Buscar

2001-tcc-jcpmoreira

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, 
ATUÁRIA E CONTABILIDADE 
CIÊNCIAS ECONÔMICAS 
ANÁLISE DO MERCADO DE MOTOCICLETAS NO BRASIL 
ENTRE OS ANOS DE 1986 A 2000 - SOB A ÓTICA DA 
ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL. 
JOSÉ CÉSAR PON'IES MOREIRA 
FORTALEZA, JUNHO DE 2001. 
ANÁLISE DO MERCADO DE MOTOCICLETAS NO BRASIL 
ENTRE OS ANOSDE1986A2000—SOB A ÓTICA DA 
ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL. 
JOSÉ CÉSAR PONTES MOREIRA 
Orientador: EURIPEDYS EWBANK ROCHA. 
Monografia apresentada á Faculdade de 
Economia, Administração, Atuaria e 
Contabilidade, para obtenção do grau de 
Bacharel em ciências econômicas. 
FORTALEZA — CE 
2001 
 
 
Média 
Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Economia, 
corno parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em 
Ciências Econômicas, outorgado pela Universidade Federal do Ceará — UFC 
e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida 
Universidade. 
A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que 
feita de acordo com as normas de ética científica. 
Nota 
Professór: Eiúripedys Ewbank Rocha 
Orientador 
Professor : Era- cise osé da Silva 
Membro da Banca Examinadora 
Professor : Erivaldo Gadelha Moreira 
Membro da Banca Examinadora 
Monografia aprovada em 
2 
de 	A o de 2001. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
A DEUS, que meu deu vida e inteligência, e que me dá força para 
continuar a caminhada em busca dos meus objetivos. 
Ao professor Euripedys Ewbank Rocha que pela dedicação na 
realização deste trabalho, que sem sua importante ajuda não teria sido 
concretizado. 
Aos meus pais, João Adroaldo Moreira e Maria Pontes Moreira que me 
ensinaram a não temer os desafios e a superar os obstáculos com 
humildade. 
À minha esposa, Gláucia Rebeca Teixeira de Oliveira que incentivou 
durante todo o curso da realização desse trabalho. 
Ao Senhor Franklin de Melo Neto, diretor da ABRACICLO, que sempre 
muito atenciosamente e cortesia respondia as minhas indagações 
rapidamente contribuindo em muito para a realização da monografia. 
Ao Senhor Augusto Pontes Pereira, Presidente do Grupo Auge Motos, 
que colaborou com o meu trabalho de pesquisa nas dependências de suas 
empresas. 
Aos Senhores Alonso Guerreiro Filho e Braz Cortez da Silva, 
vendedores de motocicletas, que com cordialidade e atenção se dispuseram 
a conceder entrevista para complementar o presente trabalho. 
Ao senhor Francisco Barreto Saraiva, que mostrou atenção e 
disponibilidade para ajudar e buscar informações para o trabalho. 
E aos demais, que de alguma forma contribuíram na elaboração desta 
monografia. 
SUMARIO 
AGRADECIMENTOS 
SUMÁRIO 
RESUMO 
INTRODUÇÃO 
CAPITULO 1 
1. 	MERCADO DE MOTOCICLETAS NO BRASIL 
o 1.1 Evolução das Montadoras de Motocicletas no Brasil. 	03 
o 1.2 Concentração no Mercado de Motocicletas. 	11 
o 1.3 Análise da Turbulência no Mercado de Motocicletas, 
1986-2000. 	15 
o 1.4 Análise sobre Carros e Motocicletas Populares. 	21 
o 1.5 Análise do Comportamento do Mercado de Motocicletas 
no Ceará, 1994-2000. 	25 
o 1.6 Análise do Mercado das Motocicletas no Brasil, entre os 
anos de 1986-2000. 	 30 
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS 	32 
3. ANEXOS 	35 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 	 38 
01 
03 
RESUMO} 
Este trabalho analisa sobre a ótica da Organização Industrial a evolução das 
montadoras de motocicletas no Brasil e o comportamento do mercado de 
motocicletas no período de 1986-2000. 
O mercado de motocicletas no Brasil tende a crescer em vendas e produção 
devido a maior demanda por esse tipo de veículo nas empresas públicas e privadas, 
nos serviços de tele-entrega e no crescimento da categoria dos mototáxistas. A 
motocicleta é um veículo relativamente barato, económico e de simples 
manutenção. O número de montadoras no mercado nacional vem crescendo em 
ciclos cada vez mais curtos; primeiramente instalou-se a YAMAHA e a CALOI, em 
1975, em seguida a HONDA, EM 1976, a VESPA e AGRALE em 1985, BRANDY 
em 1995, a KASINSKI em 1998, e em seguida a APRILIA em 1999, mais 
recentemente entrou no mercado a SUZUKI, KAWASAKI e HARLEY-DAVIDSON, 
no período 2000-2001. 
O mercado de motocicletas é concentrado, sendo duas quase-firmas HONDA 
e YAMAHA que dominam esse segmento com pelo menos 80% na participação das 
vendas no Brasil. A HONDA , quase-firma líder,ao longo do período estudado (1986-
2000), veio aumentando a sua participação, em 1986 detinha 62% das vendas, e 
em 2000 passa a ter urna participação de 89% das vendas no mercado nacional. 
A produção de motocicletas tem uma redução no período de 1986-1993, 
apresentando menores índices de turbulência; ,á 	período de 1994-2000, a 
produção aumenta, dando maior dinâmica ao mercado, e os índices de turbulência 
se apresentam maiores. A amplitude dos índices de turbulência no período 1986-
1993 é da magnitude de 120%; para o período de 1994-2000 essa mesma 
magnitude é bem maior, tendo um valor de 300%, o que é ratificado pela 
Organização Industrial que postula que em momentos de recessão os índices de 
turbulência são menores, e nos momentos de expansão os índices de turbulência se 
mostram de maior magnitude relativamente a períodos de recessão. 
O preço médio de motocicleta popular no período 1995-2000 teve uma 
variação de 62%, enquanto a variação do preço médio do carro popular no mesmo 
período foi de 119,7%, o que contribuiu para o excelente desempenho das vendas 
de motocicletas no período (1995-2000). 
Analisando o mercado de motocicletas no Ceará no período 1994-2000, 
observa-se a tendência de expansão nas vendas nesse segmento. A frota de 
motocicletas no Estado do Ceará cresceu em 165,3% num curto período de seis 
anos(1994/2000). 
O processo de abertura comercial e o Plano Real a partir de 1994 deram maior 
dinâmica a economia nacional e nessa dinâmica o segmento de motocicletas teve 
um nítido aquecimento. 
iNTRODUÇÃO 
Esta monografia tem corno objetivo principal analisar o 
desenvolvimento do mercado de motocicletas e motociclos — duas rodas — no 
Brasil, mais especificamente o desempenho das montadoras instaladas no 
mercado nacional, entre os anos de 1886 a 2000. Para isto, serão 
examinadas a evolução da produção de motocicletas e motociclos, e a 
turbulência nesse mercado durante o período referido. 
Ao longo do trabalho serão discutidos pontos corno a entrada de novas 
montadoras no segmento duas rodas a partir da segunda metade dos anos 
90,a liderança da HONDA e a as vantagens de motocicletas enquanto 
veículos rápidos e baratos. 
O crescimento do segmento duas rodas, nesse período foi satisfatório, 
haja vista que se observará um crescimento nesse setor ao longo desses 
anos, principalmente para a HONDA e a YAMAHA — sendo que para a 
HONDA numa escala maior e pra YAMAHA numa escala bem menor, mas 
significativa. 
O segmento é caracterizado pela concentração, oligopólio, sendo que a 
partir do inicio da abertura da economia em 1993 surgem marcas novas no 
mercado, que são importadas e vendidas no mercado interno, sem arranhar 
a posição das marcas líderes no mercado, e ver-se também a entrada de 
montadoras corno a SUZUKI, KAWASAKI e HARLEY-DAVIDSON. 
A presente monografia se ocupará mais especificamente da conduta e 
estrutura industrial das montadoras de motocicletas e motociclos instaladas 
no Brasil. 
O trabalho está organizado num só capítulo dividido em sub-títulos, 
organizados da seguinte forma: 
Sub-título 1.1 — apresenta comentários sobre a história e evolução do 
mercado nacional duas rodas, primeiras montadoras, crescimento do 
segmento e surgimento dos mototáxistas. 
Sub-título 1.2 - buscará evidências de concentração do mercado de 
motocicletas, utilizando informações sobre as vendas de motocicletas no 
período 86-2000. 
Sub-título 1. 3 - análise a turbulência no mercado duas rodas, para isso o 
período referido 1986-2000 será dividido em doisoutros períodos 1986-93 e 
1994-00, mostrando respectivamente um movimento de depressão e um 
outro urna dinâmica ou aquecimento do mercado. 
Sub-título 1.4 - apresentará análise sobre os preços médio de carros e 
motos populares. Observando os aspectos da popularidade do veículo duas 
rodas no Brasil. 
Sub-título 1.5 - será feito uma análise particular sobre o mercado de motos 
no Ceará. Apresentando dados sobre a frota de motocicletas no Estado e na 
Capital, entre os anos de 1994-2000. Utilizando-se também de entrevistas 
realizadas com profissionais que trabalham com vendas de motocicletas. 
Sub-título 1.6 - fará uma análise geral do mercado duas rodas no Brasil, 
com base nos dados de produção do período estudado (1986-2000), citando 
alguns aspectos conjunturais da economia brasileira de modo geral. 
Finalmente, as Considerações Finais apresentando uma avaliação da 
evidência estudada, e um resumo da evolução das montadoras no mercado 
nacional. 
2 
CAPITULO 1 
	
