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PUBERDADE NORMAL DEFINIÇÕES Puberdade x Adolescência Puberdade é a fase em que se completam o crescimento somático e o desenvolvimento sexual, culminando para a aquisição da capacidade reprodutiva. A adolescência, por sua vez, é a fase de transição entre a infância e a vida adulta, com maturação cognitiva e psicológica. Classifica-se diferentemente de acordo com o órgão: • Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) o Crianças: até os 11 anos, 11 meses e 29 dias o Adolescentes: dos 12 aos 18 anos § Lei 8069, de 1990, Art. 2º • Organização mundial da saúde (OMS) o Adolescentes: dos 10 aos 19 anos § Pré-adolescência: 10 – 14 § Adolescência: 15 – 19 § Juventude: 15 – 24 Termos específicos da puberdade A telarca se refere ao desenvolvimento do tecido mamário nas meninas, o qual é decorrente da ação do estradiol, hormônio produzido nos ovários. A ginecomastia, por sua vez, se refere ao desenvolvimento de mama nos meninos, consequente da conversão de testosterona em estradiol através da aromatase. Isso pode ocorrer fisiologicamente em três momentos: (1) logo após o nascimento, em decorrência da passagem dos hormônios por via transplacentária; (2) puberdade; (3) senilidade. Pode ser patológica e decorrente, por exemplo, do uso de medicamentos e outras drogas. A menarca é o primeiro sangramento menstrual, e a espermarca, a primeira produção de esperma (emissões noturnas de esperma + esperma na urina). Quanto ao desenvolvimento de pelos, temos a pubarca, que se refere ao aparecimento de pelos pubianos; e a adrenarca, referente ao aparecimento de pelos nas axilas (axilarca) e no púbis (pubarca), a partir de estímulo adrenal. Adrenarca Na maioria das vezes, a adrenarca ocorre antes da gonadarca e tem controle independente. É caracterizada pelo aumento da síntese e da secreção de androgênios na zona reticular da adrenal (S-DHEA e DHEA). Dentre os principais sinais, estão o odor axilar, o aparecimento de pelos pubianos e de pelos axilares. Como não há avanço de crescimento nessa fase, a adrenarca não é parâmetro para definir puberdade precoce. Nas meninas, a adrenarca costuma ocorrer aos 6 ou 7 anos de idade, sendo a principal fonte de androgênios a glândula adrenal (sobretudo s- DHEA). Já nos meninos, ela costuma ocorrer entre 7 e 8 anos, sendo os testículos a principal fonte de androgênio (testosterona). Estrogênios Existem potencialmente 4 tipos de estrogênios: • Estrona (E1): hormônio fraco produzido principalmente na gordura corporal. Outras fontes são o ovário e a placenta. • Estradiol (E2): hormônio forte, sendo o estrogênio propriamente dito. É a forma mais ativa, estando envolvido no ciclo menstrual. • Estriol (E3): hormônio fraco, produzido pela placenta (com ajuda do feto) no período da gravidez. • Estetrol (E4): também é produzido na gravidez, através do fígado fetal. Após a menopausa, com cessação da atividade dos ovários, outros órgãos passam a ser fonte de estrógeno, porém em quantidades muito pequenas. Dentre eles estão o tecido adiposo, ossos, pele, fígado e adrenais. DESENVOLVIMENTO PUBERAL Os limites de normalidade para o início do desenvolvimento puberal são diferentes nos sexos. Acredita-se que, por influência de fatores externos, a uma tendência à redução da idade para início da puberdade. • Meninos: 9 aos 14 anos o < 9 anos = puberdade precoce o > 14 anos = retardo puberal • Meninas: 8 aos 13 anos o < 8 anos = puberdade precoce o > 13 anos = retardo puberal Caso os estadiamentos da puberdade mudem muito rapidamente, em um período menor do que 3 meses, temos uma puberdade rapidamente