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PUBERDADE NORMAL 
 
DEFINIÇÕES 
Puberdade x Adolescência 
 Puberdade é a fase em que se completam 
o crescimento somático e o desenvolvimento 
sexual, culminando para a aquisição da capacidade 
reprodutiva. 
 A adolescência, por sua vez, é a fase de 
transição entre a infância e a vida adulta, com 
maturação cognitiva e psicológica. Classifica-se 
diferentemente de acordo com o órgão: 
• Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) 
o Crianças: até os 11 anos, 11 meses 
e 29 dias 
o Adolescentes: dos 12 aos 18 anos 
§ Lei 8069, de 1990, Art. 2º 
• Organização mundial da saúde (OMS) 
o Adolescentes: dos 10 aos 19 anos 
§ Pré-adolescência: 10 – 14 
§ Adolescência: 15 – 19 
§ Juventude: 15 – 24 
Termos específicos da puberdade 
 A telarca se refere ao desenvolvimento do 
tecido mamário nas meninas, o qual é decorrente 
da ação do estradiol, hormônio produzido nos 
ovários. 
A ginecomastia, por sua vez, se refere ao 
desenvolvimento de mama nos meninos, 
consequente da conversão de testosterona em 
estradiol através da aromatase. Isso pode ocorrer 
fisiologicamente em três momentos: (1) logo após 
o nascimento, em decorrência da passagem dos 
hormônios por via transplacentária; (2) 
puberdade; (3) senilidade. Pode ser patológica e 
decorrente, por exemplo, do uso de 
medicamentos e outras drogas. 
 A menarca é o primeiro sangramento 
menstrual, e a espermarca, a primeira produção 
de esperma (emissões noturnas de esperma + 
esperma na urina). 
 Quanto ao desenvolvimento de pelos, 
temos a pubarca, que se refere ao aparecimento 
de pelos pubianos; e a adrenarca, referente ao 
aparecimento de pelos nas axilas (axilarca) e no 
púbis (pubarca), a partir de estímulo adrenal. 
Adrenarca 
 Na maioria das vezes, a adrenarca ocorre 
antes da gonadarca e tem controle independente. 
É caracterizada pelo aumento da síntese e da 
secreção de androgênios na zona reticular da 
adrenal (S-DHEA e DHEA). 
 
 Dentre os principais sinais, estão o odor 
axilar, o aparecimento de pelos pubianos e de 
pelos axilares. Como não há avanço de 
crescimento nessa fase, a adrenarca não é 
parâmetro para definir puberdade precoce. 
 Nas meninas, a adrenarca costuma ocorrer 
aos 6 ou 7 anos de idade, sendo a principal fonte 
de androgênios a glândula adrenal (sobretudo s-
DHEA). Já nos meninos, ela costuma ocorrer entre 
7 e 8 anos, sendo os testículos a principal fonte de 
androgênio (testosterona). 
Estrogênios 
 Existem potencialmente 4 tipos de 
estrogênios: 
• Estrona (E1): hormônio fraco produzido 
principalmente na gordura corporal. 
Outras fontes são o ovário e a placenta. 
• Estradiol (E2): hormônio forte, sendo o 
estrogênio propriamente dito. É a forma 
mais ativa, estando envolvido no ciclo 
menstrual. 
• Estriol (E3): hormônio fraco, produzido 
pela placenta (com ajuda do feto) no 
período da gravidez. 
• Estetrol (E4): também é produzido na 
gravidez, através do fígado fetal. 
 
Após a menopausa, com cessação da atividade dos 
ovários, outros órgãos passam a ser fonte de 
estrógeno, porém em quantidades muito 
pequenas. Dentre eles estão o tecido adiposo, 
ossos, pele, fígado e adrenais. 
 