1. 	MERCADO DE MOTOCICLETAS NO BRASIL 
	
1.1 	Evolução das Montad6ras de Motocicletas no Brasil 
A história das montadoras de motocicletas no Brasil começa em 1975 
com a instalação das duas quase-firmas' YAMAHA e CALOI, seguida de 
perto pela HONDA , instalada em 1976. Durante nove anos essa estrutura 
foi estável, pois somente em 1985 VESPA e AGRALE ingressaram como 
quase-firmas no mercado brasileiro. Novamente essa estrutura permanece 
estável2 por mais dez anos, sendo ampliada somente em 1995 com a 
chegada de quase-firma BRANDY. A partir daí o ciclo fica mais curto com a 
entrada de três anos depois da KASINSKY seguida pela APRILIA somente 
um ano depois. Esse novo ciclo, passa a ser a tônica, pois em 2000 
instalam-se as fabricantes SUZUKI e a KAWASAKI e em 2001 chega a 
HARLEY-DAVIDSON. 
Tal comportamento da estrutura industrial das montadoras de 
motocicletas pode ser explicada através da Organização Industrial. Assim, 
quando observamos o desempenho de produção geral de motos no Brasil no 
período 86-2000, vemos de modo abrangente duas tendências bastante 
distintas. A primeira, de 86-93, revela uma depressão na produção; a 
segunda, de 94-00, contrariamente, mostra urna nítida expansão produtiva. A 
literatura da Organização Industrial mostra a maior facilidade para a entrada 
de novas firmas ou quase-firmas justamente no período de crescimento, pois 
nesse momento as condições de demanda e conjunturais estão mais 
1 Quase-firma — é uma firma multinacional instalada em determinado país, que não tem autonomia 
administrativa e política, sendo as ações e estratégias tomadas a partir de decisões expressas da sede 
da firma,matriz. Ver. Rocha, Euripedys Ewbank. Sete tópicos da organização industrial. Pesquisa 
DTE/UEC . cap. 3. Fortaleza:1999. 
3 
favoráveis3 e também se torna possível a criação de firmas voltadas para 
nichos de mercado, como veremos mais adiante. 
Outro ponto muito importante é a ausência,em qualquer fase do período 
estudado, de fusões ou aquisições de firmas no setor. Essa ausência, 
contrariando em certo sentido a tendência mundial nos anos noventa uma 
série de indústrias (como a AMBEV, PARMALAT, BOM PREÇO, 
CARREFOUR — no setor de supermercados). De certo modo não há 
justificativa para a intervenção do CADE no setor de montadoras de motos4. 
Esse fato em certo sentido dá uma atração extra para o estudo desse setor, 
pois sabe-se desde já que todos os movimentos de produção, preços, 
lançamentos de modelos e as próprias entradas de novas firmas e as saídas 
daquelas já existentes ocorreram num ambiente pressupostamente como 
competitivo. Tudo isso apesar da produção conjunta da HONDA e da 
YAMAHA permanecer em níveis superiores a 80% da produção global. 
0 mercado de motocicletas no Brasil 	tem uma representação 
significativa para as firmas do setor. Em 1993 as vendas das duas maiores 
2 Ver: Santos, Angelo. A nova economia da internet e a organização industrial. Monografla.cap.1, 
p.6. Fortaleza : 2000. 
Ver. Rocha, Euripedys Ewbank, op cite, cap. 3. 
4 "Em virtude de se ter enfatizado que a única condenação do CADE, em razão de conduta, foi a multa 
aplicada no caso conhecido como Cartel do Aço, à CSN, USIMINAS e COSIPA (cartelização), restou a 
impressão de que o referido sistema privilegia o controle de concentrações, em detrimento de detecção e 
punição das condutas caracterizadas como infração à ordem econômica. Esqueceu-se a menção de 
outras condenações impostas, como às entidades representativas do setor de saúde e outras entidades 
de classe (imposição de tabela de preços),e à Folha da Manhã e O Estado de São Paulo (exclusividade 
para propaganda publicitária). Não se levou em conta, entretanto, que tal luta tem sido encetada também 
para outros meios, não menos eficazes, como pelo compromissos de cessação de conduta, de que são 
exemplos os protagonizados, sob a égide do Cadê, pela Labnew e Becton-Dickinson (preço predatório), 
Campos Verdes e White Martins (dominação de mercado), Associtros e Cargill (cartelização), Volufértil e 
Ultrafértil (retenção de produtos) e, mais recentemente, pela Phillip Morris e Souza Cruz (daúsula de 
exclusividade). O CADE não julgou outros casos de conduta ou não patriocinou a assinatura de maior 
número de compromissos de cessação, pela simples razão de não terem sidos remitidos processos, 
uma vez que não possui competência para instaura-los. Atualmente, o Conselho tem em pauta, para 
julgamento, apenas 83 processos de conduta, sendo 53 da espécie processos administrativos e 30 
averiguações preliminares. Para que a informação acerca de processos esperando pauta seja completa, 
adite-se que, no tocante a atos de concentração o número é de tão-somente 111 processos". Rodas, 
João Grandino. CADE,SDE, SEAE e a defesa da livre concorrência. Gazeta Mercantil. São Paulo, 06 
março de 2001. 1° cad., p. A-3. 
4 
montadoras no Brasil para as suas respectivas concessionárias, Honda e 
YAMAHA, foi de 67.997 unidades, e em 2000 elevou-se para 558.789 
unidades, um salto de 722% nas vendas nesse período de oito anos, 
segundo números fornecidos pela ABRACICLO ( Associação Brasileira dos 
Montadoras de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas e Bicicletas). A 
ABRACICLO agrega como seus associados as principais fabricantes de 
motocicletas no Brasil, quais sejam: HONDA, YAMAHA, AGRALE, APRILIA, 
KASINSKI e CALO!. Estas empresas juntas foram responsáveis por 97% da 
produção de motocicletas no Brasil na década de 90. Além dessas firmas e 
quase-firmas associadas a ABRACICLO fabricam motocicletas no Brasil as 
seguintes quase-firmas: SUZUKI, KAWASAKI e HARLEY DAVIDSON. 
Todas as fabricantes brasileiras de motocicletas estão instaladas no pólo 
industrial de Manaus/AM, zona franca de Manaus5 
Como se analisará a estrutura industrial das montadoras de motos é 
concentrada, sendo claramente liderada pela Moto(Honda da Amazônia S/A 
Brasil, uma quase-firma da HONDA do Japão. 
As motos de maiores cilindradas ( 350 c, 500 c, 1100 c e 1200 c) são 
adquiridas por clientes de maior poder aquisitivo e com fins de utilização 
diferente aos dos que adquirem motos de menor cilindrada (50 c, 75cc, 100 
5 Zona Franca de Manaus — há incentivos fiscais federais,estaduais e municipais. Um dos aspectos dos 
incentivos federais é quanto ao Imposto de Renda que consiste em redução de 75% do I.R. até o ano de 
2003, concedida a empreendimentos industriais, agropecuários e de serviços básicos com projetos de 
implantação aprovados. Redução de 50% do I.R. de 2004 a 2008, concedida a empreendimentos com 
projetos de ampliação e/ou modernização e/ou diversificação aprovados. Redução de 25% do I.R., de 
2009 a 2013, concedida a empreendimentos com projetos de ampliação e/ou modernização e/ou 
diversificação aprovados. Financiamento para inversões fixas através do FINAM ( Fundo de 
Investimentos da Amazônia). Estadual consiste em isenção do ICMS incidente sobre produtos 
industrializados nas remessas dosdemais estados brasileiros para a ZFM. Crédito do ICMS concedido 
pelo Estado do Amazonas, no montante que deveria ser pago na origem. isenção por 10 anos da taxa 
de licença para funcionamento. Isenção do IPI para as mercadorias produzidas na Zona Franca de 
Manaus. Isenção do IPI para as mercadorias de procedência estrangeira consumidas na ZFM. 
ICMS Estado 	Amazonas de 55% 100% Restituição do 	peio Governo do 	do 	a 	para produtos das 
seguintes categorias: calçados, alimentação, vestuário e veículos. Os incentivos fiscais do município 
consiste em isenção por 10 anos do IPTU e isenção por 10 anos de taxas de serviço dentre outros 
benefícios. 
5 
c, 125 c e 200 c ). As pessoas que compram motocicletas de maior 
cilindradas as utilizam mais como meio de transporte de ida e vinda para o 
trabalho, ralas, hot e viagens de aventura. As motos de menor cilindradas 
são utilizadas também como meio de ir e vir ao trabalho, mas também, e de 
forma crescente como bem gerador de renda - por exemplo: serviços de 
tele-entrega. 
A tendência é de crescimento de vendas, principalmente, as de baixa e 
média cilindradas, pois contribui para isso, dentre outros fatores, a lentidão e 
confusão do trafego nas grandes cidades, "engarrafamentos", elevação do 
preço dos carros populares, surgimento e crescimento de classe profissional 
denominada mototáxistas, primeiramente no Nordeste e agora se 
multiplicando por todo o país6. 
Um dos fatores contra a tendência a expansão nas vendas é a 
percepção das pessoas de que a moto é um veículo inseguro e perigoso. A 
preferência por motocicletas se dá por ser um veículo econômico de 
manutenção fácil e barata, rapidez no deslocamento nos grandes centros 
urbanos; no interior dos Estados, mais especificamente do Nordeste, as 
motos estão associadas aos conceitos de comodidade, economia e fácil 
