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ISTs – 20/09 O que é sexo seguro? Geralmente, o termo "sexo seguro" é associado ao uso exclusivo de preservativos. Por mais que o uso de preservativos seja uma estratégia fundamental a ser sempre estimulada, ele possui limitações. Assim, outras medidas de prevenção são importantes e complementares para uma prática sexual segura, como as apresentadas a seguir: - Usar preservativo; - Imunizar para HAV, HBV e HPV; - Conhecer o status sorológico para HIV da (s) parceria (s) sexual (is); -Testar regularmente para HIV e outras IST; - Tratar todas as pessoas vivendo com HIV-PVHIV (Tratamento como Prevenção e I=1*); - Realizar exame preventivo de câncer de colo do útero (colpocitologia oncótica); - Realizar Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), quando indicado; - Conhecer e ter acesso à anticoncepção e concepção; - Realizar Profilaxia Pós-Exposição (PEP), quando indicado. Nesse sentido, é essencial ampliar as possibilidades de prevenção e tornar o cenário mais completo e efetivo. Desde 2016 agrupou as IST’s em quadro sindrômicos, ou seja, em doenças que se pareça uma com as outras e se defiram em pequenos aspectos: Úlceras genitais: cancro duro (sífilis 1°), cancro mole, infecção por herpes vírus tipo 2, linfogranuloma venéreo, donovanose. HPV: câncer de colo de útero Sífilis A sífilis é dividida em estágios que orientam o tratamento e monitoramento, conforme segue: - Sífilis recente (primária, secundária e latente recente): até um ano de evolução; 2,4 milhões de unidade de benzetacil (dose única). - Sífilis tardia (latente tardia e terciária): mais de um ano de evolução. 7,2 milhões de unidade de benzetacil (3 semanas seguidas). Primária: cancro duro/ linfonodos regionais Secundarias: lesões cutâneo-mucosas Latentes: assintomática Terciaria: ou tardia. Gomas sifilíticas, lesões osteocartilaginosas, acometimento neurológico (neurosífilis). Diagnostico Diagnostico é laboratorial. Testes: treponêmico se reagente teste não treponêmico (VDRL – para confirmar). Ou seja, teste rápido OU FTA-Abs + VDRL = sífilis. VDRL: reagente, título 1:8/ 1:16/ 1:32 é o guia para o tratamento. Se antes do tratamento era 1:64 paciente só está curado se tiver 1:16, ou seja, critério de cura laboratorial é que tenha queda sucessiva 2 títulos do VDRL. Hipótese da não queda do título: Treponema pallidum resistente a benzetacil (perigoso) OU não parou de se relacionar com a pessoa que também tem, por isso da importância de tratar o parceiro. VDRL: pode permanecer alterado em baixo títulos por muito tempo. Tratamento Benzetacil – é o tratamento de escolha. Os outros medicamentos são usados apenas quando o paciente é alérgico a penicilina. Tratamento em 1 ou 3 etapas. Tratamento da neurossífilis: benzetacil não passa barreia hemato encefálica, então paciente com neurossífilis é tratado com penicilina G cristalina (não é melhor para o patógeno, mas é a que chega onde o patógeno está). Gestante: extremamente alérgica a penicilina e não foi tratada com benzetacil considerada como não tratada bebe possível portador de sífilis congênita. Fluxograma do manejo do corrimento vaginal: exame de colpocitologia oncótica (prevenção) negativo para neoplasia, mas na microbiologia tem presenças de bacilos supra citoplasmático sugestivo de Gardnerella causa vaginose bacteriana, tratamento é feito se a mulher tiver queixa de corrimento. Corrimento: branco acinzentado ou amarelado com muito odor. Com ou sem coceira – se tiver essas queixas tratamento realizado independente do resultado do exame. Laboratório sem queixa não tratar Laboratório e queixa tratar Só queixa tratar. Candidíase: corrimento branco com aspecto de leite qualhado, aspecto grumoso sem mal cheiro. Tricomoniase: amarelada com odor fétido e prurido. Candidíase Tratamento de candidíase: miconazol creme vaginal por 5 ou 7 noites consecutivas. OU nistatina por 14 dias. Segunda opção: tratamento por VO: fluconazol OU itraconazol. Vaginose bacteriana Vaginose bacteriana: metronidazol VO 2x/ dia por 7 dias. OU metronidazol gel vaginal por 5 dias. Não beber álcool (efeito antabuse). Não trata o parceiro. Tricomoniase Tricomoniase: metronidazol. Parceria sempre tratado também. Gonorreia e clamídia Tratamento é conjunto: ceftriaxona (gonococo da gonorreia) + azitromicina (clamídia). Se fizer sorologia e tiver apenas clamídia: azitromicina ou doxicilina (NUNCA EM GESTANTE). Uretrites 90% dos tratamentos: azitromicina + ceftriaxona. Tem muito risco de ter DIP. O tratamento tem que ser rápido. Ulceras genitais: cancro duro (1° sífilis), cancro mole, herpes genital, linfogranuloma venéreo ou donovanose. Herpes genital Aciclovir 2 comprimidos 3X dia por 7 dias. 6/ 10/ 14/18/ 22 4 em 4 Cancroide – cancro mole Azitromicina 500mg VO, dose unica Linfogranuloma venereo Doxiciclina 100mg VO, 2X dia por 21 dias. Se gestante dar azitromicina. Precisa de sorologia. Donovanose Azitromicina 500mg VO, 1 x semana DIP – pior complicação de ist’s Quando uma mulher sexualmente ativa se apresenta com dor abdominal baixa e/ou dor pélvica, deverá investigar DIP no diagnóstico diferencial, independentemente da história de atividade sexual recente. O diagnóstico clínico de DIP é feito a partir de critérios maiores, critérios menores e critérios elaborados, apresentados no Quadro 42. Para o diagnóstico de DIP, é necessária a presença de - 3 Critérios maiores MAIS 1 critério menor; OU - 1 Critério elaborado (abscesso tubo ovariano comprovado). Os critérios elaborados podem aumentar a especificidade do diagnóstico clínico de DIP Internar: Abscesso tubo-ovariano, gravida, ausência de resposta após 72 horas, intolerância a antibiótico, estado geral grave, dificuldade de excluir emergência cirúrgica. Tratamento imediato previne complicações tardias. Tratamento ambulatorial: ceftriaxona + doxicilina + metronidazol Tratamento hospitalar: ceftriaxona + dociclina + metronidazol. DIP: importante causa de infertilidade. As vezes precisa fazer salpingooforectomia (retira tuba e ovário). Refe: https://www.gov.br/aids/pt-br/centrais-de- conteudo/pcdts/2022/ist/pcdt-ist-2022_isbn-1.pdf/view