progressiva. Faz-se necessário bloqueio puberal nesses casos, para correto desenvolvimento do indivíduo. Geovana Sanches, TXXIV Outro conceito é o de puberdade antecipada, definido nos meninos por início do desenvolvimento entre os 7 e os 9 anos, e na menina entre os 6 e 8 anos, porém sem impacto na estatura final. Início da puberdade A determinação do início da puberdade é muito complexa. O eixo hormonal envolve o GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina), produzido no hipotálamo. Ele atua sobre a hipófise, fazendo com que esta glândula secrete LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo- estimulante). Ambos chegam às gônadas (testículos e ovários), estimulando-as a secretar os hormônios sexuais. Eixo na mulher Eixo no homem O androgênio (testosterona) é convertido em estrogênio através da ação da aromatase, sendo este último o responsável por provocar feedback negativo sobre a hipófise anterior e o hipotálamo. LH e FSH Na vida intrauterina, o feto apresenta níveis elevados de LH e FSH. Ao final da gestação e com a secção do cordão umbilical, há queda progressiva desses hormônios. Por volta dos 3 meses de vida, entretanto, há um pico de LH, FSH e estrogênio/testosterona, o que provoca uma mini-puberdade. Essa alteração é laboratorial, de forma que não se relaciona ao desenvolvimento de caracteres sexuais e pelos. Esse período é um espelho do que ocorre na puberdade. Ele se estende, em média, até os 2 anos de idade, seguido de queda abrupta dos níveis hormonais até o início da puberdade propriamente dita. O período de quiescência que se estende dos 2 anos até o início da puberdade é regulado por vários fatores. Dentre eles, destaca-se o gene MKRN3, o qual funciona como um bloqueador do eixo gonadal devido a inibição do GnRH; uma mutação inativadora desse gene faz com que a criança desenvolva puberdade precoce. No período próximo à puberdade normal, há redução fisiológica da atividade do MKRN3 e ativação de outros genes, tais como a Kisspeptina, a qual estimula o desenvolvimento da puberdade. A mutação ativadora desse gene também culmina com puberdade precoce. Leptina A leptina é um hormônio produzido no tecido adiposo. Sendo assim, a quantidade de massa corporal (especialmente gorda) – como no caso de crianças obesas – faz com que a concentração desse hormônio seja alterada, exercendo ação diferente no eixo hipotálamo- hipófise-gonadas (EHHG). Geovana Sanches, TXXIV Esteroides sexuais Fontes • Meninos o Testículos (testosterona) o Córtex adrenal (androgênio) • Meninas o Ovários (estrogênio) o Córtex adrenal (androgênio) § Um tumor produtor de androgênio leva a puberdade precoce em ambos os sexos Locais de ação • Testosterona o Pênis o Pubarca o Voz grave o Barba • Estrogênio o Mamas o Útero (endométrio) Regulação da puberdade normal: Kisspeptina • Codificada pelo gene KISS1, localizado no cromossomo 1 • Essencial para promover a secreção do GnRH, funcionando como orquestradora do EHHG • Regulação o Leptina (produzida no tecido adiposo): estimula a kisspeptina o Grelina (relacionada à ingesta alimentar): inibe a kisspeptina Papeis importantes • Controle comportamental, emocional e cognitivo • Interpretação de pistar olfativas e auditivas (preferência de parceiros sexuais) • Influência sobre o humor e emoções • Facilitadora da memória e aprendizado o Efeito ainda estudado, assim como um possível efeito sobre distúrbios reprodutivos, emocionais e cognitivos Estado nutricional x puberdade O estímulo que a leptina exerce sobre a kisspeptina pode provocar uma relação entre obesidade e puberdade precoce, assim como de desnutrição