utilização (simplicidade). No geral, a demanda é maior por ser a moto um 
meio de transporte barato que estar mais próximo do poder aquisitivo das 
pessoas de baixa e média renda, que fazem parte de uma amplitude maior 
da parcela total de clientes-compradores desse segmento. 
O mercado de motos no Brasil foi balançado com a criação de uma 
classe de trabalhadores como já mencionado anteriormente, que utilizam as 
6 "o serviço mototáxi já chegou ao Rio de Janeiro (RJ), onde existem cerca de 200 pontos pela cidade. 
Prova do rápido crescimento é o ponto da Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana. Criado no final do 
ano passado com cinco integrantes , já conta com 22 mototáxistas. O serviço, que inicialmente era 
usado por moradores de favelas, como a Rocinha, onde foi criado, agora conquista a classe média, que 
recorre ao novo meio de transporte devido as baixas tarifas (entre R$ 2 e R$ 6) e a rapidez. Agora, só 
6 
motos como meio de gerar renda, dentre os quais podemos citar: 
mototáxistas, motoboys (que prestam serviços ao comércio varejista —
supermercados, farmácias, shoppings, pizzarias e outros — entregando 
produtos e prestando serviços gerais), supervisores e vendedores dos mais 
diversos ramos de negócios. Assim por tudo que foi dito e será apresentado 
em seguida, a tendência da venda e produção de motos é de crescimento7. 
Segundo a ABRACICLO(2001), Associação Brasileira de Montadores de 
Motocicletas e Ciclomotores, Motonetas e Bicicletas, o segmento duas rodas 
registrou no mês de março/01 recorde histórico de vendas, com a 
comercialização de 65.337 unidades. Este número supera em 18,8% os de 
novembro de 2000, que somam 57.912 unidades comercializadas. A 
estimativa inicial de crescimento para o ano de 2001 passou de 15% para 
28% com a perspectiva de 740.000 unidades comercializadas no mercado 
interno. No primeiro trimestre deste ano, 2001, registrou a venda de 172.075 
unidades, um crescimento de 32,9% em relação ao mesmo período do ano 
passado. As exportações também atingiram patamares positivos de 
crescimento no mês de março. Em relação ano de 2000, elas apresentaram 
uma expansão de 16,7%, contabilizando 6.830 unidades. 
Atualmente no Estado de São Paulo, 20% das motos novas (zero 
quilômetro) são compradas á vista, o consórcio responde por 35% das 
negociações e o crédito direto é a forma mais popular de compra, preferida 
por 45% dos consumidores. Na análise do mercado de motocicletas no 
Ceará veremos que o panorama quanto a forma de compra de motos se 
concentra mais nos consórcios. A taxa de juros para financiamento de motos 
novas varia de 2,3% a 2,8% dependendo do modelo, as de maior cilindradas 
têm taxa menor, segundo dados informados pela ABRACICLO (2001). Nas 
regiões como Norte e Nordeste (onde o financiamento é mais difícil que no 
falta invadir São Paulo, uma das últimas, e certamente a maior, barreira para os mototáxistas". Mototáxi 
chega ao Rio. Revista Duas Rodas. Sao Paulo/SP. Jun/2001. Ano 26, n. 307. p. 19. 
7 "Em abriV01 os fabricantes de motos superaram em 30% as vendas de abriV00" Fonte: ABRACICLO. 
7 
sul) 65% das vendas são feitas através de consórcios, segundo Yoshini 
Watanabe, presidente da YAMAHA Brasileira. 
A meta da HONDA é produzir em 2001 setecentos mil unidades de 
motocicletas, enquanto a meta da YAMAHA é alcançar cem mil unidades, no 
mercado nacional. Para isso a YAMAHA lançou no mercado recentemente a 
YBR 125 k, inovando nesse modelo com o motor 4 tempos, partida elétrica, 
sistema antivibração e com escapamento antiqueimadura e norma anti-ruido 
2001 em respeito ao meio ambiente; dentre essas inovações o que é 
relevante é o motor, maior tecnologia, pois antes os modelos YAMAHA eram 
constituídos de motor 2 tempos. A YBR é uma cópia da CG 125 HONDA 
(modelo lançado pela HONDA em 1990), só que com algumas alterações 
tecnológicas citadas. A YAMAHA desenvolveu no Japão, esse modelo, 
exclusivamente para o mercado brasileiro, levou dois anos para a finalização 
do projeto. Em contra-partida a HONDA lançou recentemente, jun/2001, dois 
modelos : um de passeio a moto CBX Twister e um de "off-road"- estrada- a 
YR Tornado, ambas as motos com motor de 250 cc. 
QUADRO A - Número de Concessionárias no Mercado Nacional por 
Marca. 
Marca Número de concessionárias 
APRILIA 05 
HARLEY-DAVIDSON 08 
HONDA 445 
KASI NS KI 200 
KAWASAKI 42 
SUZUKI 110 
YAMAHA 230 
Fonte: Revista Duas Rodas. Ano 26.n.307, jun/01. 
O Quadro A, apresentado, reforça a constatação de que a HONDA no 
mercado nacional apresenta uma liderança e uma estrutura consolidada em 
comparação às outras marcas citadas no mesmo quadro, seguida pela 
YAMAHA e a KAWASAKI. Na análise da turbulência no mercado poderá 
8 
verificar que a Honda tem urna conduta de liderança. A HONDA tem então 
com essa estrutura, que com inovações, planejamento e projetos busca 
manter a sua posição no mercado. A HONDA possui urn solftware que gera 
informações gerais sobre o desempenho das atividades de cada 
concessinária de modo padronizado, permitindo maior precisão e troca de 
informações entre a HONDA e as suas concessionárias8, e, confluência 
econômica e metas a serem traçadas haja vista as informações geradas no 
sistema. Foi instituída a ASSOHONDA que é a associação das 
concessionárias HONDA no Brasil com sede em São Paulo, com o objetivo 
de traçarem metas, objetivos e estratégias para o crescimento das vendas, 
troca de informações e busca de novas técnicas administrativas e tecnologia 
para elevar o desempenho das associadas. A estrutura da HONDA é bem 
superior que as das outras marcas instaladas no Brasil. As concessionárias 
YAMAHA contam com a ABRACY, associação brasileira das concessionárias 
YAMAHA, para traçar estratégias para conquistar maior participação no 
mercado. 
A montadora coreana, DAELIM Altino, está se preparando para 
inaugurar uma linha de montagem própria, em Manaus (AM), durante o 
decorrer do ano 2001 a perspectiva é que já saia da linha de produção o 
modelo Altino — equivalente a HONDA CG e a YAMAHA YBR. Espera-se 
que a unidade deprodução esteja completamente concluída no final de 2001. 
Com a nova fábrica, em três anos, a DAELIM pretende conquistar 10% das 
vendas do mercado de motocicletas de baixa cilindrada ( até 200 c ). A 
DAELIM pretende se associar a KAWASAKI no Brasil para ter maior respaldo 
junto aos compradores e aproveitar a sinergia das duas marcas no mercado 
brasileiro. DAELIM com segmento de motocicletas de baixa cilindrada e a 
KAWASAKI com o segmento de motos de alta cilindrada. 
8 As concessionárias HONDA não podem "quebrar" ou apresentar sinais de depressão econômica-
financeira, pois leva consigo a marca de uma empresa que não quer ver o seu nome maculado e sua 
marca com descrédito no mercado; logo há um acompanhamento administrativo da indústria com 
9 
1.2 	Concentração no Mercado de Motocicletas 
O mercado de brasileiro de motocicletas é liderado pela quase-firma 
Moto Honda da Amazônia S/A. como poderemos observar nos gráficos e 
dados abaixo apresentados. A estrutura industrial do setor é concentrada, 
isto é, pois as marcas de motocicletas que constituem o C4 dominam mais de 
80% do mercado - como já relatado, a abertura comercial do mercado 
brasileiro tem atraído outras quase-firmas ,nota-se esse movimento a partir 
do final dos anos 90 até aqui. Porém essa dinâmica recente ainda não abalou 
as estruturas das marcas líderes no mercado: HONDA e YAMAHA. 
A YAMAHA no período entre 1986 a 1994 detém uma participação 
nas vendas num percentual médio de 20%, e, a partir de 1995 até 2000 esse 
percentual médio nas vendas fica em 8%, significando uma redução na 
participação nas vendas a favor da Honda que ao longo de todo o 
período(1986-2000) tem uma trajetória de aumento na participação nas 
vendas. 
A HONDA aumenta a sua participação no mercado continuadamente, 
em 1986 a HONDA detém 62% da fatia do mercado nacional, em 1994 
chega a 85% e em 2000 fica com 89%; enquanto a YAMAHA nesse mesmo 
período diminui a participação nas vendas, em 1986 detém 18% e em 1994 
reduz sua participação para 15% e em 2000 fica com 9%, como se pode 
observar nas páginas seguintes, da figura 01 a 06. 
relação aos seus concessionários, e caso haja algum sinal de enfraquecimento no desempenho haverá 
10 
62% 
12% 
® HONDA 
o YAMAHA 
o AGRALE 
o VESPA 
FIGURA 01 - VENDAS 1986. 
FONTE : ABRACICLO. Histórico de vendas 2001. 
FIGURA 02 - VENDAS 1987. 
21% 
• HONDA 
• YAMAHA 
■ AGRALE 
• VESPA 
FONTE : ABRACICLO. Histórico de vendas 2001. 
uma intervenção administrativa para "levanta( e formentar o negócio ou atividade da concQçsionária. 
21% 
o HONDA 
O YAMAHA 
FIGURA 03 - VENDAS 1993. 
FONTE : ABRACICLO. Histórico de vendas 2001. 
FIGURA 04 - VENDAS 1994. 
15% 
o HONDA 
YAMAHA 
FONTE : ABRACICLO. Histórico de vendas 2001. 
12 
FIGURA 05 - VENDAS 1999. 
 