DESENVOLVIMENTO PUBERAL 
 Os limites de normalidade para o início do 
desenvolvimento puberal são diferentes nos 
sexos. Acredita-se que, por influência de fatores 
externos, a uma tendência à redução da idade 
para início da puberdade. 
• Meninos: 9 aos 14 anos 
o < 9 anos = puberdade precoce 
o > 14 anos = retardo puberal 
• Meninas: 8 aos 13 anos 
o < 8 anos = puberdade precoce 
o > 13 anos = retardo puberal 
Caso os estadiamentos da puberdade mudem 
muito rapidamente, em um período menor do que 
3 meses, temos uma puberdade rapidamente 
progressiva. Faz-se necessário bloqueio puberal 
nesses casos, para correto desenvolvimento do 
indivíduo. 
Geovana Sanches, TXXIV 
Outro conceito é o de puberdade antecipada, 
definido nos meninos por início do 
desenvolvimento entre os 7 e os 9 anos, e na 
menina entre os 6 e 8 anos, porém sem impacto 
na estatura final. 
Início da puberdade 
 A determinação do início da puberdade é 
muito complexa. O eixo hormonal envolve o GnRH 
(hormônio liberador de gonadotrofina), produzido 
no hipotálamo. Ele atua sobre a hipófise, fazendo 
com que esta glândula secrete LH (hormônio 
luteinizante) e FSH (hormônio folículo-
estimulante). Ambos chegam às gônadas 
(testículos e ovários), estimulando-as a secretar os 
hormônios sexuais. 
Eixo na mulher 
 
Eixo no homem 
 
 O androgênio (testosterona) é convertido 
em estrogênio através da ação da aromatase, 
sendo este último o responsável por provocar 
feedback negativo sobre a hipófise anterior e o 
hipotálamo. 
LH e FSH 
 Na vida intrauterina, o feto apresenta 
níveis elevados de LH e FSH. Ao final da gestação e 
com a secção do cordão umbilical, há queda 
progressiva desses hormônios. 
 Por volta dos 3 meses de vida, entretanto, 
há um pico de LH, FSH e estrogênio/testosterona, 
o que provoca uma mini-puberdade. Essa 
alteração é laboratorial, de forma que não se 
relaciona ao desenvolvimento de caracteres 
sexuais e pelos. 
Esse período é um espelho do que ocorre 
na puberdade. Ele se estende, em média, até os 2 
anos de idade, seguido de queda abrupta dos 
níveis hormonais até o início da puberdade 
propriamente dita. 
 
