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CARACTERÍSTICAS DAS MODALIDADES ESCRITA E FALADA DA LÍNGUA CULTA E DA LÍNGUA POPULAR

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22 
 
sinônimos, falta de domínio ou compreensão dos elementos da coesão. Por isso, 
apresentam, em seus textos, repetições de palavras de um mesmo campo lexical 
(BALBUENO, 2017). 
 
6 CARACTERÍSTICAS DAS MODALIDADES ESCRITA E FALADA DA LÍNGUA 
CULTA E DA LÍNGUA POPULAR 
Tanto a língua culta quanto a língua popular, também identificada como 
coloquial, possuem variantes que diferenciam as suas modalidades escrita e falada. 
Assim, sempre que ouvimos uma conversa, ainda que não prestemos muita ou 
quase nenhuma atenção ao assunto, somos capazes de formar distintas opiniões 
para qualificar socialmente os sujeitos envolvidos de acordo com as escolhas 
linguísticas que fazem. Por outro lado, ainda que não dominemos as diferenças 
entre as modalidades da língua, já trazemos conosco certo conhecimento de mundo 
que nos permite identificar tais nuances da linguagem (BUCHWEITZ, 2019). 
Camacho (2004, documento on-line) destaca que: 
[...] é possível identificar as características sociais de um falante 
desconhecido com base em seu modo de falar. Podemos facilmente 
concluir que toda língua comporta variedades: (a) em função da identidade 
social do emissor; (b) em função da identidade social do receptor; (c) em 
função das condições sociais de produção discursiva. 
Isso quer dizer que as características principais das modalidades escrita e 
falada, sejam da língua portuguesa ou de outros idiomas, são intrínsecas ao 
contexto social dos sujeitos participantes do discurso — oral ou escrito. Portanto, o 
emissor está sujeito também a variedades geográficas, ou diatópicas, e 
socioculturais, ou diastráticas. Somado a isso, quanto ao receptor e às condições 
sociais, têm-se as variedades estilísticas, ou diafásicas, que se referem ao grau de 
formalidade da situação e ao ajustamento do emissor à identidade social do 
receptor. Nesse sentido, quanto mais o emissor e o receptor mantêm contato entre 
si, mais provável é a semelhança entre os seus modos de comunicar-se. 
 
23 
 
Por outro lado, outras características interferem a comunicação no que diz 
respeito aos sujeitos que a realizam. Para Camacho (2004, documento on-line): 
Fatores como idade, gênero e ocupação motivam o aparecimento de 
linguagens especiais que contrastam com a linguagem comum por 
consistirem em variedades dialetais próprias das diversas 
subcomunidades linguísticas, cujos membros compartilham uma forma 
especial de atividade, sobretudo na esfera profissional, mas também 
científica e lúdica. 
Podemos perceber o apontado pelo autor ao observarmos diferentes 
gerações de indivíduos, com especial interesse nas gírias por eles adotadas e nos 
seus jeitos de falar. Quanto às gírias, Camacho (2004, documento on-line) destaca 
que podem estar relacionadas à criação “[...] de neologismos por força de 
necessidades expressivas”, mas também a uma “[...] demanda especial, em certos 
grupos, por forte coesão social, cuja consequência é a exclusão, via linguagem, dos 
que não fazem parte do grupo”. A adoção de gírias com vistas à exclusão de sujeitos 
que não pertencem a certos grupos é constatada com maior frequência em 
comunidades linguísticas integradas por adolescentes e jovens, o que podemos 
interpretar como uma maneira de proteger-se de críticas ou intromissões provindas 
de adultos ou idosos, dado o habitual conflito entre gerações. 
Vale ressaltarmos que a diversidade linguística não pode ser usada para 
separar os indivíduos em função do seu modo de falar ou de escrever. Um mesmo 
falante pode adotar diferentes variantes para expressar-se de acordo com o 
contexto no qual se encontra. Logo, você, como estudante de Letras e futuro 
professor, precisa ter consciência dessa diversidade e deve saber transitar entre os 
distintos modos de expressão para adequar-se da melhor maneira possível às 
situações interlocucionais que se apresentarem na sua trajetória profissional. Frente 
a isso, você jamais deve usar a língua para inferiorizar alguém por, supostamente, 
“falar errado”. A consciência linguística deve fundamentar a sua vida docente, já 
que, em cada contexto, você deve saber como interagir da melhor forma com os 
envolvidos. Por exemplo, na sala de aula da universidade, você deve utilizar a 
norma culta padrão, visto que, no meio acadêmico, ela se constrói e serve como 
mediadora da comunicação; porém, se você estiver no bar com os seus amigos, 
 