o HONDA 
o YAMAHA 
❑ HYOSUNG 
o BRANDY 
92% 
 
FONTE : ABRACICLO. Histórico de vendas 2001. 
FIGURA 06 - VENDAS 2000. 
o HONDA 
o YAMAHA 
o HYOSUNG 
89% 
FONTE : ABRACICLO. Histórico de vendas 2001. 
13 
t3 	Análise da Turbulência no Mercado de Motocicletas 
de 1986 a 2000. 
0 conceito Turbulência dá a medida do dinamismo do mercado na 
fase recessiva — 1986/93 - e na fase expansiva - 1994/00. 0 conceito vai 
ser aplicado em relação, aos lançamentos de novos modelos, bem como a 
retirada de modelos no mercado pelas mais diversas razões, como insucesso 
de vendas, substituição por modelo agregado de nova tecnologia, etc. 
A fórmula a ser usada é: 
Tr=N+M 
U 
Onde: 
T = turbulência 
i/j = ano corrente / ano base 
N = lançamento de novos modelos no ano corrente 
M = retirada de modelos antigos no ano corrente 
U = universo de modelos existentes no mercado no ano base. 
De acordo com a definição, portanto, para um número de modelos 
observados no ano base, a turbulência será maior quanto mais lançamentos 
acontecerem e também quanto mais rápida se tornar a obsolescência de 
modelos já lançados. Por exemplo, na indústria de software observou-se nos 
14 
últimos anos um número muito expressivo de lançamentos de novas versões 
de programas simultaneamente a uma velocíssima defasagem dos 
programas já existentes, ficando os usuários a terem que permanentemente 
adquirir as novas versões dos programas sob pena de ficarem com material 
completamente obsoleto, e portanto serem ultrapassados pelos seus 
concorrentes em seus negócios. Nesse caso, os índices de turbulência nos 
últimos anos para o setor de informática foram muito elevados, pois foram 
influenciados simultaneamente por grande número de nascimentos de novos 
softwares e mortes de versões antigas em todos os anos. 
Esse cálculo será realizado em duas etapas : primeiro momento, 
período compreendido entre os anos de 1986 a 1993, e, segundo momento, 
período entre 1994 e 2000. 
Para cada urna dessas etapas a turbulência (T) será calculada para 
cada firma do mercado de motocicletas. 
A expectativa preliminar é encontrar maiores variações no período 
expansivo (94/00) em relação às variações do período recessivo (86/93). Isto 
porque na expansão tornam-se fáceis os lançamentos de novos modelos e o 
próprio dinamismo do mercado e aumento da oferta de motocicletas facilita 
uma obsolescência mais veloz, permitindo uma retirada mais rápida de 
modelos lançados anteriormente. 
Na primeira fase 86/93 são os seguintes os valores calculados para 
cada firma: 
15 
T95/94 T96/95 T97/96 T98/97 T99198 
T00/99 
50% 33% 60% 18% 27% 
17% 
17% 30% 8% 43% 21% 
18% 
200% 45% 0 250% 0 
o 
o 167% 63% 80% 
29% 0 
o 40% 
75% 0 
T94/93 
BRANDY 0 
KASINSKI 
CALOI 
HONDA 25% 
YAMAHA 150% 
AGRALE o 
Tabela 1.3.1 - Índice de Turbulência (1986-1993). 
HONDA 
T87/86 
75% 
T88/87 
33% 
T89/88 
30% 
T90/89 
23% 
T91/90 
7% 
T92/91 
15% 
T93/92 
39% 
VESPA 
YAMAHA 50% 
AGRALE 
83% 
o 
50% 
17% o 14% 63% 78% 
57% 33% 0 o 0 
o 
o 
100% 
Fonte: ABRACICLO. Histórico de vendas 2001. 
Na segunda fase, 94/00, são os seguintes os valores calculados para cada 
firma: 
Tabela 1.3.2 - Índice de Turbulência (1994/2000) . 
FONTE : ABRACICLO. Histórico de vendas 2001. 
16 
Agrupando os dados graficamente tem-se: 
Gráfico 1.3.1 - Turbulência : Período recessivo (1986 —1993). 
120% - 
100% 
80% 
60% 
40% - 
20% - 
 
 
 
 
 
0% - 
 
 
 
