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10
FACULDADE DE BALSAS–UNIBALSAS
ESCOLA DE DIREITO
RAILANE LIMA SANTOS
LIbERDADE DE EXPRESSÃO e O discurso de ódio no espaço cibernético
Balsas, MA
1
8
2022
APÊNDICE - LIBERDADE DE EXPRESSÃO E O DISCURSO DE ÓDIO DE RACISMO NO ESPAÇO CIBERNÉTICO 
1. O QUE CARACTERIZA O DISCURSO DE ÓDIO?
Não há um único conceito para definir o que é um discurso de ódio, os entendimentos se assemelham, uma vez que tem a mesma finalidade que é a propagação de idéias que incitam a discriminação, sejam elas raciais, homofóbicas, machistas, destinadas a um grupo, em sua maioria as ofensas são direcionadas as minorias sociais. André Gustavo Correa de Andrade, entende que:
o discurso de ódio pode ter como alvo uma ou mais pessoas específicas, integrantes de um grupo social e exatamente porque façam parte desse grupo. Pode, também, ser dirigido contra todo um grupo de pessoas identificadas por características comuns, tais como raça, nacionalidade, etnia, crença religiosa, orientação sexual[...] 
(ANDRADE, 2021,p.13)
Sendo assim, chega-se à conclusão que o discurso de ódio é o conjunto de ações intolerantes, sendo considerada uma violência verbal ou escrita lançada na maioria das vezes aos grupos minoritários sociais.
As possibilidades de formas de comunicações mudaram radicalmente, se comparadas há anos atrás, a maneira em que se tem acesso à internet e a partir dela com o auxílio de aplicativos intervirem nos relacionamentos entre os indivíduos, a forma em que se criam laços de entrosamentos não é mais o mesmo. Segundo Eduardo Magrini:
a internet revolucionou muitos aspectos da vida contemporânea. Mas a possibilidade de uma comunicação direta entre pessoas com laços fracos (pessoas que não construíram sua relação de confiança por meio dos mecanismos tradicionais) propiciou mudanças particularmente profundas em setores marcados por forte intermediação. [...]
(MAGRINI, p.13, 2014)
O espaço cibernético permitiu uma facilidade para a comunicação e com ela também o compartilhamento de idéias, posicionamentos, opiniões, e seguindo esta senda, favorecendo também debates em que há consonâncias ou convergências de concepções. Por se tratar de um território imenso e ilimitado, a internet é considerada uma “terra sem lei”, ou seja, todos podem agir como lhes convém, expressar o que pensam, sem lidar com as conseqüências.
Ressalta-se que a propagação de discursos de ódio é um fenômeno que cresce cada vez mais no espaço cibernético, seja através de comentários, posts, publicações. Os responsáveis por tais hostilidades utilizam-se do direito à liberdade de expressão, e entra então o dilema entre o princípio democrático e a efetivação desta instituição. A quantidade de vítimas e o número desses atos discriminatórios estão preocupantes, pois aumentam constantemente.
Neste sentido há debates sobre o uso da liberdade de expressão e os seus limites, uma vez que estamos em uma época em que a propagação do discurso de ódio no espaço cibernético se faz em poucos instantes e com alcances inimagináveis, o impacto e conseqüência destes são intangíveis. Desta maneira fica então o questionamento de como o Direito deve agir quando a liberdade de expressão é usada de forma ilimitada e abusiva, de modo a preservar tal direito.
Referentes as propagações dos discursos de ódio na internet,não basta apenas a exclusão do conteúdo discriminatório, pois o ofendido e os outros usuários não esqueceram o ocorrido com a simples retirada do material ofensivo. Segundo os autores Ingo Wolfgang e Andressa de Bittencourt
“Com isso, agrava-se o quadro no que diz respeito possibilidade efetivo apagamento (exclusão) de conteúdos na internet e de um respectivo processo de “esquecimento” nesse domínio, não sendo à toa que muito se fala que a internet nunca esquece, contexto, aliás, que demarca a polêmica respeitante ao reconhecimento de um direito humano e fundamental ao esquecimento na internet, que, contudo, aqui não será desenvolvido.”
Conforme já dito o direito à liberdade de expressão, assim como os outros direitos fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988 não são absolutos, devem ter restrições inteligíveis e compreensíveis de acordo com a sua abrangência, entretanto tais restrições a essa liberdade só podem ser restritas na medida quando significar a eficácia de outros direitos ou princípios constitucionais, desta maneira, o direito à liberdade de expressão só deve ser restrito quando ferir outro direito ou instituto constitucional.
