 1 DPOC e bronquiectasia Características gerais do pulmão • Anatomia: o Macroscópica: Divido em lóbulos. ▪ Brônquios, bronquíolos, bronquíolos terminais (ácinos) e alvéolos. o Microscópica: Células epiteliais ciliadas pseudo-estratificadas, altas e colunares; células caliciformes mucossecretoras; glândulas submucosas. o Parede alveolar: Parede alveolar: endotélio capilar, membrana basal, tecido intersticial (fibroblastos), epitélio alveolar (tipo I e II), macrófagos alveolares MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 2 DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) É definida conceitualmente como: grupo de condições cujo sintoma principal é a dispneia e são acompanhados por obstrução permanente ou recorrente. Duas doenças são características desse grupo: o Enfisema e a Bronquite Crônica. • Conceito de obstrutiva: Doenças que diminuem a capacidade para a respiração • Conceito de restritivo: Uma doença restritiva tem como característica mecânica a baixa complacência pulmonar MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 3 É um problema de saúde pública (nos EUA é a 4°maior causa de morbidade e mortalidade). Além disso. Há associação com depressão, diabetes, câncer de pulmão, osteoporose, sedentarismo, entre outras comorbidades. • Fatores de risco: Alguns fatores de risco como: Tabagismo, poluentes ambientais, exposições nocivas estão intimamente ligados a esse grupo de doenças Enfisema É uma condição caracterizada por dilatação anormal e permanente dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal, acompanhada por destruição das suas paredes. Devido a isso, os pulmões perdem sua elasticidade natural e não conseguem esvaziar-se. • Tipos de enfisema: É definido a partir da base de distribuição anatômica dentro do lóbulo. o Centrolobular (centroacinar): Partes proximais ou centrais dos ácinos, formado pelos bronquíolos respiratórios são afetados. ▪ Tabagista de longa data e associação com bronquite crônica; ▪ Lesão mais grave no lobo superior. ▪ As paredes dos espaços enfisematosos frequentemente contêm grandes quantidades de um pigmento preto. o Panacinar/panlobular: Ácinos uniformemente dilatados desde o nível do bronquíolo respiratório até o alvéolo terminal. ▪ Associado a def. de alfa1-antitripsina; ▪ Lesão mais grave na base. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 4 o Parasseptal (acinardistal): Parte distal do ácino predominantemente envolvida. ▪ Proximidade com a pleura; espaços aéreos múltiplos; ▪ Causa de pneumotórax espontâneo em adulto jovem. o Irregular: Ácino envolvido de forma irregular, geralmente associado a áreas de fibrose e cicatrização. ▪ Em geral, assintomáticos (achados em autópsias); ▪ Forma mais comum de enfisema. • Patogênese: Leve inflamação crônica por todas as vias aéreas, parênquima e vasculatura pulmonar. o Há presença de células inflamatórias tipo macrófagos, linfócitos T e neutrófilos. o Mediadores inflamatórios são liberados pelas células inflamatórias ativadas. o A hipótese mais plausível para explicar a destruição das paredes alveolares é o mecanismo de protease-antiprotease, auxiliado e estimulado pelo desequilíbrio de oxidantes e antioxidantes. ▪ Sequencia para destruição da parede: 1. Os neutrófilos (a principal fonte de proteases celulares) são normalmente sequestrados em capilares periféricos, incluindo os do pulmão, e alguns têm acesso aos espaços alveolares. Irregular Panacinar MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 5 2. Qualquer estímulo que aumente o número de leucócitos (neutrófilos e macrófagos) no pulmão ou a liberação de seus grânulos contendo protease aumenta a atividade proteolítica. 