T87/86 T88/87 T89/88 T90/89 T91/90 T92/91 T93/92 
-~® HONDA ..0 YAMAHA 	AGRALE 	VESPA 
FONTE: ABRACICLO. Histórico de vendas 2001. 
Gráfico 1.3.2 - Turbulência : Período expansivo (1994 — 2000). 
300% - 
250% 
200% 
150% -
100% 
50% - 
0% 
T94/93 T95/94 T96/95 T97/96 T98/97 T99/98 T00/99 
-4-HONDA YAMAHA AGRALE BRANDY 
-a CALOI 
FONTE: ABRACICLO. Histórico de vendas 2001. 
Como era esperado a escala dos dois gráficos 1.3.1(86/93) e 
1.3.2(94/00) Q distinta. Na fase recessiva a magnitude P menor ficando 
compreendida na faixa de 120%, enquanto na fase expansiva esse valor 
salta para 300%. Tal distinção deve-se aos maiores índices de turbulência 
observados no segundo momento de análise, particularmente para as firmas 
menores, como será analisado na seqüência. 
A partir do período 94/00 a HONDA já define o seu mix de produtos, 
apostando em ganhos de escala e essa postura da firma reduz o índice de 
turbulência de 25% a 50% comparativamente a faixa de 10% a 70% do 
período anterior. Essa redução de amplitude confirma a operacionalidade da 
economia de escala da HONDA, causando uma necessidade menor de 
lançamentos novos e de retirada de modelos obsoletos. 
A partir desse momento divide-se o período 1986-2000 em três fases: 
86/89; 90/93 e 94/00. No primeiro período (86/89) há um crescimento 
discreto da produção de motocicletas. No segundo período 90/93 há uma 
queda contínua nos índices de produção de motocicletas e por último, no 
período 94/00 há urna retornada vigorosa no crescimento da produção de 
motos. 
No período 86/89 houve um decréscimo na turbulência da Honda e daYAMAHA. A VESPA, que saindo do mercado em 89, também apresenta 
redução na sua turbulência. Por último, a AGRALE apresenta diversamente, 
um pico de turbulência no período 89 (base 88). 
No intervalo 90/93, onde houve redução na produção de motos, 
observa-se um crescimento da turbulência para a HONDA e a YAMAHA. Isso 
ocorreu devido a reordenação dos mixes , as duas firmas que direcionaram 
sua produção, ajustando dessa forma a sua produção ás condições 
conjunturais não favoráveis. 
18 
Para o período de expansão vigorosa, 94/00, a turbulência da Honda e 
YAMAHA passa a manter um padrão de estabilidade. Isso ocorre porque, em 
condições favoráveis a estratégia concentra-se em ganhos de escala e 
portanto, a reordenação radical do mês produtivo passa a ter menor 
importância. Já no caso da AGRALE, kASINSKY, BRANDY e CALOI , firmas 
menos expressivas, a turbulência apresenta picos (por exemplo: picos de 
200% e 250% na AGRALE, e de 167% na BRANDY) justamente em função 
das tentativas de se ajustarem a um mercado no qual elas são impotentes 
para ditar as regras do jogo. Somado a isso, nenhuma das quatro firmas tem 
escala mínima para poderem trabalhar com menos ênfase no mix por não 
conseguirem ganhos de escala suficiente via redução de custos. 
Os resultados observados são bastante aderentes aos fundamentos 
teóricos da Organização Industrial. Em primeiro lugar, observou-se a 
semelhança de conduta das firmas HONDA e YAMAHA quanto ao conceito 
turbulência. Mesmo admitindo a HONDA como firma ativa e líder, não se 
pode considerar a YAMAHA como firma não ativa, pois ela consegue 
acompanhar com facilidade os movimentos da firma líder. Tal fato não ocorre 
com as firmas AGRALE, VESPA, KASINSKI, BRANDY e CALOI, pois estas 
apresentam turbulências não paralelas, indicando tentativas de readaptação 
as conjunturas do mercado. 
A da Organização industrial também ratifica a ênfase dada pela 
HONDA e pela YAMAHA na reordenação do mix produtivo no período 
recessivo, pois dessa forma as firmas oiigopolistas conseguem proteger sua 
lucratividade no curto prazo e a ênfase dada às economias de escala no 
período 94/00, expansão, pois então a lucratividade ficará assentada nas 
maiores margens de lucro obtidas via redução de custos devido às maiores 
produções. 
19 
1.4 	Análise sobre Carros e Motocicletas Populares. 
Para o mercado de motos não houve tanta dinâmica competitiva 
quanto no mercado de automóveis, pois não há sina! de interesses em 
negociações inter-firmas em promover fusões e/ou aquisições, 
principalmente entre as firmas menores. Ao contrário da dinâmica do 
mercado de automóveis brasileiro, que também apresenta um cenário de 
crescimento em vendas9onde a Volkswagen há alguns anos manteve uma 
participação dominante no mercado. Nos últimos cinco anos, novas fábricas 
se instalaram no pais colocando vários modelos para competir com as 
fábricas veteranas do mercado nacional. Para buscar a manutenção da 
liderança a VW (Volkswagen) tem tomado como política a priorização do 
atendimento ao cliente após a venda, como forma de manter urna excelente 
relação com clientes e dessa forma ser sempre lembrada no momento de 
seus clientes e amigos forem adquirir um carro novo, e nisso conquistar 
resultados econômicos sólidos a médio e longo prazo. A VW tem 600 
concessionários no Brasil, com 29,2% na participação total de vendas no ano 
2000, estabelecendo uma rede de vendas para facilitar a acessibilidade de 
seus compradores, consolidando a estrutura para enfrentar os desafios e a 
concorrência. Apesar dessas novidades e vantagens a concorrência fica 
cada vez mais acirrada e o setor bem mais pulverizado. No ranking mensal, a 
FIAT conseguiu ultrapassar a VW em dez/00; a FIAT liderou com 29,4% de 
a VW com 26,8% - e jan/01 - a FIAT com 33,8% e VW com 27,5% segundo 
dados divulgados pela ANFAVEA10. A FIAT veio avançando e aumentando a 
9 O Brasil representa quase 20% do faturamento mundial do grupo Fiat, de acordo com declarações de 
Gianni Coda, diretor-superintendente da FIAT Automóveis América Latina. 
10 "A região que abriga o maior número de marcas de veículos no mundo tem também o mercado mais 
acirrado. Vinte e sete montadoras — sendo 11 de automóveis — disputam no Mercosul um setor da 
economia que já assumiu US$ 26 bilhões de investimentos no período de 96-2000 e deverá absorver 
outros US$ 9,4 bilhões nos próximos três anos 	A preferência brasileira e argentina por automóveis de 
modelos europeus deixa ainda mais empolgante a concorrência entre as empresas....Astra e Vectra, da 
GM, vendidos no Brasil, são da subsidiária alemã OPEL. Os modelos Focus, Fiesta e Mondeo, da Ford, 
também são europeus....A queda de braço é maior entre as montadoras de origem européia. Daimler 
Chrysler (com a marca Mercedez-Benz), Fiat, PSA Peugeot Citroën, Renault e Volkswagen brigam 
20 
sua participação de mercado desde o início da década de 90, com 
lançamento de seus modelos populares. 
A tendência é que nos próximos quatro anos o mercado fique mais 
pulverizado com a entrada de outras montadoras no segmento de carros 
populares". A FIAT aposta na inovação e tecnologia para enfrentar a 
concorrência, focado no segmento de carros como motor 1.0, atualmente 
60% dos modelos da FIAT são equipados com esse motor. 
Esse panorama do mercado de automóveis no Brasil mostra um pouco 
da dinâmica vivenciada pelas firmas do setor; o mercado de motos tem 
recebido também novas firmas como já foi visto anteriormente, 
principalmente no setor de motocicletas de altas cilindradas. 
palmo a palmo pelo mercado do Mercosui....A alemã Volkswagem, que por vários anos reinou sozinha 
no território brasileiro, sentiu o primeiro impacto da concorrência em meados da década de 70 com a 
chegada da italiana Fiat. Mesmo assim, continiuou com mais de 50% do mercado até o início da década 
de 80. Depois disso, viu sua participação diminuir a cada ano, mas sempre mantendo a liderança. No 
ano 2000 foi líder do setor no Brasil com 29,2% de participação. Perdeu mercado para a concorrência 
que chegou ao país nos últimos anos, principalmente para a Fiat, que passou a competir palmo a palmo 
nos mesmos segmentos de mercado. No ano 2000, na consolidação total, a Fiat ficou com 27,8% das 
vendas no Brasil poucos pontos atrás da Volkswagen....De todas as montadoras a VW é a que tem o 
portfolio mais antigo. A Fiat e as francesas recém-chegas têm um portfolio mais moderno e estão 
avançando nas vendas". Lilian Satomi e Sérgio Manaut. Europeus disputam mercado de carros. Gazeta 
Mercantil. São Paulo. 05 a 11 mar 2001. Caderno de Negócios. P. 03. 
" "A Chrysler, que acaba de anunciar a suspensão da produção de sua fábrica no Paraná, é uma 
exceção. As montadoras instaladas no Brasil vivem um bom momento, mantêm os seus planos de 
expansão e prometem entrar, em bloco, a curto prazo, na disputa pelo mercado de carros populares, que 
concentra 70% das vendas internas de veículos. Nos últimos quatro anos, as novas marcas que 
colocaram o pé no Brasil ganharam 11,4% de participação no mercado de automóveis. Em 2001, esse 
número deve saltar para mais de 14%, considerando apenas as metas da Renault e da Peugeot contam 
com modelos populares em suas linhas de produtos e são as empresas mais ambiciosas em suas 
projeções de crescimento de vendas....Outras novas montadoras deverão seguir a mesma trilha a curto 
prazo para ganhar escala de produção e diminuir os riscos de suas operações locais. A Toyota, que 
anunciou recentemente um pacote de investimentos de US$ 300 milhões para sua fábrica de lndaiatuba 
(SP), pretende começar a produzir, nos próximos dois anos, um modelo corn e motor or 1.00....A Honda, que 
hoje produz apenas o Civic no Brasil, também tem planos de disputar o negócio de carros populares. O 
crescimento do mercado brasileiro, que em 2002 quer retomar o patamar de 2 milhões de unidades, vai 
acelerar esses planos." Vicente VIdalga, Cristina Rios e DanielOiticica. Novas marcas vingam e entram 
no carro popular. Gazeta Mercantil. São Paulo, Curitiba e Rio. 31 2001.p. 01. 
21 
Gráfico 1.4 - Evolução do prego médio: carro e moto (1995-2000). 
o 
a 
R$18.000,00 
R$16.000,00 
R$14.000,00 
R$12.000,00 
R$10.000,00 
R$8.000,00 
R$6.000,00 
R$4.000,00 
R$2.000,00 
R$- 
 