 O período de quiescência que se estende 
dos 2 anos até o início da puberdade é regulado 
por vários fatores. Dentre eles, destaca-se o gene 
MKRN3, o qual funciona como um bloqueador do 
eixo gonadal devido a inibição do GnRH; uma 
mutação inativadora desse gene faz com que a 
criança desenvolva puberdade precoce. 
 No período próximo à puberdade normal, 
há redução fisiológica da atividade do MKRN3 e 
ativação de outros genes, tais como a Kisspeptina, 
a qual estimula o desenvolvimento da puberdade. 
A mutação ativadora desse gene também culmina 
com puberdade precoce. 
Leptina 
 A leptina é um hormônio produzido no 
tecido adiposo. Sendo assim, a quantidade de 
massa corporal (especialmente gorda) – como no 
caso de crianças obesas – faz com que a 
concentração desse hormônio seja alterada, 
exercendo ação diferente no eixo hipotálamo-
hipófise-gonadas (EHHG). 
Geovana Sanches, TXXIV 
Esteroides sexuais 
Fontes 
• Meninos 
o Testículos (testosterona) 
o Córtex adrenal (androgênio) 
• Meninas 
o Ovários (estrogênio) 
o Córtex adrenal (androgênio) 
§ Um tumor produtor de 
androgênio leva a 
puberdade precoce em 
ambos os sexos 
Locais de ação 
• Testosterona 
o Pênis 
o Pubarca 
o Voz grave 
o Barba 
• Estrogênio 
o Mamas 
o Útero (endométrio) 
Regulação da puberdade normal: Kisspeptina 
• Codificada pelo gene KISS1, localizado no 
cromossomo 1 
• Essencial para promover a secreção do 
GnRH, funcionando como orquestradora 
do EHHG 
• Regulação 
o Leptina (produzida no tecido 
adiposo): estimula a kisspeptina 
o Grelina (relacionada à ingesta 
alimentar): inibe a kisspeptina 
Papeis importantes 
• Controle comportamental, emocional e 
cognitivo 
• Interpretação de pistar olfativas e auditivas 
(preferência de parceiros sexuais) 
• Influência sobre o humor e emoções 
• Facilitadora da memória e aprendizado 
o Efeito ainda estudado, assim como 
um possível efeito sobre distúrbios 
reprodutivos, emocionais e 
cognitivos 
Estado nutricional x puberdade 
O estímulo que a leptina exerce sobre a 
kisspeptina pode provocar uma relação entre 
obesidade e puberdade precoce, assim como de 
desnutrição e retardo puberal. Todavia, isso não é 
uma regra. 
• Meninas: o sobrepeso e a obesidade 
tendem a antecipar a puberdade 
• Meninos: o sobrepeso tende a antecipar a 
puberdade, enquanto a obesidade tende a 
atrasar a puberdade 
Regulação da puberdade normal: GnRH 
 A secreção de GnRH é coordenada por uma 
rede neuronal sensível a múltiplos fatores, tais 
como os genéticos, nutricionais, ambientais e 
socioeconômicos. O conhecimento exato sobre a 
influência de cada um deles sobre o 
desencadeamento da puberdade ainda é limitado. 
 
 Atualmente, não se vê tanta correlação 
genética,mas quando temos uma menina cuja 
mãe apresentou puberdade precoce, há maiores 
chances de que a filha também tenha; o mesmo 
não é verdade para puberdade tardia. 
 Um outro exemplo é acerca de crianças 
adotadas, as quais podem evoluir com puberdade 
precoce em decorrência da alteração de diversos 
fatores – a melhora no estado nutricional, do 
ambiente e da condição socioeconômica podem 
favorecer a ativação precoce do EHHG. 
Avaliação da puberdade 
 A secreção pulsátil de GnRH provoca a 
secreção de LH e FSH pela hipófise, sendo esses os 
hormônios definidores do estímulo às gônadas e, 
portanto, os que influenciam diretamente a 
maturação sexual. 
O diagnóstico laboratorial da puberdade é 
realizado pela medida no LH, sendo considerado 
os valores de corte: 
• LH > 0.2 (ICMA) 
• LH > 0.6 (IFMA) 
 
No estágio pré-pubere, há 
um platô entre a produção 
do LH e do FSH. Já no início 
da puberdade, há pulsos 
aumentados de GnRH em 
amplitude e frequência, 
progredindo 1 a 2h/noite. 
Inicialmente, aumenta-se a 
secreção de FSH e 
posteriormente, o quadro se 
inverte, predominando o LH, sendo esse portanto 
o hormônio que será utilizado para definir o 
estado de puberdade. 
Geovana Sanches, TXXIV 
Na prática, muitas vezes vemos uma menina com 
mamas, aceleração no crescimento, idade óssea 
avançada e ovários estimulados, porém com o LH 
suprimido. Nesses casos, devemos sempre 
considerar a soberania da clínica, indicando que 
essa menina já está na puberdade. 
Diagnóstico por imagem 
 Na ultrassonografia pélvica, é possível 
verificar sinais de ativação do EHHG: 
• Útero: comprimento > 3,4 cm 
o Exemplo: 3.6 x 2.0 x 1.8 – a primeira 
medida é sempre indicativa do 
comprimento 
• Ovário: volume > 1.5 a 1,8 cm3 (1.8 mL) 
 