https://www.gov.br/aids/pt-br/centrais-de-conteudo/pcdts/2022/ist/pcdt-ist-2022_isbn-1.pdf/view https://www.gov.br/aids/pt-br/centrais-de-conteudo/pcdts/2022/ist/pcdt-ist-2022_isbn-1.pdf/view Tuberculose - 03/11 Microbactéria tuberculose Aspectos epidemiológicos - O Brasil é um dos 22 países priorizados pela OMS que concentram 80% da carga mundial de TB. (19°) - Em 2009, foram notificados 72 mil casos novos, correspondendo a um coeficiente de incidência de 38/100.000 habitantes. Destes, 41mil foram bacilíferos (casos com baciloscopia de escarro positiva). - Esses indicadores colocam o Brasil na 19ª posição em relação ao número de casos e na 104ª posição em relação ao coeficiente de incidência (WHO, 2009) - A distribuição dos casos está concentrada em 315 dos 5.564 municípios do País, correspondendo a 70% da totalidade dos casos. - O estado de São Paulo detecta o maior número absoluto de casos e o estado do Rio de Janeiro apresenta o maior coeficiente de incidência (SINAN). - É importante destacar que anualmente ainda morrem 4,5 mil pessoas por tuberculose, doença curável e evitável. - Em sua maioria, os óbitos ocorrem nas regiões metropolitanas e em unidades hospitalares. - Em 2008, a TB foi a quarta causa de morte por doençasinfecciosas e a primeira causa de morte dos pacientes com aids (SIM). 1/4 da população brasileira são infectados pelos vírus da tuberculose, mas menos de 5% tem manifestações da tuberculose durante a vida: imunocompetentes (vacina BCG e imunocompetentes). As formas graves são muito raras. Busca Ativa de Sintomáticos Respiratórios – SR - É a atividade de saúde pública (conceito programático) orientada a identificar precocemente pessoas com tosse por tempo igual ou superior a três semanas (Sintomático Respiratório), consideradas com suspeita de tuberculose pulmonar, visando à descoberta dos casos bacilíferos. - A busca ativa do SR deve ser realizada permanentemente por todos os serviços de saúde (níveis primário, secundário e terciário) e tem sido uma estratégia recomendada internacionalmente. Sintomático respiratório = tosse seca ou produtiva por 3 semanas + febre baixa (final da tarde) + sudorese noturno + anorexia. Na atenção primaria os ACS que contribuem para a busca ativa dos sintomáticos respiratórios. Eles são os principais, mas todos profissionais podem fazer a busca ativa Diagnóstico Clínico-epidemiológico - TB pulmonar - Pode-se apresentar sob a forma primária, pós- primária (ou secundária) ou miliar. Os sintomas clássicos da TB pulmonar são: - Tosse persistente, produtiva ou não (com muco e eventualmente sangue) - Febre vespertina - Sudorese noturna e - Emagrecimento. Formas de TB pulmonar TB pulmonar primária - É mais comum em crianças e clinicamente apresenta-se, na maior parte das vezes, de forma insidiosa. O paciente apresenta-se irritadiço, com febre baixa, sudorese noturna, inapetência e o exame físico pode ser inexpressivo. TB pulmonar pós-primária - Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum no adolescente e no adulto jovem. Tem como característica principal a tosse, seca ou produtiva. - Em locais com elevadas taxas de incidência de TB, todo paciente que procure a unidade de saúde devido à tosse deve ter a TB incluída na sua investigação diagnóstica. - A expectoração pode ser purulenta ou mucoide, com ou sem sangue. - A febre vespertina, sem calafrios, não costuma ultrapassar os 38,5º C. - A sudorese noturna e a anorexia são comuns. - O exame físico geralmente mostra fácies de doença crônica e emagrecimento, embora indivíduos com bom estado geral e sem perda do apetite também possam ter TB pulmonar. - A ausculta pulmonar pode apresentar diminuição do murmúrio vesicular, sopro anfórico ou mesmo ser normal. TB miliar - A denominação é vinculada ao aspecto radiológico pulmonar. É uma forma grave de doença e ocorre em 1% dos casos de TB em pacientes HIV soronegativos, e em até 10% dos casos em pacientes HIV soropositivos, em fase avançada de imunossupressão. - A apresentação clínica clássica é a aguda, mais comum em crianças e em adultos jovens. - Os sintomas são febre, astenia e emagrecimento, que, em associação com tosse, ocorrem em 80% dos casos. - O exame físico mostra hepatomegalia (35% dos casos), alterações do SNC (30% dos casos) e alterações cutâneas do tipo eritemato (vermelha)- máculo (manchas)- papulo (elevadas)- vesiculosas (pápulas com conteúdo dentro das vesiculas). PLECT: doenças infecciosas que cursa com ulceras cutâneas P – Paracoccidioidomicose L – Leishmaniose tegumentar E – Esporotricose C – Cromomicose T – Tuberculose cutânea TB extrapulmonar – Formas Tuberculose pleural - É a mais comum forma de TB extrapulmonar em indivíduos HIV soronegativos. Ocorre mais em jovens. Cursa com dor torácica do tipo pleurítica. - A tríade astenia, emagrecimento e anorexia ocorre em 70% dos pacientes e febre com tosse seca, em 60%. - Eventualmente, apresenta-se clinicamente simulando pneumonia bacteriana aguda, e a dispneia pode aparecer apenas nos casos com maior tempo de evolução dos sintomas. - A cultura, associada ao exame histopatológico do fragmento pleural, permite o diagnóstico em até 90% casos. - Os rendimentos da baciloscopia e da cultura do líquido pleural são respectivamente menores que 5% e 40%. Empiema pleural tuberculoso - É consequência da ruptura de uma cavidade tuberculosa para o espaço pleural e, por isso, além de líquido no espaço pleural, muitas vezes ocorre também pneumotórax secundário à fístula broncopleural pela cavidade tuberculosa aberta para o espaço pleural. - Clinicamente, é indistinguível de um empiema pleural por bactéria comum. Tuberculose ganglionar periférica - É a forma mais frequente de TB extrapulmonar em pacientes HIV soropositivos e crianças, sendo mais comum abaixo dos 40 anos. - Cursa com aumento subagudo, indolor e assimétrico das cadeias ganglionares cervical anterior e posterior, além da supraclavicular. - Nos pacientes HIV soropositivos, o acometimento ganglionar tende a ser bilateral, associado com maior acometimento do estado geral. - Ao exame físico, os