Embora o Brasil não conviva mais com situações de censura ao direito à liberdade de expressão, e que muitos direitos evoluíram e conjuntamente com eles boa parte da população, o cenário de violências ainda é existente, ao analisar casos na internet muitas pessoas se negam a progredir, e a partir deste fundamento se fazem uso do discurso de ódio como instrumento para expressar tais posicionamentos.
O número de queixas nas Delegacias de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) aumenta de forma regressa, na medida em que o espaço cibernético, e dentre os vários crimes de informática, se encontra o do discurso de ódio, segundo pesquisas o índice deste crime teve um dos pontos altos em que foram recebidas diversas denúncias de intolerância e discurso de ódio na internet, segundo o levantamento da [footnoteRef:2]ONG SaferNet ocorreu durante o segundo turno das eleições de 2018. [2: A SaferNet, que atua desde 2006 na promoção e defesa dos direitos humanos na internet, recebe de maneira anônima e por meio de uma plataforma digital denúncias de atividades cibernéticas que violem esses princípios.] 
Parte da reportagem, como se pode ver abaixo, o crime de discurso de ódio era direcionado aos grupos de minorias, o salto do número de denúncias é preocupante, alguns discursos de ódio na internet pediam o extermínio dos círculos de pessoas minoritárias.
Os dados, obtidos com exclusividade pela BBC News Brasil, mostram que durante os 21 dias que separaram as duas votações, as denúncias com teor de xenofobia cresceram 2.369,5%, de apologia e incitação a crimes contra a vida, 630,52%, de neonazismo, 548,4%, de homofobia, 350,2%, de racismo, 218,2%, e de intolerância religiosa, 145,13%.
O número total de denúncias mais que dobrou em relação ao pleito de 2014: passou de 14.653 para 39.316 neste ano.
Com o aumento de casos dos discursos de ódio no espaço cibernético, fazendo-se uso de comentários violentos e intolerantes, os autores Bilewicz e Soral entendem que:
A falta de uma regulamentação mais firme nas mídias digitais cria um espaço amplo para a disseminação de mensagens de ódio, diferente das mídias tradicionais, a constante exposição a essas mensagens levam à normalização aumentando a adesão aos comentários preconceituosos (BILEWICZ, SORAL, 2020, p. 9)
Seguindo esta premissa faz-se uso de uma necessidade de haver uma lei especifica que regulamente sobre os crimes de discursos de ódio e tipifique penas cabíveis para tal, mas de nada vale uma lei se não há uma conscientização de como se utilizar o direito a liberdade de expressão, e o que seria o discurso de ódio, quais as suas conseqüências para aqueles que são ofendidos, pois muito ofensores o praticam sem saber de fato que estão praticando. 
Deste modo é importante destacar o projetode [footnoteRef:3]Lei N°7582/2014, que está em processo de tramitação no Congresso Nacional, que tem como uma das finalidades tipificar os crimes de ódio praticados na internet, incluindo dentro dessa lei os grupos refugiados pela [footnoteRef:4]Lei N°7116/89 (Lei de Racismo), além de outros grupos minoritários. Ressalta-se ainda que haveria uma pena destinada diretamente a estes tipos de crimes no âmbito cibernético. [3: Pojeto de Lei N° 7582/2014 (A lei ainda está sendo tramitada no Congresso Nacional) 
] [4: Lei 7116/89 (Lei do Racismo). Art. 1° Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.] 
Ressalta-se dentre os artigos do projeto de Lei N° 7582/2014 o art. 5° que prevêo crime do discurso de ódio, em que a vítima sofre moralmente com a discriminação e o preconceito.
Art. 5º Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito, por meio de discurso de ódio ou pela fabricação, comercialização, veiculação e distribuição de símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda, por qualquer meio, inclusive pelos meios de comunicação e pela internet, em razão de classe e origem social, condição de migrante, refugiado ou deslocado interno, orientação sexual, identidade e expressão de gênero, idade, religião, situação de rua e deficiência.
Percebe-se, portanto que há realmente uma urgência de haver uma legislação direcionada aos crimes cometidos no espaço cibernético, é perceptível o aumento dos números de casos, e desta forma há igualmente a necessidade de haver uma punibilidade dentro da referida legislação, para que tais crimes não sejam novamente cometidos, pois a internet deve ser um lugar seguro e o uso da liberdade expressão deve cumprir com a sua real finalidade, sem ferir outros direitos.