24 
 
pode usar variações como “cê” em vez de “você”, “tá” em vez de “está”, “massa” em 
vez de “legal” ou “ótimo”, dentre tantas outras, possíveis e socialmente aceitáveis 
em uma conversa informal (BUCHWEITZ, 2019). 
Em suma, uma situação de comunicação e interação qualquer caracteriza: 
 O contexto social; 
 O assunto; 
 A identidade do interlocutor/receptor. 
Até este ponto dos nossos estudos, você leu, principalmente, sobre as 
características da linguagem falada. No que concerne à escrita, você deve 
conscientizar-se de que “[...] a pedagogia da língua materna deve valorizar o 
princípio de que todos os falantes são capazes de adaptar seu estilo de fala à 
diversidade das circunstâncias sociais da interação verbal e de discernir que formas 
alternativas são as mais apropriadas” (CAMACHO, 2004, documento on-line). 
Nesse sentido, a escrita deve ser sempre a mais próxima possível da norma culta 
da língua. Como professor, você deverá intermediar a construção do processo 
escrito do aluno, gradualmente, isto é, de forma evolutiva. 
Camacho (2004, documento on-line) também destaca que: 
Em geral, indivíduos de baixa escolarização e que exercem atividades 
produtivas que não exigem senão habilidades manuais tendem a ser 
menos estimulados quanto à capacidade de operar com regras variáveis 
(ao menos no âmbito de seu trabalho). Nesse caso, como lhe foram 
vedadas as possibilidades de adaptar seu estilo às circunstâncias de 
interação, a variedade que usam acaba representando uma poderosa 
barreira para toda possibilidade de ascensão social que depender de 
capacidade verbal. Cabe ao sistema escolar cuidar para que as formas da 
variedade-padrão sejam desde cedo ensinadas à criança, para que, 
quando adulto, ela incorpore em seu acervo o máximo possível de formas 
padrão, tornando-se, assim, capaz de adequar a expressão verbal às 
circunstâncias de interação. A pedagogia da língua materna deve valorizar 
o princípio de que todos os falantes são capazes de adaptar seu estilo de 
fala à diversidade das circunstâncias sociais da interação verbal e de 
discernir quais formas alternativas são as mais apropriadas. 
Portanto, ainda que, inicialmente, o sujeito em processo de construção do 
seu conhecimento não escreva de acordo com a norma padrão da língua e a sua 
escrita esteja mais próxima da fala, a mediação deverá ser realizada pelo professor, 
com os devidos cuidados em relação a equívocos do aluno. Os desvios da norma 
 
25 
 
culta serão normais até que as regras gramaticais sejam dominadas, de modo que, 
conforme ele adquirir o conhecimento necessário, a sua escrita se modificará, em 
um processo natural e gradual (BUCHWEITZ, 2019). 
A seguir, discutiremos um pouco mais as variações linguísticas. 
6.1 Variação linguística 
As variações linguísticas ocorrem de acordo com o meio no qual os sujeitos 
encontram-se. Cada classe social ou região geográfica conta com peculiaridades 
nos modos de falar dos seus membros. Segundo Camacho (2004, documento on-
line): 
[...] toda língua varia, isto é, não existe comunidade linguística alguma em 
que todos falem do mesmo modo e [...], por outro lado, a variação é o 
reflexo de diferenças sociais, como origem geográfica e classe social, e de 
circunstâncias da comunicação. Com efeito, um dos princípios mais 
evidentes desenvolvidos pela linguística é que a organização estrutural de 
uma língua (os sons, a gramática, o léxico) não está rigorosamente 
associada com homogeneidade; pelo contrário, a variação é uma 
característica inerente das línguas naturais.Dessa forma, você pode perceber o quanto é importante para a sua 
trajetória profissional entender as peculiaridades das falas dos seus futuros 
educandos. Muitas vezes, os próprios indivíduos, inseridos nos seus contextos, 
creem falar erroneamente, tendo em vista que há uma cultura de “falar certo” ou 
“falar errado” sendo reforçada pelos que desfrutam da norma culta, mas possuem 
sensibilidade bastante para compreender as diferenças sociolinguísticas. Em sala 
de aula, você perceberá que cada educando traz singularidades sociais para o 
contexto escolar, cabendo aos professores o cuidado para evitar discriminações 
linguísticas na turma. 
Vejamos algumas situações de uso da linguagem coloquial nos casos a 
seguir. 
 
 
 
 
26 
 
Caso 1 
O sujeito reclama à sua mãe: “Farta muito pra essa veia se mexê?” 
O que se tem: 
 
 Na palavra falta, cuja letra “l” geralmente é representada na fala pelo 
fonema /u/, nesse caso assume o som de /ɾ/; 
 Na palavra velha, cuja partícula “lh” costuma ser representada na fala 
pelo fonema /ʎ̝/, nesse caso assume o som de /i/; 
 Na palavra mexer, ocorre o apagamento do último fonema, /ɾ/, 
representado na escrita pela letra “r”. 
 
