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RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da FUNENSEG E73m Escola Nacional de Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Manual de ramos diversos I: riscos diversos e garantia/Supervisão e coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de Nelson Flores Duarte. – Rio de Janeiro: ENS, 2018. 79 p.; 28 cm 1. Seguros de ramos diversos. 2. Seguro garantia. 3. Garantia estendida. I. Duarte, Nelson Flores. II. Título. 0017-1931 CDU 368.025.6(072 REALIZAÇÃO ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA NELSON FLORES DUARTE – 2018 CAPA COORDENADORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS – GERÊNCIA DA ESCOLA VIRTUAL PICTORAMA DESIGN RIO DE JANEIRO 2018 É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA A Escola Nacional de Seguros promove, desde 1971, diver- sas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola Nacional de Seguros ofe- rece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiên- cias com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola Nacional de Seguros. RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA SUMÁRIO INTRODUÇAO 7 1. SEGUROS DE RISCOS DIVERSOS 9 ASPECTOS GERAIS 10 OBJETIVOS DO RAMO DE RISCOS DIVERSOS 11 CARACTERÍSTICAS 12 Objeto do Seguro 12 Estrutura da Apólice – Capa, Condições Gerais, Especiais e Particulares 12 Aceitação e Renovação do Seguro 13 Vigência e Cancelamento 13 Âmbito Geográfico 14 Franquia e/ou Participação Obrigatória do Segurado (POS) 14 Formas de Contratação 15 PRINCIPAIS CLÁUSULAS DAS CONDIÇÕES GERAIS 15 Cláusula de Reposição 15 Cláusula de Perda de Indenização 15 Cláusula de Caducidade do Seguro 16 Cláusula de Sub-rogação de Direitos 17 Aceitação, Modificação e Renovação do Seguro 17 INSPEÇÃO DE RISCO 19 REINTEGRAÇÃO DA IMPORTÂNCIA SEGURADA 19 FIXANDO CONCEITOS 1 21 INTERATIVO RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA 2. MODALIDADES DO RAMO DE RISCOS DIVERSOS 24 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 25 MODALIDADE – VALORES 27 Coberturas no Seguro Valores 28 COBERTURA – VALORES EM VEÍCULOS DE ENTREGA DE MERCADORIAS 29 COBERTURA – VALORES TRANSPORTADOS EM CARROS-FORTES SOB A GUARDA DE PORTADORES 29 MODALIDADE – JOALHERIA 30 MODALIDADE – MULTIRRISCOS DE OBRAS DE ARTE 30 MODALIDADE – FIDELIDADE 32 MODALIDADE – INSTRUMENTOS MUSICAIS E EQUIPAMENTOS DE SOM 36 MODALIDADE – MATERIAL RODANTE (VEÍCULOS FERROVIÁRIOS) 39 MODALIDADE – ROUBO DE BENS 40 FIXANDO CONCEITOS 2 43 3. SEGURO GARANTIA 46 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 47 DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS 48 Partes integrantes do Seguro Garantia 49 Seguro Garantia: Setor Público 50 Seguro Garantia – Setor Privado 56 CONDIÇÕES DA APÓLICE DE SEGURO GARANTIA 58 FIXANDO CONCEITOS 3 61 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA 4. SEGURO DE GARANTIA ESTENDIDA 65 PARTES INTERVENIENTES 66 COBERTURA BÁSICA 67 FORMA DE CONTRATAÇÃO DO SEGURO DE GARANTIA ESTENDIDA 67 VIGÊNCIA DO SEGURO 68 FRANQUIA 68 SINISTRO 68 FIXANDO CONCEITOS 4 70 ESTUDOS DE CASO 72 GLOSSÁRIO 74 GABARITO 77 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 79 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA 7 INTRODUÇÃO A denominação Seguros de Ramos Diversos é utilizada para designar os seguintes ramos de seguro: ■ Riscos Diversos; ■ Equipamentos; ■ Garantia; e ■ Fiança Locatícia. Esses ramos de seguro, exigem uma especialização maior dos profissio- nais da área de seguros. Há corretores de seguros especializados que criam diferenciais de atendimento e soluções para os seus segurados jus- tamente pelo estudo e atuação em ramos diversos. Ramos de seguro Designação utilizada para denominar cada uma das partes em que se subdivide o seguro. Apresenta as chamadas Condições Gerais, ou seja, um conjunto de cláusulas que, estabe- lecendo obrigações e direitos do segurado e do segurador, podem ser aplicadas a todos os riscos da mesma natureza. Plano de seguro Esta nomenclatura é utilizada para definir cada produto ou cada tipo de seguro que é ou vier a ser comercializado pelo mercado segurador, podendo um plano de seguro abranger um único ou vários ramos de seguro. Modalidades Subdivisões adotadas em alguns ramos de seguro. Cada uma tem suas Condições Es- peciais, ou seja, um conjunto de cláusulas que modificam (ampliando ou restringindo) as disposições das Condições Gerais do ramo. INTRODUÇÃO RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA 8 Citando, como exemplo, o agronegócio é um dos segmentos que mais cres- cem no país e, como consequência, a frota de equipamentos e implemen- tos. Originariamente, antes das circulares SUSEP 395/2009 e 455/2012, o seguro para Equipamentos era disponibilizado como uma modalidade de Riscos Diversos. Após a legislação citada, tornou-se possível oferecer coberturas para equipamentos nos Seguros Compreensivos Patrimoniais (quando isto não significa um grande volume), mas, quando o interesse do segurado é obter seguro apenas para os Equipamentos, designou-se que passariam a ser emitidos em Riscos Diversos, exclusivamente, aqueles cuja destinação fosse não agrícola, sendo estes últimos emitidos em Benfeito- rias ou Penhor Rural. Os Seguros de Garantia no Brasil tiveram crescimento significativo em razão da explosão de obras públicas por todo o País (Obras do PAC, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos); em consequência disso, as empresas con- tratantes de tais obras passaram a exigir formas de garantias por parte dos contratados, ensejando, assim, a contratação de Seguros de Garantia de diversas modalidades, como: fiel cumprimento das obrigações contraídas, de desempenho contratado, aduaneira, judicial, entre outras. Atenção Neste Manual não trataremos dos seguros de Equipamentos nem do Seguro Fiança Locatícia que serão tratados como disciplinas específicas em outros Manuais. INTRODUÇÃO RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA 9 UNIDADE 101 SEGUROS de RISCOS DIVERSOS ■ Entender a finalidade da utilização da denominação Ramos Diversos. ■ Identificar os ramos de seguro agrupados como Ramos Diversos. ■ Conhecer os fatores que justificam o estudo desses ramos pelo corretor de seguros. ■ Distinguir os objetivos do Ramo de Riscos Diversos. Após ler esta unidade, você deve ser capaz de ASPECTOS GERAIS OBJETIVOS DO RAMO DE RISCOS DIVERSOS CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS CLÁUSULAS DAS CONDIÇÕES GERAIS INSPEÇÃO DE RISCO REINTEGRAÇÃO DA IMPORTÂNCIA SEGURADA FIXANDO CONCEITOS 1 TÓPICOS DESTA UNIDADE ■ Entender a finalidade do Ramo de Riscos Diversos e as características que o distinguem de outros ramos deseguro. ■ Conhecer as principais cláusulas das condições gerais dos Seguros de Riscos Diversos. 10 UNIDADE 1 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA ASPECTOS GERAIS O Ramo de Riscos Diversos (RD) tem como filosofia a ideia de que pra- ticamente nada existe que não possa ser segurado e, como principalcaracterística, a inovação, sendo considerado, por isso, um laboratório de seguros. Engloba todas as modalidades de seguro que, por estarem ainda em fase de experiência e observação, pela diversidade de cobertu- ras ou por ainda estarem em consolidação econômica no mercado, não se constituem em ramos independentes com condições e estruturas adminis- trativas próprias. Procura atender aos segurados naquelas necessidades em que os demais ramos de seguro não oferecem condições satisfatórias de cobertura, desde que esteja configurado como seguro de danos. Circular SUSEP 417, de 12 de janeiro de 2011 Definiu uma enorme redução de modalidades de seguro Ramo de Riscos Diversos. Moda- lidades como Alagamento, Inundação, Desmoronamento e outras passaram a ser defini- das como coberturas de seguros e a integrar outros ramos de seguro, principalmente os Seguros Compreensivos Patrimoniais. Ela estabeleceu, em seu art. 2º, que somente podem ser caracterizados como Seguros de Riscos Diversos os planos não padroniza- dos cujas coberturas principais sejam relativas aos seguros de danos e não sejam típicas de outros ramos de seguro. Estudaremos as demais modalidades que restaram no Ramo de Riscos Diversos juntamente com os outros ramos assim denominados. No exterior, são chamados de Miscellaneous Insurance, em face da diver- sidade de possibilidades de coberturas a riscos expostos. Seguro padronizado É aquele cujas condições contratuais são idênticas àquelas cons- tantes das normas técnicas determinadas pela SUSEP e pelo Con- 11 UNIDADE 1 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA selho Nacional de Seguros Privados (CNSP), acessíveis nos res- pectivos sites na Internet. A comercialização pode ser realizada por qualquer seguradora, desde que tenha autorização da SUSEP. Exemplos: seguro incêndio tradicional, seguro de lucros cessan- tes e seguro de transporte. Seguro não padronizado É o produto criado pela seguradora. As condições contratuais e notas técnicas atuariais (documento técnico que contém as fór- mulas de cálculo de custo, custeio e obrigações, considerando os regimes financeiros, métodos e benefícios avaliados) devem seguir os critérios mínimos previstos de um ramo ou plano de seguro. Exemplos: seguros compreensivos residenciais, seguros com- preensivos condominiais e seguros compreensivos empresariais. Seguro Singular É desenhado pela seguradora para atender a uma apólice indivi- dual, com o objetivo de atender a um segurado com exclusivida- de, e não poderá ser vendido para outros clientes da seguradora (extinto pela SUSEP através da Circular 458/2012). OBJETIVOS DO RAMO DE RISCOS DIVERSOS ■ Atender aos segurados naquelas necessidades em que os demais ramos de seguro não oferecem condições satisfatórias de cobertura; ■ Agrupar vários ramos ou modalidades em uma única apólice; e ■ Originar novos tipos de seguros a serem divulgados ao mercado. Circular SUSEP 458, de 19 de dezembro de 2012 Extinguiu os Seguros Singulares com o seguinte texto: “ Caso haja interesse na continuidade da comercialização, as sociedades seguradoras deverão, obrigatoriamente, disponibilizar produtos não padronizados para atender neces- sidades específicas de seus segurados, mediante disposições previstas em coberturas adicionais e/ou condições particulares, de contratação facultativa, nos termos da legisla- ção vigente.” 