Prévia do material em texto
Sara Rodrigues GINECOLOGIA PREMATURIDADE Definição · Contrações uterinas que resultam em alterações do colo uterino antes de 37 semanas ou 259 dias • Prematuridade ou pré-termo: qualquer nascimento que ocorre de 20 a 37 semanas Critérios clínicos para o diagnóstico do TPP são: • Quatro ou mais contrações uterinas rítmicas e dolorosas em 20 minutos (min), • ou 8 ou mais contrações em 60 min. • Dilatação cervical ≥ 3 cm e/ou amolecimento, centralização e apagamento ≥ 80%. 80% dos partos prematuros acontecem espontaneamente como resultado do trabalho de parto prematuro(50%) ou de rpmo(30%) e/ou intercorrências maternos ou fetais (20%) Intercorrências: · Gestação múltiplas (10-30%) · Pre eclampsia /eclampsia(12%) · Sangramentos vaginais - placenta previa e descolamento prematuro de placenta (6 -9%) · Restrição de crescimento fetal (2-4%) · Outras (8-9%) Epidemiologia OMS 15 milhões de recém nascidos prematuros 10% dos partos Principal causa de morte em crianças com <5anos · • Brasil: prematuro moderado a tardio são a maioria dos prematuros · • Principal consequência: disfunção neurológica Prematuro extremo:<28sem Muito prematuro: 28-31 sem Prematuro moderado: 32-34 Prematuro tardio: 34-36 sem +6dias Etiologia e fisiopatogenia · Quatro principais mecânicos patogênicos deflagram o parto 1. Ativação prematura do HHA materno ou fetal (estresse) 2. Resposta inflamatória exagerada, infecção e/ou alteração da microbiota do trato genital 3. Hemorragia decidual 4. Distensão uterina patológica · Mecanismos determinam o esvaecimento cervical muito antes que o TPP ou RPMO se tornem evidentes Ativação do eixo hipotálamo hipófise · Isquemia uterino placentária ativo HHA aumento do hormônio adrenocorticotrófico · Cortisol hormônio liberador de coricotrofina prostaglandina esvaecimento --> TPP · estresse/depressão (2x) Resposta inflamatória exagerada · lactobacilos flora predominante e sua redução se correlaciona inversamente com a idade gestacional no parto · flora normal 75% menor chance de tpp Hemorragia decidual · sangramento vaginal por hemorragia decidual está associado ao alto risco de TPP e de RPMO · proteases e cadeias livres de hg ativam a imunidade inata e desencadeiam o processo inflamatório causa tpp e rpmo Distensão uterina patológica 1. gestação múltipla 2. Polidramnia 3. Ascite/ edemas Estiramento interrompe as junções ativam receptores de ocitocina produzem citocinas inflamatórias Fatores de risco 1. Sociodemográficos e obstétricos 2. ETNIA NEGRA 3. IDADE MATERNA a. Se < 18 anos (adolescentes) – a possível imaturidade fisiológica e fatores socioeconômicos aumentam o risco para gestantes adolescentes b. Se > 40 anos – maior prevalência de doenças crônicas (diabetes mellitus, hipertensão arterial e tireoidopatias) 4. ESTADO NUTRICIONAL 5. Baixo nível sociocultural 6. Cirurgia cervical previa a. Exame clínic e ultrassonográfico, avaliar as condições do colo uterino. b. Se a USTV: confirmar colo curto, realizar cerclagem 7. Malformações uterinas/ Leiomiomas a. Malformação congênita- útero bicorno, septado, infantil b. Quando viável, reparar por via cirúrgica c. Leiomioma – único (> 5 cm) ou múltiplos – o tipo submucoso oferece maior risco avaliar correção cirúrgica 8. Alterações cervicais precoces a. Realizar cerclagem entre 14 e 16 semanas de gestação 9. Colo uterino curto a. Administrar progesterona natural 200 mcg/dia, por via vaginal a partir da 16° semana até a 36° semana b. USTV 18° a 24° semanas para identificar se há encurtamento do colo (menor ou igual 25 mm) realizar cerclagem até a 24° Baixo risco avaliação US do colo uterino entre 20- 24 semanas se colo uterino < 25 mm: introdução de progesterona; se menor que 20 mm: avaliar uso do pessário cervical ou cerclagem de urgência 10. Sobredistensão uterina a. Gestação múltipla- responsável por 17% dos nascimentos antes da 37° semana e por 23% antes da 32° semana de gestação b. Identificar a corionicidade (Monocoriônica/Monoamniótica ou monocoriônica/diaminiótica): pré-natal de alto risco c. Não há intervenção que reduza o risco de prematuridade na gestação gemelar 11. Tabagismo a. Orientar sobre os efeitos e propor ações para reduzir ou abolir o uso de cigarros 12. Álcool e substancias ilícitas a. Orientar sobre os efeitos e a importância de se abolir o consumo de álcool desde cerca de três meses antes da concepção b. Encaminhar as situações de drogadição para serviços de apoio 13. Doença periodontal a. Avaliação e conduta odontológica 14. Assistência pré-natal ausente ou inadequada * a. Avaliar situação de risco- equipe multidisciplinar 15. Intervalo interparto curto a. Recomendar que o intervalo intergestacional deve ser de cerca