ADRENARCA 
 A adrenarca é o processo gradual de 
maturação da adrenal, regulado pelo ACTH. O 
ponto de start ainda é desconhecido, mas em 
geral ela precede a gonadarca, podendo ser o 
primeiro sinal de puberdade em ambos os sexos. 
Geralmente tem início antes dos 8 anos de 
idade, com pico de ação hormonal entre 20 e 30 
anos; após esse período, há redução gradual. 
Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal 
 O hipotálamo produz 
e secreta o CRH, hormônio 
que atua na hipófise 
estimulando a secreção de 
ACTH. Esse ACTH, por sua 
vez, atual sobre o córtex 
adrenal, o qual responde 
com a produção e secreção 
de androstenediona e DHEA. 
 O DHEA, sob ação da 
sulfatase, é convertido em 
SDHEA (porção sulfatada), o 
qual é considerado o marcador laboratorial da 
atividade da adrenal (a enzima responsável por 
essa reação está presente apenas nessa glândula). 
 Esses elementos provocam os sinais da 
adrenarca, tais como: 
• Pelos pubianos 
• Axilarca (pelos e odor axilar) 
• Acne, principalmente na região frontal 
• Pele oleosa 
 
ESTÁDIOS PUBERAIS DE TANNER 
Meninas 
Mamas 
 Para avaliação das mamas, sempre 
devemos comparar a consistência com outro 
tecido, verificando se o que sentimos é tecido 
glandular ou tecido adiposo. 
• M1: ausência de broto mamário / infantil / 
pré-púbere / impúbere 
• M2: broto mamário < aréola 
• M3: aumento da mama, sem separação do 
contorno areolar 
o Pico do estirão 
• M4: monte secundário, com a aréola e 
papila se projetando acima da mama 
o A menarca ocorre entre M3 e M4 
• M5: mama adulta, sem projeção da aréola 
Pelos 
 A criança pode ter pelos constitucionais, os 
quais são mais finos (semelhante aos da perna). 
• P1: sem pelos / infantil / pré-púbere / 
impúbere 
• P2: pelos pigmentados e crespos nos lábios 
• P3: pelo mais escuro, mais grosso e mais 
ondulado, espalhando-se no púbis 
• P4: pelo parece adulto, mas não se estende 
até as coxas 
• P5: pelo ultrapassa a virilha 
 
 
Meninos 
Genitália externa 
 Inicialmente, há aumento dos testículos e, 
consequentemente, do escroto. 
• G1: infantil, pré-púbere, impúbere 
• G2: aumento dos testículos e escroto 
o A pele fica vermelha e rugosa 
• G3: ↑ comprimento peniano e testículos 
• G4: ↑ diâmetro peniano e diferenciação 
da glande, testículos e escroto maiores e 
pele escrotal mais escura 
Geovana Sanches, TXXIV 
• G5: pênis adulto 
Pelos 
• P1: sem pelos / infantil / pré-púbere / 
impúbere 
• P2: pelos púbicos esparsos e retos ao longo 
da base do pênis 
• P3: pelo mais escuro, mais grosso e mais 
encaracolado, atingindo a ½ do púbis 
• P4: pelo parece adulto, mas não se estende 
até as coxas 
• P5: pelo ultrapassa a virilha 
 
 
Axilarca (ambos os sexos) 
• A1: sem pelos 
• A2: pelos finos 
• A3: pelos adultos 
Progressão entre os estágios de Tanner 
A média do intervalo entre os estágios é de 
1 ano, sendo que a duração completa do 
desenvolvimento, para a maioria dos indivíduos, 
se dá em 3 a 4 anos. 
• Evolução < 6 meses: anormal 
• Se < 3 meses: puberdade rapidamente 
progressiva 
o Necessário bloquear o EHHG 
 