e retardo puberal. Todavia, isso não é uma regra. • Meninas: o sobrepeso e a obesidade tendem a antecipar a puberdade • Meninos: o sobrepeso tende a antecipar a puberdade, enquanto a obesidade tende a atrasar a puberdade Regulação da puberdade normal: GnRH A secreção de GnRH é coordenada por uma rede neuronal sensível a múltiplos fatores, tais como os genéticos, nutricionais, ambientais e socioeconômicos. O conhecimento exato sobre a influência de cada um deles sobre o desencadeamento da puberdade ainda é limitado. Atualmente, não se vê tanta correlação genética,mas quando temos uma menina cuja mãe apresentou puberdade precoce, há maiores chances de que a filha também tenha; o mesmo não é verdade para puberdade tardia. Um outro exemplo é acerca de crianças adotadas, as quais podem evoluir com puberdade precoce em decorrência da alteração de diversos fatores – a melhora no estado nutricional, do ambiente e da condição socioeconômica podem favorecer a ativação precoce do EHHG. Avaliação da puberdade A secreção pulsátil de GnRH provoca a secreção de LH e FSH pela hipófise, sendo esses os hormônios definidores do estímulo às gônadas e, portanto, os que influenciam diretamente a maturação sexual. O diagnóstico laboratorial da puberdade é realizado pela medida no LH, sendo considerado os valores de corte: • LH > 0.2 (ICMA) • LH > 0.6 (IFMA) No estágio pré-pubere, há um platô entre a produção do LH e do FSH. Já no início da puberdade, há pulsos aumentados de GnRH em amplitude e frequência, progredindo 1 a 2h/noite. Inicialmente, aumenta-se a secreção de FSH e posteriormente, o quadro se inverte, predominando o LH, sendo esse portanto o hormônio que será utilizado para definir o estado de puberdade. Geovana Sanches, TXXIV Na prática, muitas vezes vemos uma menina com mamas, aceleração no crescimento, idade óssea avançada e ovários estimulados, porém com o LH suprimido. Nesses casos, devemos sempre considerar a soberania da clínica, indicando que essa menina já está na puberdade. Diagnóstico por imagem Na ultrassonografia pélvica, é possível verificar sinais de ativação do EHHG: • Útero: comprimento > 3,4 cm o Exemplo: 3.6 x 2.0 x 1.8 – a primeira medida é sempre indicativa do comprimento • Ovário: volume > 1.5 a 1,8 cm3 (1.8 mL) ADRENARCA A adrenarca é o processo gradual de maturação da adrenal, regulado pelo ACTH. O ponto de start ainda é desconhecido, mas em geral ela precede a gonadarca, podendo ser o primeiro sinal de puberdade em ambos os sexos. Geralmente tem início antes dos 8 anos de idade, com pico de ação hormonal entre 20 e 30 anos; após esse período, há redução gradual. Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal O hipotálamo produz e secreta o CRH, hormônio que atua na hipófise estimulando a secreção de ACTH. Esse ACTH, por sua vez, atual sobre o córtex adrenal, o qual responde com a produção e secreção de androstenediona e DHEA. O DHEA, sob ação da sulfatase, é convertido em SDHEA (porção sulfatada), o qual é considerado o marcador laboratorial da atividade da adrenal (a enzima responsável por essa reação está presente apenas nessa glândula). Esses elementos provocam os sinais da adrenarca, tais como: • Pelos pubianos • Axilarca (pelos e odor axilar) • Acne, principalmente na região frontal • Pele oleosa ESTÁDIOS PUBERAIS DE TANNER Meninas Mamas Para avaliação das mamas, sempre devemos comparar a consistência com outro tecido, verificando se o que sentimos é tecido glandular ou tecido adiposo. • M1: ausência de broto mamário / infantil / pré-púbere / impúbere • M2: broto mamário < aréola • M3: aumento da mama, sem separação do contorno