gânglios podem apresentar- se endurecidos ou amolecidos, aderentes entre si e aos planos profundos, podendo evoluir para flutuação e/ ou fistulização espontânea, com a inflamação da pele adjacente. - O diagnóstico é obtido por meio de aspirado por agulha e/ou biópsia ganglionar, para realização de exames bacteriológicos e histopatológicos. Colhe história clinica palpa linfonodo para confirmar tem que fazer aspirado de agulha com biopsia. Imunocompetentes não tratar. Gestante sempre trata (complicação fetal). TB meningoencefálica - É responsável por 3% dos casos de TB em pacientes HIV soronegativos e por até 10% dos casos em pacientes HIV soropositivos. A meningite basal exsudativa é a apresentação clínica mais comum e é mais frequente em crianças abaixo dos 6 anos de idade. - Clinicamente, pode ser subaguda ou crônica (sinais e Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil 34 Secretaria de Vigilância em Saúde/MS sintomas com duração superior a quatro semanas). - Na forma subaguda, cursa com cefaleia holocraniana, irritabilidade, alterações de comportamento, sonolência, anorexia, vômitos e dor abdominal associados à febre, fotofobia, vômitos e rigidez de nuca por tempo superior a duas semanas. - Eventualmente, apresenta sinais focais relacionados a síndromes isquêmicas locais ou ao envolvimento de pares cranianos (pares II (oftálmico), III (oculomotor), IV (troclear), VI (abducente) e VII (facial)). - Pode haver hipertensão intracraniana (edema de papila exame de fundo de olho contraindicação punção lombar). Na forma crônica, o paciente evolui várias semanas com cefaleia, até que o acometimento de pares cranianos faz o médico suspeitar de meningite crônica. - Ocorre doença pulmonar concomitante em até 59% dos casos. Outra forma de TB do sistema nervoso central é a forma localizada (tuberculomas). - Nesta apresentação, o quadro clínico é o de um processo expansivo intracraniano de crescimento lento, com sinais e sintomas de hipertensão intracraniana. A febre pode não estar presente. Tuberculose pericárdica - Tem apresentação clínica subaguda e geralmente não se associa à TB pulmonar, embora possa ocorrer simultaneamente à TB pleural. - Os principais sintomas são dor torácica, tosse seca e dispneia. - Muitas vezes, a dor não se manifesta como a dor pericárdica clássica. - Pode haver febre, emagrecimento, astenia, tonteira, edema de membros inferiores, dor no hipocôndrio direito (congestão hepática) e aumento do volume abdominal (ascite). - Raramente provoca sinal clínico de tamponamento cardíaco. Tríade de Beck OU tamponamento cardíaco Abafamento de bulhas cardíacas Hipotensão arterial Turgência jugular Tuberculose óssea - É mais comumem crianças (10% a 20% das lesões extrapulmonares na infância) ou em pessoas entre as 4° e 5° décadas. - Atinge mais a coluna vertebral e as articulações coxofemoral e do joelho, embora possa ocorrer em outros locais. - A TB de coluna (mal de Pott) é responsável por cerca de 1% de todos os casos de TB e por até 50% de todos os casos de TB óssea. Pott é a tuberculose óssea APENAS na coluna vertebral (C1-C5). - O quadro clínico é a tríade dor lombar, dor à palpação e sudorese noturna. Afeta mais comumente a coluna torácica baixa e a lombar. Diagnóstico Bacteriológico - A pesquisa bacteriológica é método de importância fundamental em adultos, tanto para o diagnóstico quanto para o controle de tratamento (BRASIL, 2008), e será usado na ordem de prioridade detalhada. Exame microscópico direto – baciloscopia direta - Por ser um método simples e seguro, deve ser realizado por todo laboratório público de saúde e pelos laboratórios privados tecnicamente habilitados. - A pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente – BAAR, pelo método de Ziehl-Nielsen, é a técnica mais utilizada em nosso meio. - A baciloscopia do escarro, desde que executada corretamente em todas as suas fases, permite detectar de 60% a 80% dos casos de tuberculose pulmonar, o que é importante do ponto de vista epidemiológico, já que os casos bacilíferos são os responsáveis pela manutenção da cadeia de transmissão. - A baciloscopia direta deve ser solicitada aos pacientes que apresentem: - Critérios de definição de sintomático respiratório (exame de escarro) (ver capítulo Detecção de casos); - Suspeita clínica e/ou radiológica de TB pulmonar, independentemente do tempo de tosse (exame de escarro); e - Suspeita clínica de TB extrapulmonar (exame em materiais biológicos diversos). - A baciloscopia de escarro deve ser realizada em, no mínimo, duas amostras: uma por ocasião da primeira consulta e outra, independentemente do resultado da primeira, na manhã do dia seguinte, preferencialmente ao despertar. - Nos casos em que há indícios clínicos e radiológicos de suspeita de TB e as duas amostras de diagnóstico apresentem resultado negativo, podem ser solicitadas amostras adicionais. Cultura para micobactéria, identificação e teste de sensibilidade - A cultura para micobactéria é indicada nos seguintes casos: - Suspeita clínica e/ou radiológica de TB com baciloscopia repetidamente negativa; - Suspeitos de TB com amostras paucibacilares (poucos bacilos); - Suspeitos de TB com dificuldades de obtenção da amostra (por exemplo, crianças); - Suspeitos de TB extrapulmonar; e - Casos suspeitos de infecções causadas por micobactéria não tuberculosas – MNT (nestes casos o teste de sensibilidade pode ser feito com MIC). - Cultura com identificação e teste de sensibilidade, independentemente do resultado da baciloscopia, estão indicados nos seguintes casos: - Contatos de casos de tuberculose resistente; - Pacientes com antecedentes de tratamento prévio, independentemente do tempo decorrido; - Pacientes imunodeprimidos, principalmente portadores de HIV; - Paciente com baciloscopia positiva no final do 2º mês de tratamento; - Falência ao tratamento antiTB (ver capítulo Tratamento); - Em investigação de populações com maior risco de albergarem cepa de M. tuberculoses resistente (profissionais de saúde, população de rua, privados de liberdade, pacientes internados em hospitais que não adotam