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Um fator de risco importante no uso de fitoterápicos, plantas medicinais e suplementos alimentares é a ausência de testes adequados sobre a avaliação de possíveis interações com medicamentos. Porém, o uso de suplementos alimentares, fitoterápicos e plantas medicinais concomitante à terapia medicamentosas pode apresentar riscos significativos para os pacientes. Portanto, é extremamente importante que o farmacêutico, no ato da dispensação dos medicamentos, tenha informações não somente dos medicamentos que o paciente está utilizando, mas também se ele faz uso de fitoterápicos, plantas medicinais ou suplementos alimentares. Preocupado com os níveis de colesterol e possíveis efeitos colaterais ou interações medicamentosas, o paciente pergunta: A. O uso de suplemento de alho ajudaria a reduzir o LDL-colesterol para um valor abaixo de 100 mg/dL? É seguro o uso do suplemento de alho junto com os medicamentos que ele faz uso contínuo? B. O uso da coenzima Q10 e vitamina B6 é eficaz no tratamento da doença arterial coronariana? C. É verdade que alguns suplementos podem aumentar o risco de sangramento quando tomados junto com ácido acetilsalicílico? Você, farmacêutico, como responderá ao Sr. João? Padrão de resposta esperado A.Não há comprovação de que o alho seja capaz de reduzir de forma significativa o LDL-colesterol. Demonstrou-se que ele produz um pequeno, mas significativo, efeito redutor do colesterol total, mas apenas quando não há controle dietético estabelecido. Há poucas evidências de que o alho reduz a carga de placas ateromatosas em pacientes com doença arterial coronariana (DAC). No entanto, aconselha-se o monitoramento da pressão arterial durante duas semanas depois de se iniciar a suplementação com alho, visto que o paciente está em uso de medicamentos para hipertensão, pois o alho possui efeitos diuréticos. Também há estudos que relatam que o alho tem efeito antiagregante plaquetário, o que pode causar risco de sangramento uma vez que o paciente faz uso contínuo de ácido acetilsalicílico. B. Estudos têm demonstrado que baixos níveis séricos de coenzima Q10 e vitamina B6 predispõem o paciente ao risco de doença arterial coronariana e, portanto, a suplementação poderia ser benéfica ao paciente. No entanto, os dados corroborando benefícios do uso de coenzima Q10 em pacientes com doença arterial coronariana são preliminares e limitados a estudos em indivíduos com infarto prévio do miocárdio. Por outro lado, existem evidências de que as estatinas podem reduzir os níveis de coenzima Q10 e, portanto, justifica-se o uso no paciente que está fazendo o uso de sinvastatina. C. Diversos suplementos nutricionais (alho, ginkgo e ginseng) têm efeito antiagregante plaquetário que pode ser aditivo ao do ácido acetilsalicílico. Se esse paciente também estiver sendo tratado com varfarina, é possível que ocorram interações adicionais com coenzima Q10 (estrutura semelhante à da vitamina K), erva-de-são-joão (indutor do citocromo P450) e melatonina (redução in vitro do tempo de protrombina), ocasionando redução do efeito da varfarina.