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APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 1 APG 2 – Rotina de pressão 1) COMPREENDER A FISIOPATOLOGIA DA HIPERTENSÃO ARTERIAL E FATORES DE RISCO ASSOCIADOS → A pressão arterial é a força que movimenta o sangue pelo sistema arterial, refletindo a contração e o relaxamento intermitentes do ventrículo esquerdo. → A pressão arterial é muito variável e deve ser cuidadosamente regulada para assegurar uma perfusão adequada para todas as células do corpo. → Assegurar um fluxo constante de sangue para os órgãos vitais, como coração, cérebro e rins, é essencial para a vida. → Embora a diminuição crítica no fluxo sanguíneo (hipotensão) possa produzir uma ameaça imediata à vida, a elevação contínua da pressão arterial (hipertensão) contribui para a morte prematura e a incapacidade, em decorrência dos efeitos deletérios da elevação da pressão sobre os vasos sanguíneos. → A pressão arterial aumenta durante a sístole (conforme o ventrículo esquerdo contrai) e diminui durante a diástole (conforme o coração relaxa). → A hipertensão arterial (HA) é uma doença crônica não transmissível (DCNT) definida por níveis pressóricos, em que os benefícios do tratamento (não medicamentoso e/ ou medicamentoso) superam os riscos. → Trata-se de uma condição multifatorial, que depende de fatores genéticos/epigenéticos, ambientais e sociais, caracterizada por elevação persistente da pressão arterial (PA), ou seja, PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva. ❖ FATORES DE RISCO ➢ GENÉTICA → Os fatores genéticos podem influenciar os níveis de PA entre 30-50%. Porém, devido à ampla diversidade de genes, às variantes genéticas estudadas até o momento e à miscigenação em nosso país, não foram identificados dados uniformes com relação a tal fator. ➢ IDADE → Com o envelhecimento, a PAS torna-se um problema mais significante, resultante do enrijecimento progressivo e da perda de complacência das grandes artérias. Em torno de 65% dos indivíduos acima dos 60 anos apresentam HA. ➢ SEXO → A PA é mais elevada entre homens, mas a elevação pressórica por década se apresenta maior nas mulheres. Assim, na sexta década de vida, a PA entre as mulheres costuma ser mais elevada e a prevalência de HA, maior. ➢ ETNIA → A etnia é um fator de risco importante para a HA, mas condições socioeconômicas e de hábitos de vida parecem ser fatores mais relevantes para as diferenças na prevalência da HA do que a implicação étnica propriamente dita. → Dados do Vigitel 2018 mostraram que, em nosso país, não houve uma diferença significativa entre negros e brancos no que diz respeito à prevalência de HA (24,9% versus 24,2%). ➢ SOBREPESO/OBESIDADE → Parece haver uma relação direta, contínua e quase linear entre o excesso de peso e os níveis de PA. A obesidade geral e a obesidade abdominal foram associadas ao aumento do risco de HA. → Por outro lado, a diminuição do peso promove a diminuição da PA tanto em indivíduos normotensos quanto em hipertensos. Ser “o mais magro possível” dentro da faixa da normalidade do IMC pode ser a melhor sugestão com relação à prevenção primária da HA. ➢ INGESTÃO DE SÓDIO E POTÁSSIO → A ingestão elevada de sódio tem-se mostrado um fator de risco para a elevação da PA. Estudos de medida de excreção de sódio mostraram que naqueles com ingestão elevada de sódio, a PAS foi 4,5 mmHg a 6,0 mmHg maior e a PAD 2,3 mmHg a 2,5 mmHg em comparação com os que ingeriam as quantidades recomendadas de sódio. ➢ SEDENTARISMO → Há uma associação direta entre sedentarismo, elevação da PA e da HA. Em 2018, a falta de atividade física, menos de 150 minutos por semana ou 75 minutos de atividade vigorosa por semana, era de 27,5%, com maior prevalência entre as mulheres do que nos homens. ➢ ÁLCOOL → Consumo crônico e elevado de bebidas alcoólicas aumenta a PA de forma consistente. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 2 ➢ APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO (AOS) → Há clara evidência que sustenta a relação entre a AOS e a HA e o aumento do risco para HA resistente. → A PA é determinada pelo produto do débito cardíaco (DC) com a resistência vascular periférica (RVP). → O DC e RVP são regulados por mecanismos neurais, renais, humorais, endoteliais e locais de controle das funções cardiovasculares e renais. ➢ MECANISMOS NEURAIS → O sistema nervoso simpático (SNS) é responsável pelo controle em curto-prazo da PA, promovendo elevação da RVP, da contratilidade e da frequência cardíaca (FC). → O aumento da atividade simpática é observado principalmente nas fases iniciais da HAS, ou mesmo, em estados pré- hipertensivos. → Em crianças e adolescentes com HAS primária, a FC em repouso é maior do que em crianças normotensas e, muitas vezes, está associada com altos níveis circulantes de norepinefrina, descarga adrenérgica sistêmica e no nervo renal. Estas alterações na HAS são mais pronunciadas na criança com obesidade. ➢ MECANISMOS RENAIS → Os rins influenciam a PA basicamente por meio do controle do equilíbrio hidrossalino, dos ajustes da excreção renal de sódio, da autorregulação renal e da ativação do sistema renina- angiotensina (SRA). → Acredita-se que a HAS se deva à redução do número de néfrons ou da superfície de filtração por glomérulo, o que limita a excreção renal de sódio e eleva a PA. Dessa forma, inicia-se um círculo vicioso, pelo qual a HAS produz hipertensão glomerular e esta, por sua vez, induz o aumento da PA. → A redução do número de néfrons, encontrada em pacientes com displasia renal, prematuridade e baixo peso ao nascimento, representa um importante fator de risco para HAS na vida adulta. ➢ MECANISMOS HUMORAIS → Vários estudos mostram que o bloqueio do SRA, com inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e/ou com bloqueadores dos receptores angiotensinérgicos do tipo 1 (BRA), é eficaz no tratamento da HAS e de disfunções cardiovasculares e renais. → Nesse sentido, a angiotensina II, principal componente do SRA, exerce inúmeros efeitos pró-hipertensivos ligando-se ao seu receptor do tipo 1 (AT1), tais como: vasoconstrição sistêmica e renal, aumento do débito cardíaco, retenção renal de sódio e água, estímulo à secreção de aldosterona pelas adrenais, hipertensão glomerular, proteinúria, hipertrofia cardíaca, hipertrofia e hiperplasia da musculatura lisa vascular, disfunção endotelial e resistência à insulina. → Além disso, a angiotensina II estimula a resposta inflamatória e a fibrose tecidual, contribuindo para as lesões de órgãos alvo na HAS. ➢ MECANISMO GENÉTICOS → Com exceção de algumas formas monogênicas de HAS (aldosteronismo remediável por glicocorticóide, síndrome do excesso aparente de mineralocorticóide e síndrome de Liddle), que podem ser agrupadas como distúrbios dos canais de sódio nos rins, os estudos não têm sido capazes de mostrar uma relação entre mutações genéticas e o desenvolvimento da HAS. ➢ FATORES DIETÉTICOS E AMBIENTAIS → Os hipertensos obesos, por exemplo, apresentam maior sensibilidade ao sódio, enquanto os hipertensos que apresentam perda de massa renal desenvolvem sensibilidade ao sódio como uma resposta para manter a excreção de sódio induzida por pressão. De qualquer forma, uma pequena redução do conteúdo de sal na dieta pode provocar diminuição da PA sistólica, suficiente para diminuir o risco de lesões em órgãos alvo. → A obesidade é um importante fator de risco para HAS, sobretudo por produzir aumento de insulina e de leptina circulantes. A hiperinsulinemia pode causar HAS por meio de alterações estruturais e funcionais na musculaturalisa vascular e pela disfunção endotelial. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 3 2) DESCREVER COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DA HIPERTENSÃO → A avaliação inicial de um paciente com hipertensão arterial (HA) inclui a confirmação do diagnóstico, a suspeita e a identificação de causa secundária, além da avaliação do risco cardiovascular (CV). A HA é uma condição habitualmente assintomática. Por isso, deve ser avaliada em todo atendimento médico e em programas estruturados de triagem populacional. → As lesões de órgão-alvo (LOA) e as doenças associadas também devem ser investigadas. → Fazem parte dessa avaliação: 1) A medida da pressão arterial (PA) no consultório e/ou fora dele, utilizando-se técnica adequada e equipamentos validados e calibrados. ✓ A PA deve ser medida em toda avaliação por médicos de qualquer especialidade e demais profissionais da saúde devidamente capacitados. ✓ Recomenda-se, pelo menos, a medição da PA a cada dois anos para os adultos com PA ≤ 120/80 mmHg, e anualmente para aqueles com PA > 120/80 mmHg e < 140/90 mmHg. ✓ A PA deve ser medida no braço, devendo-se utilizar manguito adequado à sua circunferência. Na suspeita de HA secundária à coartação da aorta, a medição deverá ser realizada nos membros inferiores, utilizando-se manguitos apropriados. 2) A obtenção de história médica (pessoal e familiar); ✓ Deve-se obter história clínica completa com perguntas sobre o tempo de diagnóstico, evolução e tratamento prévio. ✓ As informações sobre a história familiar são fundamentais para aumentar a certeza do diagnóstico de HA primária. 3) A realização de exame físico; ✓ A PA deve ser medida com técnica adequada nos dois braços. ✓ Dados antropométricos, como peso, altura (para cálculo do índice de massa corporal (IMC), circunferência abdominal (CA) e frequência cardíaca (FC), devem ser registrados. ✓ Os valores de normalidade da CA e do IMC são aqueles recomendados pela IDF de 2006, podendo variar de acordo com a origem étnica 4) A investigação clínica e laboratorial. ✓ Entre os novos fatores de risco (FR) destacam-se glicemia de jejum entre 100 mg/dL e 125 mg/dL, hemoglobina glicada (HbA1c) anormal, obesidade abdominal (síndrome metabólica), PP (PAS-PAD) > 65 mmHg em idosos, história de pré-eclâmpsia e história familiar de HA (em hipertensos limítrofes). → Propõem-se avaliações gerais a todos os hipertensos e avaliações complementares apenas para grupos específicos. → Como a PA pode ter alta variabilidade, o diagnóstico de HA não deve se basear exclusivamente na medida da PA em apenas uma consulta médica, a menos que esteja substancialmente elevada (HA estágio 3) ou haja diagnóstico estabelecido de LOA ou de doença CV. → Para os demais pacientes, as medidas repetidas da PA em visitas subsequentes no consultório devem ser utilizadas para confirmar uma elevação persistente, bem como para classificar o estágio da HA. → Quanto maior o estágio da HA, maior deverá ser o número de visitas e menor o intervalo de tempo entre elas. Assim, pacientes em estágio 2 ou 3 poderão requerer mais visitas com intervalos de tempo mais curtos entre as visitas (dias ou semanas), enquanto aqueles com estágio 1 poderão requerer visitas após alguns meses, especialmente quando não há LOA e o risco CV é baixo. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 4 → A diretriz recomenda o uso de medidas de PA fora do consultório como uma estratégia alternativa às avaliações repetidas da PA dentro dele para confirmar o diagnóstico de HA, desde que sejam logística e economicamente viáveis → 3) ENTENDER A CLASSIFICAÇÃO DOS NÍVEIS DE HIPERTENSÃO → O diagnóstico de HAS é definido a partir de valores de pressão arterial sistólica (PAS) ≥ 140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica (PAD) ≥ 90 mmHg. → Os valores de PA entre 130 e 139 mmHg para a PAS e/ou 85 e 80 mmHg para a PAD definem os portadores de pré- hipertensão arterial sistêmica. → A classificação da HAS é determinada de acordo com a PA do consultório e pelo nível mais elevado da PAS ou PAD REFERÊNCIAS • NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. • BARROSO, Weimar Kunz Sebba et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial–2020. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 116, p. 516-658, 2021. • Lacerda, Juliana Hipertensão arterial sistêmica [livro eletrônico] / Juliana Lacerda, Raphael Dias, Ana Cristina Simões e Silva. -- 1. ed. -- Belo Horizonte, MG: Ed. Da Autora, 2020. -- (Medpencil: medicina em desenho) • BRANDÃO, Andréa A.; AMODEO, Celso; NOBRE, Fernando. Hipertensão. Santana de Parnaíba, SP: Editora Manole, 2022. 9786555768107. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978655 5768107/.
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