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Tema 5 – Intubação orotraqueal e Ventilação Mecânica Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Intubação orotraqueal É um procedimento realizado em muitas situações de emergência que visa à colocação de uma cânula no interior da traqueia com o auxílio de acessórios específicos para assegurar um suporte ventilatório eficiente e seguro. A sequência rápida de intubação é definida como pré-oxigenação com ventilação espontânea e uso concomitante de hipnótico e de bloqueador neuromuscular. A sequência prolongada de intubação consiste no uso de um sedativo previamente à pré-oxigenação com o intuito de otimizar esse passo antes da laringoscopia. INDICAÇÕES • Parada cardiorrespiratória • Parada respiratória ou significativa hipoventilação • IRpA que evolui com fadiga da musculatura respiratória • IRpA associada a doenças neuromusculares • Obstrução de vias aéreas • Hipoxemia grave e refratária ao tratamento com medidas menos invasivas • Trabalho respiratório excessivo • Redução da pressão intracraniana • Instabilidade hemodinâmica grave • Necessidade de “proteção” de vias aéreas (Glasgow ≤ 8) CRITÉRIOS DE EXTUBAÇÃO • Evento agudo que motivou a VM revertido ou controlado • Troca gasosa: PaCO2 ≥ 60mmHg com FiO2 ≤ 0,40 e PEEP ≤ 5 a 8cmH2O • Avaliação hemodinâmica: sinais de boa perfusão tecidual, independência de vasopressores (doses baixas e estáveis são toleráveis), ausência de insuficiência coronariana ou arritmias com repercussão hemodinâmica. • Capacidade de iniciar esforço respiratório • Nível de consciência • Tosse • Equilíbrio ácido-básico pH ≥ 7,30 • Balanço hídrico • Eletrólitos séricos (K, Ca, Mg, P) PREDITORES DE VIA AÉREA DIFÍCIL Avaliar: • Extensão do pescoço limitada (<35º) • Limitação da mobilidade mandibular • Índice de Mallampati • Índice de Cormack-Lehane • Distância dos interincisivos (<3,5cm) • Distância tireomentoniana (<12,5cm) • Distância esternomentoniana A via aérea falha ocorre quando um profissional experiente não consegue intubar após três tentativas ou não consegue manter uma saturação aceitável com bolsa-válvula-máscara durante essas tentativas (não ventila, não intuba). SEQUÊNCIA RÁPIDA DE INTUBAÇÃO Preparação • Identificar e aspirar medicações escolhidas, inclusive para pós- procedimento. • Paciente deve estar conectado a monitor com cardioscopia, oximetria, PA e capnografia em forma de onda. • Acesso venoso fixado e funcionante – preferencialmente dois • Laringoscópio disponível, testado e do tamanho ideal. • Tubos endotraqueais do tamanho desejado e 0,5mm menor • Equipamentos para via aérea de resgate. Pré-oxigenação - Fornecer oxigênio com a maior concentração disponível ao paciente por no mínimo 3 minutos antes da indução hipnótica. Duas formas preconizadas: • Bolsa-máscara-válvula – 15L/min • Máscara não reinalante – aproximadamente 40L Se não for possível obter boa saturação com esses métodos → VNI Pré-droga/tratamento (otimização da pré-intubação) Administração de drogas com objetivo de diminuir os efeitos indesejáveis da laringoscopia e intubação: • Fentanil: atenua descargar adrenérgica (3mcg/kg) • Lidocaína: atenua a hiper-reatividade das vias aéreas (1,5mg/kg) Paralisia após indução - Infusão em bolus, iniciando pela medicação hipnótica das doses previamente calculadas e preparadas • Hipnótico: etomidato 0,3 mg/kg, quetamina, propofol ou midazolam • Bloqueador neuromuscular: succinilcolina 1,5mg/kg o Pacientes com doenças neuromusculares, lesão