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APG 02 – MYRELLA TURBANO FATORES DE RISCO NÃO MODIFICAVEIS HISTÓRICO FAMILIAR: a genética pode favorecer cerca de 50% do individuo possui hipertensão, pois a doença já é existente na família. ALTERAÇÕES DA PA ASSOCIADAS AO ENVELHECIMENTO: a maturação e o crescimento são conhecidos por causar aumentos previsíveis da PA. RAÇA: a hipertensão tende a acontecer com uma idade mais precoce em negros. Os negros também tendem a desenvolver lesões cardiovasculares e renais mais graves com determinados níveis de pressão. Em vista da prevalência alta de sensibilidade ao sal, obesidade e tabagismo entre os negros, a educação em saúde e as modificações do estilo de vida são especialmente importantes. RESISTENCIA À INSULINA E ANORMALIDADES METABOLICAS: A resistência à insulina e a hiperinsulinemia compensatória associada foram sugeridas como possíveis ligações etiológicas com o desenvolvimento de hipertensão e distúrbios metabólicos semelhantes, inclusive redução da tolerância à glicose, diabetes tipo 2, hiperlipidemias e obesidade. Essa concentração de fatores de risco cardiovasculares também é conhecida como síndrome de resistência à insulina, ou síndrome metabólica. NÚMERO REDUZIDO DE NÉFRONS: a redução da massa de néfrons adulto pode predispor à hipertensão, que pode estar relacionada a fatores genéticos, distúrbios do desenvolvimento intrauterino (por exemplo, hipóxia, drogas, deficiência nutricional), parto prematuro e ambiente pós-natal (por exemplo, desnutrição, infecções). FATORES DE RISCO MODIFICÁVEIS INGESTÃO EXAGERADA DE SAL: sal aumente a pressão arterial, acentue a sensibilidade dos mecanismos cardiovasculares ou renais aos estímulos do SNS ou produza seus efeitos por algum outro mecanismo como o sistema renina-angiotensina-aldosterona. A ingestão excessiva de sódio (por exemplo, >3 g/dia [cloreto de sódio]) aumenta o risco de hipertensão e a restrição de sódio reduz a pressão arterial naqueles com alta ingestão de sódio OBESIDADE: O excesso de peso está associado comumente à hipertensão. A gordura abdominal ou visceral parece causar mais resistência à insulina, intolerância à glicose, dislipidemia, hipertensão e doença renal crônica que a gordura subcutânea. Também há entendimento crescente dos efeitos neuroendócrinos do excesso de tecido adiposo na pressão arterial. Evidências recentes sugeriram que a leptina – um hormônio secretado pelos adipócitos – possa ser uma ligação entre adiposidade e hiperatividade simpática do sistema cardiovascular. Além dos seus efeitos no apetite e no metabolismo, a leptina atua no hipotálamo e aumenta a pressão arterial por ativação do SNS. Os níveis altos de ácidos graxos livres na circulação dos pacientes obesos também parecem contribuir para a ativação do SNS. Também há estudos apontando a ativação do sistema renina- angiotensina-aldosterona pelo angiotensinogênio derivado dos adipócitos e a possibilidade de que os tecidos adiposos aumentem os níveis de aldosterona ao gerar MYRELLA TURUBANO – T12 fatores que estimulam a produção desse hormônio. CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCCOL: Quantidades moderadas de álcool podem reduzir o risco de doença cardiovascular, mas a maioria dos especialistas não recomenda a ingestão de álcool. TABAGISMO: A nicotina é nociva ao organismo promovendo a liberação de catecolaminas as quais aumentam a frequência cardíaca, a PA e a resistência periférica. A capacidade orgânica em formar coágulos é aumentada e a função de destruí- los diminuída havendo redução de oxigênio nos glóbulos vermelhos devido ao monóxido de carbono, que lesa a dos vasos, propiciando a deposição de gorduras. SEDENTARISMO: há uma relação direta: A prática regular de exercícios diminui os níveis circulantes de adrenalina, que causa constrição das artérias, e aumenta a liberação de endorfinas e óxido nítrico, que causam vasodilatação. Além disso, o sedentarismo contribui para o sobrepeso e aumento do colesterol. DEFINIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, a HA é uma doença crônica não transmissível (DCNT) caracterizada por elevação persistente da pressão arterial (PA), ou