Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MODELAGEM DE CONVERSORES CC-CC EMPREGANDO MODELO MÉDIO EM ESPAÇO DE ESTADOS ELETRÔNICA DE POTÊNCIA IVO BARBI EDIÇÃO DO AUTOR Ivo Barbi MODELAGEM DE CONVERSORES CC- CC EMPREGANDO MODELO MÉDIO EM ESPAÇO DE ESTADOS Florianópolis Edição do Autor 2015 II Ivo Barbi Internet: http://www.ivobarbi.com E-mail: ivobarbi@gmail.com http://www.ivobarbi.com/ III MODELAGEM DE CONVERSORES CC- CC EMPREGANDO MODELO MÉDIO EM ESPAÇO DE ESTADOS IV B236m Barbi, Ivo Modelagem de conversores CC-CC empregando modelo médio em espaço de estados / Ivo Barbi. – Florianópolis : [S. n.], 2014. 206 p. : il. Inclui referência 1. Eletrônica de potência. 2. Circuitos elétricos lineares – Análise. 3. Laplace, Transformadas de. 4. Conversores CC-CC. I. Título. CDU: 621.314.22 Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB- 14/071 V AGRADECIMENTOS Ao Eng. Andreas M. P. Correa, por sua dedicação na preparação desta edição, digitando o texto, editando figuras, formatando e diagramando a edição final. Ao Bruno Barbi, pela criação da capa. Ao Diogo Duarte Luis, pelo apoio administrativo na preparação desta edição. Ao Prof. Cassiano Rech, da UFSM, pela sugestão do título. VI VII BIOGRAFIA DO AUTOR Ivo Barbi nasceu em Gaspar, Santa Catarina, Brasil, em 1949. Formou-se em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina em 1973. Obteve o título de Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina em 1976 e o título de Doutor em Engenharia Elétrica pelo Institut National Polytechnique de Toulouse, França, em 1979. Fundou a Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência(SOBRAEP), o Instituto de Eletrônica de Potência da Universidade Federal de Santa Catarina (INEP-UFSC) e o Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência (COBEP). É Pesquisador 1A do CNPq e Fellow IEEE. Foi Editor Associado na área de Conversores Estáticos de Potência do periódico internacional IEEE Transactions on Industrial Electronics. e Editor Associado Convidado para Edições Especiais do periódico IEEE Transactions on Power Electronics. Desde o mês de março de 2015, é professor visitante do Departamento de Automação e Sistemas (DAS) da Universidade Federal de Santa Catarina. VIII IX Dedico este trabalho pequenino ANTONIO BARBI, nascido em 19/05/2015, à sua mãe ADRIANA S. S. BARBI e aos meus outros filhos Bernardo Barbi Bruno Barbi Beatriz Barbi Isadora Barbi X XI PREFÁCIO Os conversores estáticos de energia elétrica, para serem úteis nas mais diversas aplicações, devem ter suas variáveis elétricas, tais como tensões, correntes e potências, devidamente controladas. Para escolher os controladores adequados e seus parâmetros, o projetista do conversor precisa conhecer os modelos de planta do estágio de potência do conversor, que geralmente apresentam-se sob a forma de funções de transferências. Essas funções de transferência são obtidas a partir de equações diferenciais lineares, que resultam da linearização de equações não lineares, em torno de pontos de operação específicos, nos quais o conversar deverá operar. Geralmente os conversores operam com frequências de comutação elevadas, da ordem de várias dezenas de quilo- hertz. No entanto, as dinâmicas envolvidas na troca de potência entre as fontes e as cargas, ocorrem em baixas frequências, da ordem de dezenas de hertz. Uma das peculiaridades dos conversores estáticos cc-cc é o fato de que em um período de operação, eles assumem diversos estágios topológicos, cujos circuitos equivalentes são lineares, representados por equações diferenciais de primeira ou segunda ordem. Porém, o comportamento macroscópico, em escala de tempo de suas respostas naturais do ponto de vista de valores médios quase instantâneos, é quase sempre não linear. Das diversas técnicas já propostas para a obtenção dos modelos matemáticos dos conversores estáticos cc-cc, duas se tornaram populares: (a) emprego do conceito de modelo médio em espaço de estado, proposto por Midlebrook e Cuk em 1976 [1], e (b) conceito de chave PWM, proposto por Vorpérian em 1990 [4]. Cada uma das técnicas tem vantagens e desvantagens em relação à outra. Porém, o método que utiliza modelo médio em espaço de estado é atualmente o mais aceito e utilizado pela XII comunidade internacional de especialistas em eletrônica de potência. O presente texto, despretensioso, incompleto e certamente pleno de imperfeições, é resultado das reflexões do autor sobre problemas de modelagem de conversores estáticos cc-cc, devidamente amparadas por publicações clássicas da área, de grande relevância técnica sobre o tema. O texto pretende introduzir o assunto, de maneira simples e resumida, através de exemplos, aos estudantes de engenharia elétrica, sobretudo aos pós-graduandos da área de eletrônica de potência e suas aplicações. Por isso o autor espera que o material possa ser útil para essa comunidade. Espera também que as imperfeições do texto não diminuam os benefícios que ele possa trazer aos que desejam aprender a modelar e controlar conversores estáticos cc-cc. Todo e qualquer comentário, observação ou crítica que possam contribuir para melhorar a qualidade do texto, serão bem acolhidos pelo autor. Florianópolis, agosto de 2015. XIII Sumário PREFÁCIO ..................................................................................................... XI SUMÁRIO ..............................................................................................XIII CAPÍTULO 1 ANÁLISE DE CIRCUITOS LINEARES .................... 17 1.1 INTRODUÇÃO. .................................................................................. 17 1.2 SOLUÇÃO EMPREGANDO A TRANSFORMADA DE LAPLACE. ........... 20 1.3 EXEMPLO NUMÉRICO. ..................................................................... 25 1.4 ANÁLISE DE UM CIRCUITO COM APENAS RESISTORES E CAPACITORES .............................................................................................. 27 CAPÍTULO 2 CIRCUITO RC CHAVEADO ...................................... 36 CAPÍTULO 3 CIRCUITO RC CHAVEADO ...................................... 41 CAPÍTULO 4 COVERSOR CC-CC ABAIXADOR A CAPACITOR CHAVEADO 47 CAPÍTULO 5 CIRCUITO RL CHAVEADO ...................................... 58 CAPÍTULO 6 CIRCUITO LLR CHAVEADO .................................... 61 CAPÍTULO 7 CIRCUITO LC CHAVEADO ...................................... 67 CAPÍTULO 8 CIRCUITO VLR CHAVEADO ................................... 74 CAPÍTULO 9 MODELAGEM DO CONVERSOR BUCK ................ 81 9.1 INTRODUÇÃO. .................................................................................. 81 9.2 EQUACIONAMENTO DA PRIMEIRA ETAPA DE OPERAÇÃO.............. 82 9.3 EQUACIONAMENTO DA SEGUNDA ETAPA DE OPERAÇÃO. ............. 83 9.4 ANALISE EM REGIME PERMANENTE. ............................................... 86 9.5 MODELO DE PLANTA PARA CONTROLE DA CORRENTE. .................. 89 XIV 9.6 OBTENÇÃO DA FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE DA TENSÃO DE CARGA. ..................................................................................... 93 9.7 EXERCÍCIO PROPOSTO. ................................................................... 102 CAPÍTULO 10 MODELAGEM DO CONVERSOR BOOST .......... 103 10.1 INTRODUÇÃO. ................................................................................ 103 10.2 CIRCUITO EQUIVALENTE PARA OPERAÇÃO EM REGIME PERMANENTE. ........................................................................................... 108 10.3 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DO CONVERSOR PARA O CONTROLE DA CORRENTE ............................................................................................ 114 10.4 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DO CONVERSOR PARA O CONTROLE DE TENSÃO. ............................................................................................... 