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PATOLOGIAS DO COLO UTERINO 1. Neoplasias benignas: - Pólipos - Neoplasia intra epiteliais cervicais 2. Neoplasias malignas: - carcinoma de células escamosas (70 - 80%) - adenocarcinoma (1 - 15%) - outros tumores epiteliais: neuroendócrino de pequenas células e carcinoma indiferenciado Histologia fisiológica - Ectocérvice → epitélio estratificado escamoso (recobre vulva, vagina e colo) - JEC (junção escamo colunar) → dinâmica / muda de localização ● JEC original e atual → entre elas existe a metaplasia escamosa, que é o epitélio escamoso avançando o epitélio colunar ● Nessa área de metaplasia escamosa há uma obstrução das glândulas → cisto de naboth ou de inclusão (fisiológico - aspecto peroláceo) - Endocérvice → epitélio simples colunar (típico de região glandular) → Junção escamo colunar (JEC): é o ponto do encontro dos dois epitélios do colo (simples e estratificado). - é um ponto dinâmico de localização variável que se modifica em resposta às variações hormonais → gravidez, infecção, menopausa - infância, pós-menopausa → JEC dentro do canal endocervical → Zona de transformação: Área do colo onde se vê o epitélio escamoso entremeado de epitélio glandular, orifícios glandulares e cisto de naboth, resultante de um processo de metaplasia escamosa do colo uterino - O epitélio metaplásico imaturo recém-formado pode se desenvolver em duas direções: 1. converter em epitélio escamoso metaplásico maduro →. semelhante ao original → contém glicogênio 2. converter em epitélio atípico pela influência dos agentes carcinogênicos (ex.: HPV) → Ectopia ou eversão: a JEC é jogada para fora do orifício externo do colo. → ocorre na menacme Pólipos → São as neoplasias mais frequentes caracterizadas como uma protusão hiperplásica da mucosa cilíndrica endocervical, incluindo epitélio e estroma, que se exterioriza pelo orifício cervical → Tipo de pólipos: a) mucosos b) adenomatosos c) fibrosos d) angiomatosos → Tratamento - Exérese do pólipo por: a) torção do pedículo b) histeroscopia c) curetagem uterina Neoplasia intra epiteliais cervicais → São alterações do processo de maturação do epitélio com diferentes graus de gravidade dependendo também da proporção de células atípicas, ou da espessura de epitélio acometido e do grau de discariose Etiologia - 90% das neoplasias cervicais apresentam algum tipo de HPV - Alguns tipos de HPV principalmente 16, 18, 31, 33, 35, 45, 52 e 54 integram-se ao genoma da célula → novo tipo de célula anárquico e displásico → processo de carcinogênese da célula Fatores de risco 1. Atividade sexual de início precoce 2. Múltiplos parceiros 3. Parceiro de alto risco 4. Doenças sexualmente transmissíveis 5. Imunossupressão 6. Tabagismo 7. Deficiências nutricionais → vit A 8. Deficiência de alfa-1-antitripsina 9. Multiparidade Quadro clínico → Sintomatologia pobre em fase inicial, gerando retardo do diagnóstico - Secreção amarelada, fétida, sanguinolenta, ciclos irregulares, spotting, sangramento pós-coito, dor em baixo ventre, anemia, dor lombar, hematúria, alterações miccionais, alterações do hábito intestinal, dor em coluna lombar e bacia HPV → Infecção sexualmente transmissível que comporta-se de maneira transitória na maioria dos casos com resolução espontânea em mais de 80% dos infectados dentro de 1 a 2 anos principalmente em adolescentes e adultos jovens - O HPV é um vírus intracelular capaz de acelerar a velocidade das mitoses celulares, o que aumenta a chance de desenvolvimento de atipias celulares. Subtipos → Existem muitos soros e dependendo o tipo há mais possibilidade de gerar CA de colo - HPV + oncogênico: sorotipos 16 e 18 - Sorotipo 16 → CA epidermóide, escamoso ou espinocelular (+ comum) - Sorotipo 18 → Adenocarcinoma, câncer de epitélio glandular (+ raro) - Sorotipos de baixo potencial oncogênico, mas que não evoluem para câncer → geram condiloma → 6 e 11 Lesões 1. Condilomas 2. NIC 3. NIV (neoplasias intra epiteliais vulvares) 4. NIVA (neoplasias intra epiteliais vaginais) Vacina → Vacinas (de VLPs) → vacina de partícula semelhante ao vírus (não é vírus vivo) - Bivalentes 16/18 - Quadrivalentes 6/11/16/18 (SUS) - Esquema do MS: ● Quadrivalente em 2 doses: 0 e 6 meses após a 1 dose ● Meninas 9 a 14 anos ● Meninos 11 a 14 anos ● HIV + → 9 a 26 anos (3 doses 0-2-6 meses) Mecanismo de ação dos vírus HPV → Ao ter contato com microfissuras na pele ou mucosas pode; 1. Acionar o sistema imunológico através de macrófagos ou linfócitos natural killer, que podem eliminá-lo não estimulando a memória imunológica 2. Vírus aciona a imunidade nata através de linfócitos e plasmócitos, formando memória imunológica. O tempo de exposição é mais longo e depende de vários fatores para o clearance acontecer, forma epssomal. 