seja, PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg. A baixa pressão arterial (hipotensão) resulta em perfusão inadequada dos órgãos e pode levar à disfunção ou à morte tecidual. Inversamente, a pressão sanguínea alta (hipertensão) pode causar danos aos órgãos-alvo e é um dos maiores fatores de risco para aterosclerose CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL • São considerados hipertensos os indivíduos com PAS ≥ 140 mmHg e/ou PAD ≥ 90 mmHg. Quando utilizadas as medidas de consultório, o diagnóstico de HA deverá ser sempre validado por medições repetidas, em condições ideais, em duas ou mais visitas médicas em intervalo de dias ou semanas; ou de maneira mais assertiva, realizando-se o diagnóstico com medidas fora do consultório (MAPA ou MRPA), excetuando-se aqueles pacientes que já apresentem LOA ou doença CV. Define-se a classificação de acordo com a PA do consultório e pelo nível mais elevado de PA, sistólica ou diastólica. No diagnostico da HÁ, são possíveis vários fenótipos. NORMOTENSÃO VERDADEIRA: define-se como as medidas da PA no consultório e fora dos consultórios normais. HIPERTENSÃO ARTERIAL SUSTENTADA (HS): ocorre quando as medidas da PA no consultório e fora do consultório são anormais. HA DO AVENTAL BRANCO (HAB): ocorre quando a PA é elevada no consultório, mas é normal fora dele. HA MASCARADA: é quando a PA é normal no consultório, mas é elevada fora dele. MYRELLA TURUBANO – T12 HIPERTENSÃO ESSENCIAL OU PRIMARIA É chamada também de idiopática. Não possui uma causa específica, pois pode acontecer por inúmeros fatores fisiológicos. A grande maioria (90% a 95%) da hipertensão é idiopática. HIPERTENSÃO SISTÊMICA: causada pelas causas primárias; HIPERTENSÃO RESISTENTE: é a evolução da sistêmica, a qual o médico está tratando com 3/4 drogas e a PA não baixa; HIPERTENSÃO REFRATÁRIA: paciente toma de 5/6 drogas e a PA não baixa; HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA provocada secundariamente por uma causa identificável, como por exemplo doenças renais, obesidade e diabetes. Um pequeno número de pacientes (aproximadamente 5%) tem hipertensão secundária resultante de uma doença renal ou suprarrenal subjacente (ex. aldosteronismo primário, síndrome de Cushing ou feocromocitoma), estenose da artéria renal ou outra causa identificável. Exemplos de causas: RENAIS: • Glomerulonefrite aguda • Doença crônica renal • Doença policística • Estenose da artéria renal • Vasculite renal • Tumores produtores de renina. ENDÓCRINAS: • Hiperfunção adrenocortical (síndrome de Cushing, aldosteronismo primário, hiperplasia suprarrenal congênita, ingestão de alcaçuz) • Hormônios exógenos (glicocorticoides, estrogênio [incluindo pela gravidez ou por contraceptivos orais], simpaticomiméticos e alimentos contendo tiramina, inibidores de monoamina oxidase) • Feocromocitoma • Acromegalia; • Hipotireoidismo (mixedema) • Hipertiroidismo (tireotoxicose) • Induzida pela gravidez (pré-eclâmpsia) CARDIOVASCULARES: • Coarctação da aorta • Poliarterite nodosa • Aumento do volume intravascular • Aumento do débito cardíaco • Rigidez da aorta NEUROLÓGICOS: • Psicogênico • Aumento da pressão intracraniana • Apneia do sono • Estresse agudo, incluindo cirurgia HIPERTENSÃO MALIGNA: E a pressão arterial com elevação rápida que, se não tratada, levará ao óbito em 1 ano ou 2. Caracteriza-se por hipertensão grave (i.e., pressão sistólica acima de 200 mmHg, pressão diastólica acima de 120 mmHg), insuficiência renal, hemorragias e exsudatos na retina com ou sem papiledema. Pode se desenvolver em pessoas previamente normotensas, mas é mais frequentemente superposta a uma hipertensãobenigna preexistente. FISIOPATOLOGIA DA HAS PRIMÁRIA Mesmo sem conhecer a causa específica da HA, é razoável supor que múltiplas pequenas alterações na homeostase do sódio renal e/ou no tônus ou estrutura das paredes vasculares agem em combinação, causando a hipertensão essencial. A hipertensão raramente tem como causa básica um distúrbio endócrino. • Na HA essencial ou primária, os processos envolvidos no desenvolvimento da doença podem ser: FATORES GENÉTICOS: questões hereditárias influenciam na HA. REDUÇÃO DA