3. Com baixos níveis séricos de α1-antitripsina, a destruição do tecido elástico não é reprimida, resultando em enfisema. ▪ Alfa 1 Antitripsina: • É uma glicoproteína circulante produzida no fígado. • Importante inibidor de várias proteases (Elastase, Tripsina, Quimiotripsina e Proteases bacterianas). • No pulmão, inibe a Elastase Neutrofílica, a qual digere a elastina e outros componentes estruturais dos septos alveolares. Considera-se que o enfisema resulte do efeito destrutivo de uma elevada atividade de protease em indivíduos com baixa atividade antiprotease • Fisiopatologia: Ocorre a destruição dos septos alveolares e do leito capilar pulmonar → Aumento da incapacidade de oxigenar o sangue → Ocorre diminuição do DC e hiperventilação compensatória → Fluxo sanguíneo limitado em um pulmão super ventilado. o Devido a diminuição do DC → Há hipoxemia tecidual e caquexia respiratória → Levando a diminuição da massa muscular e perda de peso. • Morfologia: o Macroscópica: Pulmões volumosos, palidez do parênquima, bolhas e cistos são vistos na superfície de corte do pulmão ▪ O enfisema avançado produz pulmões volumosos, muitas vezes sobrepostos ao coração e ocultando-o. Em geral, os dois terços superiores dos pulmões são afetados com maior severidade. Grandes vesículas ou bolhas apicais são mais características do enfisema irregular secundário a cicatrização e do enfisema acinar distal. Grandes alvéolos podem ser vistos facilmente na superfície de corte do pulmão inflado fixado com formalina. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 6 ▪ Raio X e TC: MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 7 o Microscopia: Alvéolos anormalmente grandes, com paredes por vezes rompidas, separados por finos septos de tecido conjuntivo; vasos e bronquíolos comprimidos; é comum processo inflamatório crônico associado. ▪ Adelgaçamento septal com pobreza celular. ▪ Hipertrofia da camada média muscular. • Sintomas e evolução clínica: As manifestações clínicas do enfisema não aparecem até que pelo menos um terço do parênquima pulmonar funcionante esteja lesado. o Sintomatologia surge em torno dos 60 anos ▪ Dispneia é o primeiro sintoma, com começo insidioso, mas com progressão de modo estável. ▪ Perda de peso, tosse e expectoração (bronquite associada) ▪ Taquipneia fase expiratória prolongada o RX com hiperinsuflação, pulmões aumentados/ diafragma deprimido/ aumento do diâmetro ântero-posterior(“tórax em barril”) o “Sopradores rosados” ▪ Classicamente, o paciente apresenta um tórax em barril e dispneia, com um prolongamento óbvio da expiração, senta-se inclinado para frente em uma posição encurvada e respira por lábios franzidos. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 8 o O desenvolvimento de cor pulmonale e, eventualmente, insuficiência cardíaca congestiva, relacionado à hipertensão vascular pulmonar secundária, está associado a um prognóstico desfavorável. o A morte na maioria dos pacientes com enfisema é decorrente de: 1. Acidose respiratória e coma; 2. Insuficiência cardíaca direita; 3. Colapso maciço dos pulmões secundário a pneumotórax o O paciente apresenta hipoxemia persistente e grave (PaO2 < 50mmHg) e/ou Hipercapnia grave (PaCO2 > 60mmHg). e/ou Acidose respiratória (pH < 7,35) Bronquite crônica É definida clinicamente como a existência de tosse produtiva persistente por pelo menos três meses de um ano, em 2 anos sucessivos e sem outras doenças subjacentes para justificar a tosse. Ela é definida por meio de critérios clínicos. Ela pode levar a uma Cor pulmonale/IC, causar metaplasia/displasia do epitélio respiratório (fumo). • Formas de apresentação: Bronquite crônica simples, Bronquite asmática crônica e Bronquite obstrutiva crônica • Epidemiologia:A bronquite crônica é uma doença do tabagismo, com 90% de todos os casos ocorrendo em tabagistas (fator primário e desencadeador). o Maior frequência e intensidade das infecções respiratórias agudas ocorrem em pacientes com bronquite crônica (exacerbação da doença). o Maior prevalência de bronquite crônica em moradores urbanos e trabalhadores expostos a inalantes industriais tóxicos (poeiras de grãos, algodão e sílica). • Patogenia: A característica inicial da bronquite crônica é a hipersecreção de muco nas grandes vias aéreas, associada a hipertrofia das glândulas submucosas na traqueia e brônquios. o Ocorre excesso de muco nas vias aéreas, espessamento das paredes brônquicas (aumento das glândulas e edema), aumento do número de células caliciformes, aumento da quantidade de músculo liso (hiper-reatividade brônquica) e metaplasia escamosa do epitélio brônquico. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 9 • Morfologia o Microscopia: Há presença de infiltrado inflamatório crônico na parede dos brônquios, congestão vascular e linfática, dilatação das glândulas secretoras de muco, metaplasia escamosa e displasia em epitélio brônquico, formação de plug mucosos, inflamação e fibrose da parede dos brônquios (obliteração casos mais graves); MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 10 o Macroscopia: Grande quantidade de secreção e pus preenchendo os brônquios e bronquíolos, hiperemia, dilatação e edema das mucosas. • Manifestações clínicas: O sintoma primordial da bronquite crônica é uma tosse persistente com produção de escarro (habitualmente mucosa, branca, mas poderá ser amarelada ou esverdeada em situações de infeção o Com o tempo pode surgir fadiga, dispneia (inicialmente a grandes esforços) o A evolução da doença começa a interferir com as atividades diárias e o paciente sente falta de ar quando realiza pequenos esforços, como por exemplo tomar banho), desconforto torácico, cor pulmonale e IC quando grave. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 11 OBS! Enfisema x bronquite Bronquiectasia O conceito de bronquiectasia é: Infecção necrosante crônica dos brônquios e bronquíolos, que resulta em dilatação anormal dessas vias aéreas ou está associada a ela. São dilatações (permanente) da árvore brônquica distal, secundárias à destruição dos elementos como cartilagem, músculo liso e glândulas, geralmente por infecções de repetição. A perda do epitélio ciliado favorece o acúmulo de secreções, infecção secundária e progressão da bronquiectasia • Etiopatogenia: Pode ocorrer por: o Obstrução brônquica (tumor, corpo estranho, impactação de muco, doenças obstrutivas da via aérea) o Doenças congênitas ou hereditárias (bronquiectasiacongênita, fibrose cística, sequestro intralobardo pulmão, estados de imunodeficiência, síndrome dos cílios imóveis ou de Kartagener) o Pneumonia necrosante por agentes como bactérias, vírus, fungos (TB ou Stafilomais comuns). o Obstrução e infecção são as principais condições associadas à bronquiectasia e é provável que ambas sejam necessárias para o desenvolvimento de lesões completas, embora qualquer uma das duas possa MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 12 ocorrer primeiro. Após uma obstrução brônquica, os mecanismos de eliminação normais estão prejudicados, ocorre acúmulo de secreções distalmente a obstrução e inflamação das vias aéreas. Inversamente, infecções severas dos brônquios levam à inflamação, frequentemente com necrose, fibrose e eventualmente dilatação das vias aéreas. • Morfologia: o Macroscopia: Vias aéreas dilatadas até 4x o tamanho normal; ▪ Bronquiectasia cilindroide, fusiforme, sacular; ▪ Brônquios e bronquíolos tangenciam a superfície pleural, produzindo um padrão quase cístico na superfície de corte do pulmão. o Microscopia: Intensa exsudação inflamatória aguda e crônica no interior da parede dos brônquios e bronquíolos, com descamação do epitélio de revestimento, e extensas áreas de ulceração e necrose. ▪ Na parede da bronquiectasia, as alterações mais importantes são a ausência de cartilagem, músculo liso e glândulas, destruídos pelo processo inflamatório crônico. ▪ Pode haver formação de abscesso pulmonar. ▪ Nos casos mais crônicos há fibrose da parede. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 13 MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 14 • Manifestações clínicas: o A bronquiectasia geralmente afeta os lobos inferiores bilateralmente, particularmente as passagens aéreas verticais, e mais severa nos brônquios mais distais e bronquíolos. o Tosse intensa e persistente, caráter paroxístico/pela manhã o Expectoração (odor fétido e sanguinolento) o Dispnéia e ortopnéia, cianose (casos mais graves) o Febre (dependendo do patógeno) o Complicações pouco frequentes: cor pulmonale, abscessos cerebrais metastáticos e amiloidose. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 15 Asma É um distúrbio inflamatório crônico das vias aéreas, causado por uma reação imunológica que causa episódios recorrentes de sibilos, falta de ar, opressão torácica e tosse, particularmente à noite ou no início da manhã, associados, geralmente, a uma broncoconstrição difusa. • Aspectos característicos o Aumento da reatividade das vias aéreas; o Broncoconstrição episódica; o Inflamação das paredes dos brônquios; o Aumento da secreção de muco. • Classificação o Asma atópica (poluentes aéreos + infecções virais): Comum em crianças pequenas na virada de estação; ▪ Este tipo mais comum de asma é um exemplo