Interpretação: provavelmente, o falante é de baixa escolaridade ou provém 
de área rural. 
Caso 2 
Um vizinho diz ao outro: “Os vizinho não chega nunca pra proseá”. 
O que se observa: 
 
 Diferença entre as concordâncias nominal e verbal, evidenciada pelo 
artigo definido no plural “os”, anunciando que se seguirá um sujeito 
pertencente também ao plural, sendo que o que se segue é um 
sujeito da 3ª p. sing. (“vizinho” = ele) e um verbo que concorda com 
essa pessoa (“chega”); 
 A variação lexical “proseá” como sinônimo de “conversar” 
 
Interpretação: provavelmente, o falante é de baixa escolaridade ou provém 
de área rural de uma região específica do País. 
 
Ademais, cabe destacarmos algumas particularidades da linguagem 
coloquial: 
 
27 
 
 A palavra falta possui ‘l’ ao final da primeira sílaba; 
 Se comparada a uma palavra com ‘l’ no início da sílaba, como lápis 
ou ladeira, as mesmas substituições do fonema /l/ por /u/ ou /ɾ/ não 
sucederão, uma vez que nenhum falante nativo da Língua 
Portuguesa pronunciará “rápis”, embora fale “farta”, conforme o caso 
1; 
 É comum ouvirmos “Os vizinho não chega”, mas jamais “O vizinhos 
não chegam” de um falante nativo, motivo pelo qual podemos afirmar 
que o primeiro enunciado é gramatical e o segundo, agramatical. 
 
Tais observações indicam que há uma regra para a variedade popular, “[...] 
motivada pela organização sintática do Português, que permite a ausência de 
pluralidade nos últimos constituintes de uma locução, mas não no primeiro da série, 
que, via de regra, deve vir marcado com o plural” (CAMACHO, 2004, documento 
on-line). Posto isso, Camacho (2004, documento on-line) afirma que: 
[...] esses fatos linguísticos nos levam a concluir também que a variação 
não é um processo sujeito ao livre arbítrio de cada falante, que se 
expressaria, assim, do jeito que bem entender; muito pelo contrário, a 
variação é um fenômeno regular, sistemático, motivado pelas próprias 
regras do sistema linguístico. 
Portanto, enquanto professor de linguagens, você deve estar ciente de que 
mesmo os falantes da variante popular seguem alguma regra para a formulação das 
suas orações. Em contraposição, eles não seguem as regras da língua culta. Nesse 
sentido, pensar que a língua, seja ela qual for, é única, invariável e que há um único 
modo “correto” de usá-la configura um mito. 
 
 
28 
 
 
6.2 Variação regional, ou geográfica 
Conhecida como variação regional, ou diatópica (do grego dia = através e 
topos = lugar), relaciona-se às diferenças linguísticas observadas entre falantes 
oriundos de regiões distintas de um mesmo país ou de diferentes países (GÖRSKI; 
COELHO, 2009). 
Exemplos: 
 
 A língua portuguesa do Brasil, de Portugal e de certos países 
africanos: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São 
Tomé e Príncipe e, mais recentemente, Guiné Equatorial. 
 A língua portuguesa do Nordeste, do Sul e das demais regiões ou 
estados brasileiros. 
 
29 
 
6.3 Variação social 
Também conhecida como variação diastrática, refere-se a fatores que 
dizem respeito “[...] à organização socioeconômica e cultural da comunidade” 
(GÖRSKI; COELHO, 2009, documento on-line). Nesse caso, são importantes 
quesitos de variação a classe social, o sexo, a idade, o grau de escolaridade e a 
profissão dos indivíduos. 
Exemplos: 
 Vocalização do /-lh-/ > /-i-/, como em mulher/muié 
 Rotacização do /-l-/ > /-r-/ em encontros consonantais, como em 
blusa/brusa. 
 Assimilação do /-nd-/ > /-n-/, como em cantando/cantano. 
 Concordância verbo-nominal, como em as meninas chegaram 
cedo/as menina chegou cedo. 
6.4 Variação estilística 
Também denominada variação contextual, ou de registro, manifesta-se em 
diferentes situações comunicativas do dia a dia. Quando o contexto sociocultural 
exige maior formalidade: 
[...] usamos uma linguagem mais cuidada e elaborada – o registro formal; 
em situações familiares e informais, usamos uma linguagem coloquial – o 
registro informal [...]. A variação estilística é regulada pelos domínios em 
que se dão as práticas sociais (escola, igreja, lar, trabalho, clube, etc.), 
pelos papéis sociais envolvidos (professor-aluno, pai-filho, patrão-
empregado, etc.), pelo tópico (religião, esporte, brincadeiras, etc.) 
(GÖRSKI; COELHO, 2009, documento on-line).

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