1995 	1996 	1997 	1998 	1999 	2000 
PERÍODO 
 
-4,-- CARRO 	MOTOCICLETAS 
 
 
Fonte: autor da monografia. Cálculos e valores do preço médio do período 
verificar no quadro A.b. e A.c. em Anexos. 
0 preço médio do carro popular aumentou bastante dando um salto de 
119,7% no período de 1995 a 2000; enquanto o preço médio da motocicleta 
popular, 125 cc, no mesmo período elevou-se em 62% - conforme se pode 
ver no gráfico 1.4 acima. 
O preço da motocicleta popular mantém-se quase estável de 95-98 e 
aumenta um pouco entre 98-2000. Já a trajetória do preço médio do carro 
popular é ascendente no período 95-2000. 
Para os compradores de classe C e D, a motocicleta apresenta maior 
facilidade de financiamento e menor preço a ser alcançado caso o 
comprador pretenda poupar para adquirir o seu meio de transporte avista. 
Assim o comprador pode preferir, e na maioria das vezes prefere, adquirir um 
veículo de locomoção novo "zero quilometro" de fácil manutenção, 
22 
econômico, rápido e barato do que comprar um automóvel usado, mais caro, 
que despende bem mais recursos financeiros para manutenção e que 
ultimamente os carros populares tendem a ficar mais caros. Por sua vez 
dificultando aos compradores de menor renda o sonho o carro popular "zero 
quilômetro", segundo PAULA e AMORIM ( 2001 ) os carros populares vão 
ficar mais caros devido a acordo fechado entre a Associação Nacional de 
Veículos Automotores — ANFAVEA - e o governo para alterar a cobrança de 
impostos do setor automotivo. Atualmente o IPI para carros de 1000 
cilindradas (1.0) é de 10%, com a unificação a expectativa é que o IPI 
desse segmento de carros fique em aproximadamente 15 %_ O que pode 
favorecer o mercado de motocicletas de baixa cilindradas (125 cc) e as de 
média cilindradas ( 200 cc, 250 cc, 350 cc, 450 cc até a de 500 cc) ou 
aumentar a demanda por carros de luxos, que ficarão corn IPI aproximado de 
16% onde antes era 25% - assim reduzindo o preço do carro de luxo. 
Maiores detalhes vide quadro A.a em anexos. 
23 
1.5 	Análise do Comportamento do Mercado de Motocicletas 
no Ceará, 1994-2000. 
A maioria das informações contidas nesse breve comentário sobre o 
mercado duas rodas no Ceará, deu-se graças a colaboração de dois 
vendedores de uma das concessionárias HONDA no Ceará, especificamente 
UNIMAQ, que em entrevista com esses dois conhecedores do mercado de 
motos12 bem como também de Florêncio Martins, diretor financeiro da AUGE 
MOTOS — concessionária HONDA, também um profundo conhecedor do 
aspecto econômico do mercado de motocicletas no Ceará. 
O Ceará conta com concessionárias de várias marcas, as principais do 
mercado nacional. A HONDA com 14 concessionárias, sendo 4 localizadas em 
Fortaleza e 10 no interior do Estado; a YAMAHA com 2 em Fortaleza e em tomo 
de 2 no interior; a PEUGOT, a SUZUKI , a APRILIA e a DAELIM possuem na 
capital cearense cada, uma concessionária . Observando-se que a PEUGEOT e 
a DAELIM são montadoras não estabelecidas em solo brasileiro. 
Segundo Braz Cot tez da Silva, entrevistado, o Ceara é um dos mercados 
que vende mais motocicletas no Brasil, apresenta-se como um mercado em 
crescimento para esse setor, dado o poder aquisitivo da população e o produto, 
motos, que é um transporte popular no Estado. Empresas cearenses vêm nos 
últimos anos e intensificando cada vez o uso de motos em suas frotas de 
veículos para a utilização dos mesmos na prestação de serviços aos seus 
clientes, haja vista o custo-benefício da utilização e manutenção desse tipo de 
veículo que vem se mostrando bem adequado e econômico a realização das 
atividades comerciais das empresas e reduzindo custos nas operações das 
12 A entrevista ocorreu nas dependências da UNIMAQ, empresa pioneira do mercado de motos no 
Ceará, em 15 de junho de 2001, de 17:15 h às 18:00 h. Entrevistados: Afonso Guerreiro Filho e Braz 
Cortez da Silva, ambos vendedores de motocicletas da empresa UNIMAQ, o primeiro com 05 anos no 
mercado de motocicletas e o segundo com 20 anos no setor. 
94 
mesmas. Corno citado pelos entrevistados a DROGRAJAFRE — rede de 
farmácias cearense desde de 1975 utiliza motocicletas em suas atividades (tele-
entregas e outras) comerciais, sendo a pioneira em utilizar esse veículo para tais 
objetivos, nos últimos anos empresas em geral ( empresas de segurança e de 
prestação de serviços) e o comércio varejista (farmácias, supermercados e 
outros setores) vêm intensificando a utilização de motocicletas e scooters na 
realização de suas atividades empresariais13. As motos já representam em torno 
de 60% do total de veículos de algumas empresas cearenses de grande porte do 
mercado. 
Segundo Alonso Guerreiro Filho, vendedor de motocicletas de uma das 
concessionárias HONDA no Ceará, os modos de vendas predominantes no 
mercado são os seguintes: avista, que representa 1% das vendas; 
financiamento, com participação de 5% ; consórcio, com 90% da participação 
das vendas e cartão de crédito com 4% de participação nas vendas — isso no 
mercado cearense. 
As motociclos, scooters e CG 125, representam 80% das vendas; as de 
média cilindradas representam em torno de 18% e as de alta cilindradas 
representam 2% do mercado duas rodas cearenses. 
As concessionárias HONDA são responsáveis por pelo menos 90% das 
vendas dos veículos duas rodas no Ceará. A HONDA está dando mais uma 
concessão de vendas de motocicletas e seus demais produtos para mais uma 
firma, NOSSA MOT014, como forma de consolidar a sua posição no mercado 
cearense, haja vista que a YAMAHA embora detenha pequena parcela 
percentual do mercado tende a abocanhar alguns pontos percentuais no 
mercado cearense com o recente lançamento do modelo YBR, 125 cc e partida 
13 Pode-se citar dentre as empresas que vêm utilizando e aumentando o número de motocicletas em sua 
frota de veículos a COELCE, a rede de Farmácias Pague Menos, a SUCAM, a CAGECE, a TELEMAR 
e a Polida Militar do Estado. 
25 
elétrica, bem como a abertura também recente de concessionárias YAMAHA no 
interior do Estado — Sobral, e a intenção de abrir outras concessões na capital ou 
interior dependendo do surgimento de oportunidades15. O mercado de 
motocicletas cearense é concentrado no segmento de motos de baixa cilindradas 
como já apontado anteriormente, pois segundo os entrevistados existe duas 
explicações para que isso ocorra: primeiro o poder aquisitivo dos compradores 
cearenses e em segundo a questão cultural, pois nesse segundo ponto os 
consumidores cearenses mostram-se com postura tradicional e "não-aventureira" 
em comparação aos consumidores de outras regiões, corno por exemplo os de 
Recife, onde lá, ainda segundo Alonso Guerreiro Filho, entrevistado, há um 
número bem mais expressivo de motocicletas de alta cilindrada18 
As empresas cearenses de motocicletas têm oferecido planos aos 
motociclistas que já possuem motos para que possam trocar de moto, isto é, 
troca a moto usada por urna moto nova mediante financiamento e negociações 
flexíveis, onde a moto usada entra como entrada financeira para a realização do 
negócio comercial. 
A primeira concessionária duas rodas no Ceará foi a da marca HONDA , 
UNIMAQ17, que abriu suas portas há uns 25 anos atrás, depois surgiu a CEARA 
MOTOS, em seguida a MESBLA MOTOS18, depois já nos anos 90 a AUGE 
MOTOS, e mais recentemente a FORT MOTOS que entrou no mercado 
aproximadamente no ano 2000,e atualmente vem entrando mais uma 
14 Nossa Moto, segundo os entrevistados seria o nome da sexta concessionária Honda no mercado 
cearense de duas rodas. 
15 A UNIMAQ, concessionária HONDA, vem buscandoinovar e ciar meios de elevar a satisfação de 
seus clientes como 	para aia crescer e manter-se no mercado. Criou há um ano o dube do y 
motociclistas onde há reuniões e distribuição de informativos discutindo a importância do motociclista na 
prevenção de acidentes ( manutenção da moto, dos freios, etc) e programas educacionais sobre as leis 
do trânsito ( não ingestão de bebidas alcoolicas e evitar excesso de velocidade). 
16 No Ceará existe o clube ESQUADRÃO DO ASFALTO conta com aproximadamente 100 associados, 
proprietários de motocicletas de alta cilindrada, onde é preponderante as de marca HARLEY-
DAVIDSON. 
17 UNIMAQ, era urna empresa que fazia parte do grupo J.Macedo. Atualmente é da família do Sr. 
J.Macedo. 
26 
concessionária HONDA, a NOSSA MOTO — a sexta concessão HONDA na 
capital cearense. Sendo que as duas concessionárias YAMAHA no Ceará 
surgem também nos últimos anos, bem como outras concessionárias de Firmas 
que comercializam modelos de alta cilindradas, como podemos citar dentre 
outras a SUZUKI e kAWASAKI. Sendo que esses relatos confirmam o 
movimento de dinâmica do mercado duas rodas no período entre 86-2000, mais 
precisamente a partir de 1994 verificar-se esse movimento econômico mais 
expansivo no segmento de motocicletas tanto no mercado nacional como 
particularmente no mercado cearense. 
QUADRO 1.5.A - Frota de motos ( 1994- 2000). 
1994 	1995 	1996 	1997 	1998 	1999 	2000 
FORTALEZA 
62168 	69812 85720 103857 126206 138365 164912 
21607 23675 27102 31506 36016 37207 44167 
Fonte : Núcleo de Planejamento e Controle. DETRAN-CE.2001. 
A frota de motocicletas no Estado do Ceará cresceu em 165,3% num curto 
período de seis anos - 94/2000; na capital cearense esse crescimento foi menor, 
em comparação ao do Estado, em torno de 104%, como pode ser visto no 
quadro e gráfico acima. Isso tudo retrata a realidade econômica do segmento 
duas rodas no Ceará, haja vista que a moto é corno já dito antes um veículo 
popular, onde se pode evidenciar por partes dos compradores de veículos 
cearenses a preferência por veículo duas rodas ( que são as motocicletas e 
motociclos populares, na amplitude de cilindradas de 50 cc a 150 cc) por todos 
os motivos que já foram citados na primeira parte do presente relatório e 
também, destacadamente no interior de se ter maior "liberdade" de trafegar com 
esse veículo sem ser fiscalizado pelas autoridades competentes no que diz 
respeito a carteira de habilitação ( que é a licença e "declaração" de que o 
indivíduo portador da mesma possui habilidade suficiente para pilotar o veículo e 
18 A MESBLA MOTOS foi adquirida pelos empresários que compraram a "bandeira" HONDA e depois 
abriram a empresa AUGE MOTOS. 
27 
estar registrado no órgão competente, e é obrigatório o porte para poder conduzir 
o veículo) e uso do capacete do piloto e da "garupa". 
Por tudo que foi apresentado até agora a tendência é que o mercado duas 
rodas no Ceará continue a expandir. 
Em estimativa linear a tendência é de crescimento para os anos de 
2001,2002 e 2003 referente a frota de motocicletas no Ceará e em Fortaleza, 
com base nos dados informados na tabela anterior do quadro B, é a seguinte: 
QUADRO 1.5.B - Tendência de crescimento da frota de motocicletas no 
Ceará. 
94 95 96 97 98 99 00 01* 02* 03* 
CEARÁ 62.168 69.812 85.720 103.857 126.206 138.365 164.912 177.781 195.403 213.02E 
FORTA 
LEZA 
21.607 23.675 27.102 31.506 36.016 37.207 44.167 46.729 50.508 54.288 
Fonte: 	Núcleo de 	Planejamento e Controle. 	DETRAN-CE.2001. 	(*) 	Estimativa 
realizada pelo autor. 
1.6. Análise do Mercado de Motocicletas no Brasil, entre os 
anos de 1986-2000. 
Com o Plano Cruzado em 1986 houve um aumento na demanda agregada 
devido o consumo reprimido durante os anos anteriores de recessão. Com esse 
aquecimento na economia a produção de motocicletas nesse ano aumenta Em 
1987, há um recuo nas vendas no comércio de modo geral devido a queda do 
salário real e da elevação da taxa de juros, a produção do setor diminui. E daí 
então até 1993 a produção gera! de motocicletas tem uma trajetória 
descendente, como se pode verificar no quadro abaixo; acentuadamente 
observa-se um declínio de 1989 a 1992, devido a dentre outros fatores 
conjunturais econômicos apresentados como: controle do crédito, taxa de juros 
elevada e redução dos prazos de financiamento e do pagamento de cartões de 
crédito (época da implantação do Plano Verão). 
Gráfico 1.6.1 - Produção de motocicletas ( 1986-1993). 
PRODUÇÃO DE VEÍCULO DUAS RODAS 
200000 
180000 
160000 
140000 
120000 
100000 
80000 
60000 
40000 
20000 
0 
1986 	1987 	1988 	1989 	1990 	1991 	1992 	1993 
 
