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Tema 6 – Sepse e choque séptico Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Sepse: síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SIRS) de causa infecciosa (confirmada ou presumida). Choque séptico: hipotensão arterial sistêmica que persiste após a ressuscitação com fluidos ou que necessita de drogas vasopressoras para manter a pressão arterial média (PAM) maior ou igual 6mmHg. Diagnóstico / definição SIRS - Presença de 2 ou mais dos critérios: • Temperatura > 38ºC ou < 36ºC • Frequência cardíaca > 90bpm • Frequência respiratória > 20irpm ou PaCO2 < 32mmHg • Leucocitose > 12000mm3 ou leucopenia < 4000mm3 ou >10% bastões SEPSE: SIRS causada por infecção documentada ou presumida. • SEPSIS-3: presença de disfunção orgânica ameaçadora à vida secundária à resposta desregulada do organismo à infecção. Diagnosticada por aumento em 02 ou mais pontos no escore SOFA SOFA: quanto maior o SOFA, pior o prognóstico qSOFA: triagem à beira leito SEPSE GRAVE - sepse com 1 ou mais dos achados: • Hipotensão induzida pela sepse (responsiva à reposição de cristaloides) • Débito urinário < 0,5ml/kg/hora por 2 horas, a despeito da ressuscitação com fluidos • Lactato acima do valor de normalidade do hospital • PaO2/FiO2 <250, na ausência de pneumonia • PaO2/FiO2 <200, se houver pneumonia • Creatinina > 2Mg/dL • Bilirrubina total > 2mg/dL • Plaquetas < 100.000mm3 • Coagulopatia (INR >1,5) CHOQUE SÉPTICO: sepse associada à hipotensão que persiste após ressuscitação com fluidos e que necessita de drogas vasopressoras ou na presença de hiperlactatemia (>2mmol/L ou 18mg/dL). Fisiopatologia A fisiopatologia da sepse é complexa e depende de uma série de fatores. O aspecto comum é a exposição a um patógeno invasor ou à sua toxina, desencadeando uma resposta imunológica e inflamatória com o intuito de controlar essa ameaça ao organismo. Entretanto, essa resposta pode ser excessiva, ocasionando ativação de neutrófilos, monócitos, plaquetas, estimulação da coagulação e redução da fibrinólise. Lesões endoteliais e microvasculares difusamente causam e/ou pioram a perfusão tecidual, contribuído para o círculo vicioso encontrado em pacientes em choque séptico. Exames complementares Exames gerais e séricos: • Radiografia de tórax e ECG • Hemograma, plaquetas e exames de coagulação • Ureia, creatinina, eletrólitos e glicemia • TGO, TGP e bilirrubinas • Gasometria arterial • Lactato • PCR ou procalcitonina Diagnóstico microbiológico: • 2 pares de hemoculturas • Exame de urina + urocultura • Cultura de qualquer local suspeito • Exames de imagem para confirmar potencial origem da infecção, se suspeita clínica Outros exames – guiados pela suspeita clínica • Punção líquiroca • Gota espessa para Plasmodium • Exame de HIV • US a beira leito Impacto na redução da mortalidade Reconhecimento rápido do paciente séptico Ressuscitação com fluidos precoce e agressiva Coleta de culturas, antibioticoterapia precoce e controla de foco infecciosos (se necessário) Não tolerar hipotensão e prescrever noradranalina, se necessário, para manter PAm >65mmHg. Conduta Suspeita de SEPSE → realizar qSOFA → antibioticoterapia precoce (<1h da identificação) → coletar culturas → manejo hemodinâmico Sempre que fazer antibioticoterapia com suspeita de sepses, coletar 2 hemoculturas de sítios diferentes (femoral, radial, cateter central), urina 1 e se o paciente estiver em IOT coletar cultura de aspirado traqueal. Paciente em monitorização continua: FC, PA, exame cardiovascular, tempo de enchimento capilar e avaliação de pele e mucosas. SUPORTE HEMODINÂMICO Pelo menos 30ml/kg de cristaloides nas primeiras 3 horas