medidas de biossegurança e instituições de longa permanência) ou com difícil abordagem subsequente (indígenas). Radiografia é bom para analisar se o paciente está tendo melhora radiológica também. Coletas das Amostras - Orientação ao paciente – A unidade de saúde deve ter pessoal capacitado para fornecer informações claras e simples ao paciente quanto à coleta do escarro, devendo proceder da seguinte forma: - 1. Entregar o recipiente ao paciente, verificando se a tampa do pote fecha bem e se já está devidamente identificado (nome do paciente e a data da coleta no corpo do pote). - 2. Orientar o paciente quanto ao procedimento de coleta: ao despertar pela manhã, lavar bem a boca, inspirar profundamente, prender a respiração por um instante e escarrar após forçar a tosse. Repetir esta operação até obter três eliminações de escarro, evitando que ele escorra pela parede externa do pote. - 3. Informar que o pote deve ser tampado e colocado em um saco plástico com a tampa para cima, cuidando para que permaneça nesta posição. - 4. Orientar o paciente a lavar as mãos. - 5. Na impossibilidade de envio imediato da amostra para o laboratório ou unidade de saúde, está poderá ser conservada em geladeira comum até no máximo sete dias. Diagnóstico Radiológico - A radiografia de tórax é método diagnóstico de grande importância na investigação da tuberculose. - Diferentes achados radiológicos apontam para a suspeita de doença em atividade ou doença no passado, além do tipo e extensão do comprometimento pulmonar. - Deve ser solicitada para todo o paciente com suspeita clínica de TB pulmonar. No entanto, até 15% dos casos de TB pulmonar não apresentam alterações radiológicas, principalmente pacientes imunodeprimidos. - Nos pacientes com suspeita clínica, o exame radiológico permite a diferenciação de imagens sugestivas de tuberculose ou de outra doença, sendo indispensável submetê-los a exame bacteriológico. - Em suspeitos radiológicos de tuberculose pulmonar com baciloscopia direta negativa, deve- se afastar a possibilidade de outras doenças, recomendando-se a cultura para micobactéria. - O estudo radiológico tem, ainda, importante papel na diferenciação de formas de tuberculose de apresentação atípica e no diagnóstico de outras pneumopatias no paciente portador de HIV/aids ou de outras situações de imunodepressão. - O exame radiológico, em pacientes com baciloscopia positiva, tem como função principal a exclusão de doença pulmonar associada (por exemplo, câncer de pulmão em fumantes com alta carga tabágica com idade superior a 40 anos) que necessite de tratamento concomitante, além de permitir avaliação da evolução radiológica dos pacientes, sobretudo naqueles que não respondem ao tratamento antiTB. Diagnóstico com a Prova tuberculínica - A prova tuberculínica – PT consiste na inoculação intradérmica de um derivado proteico do M. tuberculosis para medir a resposta imune celular a estes antígenos. É utilizada, em adultos e crianças, para o diagnóstico de infecção latente pelo M. tuberculosis (ILTB). - Na criança também é muito importante como método coadjuvante para o diagnóstico da TB doença (ver capítulo Diagnóstico, tópico O diagnóstico da tuberculose na criança). Ppd: é importante para assintomáticos, não confirma diagnóstico de tuberculose. Tuberculina e técnica - No Brasil, a tuberculina usada é o PPD-RT 23, aplicada por via intradérmica no terço médio da face anterior do antebraço esquerdo, na dose de 0,1ml, que contém 2UT – unidades de tuberculina e guarda equivalência biológica com 5UT de PPD-S, utilizada em outros países. - A leitura deve ser realizada 48 a 72 horas após a aplicação, podendo ser estendido para 96 horas, caso o paciente falte à leitura na data agendada. - O maior diâmetro transverso da área do endurado palpável deve ser medido com régua milimetrada transparente e o resultado, registrado em milímetros. Tratamento - Esquema básico para adultos e adolescentes (EB) (2RHZE/4RH) Indicação: - a) casos novos adultos e adolescentes (> 10 anos), de todas as formas de tuberculose pulmonar e extrapulmonar (exceto a forma meningoencefálica), infectados ou não por HIV; e - b) retratamento: recidiva (independentementedo tempo decorrido do primeiro episódio) ou retorno após abandono com doença ativa em adultos e adolescentes (> 10 anos), exceto a forma meningoencefálica. 2 meses de fase intensiva: Rifampicina, isoniazida, pirazinamida e Etambutol. RIPE 4 meses de manutenção: rifampicina e isoniazida. RI Meningoencefálica ou óssea: 2 meses intensiva e 10 meses de manutenção Tratamento: efeitos adversos PROVA Neurite ótica causada por Etambutol suspende medicamento e reinicia tratamento sem ele. 2° meses. Teste rápido molecular: achar a micobactéria tuberculosis e saber se ela é sensível a rifampicina. Se for resistente encaminha paciente para especialista porque é tuberculose resistente. Amostras enviadas para os lacem (27 ao todo no Brasil). 2° clinico trata com esquema básico RIPE RI 3° se resistente rifampicina – especialista 4° nova amostra 5° nova amostra. PROVA Hanseníase – 10/11 Doença infecciosa causada por uma Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen. Antigamente era conhecida como lepra. Subdivisão das apresentações clinicas: Indeterminada- Paucibacilar (poucos bacilos) ela pode migrar para polos mais “fortes” ou de maior exacerbação da doença polo tuberculoide borderline (dimorfica – 2 morfologias/ formas: tem características do polo tuberculoide e Virchowiana) forma mais grave é a Virchowiano (fase leoninas). Quanto mais próximo do polo tuberculoide mais paucibacilar. 6 meses de tratamento. Quanto mais próximo do polo Virchowiana mais multibacilar. 12 meses de tratamento. Classificação operacional: faz exame ectoscopico/ físico (inspeção) visualiza as lesões: 1-5 lesões: paucibacilar +6 lesões: multibacilar Baciloscopia positiva: multibacilar. (se ela tiver negativa= pode ter doença paucibacilar) Lesões: maculas (mancha) ou placas hipocromicas (branca) com perda de sensibilidade tátil, térmica ou dolorosa no local da lesão. Ou seja, diagnostico da lesão é: MANCHA + PERDA DE SENSIBILIDADE + ALOPECIA = HANSENÍASE. Classificação operacional: PB: 1-5 lesões, hipocrômicas ou eritematosas ou hipercrômicas. Distribuição assimétrica. Perda sensibilidade. 