muscular aguda (queimaduras, rabdomiólise), doenças neuromusculares progressivas e história de hipertermia maligna (hipotensão, acidose lática, hipercalemia e rigidez muscular) não devem receber succinilcolina. o Doença renal crônica ou hipercalemia isoladamente não são contraindicações ao uso. o Miopatias congênitas como as distrofias musculares são contraindicações absolutas. Posicionamento do paciente • Altura da cama à altura do processo xifoide do intubador • Paciente o mais próximo da cabeceira da cama • Elevar cabeça do paciente e posicionar coxim no occipício • Obesos → rampa torácica Passagem e posicionamento do tubo • Abertura da boca → inserção cuidados do laringoscópio pelo lado direito, rebatendo a língua para a esquerda até visualização da epiglote → introduzir tubo até que as pregas vocais fiquem na altura da marca preta proximal ao balonete o entre as marcas pretas proximais ao balonete. • Confirmação do posicionamento com a medida de CO2 (capnografia), ausculta (epigástrio → base esq. → base direita → ápice esq. → ápice direito) Pós-intubação • Fixar o tubo • Conectar paciente ao ventilador mecânico com ajustes personalizados ao seu tamanho e patologia. • Permanecer ao lado do paciente nos momentos seguintes • Solicitar radiografia de tórax para confirmar posicionamento do tubo e avaliar parênquima pulmonar. • Iniciar analgesia contínua. VIA AÉREA CIRÚRGICA – CRICOTIREOIDOSTOMIA Procedimento cirúrgico que consiste de abertura de um estoma na membrana cricotireóidea comunicando com meio externo Procedimento de emergência com intuito de manter respiração temporária quando IOT não for efetiva. TÉCNICAS ALTERNATIVAS À INTUBAÇÃO Vias supraglóticas: • Intubação nasotraqueal: individuo deve estar respirando. CI na suspeita de lesões/fraturas de base de crânio • Máscara laríngea: intervalo curto • Combitubo – intubação às cegas. • Broncoscopia Vias infraglóticas: • Ventilação transtraqueal / cricotireostomia • Intubação retrograda • Traqueostomia COMPLICAÇÕES DA IOT: Pneumotórax; Lesão de cordas vocais; Laceração de traqueia; Laceração esofágica; Enfisema subcutâneo; Lesão dentária; Hemotórax Distúrbios do equilíbrio ácido básico Gasometria arterial: pH, PaO2, PaCO2, bicarbonato, BE, SatO2 • Quanto maior a concentração de H+, menor pH e vice-versa • Quanto maior o BE, mais antigo é o distúrbio Principal tampão do meio extracelular é o bicarbonato e o do meio intracelular é o fosfato. Sequência de avaliação: pH → bicarbonato → gás carbônico Quem compensa distúrbios metabólicos é o sistema respiratório: Acidose metabólica → compensa com hiperventilação → diminui CO2 → alcalose respiratória. Etiologias de acidose metabólica com AG normal (hiperclorêmica): • Perda GI de bicarbonato: diarreia, fistula ou drenagem intestinal do intestino delgado, derivação uretral... • Perda renal de bicarbonato ou falta de excreção renal de ácido: acidose tubular renal (hipoaldosteronismo), diuréticos poupadores de potássio, inibidores da anidrase carbônica • Miscelânea: recuperação de cetoacidose, acidose dilucional, nutrição parenteral Etiologias de acidose metabólica com AG aumentado: • Cetoacidose: diabética, alcoolica, jejum • Acidose lática • Intoxicações aguda • Falência de excreção de ácido: lesão aguda, doença renal crônica Etiologias de alcalose metabólica: • GI: vomito, SNG aberta, adenoma viloso de cólons • Renal: diuréticos, estados edematosos, síndrome de Bartter • Estenose arterial renal • Síndrome de Cushing • Administração exógena