—.—PRODUÇÃO 	Linear (PRODUÇÃO) 
FONTE: ABRACICLO. Histórico da produção de motocicletas, 2001. 
29 
A partir de 1993 a política de proteção à produção interna baseada 
principalmente em elevadas taxas de importação á suprimida19. Em 1990 foi 
instituída a nova Política Industrial e de Comércio Exterior, que extinguiu a maior 
parte das barreiras não tarifárias herdadas do período de substituição de 
importações e definiu um programa de redução das tarifas de importações. De 
1994 a 2000 a produção de motos tem uma trajetória ascendente. Em 1994, é 
implantado o Plano Real. Nesse período há uma redução da inflação, um 
aumento nas vendas do comércio de modo geral e aumenta também as 
importações de máquinas e equipamentos à modernização da indústria. 
Gráfico 1.6.2 - Produção de motocicletas ( 1994- 2000). 
700000 -
600000 
500000 
400000 
300000 
200000 
100000 
0 
 
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 
—4® PRODUÇÃO 	Linear (PRODUÇÃO) 
FONTE: ABRACICLO. Histórico da produção de motocicletas, 2001. 
A partir do Governo Fernando Collor de aio até o atual Governo o país 
passou por um processo de abertura comercial abrangente. 
19 Em 1982 — há uma recessão mundial cada país protegendo a sua economia, o Brasil deu 
prosseguimento a política de substituição de importações. E a partir do Governo Collor quando se iniciou 
urna abertura comercial fez-se de maneira abrupta. 
30 
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
No primeiro sub-título do capítulo 0120, buscou-se resumir os principais 
fatos da história e evolução das montadoras de motocicletas instaladas no Brasil. 
As principais montadoras são: HONDA, YAMAHA, KASINSKI (antiga 
HYOSUNG), APRILIA, SUZUKI, KAWASAKI e HARLEY-DAVIDSON, e a 
maioria está instalada na Zona Franca de Manaus. A história das montadoras no 
Brasil inicia-se a partir da segunda metade dos anos 70. Com a entrada da 
YAMAHA e CALOI, 1975, e em seguida a HONDA, 1976, VESPA e AGRALE, 
1985, BRANDY, 1995, KASINSKI em 1998, APRILIA em 1999; e mais 
recentemente em 2000 a SUZUKI e a KAWASAKI, e já no início de 2001 a 
HARLEY-DAVIDSON. Notou-se que a partir dos anos 90 a estrutura industrial do 
segmento de motocicletas (motos, scooters, etc) apresenta maior dinâmica com 
a entrada de novas quase firmas no mercado, embora a HONDA e a YAMAHA, 
líderes no segmento mantém as suas posições. Quase-firma — refere-se a 
empresas multinacionais instaladas no mercado nacional, funcionando e 
produzindo, mas que não possuem autonomia, dependendo de tecnologia, 
técnicas administrativas, de decisões e políticas estratégicas da firma matriz. As 
grandes quase-firmas desse segmento além de produzirem motocicletas 
também atuam nos segmentos de motores de força, automóveis e autopeças. 
Exemplo: a HONDA e a YAMAHA. 
No segundo sub-título apresentou-se evid6encias da concentração da 
estrutura industrial do segmento de motos. Observou-se que a HONDA e a 
YAMAHA no período de 86-2000 tinham urna participação de mais de 80%. 
No terceiro sub-título buscou-se apresentar uma análise da turbulência do 
setor de motocicletas, sendo que se observa dois momentos distintos; primeiro 
20 A monografia tem um capítulo dividido em seis sub-títulos. 
31 
momento de 86-1993, e um segundo momento, de 94-2000. Ver-se que as 
quase firmaslíderes, HONDA e YAMAHA têm comportamento semelhante, 
embora as produções da HONDA e da YAMAHA são em termos de unidades 
produzidas bem diferentes, devido a grande escala de produção da HONDA. As 
quase-firmas menores apresentam índices de turbulência ora baixo, ora 
elevados de maneira abrupta, mostrando um comportamento adaptativo, isto é, 
procurando acertar suas posições no mercado; ora lançando vários modelos de 
uma só temporada, ora se recuperando de tais tentativas. De 86-1993 a 
produção e vendas de motocicletas têm uma trajetória descendente; de 94-2000 
a trajetória é de crescimento. As quase-firmas maiores apresentam índices de 
turbulência menos variantes, isto é, não há grandes picos de alta ou baixa e de 
forma abrupta, o que demonstra urna certa consolidação no mercado. No 
primeiro momento a HONDA, quase-firma da HONDA do Japão, é líder no 
mercado, e demonstrou que na situação conjuntural de 86-2000 um índice de 
turbulência médio em torno de 50% - o que sugere que a quase-firma aposta em 
seus lançamentos de modelos de forma mais constante, na escala de produção 
elevada como forma de reduzir os custos e manter-se competitiva. 
No quarto sub vítulo buscou-se analisar o preço médio do carro e moto 
populares. A moto popular é bem mais acessível a grande parcela de 
compradores da população de forma geral, do que o carro popular, que nos 
últimos anos este apresentou urna elevação nos seu preço médio — que o torna 
não tão popular. Já as motos populares, basicamente as de 125 cc, de 95-00 
apresentou um aumento, em torno de 60%, em seu preço médio bem menor do 
que a variação do preço médio do carro popular (120%) no mesmo período (95- 
00). 
No quinto sub-título, apresentou-se uma análise do mercado duas rodas 
no Ceará; este é o segundo maior mercado em vendas de motocicletas do 
Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo, segundo o relato, em entrevista, de 
dois profissionais de vendas do setor duas rodas no Ceará, - ambos com 20 
32 
anos de vivência no mercado de motocicletas. O Ceará mostra uma frota de 
motocicletas crescente, esse crescimento é impulsionado por ser a motocicleta 
um veiculo barato, econômico e de fácil manutenção, e cada vez mais utilizados 
pelo comércio varejista para a realização de seus negócios e também devido ao 
surgimento dos mototáxistas e motoboys. 
No sexto sub-titulo analisou-se rapidamente a produção de motocicletas e 
a abertura comercial do mercado brasileiro. Evidenciando que com a abertura de 
mercado o setor de motocicletas sofreu algumas alterações, como a entrada de 