12 UNIDADE 1 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA Em razão dos objetivos deste ramo, para maior desenvolvimento e aperfei- çoamento do Ramo de Riscos Diversos, são fundamentais o intercâmbio e a troca de experiência com outros mercados, no sentido de se atingir maior consolidação técnica tanto no estabelecimento de condições próprias quanto na fixação de prêmios adequados em função dos riscos assumidos. CARACTERÍSTICAS — Objeto do Seguro O seguro tem por objetivo garantir, dentro dos limites de responsabilida- de da seguradora, sob as Condições Gerais de Riscos Diversos, Condi- ções Especiais e Particulares destacadas, o pagamento de indenização ao segurado, por prejuízos que este possa sofrer em consequência direta da realização de riscos previstos e cobertos. — Estrutura da Apólice – Capa, Condições Gerais, Especiais e Particulares O clausulado para uma apólice de Riscos Diversos tem a função de abran- ger diversas situações, pois são inúmeros os riscos existentes no ramo. A apólice é composta dos seguintes documentos: ■ Proposta Observação Na apresentação da proposta de seguro, as Condições Contratuais completas devem estar à disposição do Segurado. Qualquer alteração restritiva ou que implique ônus para o Segurado, em quaisquer das Condições do contrato, deverá ser realizada por endosso ou aditivo ao contrato, com a concordância expressa e escrita do segurado. Deverão ser apresentadas com destaque as obrigações e/ou restrições de direito do segurado. A definição dos termos técnicos utilizados no contrato deverá constar das Condições Gerais (sob forma de um Glossário). O termo “Limite Máximo de Garantia” utilizado ao longo deste texto, comumente, assume outras denominações nos contratos de seguro, dentre elas “importância segurada”. 13 UNIDADE 1 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA Capa ou Frontispício Identifica o segurado e o seguro, além do prêmio, a seguradora, o ramo, a vigência; Especificação Informação sobre o bem a ser coberto; Condições Gerais Conjunto das cláusulas, comuns a todas as modalidades e/ou coberturas de um plano de seguro, que estabelecem as obriga- ções e os direitos das partes contratantes; Condições Especiais e/ou Específicas Conjunto das disposições específicas relativas a cada modalidade e/ou cobertura de um plano de seguro, que eventualmente alte- ram as Condições Gerais; e Condições Particulares Conjunto de cláusulas que alteram as Condições Gerais e/ou Especiais de um plano de seguro, modificando ou cancelando dis- posições já existentes ou, ainda, introduzindo novas disposições e eventualmente ampliando ou restringindo a cobertura. — Aceitação e Renovação do Seguro A seguradora tem o prazo de 15 dias corridos, contados a partir do rece- bimento e imediato protocolo da proposta de seguro, para manifestar-se sobre a referida proposta. A recusa da proposta de seguro será comunica- da pela seguradora por escrito ao proponente, com as devidas justificativas. No caso de não aceitação da proposta de seguro por parte da socieda- de seguradora, em que já tenha havido pagamento de prêmio, os valores pagos deverão ser devolvidos, atualizados de acordo com as normas em vigor, da data do pagamento pelo segurado até a data da efetiva restitui- ção. A cobertura perdurará por mais dois dias (48 horas) úteis, contados a partir da data em que o proponente, seu representante ou o corretor de seguros tiverem conhecimento formal da recusa. A renovação poderá ser feita de 2 (dois) modos: de forma tácita (automáti- ca ou não escrita) ou expressa (formalizada ou escrita). — Vigência e Cancelamento Normalmente, o prazo de vigência do seguro de danos é de um ano (12 meses). E entra em vigor a partir das 24 horas do início de vigência especi- ficado na proposta. Nada impede, entretanto, que sejam contratados segu- 14 UNIDADE 1 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA ros com prazos inferiores ou superiores a um ano. O custo do seguro é calculado em função desse prazo. Seguro a Prazo Curto é o seguro contratado por prazo inferior a um ano. O prêmio é calculado em função de uma tabela de prazo curto que majora, em termos relativos, o valor dos prêmios em relação ao prêmio anual. Seguro a Prazo Longo (plurianual) é o seguro contratado por prazo supe- rior a um ano. Nesse seguro, utiliza-se uma tabela de prazo longo que reduz, em termos relativos, o valor do prêmio em relação ao prêmio anual. O Seguro a Prazo Longo só poderá ser contratado pelo prazo máximo de cinco anos. O contrato poderá serrescindido, total ou parcialmente, por acordo entre as partes. No caso de rescisão por iniciativa da seguradora será restituída ao segu- rado a parte do prêmio recebido proporcionalmente, ou seja, na base pro rata temporis, pelo tempo a decorrer. Por exemplo: se já decorreram 60% do prazo de vigência do seguro, a seguradora poderá reter 60% do prê- mio, restituindo 40% do prêmio ao segurado. Se a iniciativa tiver sido do segurado, a seguradora reterá a parte do prê- mio recebido com base na tabela prazo curto pelo tempo decorrido. Por exemplo: decorridos 120 dias da vigência do contrato, com base na tabela prazo curto, a seguradora poderá reter 50% do prêmio. — Âmbito Geográfico Define onde o seguro se aplica e, usualmente, é somente no Brasil, entre- tanto, no caso de existir cobertura internacional, em que haja o reembol- so de despesas efetuadas no exterior, os eventuais encargos de tradução ficarão totalmente a cargo da sociedade seguradora. Definir exatamente o local onde o objeto segurado estará instalado é funda- mental para construção de precificação analítica do seguro. Assim, em que pese a cobertura do seguro ser estendida a todo o território nacional, por exemplo, o conhecimento da atividade e do(s) local(is) é muito importante. — Franquia e/ou Participação Obrigatória do Segurado (POS) Por ser um laboratório de seguros, o Ramo de Riscos Diversos pode neces- sitar, no caso de alguma modalidade em fase de criação, que se inclua(m) uma franquia e/ou uma POS. 15 UNIDADE 1 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA Sendo a franquia um valor fixado e a POS um percentual fixado como par- ticipações do segurado nos eventuais sinistros, fica fácil entender por que os seguros realizados com franquia ou POS devem ter prêmios menores do que aqueles que não as estipulam: quanto mais o segurado participar no sinistro, menos prêmio deve pagar. — Formas de Contratação A forma de contratação do limite máximo de indenização deverá ser esta- belecida nas Condições Gerais do seguro. O limite máximo de garantia pode ser contratado sob três formas: ■ Risco absoluto; ■ Risco relativo; e ■ Risco total. PRINCIPAIS CLÁUSULAS DAS CONDIÇÕES GERAIS — Cláusula de Reposição Objetivo: estabelece que a seguradora deve indenizar em dinheiro e, quando especificado na apólice, permitir que a indenização, até os limites estabelecidos na apólice, seja efetuada por meio de reparo dos bens ou de sua substituição, restabelecendo o estado em que se encontravam ime- diatamente antes do sinistro. Exemplo Se uma locomotiva segurada ficar totalmente danificada, em consequência de sinistro coberto, deve ser indenizada, preferencialmente, em espécie ou substituída por outra similar à destruída se houver acordo entre a seguradora e o segurado. — Cláusula de Perda de Indenização Objetivo: Isentar a seguradora da obrigação de pagar qualquer indenização quando o segurado não cumprir as obrigações previstas na apólice. 16 UNIDADE 1 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA Podem ser considerados não cumprimento das obrigações previstas na apólice: ■ Declarações falsas, inexatas ou omissão de informações que pos- sam influir direta ou indiretamente no conhecimento, análise e aceitação do risco e na taxa para a fixação do prêmio. Exemplo: não mencionar ocorrências anteriores de sinistros no momento da vistoria prévia; ■ Obtenção, por qualquer meio, de benefícios ilícitos do seguro. Exemplo: o caso de informações por parte do segurado da exis- tência de sistemas de proteção e guarda dos bens na modalidade Joalherias, quando na realidade não existem ou são insuficientes, não atendendo às especificações exigidas pela seguradora; ■ Modificações ou alterações que resultem na agravação do risco para a seguradora, sem sua prévia e expressa anuência; ■ Omissão de toda e qualquer providência, por parte do segurado, no sentido de evitar, reduzir ou não agravar os prejuízos resultan- tes de um sinistro. Exemplo: ao se tomar conhecimento de um sinistro nas depen- dências seguradas, abandonar o conteúdo recuperável (denomi- nado salvados), evitando, assim, o aumento dos prejuízos para a seguradora (falta de proteção para os salvados). — Cláusula de Caducidade do Seguro Objetivo: isentar a seguradora de responsabilidade quando o segurado uti- lizar meios fraudulentos para obter vantagens com o seguro ou com o sinistro. A caducidade ou cancelamento do contrato se dá automaticamente. Exemplos de situações em que a cláusula é aplicável: ■ Fraude ou tentativa de fraude, simulação ou agravação das conse- quências de um sinistro; ■ Reclamação dolosa, sob qualquer ponto de vista, baseada em declarações falsas; e ■ Emprego de quaisquer outros meios dolosos ou simulações. 