3. O HPV estabelece seu papel oncogênico quando interage com fatores celulares dando início a transição dos genes virais E6 e E7 → Perde a forma epssomal e se entrega ao DNA da célula Condiloma acuminado Tipos de condilomas - vaginal - vulvar - peniano - anal - labial - língua - orofaringe → Tratamento 1. Cautério/laser → ideal nas lesões extensas 2. Terapia cito-destrutivas ● Podofilotoxina ● Resina de Podophyllum ● Ácido tricloroacético - Arde e é ideal para lesões menores. Preciso de mais de 1 dose, semanalmente - Pode usar até em gestantes - Feito no ambulatório pela médico 3. Imunomoduladores - Uso domiciliar CA de colo uterino Fatores de risco - Principal → HPV - deficiência de vitamina A - tabagista Anamnese + exame físico → Sintomatologia em casos avançados: dor, corrimento, sangue… 1. Inspeção da vulva, vagina e colo: presença de lesões ou tumores (condiloma, pólipos, papilomas). importante lembrar que o espéculo deve ser mobilizado pois ele pode ocultar lesões 2. Toque vaginal: procurar por espessamentos ou irregularidades nas paredes vaginais. Toque bimanual para avaliação do útero 3. Toque retal: é o exame clínico mais importante na avaliação de infiltrados para paramétrios. Diagnóstico - Citologia oncótica - Tipagem HPV - Visualização direta com ácido acético 2-5% - Colposcopia - Biópsia ● cone propedêutico ● curetagem endocervical - Histologia Rastreio de CA de colo COLPOCITOLOGIA (Papanicolau) = citologia oncótica - método de rastreamento mais difundido - utiliza-se uma espátula de ayre e uma cytobrush → confecção de esfregaço ectocervical - necessário a presença de células da JEC e endocervicais - o laudo é baseado no sistema bethesda 2011 1. Quando colher ? - 1x/ano. após 2 negativos e a partir daí é a cada 3 anos - Entre 25 - 64 anos, após a sexarca (início da vida sexual) → recomendação do MS - Situações especiais: ● gestante colhe normalmente ● HIV + faz de 6/6 meses no 1º ano (a partir da sexarca) e depois se normal pode ser anualmente, caso o CD4 < 200 manter 6/6 m ● Virgem não colhe até iniciar vida sexual 2. Como colher? - Coleta ectocervical e endocervical OBS.: mulher que realizou histerectomia precisa fazer colpocitologia? - Se a histerectomia for por doença benigna e os exames anteriores forem negativos → não necessita de rastreio - Histerectomia subtotal mantém colo então precisa continuar colhendo 3. Como conduzir ? a partir da avaliação do sistema bethesda 2001 - LIE-BG (LSIL) → Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau ● repetir → 6m (> 25 anos) ou 3 anos (< 25 anos) ● se na repetição vier o mesmo (>25a)→ colposcopia ● = NIC I / displasia leve/ abrange a lesão pelo HPV - ASC-US → atipia escamosa celular de caráter indeterminado , possivelmente não neoplásica ● inflamação ou atrofia ● repetir → (<25 anos) 3 anos ou (>25 - 29) 1 ano ou (>30 anos) 6 meses ● se na repetição vier o mesmo (>25a) → colposcopia - ASC-H → atipia escamosa de alto risco ● colposcopia - AGC (AGUS) → atipia glandular cervical ● colposcopia avaliando o canal ● > 35 anos → MS recomenda avaliar endométrio → USG - LIE-AG (HSIL) → Lesão intraepitelial escamosa de alto grau ● O que antigamente chamavam de NIC I ou NIC III - AOI (atipia de origem indefinida) → colposcopia OBS.:HIV + c/ LIE-BG ou ASC-US → colposcopia OBS.: colposcopia = biópsia COLPOSCOPIA - É um método propedêutico usado para visualização direta do colo uterino com lente de aumento e reações tintoriais que permitem a identificação e caracterização de lesões dentro e fora da zona de transição - O exame permite avaliar: ● fotografia ● aspecto e extensão das lesões ● direcionamento do local mais indicado para realizar a biópsia 1. Ácido