de 18 meses 16. ITU/bacteriúria assintomática a. Realizar rastreamento e quando positivo efetuar o tratamento e seu controle 17. Infecção genital a. Gonorrhea, sífilis, Trichomonas vaginalis, espécies de ureaplasma e Haemophilus influenzae não encapsulado b. Realizar rastreamento e, quando positivo, tratar adequadamente a paciente e o parceiro (quando IST- infecção sexualmente transmissível) 18. Trabalho estafante a. Identificar e propor ações que reduzam o excesso de atividade ou alterem os turnos de trabalho 19. Alto nível de estresse a. Identificar o tipo de estresse e propor ações para abolir ou reduzir seus efeitos Prevenção · Profilaxia da infecção pelo estreptococo grupo B · Acelerar a maturidade pulmonar fetal e · Propiciar neuroproteção fetal Maturidade pulmonar · A corticoterapia tem comprovada eficácia e segurança na indução da maturidade pulmonar fetal e na prevenção da síndrome do desconforto respiratório, da hemorragia intraventricular e da enterocolite necrosante · Potencialização do efeito do surfactante exógeno no período neonatal · Quando administrar: quando há risco de parto prematuro espontâneo ou terapêutico nos próximos 7 dias Corticoterapia · Esquema terapêutico: existem dois esquemas possíveis de administração do corticoesteroide · Betametasona: 12 miligramas (mg) via intramuscular a cada 24 h por 2 dias · Dexametasona: 6 mg via intramuscular a cada 24 h por 2 dias · Obtém-se maior eficácia do corticosteroide quando a resolução da gestação ocorre de 1-7 dias após o término do esquema · CICLO ÚNICO. Repetição pode resultar em complicações fetais em longo prazo · Dose de resgate (segundo ciclo) se, após 7 dias do primeiro ciclo, houver alto risco de parto antes da 32 sem Promover a neuroproteção fetal – sulfato de magnésia · A principal ação do sulfato de magnésio em fetos que nascem prematura é reduzir a incidência e a gravidade da paralisia cerebral · Quando administrar: quando se prevê que o parto ocorrerá nas próximas 24 h e a idade gestacional for inferior a 32 semanas de gestação · Esquema de Zuspan (4g de sulfato de magnésio, 50% IV bólus, lentamente, seguido de 1 a 2 g/hora BIC) · Contraindicações: gestantes portadoras de miastenia grave e comprometimento miocárdico ou defeitos de condução cardíaca decorrentes de seus efeitos anti-inotrópicos O estreptococo do grupo B Qual e quando administrar · Dose inicial: penicilina G 5 milhões de UI IV · Dose de manutenção: 2,5 a 3 milhões de UI, IV 4/4 h, até o clampeamento do cordão umbilical · Ampicilina- dose inicial: 2g IV · Dose de manutenção: 1 g IV 4/4h até o clampeamento do cordão umbilical · Em situações de alergia à penicilina a indicação é pela cefazolina – 2g IV a cada 8 h- ou pela clindamicina – 900 mg IV a cada 8 h · REDUZ RISCO PARALISIA CEREBRAL Tratamento Principal objetivo · Prolongar a gestação por até 48 h, em gestantes com risco de parto prematuro · Assegurar tempo para transporte da gestante · Prolongar a gestação (se for seguro fazê-lo) quando estão presentes condições subjacentes e autolimitadas que podem desencadear o TPP, como pielonefrite ou cirurgia abdominal · As gestantes que mais se beneficiam com a tocólise são as que se encontram no início do TPP (dilatação cervical inferior a 4 cm) e com idade gestacional entre 24 e 34 semanasLimites – A ACOG e Society for maternal-fetal medicine Recomendam · Não realizar tocólise antes de 24 semanas de gestação, mas consideram seu uso na 23° semana, em circunstancias individuais · Limite superior: 34° semana de gestação define o limite em que a morbimortalidade perinatal é suficientemente baixa para que não se justifiquem possíveis complicações e custos maternos/fetais Contraindicações Inibição do TPP · Óbito fetal, anomalia fetal letal, comprometimento do bem-estar fetal, pré-eclâmpsia com sinais de gravidade, hemorragia materna com instabilidade hemodinâmica, infecção intra-amniótica · Rotura prematura de membranas pré-termo · Contraindicação clínicas ao uso do agente tocolítico Tocolítico- nifedipino Esquemas terapêuticos: · Dose inicial: 10 mg, via oral, a cada 20 min (até 4 doses); ou 20 mg em dose única · Dose de manutenção (se necessário): 20 mg, após 90-120 min da dose inicial e manter 20 mg, a cada 4-8 h até 72 h Esquema 2 · Dose inicial: 20 mg (2 cápsulas), VO, seguida de 10-20 mg, a cada 4 – 6 h · Efeitos colaterais: rubor facial, náuseas, cefaleia e hipotensão · CI: evitar o uso em gestantes portadoras de cardiopatias e hipertensão arterial Abordagens ineficientes · Baixa eficácia de inibição: MGSO4 e ATOSIBAN · Medidas: repouso prolongado e hospitalizado aumenta o risco de eventos tromboembólicos · Suplementação com progesterona: gestantes em TPP sem benefícios