17 UNIDADE 1 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA Atenção As cláusulas de Perda de Indenização e Caducidade do Seguro, embora pareçam iguais, são bastante diferentes entre si. As duas cláusulas isentam a seguradora de pagar os prejuízos resultantes de um sinistro, porém a caducidade se dá quando se constata uma situação ilícita dolosa, proposital ou intencional. Já a perda de indenização ocorre nos casos em que uma situação deixou de ser informada e não se constata intenção ou dolo, tornando-a culposa ou sem intenção comprovada. — Cláusula de Sub-rogação de Direitos Objetivo: facultar à seguradora a atuação, em nome do segurado, contra o terceiro que foi causador dos danos, a fim de obter o ressarcimento de indenização já paga. O princípio da sub-rogação consiste, em geral, na faculdade que uma pessoa tem de substituir legalmente uma outra, assumindo os direitos de atuar contra uma terceira. Em seguros, isso não só evita que o segurado seja indenizado duas vezes pelo segurador e pelo terceiro responsável pelos danos, produ- zindo o enriquecimento sem causa, como também permite que a segu- radora venha a se ressarcir dos prejuízos indenizados ao seu segurado. É óbvio que o segurado não pode praticar qualquer ato que venha a prejudicar o direito de sub-rogação da seguradora, nem fazer acor- do ou transação com terceiros responsáveis pelo sinistro, salvo com expressa autorização da seguradora. — Aceitação, Modificação e Renovação do Seguro A aceitação do seguro está sujeita à análise do Risco e manifestação da seguradora. O prazo da seguradora para analisar o risco e decidir sobre a aceitação da proposta de seguro, preenchida e assinada pelo proponente ou seu repre- sentante legal, recebida sob protocolo ou através de meio eletrônico, para seguros novos ou renovações, bem como para alterações que impliquem modificação do risco, é de 15 (quinze) dias, contados do seu recebimento. Na proposta de seguro, deverão ser prestadas, pelo proponente ou seu representante legal, todas as informações que permitirão à seguradora avaliar as condições para aceitação ou recusa do risco, sendo que a exis- Atenção A seguradora sub-rogada pode exigir do segurado, a qualquer momento, o instrumento de cessão e os documentos hábeis para o exercício desse direito. 18 UNIDADE 1 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA tência de omissões ou de declarações inverídicas determinará a nulidade do contrato, conforme o disposto no artigo 766 do Código Civil Brasileiro. O prazo de 15 (quinze) dias previsto para a aceitação da proposta será suspenso se a seguradora verificar que as informações contidas na Pro- posta de Seguro são insuficientes para a tomada de decisão, podendo ela solicitar ao Proponente a apresentação de novos documentos. Esta solicitação poderá ocorrer mais de uma vez, desde que a seguradora indi- que os fundamentos para tal pedido. A contagem do prazo de 15 (quinze) dias reiniciará à zero hora do dia seguinte à entrega dos documentos na seguradora. Os efeitos deste item se aplicam exclusivamente quando o proponente for pessoa jurídica. Nos casos de pessoa física,a solicitação de documentos complementares, para análise e aceitação do risco ou da alteração proposta, poderá ser feita apenas uma vez, durante o prazo pre- visto para aceitação. Nos casos em que a aceitação da proposta de seguro dependa de contra- tação ou alteração da cobertura de resseguro facultativo, o prazo previsto também será suspenso. Ficará a critério da sociedade seguradora a decisão de informar ou não, por escrito, ao proponente, ao seu representante legal ou corretor de seguros, sobre a aceitação da proposta, devendo, no entanto, obrigato- riamente, proceder à comunicação formal, no caso de sua não aceitação, justificando a recusa. Em caso de recusa da Proposta de Seguro dentro dos prazos previstos acima, a cobertura do seguro prevalecerá por mais 2 (dois) dias úteis, con- tados a partir da data em que o Proponente, seu representante legal ou o corretor de seguros tiver conhecimento formal da recusa. Ainda no caso de recusa da proposta de seguro em que já tenha sido efetuado o pagamento do prêmio, do valor pago será deduzido o prêmio correspondente ao período em que prevaleceu a cobertura na base pro rata temporis, e a diferença restituída ao Proponente, no prazo máximo de 10 (dez) dias, contados após a formalização da recusa. Caso o prazo de 10 (dez) dias seja ultrapassado, o prêmio será atualizado monetariamente desde a data do seu recebimento pela variação positiva do IPCA/IBGE – Índice de Preços ao Consumidor Amplo/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –, apurada entre o último índice publi- cado antes da formalização da recusa e aquele publicado imediatamente antes da data da efetiva devolução do prêmio. Na hipótese da extinção do índice pactuado, deverá ser utilizado o índice que vier a ser determinado pela legislação em vigor. 19 UNIDADE 1 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA INSPEÇÃO DE RISCO A inspeção de risco é algo muito importante na atividade de seguro; por- tanto, pode ser necessária em modalidades de Seguro de Riscos Diversos, principalmente quando se tratar de seguro no setor industrial ou em uma joalheria, por exemplo. Em algumas modalidades, o relatório de vistoria pode ser fundamental na aceitação ou não do risco, bem como na fixação da taxa final para a con- tratação do seguro, já que as condições observadas podem gerar agrava- mentos na mesma ou mesmo franquias e POS. Daí vem a necessidade de a seguradora conhecer as características do risco que se propõe a segurar antes de sua contratação. A inspeção prévia pode ser realizada por peritos ou especialistas que podem ou não pertencer ao quadro funcional das seguradoras, sendo con- tratados, exclusivamente, quando necessário. REINTEGRAÇÃO DA IMPORTÂNCIA SEGURADA É a solicitação de recomposição da importância segurada de uma cober- tura, na mesma proporção em que foi reduzida em função de um sinistro indenizado. Esta cláusula estabelece, para algumas modalidades, que a reintegração é válida a partir da: ■ Data do sinistro, se solicitada pelo segurado, até 72 horas após a sua ocorrência; e ■ Anuência formal da seguradora. O prêmio de reintegração será sempre cobrado na base pro rata tem- poris; seja da data do sinistro até a data de vencimento da apólice, seja da data da anuência formal da seguradora até a data de venci- mento da apólice. Se, durante a vigência do contrato de seguro, ocorrerem um ou mais sinistros pelos quais a seguradora seja responsável, a importância segurada do item sinistrado ficará reduzida da importância correspon- dente ao valor da indenização paga, a partir da data da ocorrência do sinistro, não tendo o segurado direito à restituição do prêmio cor- Importante A reintegração é aplicada às modalidades de seguro em que se admitam as formas de contratação a Risco Total e/ou a Primeiro Risco Relativo. 20 UNIDADE 1 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA respondente àquela redução. Nesta hipótese, desde que expressamente solicitada pelo segurado e que haja anuência formal da seguradora, fica facultada a reintegração da importância segurada. Se, por exemplo, um segurado sofreu um sinistro, cujo evento está coberto pela modalidade de seguro de Riscos Diversos contratada, e comunicou o sinistro à sua corretora, ele deve ser informado da influência da cláusula de rateio no caso de novos e eventuais sinistros. Portanto, é recomendá- vel a solicitação da reintegração da importância segurada à seguradora, no prazo de 72 horas, previsto na respectiva cláusula de reintegração da Importância Segurada, de forma a não haver perda de direito do segurado. 21 FIXANDO CONCEITOS RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA FIXANDO CONCEITOS 1 Marque a alternativa correta 1. Analise se as proposições são verdadeiras ou falsas e depois marque a alternativa correta Sobre o Seguro do Ramo de Riscos Diversos, podemos afirmar que: ( ) Originar novos tipos de seguros a serem divulgados ao mercado é objetivo do Ramo de Riscos Diversos. ( ) Para maior desenvolvimento e aperfeiçoamento do Ramo de Riscos Diversos, são fundamentais o intercâmbio e a troca de experiência com outros mercados. ( ) Agrupar vários ramos ou modalidades em uma única apólice é obje- tivo do Ramo de Riscos Diversos. ( ) O Ramo de Riscos Diversos (RD) engloba todas as modalidades de seguro que, ainda estão em fase de experiência e observação. Agora assinale a alternativa correta: (a) V,F,V,V (b) V,F,F,V (c) V,V,V,V (d) F,V,V,F (e)V,F,V,F Marque a alternativa correta 2. A principal característica do Ramo de Riscos Diversos é: (a) Possuir e manter sempre um número reduzido de modalidades de seguro, no máximo cinco. (b) Seu aspecto criativo ou inovador. (c) Adotar exclusivamente tarifas estabelecidas pelo ressegurador. (d) Manter a estabilização técnica, evitando criar inovações. (e) A tradicionalidade de seus produtos. 3. O Seguro de Riscos Diversos destina-se a atender às necessidades dos segurados para riscos seguráveis em que não haja ainda condições de cobertura disponíveis no mercado segurador brasileiro, caracterizando-se, portanto, por: (a) Possuir sempre uma linha demarcatória de aplicação. (b) Dispensar todo e qualquer tipo de pesquisa para a criação de novos produtos. (c) Tratar somente de riscos já enquadrados nas coberturas oferecidas por outros ramos. 