1 tronco neural envolvido. Baciloscopia (-). MB: +5 lesões, simétrica, perda sensibilidade. + 1 tronco neural. Baciloscopia (+). Mácula: mancha, lesão plana Placa: lesão delimitada com bordas elevadas ou não. Infiltração: Nódulo: principalmente forma tuberculoide. Sinais neurológicos: lesões nos nervos periféricos Dor dos nervos Perda sensibilidade Perda de força muscular Ulceras nos pés podem causar osteomielite (clindamicina + ciprofloxacino G+ eG-. Testes de sensibilidade térmica, tátil e dolorosa Paucibacilar: hipo ou anestesia: ausência ou pouca sensibilidade. Mancha hipocrômicas. Diminui sudorese. Alopecia baciloscopia negativa. Tuberculoide: hipo ou anestesia. Placa eritematosa ou hipocrômicas. Placa definida, compromete nervo e baciloscopia -. Dimorfa: lesões pré-foveolares (centro claro). Baciloscopia pode ser negativa ou positiva. Virchowiana: eritema e infiltração. Sem sobrancelha. Fácies leoninas. Pavilhão auricular grosso. Bacilos abundantes. Baciloscopia positiva. Diagnostico diferencia Mal de Hansen: Nevo: Eczemátide: Vitiligo: mantem a sensibilidade Pitiriase versicolor: autoimune, auto anticorpos que ataca os melanocitos. Traciona a pele e ela descama (descamação furfuracea) = a favor do diagnóstico de pitiriase. Molusco: crianças. Neurofibromatose: genética Leishmaniose: borda da lesão. Tratamento Objetivo: eliminar Mycobacterium leprae, não transmita mais quem mais desempenha é a rifampicina; e prevenção e reabilitação das capacidades físicas. A dose supervisionada (algum profissional da saúde precisa ver) é a que tem rifampicina (quebra a transmissão). Primeira linha: poliquimioterapia é preconizada pelo ministério da saúde Medicações: rifampicina (dose supervisionada), daxona e clofaxilina são as mesmas medicações. PB: 6 meses direto MB: 12 meses direto Efeitos colaterais: pele acinzentada, urina avermelhada (própria medicação). Reação hansênica tipo 1 A prednisona é o medicamento de escolha na dose de 1 mg/kg/dia (dose de imunossupressão), com duração média de tratamento entre 6 e 9 meses para cada episódio, com a redução gradual sugerida de 10 mg a cada 15 dias. Ao atingir a dose de 20 mg/dia, passar a reduzir 5 mg a cada 15 dias. Ao atingir a dose de 5 mg/dia, deve-se manter a dose por 15 dias seguidos e, posteriormente, passar para 5 mg/dia em dias alternados por mais 15 dias. São alterações durante ou após o tratamento. Tipo 1: reversa. Tipo 2: é o eritema nodoso hansênico, mediada por imunocomplexos. Sempre perguntar se paciente já teve hanseníase e tratou. Tratamento tipo 1: corticoide. Medicamento de escolha é a prednisona – dose plena 60 mg por dia = 3X20 mg por 7 dias. O desmame é feito retirante de 10 em 10 mg até ficar com dose mínima 5 mg (15 dias). Eritema Nodoso Hansênico A talidomida é o medicamento de escolha na dose de 100 a 400 mg/dia, conforme a intensidade do quadro. A poliquimioterapia deve ser mantida, se o paciente ainda estiver em tratamento da doença ativa. Em caso de comprometimento de nervos (bem definido após palpação e avaliação da função neural), recomenda-se a associação de corticosteroide. A dose da talidomida e/ou do corticoide deve ser reduzida gradativamente conforme resposta terapêutica. Na associação de talidomida e corticoide, deve ser prescrito ácido acetilsalicílico 100 mg/dia como profilaxia para tromboembolismo. Pacientes com outros fatores de associados devem ser estratificados para o risco de eventos tromboembólicos. A duração média de tratamento com corticoide associado deve ser de 3 a 5 meses, com a redução gradual de 10 mg a cada 15 dias. Ao atingir a dose de 20 mg/dia, passar a reduzir 5 mg a cada 15 dias. Ao atingir a dose de 5 mg/dia, deve-se manter a dose por 15 dias seguidos e, posteriormente, 5 mg/dia em dias alternados por mais 15 dias. Em casos em que a talidomida esteja contraindicada, como em mulheres em idade fértil, a pentoxifilina deve ser indicada. O tratamento deve ser iniciado com dose diária de 400 mg na primeira semana, 400 mg duas vezes ao dia na segunda semana e 400 mg três vezes ao dia a partir da terceira semana. Não deve ser ultrapassada a dose diária de 1.200 mg/dia, por pelo menos trinta dias. A correção da dose é necessária na insuficiência renal. Observada a regressão dos sinais e sintomas, deve ser iniciada a redução de dose até a completa suspensão do medicamento. Tratamento de escolha: talidomida. Sepse – 17/11 Protocolo clínico do instituto latino americano de SEPSE- 2018. Considerações sobre as atualizações de 2021 É conhecida popularmente como uma infecção generalizada, pode comandar/destruir todos os sistemas nobres do corpo. Sepse quando agrava muito ao ponto da PA ficar muito baixa: choque séptico. Antes: SRIS SEPSE CHOQUE. Hoje pode ter SEPSE sem SRIS, mas é raro. Síndrome da resposta inflamatória sistêmica É definida pela presença de no mínimo dois dos sinais abaixo: - Temperatura central > 38, 3°C ou < 36°C ou equivalente em termos de temperatura axilar; - Frequência cardíaca > 90 bpm; - Frequência respiratória > 20 rpm, ou PaCO2 < 32 mmHg - Leucócitos totais > 12.000/mm' (leucocitose); ou < 4.000/mm'(leucopenia) ou presença de > 10% de formas jovens (desvio à esquerda- célula imatura). - A SRIS não faz mais parte dos critérios para definição da presença de sepse, mas continua tendo valor como instrumento de triagem para a identificação de pacientes com infecção e, potencialmente, sob risco de apresentar sepse ou choque séptico. Infecção sem disfunção - Entende-se como paciente com infecção sem disfunção aquele que, tendo ou não os critérios de SRIS, possui foco infeccioso suspeito ou confirmado (bacteriano, viral, fúngico, etc.) sem apresentar disfunção orgânica. Sepse - Como já mencionado, adotou-se a definição de sepse lato senso do Sepse 3, presença de disfunção ameaçadora à vida em decorrência da presença de resposta desregulada à infecção. - Entretanto, não adotamos os critérios clínicos