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Como os Seguros apoiam a Economia

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Como os seguros apoiam a 
economia 
 
Como os seguros apoiam a economia 
Os benefícios do mercado de seguros – que, no Brasil, inclui seguros 
propriamente ditos, previdência complementar aberta, saúde 
suplementar e capitalização – se devem à natureza original dos 
serviços que proporciona. 
No seu conceito mais simples, o seguro é um acordo contratual, no qual, 
em troca do pagamento de uma prestação (prêmio ou valor do seguro) 
por parte do segurado (contratante), uma empresa seguradora 
(contratada) assume a responsabilidade (risco) de pagar ao(s) 
beneficiário(s) (indivíduos, famílias e organizações) uma quantia 
(indenização), caso ocorra um evento que cause perda específica (sinistro) 
no período definido (vigência) neste contrato (apólice). 
Os prêmios pagos pelos segurados formam o fundo comum de uma 
carteira que agrupa riscos similares, administrada pelas seguradoras, de 
onde sai o recurso para pagamento dos danos resultantes do evento 
incerto, mas pré-definido (sinistro com cobertura). 
Para a determinação dos prêmios, as seguradoras consideram as perdas 
previstas estatisticamente referentes à carteira, além de outros custos e 
de um lucro normal esperado para o negócio. Isso envolve decidir sobre 
uma escala complexa de fatores afetando tais receitas e despesas. 
A apólice de seguro (contrato entre a seguradora e o segurado) pode, 
portanto, ser considerada um pacto baseado na partilha de riscos e, para 
ser efetiva, exige alta confiança e solidariedade mútuas, o que no 
mercado se chama “princípio da boa fé”. 
Ao abordar duas emoções humanas fundamentais – medo (da perda) e 
esperança (de compensação) – o seguro é parte intrínseca e essencial da 
sociedade. Ou seja, as pessoas, no geral, são “avessas ao risco”. 
A indústria beneficia a todos 
Especificamente, o instituto do seguro presta o serviço essencial de 
gerenciamento eficiente do risco e isto ocorre de três maneiras: 
 
• Pela precificação do risco; 
• Pela transferência e transformação do risco; e 
• Pela agregação e redução do risco. 
 
Em suas atividades, as seguradoras avaliam as perdas potenciais e, 
tipicamente, cobram prêmios que são mais elevados quanto maiores 
forem tais perdas esperadas. O prêmio fornece informação aos segurados 
sobre o grau de risco a que estão expostos. Na ausência do seguro, esse 
importante ganho informacional não existiria. 
O seguro permite aos indivíduos transferir seus riscos às seguradoras. Ao 
fazer isso, o seguro transforma o perfil de risco dos segurados 
(indivíduos, famílias e empresas), reduzindo-o. Como a maior parte das 
pessoas é avessa ao risco, o seguro contribui fortemente para o aumento 
da tranquilidade delas e do bem-estar social. 
A estabilidade financeira proporcionada pelo seguro é fundamental. Sem 
ela, as perdas teriam de ser cobertas pelo patrimônio do sinistrado 
(segurado) ou via solidariedade de outras pessoas de um mesmo grupo 
(mutualismo puro), que foi o começo do seguro, mas que exigem 
comprometimento muito maior de capital. 
Por meio da previdência complementar aberta – que também é um seguro, 
pois cobre os riscos de aposentadoria e de sobrevivência – o mercado 
complementa e, em certos casos, substitui os programas estatais de 
seguridade social e assistência dos governos. Isso é muito relevante nos 
tempos atuais quando tais sistemas se encontram pressionados pelo 
envelhecimento relativo da população e pela concessão de benefícios 
pouco sustentáveis no tempo. 
Outros produtos, como o seguro compulsório de danos pessoais 
decorrentes de acidentes com veículo motorizado (DPVAT), o seguro de 
vida e os seguros e planos de saúde suplementar, também ajudam 
fortemente os governos a reduzir as despesas estatais relativas a esses 
eventos. 
O seguro permite que o risco seja transferido a empresas especializadas 
no seu gerenciamento, possibilitando que indivíduos, empresas e 
governos empreendam projetos mais arriscados. 
Seguradoras também necessitam do seguro 
O resseguro é o seguro dos riscos patrimoniais das seguradoras, 
permitindo que transfiram para empresas ainda mais especializadas (as 
resseguradoras) a parte dos riscos que aceitaram (subscreveram) mas 
excedem sua capacidade de retenção. 