22 FIXANDO CONCEITOS RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA (d) Ser um ramo de estabilidade técnica, ou seja, sem alterações em suas condições e disposições tarifárias. (e) Ser o grande laboratório do mercado de seguros brasileiro. 4. O intercâmbio e a troca de experiências do mercado segurador brasilei- ro com outros mercados são uma constante no Ramo de Seguro de Riscos Diversos, porque: (a) As condições gerais do ramo são bastante abrangentes e contêm a relação de todos os riscos excluídos do contrato, dispensando, portan- to, a sua menção nas condições especiais, qualquer que seja a modali- dade de seguro contratada. (b) As coberturas da apólice de Seguro de Riscos Diversos abrangem os prejuízos decorrentes de vício intrínseco, mau acondicionamento e insuficiência ou impropriedade da embalagem do bem ou da mercado- ria segurada. (c) A filosofia que norteia o Ramo de Riscos Diversos é a de que tudo pode ser segurado e, portanto, todas as suas modalidades de cobertura do tipo “todos os riscos”. (d) Por ser criativo e inovador, o Ramo de Riscos Diversos necessita conhecer os novos ramos e modalidades de seguro desenvolvidos por outros mercados para atingir uma maior consolidação técnica e melhor atender ao mercado consumidor brasileiro de seguros. (e) As bases técnicas e condições de contratação de todas as modalida- des de Seguro de Riscos Diversos foram obtidas através de intercâmbio com os mercados internacionais. 5. Na apólice de Riscos Diversos, a cláusula das condições gerais que estabelece a transferência, paraa seguradora, de direitos e ações do segurado contra terceiros cujos atos tenham dado causa ao prejuízo inde- nizado é a de: (a) Prescrição. (d) Caducidade do seguro. (b) Pagamento do prêmio. (e) Perda de indenização. (c) Sub-rogação de direitos. 6. A caducidade do Seguro de Riscos Diversos é automática quando se atesta a existência de: (a) Rateio. (d) Reposição de perdas. (b) Vigência inferior a 1 (um) ano. (e) Sub-rogação de direitos. (c) Fraude do segurado. 23 FIXANDO CONCEITOS RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta: 7. São objetivos do Ramo de Riscos Diversos: I) Controlar pedidos de coberturas não tarifadas. II) Agrupar vários ramos ou modalidades em uma única apólice. III) Originar novos tipos de seguros a serem divulgados ao mercado. Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente I e II são proposições verdadeiras. (c) Somente I e III são proposições verdadeiras. (d) Somente II e III são proposições verdadeiras. (e) I, II e III são proposições verdadeiras. 8. Considere as disposições da Cláusula de Reintegração da Importância Segurada, prevista no Ramo de Riscos Diversos para algumas modalida- des de seguro, e analise as proposições a seguir: I) Quando cabível, a reintegração é válida a partir da data do sinistro, se solicitada pelo segurado até 48 horas após a sua ocorrência. II) O prêmio da reintegração deverá ser cobrado na base pro rata temporis. III) A reintegração é aplicada a todas as modalidades de Seguro do Ramo de Riscos Diversos, independentemente da forma de contratação do seguro. Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente II é proposição verdadeira. (b) Somente I e II são proposições verdadeiras. (c) Somente I e III são proposições verdadeiras. (d) Somente II e III são proposições verdadeiras. (e) I, II e III são proposições verdadeiras. RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA 24 UNIDADE 202 MODALIDADES do RAMO de RISCOS DIVERSOS ■ Conhecer as modalidades de seguro atualmente integrantes do Ramo de Riscos Diversos. ■ Entender os objetivos e as características de cada modalidade. Após ler esta unidade, você deve ser capaz de CONSIDERAÇÕES INICIAIS MODALIDADE – VALORES COBERTURA – VALORES EM VEÍCULOS DE ENTREGA DE MERCADORIAS COBERTURA – VALORES TRANS- PORTADOS EM CARROS-FORTES SOB A GUARDA DE PORTADORES MODALIDADE – JOALHERIA MODALIDADE – MULTIRRISCOS DE OBRAS DE ARTE MODALIDADE – FIDELIDADE MODALIDADE – INSTRUMENTOS MUSICAIS E EQUIPAMENTOS DE SOM MODALIDADE – MATERIAL RODANTE (VEÍCULOS FERROVIÁRIOS) MODALIDADE – ROUBO DE BENS FIXANDO CONCEITOS 2 ■ Aprender quais os riscos cobertos, riscos excluídos e as formas de contratação de cada modalidade. TÓPICOS DESTA UNIDADE RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA 25 UNIDADE 2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS As seguradoras tiveram até 1º de janeiro de 2012 para encerrar a comercia- lização, renovação e demais processos referentes a seguros de: ■ Equipamentos ■ Valores, incluindo valores no interior do estabelecimento dentro e/ ou fora de cofres-fortes ou caixas-fortes, valores transportados em carros-fortes e valores em trânsito em mãos de portadores ■ Alagamentos ■ Riscos de desmoronamento ■ Quebra de vidros ■ Edifícios em condomínio ■ Fidelidade de empregados ■ Joalherias ■ Registros e documentos (despesas de recomposição) ■ Tumultos ■ Multirrisco de obras de arte ■ Vendaval, furacão, ciclone, tornado, granizo, queda de aeronaves, impacto de veículos terrestres e fumaça Após 1º de janeiro de 2012, as seguradoras somente puderam passar a comercializar seguros contra tais riscos baseados em planos de seguro próprios, não padronizados pela SUSEP/CNSP, mas devidamente aprova- dos pela SUSEP. Os seguros acima mencionados, antes classificados como Riscos Diver- sos, foram classificados inicialmente pela Circular SUSEP 455, de 06 de Atenção Equipamentos não Agrícolas serão abordados junto com Riscos de Engenharia em outro Manual. Equipamentos Agrícolas serão abordados junto com Riscos Rurais. 26 UNIDADE 2 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA dezembro de 2012 (atualmente revogada), e foram reclassificados de acor- do com a regulamentação que dispõe sobre ramos de seguro através da Circular SUSEP 535, de 28 de abril de 2016, em seu Anexo I. O quadro a seguir resume a situação. GRUPO NOME DO GRUPO IDENTIFICADOR DO RAMO NOME DO RAMO OBSERVAÇÃO 01 Patrimonial 12 Assistência – Bens em Geral Alterado. Ramo incluído pela Circular SUSEP 395, de 2009. Engloba operações informa- das antes da Circular SUSEP 395, de 2009, no Ramo Riscos Diversos (0171). Exclui as operações de seguro de garantia estendida/ complementação de garantia. Engloba as operações de seguros similares aos Serviços de Assistência. 01 Patrimonial 14 Compreensivo Residencial Inalterado 01 Patrimonial 16 Compreensivo Condomínio Inalterado 01 Patrimonial 18 Compreensivo Empresarial Inalterado 01 Patrimonial 71 Riscos Diversos Alterado. Inclusão do antigo Ramo Roubo. 01 Patrimonial 73 Global de Bancos Inalterado 01 Patrimonial 95 Garantia Estendida/ Bens em Geral Inalterado 01 Patrimonial 96 Riscos Nomeados e Operacionais Inalterado 07 Riscos Financeiros 11 Riscos Diversos – Financeiros Ramo Novo. Operações de seguros financei- ros anteriormente contabilizadas no Ramo 0171 – Riscos Diversos. 07 Riscos Financeiros 43 Stop Loss Inalterado. Ramo incluído pela Circular SUSEP no 395, de 2009. Operações informadas antes da Circular SUSEP no 395, de 2009, no Ramo Riscos Diversos (0171). Foram classificados como riscos diversos os seguros cujas coberturas prin- cipais fossem relativas aos seguros de danos e não sejam típicas de outros ramos de seguro. Há poucos anos, havia, portanto, algumas dezenas de modalidades de Ris- cos Diversos que acabaram migrando para outros seguros, sob forma de garantias adicionais ou acessórias, mas, quando se quer fazer uma apólice específica ou se exige uma contratação sob medida (tailor made) ou com 27 UNIDADE 2 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA LMI mais significativo, é comum que a subscrição seja direcionada de volta aos Riscos Diversos. Isto agora acontece para alguns seguros bastante específicos, como: ■ Equipamentos (não cobertos nos seguros compreensivos patri- moniais) ■ Valores (não cobertos nos seguros patrimoniais, como é o caso de Valores no Interior do Estabelecimento, em Cofre ou em mãos de portadores) ■ Joalheria ■ Multirriscos de Obras de Arte ■ Fidelidade (nos casos mais significativos e específicos) ■ Instrumentos Musicais ■ Material Rodante (Veículos Ferroviários) O Seguro de Riscos Diversos é definido pelas Condições Especiais, pois é nelas que se define a modalidade do seguro. Com isso, pode- mos dizer que as Condições Gerais servem a todas as modalidades e é nas Condições Especiais que se define aquilo que estará segurado. MODALIDADE – VALORES Objetivo Garantir ao segurado a indenização, em espécie, reparando ou repondo os valores, em virtude da ocorrência de um dos eventos cobertos pela apóli- ce, conforme acordado nas condições da apólice. Bens Seguráveis ■ Dinheiro, moedas ■ Metais preciosos, pedras preciosas e semipreciosas, pérolas, joias ■ Selos e estampilhas ■ Certificados de títulos, ações, cupons e todas as outras formas de títulos ■ Conhecimentos, recibos de depósitos de armazéns ■ Cheques, saques, ordens de pagamento ■ Apólices de seguro Nota Os seguros de Valores em geral migraram para os seguros compreensivos, salvo nos casos onde há grandes exposições a riscos. Destacaremos aqui as modalidades para Valores em Veículos de Entrega de Mercadorias e Valores Transportados em Carros- Fortes sob a Guarda de Portadores. 