117 10.5 COMENTÁRIOS ADICIONAIS SOBRE A EXISTÊNCIA DE UM ZERO NO SEMIPLANO DIREITO. ................................................................................ 127 10.6 EXERCÍCIO PROPOSTO. ................................................................... 128 CAPÍTULO 11 MODELAGEM DO CONVERSOR BUCK – BOOST...................................................................................... 130 11.1 INTRODUÇÃO. ................................................................................ 130 11.2 OBTENÇÃO DAS EQUAÇÕES GENÉRICAS. ....................................... 132 11.3 ANALISE EM REGIME PERMANENTE. ............................................. 135 11.4 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE DA CORRENTE. 140 11.5 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE DA TENSÃO DE SAÍDA. 145 CAPÍTULO 12 CIRCUITO EQUIVALENTE DO CONVERSOR CC- CC BIDIRECIONAL EM REGIME PERMANENTE .......................................................................................152 12.1 INTRODUÇÃO. ................................................................................ 152 XV 12.2 OBTENÇÃO DO CIRCUITO EQUIVALENTE. ...................................... 154 CAPÍTULO 13 MODELAGEM DO CONVERSOR BIDIRECIONAL ZETA-SEPIC ........................................................... 158 13.1 INTRODUÇÃO. ................................................................................ 158 13.2 EQUAÇÕES GENÉRICAS. ................................................................. 160 13.3 CIRCUITO EQUIVALENTE PARA OPERAÇÃO EM REGIME PERMANENTE. ........................................................................................... 162 13.4 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE DA CORRENTE DO CONVERSOR ZETA-SEPIC BIDIRECIONAL. .................................................. 166 CAPÍTULO 14 MODELAGEM DO CONVERSOR BOOST EM CONDUÇÃO DESCONTÍNUA ............................................................. 175 14.1 INTRODUÇÃO. ................................................................................ 175 14.2 EQUACIONAMENTO DO CONVERSOR BOOST OPERANDO EM CONDUÇÃO DESCONTÍNUA. ..................................................................... 176 14.3 ANÁLISE EM REGIME PERMANENTE. ............................................. 183 14.4 MODELO DE PLANTA PARA CONTROLE DA CORRENTE NO INDUTOR. 185 14.5 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE DA TENSÃO. .... 189 CAPÍTULO 15 CONVERSOR CC-CC MEIA PONTE MODULADO EM FREQUÊNCIA ................................................................................ 194 15.1 INTRODUÇÃO. ................................................................................ 194 15.2 MODELAGEM POR ESPAÇO DE ESTADOS. ..................................... 197 15.3 MODELO PARA OPERAÇÃO EM REGIME PERMANENTE. ............... 202 15.4 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE DA CORRENTE. 205 CAPÍTULO 16 ANÁLISE DO ERRO COMETIDO AO SE EMPREGAR O VALOR MÉDIO EM ESPAÇO DE ESTADOS ...... 209 XVI 16.1 FONTE DE TENSÃO ALIMENTANDO INDUTÂNCIA PURA. ............... 209 16.2 FONTE DE TENSÃO ALIMENTANDO CARGA RL. ............................. 213 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. 218 17 CAPÍTULO 1 ANÁLISE DE CIRCUITOS LINEARES 1.1 INTRODUÇÃO. Seja o circuito representado na Figura 1-1. Trata-se de um circuito RLC série. No instante t=0, o interruptor S é fechado. Figura 1-1: Circuito RLC série. O comportamento do circuito é definido pelas equações diferenciais (1.1) e (1.2). A corrente no indutor iL e a tensão no capacitor vc são as variáveis de estado do circuito. L L C di L R i v v dt (1.1) C L dv C i dt (1.2) A partir de (1.1) e (1.2) obtém-se (1.3) e (1.4). 18 CL L vdi R v i dt L L L (1.3) C L dv i dt C (1.4) As equações (1.3) e (1.4) podem ser representadas na forma matricial, de acordo com a expressão (1.5). 1 1 0 1 0 00 L L C C di R i vdt L L L dv v v Cdt (1.5) Sejam as definições descritas a seguir. L C i X v (1.6) L C di dt X dv dt (1.7) 1 1 0 R L LA C (1.8) 19 1 0 0 0 B L (1.9) v U v (1.10) Desse modo, na forma matricial, obtêm-se a equação (1.11). X AX BU (1.11) Podem ocorrer situações em que as grandezas de saída não sejam os estados, mas sim uma combinação deles. Define-se então a equação (1.12). Y CX DU (1.12) onde Y é um vetor definido pelas grandezas desejadas. C e D são matrizes com termos constantes. Agrupando as equações (1.11) e (1.12) obtêm-se as equações (1.13) e (1.14), conhecidas como equações de estado do sistema. X AX BU (1.13) Y CX DU (1.14) Costuma-se representar em diagrama de blocos as equações de estado, de acordo com a Figura 1-2. 20 Figura 1-2. Representação das equações de estado por diagrama de blocos. 1.2 SOLUÇÃO EMPREGANDO A TRANSFORMADA DE LAPLACE. Vamos, com o emprego da transformada de Laplace, obter a solução da equação de estados que representa o comportamento do circuito. Vamos ignorar a equação (1.14). Seja a equação (1.15). X A X B U (1.15) Aplicando-se a transformada de Laplace, obtêm-se a equação (1.16). ( ) ( ) ( )X s A X s B U s (1.16) Mas, ( ) ( ) (0)X s s I X s X (1.17) onde I é a matriz identidade. O vetor X(0) representa o estado inicial das variáveis do circuito. Substituindo-se (1.17) em (1.16) obtém-se (1.18). 21 ( ) (0) ( ) ( )s I X s X A X s B U s (1.18) Assim: ( ) ( ) (0) ( )s I X s A X s X B U s (1.19) ( ) (0) ( )s I A X s X B U s (1.20) Portanto: 1 1 ( ) (0) ( )X s s I A X s I A B U s (1.21) Por razões didáticas e para simplificar o problema, vamos considerar nula a tensão de alimentação. Isto significa que o vetor U=0. Portanto, 1 ( ) (0)X s s I A X (1.22) Resolve-se o sistema de equações representado por (1.22) aplicando-se a transformada inversa de Laplace. Assim: 1( ) ( )X t X s (1.23) 11( ) (0)X t s I A X (1.24) Como o vetor X(0) é formado por termos constantes, podemos escrever: 22 11( ) (0)X t s I A X (1.25) Prosseguimos nossa análise como segue. 1 0 10 0 R s L Ls I A s C (1.26) 1 1 R s L Ls I A s C (1.27) 1 1 1 1 R s L Ls I A s C (1.28) Invertendo-se a matriz definida pela equação (1.28), obtêm-se: 2 2 1 2 2 1 1 ( ) 1 1 LRs C LRs RCs LRs RCs s I A L C R Ls LRs RCs LRs RCs (1.29) 23 Seja 2 R L (1.30) 20 1 LC (1.31) 2 2 20 (1.32) Com essas definições, após manipulação algébrica adequada, obtêm-se: 2 2 2 2 1 2 2 2 2 1 / ( ) ( ) 1 / (2 ) ( ) ( ) s L s s s I A C s s s (1.33) Deste modo: 0 0 2 2 2 2 1 0 0 2 2 2 2 / ( ) ( ) (0) / (2 ) ( ) ( ) L C L C sI V L s s s I A X I C s V s s (1.34) Vamos considerar o caso de um sistema pouco amortecido, de modo que . Aplicando-se a transformada inversa de Laplace, obtêm-se: 24 0 0 ( ) cos( ) X( ) ( ) cos( ) t t L t Ct e sen t e t ILt Ve sen t e t C (1.35) A expressão (1.35) pode ser reescrita como a expressão (1.36). ( ) ( ) (0)X t t X (1.36) onde 0 0 (0) stado inical L C I X E V (1.37) ( ) ( ) Vetor de estado ( ) L c I t X t v t (1.38) ( ) cos( ) ( ) ( ) cos( ) t t t t e sen t e t Lt e sen t e t C (1.39) A matriz ( )t é conhecida como matriz de transição de estados. Trata-se de um conceito muito importante, pois permite conhecer os estados do sistema a qualquer instante, se as condições iniciais forem conhecidas e se o sistema evoluir livremente sem excitações nem perturbações. 25 A partir das expressões deduzidas com o emprego das equações de estado, podemos obter as expressões (1.40) e (1.41). 0 0( ) cos( ) ( ) t C L L V i t e I t sen t L (1.40) 0 0( ) ( ) cos( ) t L C C I v t e sen t V t C (1.41) 1.3 EXEMPLO NUMÉRICO. Vamos nesta seção apresentar um exemplo numérico e as formas de onda resultantes. Sejam os seguintes parâmetros e condições iniciais: 0 0 50 ; 20 ; 10 10 ; 200L C L mH C F R I A V V Portanto: 0 2 2 0 100 / 2 1 1000 /s 995 /s 49,8 0,02 R H L rad LC rad L C Siemens 26 Desse modo, 100 100 0 100 100 0 ( ) 10 cos(995 ) 4,02 (995 ) ( ) 502,5 ( ) 200 cos( ) t t L L t t C C i t e t e sen t I v t Ve sen t e t As formas de onda resultantes, da corrente iL(t) e da tensão vC(t), encontram-se representadas na Figura 1-3 e na Figura 1-4 respectivamente. Na Figura 1-5 é mostrado o plano de fase, onde a corrente iL(t) é representada em função da tensão vC(t). Figura 1-3. Corrente em função do tempo, para o circuito da Figura 1-2. Figura 1-4. Tensão nos terminais do capacitor, para o circuito da Figura 1.2. 