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Aula 03 Viviana Gondim de Carvalho Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação. Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor EDUARDO NASCIMENTO DE ARRUDA Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS VIVIANA GONDIM DE CARVALHO Olá. Meu nome é VIVIANA GONDIM DE CARVALHO. Sou Doutoranda em Humanidades, Culturas e Artes, Mestre em Letras e Ciências Humanas, Pós Graduada em Psicopedagogia e Docência do Ensino Superior. Sou Especialista em Informática Educativa e Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Autora de artigos e livros didáticos. Atuo na área Educacional, com ênfase em Educação a Distância, Psicopedagogia, Comunicação, Recursos Humanos e Neuroeducação. Atuei em grandes empresas Nacionais e Multinacionais consolidando a educação virtual, desenvolvendo materiais didáticos, preparando ambientes multimidiáticos. Coordenei Fábricas de Conteúdos, desenvolvendo produtos para educação a distância como apostilas, games, simuladores, vídeos etc. Atualmente atuo na Educação a Distância e desenvolvo pesquisas sobre a utilização de tecnologia a fim de melhorar o desempenho dos alunos através das ferramentas tecnológicas. A Autora INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e inda- gações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro- jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO O jogo simbólico da criança 10 Fase I 12 Fase II 12 Fase III 13 Brincar livre e brincar coordenado 14 O brincar livre 14 O brincar coordenado 14 O papel da brincadeira na educação infantil 15 Jogos e brincadeiras adequados às faixas etárias 18 Bebês até os 5 meses 19 Bebês de 6 a 9 meses 19 Bebês de 10 a 12 meses 20 Bebês de 1 a 2 anos 21 Crianças de 2 a 4 anos 21 Crianças de 5 a 6 anos 22 Crianças de 7 a 9 anos 23 Crianças a partir de 10 anos 24 Conclusão 25 Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação.Psicofarmacologia Clínica 7 UNIDADE 03 Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação.8 Você já parou para pensar como as crianças são capazes de transformar quaisquer atividades em brincadeira? Pois é, o brincar é algo inerente à infância e possui papel fundamental no desenvolvimento humano tanto na parte física como psicológica. Além do mais, o lúdico representado em brinquedos ou brincadeiras pode significar um meio da criança se expressar e desenvolver seu pensamento crítico reflexivo acerca do mundo. Além disso, as brincadeiras possuem um papel fundamental na educação infantil, fase na qual as crianças estão desenvolvendo rapidamente o intelecto e precisam de apoio educativo através de formas lúdicas para que haja interesse no que está sendo apreendido. Então preparado para conhecer mais sobre o universo lúdico no cotidiano infantil? Então embarque nesta jornada de conhecimento e bons estudos! INTRODUÇÃO 9Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação. Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender a importância do jogo simbólico para a criança; 2. Entender as diferenças entre brincar livre e brincar coordenado; 3. Conhecer o papel da brincadeira no desenvolvimento infantil; 4. Identificar jogos e brincadeiras adequados às faixas etárias. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conheci- mento? Ao trabalho! OBJETIVOS Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação.10 O jogo simbólico da criança INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender a importância do jogo simbólico para a criança e suas aplicabilidades. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! O brincar é uma das características que mais marca a infância. Através da brincadeira, em especial do jogo simbólico é que a criança compreende e reorganiza as estruturas mentais a partir do momento que vive e representa situações cotidianas. Figura 1: o jogo simbólico estimula a imaginação e a fantasia da criança Fonte: freepik Deste modo, é possível definir o jogo simbólico, como a repre- sentação corporal do imaginário predominando a fantasia, prendendo a criança à realidade. Através da imaginação e do faz-de-conta, as crianças podem modificar seus desejos, porém, quando expressa corporalmente as atividades, precisa respeitar a realidade concreta e as relações com o mundo. A criança cria um mundo imaginário através do jogo simbólico e assim é possível que na brincadeira represente e expresse as insatisfações e sentimentos que lhe tocam no mundo real. Deste modo, a brincadeira percorre tanto a formação social e pessoal quanto o conhecimento de mundo. 11Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação. O jogo simbólico é descrito por muitos estudiosos como fato fundamental para o desenvolvimento infantil, pois além de favorecer a interação com o com outros indivíduos possibilita a expressão de emoções e vivências da criança. Alguns autores, afirmam que o jogo simbólico é capaz de estimular o desenvolvimento motor, cognitivo, emocional, social e cultural das crianças. Vejamos a seguir a contribuição de alguns autores sobre o assunto: Jean Piaget Valoriza a contribuição do jogo simbólico para o desenvolvimento cognitivo e afetivo-emocional. Vygotsky Destaca a contribuição social proporcionada por essa atividade. Chateau Explica que o surgimento do comportamento lúdico está ligado ao despertar da personalidade, distinguindo-o dos jogos funcionais do bebê. Oaklander Ressalta a importância do brincar para as crianças, ao explicar que, por meio da brincadeira, as mesmas experimentam o seu mundo e aprendem mais sobre ele, o que representa fator essencial para o seu desenvolvimento sadio. Pain Segundo a autora, a atividade lúdica fornece informações sobre os esquemas que organizam e integram o conhecimento da criança em um nível representativo e, portanto, considera de grande importância para o diagnóstico de problemas de aprendizagem na infância. Existem alguns exemplos bem clássicos do jogo simbólico em especial os que são baseados no fantasioso mundo infantil, como a brincadeira de casinha, representações de super heróis, fadas, princesas, unicórnio, ou seja, tudo aquilo que não existe, que vem da imaginação. De acordo com Piaget, devido à função simbólica, a criança, a partir do segundo ano de vida, a criança inicia a representação devido à funçãosimbólica, possibilitando a representação através de símbolos e por condutas que vão surgindo, mais ou menos ao mesmo tempo, como a imitação diferida, imagem mental, jogo simbólico, linguagem e desenho. Deste modo, é possível encontrar neste período a inteligência constituída por um pensamento que passa a ser representado por meio da linguagem (signos coletivos) e símbolos individuais (imitação diferida, imagem mental e jogo simbólico). Ainda segundo Piaget, o jogo simbólico é representado por fases. Vejamos a seguir cada uma delas e suas definições. Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação.12 Fase I A primeira fase está centrada na categoria da projeção dos esquemas simbólicos nos objetos novos, isto é, a criança passa a atribuir a outras pessoas e a outras coisas, o esquema que se tornou familiar. Nesse período, ao invés de a criança fazer de conta que dorme, passa a fazer sua boneca dormir, ou comer, ou tomar um remédio, ou seja, passa a transformar, simbolicamente, uns objetos nos outros. Esconde esconde com alguém imaginários, imaginação de animais, objetos e pessoas que não estão presentes no ambiente (levar uma xícara imaginária à boca brincando de tomar chá), jogos de compensação fictícia(agora que a boneca se “comportou bem” poderei dar uma bala à ela e a própria criança chupa a bala). Esta fase compreende as crianças até os 3 anos de idade. Figura 2: no jogo simbólico a criança pode conversar com seres inanimados. Fonte: freepik Fase II Dos quatro até os sete anos de idade, há um progresso na coerência das cenas, na ordem em que se apresentam, o qual denomina como um jogo de combinação simbólica ordenada. As cenas representadas ganham um cuidado maior na representação e até mesmo uma riqueza maior de detalhes. Esta fase, também refere-se ao início do simbolismo coletivo compreendendo os papéis e as diferenças. Com isto, o jogo simbólico favorece o progresso da socialização, o que possibilita uma representação de ideias mais coerente e ordenada. Ao brincar de casinha a criança insere alguns elementos decorativos e até mesmo a noção de rua, jardins etc. As brincadeiras tornam-se mais detalhadas e as falas durante as representações e conversas com seres inanimados também. 13Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação. Figura 3: As brincadeiras durante a fase II tornam-se mais detalhadas com incrementos que representam o mundo real. Fonte: freepik Fase III Nessa última fase, compreendida entre 8 e 11 anos, ocorre o declínio do simbolismo lúdico cedendo lugar aos jogos de regras e a construções simbólicas cada vez menos imaginários. Observa-se um avanço nas construções, trabalhos manuais, desenhos, que se apresentam cada vez melhores e mais adaptados ao real. A criança, ao longo desse período, por meio da socialização e de uma coordenação cada vez mais estreita dos papéis, passa a abandonar o jogo egocêntrico e a participar de jogos de regras, os quais envolvem a cooperação entre os participantes e favorecem a adaptação social. Jogos de times(futebol, volley, basquete etc) jogos de desafios (pega varetas, cartas, adivinhações). Figura 4: Na última fase os jogos lúdicos passam a ser mais reais. Fonte: freepik A partir de 12 anos, a criança começa a confundir seus interesses com os dos adultos. Nesta fase, pode aumentar o interesse por videogames, jogos de tabuleiro, esportes, danças e ginástica. Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação.14 Brincar livre e brincar coordenado INTRODUÇÃO: O brincar é uma atividade livre e espontânea, responsável pelo desenvolvimento físico, moral, cognitivo, e que ocorre através de brincadeiras, brinquedos e objetos que subsidiam atividades infantis. Para Froebel na visão de Kishimoto “a brincadeira é uma atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típico da vida humana enquanto todo – da vida natural/interna do homem e de todas as coisas. Ela dá alegria, liberdade, contentamento, descanso externo e interno, e paz com o mundo.” No ambiente escolar, o brincar acontece de duas maneiras: livre e coordenado. A seguir você irá compreender cada um dos dois. O brincar livre O brincar livre ocorre espontaneamente, quando a criança por si só ou em pequenos grupos decide a brincadeira sem a mediação de um adulto. Neste modelo é interessante oferecer alguns materiais permitindo que elas explorem e criem situações através de jogos. Como exemplo, os encaixes, as sucatas, as fantasias, os fantoches, as máscaras, as caixas, entre outros, possibilitam que elas criem diferentes formas de brincar com os objetos. Um clássico exemplo do brincar livre é a “brincadeira de casinha” na qual as situações acontecem de acordo com a vontade das crianças. O brincar coordenado No brincar coordenado, o papel do adulto é ser o mediador, permitindo a socialização do grupo, a integração e participação das pessoas envolvidas, favorecendo atitudes de respeito, aceitação, confiança e conhecimento mais amplo da realidade social e cultural. Além disso, o adulto pode proporcionar situações de aprendizagens específicas e aquisição de novos conhecimentos, dando condições para 15Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação. que a criança explore diferentes materiais, objetos e brinquedos. É de suma importância no brincar coordenado que haja um objetivo claro a ser atingido. É importante que o professor planeje os objetivos que quer atingir, bem como o tempo e o espaço que a brincadeira deve acontecer. Também é aconselhável que sejam inseridas atividades que favoreçam a troca de conhecimento que auxiliem na construção do conhecimento e da autonomia. Alguns exemplos de atividades coordenadas podem ser as atividades artísticas como desenhos, pinturas e modelagens guiadas em prol de um objetivo como, por exemplo, elaborar o sistema solar de massinha de modelar. Figura 5: atividades artísticas com propósito são consideradas brincar coordenado. Fonte: freepik O papel da brincadeira na educação infantil No que diz respeito à educação infantil, as brincadeiras de jogo simbólico exercem a função de máxima importância, permitindo promover à criança um momento único de desenvolvimento, no qual ela exercita a sua imaginação, a capacidade de criar e de fantasiar situações lúdicas. Apesar de brincadeiras, crianças e jogos serem elementos que naturalmente estão ligados, o sistema escolar em geral precisa utilizar essa ligação para permitir que as crianças desenvolvam seus conhecimentos, satisfaçam a necessidade infantil de movimentos e expressão, além do desenvolvimento do próprio corpo. Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação.16 Figura 6: O lúdico pode auxiliar no desenvolvimento e aprendizagem. Fonte: freepik As brincadeiras infantis, manifestam-se de diversas maneiras e estão intimamente ligadas ao componentes do processo de aprendizagem tais quais: estruturas afetivas, cognitivas, motoras, sociais, econômicas e políticas. O brincar é modo que a criança possui de colocar para fora de seu corpo seus pensamentos e expressões. É por meio do lúdico, que a criança aprende brincando relacionando os conteúdos programáticos aos jogos e brinquedos tornando o processo de aprendizagem mais prazeroso e divertido. Ao utilizar a ludicidade na educação infantil, os educadores a estruturação cognitiva dos conhecimentos prévios ao mesmo tempo em que elaboram novos conhecimentos. De acordo com Paulo Freire ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Ao proporcionar situações em sala de aula para que os alunos façam perguntas e agucea curiosidade, promove-se o olhar crítico reflexivo da criança. IMPORTANTE: Segundo os Parâmetros Nacionais da Educação Infantil do nosso país, a instituição de educação infantil é um dos espaços de inserção das crianças nas relações éticas e morais que permeiam a sociedade na qual estão inseridas. A Leis de Diretrizes e Bases, 9394/96 no art. 29 reforça que a educação infantil é conceituada com a primeira etapa da Educação Básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até cinco anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. 17Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação. Deste modo, é importante que nas instituições que oferecem educação infantil forneçam meios lúdicos e interativos que permitam às crianças aprender a construir, explorar, sentir, inventar e movimentar. O jogo, o lúdico e o brinquedo na educação infantil são tão importantes como dormir, comer e dos seus cuidados de higiene. Outro ponto importante a ser considerado são os objetivos que se tem ao proporcionar o brincar em grupo e individualmente. O brincar em grupo gera aspectos emocionais, desenvolve a autoestima a liderança, raciocínio e postura diante de adversidade. O brincar individualmente, sozinho, irá proporcionar a fantasia a partir de suas concepções desenvolvendo o imaginário e a concentração, etc. Vejamos a seguir o que famosos autores comentam sobre a importância das brincadeiras para o ensino das crianças: Vygotsky O autor destaca o papel ao ato de brincar na constituição do pensamento infantil, pois é brincando, jogando, que a criança revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender e entrar em uma relação cognitiva com o mundo de eventos, pessoas, coisas e símbolos. Brougère O estudioso afirma que a escola deve preocupar-se com todo o contexto para favorecer o brincar das crianças. Um professor mediador constrói um ambiente também mediador do brincar. Freinet Para o pedagogo, a criança aprende pela experimentação concreta no mundo real, na relação com o mundo, com as pessoas, enfim, com o meio social. Acreditava que experimentos ou vivências devem fazer sentido para as crianças, devem partir de um “querer” experimentar. Paulo Freire Para o educador e filósofo, na educação infantil, o jogo, a brincadeira, são condições para o aprendizado da criança. A brincadeira faz parte da cultura infantil em todos os povos. Viviana Carvalho Para a educadora os jogos podem se tornar importantes componentes no processo de ensino e aprendizagem, estimulando o interesse do aprendiz de forma prazerosa e interessante. Segundo Vygotsky, na educação infantil, o educador poderá fazer o uso de jogos, brincadeiras, histórias e outros, para que de forma lúdica a criança seja desafiada a pensar e resolver situações problemáticas, para que imite e recrie regras utilizadas pelo adulto. Ou seja, o aprendizado torna-se mais fluido e prazeroso quando as crianças encontram a ludicidade como meio de conhecimento ao invés de ficarem presas somente ao conhecimento transposto no quadro e nos livros. Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação.18 Figura 7: Quando a escola não gera aprendizagem para as crianças. Fonte: http://bit.ly/2x4dhBO Deste modo, podemos concluir que as instituições de ensino que oferecem a educação infantil constitui-se um local privilegiado para o desenvolvimento das crianças. Os educadores devem mediar as relações de aprendizagem entre a criança e o mundo, utilizando para tal brinquedos e brincadeiras como parte do processo orientador de suas práticas. Jogos e brincadeiras adequados às faixas etárias Para cada fase do desenvolvimento da criança há brinquedos e brincadeiras adequados ao estágio do desenvolvimento infantil. O brincar quando é adequado à faixa etária da criança possui mais chances de ser efetivo para o desenvolvimento, socialização e interação do que quando não é estimulante. Figura 8: As brincadeiras devem ser adequadas à faixa etária infantil. Fonte: freepik IMPORTANTE: Uma simples bolinha de pano colorida, por exemplo, pode fazer maravilhas para um bebê que está descobrindo cores, formas e texturas, enquanto uma criança mais crescida com certeza vai preferir um jogo de tabuleiro. 19Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação. Vejamos a seguir as fases do desenvolvimento infantil bem como as brincadeiras e brinquedos que mais se adequam a cada uma delas. Bebês até os 5 meses Nesta fase ocorre o desenvolvimento sensório motor no qual o mundo é descoberto pelos sentidos. Nessa idade o bebê ama cores, texturas, sons e formas. Num primeiro momento, ele descobre as mãozinhas e a boca e logo depois já consegue acompanhar um objeto com o olhar e até arrisca colocar os próprios pezinhos na boca. Brincadeiras adequadas à essa fase: � Mordedores com formas e texturas � Chocalhos e bolinhas que emitem som � Coisas que o bebê possa agarrar, morder, manipular � Bolinhas de pano ou borracha bem coloridas � Móbiles Figura 9: Brinquedos de pano são interessantes na fase sensório motora. Fonte: freepik Bebês de 6 a 9 meses Nesta fase os bebês gostam de jogar tudo no chão, pois já compreendem os movimentos que causa nas coisas e objetos. Além disso, continuam gostando de levar os objetos para a boca e agora os usa também para coçar a gengiva e dentinhos que estão por vir. O corpinho já está mais firme e ele consegue se sentar para brincar Brincadeiras adequadas à essa fase: � Brinquedos de pano que ele possa jogar ao chão muitas vezes � Cubos coloridos para empilhar ou jogar Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação.20 � Martelos e objetos que ele possa bater e ouvir o som � Brinquedos de borracha e que possam ser levados a boca � Blocos de encaixe grandes � Livrinhos de plástico ou aqueles de banho fazem muito sucesso nessa fase � Tapetes musicais Figura 10: Brinquedos de empilhar já podem ser oferecidos quando o bebê consegue sentar. Fonte: freepik Bebês de 10 a 12 meses Nesta fase, o bebê já é capaz de engatinhar e até mesmo ficar em pé apoiado em algo. Além disso, começam a explorar o que há ao seu redor e iniciam o processo de consciência corporal. Gostam de se balançar como se estivessem dançando. Já conseguem segurar firme os objetos e deve-se incentivar a coordenação motora e a troca de objetos de uma mão para a outra. Brincadeiras adequadas à essa fase: � Ensinar musiquinhas e estimular a bater palminhas e dançar � Brincar na frente do espelho � Livros com imagens bem grandes e bem coloridos � Blocos grandes de empilhar ou construir 21Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação. Figura 11: Brinquedos de montar estimulam a coordenação motora. Fonte: freepik Bebês de 1 a 2 anos Nesta fase o bebê já anda sozinho e o mais importante para se trabalhar nessa fase é o equilíbrio. Outra coisa muito importante para estimular é a força com carrinhos de puxar, caminhões que possam ser empurrados pela sala (para aprender a noção de espaço, tamanho e peso). Brincadeiras adequadas à essa fase: � Brinquedos amarrados a barbantes para que ele possa puxar � Piscina de Bolinhas � Folhear revistas � Giz de cera para começar os primeiros rabiscos � Bolas para chutar � Balanço � Baldinho de areia com pá � Instrumentos musicais � Peças de montar tipo Lego (adequado para a idade) � Livro de atividades com lápis ou giz de cera � Teatrinho de fantoches, dedoches e contação de história � Carrinho tipo triciclo, mas sem pedal Crianças de 2 a 4 anos: Nesta fase a criança já corre e adora brincadeiras interessantes ao ar livreonde gastam muita energia e estimulam diversos tipos de habilidades como andar para trás e para os lados, pular, subir e descer escadas. Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação.22 Também é a fase de estímulo ao desenho, não só porque eles gostam, mas porque é muito importante para o desenvolvimento da criatividade. Eles descobrem que podem produzir peças de massinha ou “presentes” para papais e vovôs. O imaginário está bem aguçado e a criança vive num mundo de fantasia. Adoram se fantasiar e brincar de faz de conta. Gostam de amigos imaginários e batem longos papos num telefone de brinquedo. Brincadeiras adequadas à essa fase: � Argila, tinta e massinha para modelar � Fantasias � Barracas � Quebra cabeça com peças grandes � Bonecos com roupas para vestir e tirar � Instrumentos como pandeiros, pianinhos, tambores � Brinquedos de faz de conta � Lousa Figura 12: Nesta fase crianças gostam de desenhar em lousas. Fonte: freepik Crianças de 5 a 6 anos Nesta fase a criança testa sua autonomia infantil, e constrói sua própria identidade. Passa a querer escolher a roupa infantil que vai vestir e começa a ficar mais seletiva com os alimentos colocados em seu prato. A fantasia vai, cada vez mais, perdendo seu espaço e agora o que elas querem é brincar em grupos e interagir com outras crianças. 23Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação. Brincadeiras adequadas à essa fase: � Futebol � Bicicleta, patins, patinete � Esconde Esconde � Pular Corda � Jogo de Adivinha � Jogo da Memória Figura 13 Fonte: freepik Crianças de 7 a 9 anos Nesta fase, as crianças gostam de competir entre si e preferem jogos de inteligência, maratonas de disciplinas e jogos como torta na cara. Estimule a leitura de livros ou revistas em quadrinhos, pois o gosto pela leitura se toma nessa fase de vida. Brincadeiras adequadas à essa fase: � Jogos de cartas e tabuleiro � Revistas de passatempo � Quebra cabeças mais difíceis � Games (sempre com moderação) � Troca de cartas e álbum de figurinhas � Atividades esportivas � Caça ao tesouro � Detetive Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação.24 Figura 14: Nesta fase as crianças gostam de competir em jogos. Fonte: freepik Crianças a partir de 10 anos Nesta fase o interesse por brinquedos praticamente não existe mais. As crianças dessa faixa etária gostam mesmo é do celular e do vídeo game. Tem ídolos que são youtubers e aprendem de tudo através dessa plataforma. Ainda é possível estimular com brincadeiras as crianças nesta fase quando são propostas atividades em grupo. Brincadeiras adequadas à essa fase: � Artes marciais � Teatro e música � Oficinas � Desafios mentais Figura 15: Artes marciais podem ser estimulantes nesta fase. Fonte: freepik 25Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação. Agora que você já entendeu as brincadeiras adequadas para cada idade vejamos o que Piaget fala sobre as brincadeiras adequadas à cada fase do desenvolvimento infantil: Fase sensório motora (0 a 2 anos de idade) Segundo Piaget é importante estimular o bebê com brincadeiras que permitam a construção das principais categorias do conhecimento humano que organizam a sua experiência na construção do mundo: objeto, espaço, causalidade e tempo. Fase pré-operatória (2 a 7 anos de idade) De acordo com Piaget, as primeiras reconstituições linguísticas de ações surgem junto à reprodução de situações ausentes, através da brincadeira simbólica e da imitação, quando a criança começa a verbalizar o que só realizava motoramente. Fase de operações concretas (7 a 11 ou 12 anos) Piaget afirma que as brincadeiras com regras se tornam muito produtivas nesta idade, pois já são mais fáceis de serem compreendidas com a evolução da linguagem egocêntrica para a linguagem social. Fase de Operações formais (11 ou 12 anos em diante) Para Piaget nesta fase a criança, ampliando as capacidades conquistadas na fase anterior, já consegue raciocinar sobre hipóteses na medida em que ela é capaz de formar esquemas conceituais abstratos e através deles executar operações mentais dentro de princípios da lógica formal. Por isso jogos e atividades em grupo são mais aceitas. Conclusão O brincar é importante em qualquer fase da vida. Porém, para que ele seja efetivo algumas precauções devem ser tomadas, como por exemplo, adequar as brincadeiras e brinquedos à faixa etária da criança e definir se as brincadeiras serão livres ou coordenadas. Cada uma tem o seu papel importante no desenvolvimento afetivo, cognitivo e motos infantil e deve ser estruturado pelo adulto que irá acompanhar o desenvolvimento e o resultado. Além disso, o brincar favorece o processo de ensino e aprendizagem desde que seja organizado pelos educadores com um propósito e os meios corretos de atingir o mesmo. Neurociências e as práticas pedagógicas: jogos, brincadeiras e didática aplicadas a neuroeducação.26 BIBLIOGRAFIA BAQUERO, Ricardo. Vygotsky e a aprendizagem escolar. Trad. Ernani F. da Fonseca Rosa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998, volume: 1 e 2. CARVALHO, A.M.C. et al. (Org.). Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que brinca.São Paulo: Casa do Psicólogo, 1992. CARVALHO, Viviana Gondim de. 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