para definição de disfunção orgânica do Sepse 3, variação do escore SOFA, por entender que os mesmos não são aplicáveis em iniciativas de melhoria de qualidade. - Manteve-se os critérios utilizados anteriormente, inclusive a hiperlactatemia, por entendermos que a mortalidade em países em desenvolvimento ainda é muito elevada e a identificação precoce destes pacientes é parte fundamental do objetivo deste protocolo. As principais disfunções orgânicas são: infecção (confirmada ou presumida +) - Hipotensão (PAS < 90 mmHg ou PAM < 65 mmHg ou queda de PA > 40 mmHg) significa acometimento cardiovascular - Oligúria (≤0,5mL/Kg/h) ou elevação da creatinina (>2mg/dL); significa acometimento renal – Oligúria (para de urinar) - Relação PaO2/FiO2 < 300 ou necessidade de O2 para manter SpO2 > 90%; acometimento pulmonar - Contagem de plaquetas < 100.000/mm³ ou redução de 50% no número de plaquetas em relação ao maior valor registrado nos últimos 3 dias; acometimento circulatório é uma plaquetopenia que pode evoluir para CIVD. - Lactato acima do valor de referência; - Rebaixamento do nível de consciência, agitação, delirium; acometimento do SN. - Aumento significativo de bilirrubinas (>2X o valor de referência). Acometimento hepático. - A presença de disfunção orgânica na ausência dos critérios de SRIS pode representar diagnóstico de sepse. - Assim, na presença de uma dessas disfunções, sem outra explicação plausível e com foco infeccioso presumível, o diagnóstico de sepse deve ser feito, e o pacote de tratamento iniciado, imediatamente após a identificação. Choque Séptico - Segundo a SSC, choque séptico é definido pela presença de hipotensão não responsiva à utilização de fluídos, independente dos valores de lactato. - A SSC não adotou o novo conceito de choque, que exige a presença concomitante de lactato acima do valor de referência mesmo após reposição volêmica inicial. Campanha de Sobrevivência a Sepse (SSC, Surviving Sepsis Campaign). Em 2021 Diagnóstico de sepse - O diagnóstico de sepse ou choque séptico pode ser difícil em muitos casos. Os sinais e sintomas são muitas vezes inespecíficos e semelhantes aos de outras condições que podem potencialmente ser tão graves quanto um quadro infeccioso. - Estima-se que 1/3 dos pacientes inicialmente diagnosticados com sepse na verdade tem uma condição não infecciosa. - Nos casos suspeitos de sepse, amostras biológicas para cultura devem ser coletadas rotineiramente, de acordo com o foco suspeito, sempre que possível, preferencialmente antes da administração de antibióticos, desde que não haja atraso significativo para isso (ex. < 45 minutos para administração de antibióticos). - A equipe assistente deve reavaliar o paciente diariamente com o objetivo de determinar a probabilidade de o quadro clínico estar associado a outras causas. - Da mesma forma, recomenda-se avaliação diária sobre a necessidade e espectro de antibióticos que estejam sendo administrados. - Em casos em que uma síndrome não infecciosa ou em que uma síndrome infecciosa que não se beneficia do uso de antibióticos é fortemente suspeitada, antibioticoterapia deve ser suspensa. O que é novo? - Para adultos com suspeita de sepse ou choque séptico sem confirmação de infecção, recomenda- se reavaliação contínua e pesquisa de diagnósticos alternativos e a interrupção de antibioticoterapia empírica se causas alternativas forem identificadas ou se forem a principal suspeita. - Recomendação de melhor prática O que permanece? - Recomenda-se que uma rotina microbiológica diagnóstica apropriada seja realizada antes de iniciar antibioticoterapia em pacientes com suspeita de sepse ou choque séptico se isso não resultar em atraso significativo na administração de antibióticos. - A rotina microbiológica inclui pelo menos dois sets de hemoculturas. Escore qSOFA Recentemente, foi descrito o escore qSOFA, com 3 componentes: - Rebaixamento de nível de consciência, - Frequência respiratória >/= 22 irpm e - Pressão arterial sistólica abaixo de 100 mmHg. - Esse escore, ainda não prospectivamente validado, identificaria entre pacientes fora da UTI aqueles com maior risco de óbito. - No seu processo de validação retrospectiva, o escore mostrou boa acurácia na predição de óbito, às custas, entretanto, de baixa sensibilidade. - Assim, o mesmo não deve ser utilizado para triagem de pacientes com suspeita de sepse, mas sim para, após a triagem adequada desses pacientes com base em critérios mais sensíveis, identificar aqueles com maior risco de óbito. Em 2021 - O qSOFA, composto por Glasgow < 15, frequência respiratória ≥ 22 ipm e pressão sistólica ≤ 100 mmHg, faz parte do algoritmo diagnóstico do SEPSIS-3 e tem baixa sensibilidade. (paciente que tem as 3 pontuações do qSOFA é o mais grave) - É utilizado como preditor de pior desfecho. - Um qSOFA positivo (quando dois dos três itens estão presentes) não significa automaticamente que seu paciente tenha sepse, mas sim que aquele paciente específico terá um pior prognóstico quando comparado à outro com qSOFA menor. - Não existe evidência suficiente para o mesmo ser utilizado como rasteio. Nem mesmo a SIRS (síndrome da resposta inflamatória sistémica). O que é novo? - Não se recomenda a utilização do qSOFA (comparado à SIRS, NEWS ou MEWS) como uma ferramenta de rastreio para sepse ou choque séptico. (qSOFA não é usado para definir se esta com sepse ou choque, ele é usado para saber quem tem risco maior de óbito, daqueles que já estão com diagnostico). - Recomendação forte, evidência de moderada qualidade. O lactato - É um aliado tanto no diagnóstico (faz parte do diagnóstico do choque séptico conforme SEPSIS- 3) e ajuda no manejo do choque séptico (sua mensuração é recomendada como parte do bundle da 1° hora da SSC), à medida que tem relação uma vez aumentado com hipoperfusão e maior mortalidade no paciente séptico. - Além disso, a presença de um lactato elevado ou normal, aumenta ou reduz, de forma respectiva, a probabilidade de um diagnóstico final de sepse em um paciente com suspeita. - No entanto, é importante analisar o lactato como um "filme" e não apenas como uma "foto". Seu clearance com o tempo pode indicar se sua estratégia de ressuscitação está sendo eficaz ou não. O que é novo? - Sugere-se a mensuração do lactato sérico em pacientes adultos com suspeita de sepse. - Recomendação fraca; evidência de baixa qualidade. Tratamento Pacote de 1 hora - Para todos os pacientes em que a equipe médica optou por dar seguimento ao protocolo, o pacote de 1 hora deve ser executado. O mesmo é composto dos seguintes itens: 1. Coleta de exames laboratoriais para a pesquisa de disfunções orgânicas: gasometria e lactato arterial, hemograma completo, creatinina, bilirrubina e coagulograma. 