A agregação de riscos também traz benefícios. Pela Lei (estatística) dos 
Grandes Números, quanto maior o número de segurados, mais estável e 
previsível é o risco da seguradora. Isso reduz a variabilidade de sinistros, 
permitindo-lhe cobrar prêmios menores e mais estáveis no tempo. 
O seguro proporciona, assim, o que os economistas chamam de 
“externalidades positivas”, isto é, seus efeitos positivos transbordam para 
os demais setores da economia, permitindo o incremento do consumo, 
dos lucros e do emprego e o aumento de bem-estar social 
generalizadamente. 
 Contribui decisivamente para o desenvolvimento econômico 
O mercado de seguros contribui decisivamente para o desenvolvimento 
da economia e da sociedade. A sua atuação se destaca quanto: 
• À natureza dos serviços proporcionados; 
• Á diversidade e valor desses mesmos serviços 
• Ao emprego de trabalhadores 
• À sua ampla rede de distribuição 
• À mobilização de poupanças 
• À contribuição ao crescimento do Produto Interno Bruto 
Proporciona serviços de grande valor 
É difícil quantificar exatamente a participação da indústria de seguros, 
previdência complementar aberta, saúde suplementar e capitalização na 
economia nacional. 
A medida mais utilizada – a razão prêmios/PIB, também chamada de 
“coeficiente de penetração” – é uma informação importante, mas 
subestima a contribuição total da indústria para a economia. O prêmio 
fornece uma medida conservadora do valor do seguro, pois é sempre 
inferior às importâncias seguradas e não computa o aumento de bem-
estar que a proteção securitária proporciona à sociedade. 
O Brasil é hoje a 9
a
 economia do mundo, mas figura na 46
a
 posição 
quando se trata do volume arrecadado pelo mercado segurador per 
capita, ficando atrás, inclusive, de países da América Latina, como o 
Uruguai e o Chile. Ainda assim, o setor acumula ativos financeiros da 
ordem de R$ 1,45 trilhão, que equivalem a 25% da dívida pública 
brasileira, constituindo-se em um dos maiores investidores institucionais 
do País. A receita anual de prêmios do setor representa cerca de 6,7% do 
PIB, se considerada a participação da saúde suplementar. 
O mercado fechou 2019 com arrecadação de R$ 270,1 bilhões, excluindo 
saúde suplementar e o seguro de DPVAT. 
O aumento nominal sobre o ano anterior foi de 12,1%. Descontada a 
inflação, o aumento real foi de 8,1% em comparação a 2018. 
A expansão de 2019 foi caracterizada pela diversificação: além da alta em 
seguro de Vida, acumulação como PGBL e VGBL – puxados pela Reforma 
da Previdência -, houve aumento notável em ramos que, antes, não tinham 
tanta expressão. 
É o caso de Risco de Engenharia, Habitacional, Rural, Responsabilidade 
Civil, Transporte, Marítimo e Aeronáutico, por exemplo. Essa arrancada 
em produtos, até então, menos tradicionais também se deve à presença, 
no País, de seguradoras estrangeiras cujas matrizes já têm experiência 
consolidada em seguros mais complexos. 
Tal desenho do mercado aproxima o Brasil dos padrões mais comuns em 
outros países, nos quais o setor segurador representa um naco 
importante da economia. Participa com 9,6% do PIB na Grã-Bretanha; 8,9% 
na França; 8,6% no Japão e 7,1% nos Estados Unidos. 
Um indicador mais abrangente do tamanho do mercado é o valor das 
provisões ou reservas técnicas. A função de tais provisões é fazer frente 
às indenizações de sinistros presentes e futuras relativas às apólices 
vigentes. 
O total das provisões técnicas atingiu R$ 995,3 bilhões em dezembro de 
2018, um aumento nominal de 9,9% em relação a dezembro de 2017, o 
que vem proporcionando expressiva contribuição para a construção da 
poupança nacional e para o desenvolvimento econômicodo País. 
Apresenta grande diversificação 
O mercado de seguros é altamente diversificado e competitivo no Brasil. 