CARACTERERÍSTICAS SEXUAIS 
Meninas 
Características sexuais primárias 
• Mucosa vaginal progressivamente mais 
espessa e enrugada 
o Libera secreção clara (aumento de 
volume nos meses que antecedem 
a menarca) 
• Redução do pH vaginal em decorrência do 
aumento na produção de ácido láctico 
(lactobacilos) 
• Deposição de gordura subcutânea nos 
grandes lábios e monte pubiano 
• Pequenos lábios e clitóris mais 
proeminentes 
• Aumento progressivo de volume do útero 
e dos ovários 
o Útero: aumenta a relação 
corpo/colo, adquirindo forma 
tubular (em pera) 
 
O alongamento da vagina pode ser o primeiro sinal 
de puberdade na menina, mas não é possível 
estudar isso em seres humanos. 
Assim, é comum que o primeiro sinal seja uma 
observação da mãe, a qual refere a presença de 
uma secreção esbranquiçada nas calcinhas da 
filha, não acompanhada de odor fétido ou prurido 
– relaciona-se a ação do estrógeno sobre a mucosa 
vaginal, causando a sua descamação, a qual se 
apresenta como uma secreção clara. 
Características sexuais secundárias 
• Inicialmente: discreto aumento na 
velocidade de crescimento 
• Adrenarca (axilarca e odor axial): início 
bioquímico, por aumento do SDHEA 
o Ocorre aproximadamente aos 6 
anos de idade 
• Telarca (M2): primeiro sinal visível na 
maioria das meninas. Podemos verificar o 
desenvolvimento uni ou bilateral, sendo 
comuns as assimetrias 
o Ocorre aproximadamente entre os 
10 e 11 anos de idade 
o Entre M2 e M5, há uma média de 3 
a 4 anos, de forma que o 
desenvolvimento se finaliza por 
volta dos 14 anos 
• Pubarca: normalmente é o segundo sinal 
de puberdade; trata-se de um sinal clínico 
da adrenarca 
o Geralmente, ocorre de 6 a 12 
meses após a telarca 
§ Em 15% das meninas, o 1º 
sinal de puberdade é a 
pubarca e não a telarca 
o Entre P2 e P5, há uma média de 3 
anos 
Menarca 
 A menarca ocorre aproximadamente aos 
12,8 anos de idade (11 – 13 anos), cerca de 2 anos 
após M2. Geralmente não está associada à 
Geovana Sanches, TXXIV 
ovulação, decorrendo da ação exclusiva de E2 no 
endométrio. 
 A eumenorreia (ciclos menstruais 
regulares) ocorre aproximadamente 2 anos após a 
menarca. Isso pois, no período inicial o eixo ainda 
é muito imaturo, necessitando desse tempo 
médio para completa maturação – interação E2 + 
progesterona. 
 Em relação ao crescimento, após a 
menarca, a maioria das meninas crescem 2,5cm (1 
a 7 cm). Considerando a média de crescimento em 
relação ao estadiamento de Tanner, temos cerca 
de 25cm do M2 ao M5. 
Meninos 
Características sexuais primárias 
• Desenvolvimento do pênis e do escroto 
Características sexuais secundárias 
• Aumento do testículo 
o LH à células de Leydig à 
testosterona 
• Adrenarca: axilarca / odor axilar 
• Início: aumento do volume testicular (> 4 
cm3 – valor próximo as olivas do 
estetoscópio, de forma que podemos 
utilizar esse tamanho como referência) 
• Pubarca e crescimento peniano 
• Ginecomastia: pode ocorrer em G3/P3 ou 
G4/P4 
• Transição da voz: ocorre em G3/P3 ou 
G4/P4 
o Os homens apresentam uma voz 
mais grave do que as mulheres 
devido ao crescimento da 
cartilagem cricóide (cordas vocais)sob estímulo da testosterona 
• Barba: ocorre apenas em G5 
 