2. Coletade lactato arterial o mais rapidamente possível, mas dentro da meia hora, que deve ser imediatamente encaminhado ao laboratório, além de se evitar resultado falsos positivos. O objetivo é ter resultado deste exame em 30 minutos. 3. Coleta de 2 hemoculturas de sítios distintos em até 1 hora, conforme rotina específica do hospital, e culturas de todos os outros sítios pertinentes (aspirado traqueal, líquor, urocultura) antes da administração do antimicrobiano. (Não é pra coletar TODAS e sim as mais prováveis para o paciente) Caso não seja possível a coleta destes exames antes da primeira dose, a administração de antimicrobianos não deverá ser postergada. 4. Prescrição e administração de antimicrobianos de amplo espectro para a situação clínica, por via endovenosa, visando o foco suspeito, dentro da primeira hora da identificação da sepse. A utilização de antimicrobianos deve seguir a orientação do serviço de controle de infecção hospitalar da instituição, que deverá definir com o corpo clínico local as recomendações para o tratamento empírico conforme o foco de infecção identificado e a característica da infecção, comunitária ou associada a assistência à saúde. 5. Princípios de farmacocinética e farmacodinâmica devem ser seguidos por todas as instituições. Todas as recomendações visando otimização da terapia antimicrobiana devem ser feitas com auxílio do farmacêutico e da enfermagem e estarem amplamente disponíveis para todos os profissionais. As principais recomendações estão listadas abaixo: - Utilizar dose máxima para o foco suspeito ou confirmado, com dose de ataque nos casos pertinentes, sem ajustes para a função renal ou hepática. As doses devem ser plenas visando otimização da redução da carga bacteriana ou fungica. - Embora seja discutível, pode-se manter doses sem ajuste para função renal pelas primeiras 24 horas. Isso é de suma importância para os antimicrobianos hidrofílicos dado ao aumento do volume de distribuição dos mesmos em decorrência da ressuscitação volêmica. Em 2021 - Ressuscitação Inicial na sepse - Neste item, algumas mudanças em relação ao guideline anterior de 2018 - Chama atenção o acréscimo do tempo de enchimento capilar para guiar a estratégia de ressuscitação (com base no bem elaborado ANDROMEDA trial), em conjunto com outras medidas de perfusão. Vamos ao resumo das recomendações nesse item. 1. Sepse e choque séptico são emergências médicas! Inicie o tratamento e a ressuscitação de forma imediata; 2. Expansão volêmica, de, no mínimo, 30 ml/kg de cristaloides, nas primeiras 3 horas de ressuscitação, em pacientes com evidência de hipoperfusão pela sepse ou choque séptico; 3. Visando guiar a ressuscitação volêmica, dê preferência ao uso de medidas dinâmicas de fluidorresponsividade em detrimento à somente exame físico ou parâmetros estáticos; 4. Utilize a redução do lactato como meta para guiar a ressuscitação em pacientes com lactato elevado (não deixe de considerar o contexto clinico e outras causas para elevação do lactato); 5. E, por último, a novidade da guideline. Utilize o tempo de enchimento capilar para guiar a ressuscitação, como adjuvante a outras medidas de perfusão! - É muito importante entender que fluidos são importantes pela natureza do choque na sepse (choque distributivo). Para todo paciente, independente de comorbidades, como doença renal ou cardiopatia, estão indicados 30 mL/kg de cristaloides nas primeiras 3 horas de ressuscitação. A comorbidade por si só não contraindica a administração inicial de fluidos, mas sim sinais de sobrecarga hídrica prévia. - Após a ressuscitação volêmica inicial é provável que os pacientes ainda necessitem de fluidos. Nesse cenário, visando guiar a estratégia subsequente, utilize medidas dinâmicas de fluidorresponsividade como passive leg raising, variação de volume diastólico, variação de pressão de pulso ou ecocardiografia. - Atentar para a diluição adequada de forma a evitar incompatibilidade e concentração excessiva. - Utilizar a infusão estendida de antibióticos betalactámicos como piperacilina-tazobactam e meropenem, com exceção da primeira dose, que deve ser administrada, em bolus, o mais rápido possível. - Utilizar terapia combinada, com duas ou três drogas, quando existir suspeita de infecção por agentes multidrogas resistentes. - Considerar o uso de diferentes classes de antibióticos, para um mesmo agente, em pacientes com choque séptico. - Restringir o espectro antimicrobiano quando o patógeno for identificado e a sensibilidade conhecida; terapia combinada pode ser de- escalonada conforme evidência de resposta clínica ou resolução da infecção. 6. Para pacientes hipotensos (PAS< 90mmHg, PAM˂65mmHg ou eventualmente redução da PAS em 40 mmHg da pressão habitual) ou com sinais de hipoperfusão entre eles níveis de lactato acima de duas vezes o valor de referência institucional (hiperlactatemia inicial), deve ser iniciada ressuscitação volêmica com infusão imediata de 30 mL/kg de cristalóides, dentro da 1ª hora do diagnóstico da detecção dos sinais de hipoperfusão. Pressão arterial - A pressão arterial média é um determinante importante da pressão sistémica de enchimento, refletindo de forma determinante o retorno venoso e o débito cardíaco. - Em um dado momento, houve discussão na literatura a respeito de metas pressóricas na ressuscitação do paciente séptico (se limiares mais altos ou mais conservadores 65 mmHg vs. 85 mmHg). - O painel atual de evidências não encontrou até o momento superioridade de desfechos entre os alvos. Portanto, recomendação final segue abaixo: O que é novo? - Para pacientes com choque séptico em uso de vasopressores, recomenda-se o alvo inicial de pressão arterial média (PAM) de 65 mmHg em detrimento a valores maiores de PAM. - Recomendação forte; evidência de moderada qualidade. 