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Patologia do Sistema Digestório: estômago 1 Patologia do Sistema Digestório: estômago Gastrites O que é: inflamações aguda ou crônicas do estômago Principais causas: infecção, autoimunidade, isquemia, álcool, tabaco, medicamentos (AINES, QT), refluxo duodenogástrico (bile), corrosivos, hipersecreção ácida Manifestações clínicas: variam conforme a gravidade, podendo incluir epigastralgia, hematêmese e melena Gastrites por estresse fisiológico O que é: doença aguda, associada a insuficiência/instabilidade hemodinâmica (politraumas, grandes queimaduras, distúrbios intracranianos, doenças graves) Epidemiologia: mais de 75% dos pacientes criticamente doentes Etiopatogênese: causada pela hipóxia (isquemia/choque) imposta à mucosa gástrica e/ou disfunção do núcleo vagal (hiperestimulação da secreção péptica) Manifestações: erosões focais até ulcerações difusas da mucosa (úlceras de estresse), com áreas de hemorragia e possível perfuração; pode acompanhar esofagite e duodenite Gastrite infecciosa Epidemiologia: Principal entidade inflamatória do estômago (>90% das gastrites) e uma das mais comuns doenças inflamatórias Manifestações: doença crônica e em geral subclínica (inclusive na fase aguda); Pode evoluir com ulceração da mucosa (20%); pode evoluir como pangastrite em longo prazo Malignidade: Associa-se a risco aumentado (de até 70%) para malignidades gástricas (adenocarcinoma, linfoma) Agente causal: A bactéria H. pylori (presente em até 80% da população) é implicada como agente causal Transmissão: oral-oral ou fecal-oral, normalmente na infância Etiopatogênese: urease bacteriana age sobre a ureia endógena produz amônio, diminui a acidez local, ambiente fica menos inóspito ao bacilo; amônio provoca o enfraquecimento da barreia mucosa (↓HCO2, lise de mucinas), favorecendo a autoagressão; fatores de virulência específicos (cag-A, ice-A) causam danos adicionais ao epitélio (inclusive potencial oncogênico) Local de acometimento: Acomete o antro gástrico (antro não tem glândula secretora de ácido, sendo assim, menos ácido) Morfologia: A presença de neutrófilos permeando o epitélio sinaliza franca atividade inflamatória (“agudização”); observa-se também atrofia glandular progressiva e metaplasia colunar (do tipo intestinal) Gastrite autoimune Patologia do Sistema Digestório: estômago 2 Epidemiologia: Segundo tipo mais comum, resultante de atividade autoimune contra células parietais Idade média ao diagnóstico: 60 anos (por evolução lenta e silenciosa) Associação com outras doenças autoimunes: Hashimoto, Graves, Addison, Diabetes 1, Vitiligo Causa: desconhecida Malignidade: risco elevado para adenocarcinoma Região de acometimento: difusamente o corpo e fundo, poupando o antro [glândulas oxínticas (produtoras de ácido) que são os alvos da gastrite autoimune] Possível observar: atrofia glandular (linfócitos T destroem células parietais) e hiperplasia de células G (hipergastrinemia compensatória); Áreas de metaplasia colunar do tipo intestinal podem ser observadas; pode haver ulceração da mucosa Consequência da cronicidade: anemia perniciosa e neuropatias centrais e periféricas Gastrite química O que é: gastrite induzida por drogas ou outros agentes químicos Causa principal: associada ao uso de AINEs AINEs inibem a síntese de prostaglandinas, viabilizando a autoagressão péptica (aliada à agressão tópica medicamentosa) Outras causas: álcool e refluxo biliar (agressão alcalina) são causas menos frequentes Fatores de agravo: Idade avançada, infecção por H. pylori e tabaco Evolução: aguda ou crônica, conforme o agente e grau de exposição Podemos observar: presença de células inflamatórias é tipicamente discreta Manifestações: áreas de erosão e focos hemorrágicos podem ser observados, bem como ulceração da mucosa; potencialmente grave/letal Úlcera péptica Possíveis causas: Em geral associada à gastrite por H. pylori ou uso de AINEs Complicação possível das gastrites – [também ocorre em duodeno] Fatores que corroboram: álcool e tabaco Manifestações clínicas: epigastralgia em queimação, tipicamente pós-prandial ou noturna Características: em geral solitária e localizada (70% dos casos) no antro gástrico, junto à curvatura menor, na incisura angular; pode cursar com hemorragia (20%) e/ou complicar com perfuração (5% (causa mais comum de abdome agudo perfurativo); lesão ovalada escavada, de contornos bem definidos, em geral menor que 1cm Consequências da cronicidade: pode haver fibrose e estenose pilórica (prejuízos ao esvaziamento gástrico) Podemos observar: debris necroinflamatórios, tecido de granulação e material fibroso compõem o fundo da lesão Pólipo hiperplásico Patologia do Sistema Digestório: estômago 3 O que é: elevação nodular da mucosa, decorrente de hiperplasia do epitélio Epidemiologia: Formação polipoide mais comum do estômago (75% dos pólipos gástricos) Idade: Mais frequente em homens 50-60 anos