27 Figura 1-5. Plano de fase para as variáveis de estado do circuito representado na Figura 1-2. 1.4 ANÁLISE DE UM CIRCUITO COM APENAS RESISTORES E CAPACITORES Seja o circuito mostrado na Figura 1-6. Desejamos encontrar as expressões das correntes i1(t) e i2(t). V é uma tensão constante e a chave S é fechada no instante t=0. Todos os resistores, bem como os capacitores, são idênticos entre si. As tensões nos capacitores, vC1(t) e vC2(t), são as variáveis de estado do sistema. Vamos estudar o caso particular em que as condições iniciais sejam nulas. Por inspeção do circuito podemos escrever as equações (1.42) e (1.43). 28 Figura 1-6. Circuito com resistores e capacitores. 1 1 21C V V V V i R R (1.42) 1 2 22C V V V i R R (1.43) Mas, 11C dv i C dt (1.44) e 22C dv i C dt (1.45) Portanto, 1 1 22 dv RC V V V dt (1.46) 2 1 22 dv RC V V dt (1.47) 29 Seja RC (1.48) Portanto, 1 1 2 2 2 1 1 2 0 v v v v v (1.49) Ou ainda, 1 1 2 2 2 / 1 / / 1 / 2 / 0 v v v v v (1.50) Desse modo, V A V B U (1.51) onde, 1 2 v V v (1.52) 1 2 v V v (1.53) 2 / 1 / 1 / 2 / A (1.54) 30 / 0 v B U (1.55) Também por inspeção pode-se escrever: 11 V V i R (1.56) 1 22 V V i R (1.57) Portanto, 1 1 2 2 1 / 0 / 1 / 1 / 0 i R v V R i R R v (1.58) Seja 1 2 i i i (1.59) 1 / 0 1 / 1 / R C R R (1.60) / 0 V R D U (1.61) 31 Portanto: i C V D U (1.62) Resumindo-se as expressões (1.51) e (1.61), obtêm-se V A V B U (1.63) i C V D U (1.64) que é a forma geral da representação de estado. Verificamos que nosso circuito, que é um sistema de segunda ordem linear e invariante no tempo, está sendo descrito matematicamente por um sistema formado por duas equações diferenciais lineares com coeficientes constantes. Vamos então resolver essas equações. Aplicando-se a transformada de Laplace na equação (1.63) obtém-se a equação (1.65). ( ) (0) ( ) ( )sV s V A V s B U s (1.65) Desse modo: ( ) (0) ( )s I A V s V B U s (1.66) Ou ainda: 1 1 ( ) (0) ( )V s s I A V s I A B U s (1.67) 32 Seja (0) 0V , nossa hipótese inicial. Assim: Mas, 1 1 2 1 1 2 s s I A s (1.68) Portanto, 1 2 2 1 2 2 2 2 1 2 1 2 2 1 2 1 s s s s I A s s s (1.69) ( ) 0 V B U s s (1.70) Assim, 2 1 2 2 0 2 1 ( ) 0 2 1 V s s s s I A B U s V s s (1.71) 33 Desse modo, 2 1 2 2 2 2 1( ) ( ) 2 1 V s s sV s V s V s s (1.72) Aplicando-se a transformação inversa de Laplace na equação (1.67) obtêm-se a equação (1.73). 1( ) ( )V t V s (1.73) Desse modo, 3 1( ) 4 3 6 t tV V t e e (1.74) 2 2( ) 1 2 6 t tV V t e e (1.75) Nosso objetivo é encontrar as correntes I1(t) e I2(t). A partir da expressão (1.64), obtemos: i C V D U (1.76) 34 Portanto, 1 1 2 2 ( ) 1 / 0 ( ) / ( ) 1 / 1 / ( ) 0 i t R v t V R i t R R v t (1.77) Assim, 11 ( ) ( ) V v t i t R (1.78) 1 22 ( ) ( ) ( ) v t V t i t R (1.79) Substituindo as expressões (1.74) e (1.75) em (1.78) e (1.79) obtemos: 3 1( ) 2 3 6 t tV i t e e R (1.80) 2( ) 1 3 3 tV i t e R (1.81) Observar-se que para t 1 2( ) ( ) , 3 V i i R como era esperado. Sejam os seguintes parâmetros, escolhidos a título de ilustração: 35 100 1000 10 V V C F R As correntes i1(t)e i2(t), em função do tempo, encontram- se representadas na Figura 1-7, para esses parâmetros. Figura 1-7. Evolução das correntes do circuito representado na Figura 1-6. 36 CAPÍTULO 2 CIRCUITO RC CHAVEADO Seja o circuito representado na Figura 2-1. Figura 2-1- Circuito RC Chaveado. O interruptor ideal S é comandado pelo sinal representado na Figura 2-2. Figura 2-2. Sinal de comando do interruptor S. O interruptor S encontra-se fechado quando 1S e aberto quando 0S . O período de funcionamento é TS. 37 Desse modo, no intervalo 0, no intervalo 0 , 1 S SS DT DT S T A variável D, definida por (2.1), é denominada razão cíclica. 1 t D T (2.1) Vamos supor que o capacitor C esteja inicialmente carregado e que sua tensão inicial seja VC0. Se S permanecer fechado continuamente (D=1), a tensão vc(t) e a corrente ic(t) serão representadas pelas expressões (2.2) e (2.3). 0 t Ccv V et (2.2) 0Cc tV i e R t (2.3) A expressão (2.2) é a solução da equação diferencial linear de primeira ordem representada por (2.4). ( ) ( ) 0c c dv t v t C dt R (2.4) 38 Com essas informações desejamos obter a expressão da tensão do capacitor em função do tempo, para o interruptor S operando com D 1. Durante um ciclo de operação, o circuito assume dois estados topológicos mostrados na Figura 2-3. Figura 2-3. Estados topologicos do circuito. Durante o intervalo de tempo 1Δt , S encontra-se fechado e parte da energia armazenada no capacitor é dissipada em R. Os dois estágios topológicos mostrados na Figura 2-2 são representados pelas equações diferenciais lineares de primeira ordem (2.5) e (2.6) respectivamente. ( ) ( ) 0c c dv t v t C dt R (2.5) ( ) 0c dv t C dt (2.6) Vamos multiplicar todos os termos de (2.5) por D e todos os termos de (2.6) por (1-D). Em seguida vamos somar as duas equações. Assim: 39 ( ) ( ) 0c c dv t v t D C D dt R (2.7) ( ) 1 0c dv t D C dt (2.8) Portanto: ( ) ( ) 0c c dv t D C v t dt R (2.9) A expressão (2.9) representa o circuito mostrado na Figura 2-4 Figura 2-4. Circuito equivalente. Seja o resistor equivalente definido pela expressão (2.10). eq R R D (2.10) Observe que o valor da resistência equivalente Req é inversamente proporcional à razão cíclica D. Desse modo, o efeito do chaveamento é um aumento da resistência aparente do resistor do circuito. 40 A constante de tempo do circuito com chaveamento é eq eqR C (2.11) eq R C D (2.12) Ou ainda, eq D (2.13) Podemos interpretar o efeito do chaveamento como o aumento da constante de tempo do circuito. Assim, como 1D , .eq Com o emprego da técnica descrita, obtém-se um único circuito linear, para um valor dado de D , que representa os dois estados topológicos do circuito, associados aos dois estados de condução do interruptor. Dito de outra forma, o circuito original, chaveado, passa a ser representado por um circuito sem interruptor, com variáveis contínuas. Cada estado topológico, para D constante, é representado por um circuito linear, descrito por uma equação diferencial linear. O circuito equivalente é também linear, onde as variáveis (estados) são valores médios quase instantâneos. O método empregado contem aproximações e introduz erro. O erro é tanto menor quanto menor for o período de chaveamento em relação à constante de tempo original do circuito. Simulações realizadas mostram que para 0,10S T o erro cometido é menor que 1%. 41 CAPÍTULO 3 CIRCUITO RC CHAVEADO Seja o circuito representado na Figura 3-1. Figura 3-1. Circuito RC chaveado. O capacitor C1 encontra-se inicialmente carregado e sua tensão inicial é VC10. C2 encontra-se descarregado. t S é aberto e fechado com alta frequência de valor constante. A razão cíclica D é considerada constante. Ao longo do tempo, parte da energia inicialmente acumulada em C1 é transferida para C2, e parte dela é transformada em calor no resistor R. Desejamos encontrar as expressões que representem os valores médios quase instantâneos das tensões vC1(t) e vC2(t). Em um período de operação, o circuito possui dois estágios topológicos representados na Figura 3-2. Figura 3-2. Estados topológicos do conversor: (a) intervalo DT e (b) intervalo ( 1 – D ) T. 42 Vamos equacionar cada um desses estágios topológicos. a) Primeiro Estágio: 0 t DT 11 ( )cdv tC i dt (3.1) 22 ( )cdv tC i dt (3.2) 1 2 ( ) ( )C Cv t v ti R R (3.3) Portanto, 1 1 21 ( ) ( ) ( )c C Cdv t v t v tC dt R R (3.4) 2 1 22 ( ) ( ) ( )c C Cdv t v t v tC dt R R (3.5) b) Segundo Estágio: DT t T 11 ( ) 0c dv t C dt (3.6) 22 ( ) 0c dv t C dt (3.7) Vamos multiplicar (3.4) e (3.5) por D. Assim: 43 11 1 2 ( ) ( ) ( )c C C dv t D D DC v t v t dt R R (3.8) 22 1 2 ( ) ( ) ( )c C C dv t D D DC v t v t dt R R (3.9) Do mesmo modo, vamos multiplicar (3.6) e (3.7) por (1-D). Assim, 11 ( ) 1 0c dv t D C dt (3.10) 22 ( ) 1 0c dv t D C dt (3.11) Adicionando (3.6) com (3.10) obtemos (3.12). 