acético 2% → marcador de atividade proteica - área acetobranca = área suspeita → biópsia - epitélio alterado possuem mais proteínas citoplasmáticas devido o processo mitótico anormal 2. Teste de Schiller (lugol) → cora área com muito glicogênio → área com epitélio escamoso saudável - Teste de schiller positivo e iodo negativo = suspeita → biópsia - endocérvice normalmente não cora com lugol A B C A) Colo evidenciado com lesão B) Com ácido acético evidenciando área acetobranca C) Com lugol mostrando área de iodo negativo → região amarela que não corou com o lugol Iodo positivo OBS.: na gestante a biópsia só é feita na suspeita de invasão → Qual achado colposcópico é mais suspeito de CA de colo ? Vaso atípico - esse achado indica biópsia até em gestante → Colposcopia insatisfatória = não visualização da JEC - abrir + o espéculo para visualizar a JEC - espéculo endocervical - uso de estrogênio tópico e remarcar para realizar novamente depois OBS.: paciente menopausada tem uma interiorização da JEC → Como avaliar canal ? (ex.: AGC) - escovado endocervical (cytobrush) - curetagem cervical BIÓPSIA → O diagnóstico final das neoplasias é dado pelo histopatológico são orientadas pela colposcopia Resultado da biópsia 1. Lesões intra epiteliais (NIC) - NIC I → acompanhar por 2 anos, se manter o padrão de NIC I realizar crioterapia ou cauterização - NIC II, NIC III, carcinoma in situ → EZT = exérese da zona de transformação ● Tipo I, Tipo II ou Tipo III dependendo da localização da zona de transição ● EZT 3 = cone → fazer em caso de suspeita de invasão, não vê o limite da lesão ou não em casos de JEC não visível (colposcopia insatisfatória) OBS.: no caso do carcinoma in situ, se não for identificado nenhuma área invasora e for apenas o carcinoma in situ → a própria conização já é o tratamento COLPOCITOLOGIA = RASTREIO COLPOSCOPIA = DIAGNÓSTICO Estadiamento (2018) → O estadiamento é clínico e define o tratamento - o tratamento pode ser 3 opção: cone, histerectomia (HT) e quimiorradioterapia - Histerectomia tipo I: retirada de todo tecido cervical, preservando paramétrios, uterossacros, vagina - Histerectomia tipo II: retirada de parte dos paramétrios, uterossacros, linfadenectomia pélvica e sistêmica - Histerectomia tipo III = Wertheim-meigs:retirada de paramétrios, uterossacros, linfadenectomia pélvica e sistêmica Estágio 0 → Carcinoma in situ - Cone é terapêutico Estágio I → restrito ao colo - IA1: microinvasão < 3mm → HT TIPO 1 OU CONE (gesta) - IA2: microinvasão > 3 - 5 mm → HT TIPO 2 + linfadenectomia pélvica - IB1: > ou = 5mm - 2 cm → HT TIPO 3 (Wertheim-Meigs) - IB2: > ou = 2cm a 4 cm → HT TIPO 3 (Wertheim-Meigs) - IB3: > ou = 4 cm → quimioterapia → HT TIPO 3 (Wertheim-Meigs) ou quimiorradioterapia Estágio II → IIA: parte superior da vagina - IIA1: < 4 cm → HT TIPO 3 (Wertheim-Meigs) ou quimiorradioterapia - IIA2: > ou = 4 cm → a partir daqui não é cirúrgico = quimiorradioterapia → IIB: invade paramétrio → avalia através do toque retal → quimioterapia Estágio III - IIIA: ⅓ inferior da vagina → quimiorradioterapia - IIIB: parede pélvica / hidronefrose → quimiorradioterapia - IIIC: linfonodo pélvico(1) ou para-aórtico (2) → quimiorradioterapia Estágio IV - IVA: bexiga e reto → quimiorradioterapia - IVB: metástase à distância → demora a ter → quimiorradioterapia Exames complementares 1. Raio X tórax – estádios III e IV 2. Uretrocistoscopia – estádio II ... 3. Retossigmoidoscopia – estádio II c/ sintoma ... 4. US abdominal total/pélvico – estádio IB1 ... 5. TC abdomino/pélvica – casos avançados – avaliar paramétrios, retroperitônio e ap. urinário 6. RNM – semelhante a TC, custo proibitivo 7. Cintilografia óssea, TC cerebral, etc – conforme suspeita metástases à distância Seguimento 1º ANO: - exame especular + toque vaginal/retal → trimestral - colpo + citologia → trimestral - US abdominal total e transvaginal → 6 e 12 meses - raio X de tórax → 12 meses - Hemograma → se suspeita de anemia 2º ao 5º ANO: - consultas semestrais - colpo + citologia → semestral - toque vaginal e retal → semestral - US abdominal total e transvaginal → anual - Raio X de tórax → anual APÓS 5º ANO: - consultas e exames anuais
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