EXCREÇÃO DE SÓDIO: esse fator, na presença de pressão arterial normal, pode ser um evento-chave iniciante na hipertensão essencial e, na verdade, uma via final comum para a patogenia da hipertensão. A diminuição da excreção de sódio pode levar sequencialmente a um aumento no volume MYRELLA TURUBANO – T12 de líquido, aumento do débito cardíaco e à vasoconstrição periférica, elevando assim a pressão arterial. INFLUÊNCIAS VASOCONSTRITORAS: como fatores que induzem vasoconstrição ou estímulos que causam alterações estruturais na parede do vaso, podem levar a um aumento da resistência periférica e também podem desempenhar um papel na hipertensão primária FATORES AMBIENTAIS: como estresse, obesidade, tabagismo, inatividade física e alto consumo de sal, estão implicados na hipertensão. As principais causas de hipertensão secundária incluem: • Medicamentos prescritos ou de venda livre: - Contraceptivos orais, particularmente aqueles que contêm doses mais altas de estrogênio; - Agentes anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), particularmente uso crônico; - Antidepressivos, incluindo antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação da serotonina e inibidores da monoamina oxidase; - Corticosteróides, incluindo glicocorticóides e mineralocorticóides; - Descongestionantes; - Alguns medicamentos para emagrecer; - Antiácidos contendo sódio; - Eritropoietina; - Ciclosporina ou tacrolimus; - Estimulantes, incluindo metilfenidato e anfetaminas; - Antipsicóticos atípicos, incluindo clozapina e olanzapina; - Inibidores de angiogênese, como bevacizumabe; - Inibidores da tirosina quinase, como sunitinibe e sorafenibe; • Uso de drogas ilícitas – Drogas como metanfetaminas e cocaína podem aumentar a pressão arterial. • Doença renal primária – Tanto a doença renal aguda quanto a crônica podem levar à hipertensão. • Aldosteronismo primário – A presença de excesso mineralocorticóide primário, principalmente aldosterona, deve ser suspeitada em qualquer paciente com a tríade de hipertensão, hipocalemia inexplicada e alcalose metabólica. No entanto, até 50 a 70 por cento dos pacientes terão uma concentração plasmática normal de potássio. Outros distúrbios ou ingestões podem mimetizar o aldosteronismo primário (síndromes de excesso de mineralocorticóides aparentes), incluindo ingestão crônica de alcaçuz. • Hipertensão renovascular – A hipertensão renovascular é frequentemente devida à displasia fibromuscular em pacientes mais jovens e à aterosclerose em pacientes mais velhos. • Apneia obstrutiva do sono – Distúrbios respiratórios durante o sono parecem ser um fator de risco independente para hipertensão arterial sistêmica. • Feocromocitoma – O feocromocitoma é uma causa rara de hipertensão secundária. Aproximadamente metade dos pacientes com feocromocitoma tem hipertensão paroxística; a maioria dos demais tem o que parece ser hipertensão primária. • Síndrome de Cushing – A síndrome de Cushing é uma causa rara de hipertensão secundária, mas a hipertensão é uma das principais causas de morbidade e morte em pacientes com síndrome de Cushing. • Outros distúrbios endócrinos – hipotireoidismo, hipertireoidismo e https://www.uptodate.com/contents/cyclosporine-ciclosporin-drug-information?search=fisiopatologia%20da%20hipertens%C3%A3o&topicRef=3852&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/tacrolimus-drug-information?search=fisiopatologia%20da%20hipertens%C3%A3o&topicRef=3852&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/methylphenidate-drug-information?search=fisiopatologia%20da%20hipertens%C3%A3o&topicRef=3852&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/clozapine-drug-information?search=fisiopatologia%20da%20hipertens%C3%A3o&topicRef=3852&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/olanzapine-drug-information?search=fisiopatologia%20da%20hipertens%C3%A3o&topicRef=3852&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/bevacizumab-including-biosimilars-drug-information?search=fisiopatologia%20da%20hipertens%C3%A3o&topicRef=3852&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/sunitinib-drug-information?search=fisiopatologia%20da%20hipertens%C3%A3o&topicRef=3852&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/sorafenib-drug-information?search=fisiopatologia%20da%20hipertens%C3%A3o&topicRef=3852&source=see_link