Buscar

RELATÓRIO DE DOCUMENTÁRIO "Como a Terra fez o Homem"

Prévia do material em texto

RELATÓRIO DE AULA
Documentário: Como a Terra Fez o Homem
Disciplina: Genética Molecular e Evolução
Data: 17 de março de 2017.
 	O documentário Como a Terra Fez o Homem aborda comportamentos, situações e características do homo sapiens que refletem acontecimentos geológicos e remontam hábitos e particularidades de nossa era primitiva, demonstrando que somos um magnífico produto de uma evolução contínua, que ocorre com todos os animais há milhões de anos. 
 	O primeiro aspecto pontuado pelo vídeo é a nossa capacidade de arremesso, que remonta a época da pré-história, onde foi necessário o desenvolvimento dessa habilidade para que fosse possível realizar caçadas menos perigosas com o uso de lanças, pois o arremesso proporcionava uma distância “segura” (de até 6 metros) entre caçador e presa. Essa particularidade dos hominídeos hoje em dia é posta em prática em diversos esportes, trazendo uma grande satisfação aos seus adeptos devido à esta conexão. 
 	O soluço é uma peculiaridade posta em pauta como um vestígio da adaptação dos animais aquáticos ao ambiente terrestre, é o que permite peixes primitivos e girinos respirarem ar, pois o movimento da epiglote que gera o soluço tem a função de “fechar” ou “abrir” a passagem do ar pelas vias aéreas conforme o ambiente em que o organismo se encontrar (água ou terra). 
 	Nessa época de transição entre habitats adquirimos também a capacidade de fazer flexões, como um peixe se erguendo da água. Essa proposição se embasa no fato de todos os animais terrestres, inclusive humanos, compartilharem muitas estruturas anatômicas dos membros superiores com peixes primitivos, assim como genes e componentes dos ouvidos.
 	Após a adaptação ao ambiente terrestre, “herdamos” dos répteis primitivos o formato dos dentes, o metabolismo de sangue quente e os ossículos da audição, que nos confere uma sensibilidade auditiva muito aguçada. Estes ossículos (martelo, bigorna e estribo) faziam parte da mandíbula destes ancestrais que sobreviveram a um processo de extinção em massa conhecido como a grande agonia. 
 	Além disso, boa parcela do nosso sucesso adaptativo deve-se à extinção dos dinossauros, evento ao qual os pequenos mamíferos, posteriores aos répteis, conseguiram sobreviver pelo fato de habitarem tocas e permanecerem sempre escondidos. O vestígio desses pequenos mamíferos presente nos seres humanos são os arrepios, que serviam aos nossos antepassados para conservação de calor e para parecer maiores frente a oponentes. 
 	Os mamíferos precisavam estar constantemente em estado de alerta por causa dos predadores, o que nos trouxe inúmeros legados evolutivos. Os primatas passaram milhões de anos dormindo em árvores e não podiam cair ao dormir obviamente para não se tornarem presas fáceis, ficando em desvantagem tanto pelo barulho da queda que os delataria quanto por algum ferimento que comprometesse sua fuga, e dessa condição herdamos o sobressalto para acordar de um cochilo, porque o sono implica num relaxamento dos músculos que pode ser interpretado pelo cérebro como uma queda. 
 	O fato de enxergamos rostos em lugares onde eles não estão presentes também vem da necessidade de identificar ameaças rapidamente, assim como a predileção que temos por paisagens abertas, onde possamos enxergar qualquer indício de perigo. 
 	A aversão que sentimos por aranhas e cobras vem da autopreservação ancestral de evitar animais perigosos, e a sensação de agonia ao ouvir o som de unhas raspando num quadro negro também está relacionada ao instinto de sobrevivência, porque o som é similar à um alerta de perigo emitido em comunidades de primatas. 
 	Nos esportes também evidenciamos nossas condições primitivas, pois adquirimos a capacidade de correr para podermos fugir de predadores e nossa tendência a violência remonta à briga pela sobrevivência com outras espécies, o que hoje se manifesta em esportes de combate. Além das situações já mencionadas o vídeo também comenta posteriormente sobre o nojo ser um instinto de proteção contra substâncias infectadas.
 	Além desses aspectos rudimentares de sobrevivência também passamos por modificações cerebrais súbitas para que tivéssemos capacidade cognitiva de lidar com a volatilidade terrestre, de forma que o cérebro se expandiu em 300%, e disso resultou nossa capacidade de tomar decisões rápidas e uma falha elétrica conhecida como déjà vu. Nossa forma de pensar e agir também foi fortemente marcada pela nossa evolução. Um exemplo do poder geológico atuando sobre nosso comportamento é o fato de sermos encorajados a ter relações sexuais após desastres no sentido de repor os membros da espécie que forem perdidos. 
 	Também encontramos sinais dos acontecimentos anteriores da terra em nossa constituição genética, que é muito pouco variável entre indivíduos de nossa espécie, o que evidencia a ocorrência de uma extinção em massa, da qual restaram poucos hominídeos que repovoaram a terra. 
Por fim, o documentário insere todos os fatos apresentados num panorama cronológico, mostrando que trazemos características desde a época em que “fomos” organismos unicelulares até a nossa evolução para primatas, passando pelo “estágio” de animais aquáticos, répteis e pequenos mamíferos, sobrevivendo a diversas extinções em massa e se adaptando frente a cada circunstância de dificuldades para a permanência da espécie. 
 	Analisando todos os fatos é possível apreender que a história do homem foi dependente de circunstâncias muito diversas que conferiram ao nosso organismo o nível de atual complexidade. Partimos do mesmo patamar evolutivo que os demais seres vivos e carregamos muitos indícios primitivos tanto das condições terrestres quanto de animais que nos precederam, ajudando a remontar nossas origens. A visualização da evolução como o processo que culminou naquilo que somos hoje é até certo ponto chocante, mas pode ser a chave da compreensão do que somos, porque somos e como lidar com isso. 
 	Nossa necessidade de sobrevivência foi o que indiretamente resultou na arte e na ciência, porque nossa adaptação conferiu uma grande plasticidade cerebral, que pôde, após suplantadas nossas necessidades mais emergenciais, voltar sua capacidade de criação e de percepção para outros objetivos.
 	 Assim, é possível compreender que não somos animais especiais e tampouco dominamos todo o nosso comportamento uma vez que dependemos da sorte, dos eventos geológicos, dos seres primitivos e até mesmo dos predadores que moldaram nossos instintos biológicos. Nos diferimos somente em aspectos culturais, que também são só um subproduto da evolução que nos proporcionou um telencéfalo altamente desenvolvido da mesma forma que poderia ter acontecido com qualquer animal. 
Como dito por Darwin “apesar de toda a nossa civilidade, o homem ainda traz em sua estrutura física a marca indelével de sua origem primitiva”, pois nossa consciência e racionalidade sempre estarão à mercê de nossas intuições remotas, é como demonstrado no próprio vídeo, onde as pessoas se recusaram a beber o suco de laranja devido ao contato com o inseto, embora tivessem conhecimento de que o agente havia sido esterilizado e não oferecia qualquer tipo de risco. 
 	A despeito disso, fomos presenteados com a curiosidade e a capacidade de compreensão dos fenômenos do mundo observável o que pode ser entendido como uma forma de poder, que, no entanto, não nos isentará de continuar participando do processo evolutivo e de provavelmente sermos extintos e suplantados por outra espécie dominante, como sugerido no encerramento do filme.