novas quase-firmas, montadoras, no mercado nacional. 
A tendência é que a HONDA e a YAMAHA quase-firmas ativas continuem 
a ter uma participação de pelo menos 80% no setor de veículo duas rodas, e 
principalmente no segmento de motocicletas populares (125cc,200 cc), enquanto 
as quase-firmas entrantes aumentem as participações em vendas de 
motocicletas de altas cilindradas (500 cc, 600 cc, 1000 cc, 1100 cc). 
3. 	ANEXOS 
QUADRO A.a - Perspectiva de preços com novo valor do IPI. 
Veiculo Valor(R$) 
IPI —1O% 
Valor (R$) com 
IPI —16% 
Diferença 
Gol Special 1.0 
ger.11l 4 portas 
14.000 14.763 5.5 
Corsa Hatch Super 
1.0 16 v 2 portas 
18.000 18.982 5.5 
Pálio EX Fire 
2 portas 
14.500 15.291 5.5 
Uno Mille Smart 
1.0 4 portas 
12.400 13.077 5.5 
Ford Ka Image 1.0 
2 portas 
16.200 17.083 5.5 
FONTE: MOLICAR Serviços Técnicos Ltda. 
34 
CLairoP.RZ CfiadodoRreQorrticto-rrlopcpix. 
M121~~Moirik 1995 19E6 1997 1998 1999 
LEGCN 125 	AGRLLE R$ - R - 	R$ 2703,00 R$ 2í00,00 R$ 3.000,00 R$ 3.E00,00 
F{S11 FT 125A 8WD' FS - RZ$ - 	R$ 2350,00 R$ 250000 F$ 2700,00 RB 
181ZCfl suri [AIM P$ - R$ R$ - R$ - 	1$ 5.n,00 5.5so,00 
CG 125 TITAN ES 11:11\Dok R$ - ~ [W ir - R$ 3.600,00 4.2fD,00 
CG12511TPN 	1-SD4 2500,00 R$ 2600,00 R$ 2650,00 R$ 2750,00 R$ 3.000,00 R$ 3.300,00 
XR125 	1-1:1\M R$ 3.000m: ,; 3.210,00 R2$ 3.450,00 R$ 3.700,00 R$ 3.953,00 
A125 S 	..E1\D4 280o,00 R$ 29C<0,00 3.000,00 R$ - 	R$ 
CG125CPRa) I ~ R$ 2000,03 R$ 2300,00 R$ 2507,00 R$ 2WO,00 ~. 2800,o3 „ 3.7o0,00 
- 	R$ 17T180Z 	YPM11-A, R$ 2500,00 R$ 2800,00 R$ 3.(70[0,00 R$ - ~ 
YER125 YPM54-1.5, R$ - R$ - 	-~, - R$ - 3.650,00 R$ 3.90000 
iCJIPL F$ 9.800,00 R$ 13.800,00 R$ 19.40000 R$ 14.100,03 R$ 27.650,00 R$ 27.820,00 
MEDA R$ 245),C0 R$ 2/2D,00 FS 2771,43 R$ 2ez(3,t1:3 	R$ 3A5V5 M 3:974,29 
230A ~ (P/o 11% 2% 23/4 15°;R 
FONTE : Revista Moto&Técnica: Moto Tabe{a.n 53, ano: 05. 2001. 
QUADRO A. c. Prego médio carro popular. 
Ano Valor (R$) 
1995 7.315,00 
1996 10.391,00 
1997 12.614,00 
1998 12.984,00 
1999 15.136,00 
2000 16.076.00 
FONTE: Marinello, Fabiana; Xavier, Jesuan. Carro popular subiu acima da média. Jornal do 
Brasil. p. 12. Brasília, 6 janeiro 2001. 
35 
Quadro A.d. - Histórico de vendas de motocicletas no Brasil (1956-
1993 ). 
1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 
HONDA 101831 114426 115172 115138 93526 86370 42616 53478 
YAMAHA 30516 36360 31897 32744 23004 17989 10834 14519 
HYOSUNG 0 0 0 0 0 0 0 0 
BRANDY 0 0 0 0 0 0 0 0 
AGRALE 14091 10045 5914 5735 6639 4809 0 0 
CALOI 0 0 0 0 0 0 0 0 
VESPA 19722 14782 5688 0 0 0 0 0 
Fonte: ABRACICLO. Histórico de vendas de motocicletas no Brasil, período 
86-2000, 2001. 
Quadro A.e - Histórico de vendas de motocicletas no Brasil (1956 — 
2000). 
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 
HONDA 53477 103283 172142 244399 366760 417892 407284 507883 
YAMAHA 14519 17679 19599 25412 30894 29886 26738 50906 
HYOSUNG 0 0 0 0 0 2043 4008 13567 
BRANDY 0 0 7065 5857 6981 4537 2506 0 
AGRALE 0 0 1786 0 0 1017 0 0 
CALOI 0 0 0 0 0 5763 1000 1785 
Fonte: ABRACICLO. Histórico de vendas de motocicletas no Brasil, período 
86-2000, 2001. 
36 
4. REFERÊNCIA S BIBLIOGRÁFICAS 
ABREU, Marcelo de Paiva ...et al. A Ordem do Progresso — Cem anos de 
Política Econômica Republicana 1889-1989. Rio de Janeiro, R.J. 7a. 
edição. Ed. Campus. 1990. 
AVERBUG, André. Abertura e Integração Comercial Brasileira na 
década de 90.Revista do BNDES, Revista BNDES. n 23 . Rio de 
Janeiro: BNDES. 
ABRACICLO. Histórico da produção de motocicletas, no período 1986-
2000. 2001. São Paulo. 
	. Histórico das vendas de motocicletas no Brasil, período 
1986- 2000. 2001. São Paulo. 
ANTUNES, Marcelo. Faturamento de consórcios deve atingir R$ 10,8 bi. 
Gazeta Mercantil. Brasilia. 21 dezembro 2000. p. B-2. 
DULCE, Benigma Alvarenga. Montadoras produzem e vendem mais. 
Gazeta Mercantil. São Paulo, 9 de maio de 2000, Dinheiro, p. B-12. 
FEAAC - Faculdade de economia, Administração, Atuaria e Contabilidade. 
Manual de Normas para Elaboração de Monografia. Fortaleza: UFC, 
1998. 
MOREIRA, M.M.; Correa, P.G. Abertura Comercial e indústria: o que se 
pode esperar e o que se vem obtendo. Texto para discussão, n 49. 
Rio de Janeiro: BNDES. 
37 
MUNHOZ, Dércio Garcia. Economia Aplicada — Técnicas Pesquisa e 
Análise Econômica. Brasília: UNB, 1989. 
MARINELLO, Fabiana; Xavier, Jesuan. Carro popular subiu acima da 
média. Jornal do Brasil. Brasília.6 janeiro 2001. p.12. 
PFEIFER, Ismael. Montadoras trocam a Argentina pelo Brasil. Gazeta 
Mercantil. Buenos Aires. 21 maio 2001. p. C-1. 
PAULA, Nice de; Amorim, Rodrigo. Carro popular fica mais caro e de 
luxo, mais barato. Jornal do Brasil. Brasília. 9 fevereiro 2001. 
Caderno: Economia. p.12. 
ROCHA, Euripedys Ewbank. Sete tópicos de organização industrial. 
Pesquisa DTE/UFC. Fortaleza, 1999. 
RODAS, João Grandino. CADE,SDE,SEAE e a defesa da livre 
concorrência. Gazeta Mercantil. 1° cad. , p. A -3. 
São Paulo, 06 março 2001. 
Revista Moto Verde. Motociclismo — n.01. Ed. Especial.ano: 2001 
Revista Duas Rodas — n. 307. ano: 26. 2001. 
Revista Moto&Técnica: Moto Tabela — n. 53. ano: 05.2001. 
. — n. 47. ano: 07. 2001. 
Revista Moto! — n. 78. ano: 07. 2001. 
— n. 75. ano: 07. 2001. 
38 
Revista Solomoto — n. 210. ago/00. 
SATOMI, Lilian. Fiat Automóveis faz opção pelo Brasil. Gazeta Mercantil. 
São Paulo, 5 a 7 de março de 01.Negócios, p. 4. 
	 . VW prioriza pós-venda para ter liderança. Gazeta Mercantil. 
São Paulo, 5 a 7 de março 01. Negócios, p. 4. 
	 ; Manant, Sérgio. Europeus disputam mercado de carros. 
Gazeta Mercantil. São Paulo, 5 a 11 de março 01. Negócios, p.3. 
SANTOS, Angelo. A nova economia da Internet e a organização 
industrial. Monografia. Cap. 1,p.6. Fortaleza: FEAAC/UFC. 2000. 
VILARDAGA, Vicente ...et al. Novas marcas vingam e entram no carro 
popular — Toyota, Honda e Citr®en em rota diferente da Chrysler. 
Gazeta Mercantil. São Paulo. 31 março 2001. 
39

Continue navegando

Outros materiais