MYRELLA TURUBANO – T12 hiperparatireoidismo também podem induzir hipertensão. • Coarctação da aorta – A coarctação da aorta é uma das principais causas de hipertensão secundária em crianças pequenas, mas também pode ser diagnosticada na idade adulta. EXAMES DE DIAGNOSTICO DA PA Em geral, quando a hipertensão é recém- diagnosticada, realizam-se exames de rotina para detectar danos em órgãos alvo e identificar os fatores de risco cardiovasculares. Os testes incluem ANÁLISE DE URINA: Este exame serve para analisar de forma microscópica as células, bactérias e cristais que possam estar presentes na urina e causar doenças. Além disso são realizadas dosagens de glicose, bilirrubinas e outras substâncias que auxiliam no diagnóstico de doenças sistêmicas. RITMO DE FILTRADO GLOMERULAR ESTIMADA: A taxa de filtração glomerular tem como objetivo verificar o funcionamento dos rins, pois leva em consideração a dosagem de substâncias que são filtradas nos rins e não são reabsorvidas para o sangue, sendo essencialmente eliminadas na urina. No caso da creatinina, por exemplo, essa proteína é filtrada pelos rins e uma pequena quantidade é reabsorvida para o sangue, de forma que em condições normais pode ser verificada concentrações de creatinina na urina muito superior à do sangue. A taxa de filtração glomerular pode ser calculada tanto levando em consideração a concentração de creatina quanto a concentração de cistatina C. ECG EM REPOUSO (CONVENCIONAL): O exame de eletrocardiograma consiste em medir a atividade elétrica do coração e serve para diagnosticar a existência de problemas cardíacos. GLICEMIA DE JEJUM (SANGUE): O exame de glicemia em jejum serve para medir o nível da glicose na circulação sanguínea do paciente podendo identificar casos de diabetes e pré diabetes, além de ser importante para o controle das pessoas que já possuem esses diagnósticos. HEMOGLOBINA GLICADA (SANGUE): O exame de Hemoglobina Glicada, conhecido pela sigla HbA1c é o primeiro passo para o diagnóstico do diabetes. Ele reflete a concentração dos níveis de glicose sanguínea dos últimos 2-3 meses. COLESTEROL TOTAL, HDL E TRIGLICERÍDEOS (SANGUE): O exame mede os níveis de gorduras no sangue que podem ocasionar entupimento dos vasos sanguíneos, causando infarto e AVC (derrame). CREATININA (SANGUE): A creatinina é uma substância presente no sangue que é produzida pelos músculos e eliminada pelos rins. A análise dos níveis de creatinina no sangue geralmente é feita para avaliar se existe algum problema nos rins, especialmente quando está muito aumentada, já que pode significar que os rins não estão conseguindo eliminar a creatinina e, por isso, está sendo acumulada no sangue. SÓDIO E POTÁSSIO (SANGUE): tanto o sódio (Na+) como o potássio (K+) estão relacionados ao controle da pressão arterial (PA) e à hipertensão arterial sistêmica (HAS). O Na+(vasoconstrictor), quando reabsorvido, para o sangue causa elevação da PA. Na mesma proporção que os Na+ é reabsorvido, o K+ (vasodilatador) é eliminadopela urina. ÁCIDO ÚRICO PLASMÁTICO (SANGUE): Os cristais de ácido úrico podem se acumular nas articulações e nos rins causando gota, cálculos renais e até insuficiência renal. A elevação das dosagens de ácido úrico é frequentemente associada a hipertensão arterial e problemas cardiovasculares. MYRELLA TURUBANO – T12 REFERENCIAS Sociedade Brasileira de Cardiologia, Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Volume 107, nº 3, Supl. 3, Setembro 2016. ROBBINS, S. L.; KUMAR, V. (ed.); ABBAS, A.K. (ed.); FAUSTO, N. (ed.). Patologia: Bases Patológicas das doenças. 9ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. Robbins patologia básica. 9ª Edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 5) ROBBINS, S. L.; COTRAN R.S.; KUMAR, V. SOUZA, Seila de Oliveira. Hipertensão arterial na mulher. 2017. OHISHI, Mitsuru. Hypertension with diabetes mellitus: physiology and pathology. Hypertension research, v. 41, n. 6, p. 389-393, 2018.
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