Relacionado a qual condição: gastrite crônica Malignização: não está associado a risco distinto de malignização Patogênese: Resulta de regeneração excessiva após danos à mucosa Características: Geralmente múltiplos, comumente localizados no antro; aspecto séssil ou pediculado, medindo em média 1cm Diagnóstico: requer exame histopatológico Pólipo adenomatoso (adenoma) O que é: proliferação neoplásica (benigna) do epitélio gástrico, intraepitelial (limitada pela membrana basal) Epidemiologia: Representa 10% dos pólipos gástricos Idade: Mais comum em homens 50-60 anos Relacionado a qual condição: quase sempre observado no contexto de gastrite crônica (em especial se havendo metaplasia e atrofia) Malignidade: potencial variável de evolução para malignidade – adenocarcinoma; Lesões maiores que 2cm e/ou com displasia de alto grau associam-se a maior risco de malignização Características: Nódulo solitário, séssil ou pediculado, medindo em média 1cm; epitélio em geral exibe fenótipo intestinal, com atipias de grau variável Adenocarcinoma Epidemiologia: Neoplasia maligna mais comum do estômago (90% dos casos); Quarta malignidade (não cutânea) mais comum Idade: Maioria entre 50-60 anos Fatores de risco: Tabaco, álcool e obesidade associam-se a maior risco Fatores que diminuem o risco: dieta rica em fritas e hortaliças (micronutrientes, antioxidantes) Manifestações clínicas: dor epigástrica, plenitude, melena, hematêmese Etiopatogênese: complexa e multifatorial → Gastrite crônica por H. pylori (em especial na vigência de metaplasia e atrofia) predispõe à oncogênese (a maioria das gastrites, contudo, não evolui para neoplasia) → Adenomas são considerados potenciais precursores diretos → Mutações dos genes CDH1 e TP53 estão comumente implicadas Costuma ser localizado em qual parte do estômago: antro – junto à curvatura menor – ou corpo gástrico Aspecto morfológico: tipicamente de vegetação ou úlcera com contornos irregulares, pode exibir-se como placa discreta, pode infiltrar difusamente a parede gástrica (linitis plástica) Subtipos histopatológicos (classificação de Laurén): Patologia do Sistema Digestório: estômago 4 Intestinal – arquitetura tubular/papilar – mais comum Difuso – células pouco coesas – pior prognóstico Metástases do subtipo intestinal: típicas no fígado e pulmões, por via hematogênica Metástases do subtipo difuso: comum disseminação peritoneal Diagnóstico: muitas vezes tardio (na vigência de metástases) Sobrevida geral: em 5 anos menor que 30% Linfoma O que é: Neoplasia maligna de células linfoides (em geral da linhagem B) que surge no tecido linfático associado à mucosa (MALT) Epidemiologia: representa 5% das neoplasias gástricas malignas (o estômago é o sítio mais comum de linfomas extra-linfonodais) Idade: Maioria em torno dos 50 anos Comportamento: em geral de agressividade local (bom prognóstico) Patogênese: ligada à inflamação crônica da mucosa induzida pelo H. pylori (cuja erradicação, nos estágios iniciais da doença, é capaz de promover sua regressão)Estímulo crônico (infecção) à proliferação de linfócitos eventualmente leva ao surgimento de clones autônomos (neoplásicos) Fatores individuais e ambientais corroborantes permanecem em investigação Aspecto morfológico: em geral no antro, exibindo aspecto polipoide, placoide ou ulcerado (mas pode não haver tumoração evidente); densa população de células linfocitoides (imunofenótipo B), que invadem e destroem as glândulas mucosas, podendo estender-se à profundidade da parede gástrica Principais tipos histopatológicos: Linfoma da zona marginal (do folículo linfático) e linfoma difuso de grandes células B Tumor estromal gastrointestinal (GIST) Epidemiologia: Neoplasia mesenquimal mais comum do estômago (80%) cujo comportamento pode ser benigno (75%) ou maligno; estômago é o sítio mais frequente de tumores estromais no tubo digestório (60%) Idade: Maioria entre os 40 e 60 anos Manifestações clínicas: Em geral subclínico, mas pode haver sangramentos ou sintomas decorrentes de “efeito de massa” (conforme tamanho e localização) Origem: células estimulantes intersticiais (de Cajal), que atuam junto ao plexo mientérico (coordenação da peristalse) Mutações: do gene C-KIT, expresso nas células neoplásicas, estão implicadas na patogênese Causas: permanecem em investigação Aspectos morfológicos: Em geral nódulo solitário, intramural e bem circunscrito, “carnoso”, de tamanho variável, recoberto por mucosa intacta ou ulcerada; Áreas císticas e necro-hemorrágicas podem ser observadas; grande volume (>10cm) associa-se a maior agressividade Patologia do Sistema Digestório: estômago 5 Microscopia: Elevada contagem de mitoses (à microscopia) é importante fator preditivo para comportamento maligno Metástases: em geral restritas à cavidade abdominal; metástases linfonodais são raras Diagnóstico: auxiliado por estudo imuno-histoquímico Nathália Farias
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