7. Uso de vasopressores para pacientes que permaneçam com pressão arterial média (PAM) abaixo de 65 (após a infusão de volume inicial), sendo a noradrenalina a droga de primeira escolha. - Não se deve tolerar pressões abaixo de 65 mmHg por períodos superiores a 30-40 minutos. Por isso, o vasopressor deve ser iniciado dentro da primeira hora nos pacientes em que ele está indicado. - Em casos de hipotensão ameaçadora a vida, pode-se iniciar o vasopressor mesmo antes ou durante a reposição volêmica. - É fundamental garantir pressão de perfusão enquanto se continua a reposição volêmica. Assim, o vasopressor pode ser iniciado em veia periférica, enquanto se providencia o acesso venoso central. 7. O uso de outros vasopressores pode ser necessário. Dentre os disponíveis, a recomendação é o uso de vasopressina, com intuito de desmame de noradrenalina ou como estratégia poupadora de catecolaminas, ou a adrenalina, preferível em pacientes que se apresentem com débito cardíaco reduzido. - A dobutamina pode ser utilizada quando exista evidência de baixo cardíaco ou sinais clínicos de hipoperfusão tecidual, como livedo, oligúria, tempo de enchimento capilar lentificado, baixa saturação venosa central ou lactato aumentado. 8. Nos pacientes com lactato alterado acima de 2 vezes o valor de referência, a meta terapêutica é o clareamento do mesmo. Assim, como um complemento ao pacote de 1 hora, dentro de 2 a 4 horas após o início da ressuscitação volêmica, novas dosagens devem ser solicitadas. - Nem sempre se obtém a normalização do lactato, haja vista existirem outras causas para a hiperlactatemia que não a hipoperfusão tecidual. - A busca pela normalização deve ser feita cuidadosamente, sob risco de intervenções terapêuticas desnecessárias,e potencialmente deletérias. - A hiperlactatemia residual isolada, sem outros sinais clínicos de hipoperfusão ou má evolução, não necessariamente precisa ser tratada. Admissão em unidade de terapia intensiva (UTI) - Os desfechos de pacientes graves, de forma geral, dependem da aplicação em tempo hábil de cuidados intensivos em ambiente apropriado. - Estudo observacional envolvendo 401 pacientes de UTI reportou aumento na mortalidade de 1,5% para cada hora de atraso na transferência do departamento de emergência à UTI. - Importante que, diante de um quadro de sepse ou choque séptico, cuidados intensivos sejam iniciados a qualquer momento, mesmo se existir dificuldade de leitos em UTI. Não podemos aguardar a disponibilidade de leito de UTI para que os cuidados intensivos sejam prontamente iniciados. O que é novo? - Para pacientes adultos com sepse e choque séptico com necessidade de UTI, a admissão deve ocorrer dentro de 6 horas da admissão hospitalar; - Recomendação fraca; evidência de baixa qualidade. OUTRAS RECOMENDAÇÕES Uso de corticoides - A utilização de corticoides é recomendada para pacientes com choque séptico refratário, ou seja, naqueles em que não se consegue manter a pressão arterial alvo, a despeito da ressuscitação volêmica adequada e do uso de vasopressores. - Frente aos resultados do recente estudo Adrenal, é também possível que os demais pacientes com choque tenham benefícios, em termos de redução de tempo de ventilação mecânica e de tempo de internação em UTI. Assim, a utilização deve ser individualizada. - A droga recomendada é a hidrocortisona na dose de 50 mg a cada 6 horas. Em doses muito baixas Ventilação mecânica - A intubação orotraqueal não deve ser postergada, em pacientes sépticos, com insuficiência respiratória aguda e evidências de hipoperfusão tecidual. - Os pacientes que necessitarem de ventilação mecânica devem ser mantidos em estratégia de ventilação mecânica protetora, devido ao risco de desenvolvimento de síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). - A estratégia protetora inclui a utilização de baixos volumes correntes (6mL/kg de peso ideal) e a limitação da pressão de platô abaixo de 30 cmH20. - A fração inspirada de oxigênio deve ser suficiente para manter uma PaO2 entre 70-90 mmHg. - Também deve-se objetivar uma pressão de distensão (driving pressure, pressão de plató-peep) menor que 15 cmH,0, sempre que possível. - Para pacientes com diagnóstico de SDRA há menos de 48 horas, com relação Pa02/ FIO2, menor que 150 e FiO2 de 60% ou mais, a utilização de posição de prona é recomendada, para unidades que tenham equipe com treinamento na técnica. - Manobras de recrutamento estão associadas a maior mortalidade e devem ser evitadas Bicarbonato - Não está indicado o uso de bicarbonato nos casos de acidose lática em pacientes com pH > 7,15, pois o tratamento dessa acidose é o restabelecimento da adequada perfusão. Nos pacientes com pH abaixo desse valor esta terapia pode ser avaliada como medida de salvamento. Controle glicêmico - Os pacientes na fase aguda de sepse cursam frequentemente com hiperglicemia, secundária a resposta endocrino-metabólica ao trauma. - O controle adequado da glicemia é recomendado por meio da utilização de protocolos específico, visando uma meta abaixo de 180 mg/dL, evitando- se episódios de hipoglicemia e variações abruptas da mesma. Terapia renal substituta - Não existe recomendação para o início precoce de terapia renal substituta, devendo-se individualizar cada caso, conforme discussão com equipe especialista. - Da mesma maneira, não existe recomendação para hemodiálise intermitente ou modalidades contínuas, devendo-se reservar estes métodos para pacientes com instabilidade hemodinâmica grave, nos locais onde este recurso é disponível. Agente vasoativo: noradrenalina ou noraepinefrina. São usados na 1° hora como vasopressor de escolha. Alvo: PAM: >65mm Hg; considerar: monitoramento da PAS invasiva vasopressor periférico
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