areolar o Pico do estirão • M4: monte secundário, com a aréola e papila se projetando acima da mama o A menarca ocorre entre M3 e M4 • M5: mama adulta, sem projeção da aréola Pelos A criança pode ter pelos constitucionais, os quais são mais finos (semelhante aos da perna). • P1: sem pelos / infantil / pré-púbere / impúbere • P2: pelos pigmentados e crespos nos lábios • P3: pelo mais escuro, mais grosso e mais ondulado, espalhando-se no púbis • P4: pelo parece adulto, mas não se estende até as coxas • P5: pelo ultrapassa a virilha Meninos Genitália externa Inicialmente, há aumento dos testículos e, consequentemente, do escroto. • G1: infantil, pré-púbere, impúbere • G2: aumento dos testículos e escroto o A pele fica vermelha e rugosa • G3: ↑ comprimento peniano e testículos • G4: ↑ diâmetro peniano e diferenciação da glande, testículos e escroto maiores e pele escrotal mais escura Geovana Sanches, TXXIV • G5: pênis adulto Pelos • P1: sem pelos / infantil / pré-púbere / impúbere • P2: pelos púbicos esparsos e retos ao longo da base do pênis • P3: pelo mais escuro, mais grosso e mais encaracolado, atingindo a ½ do púbis • P4: pelo parece adulto, mas não se estende até as coxas • P5: pelo ultrapassa a virilha Axilarca (ambos os sexos) • A1: sem pelos • A2: pelos finos • A3: pelos adultos Progressão entre os estágios de Tanner A média do intervalo entre os estágios é de 1 ano, sendo que a duração completa do desenvolvimento, para a maioria dos indivíduos, se dá em 3 a 4 anos. • Evolução < 6 meses: anormal • Se < 3 meses: puberdade rapidamente progressiva o Necessário bloquear o EHHG CARACTERERÍSTICAS SEXUAIS Meninas Características sexuais primárias • Mucosa vaginal progressivamente mais espessa e enrugada o Libera secreção clara (aumento de volume nos meses que antecedem a menarca) • Redução do pH vaginal em decorrência do aumento na produção de ácido láctico (lactobacilos) • Deposição de gordura subcutânea nos grandes lábios e monte pubiano • Pequenos lábios e clitóris mais proeminentes • Aumento progressivo de volume do útero e dos ovários o Útero: aumenta a relação corpo/colo, adquirindo forma tubular (em pera) O alongamento da vagina pode ser o primeiro sinal de puberdade na menina, mas não é possível estudar isso em seres humanos. Assim, é comum que o primeiro sinal seja uma observação da mãe, a qual refere a presença de uma secreção esbranquiçada nas calcinhas da filha, não acompanhada de odor fétido ou prurido – relaciona-se a ação do estrógeno sobre a mucosa vaginal, causando a sua descamação, a qual se apresenta como uma secreção clara. Características sexuais secundárias • Inicialmente: discreto aumento na velocidade de crescimento • Adrenarca (axilarca e odor axial): início bioquímico, por aumento do SDHEA o Ocorre aproximadamente aos 6 anos de idade • Telarca (M2): primeiro sinal visível na maioria das meninas. Podemos verificar o desenvolvimento uni ou bilateral, sendo comuns as assimetrias o Ocorre aproximadamente entre os 10 e 11 anos de idade o Entre M2 e M5, há uma média de 3 a 4 anos, de forma que o desenvolvimento se finaliza por volta dos 14 anos • Pubarca: normalmente é o segundo sinal de puberdade; trata-se de um sinal clínico da adrenarca o Geralmente, ocorre de 6 a 12 meses após a telarca § Em 15% das meninas, o 1º sinal de puberdade é a pubarca e não a telarca o Entre P2 e P5, há uma média de 3 anos Menarca A menarca ocorre aproximadamente aos 12,8 anos de idade (11 – 13 anos), cerca de 2 anos após M2. Geralmente não está associada à Geovana Sanches, TXXIV ovulação, decorrendo da ação exclusiva de E2 no endométrio. A eumenorreia (ciclos