28 UNIDADE 2 RAMOSDIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA ■ Quaisquer outros instrumentos ou contratos, negociáveis ou não, que representem dinheiro ou bens ■ Quaisquer documentos nos quais esteja interessado o segurado ou cuja custódia tenha ele assumido, ainda que gratuitamente Estelionato Ato de obter, para si ou para outrem, vantagem patrimonial ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo em erro alguém, por meio fraudulento. Extorsão Ato pelo qual alguém, mediante violência ou ameaça, é constrangido a ceder bem ou dinheiro. Sequestro Reter alguém ilegalmente, com o intuito de receber resgate em troca de sua liberdade Esses seguros não têm franquia Riscos Cobertos ■ Destruição ou perecimento dos valores em consequência de rou- bo ou furto qualificado (efetuado ou tentado). ■ Quaisquer outros eventos decorrentes de causa externa (exceto aqueles expressamente excluídos pelas condições da apólice). ■ Extorsão, sem sequestro. Riscos Excluídos ■ Extorsão mediante sequestro. ■ Furto simples, apropriação indébita ou estelionato. ■ Extravio ou desaparecimento inexplicável. ■ Infidelidade ou ato doloso de diretores, sócios, prepostos e/ou empregados. — Coberturas no Seguro Valores Os dois tipos de coberturas no Seguro de Valores que permanecem em Ris- cos Diversos e cuja forma de contratação é a Primeiro Risco Absoluto são: ■ Valores em Veículos de Entrega de Mercadorias. ■ Valores Transportados em Carros-fortes. 29 UNIDADE 2 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA COBERTURA – VALORES EM VEÍCULOS DE ENTREGA DE MERCADORIAS Bens Seguráveis Valores transportados por veículos de entrega de mercadorias do local de origem para outro(s) local(is) especificado(s) na apólice. Exigência: os valores devem estar guardados em cofre de aço, com alçapão ou boca de lobo, dotado de fechadura de segurança e devi- damente soldado no interior do veículo transportador. Bens Não Compreendidos pelo Seguro ■ Valores guardados fora do cofre com alçapão ou boca de lobo (se, por exemplo, um motorista ou ajudante for assaltado com parte do dinheiro das mercadorias vendidas em seu poder, isto é, fora do cofre do veículo, a seguradora não indenizará). ■ Valores em trânsito, sob a responsabilidade de empresas especia- lizadas em transporte de valores. COBERTURA – VALORES TRANSPORTADOS EM CARROS-FORTES SOB A GUARDA DE PORTADORES Bens Seguráveis Valores sendo transportados, sob a guarda de portadores, em carros-for- tes. Consideram-se portadores os componentes da guarnição dos carros- fortes, empregados ou não do segurado. Bens Não Compreendidos pelo Seguro ■ Valores transportados em veículos não especificados na apólice. ■ Valores deixados, durante o período em que permanecerem nos escritórios do segurado (empresas de transporte de valores), para qualquer finalidade, inclusive preparação de envelopes de paga- mento, ainda que sob sua responsabilidade. Saiba mais Entende-se por valor extrínseco o valor atribuído ao bem, enquanto que o valor intrínseco é o valor de reposição do bem, sem qualquer valor agregado a título de ter o bem um valor estimativo ou ser uma raridade ou uma obra de arte ou uma coleção ou similares. 30 UNIDADE 2 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA MODALIDADE – JOALHERIA Objetivo Garantir ao segurado a indenização em espécie ou a reparação dos danos ou a reposição das joias e demais mercadorias similares seguradas, em virtude da ocorrência de um dos riscos cobertos pela apólice. Bens Seguráveis Joias, artigos de ouro, prata, platina, metais preciosos ou semipreciosos, de todos os tipos e espécies, e outras mercadorias inerentes ao ramo de negócio de joalherias. Bens Não Compreendidos pelo Seguro ■ Bens não pertencentes ao segurado, exceto se sob sua custódia. ■ Mercadorias ou materiais não inerentes ao ramo de joalherias. Riscos Cobertos São cobertos as perdas e os danos materiais causados aos bens por quais- quer eventos de causa externa (não expressamente excluídos), incluindo- se o trânsito em mãos de portadores maiores de 18 anos, com vínculo empregatício ou com contrato de prestação de serviços com o segurado. Riscos Excluídos ■ Extorsão mediante sequestro ■ Furto simples, apropriação indébita ou estelionato ■ Extravio ou desaparecimento inexplicável ■ Infidelidade ou ato doloso de diretores, sócios, prepostos e/ou empregados ■ Vício próprio, umidade e chuva MODALIDADE – MULTIRRISCOS DE OBRAS DE ARTE Objetivo Garantir ao segurado a indenização decorrente de roubo, furto qualifica- do, incêndio e outros riscos capazes de danificar total, ou parcialmente, as obras de arte ou raridades seguradas. 31 UNIDADE 2 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA Bens Seguráveis Livros, quadros, esculturas, estatuetas, tapetes e demais bens comprova- damente considerados obras de arte ou raridades. Exige-se um documento de identificação com foto, valor de mercado e especificações da obra, elaborado por um especialista e aceito previa- mente pela seguradora. Esses bens podem pertencer tanto à pessoa física quanto à pessoa jurídica. Atenção Os seguros multirriscos para obras de arte em geral têm condições especiais distintas quando se destinam à cobertura de Coleções, Museus, Marchands e Exposições. Nes- te caso, inclui uma cobertura especial comumente chamada de “prego a prego”, que significa o transporte das obras de arte desde o local onde estão originalmente expos- tas até o local da nova exposição e seu retorno. Bens Não Compreendidos pelo Seguro Os bens não compreendidos pelo seguro são os objetos não enquadrados como obras de arte ou raridades. Riscos Cobertos ■ Incêndio, raio, explosão de qualquer natureza e suas consequências ■ Alagamento, desmoronamento, terremoto, tremores de terra e maremotos, vendaval, furacão, ciclone, tornado, granizo ■ Queda de aeronaves, impacto de veículos terrestres, máquinas ou qualquer outro equipamento utilizado no local ■ Roubo e furto qualificado, inclusive os danos provocados por sim- ples tentativa ■ Tumultos, motins e riscos congêneres, inclusive atos dolosos praticados por terceiros Riscos Excluídos Os principais riscos excluídos são: ■ Desgaste natural causado pelo uso, deterioração gradativa, corro- são, incrustação ■ Defeito latente ■ Desarranjo mecânico ■ Ferrugem, umidade e chuva 32 UNIDADE 2 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA ■ Queda, quebra, amassamento ou arranhadura, salvo se decorren- tes de evento coberto pela apólice, devidamente caracterizado ■ Operações de reparo, ajustamentos, serviços em geral de manu- tenção ou restauração ■ Negligência do segurado, ou de seus empregados e prepostos, na utilização ou no trato dos bens cobertos, assim como na adoção de todos os meios razoáveis para salvá-los e preservá-los durante ou após a ocorrência de qualquer sinistro ■ Subtração dolosa ou culposa, atos desonestos, fraudulentos ou criminosos, praticados por funcionário ou preposto do segurado, quer agindo isoladamente ou aliado a terceiros ■ Furto simples ■ Desaparecimento inexplicável, extravio ■ Prejuízos consequentes de embalagens ou acondicionamentos em desacordo com os padrões exigíveis pelos bens cobertos Inspeção ou Vistoria Prévia A inspeção ou vistoria prévia, em geral, é realizada por especialistas em obras de arte contratados pela seguradora. Cobertura Acessória Pode ser contratada a cobertura acessória de transporte para ida e/ou volta em caso de exposições dos bens segurados, inclusive para viagens internacionais. MODALIDADE – FIDELIDADE Objetivo O Seguro Fidelidade garante indenização ao segurado pelos prejuízos que ele venha a sofrer em consequência de crimes contra o seu patrimônio, causados por seus empregados, e aplica-se somente àqueles, responsá- veis criminalmente, contratados no Brasil sob o regime da CLT (Consoli- dação das Leis do Trabalho) e a funcionários públicos civis regidospelo Estatuto dos Funcionários Públicos. Riscos Cobertos A cobertura abrange os prejuízos materiais, diretamente causados por cri- 33 UNIDADE 2 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA me de apropriação indébita ou peculato, cometido por empregado faltoso durante o período de vigência da apólice de seguro, incluindo-se as des- pesas necessárias para recuperar os bens ou valores subtraídos. Em caso de crime continuado, ou seja, de atos sucessivos de apropriação indébita cometidos pelo empregado infiel, o que determina a cobertura é a primeira data da improbidade, isto é, a data em que se iniciou o desvio de bens ou valores do patrimônio do segurado. Riscos Excluídos São excluídos do seguro: ■ O valor estimativo de qualquer bem integrante do patrimônio do segurado ■ O sinistro que não tenha ocorrido ou iniciado durante a vigência da apólice ■ O sinistro que não tenha sido descoberto pelo segurado no prazo de 360 dias a partir da data de sua ocorrência ou de seu início ■ O sinistro que não tenha sido descoberto pelo segurado no prazo de 60 dias a partir da data em que, por morte, demissão, ausência ou qualquer outro motivo, tenha cessado a relação de emprego ou vínculo entre o garantido faltoso e o segurado ■ O sinistro resultante, direta ou indiretamente, no todo ou em par- te, de ato ilícito ou desonesto de qualquer dirigente do segurado, seus ascendentes, descendentes ou cônjuge ■ O sinistro cuja autoria não seja determinada por confissão espon- tânea do empregado garantido, por inquérito policial ou por sen- tença judicial ■ O sinistro causado por radiações ionizantes, contaminação por radioatividade ou combustão de materiais nucleares ■ O sinistro consequente de incêndio, raio ou explosão, estado de guerra, invasão de potência estrangeira, guerra civil, revolução, rebelião, atos de terrorismo, sedição, poder militar usurpado ou usurpante, greves, lockout, atos do poder público para reprimir ou defender o segurado dos fatos citados, confiscos, sequestro de bens ou danos causados a eles por ordem de governo ou de auto- ridade pública com poderes de fato para tanto Delito de funcionário público que se apropria de valor ou qualquer outro bem móvel em proveito próprio ou alheio. 