Em fins de 2019, havia, em operação, 122 seguradoras, 15 companhias 
de capitalização, 14 entidades abertas de previdência complementar, 
mais de 1 mil operadoras de saúde suplementar, 94 mil corretores de 
seguros ativos, 143 resseguradoras autorizados a operar no País, 25 
corretoras de resseguro e 1 autorreguladora de Corretores de Seguros 
No Brasil, existem mais de 90 ramos de seguros classificados pela Susep, 
agrupados em 16 grupos. A eles, deve-se acrescentar um grupo relativo 
aos seguros e planos de saúde suplementar regulados pela ANS. 
Num nível maior de agregação, o mercado se divide em ramo vida e ramo 
não vida. O ramo vida inclui as apólices contra risco de morte e invalidez 
decorrentes de causas naturais ou acidentais bem como os planos de 
previdência complementar aberta, também chamados de acumulação. O 
ramo não vida inclui os seguros gerais que têm por finalidade a garantia 
de perdas, danos ou responsabilidades sobre objetos ou pessoas, 
excluída desta classificação os seguros do ramo vida. 
Os números mostram que o mercado de seguros, previdência 
complementar aberta, saúde suplementar e capitalização fornece uma 
ampla escala de produtos e serviços que tem implicações significativas 
para o cotidiano da maioria da população. 
É altamente solvente e rentável 
As seguradoras brasileiras são financeiramente saudáveis. Prova disso é 
que nos últimos 10 anos, por exemplo, de um universo de mais de 100 
empresas, apenas 15 firmas de pequeno porte (ou seja, média de 1,5 por 
ano) tiveram decretada liquidação pela SUSEP. 
A rentabilidade do patrimônio líquido das seguradoras é elevada: Nos 
últimos 10 anos, a média foi de 21,5%, acima do que se obtém na maioria 
dos setores da economia brasileira. 
 
Utiliza amplos canais de distribuição 
No Brasil, embora a lei não proíba, as seguradoras não costumam vender, 
diretamente, seguro e produtos de previdência aberta e capitalização aos 
interessados. A intermediação é feita por meio de corretores de seguros, 
que podem ser indivíduos (pessoas físicas) ou empresas (pessoas 
jurídicas). Em 2018, segundo dados da Fenacor, havia cerca de 98 mil 
corretores ativos – pessoas físicas e pessoas jurídicas – no País. 
Não sendo empregado da seguradora, o corretor está em posição 
estratégica para ajudar o cliente a buscar o produto que melhor se 
enquadre aos seus desejos e sua disponibilidade financeira e, ao mesmo 
tempo, ajudar a desenvolver o mercado de seguros pela comunicação dos 
anseios dos segurados às seguradoras. 
Emprega grande número de pessoas 
A indústria de seguros, previdência complementar aberta, saúde 
suplementar e capitalização emprega 160.000 trabalhadores 
diretamente. A força de trabalho empregada na indústria é jovem e 
altamente qualificada. Grande parte possui terceiro grau completo ou 
pós-graduação (mestrado ou doutorado). 
Mobiliza poupanças expressivas e é fundamental para o 
desenvolvimento econômico 
A quase totalidade dos recursos das provisões técnicas das seguradoras 
e outras empresas do mercado é investida em fundos de investimento de 
perfil conservador e de longo prazo, ajudando assim a financiar os 
setores público e privado que emitem os títulos que compõe as carteiras 
desses fundos. 
As seguradoras não apenas carreiam poupanças dos segurados, mas 
criam liquidez para investimentos de longo prazo que são normalmente 
escassos em países em países em desenvolvimento como o Brasil. Isso 
ajuda na expansão da economia nacional e na melhoria da eficiência das 
firmas na produção e oferta de seus bens e serviços. 
Assim, é fácil perceber que, num mundo sem seguro, famílias, empresas 
e governos teriam menos acesso a crédito e, portanto, teriam que 
consumir menos e poupar mais de modo a acumular fundos que os 
protegessem dos riscos cobertos presentemente pelos seguros. 
Como consequência, a atividade econômica sofreria grave redução, pois 
nem todos os agentes conseguiriam realizar esse esforço de poupança. 
Portanto, é lícito supor que, se os seguros não existissem, uma parcela 
substancial da economia não existiria também. 
Como se vê na tabela abaixo, é clara a relação entre desenvolvimento 
econômico e o coeficiente de penetração de seguros: quanto mais 
desenvolvido o país, maior é o seu consumo de seguros e vice-versa. 