menstruais regulares) ocorre aproximadamente 2 anos após a menarca. Isso pois, no período inicial o eixo ainda é muito imaturo, necessitando desse tempo médio para completa maturação – interação E2 + progesterona. Em relação ao crescimento, após a menarca, a maioria das meninas crescem 2,5cm (1 a 7 cm). Considerando a média de crescimento em relação ao estadiamento de Tanner, temos cerca de 25cm do M2 ao M5. Meninos Características sexuais primárias • Desenvolvimento do pênis e do escroto Características sexuais secundárias • Aumento do testículo o LH à células de Leydig à testosterona • Adrenarca: axilarca / odor axilar • Início: aumento do volume testicular (> 4 cm3 – valor próximo as olivas do estetoscópio, de forma que podemos utilizar esse tamanho como referência) • Pubarca e crescimento peniano • Ginecomastia: pode ocorrer em G3/P3 ou G4/P4 • Transição da voz: ocorre em G3/P3 ou G4/P4 o Os homens apresentam uma voz mais grave do que as mulheres devido ao crescimento da cartilagem cricóide (cordas vocais)sob estímulo da testosterona • Barba: ocorre apenas em G5 ESTIRÃO PUBERAL Meninas O estirão puberal de altura nas meninas ocorre na primeira metade da puberdade, sendo o ganho de estatura principal do M2 até a menarca (X= 12 aos 12,2 anos // 2 e 2,5 anos). Logo após a menarca, ocorre o estirão do peso, principalmente as custas de massa gorda. Meninos O estirão puberal de altura nos meninos é concomitante ao estirão de peso, ambos na segunda metade da puberdade. No caso dos meninos, o estirão de peso ocorre principalmente as custas de massa magra (testosterona). O aumento do gasto energético implica em uma maior facilidade para perda de peso nesse período. Estirão puberal da altura O estirão puberal da altura envolve os componentes apendicular (membros) e axial (tronco). Inicialmente, os membros têm uma aceleração no crescimento superior ao tronco: • Início da puberdade: porções distais antes das proximais – “só mãos e pés” o O crescimento dos pés inicia um ano antes do corpo e cessa um ano antes do corpo crescer em altura. Esse crescimento anterior é necessário para sustentar o corpo posteriormente o Quando o adolescente deixa de trocar o número de sapato por cerca de 6 meses, o final do estirão está próximo • Final da puberdade: o surto do crescimento é principalmente troncular Cartilagem de crescimento A cartilagem de crescimento é o principal determinante para o crescimento. A placa epifisária (= placa de crescimento) é uma placa de cartilagem hialina, localizada na metáfise da terminação dos ossos longos. Ela está presente em crianças e adolescentes e tem como função auxiliar no crescimento ósseo. Fatores hormonais Há três fatores hormonais principais que atuam no estirão puberal: estrogênio, GH e IGF1. Todos esses hormônios atuam na cartilagem de crescimento, promovendo a junção das epífises. Nos meninos, o estrogênio é proveniente da aromarização da testosterona. Geovana Sanches, TXXIV Os hormônios tireoidianos e os glicocorticoides também participam da regulação do crescimento, tendo um papel secundário nesse processo. Doenças que causam baixa estatura • Desnutrição: ↓ GH, IGF, T3, E2/T • Hipotireoidismo: ↓ T3 • Uso de corticóide crônico: nefropatia, reumatopatia • Hepatopatia: o fígado é a principal fonte de IGF 1 circulante • Osteopatia Essas doenças impedem a ação hormonal adequada na cartilagem de crescimento, “astro” principal desse processo. Estágios do estirão 1. Estágio inicial: velocidade de crescimento (VC) desacelera na pré-puberdade (cerca de 1 ano antes) 2. Pico da VC (PVC): aceleração rápida do crescimento, que ocorre entre M2 