34 UNIDADE 2 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA Modalidades de Seguro Fidelidade O Seguro Fidelidade abrange três modalidades de contratação: Fidelidade Funcional Para o funcionalismo público civil; Fidelidade Comercial Nominativa Para os funcionários de empresas privadas, devidamente identifi- cados; e Fidelidade Comercial Aberta (chamada Blanket) Para todos os funcionários de uma empresa privada, independen- temente de sua prévia identificação. Somente na modalidade Fidelidade Comercial Aberta (ou Blanket) se exi- ge franquia, a qual corresponde a 5% dos prejuízos apurados. Limite de Responsabilidade A importância segurada de cada modalidade, mencionada na apólice, representa: Fidelidade Funcional ou na Fidelidade Comercial Nominativa O limite máximo de responsabilidade assumida pela seguradora, em relação a cada garantido, no caso de um sinistro; e Na Fidelidade Comercial Aberta O limite máximo de indenização por sinistro ocorrido. Condições da Apólice de Seguro Fidelidade As condições contratuais da apólice de Seguro Fidelidade estabelecem que cabe ao segurado: ■ Tomar precauções para evitar a ocorrência de sinistros, como: » Rigorosa prestação de contas periódicas dos garantidos » Controle de estoques » Registros contábeis atualizados » Controles, inspeções e auditorias frequentes ■ Facilitar as verificações por parte da seguradora ■ Não contratar outro Seguro Fidelidade para garantir as mesmas pessoas ■ Em caso de sinistro, tomar as medidas possíveis para redução dos prejuízos 35 UNIDADE 2 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA ■ Obter do faltoso confissão espontânea ou, na falta desta, fazer abrir o competente inquérito policial, visando à apuração das res- ponsabilidades ■ Apresentar provas dos prejuízos à seguradora, relacionando por escrito, em 30 dias, os bens ou valores subtraídos ■ Não acertar acordo com o empregado (ou funcionário) sem a anuência da seguradora Vigência do Seguro Nas modalidades de Fidelidade Comercial Nominativa e Fidelidade Comercial Aberta, o prazo máximo de vigência do seguro é de 12 meses, admitindo-se seguros por prazos menores, mediante a aplicação de uma Tabela de Prazo Curto específica. Na modalidade de Fidelidade Funcional, o prazo é, normalmente, de cin- co anos, com pagamento de prêmio antecipado para cada período anual, devendo ser renovado quinquenalmente, de modo a vigorar enquanto o funcionário garantido estiver no exercício do cargo. Partes Integrantes do Seguro Fidelidade Segurado É quem contrata o seguro. Pode ser uma empresa privada ou a União, os estados, os municípios ou o Distrito Federal; Seguradora É a empresa que garante ao segurado indenização por prejuízos materiais causados pelos garantidos ao seu patrimônio, pelo crime de apropriação indébita ou peculato; e Garantidos São os empregados do segurado, especificados nas condições especiais da apólice. Para efeito das disposições da apólice do Seguro Fidelidade, são conven- cionadas as seguintes definições: Empregado Toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual ao segurado, sob a dependência deste e mediante salário, na for- ma estabelecida na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ou no Estatuto dos Funcionários Públicos Civis; Garantidos Os empregados do segurado ou os funcionários públicos, respon- sáveis penalmente, referidos nas cláusulas especiais de apólice; 36 UNIDADE 2 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA Patrimônio do segurado Todos os valores e bens de sua propriedade ou de terceiros, sob sua guarda e custódia, e pelos quais o segurado seja legalmente responsável; e Sinistro Ocorrência de delitos contra o patrimônio do segurado, previstos no Código Penal Brasileiro, representados por evento ou série de even- tos contínuos e praticados por garantido ou garantidos coniventes. MODALIDADE – INSTRUMENTOS MUSICAIS E EQUIPAMENTOS DE SOM Objetivo e Riscos Cobertos A seguradora se obriga a indenizar o segurado pelas perdas e danos mate- riais causados aos bens identificados unitariamente na apólice por quaisquer acidentes decorrentes de causa externa, exceto os riscos excluídos, ficando entendido e concordado que a cobertura da apólice abrange os bens segura- dos quando em depósito, em uso ou em trânsito no território brasileiro. Riscos Excluídos A apólice não cobre: ■ Lucros cessantes por paralisação parcial ou total dos aparelhos segurados. ■ Desgaste natural causado pelo uso, deterioração gradativa, vício próprio, defeito latente, desarranjo mecânico, corrosão, incrusta- ção, ferrugem, umidade e chuva. ■ Furto qualificado, roubo, extorsão, apropriação indébita, esteliona- to, praticados contra o patrimônio do segurado por seus funcioná- rios ou prepostos, quer agindo por conta própria ou mancomuna- dos com terceiros. ■ Operações de reparo ou ajustamento, ou serviços de manutenção ou reparação em geral, salvo se ocorrer incêndio ou explosão e, nesse caso, responderá somente por perdas e danos causados por tal incêndio ou explosão. ■ Demoras de qualquer espécie ou perda de mercado. 37 UNIDADE 2 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA ■ Apropriação ou destruição por força de regulamentos alfandegários. ■ Riscos provenientes de contrabando, transporte ou comércio ilegais. ■ Acondicionamento inadequado dos aparelhos segurados durante depósito ou transporte. ■ Utilização inadequada dos aparelhos segurados, seja por funcio- namento em condições impróprias, seja por uso excessivo em relação à sua capacidade normal de trabalho. ■ Negligencia na utilização dos aparelhos, bem como na adoção de todos os meios razoáveis parasalvá-los e preservá-los durante ou após a ocorrência de qualquer sinistro. ■ Curto-circuito, sobrecarga, fusão ou outros distúrbios elétricos causados a dínamos, alternadores, motores, transformadores, con- dutores, chaves e demais acessórios elétricos, salvo se ocorrer incêndio, caso em que serão indenizáveis somente os prejuízos causados por tal incêndio. ■ Furto simples, desaparecimento inexplicável ou simples extravio. ■ Queda, quebra, amassamento e arranhadura, salvo se decorrentes de riscos cobertos. ■ Apagamento de fitas gravadas por ação de campos magnéticos de qualquer origem. Limite Máximo de Indenização Fica entendido e concordado que o Limite Máximo de Indenização desta apólice representa o máximo de responsabilidade da seguradora em um sinistro ou em uma série de sinistros decorrentes de um mesmo evento. Cálculo do Prejuízo e da Indenização Para determinação dos prejuízos indenizáveis de acordo com as condições expressas nesta apólice, tomar-se-á por base o custo da reparação, recupe- ração ou substituição do aparelho sinistrado, respeitadas as suas caracterís- ticas anteriores. A seguradora também indenizará custo de desmontagem e remontagem que se fizerem necessárias para efetuação dos reparos, assim como despesas normais de transporte até a oficina de reparos e despesas aduaneiras, se houver. Se os reparos forem executados em oficina do próprio segurado, a seguradora indenizará o custo do material e mão de obra decor- rentes dos reparos efetuados e mais uma porcentagem razoável de despe- sas de overhead. Para efeito de indenização, a seguradora não procederá a qualquer redução dos prejuízos a título de depreciação, com relação às partes reparadas e substituídas, entendendo-se, porém, que o valor eventual atribuído aos remanescentes substituídos deverá ser deduzido dos prejuízos. Em qualquer caso, a indenização ficará limitada ao valor do bem sinistrado, 38 UNIDADE 2 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA entendendo-se como valor atual o valor do bem no estado de novo, a pre- ços correntes em data imediatamente anterior à da ocorrência do sinistro, deduzida a depreciação por uso, idade e estado de conservação. Serão incluídas no valor de novo despesas de importação e despesas nor- mais de transporte e montagem. Franquia Correrão por conta do segurado os primeiros prejuízos decorrentes de perdas e danos derivados de uma mesma ocorrência até o limite estabele- cido na “especificação” desta apólice. Fica entendido e concordado, entretanto, que a franquia não será aplicada em caso de “perda total” do bem sinistrado. Rateio Se, por ocasião de sinistro, o valor atual dos bens segurados por esta apó- lice for superior à respectiva Importância Segurada, o segurado será con- siderado cossegurador da diferença e participará dos prejuízos na propor- ção que lhe couber em rateio. Cada bem segurado (se houver mais de uma apólice) ficará separadamen- te sujeito a esta condição, não podendo o segurado alegar excesso de valor segurado de um bem para compensação de outro. Reintegração Se, durante a vigência desta apólice, ocorrerem um ou mais sinistros pelos quais seja a seguradora responsável, a importância segurada do item sinis- trado ficará reduzida da importância correspondente ao valor da indeniza- ção paga, a partir da data da ocorrência do sinistro, não tendo o segurado direito à restituição do prêmio correspondente àquela redução. Nesta hipótese, desde que tenha sido expressamente solicitada pelo segurado e tenha havido anuência formal da seguradora, fica facultada a reintegração da importância segurada, observados os seguintes critérios: ■ A partir da data da ocorrência do sinistro: desde que a solicitação do segurado seja feita até 72 (setenta e duas) horas após a ocor- rência do sinistro. ■ A partir da data da anuência formal da seguradora: quando a solici- tação do segurado for feita mais de 72 (setenta e duas) horas após a ocorrência do sinistro. ■ Em qualquer hipótese, o prêmio respectivo será calculado propor- cionalmente ao período de vigência da apólice a decorrer e cobra- do por ocasião do pagamento da indenização. 