 
Mirando o futuro 
Todas as épocas têm riscos específicos, além dos de sempre em se 
tratando da humanidade. Mas é forçoso notar que nos tempos atuais, 
agregaram-se riscos inauditos como, por exemplo, os derivados de 
mudanças climáticas, da universalização da era digital, da globalização 
das mais diversas atividades (inclusive do mercado de seguros), dos 
desafios demográficos decorrentes do envelhecimento das populações 
nos países desenvolvidos, do terrorismo, das migrações originadas nos 
países do Terceiro Mundo, da complexa geopolítica internacional etc. 
O gerenciamento desses riscos passará, no todo ou em parte, 
necessariamente, pela indústria de seguros. 
Meio ambiente: a frequência das catástrofes parece estar crescendo 
Qualquer que seja a causa, fato é que desde a década de 70 as catástrofes 
naturais apresentam nítida tendência de crescimento em quantidade e em 
severidade. Segundo a Swiss Re, entre o início dos anos 70 e a primeira 
década do novo milênio, o número médio anual de catástrofes naturais 
cresceu 257%. 
O custo significativo das catástrofes naturais em vidas e recursos 
materiais representa um desafio único para segurados, seguradoras e 
governos. Um único sinistro catastrófico pode colocar em risco a 
solvência de seguradoras que aceitaram cobrir perdas a ele relacionadas. 
Em certos casos, nem mesmo o total de ativos de uma seguradora é 
suficiente para cobrir o volume de indenizações. A gestão desses tipos de 
riscos exigirá das seguradoras e resseguradoras modelos mais 
sofisticados de avaliação e gerenciamento de risco, com o uso de 
tecnologias avançadas de alerta precoce nas áreas mais sujeitas a tais 
riscos. 
Novas tecnologias: oportunidades e riscos para as seguradoras 
As inovações tecnológicas certamente são os motores do progresso, mas 
para que surja e prospere é preciso garantir o seu uso seguro. 
A tecnologia de informações, em particular, é pródiga de riscos e 
oportunidades. O relatório Riscos Globais, do Fórum Econômico Mundial, 
edição 2015, nota que, nos Estados Unidos, o custo dos ataques 
cibernéticos já alcança cerca de US$ 100 bilhões anualmente. Certamente, 
o mercado de seguro será chamado a ajudar a mitigar os impactos 
negativos da difusão da informática. Até recentemente, por exemplo, o 
risco cibernético integrava o elenco de exclusões de cobertura da maioria 
das apólices de seguros. Entretanto, o crescimento do uso da Internet e 
os crimes correlatos já fizeram surgir coberturas contra alguns desses 
riscos. 
Outras mudanças tecnológicas podem afetar o mercado de seguros pela 
transformação do risco e pelo aumento da competição. Pense-se, por 
exemplo, no impacto dos carros sem motorista sobre o mercado de 
seguro de automóveis ou no efeito das vendas diretas de seguros 
pessoais pela Internet sobre as cadeias tradicionais de distribuição 
(corretores e agentes de seguros). Ou no surgimento de clientes 
demandando cada vez mais controle sobre suas apólices no momento de 
venda e durante a vigência do contrato. Por isso, já há seguradoras 
oferecendo aplicações móveis (para celulares e tablets) que ajudam na 
oferta de cotações, nos avisos de sinistros, no processo de regulação e 
liquidação de sinistros etc. 
A globalização do mercado caminha ao lado da crescente 
harmonização e padronização dos contratos 
Outra tendência que influencia cada vez mais a indústria de seguros é a 
globalização do mercado e, com ela, o crescente movimento em direção 
a maior harmonização e padronizaçãodos contratos e regulamentos 
aplicáveis aos seguros. 
Na medida em que as seguradoras de mercados desenvolvidos entrem 
nos mercados emergentes, a competição aumenta e as margens de lucro 
nestes mercados tenderão a declinar. Ao mesmo tempo, algumas 
seguradoras emergentes vão conseguir operar nos mercados 
desenvolvidos e tornar-se-ão também empresas globais. Isto fará com que 
tais seguradoras tenham maior fatia de mercado e produzirá economias 
de escala e de escopo que aprofundarão a penetração dos seguros no 
mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
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