11 1 2 ( ) ( ) ( )C C C dv t D D C v t v t dt R R (3.12) Adicionando (3.8) com (3.11) obtemos (3.13). 22 1 2 ( ) ( ) ( )C C C dv t D D C v t v t dt R R (3.13) Desse modo (3.12) e (3.13) formam um sistema de equações diferenciais de primeira ordem, representado pelas equações (3.14). 44 1 1 1 2 2 2 1 2 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) C C C C C C dv t D D C v t v t dt R R dv t D D C v t v t dt R R (3.14) Seja o resistor equivalente definido pela expressão (3.15). eq R R D (3.15) Então, 1 1 2 1 2 1 2 2 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) C C C eq eq C C C eq eq dv t v t v t C dt R R dv t v t v t C dt R R (3.16) O sistema de equações (3.16) representa o circuito mostrado na Figura 3-3, contínuo, válido para valores médios quase instantâneos. Figura 3-3. Circuito equivalente para valores médios quase instantâneos. 45 Verificamos que devido à ação do chaveamento, o valor da resistência aparente é modificado e representado pela expressão (3.17). eq R R D (3.17) A constante de tempo do circuito resultante é representada pela expressão (3.18). eqR C (3.18) onde 1 2 1 2 C C C C C (3.19) Seja VC10 a tensão inicial no capacitor C1. O capacitor C2 encontra-se inicialmente descarregado. Então a corrente através do resistor equivalente durante o regime transitório é dada pela equação (3.20). 10( ) t eq C R V i t e (3.20) As tensões sobre os capacitores C1 e C2, em seus valores médios quase instantâneos, são representadas pelas expressões (3.21) e (3.22), respectivamente. 46 1 1 2 1 2 10( ) t C Cv t C C e C C V (3.21) 1 2 1 1 2 0( ) 1 t C C C V v t e C C (3.22) O procedimento apresentado nos permitiu, a partir da representação por equações de estado de um circuito chaveado com dois estágios topológicos lineares, encontrar valores médios das variáveis de estado, que por sua vez representam um circuito equivalente não chaveado ou contínuo. Este é o princípio geral que iremos encontrar na modelagem dos diversos circuitos que serão apresentados nos capítulos subsequentes deste texto. A partir das equações (3.21) e (3.22) podemos observar que após o período transitório, quando a corrente do circuito se anula, as tensões 𝑉𝑐1 e 𝑉𝑐2 tornam-se iguaisentre si, com o valor dado pela expressão (3.23). 10 11 2 1 2 C C C V C V V C C (3.23) Portanto, os valores das tensões finais nos capacitores não dependem do valor do resistor R, nem da frequência de comutação ou da razão cíclica. Dependem apenas do valor da tensão inicial no capacitor C1 e das capacitâncias de C1 e C2. Porém a duração do período transitório depende desses parâmetros. 47 CAPÍTULO 4 COVERSOR CC-CC ABAIXADOR A CAPACITOR CHAVEADO Seja o circuito representado na Figura 4-1. Trata-se de um conversor CC-CC abaixador, empregando apenas capacitores, interruptores e suas resistências parasitas, portanto sem o emprego de dispositivos magnéticos, como indutores ou transformadores. Nosso objetivo é obter suas características fundamentais, como ganho estático e circuito equivalente, empregando a técnica de valores médios em espaço de estado. Figura 4-1. Conversor CC-CC abaixador a capacitor chaveado. Os interruptores, considerados ideais, são comandados de acordo com os sinais mostrados na Figura 4-2. 48 Figura 4-2. Sinais de comando dos interruptores do circuito representado na Figura 4-1. Nosso objetivo é encontrar um circuito linear equivalente, válido para valores médios quase instantâneos, que permita determinar o comportamento do conversor. Num ciclo completo de funcionamento, o conversor assume dois estados topológicos. Durante o intervalo de tempo (0, DT), o circuito equivalente é representado pela Figura 4-3. Figura 4-3. Circuito equivalente para o primeiro estágio topológico. Durante o intervalo de tempo (DT,T), o circuito equivalente é representado pela Figura 4-4. 49 Figura 4-4. Circuito equivalente para o segundo estágio topológico. Vamos primeiramente obter as equações que representam o primeiro estágio de operação (Figura 4-3). 1 211 1 1 1 C C C v vv i R R R (4.1) 2 1 212 1 1 1 C C C C o v v vv i R R R R (4.2) 11 1 C C dv C i dt (4.3) 22 2 C C dv C i dt (4.4) Substituindo a equação (4.1) em (4.3) e a equação (4.2) em (4.4) obtemos (4.5) e (4.6): 1 1 2 11 1 1 1 C C Cdv v v vC dt R R R (4.5) 50 2 1 1 2 2 1 1 1 1 1C C C o dv v v C v dt R R R R (4.6) A seguir, vamos equacionar o circuito representado pela Figura 4-4. 1 21 1 1 C C C v v i R R (4.7) 2 1 22 1 1 C C C C o v v v i R R R (4.8) 11 1 C C dv C i dt (4.9) 22 2 C C dv C i dt (4.10) Portanto, 1 1 21 1 1 C C Cdv v vC dt R R (4.11) 2 1 2 2 1 1 1 1C C C o dv v C v dt R R R (4.12) Vamos representar os modelos obtidos na forma matricial, de acordo com as expressões (4.13) e (4.14) para os intervalos de tempo (0, DT) e (DT,T) respectivamente. 51 11 1 1 1 1 1 2 2 1 2 11 1 1 1 1 1 1 C C C C o vdv C R R v Rdt dv v v C Rdt R R R (4.13) 1 1 1 1 1 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 C C C C o dv C R R vdt dv v C dt R R R (4.14) As expressões (4.13) e (4.14), escritas na forma compacta são representadas pelas expressões (4.15) e (4.16). 1 1 1K X A X B U (4.15) 2 2 2K X A X B U (4.16) onde, 1 2 C C v X v (4.17) é o vetor de estado, sendo VC1 e VC2 os estados do circuito. 52 1 1 1 1 1 1 1 1 1 o o R R A R R R R R (4.18) 1 1 2 1 1 1 1 1 1 o o R R A R R R R R (4.19) 1 1 0 0 1 B (4.20) 2 0B (4.21) 1 1 1 1 v R U v R (4.22) Vamos multiplicar as expressões (4.15) e (4.16) por D e por (1-D) respectivamente. Assim, 1 1 1DK X DA X DB U (4.23) 2 2(1 ) (1 )D K X D A X (4.24) Vamos analisar a operação em regime permanente. Portanto, 0.X Desse modo, 53 1 10 DA X DB U (4.25) 20 (1 )D A X (4.26) Portanto: 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11 11 1 1 1 1 1 1 (1 ) 0 1 o o o o R R D R R R R R Dv R R R D DvR R RR R R (4.27) O sistema representado por (4.27) pode ser simplificado, resultando na equação (4.28). 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (1 ) 0 1 o o o o D R R R D v D R R D v R (4.28) 54 Assim: 1 1 1 1 (1 ) (1 ) 0 (1 ) (1 ) o o o o D D R R D D R D D D v R R D D D v R (4.29) Após as devidas manipulações algébricas, obtêm-se as expressões (4.30) e (4.31). 1 2 1(1 2 ) 0C Cv D v D v (4.30) 1 1 2 11 2 0 o C C o R R D v v D v R (4.31) Manipulações algebricamente se expressões (4.30) e (4.31), obtemos a expressão (4.32). 2 21 1 2 (1 ) 1 2 C o o v D D v R R D R (4.32) Seja o caso particular em que 0,5D . Portanto, 1 2 1 2 o C o R v v R R (4.33) 55 A expressão (4.33) mostra que o ganho ideal do conversor apresentado é igual a 0,5. O valor real do ganho é ligeiramente menor que 0,5, devido à queda de tensão no resistor série equivalente 1R . A expressão (4.33) representa o circuito equivalente mostrado na Figura 4-5. Figura 4-5. Circuito equivalente do conversor CC-CC abaixador a capacitor chaveado. Para razão cíclica diferente de 0,5 o circuito equivalente encontra-se representado na Figura 4-6. Figura 4-6. Circuito equivalente para 0,5.D Desse modo, pode-se escrever a expressão (4.34). 0 1 0,5 o o eq v R v R R (4.34) 56 Mas, como foi demonstrado anteriormente: 21 1 2 (1 ) 1 2 o o o v D D v R R D R (4.35) Igualando-se a expressão (4.34) com (4.35) e manipulando-se algebricamente, obtêm-se a expressão (4.36). 