39 UNIDADE 2 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA Perda Total Ocorrerá “perda total” quando o custo da reparação ou recuperação do bem sinistrado atingir ou ultrapassar 75% (setenta e cinco por cento). Salvados Ocorrendo sinistro que atinja bens descritos nesta apólice, o segurado não poderá abandonar os salvados e deverá tomar desde logo todas as provi- dências cabíveis no sentido de protegê-los e minorar os prejuízos. A seguradora poderá, de acordo com o segurado, providenciar no sentido de que haja um melhor aproveitamento dos salvados, ficando entendido e concordado, no entanto, que quaisquer medidas tomadas pela seguradora não implicarão reconhecer-se ela obrigada a indenizar os danos ocorridos. MODALIDADE – MATERIAL RODANTE (VEÍCULOS FERROVIÁRIOS) Objetivo Garantir ao segurado a indenização em espécie ou a reparação dos danos, ou a reposição dos bens segurados, em virtude da ocorrência de um dos riscos cobertos pela apólice. Bens Seguráveis Todo e qualquer tipo de veículo terrestre ferroviário (exemplo: vagões, vago- netes, locomotivas, bondes) que trafegue sobre trilhos dentro do território bra- sileiro. O seguro só poderá ser efetuado se, na apólice, forem incluídos todos os materiais rodantes de propriedade do segurado e por ele utilizados. Bens Não Compreendidos pelo Seguro Este seguro não abrange os materiais rodantes operando em locais sub- terrâneos ou submersos, à exceção das composições ferroviárias desti- nadas ao tráfego regular em linhas subterrâneas, como, por exemplo, as composições metroviárias, as quais poderão estar abrangidas por esta modalidade de seguro. Riscos Cobertos ■ Incêndio e explosão, inclusive nas operações de reparo e manu- tenção. 40 UNIDADE 2 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA ■ Queda de raio, alagamento e inundação, terremoto, tremor de ter- ra, vendaval, furacão, ciclone, tornado, granizo, queda de aerona- ves e impacto de veículos terrestres. ■ Descarrilamento, colisão ou abalroamento. ■ Queda de pontes, barreiras e similares. Riscos Excluídos ■ Desgaste, corrosão, ferrugem. ■ Desarranjo mecânico. ■ Danos elétricos. ■ Serviços de reparos ou manutenção, salvo se ocorrer incêndio ou explosão. ■ Lucros cessantes. ■ Tumultos, motins e riscos congêneres. Cobertura Acessória ou Adicional A cobertura acessória ou adicional admitida é a de Danos Elétricos. MODALIDADE – ROUBO DE BENS Perdas e danos decorrentes de roubo ou furto de mercadorias, máquinas, equipamentos, instalações e matérias-primas inerentes ao ramo de negó- cios do Segurado no local do risco descrito na apólice. Respeitado o limite da importância segurada, a presente cobertura abrange, ainda, qualquer dano material diretamente causado aos bens segurados durante a prática ou tentativa de roubo ou furto. Eventos Não Cobertos ■ Furto simples, definido no artigo 155 do Código Penal como “sub- trair, para si ou para outrem, coisa móvel alheia”. ■ Extorsão mediante sequestro, definida no artigo 159 do Código Penal como “sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate”. ■ Extorsão indireta, definida no artigo 160 do Código Penal como “exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa e procedimento crimi- nal contra a vítima ou contra terceiro”. 41 UNIDADE 2 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA ■ Furto qualificado, conforme definido nos incisos II, III e IV do pará- grafo 4º do artigo 155 do Código Penal, respectivamente: II – “com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada” ou “destreza”. III – “com emprego de chave falsa”. IV – “mediante concurso de duas ou mais pessoas” (sem que tenha ocorrido destruiçãoou rompimento do obstáculo à subtra- ção da coisa). Bens Não Compreendidos no Seguro ■ Automóveis, motocicletas e qualquer outro veículo de proprieda- de do Segurado, de terceiros e de funcionários, sob guarda do Segurado para qualquer finalidade, como estacionamento, manu- tenção, consertos e reparos. Estarão compreendidos, entretanto, os veículos do Segurado ou de terceiros em consignação que se destinarem exclusivamente à venda e cuja venda seja atividade inerente ao ramo de negócios do Segurado, devidamente compro- vado por meio de notas fiscais ou contratos específicos. ■ Sem prejuízo do disposto na alínea acima, qualquer outro bem de terceiros em poder do Segurado, para fins de venda em consigna- ção, reparos, consertos e revisões, salvo os devidamente compro- vados por meio de notas fiscais ou ordem de serviços. ■ Componentes, peças e acessórios instalados ou existentes no inte- rior de aeronaves, embarcações ou veículos de qualquer espécie. ■ Bens ao ar livre e em edificações, coberturas semiabertas (gal- pões, alpendres, passeios públicos, barracões e semelhantes). ■ Equipamentos eletrônicos não relacionados na apólice. ■ Softwares desenvolvidos pelo Segurado ou por terceiros sob encomenda, estando cobertos, entretanto, os softwares comer- cializados oficialmente (como Lotus, Windows, Office, CorelDraw, entre outros); ■ Pedras e metais preciosos, títulos e outros papéis que tenham ou representem valor; ■ Dinheiro e cheques; ■ Joias, relógios, quadros, objetos de arte ou de valor estimativo, raridades, tapetes, livros considerados raridades, excetuando-se os casos em que tais bens forem mercadorias inerentes ao ramo de negócios do Segurado. ■ Animais de qualquer espécie. “subtrair, para si ou para outrem, coisa móvel alheia com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa” (artigo 155 do Código Penal, parágrafo 4º, inciso I). Roubo “subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência” (artigo 157 do Código Penal). 42 UNIDADE 2 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA ■ Imóveis em construção, demolição, reconstrução, reformas ou alteração estrutural no imóvel, bem como qualquer tipo de obra, inclusive instalações e montagens. 43 FIXANDO CONCEITOS RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA FIXANDO CONCEITOS 2 Marque a alternativa correta 1. O Seguro de Valores não cobre: (a) Dinheiro em espécie. (b) Joias. (c) Objetos de arte ou raridade pelo seu valor extrínseco. (d) Cheques nominativos. (e) Selos e estampilhas. 2. Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta: I) O Seguro Fidelidade garante ao segurado indenizações decorrentes de prejuízos materiais, causados por crime de apropriação indébita e peculato de seus funcionários, ocorridos durante a vigência do seguro. II) Considerando-se as relações criadas quando da contratação do Seguro Fidelidade, o segurado é o empregado, o garantido é a empresa e o garan- tidor é a seguradora. III) Dada empresa, ao contratar o Seguro Fidelidade, poderá espaçar seus controles, inspeções, auditorias e rigor nas prestações de contas, já que, à luz do amparo jurídico, as garantias securitárias são inequívocas e de caráter substitutivo. IV) O Seguro Fidelidade apresenta as modalidades Comercial Nominativa, Funcional e Comercial Aberta. V) A franquia prevista no Seguro Fidelidade é aplicada somente na moda- lidade Funcional. Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente II é proposição verdadeira. (b) Somente IV é proposição verdadeira. (c) Somente a V é proposição verdadeira. (d) Somente I e IV são proposições verdadeiras. (e) Somente II e III são proposições verdadeiras. 3. Marque a alternativa que preencha corretamente a(s) lacuna(s): Cessada a relação de emprego entre o garantido faltoso e o segurado por demissão dele, os delitos, eventualmente descobertos posterior- mente à data da cessação do contrato de trabalho, somente estarão 44 FIXANDO CONCEITOS RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA cobertos até o prazo máximo de ____________, contados a partir da cessação da relação trabalhista. (a) 10 dias (b) 30 dias (c) 45 dias (d) 60 dias (e) 90 dias Marque a alternativa correta 4. Não são amparados pelo Seguro Fidelidade: (a) Valores ou dinheiro em espécie. (b) Cheques nominais ao segurado. (c) Mercadorias que representem valores. (d) Bens que representem valores ou dinheiro em espécie. (e) Indenização de bens pelo seu valor estimativo. Marque a alternativa falsa 5. O Seguro Fidelidade: (a) Garante ao segurado o pagamento de indenização pelos prejuízos que ele venha a sofrer em consequência de crimes contra o seu patri- mônio, praticados por seus empregados. (b) Não exige que o segurado identifique o autor do prejuízo. (c) Exige que o empregado faltoso seja réu confesso ou venha a ser judicialmente declarado culpado ou ter a culpa determinada em inqué- rito judicial. (d) É aplicável a empregados sob o regime da CLT ou do Estatuto do Funcionário Público Civil. (e) Garante prejuízos que o segurado sofra em consequência de apro- priação indébita de valores de terceiros dentro do seu estabelecimento. Marque a alternativa correta 6. É considerado risco excluído em Riscos Diversos – Material Rodante: (a) Incêndio. (b) Inundação. (c) Terremoto. (d) Abalroamento. (e) Reparo. 45 FIXANDO CONCEITOS RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA 7. A modalidade de Seguro de Equipamentos que garante a cobertura para veículos ferroviários no Ramo de Seguro de Riscos Diversos é a de: (a) Equipamentos Móveis. (b) Equipamentos Móveis – Viagens de Entrega. (c) Material Rodante. (d) Equipamentos Rodantes. (e) Equipamentos Estacionários. 