ESTIRÃO PUBERAL 
Meninas 
O estirão puberal de altura nas meninas 
ocorre na primeira metade da puberdade, sendo o 
ganho de estatura principal do M2 até a menarca 
(X= 12 aos 12,2 anos // 2 e 2,5 anos). 
Logo após a menarca, ocorre o estirão do 
peso, principalmente as custas de massa gorda. 
Meninos 
 O estirão puberal de altura nos meninos é 
concomitante ao estirão de peso, ambos na 
segunda metade da puberdade. No caso dos 
meninos, o estirão de peso ocorre principalmente 
as custas de massa magra (testosterona). 
 O aumento do gasto energético implica em 
uma maior facilidade para perda de peso nesse 
período. 
Estirão puberal da altura 
O estirão puberal da altura envolve os 
componentes apendicular (membros) e axial 
(tronco). Inicialmente, os membros têm uma 
aceleração no crescimento superior ao tronco: 
• Início da puberdade: porções distais antes 
das proximais – “só mãos e pés” 
o O crescimento dos pés inicia um 
ano antes do corpo e cessa um ano 
antes do corpo crescer em altura. 
Esse crescimento anterior é 
necessário para sustentar o corpo 
posteriormente 
o Quando o adolescente deixa de 
trocar o número de sapato por 
cerca de 6 meses, o final do estirão 
está próximo 
• Final da puberdade: o surto do 
crescimento é principalmente troncular 
Cartilagem de crescimento 
 A cartilagem de crescimento é o principal 
determinante para o crescimento. 
A placa epifisária (= placa de crescimento) 
é uma placa de cartilagem hialina, localizada na 
metáfise da terminação dos ossos longos. Ela está 
presente em crianças e adolescentes e tem como 
função auxiliar no crescimento ósseo. 
 
Fatores hormonais 
 Há três fatores hormonais principais que 
atuam no estirão puberal: estrogênio, GH e IGF1. 
Todos esses hormônios atuam na cartilagem de 
crescimento, promovendo a junção das epífises. 
Nos meninos, o estrogênio é proveniente 
da aromarização da testosterona. 
 
Geovana Sanches, TXXIV 
 Os hormônios tireoidianos e os 
glicocorticoides também participam da regulação 
do crescimento, tendo um papel secundário nesse 
processo. 
Doenças que causam baixa estatura 
• Desnutrição: ↓ GH, IGF, T3, E2/T 
• Hipotireoidismo: ↓ T3 
• Uso de corticóide crônico: nefropatia, 
reumatopatia 
• Hepatopatia: o fígado é a principal fonte 
de IGF 1 circulante 
• Osteopatia 
 
 
 Essas doenças impedem a ação hormonal 
adequada na cartilagem de crescimento, “astro” 
principal desse processo. 
 
Estágios do estirão 
1. Estágio inicial: velocidade de crescimento 
(VC) desacelera na pré-puberdade (cerca 
de 1 ano antes) 
2. Pico da VC (PVC): aceleração rápida do 
crescimento, que ocorre entre M2 e M3 
nas meninas, e entre G3 e G4 nos meninos 
o 20% da altura adulta se acumula 
durante a puberdade 
o O pico máximo da velocidade de 
crescimento ocorre cerca de 2 anos 
antes nas meninas, quando 
comparados aos meninos 
§ VC média ♀ = 8 a 9 cm/ano 
§ VC média ♂ = 9 a 10 
cm/ano 
3. Estágio final: diminuição da VC e 
interrupção do crescimento (fusão 
epifisária) 
 
 Os meninos tendem a ser mais altos do que 
as meninas, pois o estirão ocorre mais 
tardiamente. Além disso, durante o estirão 
puberal, a velocidade de crescimento nos meninos 
é maior. 
Alvo genético 
• Menino = [(Epai + Emãe) + 13]/2 
• Menina = [(Epai + Emãe) - 13]/2 
o DP: ± 8 
Idade óssea 
 Ao visualizarmos o sesamoide no raio-X de 
idade óssea, temos uma idade óssea de 11 anos na 
menina e de 13 anos no menino. É a idade óssea 
quem definirá até quantos anos cronológicos o 
adolescente irá crescer, tendo em vista que 
permite visualizar o fechamento das epífises. 
 