1 24( ) eq R R D D (4.36) Ou ainda, 21 1 4( ) eqR R D D (4.37) Na Figura 4-7 é representado o valor de 1/eqR R em função da razão cíclica D. Figura 4-7. Resistência equivalente em função da razão ciclica D. 57 Observa-se que o valor mínimo da resistência equivalente ocorre para 0,5D . Por isso esses conversores geralmente são projetados para operar com esse valor de D . Pode-se também demonstrar que o valor de eqR depende da frequência de chaveamento do circuito, além da razão cíclica D . Para 0,5D , o modelo obtido é válido se for respeitada a restrição: 1 1ST R C (4.38) ou ainda 1 1 1 Sf R C (4.39) Na análise apresentada, foi considerada muito grande a capacitância do capacitor C2. Na análise apresentada a título de exemplo, todos os componentes foram considerados ideais, exceto o capacitor C1 cuja resistência é R1. Contudo, o procedimento pode ser facilmente estendido para as situações em que as demais não idealidades sejam incluídas. Essa análise que acabamos de apresentar, serve para mostrar a eficiência do método do valor médio em espaço de estado, na análise dos conversores CC-CC a capacitor chaveado, que de outra forma seria complexa e demorada. 58 CAPÍTULO 5 CIRCUITO RL CHAVEADO Seja o circuito representado na Figura 5-1. Figura 5-1. Circuito RL paralelo com interruptor. O interruptor S é ideal e opera com frequência constante erazão cíclica D. Em um ciclo de operação ocorrem dois estágios topológicos para os intervalos de tempo (0,DT) e (DT,T) respectivamente, mostrados na Figura 5-2. Figura 5-2. Estagios topológicos para o circuito RL paralelo. Os dois estágios são representados pelas equações diferenciais (5.1) e (5.2), respectivamente. 59 0L di L dt (5.1) 0L L di L R i dt (5.2) Vamos multiplicar (5.1) e (5.2) por D e (1-D) respectivamente, obtendo (5.3) e (5.4). 0L di D L dt (5.3) (1 ) (1 ) 0L L di D L D R i dt (5.4) Somando (5.3) com (5.4) obtemos (5.5). (1 ) 0L L di L D R i dt (5.5) A equação diferencial (5.5) representa o circuito mostrado na Figura 5-3. Figura 5-3. Circuito equivalente do circuito RL paralelo com interruptor. 60 Seja, eR (1 )q D (5.6) Assim: 0L eq L di L R i dt (5.7) Seja LoI o valor da corrente inicial no indutor. Resolvendo-se a equação diferencial (5.7) obtêm-se a expressão (5.8). ( ) t L Loi t I e (5.8) Onde, eR (1 )q L L D R (5.9) Verificamos então que o chaveamento modifica e controla o valor da resistência equivalente e consequentemente da constante de tempo do circuito. A hipótese fundamental empregada na modelagem, mais uma vez, é o período de chaveamento ser muito menor que a constante de tempo definida pelos parâmetros do circuito, R e L, como geralmente ocorre nos circuitos reais. 61 CAPÍTULO 6 CIRCUITO LLR CHAVEADO Seja o circuito representado na Figura 6-1. São adotadas as mesmas condições de operação do circuito estudado no CAPÍTULO 5. Seja 1L oI a corrente inicial em 1L , com o sentido indicado na Figura 6-1. Seja nula a corrente inicial em 2L . Deseja-se obter o circuito equivalente que represente a evolução das grandezas médias quase instantâneas do circuito, em função do tempo, em regime permanente. Figura 6-1. Circuito LLR em paralelo com interruptor. Os dois estágios topológicos, para os intervalos de tempo (0, DT) e (DT, T) encontram-se representados na Figura 6-2. 62 Figura 6-2. Estágios topologicos do circuito LLR. As equações para o intervalo (DT, T) são: 11 LdiL V dt (6.1) 22 LdiL V dt (6.2) 1 2L LV Ri Ri (6.3) Portanto, 11 1 2 L L L di L R i R i dt (6.4) 22 1 2 L L L di L R i R i dt (6.5) Para o intervalo (0, DT) são obtidas as equações: 11 0 LdiL dt (6.6) 63 12 0 LdiL dt (6.7) Na forma matricial, para os intervalos de tempo (DT, T) e (0, DT), o circuito é representado pelas equações (6.8) e (6.9), respectivamente. 1 1 1 2 2 2 L L L L di L R R idt di R R i L dt (6.8) e 1 1 2 2 0 0 L L di L dt di L dt (6.9) Multiplicando-se (6.8) por (1-D) e (6.9) por D obtém-se: 1 1 1 2 2 2 (1 ) (1 ) (1 ) (1 ) (1 ) (1 ) L L L L di D L D R D R idt di D R D R i D L dt (6.10) 1 1 2 2 0 0 L L di D L dt di D L dt (6.11) 64 Somando-se (6.10) com (6.11) obtêm-se (6.12). 1 1 1 2 2 2 (1 ) (1 ) (1 ) (1 ) L L L L di L D R D R idt di D R D R i L dt (6.12) Ou ainda: 11 1 2(1 ) (1 ) L L L di L D R i D R i dt (6.13) 22 1 2(1 ) (1 ) L L L di L D R i D R i dt (6.14) Seja, (1 )eqR D R (6.15) Assim: 11 1 2 L eq L eq L di L R i R i dt (6.16) 22 1 2 L eq L eq L di L R i R i dt (6.17) As expressões (6.16) e (6.17) representam o circuito equivalente mostrado na Figura 6-3. 65 Figura 6-3. Circuito equivalente para o circuito original LLR. Pode-se então concluir que o chaveamento modifica o valor da resistência aparente do circuito, definida pela expressão (6.15). O circuito resultante representa os valores médios quase instantâneos das tensões e correntes do circuito. Resolvendo-se o sistema de equações diferencias (6.16) e (6.17) obtém-se as expressões seguintes. 1 2 1 1 1 2 ( ) t L L o L L e I t I L L (6.18) 2 1 1 1 2 1 ( ) t L L o e I t I L L L (6.19) 1( ) t R L oI t I e (6.20) onde, eq eq L R (6.21) 66 (1 )eqR D R (6.22) 1 2 1 2 eq L L L L L (6.23) Verifica-se que o valor final de ( )RI t é igual zero. Contudo, os valores finais de 1( )LI t e 2( )LI t são não nulos. A partir da análise das equações (6.24) e (6.25), pode-se concluir que após o transitório, ou seja, para um tempo muito grande, as correntes nos dois indutores tornam-se iguais entre si, com os valores definidos pelas equações (6.26) e (6.27). 𝐼𝐿1 = 𝐼𝐿10. 𝐿1 𝐿1+𝐿2 (6.26) 𝐼𝐿2 = 𝐼𝐿10. 𝐿1 𝐿1+𝐿2 (6.27) 67 CAPÍTULO 7 CIRCUITO LC CHAVEADO Seja o circuito representado na Figura 7-1, com todos os seus componentes ideais. Figura 7-1. Circuito LC chaveado. A corrente inicial no indutor L é ILo e a tensão inicial no capacitor C é VCo. Os interruptores S1 e S2 são comandados de acordo com os sinais representados na Figura 7-2. Figura 7-2. Sinais de comando dos interruptores S1 e S2. 68 Os estágios topológicos, para um ciclo de operação, encontram-se representados na Figura 7-3. Figura 7-3. Estágios toplogicos para um período de operação do circuito. Durante o intervalo de tempo (0, DT) o circuito é representado pelas equações (7.1) e (7.2). 0L di L dt (7.1) 0C dv C dt (7.2) Durante o intervalo de tempo (DT, T) o circuito é representado pelas equações (7.3) e (7.4). L C di L v dt (7.3) C L dv C i dt (7.4) Os dois sistemas de equações são representados na forma matricial pelas equações (7.5) e (7.6), respectivamente. 69 0 0 0 0 L L C C di L idt dv v C dt (7.5) 0 1 1 0 L L C C di L idt dv v C dt (7.6) Multiplicando-se (7.5) por D, (7.6) por (1-D) e somando- se, obtêm-se as equações (7.7) e (7.8). (1 )L C di L D v dt (7.7) (1 )C L dv C D i dt (7.8) As equações (7.7) e (7.8) representam o circuito mostrado na Figura 7-4. Figura 7-4. Circuito equivalente do circuito LC chaveado. Manipulando-se a equação (7.8) obtêm-se 70 (1 ) C L D v i dt C (7.9) Substituindo-se (7.9) em (7.7) obtêm-se (7.10). 2(1 )L L di D L i dt dt C (7.10) Seja, 2(1 ) eq C C D (7.11) Assim, 1L L eq di L i dt dt C (7.12) Ou ainda, L eq L di L C i dt dt (7.13) Portanto: 2 2 L eq L d i L C i dt (7.14) A expressão (7.14) representa o circuito equivalente mostrado na Figura 7-5. 71 Figura 7-5. Circuito equivalente final do circuito LLC chaveado. Desse modo, podemos concluir que o chaveamento produz um capacitor variável, dependente da razão cíclica. Como 0 1D , então eqC C . Encontramos assim uma maneira de obter um capacitor cuja capacitância é maior que o valor da capacitância do capacitor físico. A partir da equação (7.7) é possível encontrar a equação (7.15). (1 ) L C D di v dt L (7.15) Portanto, (1 ) L C D i v dt L (7.16) Substituindo-se (7.16) em (7.8) obtêm-se. 2(1 )C Cdv D C v dt dt L (7.17) 72 Portanto: 2 2 2(1 ) C C d vC L v D dt (7.18) Seja, 2(1 ) eq L L D (7.19) Portanto: 2 2 C eq C d v C L v dt (7.20) O circuito equivalente representado pela equação (7.20) é mostrado na Figura 7-6. Figura 7-6. Ciruito equivalente alternativo para o circuito LC chaveado. Neste caso, podemos interpretar o efeito do chaveamento como a modificação da indutância equivalente do circuito original. A pulsação do circuito chaveado é definida pela equação (7.21). 