8. Informe qual Cobertura Acessória pode ser contratada no Seguro Multir- riscos de Obras de Arte em caso de exposição dos bens segurados: (a) Fidelidade. (b) Furto simples. (c) Extravio. (d) Transportes de ida e volta. (e) Restauração RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA 46 UNIDADE 303 SEGURO GARANTIA ■ Identificar as partes integrantes das operações do Seguro Garantia. ■ Conhecer as modalidades do Ramo de Seguro Garantia e suas aplicabilidades. Após ler esta unidade, você deve ser capaz de CONSIDERAÇÕES INICIAIS DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS CONDIÇÕES DA APÓLICE DE SEGURO GARANTIA FIXANDO CONCEITOS 3 TÓPICOS DESTA UNIDADE ■ Compreender alguns conceitos básicos da regulação e liquidação de sinistros deste ramo. ■ Conhecer as principais condições da apólice de Seguro Garantia. RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA 47 UNIDADE 3 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O seguro garantia surgiu nos Estados Unidos através da constatação, pelo Governo americano, de perdas da ordem de US$ 55.000.000,00, em vir- tude da inadimplência de construtores em contratos públicos. Em 1893, o Congresso americano aprovou o chamado Heard Act, estabelecendo a obrigatoriedade das cauções de garantias em todos os contratos governa- mentais. Assim, transferia-se para a iniciativa privada o risco de inadimplên- cia, como o trabalho de pré-qualificação das empresas, podendo, desta forma, aplicar com maior segurança os recursos públicos. Surge então, por força de lei, em 1895, na Filadélfia, a primeira seguradora especializada na modalidade de seguro garantia. Ainda no século XIX e nas primeiras décadas do século XX, a legislação específica recebeu sucessivas alterações, que a aprimoraram. Até que, em 1935, entrou em vigor o denominado Miller Act, que incorporou maior pro- teção ao e Estado, como, por exemplo, a utilização de garantias para forne- cedores e mão de obra contratada. Evitou-se, assim, que o Estado viesse a ser executado judicialmente pelo inadimplemento de seus contratados junto a terceiros. No Brasil, o históricodemonstra claramente o motivo pelo qual esta moda- lidade de seguro demorou tanto a se consolidar. Várias foram as vezes em que o seguro foi citado, porém sempre lhe faltou a regulamentação necessária para a efetiva consolidação. Além disso, sempre se identificou a concorrência da fiança bancária. Observamos, então, a menção de várias leis que sugeriam o seguro garantia: ■ O Decreto-Lei 73, de 21 de novembro de 1966, tornou o seguro garantia obrigatório para incorporadores e construtores de imó- veis. Ficou pendente, porém, sua regulamentação através do Con- selho Nacional de Seguros Privados – CNSP. 48 UNIDADE 3 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA ■ O Decreto-Lei 200, de 25 de fevereiro de 1967, já incluía o seguro entre as modalidades de garantia que a administração direta e as autarquias podiam exigir dos licitantes; contudo, nunca lhe deram importância. ■ Em substituição ao Decreto-Lei 200, entrou em vigor o Decreto-Lei 2.300, de 21 de novembro de 1986, e mais uma vez o seguro esta- va presente ao lado da Fiança Bancária e da Caução. ■ A Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, chamada de Nova Lei das Lici- tações, após algumas discussões políticas, teve seu texto original vetado em todos os artigos que faziam menção ao seguro, sendo promulgada sem abordar o assunto. ■ A Lei 8.883, de 8 de junho de 1994, resolveu parte do engano. Recuperou o seguro como garantia possível, deixando a cargo do contratado escolher entre ele, a caução e a fiança, sempre que a autoridade exigir prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e compras. Durante muitos anos, as exigências do IRB como ressegurador monopo- lista fazia com que o acesso ao seguro garantia fosse limitado a grandes incorporadoras e empreiteiras. DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS Seguro Garantia é o seguro que garante o fiel cumprimento das obrigações contraídas pelo tomador junto ao segurado em contratos privados e/ou públicos, bem como em licitações, como definido pela legislação em vigor. Por exemplo, cobre o risco de uma das partes de contratos públicos, priva- dos ou de licitações não cumprir prazos e custos previstos. O Seguro Garantia deve evitar as obrigações simplesmente de pagamen- to. Estas obrigações são conhecidas como garantias financeiras e dificil- mente obtêm cobertura no mercado de seguros. A outorga de Seguro Garantia está mais vinculada aos negócios financei- ros do que às operações tradicionais de seguro, uma vez que a seguradora deixará seu patrimônio exposto, de forma análoga à operação de um ban- co de crédito, aos riscos de perda de liquidez e quebra dos tomadores ou riscos de insolvências em tempos de recessão ou depressão econômica. Tradicionalmente, em todo o mundo, as companhias que operam essa modalidade de seguro são seguradoras especializadas, já que este negó- cio, por definição, é muito diferente das operações de Seguro Tradicional. 49 UNIDADE 3 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA Observações Importantes ■ O valor da garantia é o valor máximo nominal garantido pela apólice. ■ O seguro é sempre a primeiro risco absoluto. ■ É vedado o estabelecimento de franquias, participações obrigatórias do segurado. ■ Quando efetuadas alterações previamente estabelecidas no contrato principal ou no documento que serviu de base para a aceitação do risco pela seguradora, o valor da garantia deverá acompanhar essas modificações, devendo a seguradora emitir o res- pectivo endosso. ■ Para alterações posteriores efetuadas no contrato principal ou no documento que ser- viu de base para a aceitação do risco pela seguradora, em virtude das quais se faça necessária a modificação do valor contratual, o valor da garantia poderá acompanhar essas modificações, desde que seja solicitado e haja o respectivo aceite pela segura- dora, por meio da emissão de endosso. A vigência pode ser alterada de forma a ser compatibilizada com as alterações. ■ O prazo de vigência da apólice será: I – igual ao prazo estabelecido no contrato principal, para as modalidades nas quais haja vinculação da apólice a um contrato principal; e II – igual ao prazo informado na apólice, em consonância com o estabelecido nas Condições Contratuais do seguro, considerando a particularidade de cada modali- dade para os demais casos. A Circular SUSEP 477/2013, de 30/09/2013, definiu condições padroniza- das para o Seguro Garantia, criando dois ramos distintos: Setor Público e Setor Privado. — Partes integrantes do Seguro Garantia São partes integrantes das operações do Seguro Garantia: Tomador Pessoa jurídica e/ou pessoa física (pouco usual) que assume, com o segurado, a tarefa de construir, fornecer bens ou prestar serviços, por meio de um contrato contendo as obrigações estabelecidas. Ao mesmo tempo, torna-se cliente e parceiro da seguradora, que passa a garantir seus serviços. Neste tipo de seguro, é ele o risco, o inte- ressado em cumprir o contrato e quem paga o prêmio da apólice; 50 UNIDADE 3 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA Segurado Pessoa física ou jurídica contratante da operação, credor das obri- gações assumidas pelo tomador no contrato principal. No seguro Garantia: Setor Público, o segurado é a Administração Pública ou o Poder Concedente. Segurador Quem garante o contrato ou o edital de concorrência. Sinistro O inadimplemento das obrigações do tomador cobertas pelo seguro. As relações entre o tomador e a seguradora regem-se pelo estabelecido na proposta de seguro e no contrato de contragarantia, cujas disposições não interferem no direito do segurado. O contrato de contragarantia é o instrumento legal que permite obter res- sarcimento junto ao tomador, e a seus fiadores, dos valores pagos pela seguradora ao segurado. A formalização do contrato de contragarantia é feita mediante a assinatura dos representantes legais da empresa e da assinatura como fiadores dos principais acionistas da empresa. O contrato de contragarantia relaciona-se às partes em uma operação de Seguro Garantia, ou seja, o segurado recebe uma apólice de seguro emi- tida pela seguradora, garantindo as obrigações do tomador, contraídas no contrato principal ou no edital de licitação. Para que se conclua a operação, a seguradora e o tomador assinam o contrato de contragarantia, assegu- rando o direito de regresso da seguradora contra o tomador em um even- tual sinistro. O risco é o próprio tomador, que é quem contrata o seguro e paga o respectivo prêmio. — Seguro Garantia: Setor Público O seguro que objetiva garantir o fiel cumprimento das obrigações assu- midas pelo tomador perante o segurado em razão de participação em licitação, em contrato principal pertinente a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, concessões ou permissões no âmbito dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, ou ainda as obrigações assumidas em função de: ■ Processos administrativos; ■ Processos judiciais, inclusive execuções fiscais; ■ Parcelamentos administrativos de créditos fiscais, inscritos ou não em dívida ativa; e ■ Regulamentos administrativos. 51 UNIDADE 3 RAMOS DIVERSOS I – RISCOS DIVERSOS E GARANTIA Encontram-se também garantidos por este seguro os valores devidos ao segurado, como multas e indenizações, oriundos do inadimplemento das obrigações assumidas pelo tomador, previstos em legislação específica, para cada caso. Contrato Principal no Seguro Garantia – Segurado: Setor Público No Seguro Garantia: Segurado – Setor Público, o Contrato Principal é todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Públi- ca (segurado) e particulares (tomadores), em que haja um acordo de vonta- des para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada. Modalidades do Seguro Garantia – Segurado: Setor Público As Modalidades de Garantia - Segurado Setor Público, são: ■ Licitante
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