de bicarbonato Etiologias de alcalose respiratória: • Ansiedade, AVC, dor, febre, meningite, trauma, tumores • Altas altitudes, anemia grave, aspiração, edema pulmonar, pneumonia • Hemotórax, derrame pleural, embolia pulminar e IC • Gravidez, progesterona • Hiperventilação mecânica, insuficiência hepática, sepse Etiologias de acidose respiratória: • Deformidades de caixa torácica, distrofias musculares, miastenia gravis, poliomielite • Barotrauma, DPOC, SARA • Anestésicos, morfina, BZD, AVC, infecção • Asma, obstrução • Hipoventilação, obesidade Ventilação mecânica Nós respiramos por pressão negativa; a musculatura aumenta o volume torácico, diminui a pressão intratorácica e o arentra na cavidade torácica. Com os ventiladores é diferente, nós ventilamos o paciente com pressão positiva; desde a VMI como VNI; tem uma máquina empurrando sobre pressão uma coluna de ar – oxigênio – para dentro do paciente; e isso causa uma pressão positiva. NÃO INVASIVA Suporte ventilatório administrado através de uma máscara ou outra interface (capacete), sem uso de próteses traqueal (IOT ou traqueo). Previne IOT → previne complicações SEMPRE tentar a VM não invasiva antes da invasiva, exceto de contraindicações diretas. Indicações: • Exacerbação grave de DPOC • Edema pulmonar agudo cardiogênico • IRpA no paciente imunossuprimido • Auxilio na retirada de VM • Apneia obstrutiva do sono • Hipoventilação da obesidade • Doenças neuromusculares • Exacerbação da asma, SDRA leve ou moderada, pneumonia adquirida na comunidade. Contraindicações: • PCR • Necessidade de intubação de emergência • Rebaixamento do nível de consciência – exceto hipercapnia por DPOC • Trauma de face ou cirurgia facial ou neurológica • Alto risco de broncoaspiração • Anastomose de esôfago recente • Edema de glote MODOS VENTILATÓRIOS - Maneira como se dá o início da fase inspiratória • Controlado: iniciado / controlado / finalizado pelo ventilador o Usado quando drive respiratório do paciente está ausente (coma profundo, sedação, paralisação) • Assistido: iniciado pelo paciente, controlado e finalizado pelo ventilador • Espontâneo: iniciado / controlado / finalizado pelo paciente o CPAP (edema agudo de pulmão cardiogênico): 2 níveis de pressão (IPAP ou EPAP = PEEP) o BPAP (DPOC): pressão positiva constante nas vias aéreas (somente PEEP) CONCEITOS Ciclagem: fechamento da válvula inspiratória e abertura da válvula expiratória Modalidade: refere-se a variável limitada (controlada) sobre a mecânica ventilatória. Pode ser volume-controlada ou pressão- controlada. Volume corrente: quantidade de gás que entra e sai dos pulmões em cada ciclo respiratório Fluxo inspiratório: velocidade com que o gás adentra nas vias aéreas e pulmões Frequência respiratória: número de incursões respiratórias em 1min Sensibilidade: variável relacionada à percepção de esforço despendido pelo paciente para o início da inspiração, ou seja, abertura da válvula inspiratória PEEP: pressão positiva ao final da expiração FiO2: porcentagem de O2 Pressão de PICO: pressão máxima ao final da inspiração Peso predito: peso ideal em relação a altura e sexo PARÂMETROS NO VENTILADOR Modalidade volume-controlada: • Volume corrente (Vt): 6ml/kg de peso predito • Fluxo inspiratório: 60L/min (manter I:E = 1:2 a 1:3) • FR: 12-16/min • Pausa inspiratória: 0,3 a 0,5 segundo • FiO2: SatO2: 93 a 97% • PEEP: 3 a 5 cmH2O (ou de acordo com causa de IRp) • Sensibilidade: 1 a 3 cmH2O ou 3 a 5L/min
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