73 2 1 1 LC D (7.21) Portanto: 1 D LC (7.22) Seja, 1 o LC (7.23) Portanto, 1 oD (7.24) A expressão mostra o efeito da razão cíclica sobre a frequência natural do circuito. A análise apresentada, mais uma vez, demonstra a eficácia e a simplicidade que o método de modelo médio em espaço de estado proporciona, na análise de circuitos elétricos chaveados. 74 CAPÍTULO 8 CIRCUITO VLR CHAVEADO Seja o circuito representado na Figura 8-1. O interruptor é ideal e opera com razão cíclica D. Figura 8-1. Circuito com resistor chaveado. Os dois estados topológicos para os intervalos (0, DT) e (DT, T) encontram-se representados na Figura 8-2. Figura 8-2. Estados topologicos para um período de operação do circuito VLR chaveado. Os dois estágios são representados pelas equações (8.1) e (8.2) respectivamente. 75 di L v dt (8.1) ( ) di L v R i t dt (8.2) Multiplicando-se (8.1) por D e (8.2) por (1-D), e somando-se, obtêm-se as expressões (8.3) e (8.4). di D L D v dt (8.3) (1 ) (1 ) (1 ) di D L D v D R i dt (8.4) Adicionando-se (8.3) e (8.4) obtêm-se (8.5). (1 ) di L v D R i dt (8.5) A equação (8.5) representa o circuito mostrado na Figura 8-3. Figura 8-3. Circuito equivalente do circuito VLR chaveado. 76 A resposta a um degrau da tensão de entrada é dada pela equação (8.6). ( ) 1 eq t RV i t e R (8.6) onde: (1 )eqR D R (8.7) Deve-se observar que o circuito mostrado na Figura 8-3 é genérico, sendo valido para tensão V com qualquer forma de onda. É também é valido tanto para operação em regime permanente quanto para transitório. O circuito equivalente em regime permanente para tensão continua de entrada é mostrado na Figura 8-4. Figura 8-4. Circuito equivalente para tensão continua. O circuito equivalente para alimentação senoidal encontra-se representado na Figura 8-5. 77 Figura 8-5. Circuito equivalente para tensão alternada senoidal. A impedância Z é definida pela expressão (8.8). (1 )Z D R j L (8.8) Para razão cíclica D constante, o circuito resultante da análise, mostrado na Figura 8-3, é invariante no tempo. É possível, a partir de um ponto de operação, introduzir pequena perturbação na razão cíclica D. Seja a equação (8.9), obtida anteriormente. Vamos introduzir uma perturbação muito pequena em D, e obter a resposta no tempo. (1 ) di L v D R i dt (8.9) oD D D (8.10) Oi I i (8.11) Substituindo as equações (8.10) e (8.11) em (8.9) obtemos a equação (8.12). 1O o O d L I i v R D D I i dt (8.12) 78 Desenvolvendo-se (8.12) obtêm-se (8.13). (1 )O o O dI d i L L v R D D I i dt dt (8.13) Assim, (1 ) (1 )O o O o O dI d i L L v R D I R D i dt dt D I R D i R (8.14) Seja 0D i . Assim: (1 )o O d i L R D i R D I dt (8.15) Aplicando-se a transformada de Laplace, obtêm-se: ( ) (1 ) ( ) ( )o OL s i s R D i s D s R I (8.16) Portanto, (1 ) ( ) ( )o OL s R D i s D s R I (8.17) Assim: ( ) ( ) (1 ) O o R Ii s D s s L R D (8.18) 79 Desse modo, ( ) (1 )( ) O o RIi s R DD s s L (8.19) Seja, ( ) D D s s (8.20) Portanto, ( ) (1 ) O o D R I i s R D s L s L (8.21) Assim, ( ) 1 (1 ) t O o D i t I e D (8.22) sendo (1 )o L R D (8.23) Mas (1 ) o o V I R D (8.24) 80 Portanto 2 ( ) 1 (1 ) t o V D i t e R D (8.25) A expressão (8.25) representa a resposta do circuito diante de uma pequena perturbação na razão cíclica D , em torno de um ponto de operação inicial, definido pela razão cíclica inicial Do. 81 CAPÍTULO 9 MODELAGEM DO CONVERSOR BUCK 9.1 INTRODUÇÃO. Neste capítulo, vamos empregar a técnica do modelo médio em espaço de estado, para obter os modelos do conversor CC-CC conhecido como conversor Buck, que incluirão circuito equivalente, análise em regime permanente e funções de transferência para o controle da corrente do indutor e da tensão do capacitor ou da carga. Seja o conversor Buck ideal alimentando carga resistiva, mostrado na Figura 9-1. Figura 9-1. Conversor Buck ideal. O mesmo circuito com a introdução de algumas não idealidades encontra-se representado na Figura 9-2. Figura 9-2. Conversor Buck com componentes não ideais. 82 As não idealidades são as seguintes: Resistência do interruptor S Queda de tensão no diodo Resistência do indutor L S D L R V R Vamos estudar o caso em que o conversor esteja operando em condução continua e frequência de chaveamento constante. Seja D a razão cíclica. Os dois circuitos equivalentes para os intervalos de tempo (0, DT) e (DT, T) encontram-se representados na Figura 9-3. Figura 9-3. Estados topológicos do conversor Buck, para os intervalos de tempo (1,DT) e (DT,T), respectivamente. 9.2 EQUACIONAMENTO DA PRIMEIRA ETAPA DE OPERAÇÃO. O primeiro estágio topológico mostrado na Figura 9-3(a) é representado pelas seguintes equações: 83 1 L S L L L C di L R i R i v v dt (9.1) C CL o dv v C i dt R (9.2) A representação matricial das equações (9.1) e (9.2) é dada pela equação (9.3). 1 1 1 1 0 L S L L C C o di R RL i vdt dv v C R dt (9.3) Multiplicando todos os termos da equação (9.3) por D obtemos: 11 0 L S L L CC o di D R R DD L i D vdt D D vdv D C R dt (9.4) 9.3 EQUACIONAMENTO DA SEGUNDA ETAPA DE OPERAÇÃO. A segunda etapa operação, mostrada na Figura 9-3(b), é representada pelas equações (9.5) e (9.6). L L L C D di L R i v v dt (9.5) 84 C CL o dv v C i dt R (9.6) As equações (9.5) e (9.6) representadas na forma matricial são dadas pela equação (9.7) 1 1 1 0 L L L D C C o di RL i vdt dv v C R dt (9.7) Multiplicando-se os termos da equação (9.7) por (1-D) obtemos a equação (9.8). (1 ) (1 )(1 ) (1 ) (1 ) (1 ) (1 ) 0 L L L C C o D di D R DD L idt D Ddv v D C R dt D v (9.8) Vamos então somar a equação (9.7) com a equação (9.8). Como, (1 ) (1 ) L LL CC C di didi D L LD L dt dtdt dvdv dv D CD C C dtdt dt (9.9) 85 Obtêm-se, 1 (1 ) (1 ) (1 ) (1 ) (1 ) 0 0 L LS L L CC oo D di D R DD R R DL idt DD DD vdv C RR dt D v D v (9.10) Manipulando-se a equação (9.10) obtêm-se (9.11). 1 1 1 1 (1 ) 0 L S L L CC o D di D R RL idt vdv C R dt D v D v (9.11) Pode-se ainda representar o modelo por duas equações de primeira ordem, ou seja: 1 (1 ) L S L L C D di L D R R i v D v D v dt (9.12) ( )C C L o dv t v C i dt R (9.13) 86 As equações (9.12) e (9.13) representam o circuito mostrado na Figura 9-4, Figura 9-4. Circuito medio equivalente do conversor buck. Onde, 1 (1 ) DV D v D v (9.14) S LR D R R (9.15) O circuito representado na Figura 9-4, obtido com o emprego da técnica de modelo médio em espaço de estados, é válido para grandezas médias quase instantâneas, e consequentemente também para operação em regime permanente. 9.4 ANALISE EM REGIME PERMANENTE. Em regime permanente, 0L di dt e 0C dv dt . Desse modo, o circuito equivalente para operação em regime permanente para valores médios encontra-se representado na Figura 9-5. 87 Figura 9-5. Circuito equivalente para operação em regime permanente. A corrente oI é definida pela expressão (9.16). 1 (1 ) D o S L o D v D v I D R R R (9.16) Desse modo, o o oV R I (9.17) e 1 (1 )o D o S L o R D v D v V D R R R (9.18) Interessa-nos obter o ganho estático G, definido pela expressão (9.19). 1 oVG V (9.19) Manipulando-se algebricamente a equação (9.18), obtêm- se a equação (9.20). 88 1 (1 ) Do S L o v R D D v G D R R R (9.20) Para o conversor ideal, 0.S L DR R v Portando, a partir da equação (9.20) obtêm-se a equação (9.21). G D (9.21) A expressão (9.20) representa o ganho em função da resistência de carga oR . Muitas vezes é preferível conhecer o ganho estático em função da corrente de carga. Vamos então obter tal expressão, como segue. Sejam as seguintes definições: oo o V R I (9.22) 1 S o o R I I V (9.23) LL S R R R (9.24) 1 D D V V V (9.25) Substituindo-se (9.22), (9.23), (9.24) e (9.25) em (9.20), obtêm-se a expressão (9.26). 89 (1 ) (1 )D L oG D D v D R I (9.26) A expressão (9.26) representa a característica normalizada do conversor Buck não ideal em regime permanente. Para o conversor ideal 0DV e 0oI (pois 0SR ). Portanto, G D (9.27) A equação (9.26) claramente indica que no conversor real a tensão de saída varia com a corrente de carga, mesmo para tensão de entrada constante. Por isso é necessário o emprego de controle da tensão em malha fechada. 