para paciente com hipotensão ou com lactato maior ou igual a 4mmol/L NORADRENALINA, ADRENALINA E VASOPRESSINA Noradrenalina é a droga de escolha. Dopamina deve ser evitada, exceto em situações particulares, como paciente com baixa chance de arritmia e bradicardia relativa ou absoluta Dose inicial da noradrenalina: 2 a 5mcg/minuto. Se necessário, a cada 3-5 minutos, aumentar a dose em 3 a 5mcg/minuto. • Dose máxima: indefinida, mas em geral acima de 90 a 100mcg/minuto não parece ser útil; A noradrenalina pode ser iniciada em veia periférica (antecubital ou jugular externa), mas não em veias distais ou de membros inferiores; a infusão pode ser mantida por algumas horas, até que um cateter venoso central seja passado com segurança; Vasopressina ou epinefrina são úteis no choque refratário, adicionadas à noradrenalina. Nessa circunstância, pode-se tentar reduzir a dose da noradrenalina ao iniciar a segunda droga. ANTIBIOTICOTERAPIA E CONTROLE DO FOCO INFECCIOSO A escolha deverá ser guiada pelos sítios prováveis da infecção, o local onde adquiriu a infecção, gravidade do caso, antecedentes do paciente e o padrão de resistência local; A precocidade da antibioticoterapia, em menos de 1 hora da identificação do paciente séptico, é um determinante primário na redução da mortalidade. Para cada hora de retardo, há um aumento de 4% na mortalidade; A remoção física do foco infeccioso é fundamental e deve ser feita o mais rápido possível, em caráter de emergência. Isso inclui: drenar abcessos, preferencialmente por via percutânea; debridar tecidos necróticos, inclusive algumas vezes com amputação, se necessário; cateter central deve ser examinado, se houver indícios de infecção, deve ser removido imediatamente; sonda vesical deve ser retirada ou trocada. HIPOXEMIA E INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA Em geral, oxigênio suplementar corrige a hipoxemia leve. Hipoxemia mais acentuada pode se tratada com cânula nasal de alto fluxo; ventilação não invasiva é uma possibilidade, devendo ser considerada caso a caso. Nos casos mais graves ou refratários a medidas menos invasivas, a IOT com ventilação mecânica pode ser necessária para assegurar uma oferta adequada de oxigênio aos tecidos. Aspectos iniciais da ventilação mecânica: • Volume corrente: 6ml/kg de peso predito; • Pressão de platô menor ou igual a 30cm H2O; • PEEP: deve-se evitar o colapso alveolar ao fm da expiração (atelectotrauma). Estratégia com maiora valores de PEEP é a preferência em pacientes com desconforto respiratório moderado (FiO2/PaO2 <200) ou grave (PaO2/FiO2 <100); • Manobras de recrutamento alveolar são indicadas no paciente que persiste com hipoxemia grave; • Manter a cabeceira do leito elevada em 30º ou 45º (reduz aspiração e evita pneumonia associada à ventilação); CORTICOESTEROIDE Indicações: • Pacientes que necessitam de doses crescentes da noradrenalina para conseguir estabilidade hemodinâmica; • Forte suspeita de insuficiência adrenal aguda; Hidrocortisona: 200mg/dia. A dose total deve ser infundida em bomba de infusão contínua (200mg/dia) ou em bolus, dividida em 4 doses (50mg, IV, de 6/6 horas). No DE, a droga pode ser feita com segurança a cada 6 horas. OUTRAS MEDIDAS • Profilaxia de úlcera de estresse – se risco de sangramento o Antagosnita H2: ranitidina o Bloqueador da bomba de protons: omeprazol • Profilaxia de TVP – paciente com disfunção organica ou choque séptico, podende ser farmacologico e/ou mecânica • Dialise • Transfusão de hemácias o Hemoglobina < 7g/dL • Tranfusão de plaquetas o Plaquetas <10.000/mm3 o Plaquetas <20.000/mm3 com alto risco de sangramento
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