e M3 nas meninas, e entre G3 e G4 nos meninos o 20% da altura adulta se acumula durante a puberdade o O pico máximo da velocidade de crescimento ocorre cerca de 2 anos antes nas meninas, quando comparados aos meninos § VC média ♀ = 8 a 9 cm/ano § VC média ♂ = 9 a 10 cm/ano 3. Estágio final: diminuição da VC e interrupção do crescimento (fusão epifisária) Os meninos tendem a ser mais altos do que as meninas, pois o estirão ocorre mais tardiamente. Além disso, durante o estirão puberal, a velocidade de crescimento nos meninos é maior. Alvo genético • Menino = [(Epai + Emãe) + 13]/2 • Menina = [(Epai + Emãe) - 13]/2 o DP: ± 8 Idade óssea Ao visualizarmos o sesamoide no raio-X de idade óssea, temos uma idade óssea de 11 anos na menina e de 13 anos no menino. É a idade óssea quem definirá até quantos anos cronológicos o adolescente irá crescer, tendo em vista que permite visualizar o fechamento das epífises. Estirão do peso O estirão do peso ocorre após a menarca nas meninas, caracterizando-se pelo aumento da massa gorda. Já nos meninos, é concomitante ao estirão de estatura e se caracteriza pelo maior ganho de massa magra em relação à massa gorda, fator estimulado pelos níveis de testosterona. Influência dos fatores nutricionais na puberdade A obesidade não está associada a perda de estatura final. As crianças tendem a ser momentaneamente maiores, mas isso não significa que eles serão mais altos posteriormente. Relaciona-se muito mais a aceleração da adrenarca, mas não da gonadarda, de forma que não causa puberdade precoce. • Maior avanço da idade óssea • Maior frequência de pubarca ou axilarca sem secreção de LH • Maior crescimento na fase pré-puberal • Menor crescimento na fase puberal EIXOS HORMONAIS NA PUBERDADE Eixo Hipotálamo-Hipófise-Ovários • FSH estimula o crescimento dos folículos ovarianos e junto com o LH estimula a síntese de estradiol ou 17β-estradiol ou E2 • E2 • Desenvolve e mantém as mamas • Estimula o estirão puberal • Estimula a maturação óssea Geovana Sanches, TXXIV • + Progesterona = menstruação Eixo Hipotálamo-Hipófise-Testículos • FSH estimula: o Crescimento dos túbulos seminíferos → ↑ volume testicular o Células de Sertoli a produzirem inibina B (inibe a secreção de FSH) • LH estimula o Células de Leydig → testosterona → ↑ volume testicular o Hipertrofia muscular, crescimento dos túbulos seminíferos o Testosterona → estrogênio: estirão, maturação óssea e ginecomastia ESTADIAMENTO DE TANNER x CRESCIMENTO O estadiamento de Tanner está intimamente relacionado com a puberdade e com o crescimento normal das crianças e adolescentes. FASES DO CRESCIMENTO Durante a adolescência, o crescimento pode ser dividido em três fases. 1. Crescimento estável: nesse período, independente do sexo, há crescimento médio de 4 a 6 cm por ano. 2. Aceleração ou Estirão: trata-se do pico de crescimento, momento em que se iniciam as alterações entre os sexos. Nesse período, as meninas crescem de 8 a 9 cm por ano, enquanto os meninos crescem de 10 a 11 cm. 3. Desaceleração: durante o período de desaceleração, o crescimento entre os sexos volta a ser semelhante, pois ambos crescem em média 1 cm por ano. Todavia, esse crescimento costuma se estender até os 18 anos em mulheres e até os 21 em homens (a depender da idade óssea). SEXO FEMININO A desenvolvimento mamário segundo a classificação de Tanner nos permite verificar se o crescimento da adolescente está normal, tendo em vista que para cada fase de desenvolvimento, há uma faixa de crescimento específica. Quando a menina está em M1, dizemos que ela está impúbere, momento correspondente ao crescimento estável (4 a 