9.5 MODELO DE PLANTA PARA CONTROLE DA CORRENTE. Seja o sistema representado na Figura 9-6. Figura 9-6. Controle da corrente do coversor buck. O capacitor C e a resistência de carga Ro foram substituídos por uma fonte de tensão ideal 𝑉0. Deseja-se 90 controlar o valor da corrente IL. A variável de entrada é a razão cíclica D. Desejamos então obter a função de transferência. ( ) ( ) ( ) LI sF S D s (9.28) Seja oV o valor da tensão da fonte utilizada como carga. Portanto C oV V e 0 CdV dt . Com essas restrições, a partir das equações (9.12) e (9.13) obtêm-se a equação (9.29). 1 (1 ) L S L L C D di L D R R i v D v D v dt (9.29) Como D é variável no tempo, estamos diante de uma equação diferencial linear com coeficientes variáveis. Para que se possa obter a função de transferência desejada, deve-se obter uma equação diferencial linear com coeficientes constantes. Vamos então introduzir uma pequena perturbação na razão cíclica D, definida pela equação (9.30), e obter a resposta na corrente. oD D D (9.30) Desse modo, L Lo LI I i (9.31) 91 Portanto: 1 1 (1 ) ( ) Lo L S L o S L L L o D D dI d i L L D R R I D R R i dt dt D R I D v D v D v v (9.32) admitindo-se que 0Loi D . Manipulando-se a equação (9.32) obtêm-se a expressão (9.33). 1( ) L S L L S o D d i L D R R i D R I D v v dt (9.33) Aplicando-se a transformada de Laplace em todos os termos, obtêm-se. 1 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) L S L L S o D s L i s D R R i s R I D s v v D s (9.34) Desse modo, 1( ) ( )S L L D S os L D R R i s v v R I D s (9.35) Portanto: 1( ) ( ) D S oL S L v v R Ii s D s s L D R R (9.36) 92 Mas, 1 D S o oD v v D R I v (9.37) Portanto: 1 o D S o V v v R I D (9.38) Substituindo (9.37) em (9.36) obtêm-se (9.39). ( ) ( ) oL S L Vi s D s D s L D R R (9.39) Ou ainda, ( ) ( ) oL S L Vi s D s D R R L D s L (9.40) Seja, S L L D R R (9.41) 93 Portanto, ( ) 1( ) oL Vi s D s L D s (9.42) No caso de um conversor ideal a equação se torna ( ) ( ) oL Vi s D s L D s (9.43) Mas 1 oV V D . Então, 1( ) ( ) Li s V D s L s (9.44) que é uma expressão comumente encontrada na literatura. 9.6 OBTENÇÃO DA FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE DA TENSÃO DE CARGA. Foi demonstrado que os dois estágios topológicos para os intervalos 0, sDT e , s sDT T são representados pelas equações (9.45) e (9.46), respectivamente. 1 1X A X B U (9.45) 2 2X A X B U (9.46) 94 Foi também obtida à expressão (9.47). 1 2 1 21 1X A D A D X B D B D U (9.47) Vamos adotar as seguintes definições: x X x (9.48) d D d (9.49) onde X representa o vetor de estados e D representa a razão cíclica, para um ponto de operação. As variáveis x e d representam pequenas alterações alternadas do vetor de estados e da razão cíclica em torno desse ponto de operação. Portanto: x X x (9.50) Mas 0X . Portanto: x x (9.51) Vamos substituir as expressões (9.48), (9.49) e (9.50) na expressão geral (9.47), resultando na expressão (9.52). 1 2 1 2 1 1 X x A D d A D d X x B D d B D d U (9.52) Vamos desenvolver cada membro separadamente. Assim. 95 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 1 1 A D d A D d X x A D A D X A A d X A D A D x A A d x (9.53) Mas 1 2 0A A d x Portanto, 1 2 1 2 1 1 X A D A D X B D B D U (9.54) Como 0X , pode-se escrever a expressão (9.55). 1 2 1 2 1 1 0 A D A D X B D B D U (9.55) Vamos desenvolver o segundo termo da equação (9.52), definida pela expressão (9.56). 1 2 1P B D d B D d U (9.56) Desse modo, 1 1 2 21P B D B d B D B d U (9.57) 96 Portanto, 1 2 1 2 1P B D B D U B d B d U (9.58) Combinando-se as expressões (9.52), (9.55) e (9.58) obtêm-se (9.59). 1 2 1 2 1 2 1x A D A D x A A X d B B U d (9.59) A expressão (9.59) representa um sistema de equações diferenciais, lineares e invariantes no tempo de1ª ordem e descreve o comportamento do conversor para pequenas componentes alternadas em torno do ponto de operação definido por X e D . Vamos em seguida utilizar essa expressão para a obtenção da função de transferência que estamos procurando. Foram obtidas, no inicio do capitulo, as expressões (9.60) e (9.61). 1 1 1 1 0 S L LL CC o R R v ii L L L vv C R C (9.60) 97 1 (1 ) 1 1 0 L D LL CC o R D v ii L L L vv C R C (9.61) Vamos admitir, para simplificar nossa analise, que 0D SV R . Desse modo. 1 2 1 1 1 L o R L L A A C R C (9.62) 2 0B (9.63) 1 1 0 v B L (9.64) Portanto, substituindo-se as equações (9.62), (9.63) e (9.64) em (9.59) obtêm-se (9.65). 1 1x A x B U d (9.65) Aplicando-se a transformada de Laplace em (9.65) obtêm-se a expressão (9.66). 98 1 1( ) ( ) ( )s x s A x s B U d s (9.66) onde é a matriz identidade. Portanto: 1 1( ) ( )x s s A B U d s (9.67) ou ainda, 1 1 1( ) ( )x s s A B U d s (9.68) Mas, 1 1 1 1 L o R s L L s A s C R C (9.69) Portanto: 1 1 (1 )1 ( )( ) o o o o L L C R s C R s A L R R C R L sM s (9.70) Sendo, 2 1 ( ) o L o L o M s R R L s C R R s L C R s (9.71) 99 e ( ) ( ) 0 v d s B U d s L (9.72) Com as expressões (9.70) e (9.72) obtêm-se (9.73). (1 ) ( )( ) 1 ( )( ) ( ) oL C o V C R s d si s M sV s V R d s (9.73) Portanto: ( ) ( ) ( ) o C V R d s V s M s (9.74) Desse modo, ( ) ( ) ( ) C oV s RV d s M s (9.75) 2 1 ( ) 1 1 o o LL o o R M s R RR L C s s C R L L C R (9.76) Seja o LR R . 100 Portanto: 2 ( ) ( ) 1 1 C L o V s V d s R L C s s C R L L C (9.77) Sejam as seguintes definições: 1 o L C (9.78) 1 2 L o o R C R L (9.79) Assim: 2 2 2 ( ) ( ) 2 C o o o V s V d s s s (9.80) A função de transferência (9.80) relaciona a resposta na tensão de carga, causada por uma pequena perturbação alternada da razão cíclica em torno de um ponto de operação. Como o conversor Buck com interruptores ideais, do ponto de vista dos valores médios quase instantâneos, comporta-se linearmente, as condições iniciais não aparecem na equação final obtida. O mesmo resultado seria obtido através da análise do circuito equivalente deduzido anteriormente e reproduzido na Figura 9-7. 101 Figura 9-7. Circuito equivalente do conversor Buck. Se 0D SV R , obtêm-se o circuito equivalente mostrado na Figura 9-8. Devido à própria natureza do conversor Buck, nenhum dos parâmetros do circuito equivalente simplificado depende da razão cíclica, o que não acontece com muitos outros conversores. Figura 9-8. Circuito equivalente do conversor Buck para 0D SV R . Com o emprego da equação (9.80), pode-se definir a estrutura e os parâmetros do controlador da tensão de saída ou da carga. 102 9.7 EXERCÍCIO PROPOSTO. O leitor é convidado a obter a função de transferência ( ) ( ) oV s d s , para o conversor Buck representado na Figura 9-9, onde é adicionada a resistência serie equivalente do capacitor de filtragem, além das demais não idealidades já mencionadas. Figura 9-9. Conversor Buck não ideal com a inclusão da resistência do capacitor. O leitor deverá concluir que a resistência RC do capacitor introduzirá um zero na função de transferência F(s). 103 CAPÍTULO 10 MODELAGEM DO CONVERSOR BOOST 10.1 INTRODUÇÃO. Neste capítulo, iremos empregar a técnica do modelo médio em espaço de estados, para obter os circuitos equivalentes, ganho estático e funções de transferência do conversor Boost, representado na Figura 10-1. Figura 10-1. Conversor Boost. Na Figura 10-1, RL representa a resistência do indutor L, Rs representa a resistência do interruptor S e VD representa a queda de tensão no diodo D. Vamos analisar o conversor operando em condução contínua (MCC). Durante um ciclo de operação o conversor assume dois estados topológicos, representados na Figura 10-2 para os intervalos de tempo (0, DTS) e (DTS, TS), respectivamente. 104 Figura 10-2. Estados topológicos do conversor Boost. Durante o primeiro intervalo de tempo, representado na Figura 10-2(a), o comportamento do circuito é descrito pelas equações (10.1) e (10.2). 