clássico de reação de hipersensibilidade mediada por IgE de tipo 1. A doença geralmente começa na infância e é desencadeada por alérgenos ambientais, como poeira, pólen, excretas de baratas ou animais e alimentos. Uma história familiar positiva para asma é comum, e um teste cutâneo com o antígeno agressor nesses pacientes resulta em uma reação papuloeritematosa imediata. o Asma não atópica (infecções virais, sem relação com poluentes); ▪ Os pacientes com a forma não atópica da asma não apresentam evidência de sensibilização a alérgenos; os resultados dos testes cutâneos alérgicos são geralmente negativos. A história familiar positiva de asma é menos comum. Infecções respiratórias associadas à etiologia viral (rinovírus, parainfluenza) são gatilhos comuns. Poluentes inalados do ar, como dióxido de enxofre, ozônio e dióxido de nitrogênio, também podem contribuir para a inflamação crônica e a hiperreatividade das vias aéreas que estão presentes em alguns casos. o Asma induzida por drogas (aspirina); ▪ Diversos agentes farmacológicos provocam asma, sendo a aspirina o exemplo clássico. Os pacientes com sensibilidade à aspirina apresentam sinais recorrentes de rinite e pólipos nasais, urticária e broncoespasmo. O mecanismo preciso permanece desconhecido, porém presume-se que a aspirina iniba a via da cicloxigenase do metabolismo do ácido araquidônico, entretanto, sem afetar a via da lipoxigenase; em última instância, há uma mudança em direção à produção de leucotrienos que causam broncoespasmo. o Asma ocupacional. ▪ A asma ocupacional é estimulada por vapores (resinas de epóxi, plásticos), pós químicos e orgânicos (madeira, algodão, platina), gases MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 16 (tolueno) e outros compostos químicos. Os ataques de asma usualmente desenvolvem-se após exposição repetida ao antígeno incitante. • Patogenia o Na asma atópica: predisposição genéticaà hipersensibilidade de tipo 1 → exposição a gatilhos ambientais → produção de IgE; o Na asma não atópica: mecanismo menos compreendido, relacionada com infecções virais e poluentes do ar inalados (dióxido de enxofre, ozônio e dióxido de nitrogênio), níveis de IgE normais; • Morfologia o Macroscopia: ▪ Hiperinsuflação, podendo haver áreas de atelectasia; ▪ Oclusão de brônquios e bronquíolos por tampões de muco espessos e aderentes; o Microscopia: ▪ Numerosos eosinófilos; ▪ Remodelamento das vias aéreas: • Espessamento da membrana basal do epitélio bronquial; • Edema e infiltrado inflamatório nas paredes brônquicas. Na imagem a seguir do Robbins: (A e B) Comparação entre os brônquios de pacientes normais e asmáticos. Observe o acúmulo de muco na luz brônquica, resultado direto do aumento do número de células caliciformes secretoras de muco na mucosa e hipertrofia das glândulas submucosas. Ademais, há inflamação crônica intensa associada ao recrutamento de eosinófilos, macrófagos e outras células inflamatórias. A membrana basal abaixo do epitélio da mucosa apresenta-se espessada, e a musculatura lisa exibe hipertrofia e hiperplasia. (C) Os alérgenos inalados desencadeiam uma resposta com predomínio de células Th2 favorecendo a produção de IgE e o recrutamento de eosinófilos (iniciação e sensibilização). (D) Mediante a reexposição ao alérgeno (antígeno), a reação imediata é estimulada pela ligação cruzada induzida por antígeno; a reação ocorre entre a IgE e seus receptores nos mastócitos das vias aéreas. Os mastócitos liberam mediadores pré-formados. Os mediadores induzem broncoespasmo, aumento da permeabilidade vascular e produção de muco diretamente ou através de estímulos neuronais, além de recrutar células sanguíneas adicionais, também capazes de liberar mediadores. (E) O aporte dos leucócitos recrutados (neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos e monócitos) sinaliza a iniciação da fase tardia da asma e um novo ciclo de liberação de mediadores dos leucócitos, endotélio e células epiteliais. Fatores, principalmente dos eosinófilos (p. ex., proteína principal básica, proteína catiônica dos eosinófilos), também danificam o epitélio. IgE, imunoglobulina E. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 17 MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 18 Asma vs DPOC
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