Estirão do peso 
 O estirão do peso ocorre após a menarca 
nas meninas, caracterizando-se pelo aumento da 
massa gorda. Já nos meninos, é concomitante ao 
estirão de estatura e se caracteriza pelo maior 
ganho de massa magra em relação à massa gorda, 
fator estimulado pelos níveis de testosterona. 
Influência dos fatores nutricionais na puberdade 
 A obesidade não está associada a perda de 
estatura final. As crianças tendem a ser 
momentaneamente maiores, mas isso não 
significa que eles serão mais altos posteriormente. 
Relaciona-se muito mais a aceleração da 
adrenarca, mas não da gonadarda, de forma que 
não causa puberdade precoce. 
• Maior avanço da idade óssea 
• Maior frequência de pubarca ou axilarca 
sem secreção de LH 
• Maior crescimento na fase pré-puberal 
• Menor crescimento na fase puberal 
 
EIXOS HORMONAIS NA PUBERDADE 
Eixo Hipotálamo-Hipófise-Ovários 
• FSH estimula o crescimento dos folículos 
ovarianos e junto com o LH estimula a 
síntese de estradiol ou 17β-estradiol ou E2 
• E2 
• Desenvolve e mantém as mamas 
• Estimula o estirão puberal 
• Estimula a maturação óssea 
Geovana Sanches, TXXIV 
• + Progesterona = menstruação 
 
Eixo Hipotálamo-Hipófise-Testículos 
• FSH estimula: 
o Crescimento dos túbulos 
seminíferos → ↑ volume testicular 
o Células de Sertoli a produzirem 
inibina B (inibe a secreção de FSH) 
• LH estimula 
o Células de Leydig → testosterona 
→ ↑ volume testicular 
o Hipertrofia muscular, crescimento 
dos túbulos seminíferos 
o Testosterona → estrogênio: 
estirão, maturação óssea e 
ginecomastia 
 
 
ESTADIAMENTO DE TANNER x 
CRESCIMENTO 
 
O estadiamento de Tanner está 
intimamente relacionado com a puberdade e com 
o crescimento normal das crianças e adolescentes. 
 
FASES DO CRESCIMENTO 
 Durante a adolescência, o crescimento 
pode ser dividido em três fases. 
 
1. Crescimento estável: nesse período, 
independente do sexo, há crescimento médio de 4 
a 6 cm por ano. 
2. Aceleração ou Estirão: trata-se do pico de 
crescimento, momento em que se iniciam as 
alterações entre os sexos. Nesse período, as 
meninas crescem de 8 a 9 cm por ano, enquanto 
os meninos crescem de 10 a 11 cm. 
3. Desaceleração: durante o período de 
desaceleração, o crescimento entre os sexos volta 
a ser semelhante, pois ambos crescem em média 
1 cm por ano. Todavia, esse crescimento costuma 
se estender até os 18 anos em mulheres e até os 
21 em homens (a depender da idade óssea). 
 
SEXO FEMININO 
 A desenvolvimento mamário segundo a 
classificação de Tanner nos permite verificar se o 
crescimento da adolescente está normal, tendo 
em vista que para cada fase de desenvolvimento, 
há uma faixa de crescimento específica. 
 Quando a menina está em M1, dizemos 
que ela está impúbere, momento correspondente 
ao crescimento estável (4 a 6 cm por ano). Já em 
M2, no momento da telarca (desenvolvimento do 
broto mamário), há início da puberdade e entrada 
no estirão do crescimento – isso deve ocorrer 
habitualmente entre os 8 e 13 anos de idade. 
 Em M3, temos o ápice do crescimento, 
momento em que a menina deverá crescer entre 
8 e 9 cm ao ano. Por fim, em M4, temos a menarca 
em 85% das meninas (uma pequena porcentagem 
apresenta-a em M3), concomitante a fase de 
desaceleração do crescimento (fechamento da 
epífise óssea, que se segue em média até os 18 
anos). 
 É importante documentar que a maior 
parte das meninas terminam o desenvolvimento 
mamário em M4, no qual há projeção da aréola e 
do mamilo. Grande parte delas só entram em M5 
após a gravidez, no qual há retração da aréola e do 
mamilo, além do caimento dos ângulos supra e 
Geovana Sanches, TXXIV 
inframamários (a mama assenta-se um pouco 
mais sobre o tórax). 
 