1 L L s L di L R R i V dt (10.1) C C o dv V C dt R (10.2) As mesmas equações, na forma matricial, são representadas pela expressão (10.3). 1 10 1 00 L s LL CC o R R ii L VL VV C R (10.3) 105 O estágio topológico mostrado na Figura 10-2(b) é descrito pelas equações (10.4) e (10.5). 1 L L L D C di L R i V V V dt (10.4) C CL o dv V C i dt R (10.5) Portanto: 1 CL DL L vR V V i i L L L (10.6) CL C o vi v C C R (10.7) com a representação matricial dada pela expressão (10.8). 1 1 1 1 1 0 L LL D CC o R ii L L V VL vv C C R (10.8) Sejam as seguintes definições: L C i x v (10.9) 106 L C i x v (10.10) 1 0 1 0 L s o R R L A C R (10.11) 2 1 1 1 L o R L L A C C R (10.12) 1 1 0 0 0 B L (10.13) 2 1 1 0 0 B L L (10.14) 1 D V U V (10.15) Podemos então escrever para os dois estágios topológicos: 1 1x A x B U (10.16) 2 2x A x B U (10.17) 107 Multiplicando a equação (10.16) por D e (10.17) por (1 -D), obtemos as equações (10.18) e (10.19), respectivamente. 1 1D x A D x B D U (10.18) 2 21 1 1D x A D x B D U (10.19) Adicionando-se as duas equações, obtêm-se: 1 2 1 2 1 1 x A D A D x B D B D U (10.20) Seja, 1 2 1A A D A D (10.21) 1 2 1B B D B D (10.22) Portanto: x A x B U (10.23) A equação na forma matricial (10.23), formada por duas equações diferenciais lineares de primeira ordem, descreve o comportamento do conversor, para grandezas médias quase instantâneas. 108 10.2 CIRCUITO EQUIVALENTE PARA OPERAÇÃO EM REGIME PERMANENTE. Em regime permanente, 0x . Portanto, 0 A x B U (10.24) Vamos inicialmente obter a matriz A. 1 2 1A A D A D (10.25) Portanto, 1 1 0 1 1 0 LL s o o R D DD R R L LL A D DD CR C CR (10.26) Assim, 1 1 1 s L o DD R R L L L A D C C R (10.27) Em seguida vamos obter a matriz B. 1 2 1B B D B D (10.28) 109 11 0 0 0 0 0 DD D B L L L (10.29) Desse modo, 11 0 0 D B L L (10.30) Substituindoas expressões (10.27) e (10.30) em (10.24), obtemos (10.31). 1 1 0 1 10 11 0 0 s L L C o D D R R D iL L D v C C R D V L L V (10.31) Manipulando-se adequadamente a expressão (10.32), obtêm-se as expressões (10.32) e (10.33). 1 1 1 0 s L L C D D DD R R V i v V L L L L (10.32) 1 0 CL o vD i C C R (10.33) 110 Ou ainda: 1 1 1D s L L CV D V D R R i D v (10.34) 0 1C o Lv R D i (10.35) As equações (10.34) e (10.35) representam o circuito equivalente mostrado na Figura 10-3. Figura 10-3. Circuito equivalente do conversor Boost. Com as expressões (10.34) e (10.35) obtêm-se a expressão (10.36), que representa o conversor boost operando em regime permanente. 2 1 01 1D s L L LV D V D R R i R D i (10.36) A equação (10.36) representa o circuito equivalente mostrado na Figura 10-4. Pode-se também obter um circuito equivalente referido para o lado da carga. Vamos dividir a equação (10.36) por (1- D), resultando na equação (10.37). 111 Figura 10-4. Circuito equivalente do conversor Boost. 1 0 1 1 1 s L D L L D R RV V i R D i D D (10.37) ou ainda, 1 02 1 1 1 1 s L D L L DR RV V D i R D i D D (10.38) A equação (10.38) representa o circuito equivalente mostrado na Figura 10-5. Figura 10-5. Circuito equivalente do conversor Boost visto pelo lado da carga. 112 Se considerarmos o conversor ideal, 0D S LV R R Desse modo, 1 (1 ) o V V D (10.39) ou ainda, 1 1 (1 ) oV V D (10.40) que é a expressão clássica do ganho estático do conversor boost ideal. Vamos em seguida obter a expressão do ganho do conversor a partir da análise do circuito equivalente em regime permanente mostrado na Figura 10-5. Por inspeção, pode-se obter: 1 2 (1 ) (1 ) o o D S L o RV V V D R RD R D (10.41) Ou ainda, 2 2 1 1 (1 )1 (1 ) (1 ) o oD S L o V R DV V D V D R R R D (10.42) 113 Na Figura 10-6 são representadas curvas do ganho do conversor boost em função da razão cíclica, tomando oR como parâmetro. Foram adotados os seguintes parâmetros a título de exemplo: 1 1 ; 1 ; 0,5 ; 100 . D L S V V R R V V Foram traçadas duas curvas, para 100oR e 𝑅0 = 50Ω, respectivamente. Verifica-se que a curva do ganho, na presença das não idealidades dos componentes do conversor, afasta-se muito da curva ideal, para 0,5D . Figura 10-6. Ganho estático do conversor Boost em função da razão ciclica. 114 10.3 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DO CONVERSOR PARA O CONTROLE DA CORRENTE O modelo completo, na forma de equações de estados, obtido anteriormente é: x A x B u (10.43) Fazendo as devidas substituições, com o emprego dos resultados anteriormente obtidos, encontramos a expressão (10.44). 1 (1 ) 1 1 (1 ) 0 S L LL CC o D D R R D ii L L D vv C C R V D V L (10.44) Normalmente a dinâmica da corrente no indutor é muito mais rápida que a dinâmica da tensão no capacitor. Por isso, para a obtenção da função de transferência para o controle da corrente vamos admitir que C oV V , portanto com valor constante. Consequentemente, dv 0C dt . Desse modo, a expressão (10.44), adquire a forma da equação (10.45). 115 1(1 ) (1 ) L S L L o D di L DR R i D V V D V dt (10.45) A equação (10.45) representa o circuito equivalente mostrado na Figura 10-7. Figura 10-7. Circuito equivalente do conversor Boost para tensão constante na carga. Vamos introduzir componentes alternadas de pequenas amplitudes d e Li em torno do ponto de operação definido por Do e IL. Desse modo: L L Li I i (10.46) oD D d (10.47) Substituindo as equações (10.46) e (10.47) em (10.45) obtemos as expressão (10.48). 116 (1 ) (1 ) L L o S L L S L o S L L S L C C D D di dI L L D R R I d R I dt dt D R R i d R i D V d V D V d V (10.48) Mas, 0S Ld R i (10.49) 0L dI L dt (10.50) e 1(1 ) (1 ) 0o S L L o CD R R I D V D V V (10.51) Portanto: L o S L L o D S L di L D R R i V V d d R I dt (10.52) Aplicando a transformada de Laplace obtemos: ( ) ( )o S L L o D S LsL D R R i s V V R I d s (10.53) Desse modo: ( ) ( ) o D S LL o S L V V R Ii s d s s L D R R (10.54) 117 Para o caso particular de um conversor ideal, 0D S LV R R . Portanto, ( ) ( ) oL Vi s d s s L (10.55) que é uma expressão muito conhecida e normalmente empregada na definição da estrutura e dos parâmetros dos controladores de corrente do conversor Boost. 10.4 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DO CONVERSOR PARA O CONTROLE DE TENSÃO. Seja a Figura 10-8, na qual se encontra incluída uma malha de controle da tensão da carga do conversor Boost. Figura 10-8. Conversor Boost com controle de tensão. Nosso objetivo é controlar a tensão de saída ov do conversor. Necessitamos, para definir a estrutura e os parâmetros do controlador, uma função de transferência que 118 relacione a razão cíclica, que é variável de entrada, com a tensão de carga. Essa função ( )F s é definida pela expressão (10.56). ( ) ( ) ( ) ov s F s d s (10.56) ( )d s perturbação da razão cíclica, em torno de um ponto de operação. ov resposta da tensão de carga, na forma de pequena componente alternada em torno de um ponto de operação. Foi obtida anteriormente a equação (10.57). 1 2 1 2 1 2 1x A D A D x A A X B B U d (10.57) Seja 1 2 1A A D A D (10.58) Portanto: 1 2 1 2x A x A A X B B U d (10.59) Aplicando-se a transformada de Laplace obtêm-se a expressão (10.60). 1 2 1 2( ) ( ) ( )sIx s Ax s A A X B B U d s (10.60) 119 Portanto, 1 1 2 1 2( ) ( )x s sI A A A X B B U d s (10.61) Desse modo, 1 1 2 1 2 ( ) ( ) x s s I A A A X B B U d s (10.62) onde ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) L c i s x s d s v sd s d s (10.63) Definindo: 1 ( ) ( ) ( ) Li sF s d s (10.64) 2 ( ) ( ) ( ) cv sF s d s (10.65) Obtêm-se 1 2 ( )( ) ( )( ) F sx s F sd s (10.66) 120 A matriz A , já obtida anteriormente, é representada a seguir, pela expressão (10.67). 1 1 1 s L o D R R D L L A D C C R (10.67) Portanto: 1 1 1 s L o DD R R s L L s I A D s C C R (10.68) 1 2 1 1 0 sR L LA A C (10.69) 1 1 1 0 0 0 D V B U L V (10.70) 1 2 1 1 0 0 D V B U L L V (10.71) 121 Portanto, 1 2 0 DV B B U L (10.72) A matriz X representa os estados iniciais, e é definida pela expressão (10.73). Lo Co I X V (10.73) Portando: 1 2 1 1 0 s Lo Co R IL LA A X V
Compartilhar