6 cm por ano). Já em M2, no momento da telarca (desenvolvimento do broto mamário), há início da puberdade e entrada no estirão do crescimento – isso deve ocorrer habitualmente entre os 8 e 13 anos de idade. Em M3, temos o ápice do crescimento, momento em que a menina deverá crescer entre 8 e 9 cm ao ano. Por fim, em M4, temos a menarca em 85% das meninas (uma pequena porcentagem apresenta-a em M3), concomitante a fase de desaceleração do crescimento (fechamento da epífise óssea, que se segue em média até os 18 anos). É importante documentar que a maior parte das meninas terminam o desenvolvimento mamário em M4, no qual há projeção da aréola e do mamilo. Grande parte delas só entram em M5 após a gravidez, no qual há retração da aréola e do mamilo, além do caimento dos ângulos supra e Geovana Sanches, TXXIV inframamários (a mama assenta-se um pouco mais sobre o tórax). Dentre M2 até a menarca, temos um período médio de 2,5 a 3 anos, sendo um ano em M2 e dentre um ano e meio e dois anos para evoluir de M3 a M4. SEXO MASCULINO Para o sexo masculino, consideraremos o desenvolvimento dos genitais no estadiamento de Tanner, sendo G1 impúbere. Em G2, o menino apresenta a gonadarca, ou seja, entra na puberdade – isso deve ocorrer entre os 9 e 14 anos de idade, sendo o volume testicular normal entre 4 e 8 mL. Nessa fase, ele ainda está na fase de crescimento estável, crescendo de 4 a 6 cm ao ano. Em G3, o testículo aumenta de volume, variando entre8 e 12 mL; há, ainda, aumento do comprimento do pênis. Nessa fase inicia-se o estirão, quando o menino deve crescer de 10 a 11 cm por ano. Seguindo-se para G4, o volume testicular continua aumentando, variando entre 12 e 16 mL; o pênis também aumenta em comprimento e, agora, em espessura. Trata-se do pico máximo do crescimento. Por fim, em G5, o desenvolvimento puberal se finaliza e o menino entra na fase de desaceleração do crescimento, crescendo entorno de 1 cm ao ano até que a epífise óssea se feche por completo (o que ocorre por volta dos 21 anos). CONCLUSÃO Há alguns motivos para que os homens, em geral, sejam mais altos do que as mulheres. As meninas entram em puberdade antes e isso é concomitante ao estirão. Já os homens, quando entram na puberdade, ainda estão na fase do crescimento estável. Associadamente, há um pico maior de crescimento nos homens. A média da menarca no Brasil é de 12,5 anos, o que significa que nessa idade a maior parte das meninas já estão em M4, finalizando a fase do estirão de crescimento. ALTERAÇÕES NA PUBERDADE Atraso puberal A principal causa de atraso puberal em mulheres é síndrome de Tunner, sendo necessário a pesquisa dessa síndrome para meninas com mais de 13 anos que ainda estejam em M1. Para os homens, devemos pesquisar a Síndrome de Klinefelter. Puberdade precoce Nas meninas, a principal causa de puberdade precoce (85%) é idiopática. Já no homem, 50% ocorrem devido a tumor no Sistema Nervoso Central. Sendo assim, na prática, é muito mais preocupante um menino com puberdade precoce do que uma menina. Retardo constitucional do crescimento e puberdade (RCCP) O retardo constitucional do crescimento e puberdade, como o nome já diz, é uma condição constitucional, ou seja, fisiológica. Durante a fase do crescimento estável, essas crianças costumam crescer no limite mínimo, ou seja, 4 cm. Além disso, por um atraso na entrada da puberdade, ela apresenta um período de tempo mais curto nessa fase, perdendo uma faixa de crescimento. Somando-se o tempo curto na fase do estirão com o crescimento inferior na fase de crescimento estável, a RCCP acaba sendo uma causa de baixa estatura fisiológica.