 Dentre M2 até a menarca, temos um 
período médio de 2,5 a 3 anos, sendo um ano em 
M2 e dentre um ano e meio e dois anos para 
evoluir de M3 a M4. 
 
SEXO MASCULINO 
 Para o sexo masculino, consideraremos o 
desenvolvimento dos genitais no estadiamento de 
Tanner, sendo G1 impúbere. 
 Em G2, o menino apresenta a gonadarca, 
ou seja, entra na puberdade – isso deve ocorrer 
entre os 9 e 14 anos de idade, sendo o volume 
testicular normal entre 4 e 8 mL. Nessa fase, ele 
ainda está na fase de crescimento estável, 
crescendo de 4 a 6 cm ao ano. 
 Em G3, o testículo aumenta de volume, 
variando entre8 e 12 mL; há, ainda, aumento do 
comprimento do pênis. Nessa fase inicia-se o 
estirão, quando o menino deve crescer de 10 a 11 
cm por ano. 
 Seguindo-se para G4, o volume testicular 
continua aumentando, variando entre 12 e 16 mL; 
o pênis também aumenta em comprimento e, 
agora, em espessura. Trata-se do pico máximo do 
crescimento. 
 Por fim, em G5, o desenvolvimento puberal 
se finaliza e o menino entra na fase de 
desaceleração do crescimento, crescendo entorno 
de 1 cm ao ano até que a epífise óssea se feche por 
completo (o que ocorre por volta dos 21 anos). 
 
CONCLUSÃO 
 Há alguns motivos para que os homens, em 
geral, sejam mais altos do que as mulheres. 
 As meninas entram em puberdade antes e 
isso é concomitante ao estirão. Já os homens, 
quando entram na puberdade, ainda estão na fase 
do crescimento estável. Associadamente, há um 
pico maior de crescimento nos homens. 
 A média da menarca no Brasil é de 12,5 
anos, o que significa que nessa idade a maior parte 
das meninas já estão em M4, finalizando a fase do 
estirão de crescimento. 
 
ALTERAÇÕES NA PUBERDADE 
Atraso puberal 
A principal causa de atraso puberal em 
mulheres é síndrome de Tunner, sendo necessário 
a pesquisa dessa síndrome para meninas com mais 
de 13 anos que ainda estejam em M1. Para os 
homens, devemos pesquisar a Síndrome de 
Klinefelter. 
Puberdade precoce 
Nas meninas, a principal causa de 
puberdade precoce (85%) é idiopática. Já no 
homem, 50% ocorrem devido a tumor no Sistema 
Nervoso Central. Sendo assim, na prática, é muito 
mais preocupante um menino com puberdade 
precoce do que uma menina. 
Retardo constitucional do crescimento e 
puberdade (RCCP) 
O retardo constitucional do crescimento e 
puberdade, como o nome já diz, é uma condição 
constitucional, ou seja, fisiológica. Durante a fase 
do crescimento estável, essas crianças costumam 
crescer no limite mínimo, ou seja, 4 cm. Além 
disso, por um atraso na entrada da puberdade, ela 
apresenta um período de tempo mais curto nessa 
fase, perdendo uma faixa de crescimento. 
Somando-se o tempo curto na fase do 
estirão com o crescimento inferior na fase de 
crescimento estável, a RCCP acaba sendo uma 
causa de baixa estatura fisiológica.

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