É necessária uma atuação do Estado nas mídias digitais, uma regularização em torno da internet, pois não é um caso isolado, são várias ocorrências de crimes digitais envolvendo a sociedade civil. Os impactos dos discursos discriminatórios devem ser cessados, conjuntamente com os outros crimes. 
2. O DIREITO FUNDAMENTAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO
No final do século XVIII surge um documento fundamental que traz em seu texto legal dentre os direitos individuais e comuns a todos, portanto também universal, o direito a liberdade de expressão, o documento em questão é a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão em 1789, que vem a partir da Revolução Francesa.
O cenário que desencadeou tais garantias fundamentais, era de pobreza e miséria para o povo, enquanto a monarquia e o clero por sua vez se encontravam em riqueza exploratória. O regime político na época era o do Estado absolutista em que era concentrado o poder na autoridade do rei, diante dessas circunstâncias o povo resolve se unir para tirar do comando a monarquia. 
Após a revolução francesa põe-se fim a era monarca, o povo passa a ter mais independência e os direitos civis passam a serem respeitados. O lema dessa luta que marcou a história mundial é baseado em três pilares “liberdade, igualdade e fraternidade”. Neste sentido é possível analisar a liberdade de expressão no supramencionado texto legal, em que aparece nos artigos 10° e 11° a liberdade de expressão de ideias.
De acordo com o Artigo 10º da Declaração do Direito do Homem e do Cidadão,“Ninguém pode ser inquietado pelas suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, contando que a manifestação delas não perturbe a ordem pública estabelecida pela Lei.” (Declaração do Homem e do Cidadão, 1789)[footnoteRef:5] [5: ¹DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO, 1789. Universidade de São Paulo: Biblioteca Virtual de Direitos Humanos, 2015.
] 
O ora texto legal prevê este direito como individual, porém devendo ser exercido em uma sociedade, pois não há sentindo falar em liberdade de expressão em uma circunstância de isolamento, uma vez que expressadas as ideias para somente a si mesmo, não haveria ninguém a reagir a mesma, há não ser o próprio propagador, nesta senda não haveria um debate. 
 Outro documento histórico de grande relevância e que influencia mundialmente, é a [footnoteRef:6]Declaração Universal de Direitos Humanos, ele surge após a segunda guerra mundial e é fundado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948, depois dos crimes cometidos pelo nazismo e das repugnâncias que aconteceram no holocausto, bombas atômicas, ocorrências que fizeram o mundo clamar por paz, surgindo a necessidade de haver uma legislação com impacto universal que assegure que novos horrores não aconteçam. [6: ONU. Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948. Artigo XIX. Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e de expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras] 
 O documento segue as premissas da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, “liberdade, igualdade e fraternidade”, dividindo os direitos em dimensões, é adicionado nesta senda ainda mais duas dimensões, os direitos a democracia, pluralismo político e a paz, são divididos em 30 (trinta) artigos, que estabelecem os direitos básicos de todo ser humano. O direito a liberdade de expressão se encontra refugiado na primeira dimensão no DUDH, onde é associada a ideia de abstenção do Estado, ou seja, o não fazer do Governo.
Já a conquista deste direito tão importante no cenário brasileiro tem a primeira previsão a partir da [footnoteRef:7]Constituição Imperial de 1824, tendo sido novamente previsto em todas as constituições que a seguiram, contudo, a constituição de 1967 promulgada durante a era militar, não só o direito à liberdade de expressão, como também vários outros princípios e instituições constitucionais foram conjuntamente cesurados. [7: A primeira Constituição Federal de 1824; sucedeu-se então as Constituição Federal de 1891; Constituição Federal de 1934; Constituição Federal de 1937; Constituição Federal de 1946; Constituição de 1967 (promulgada durante o período militar); E a vigente atualmente a Constituição Federal de 1988.] 
No decorrer da ditadura militar o poder Executivo, se sobrepôs ao legislativo e judiciário, desta forma havia uma hierarquia constitucional, centralizada nas mãos de entidades governamentais, o que facilitava a opressão da população e restrição de vários direitos. A publicação do Ato Institucional n°5 (AI-5), é enxergado como um resultado concluso de um processo de autoritarismo, não tinha prazo de vigência, sendo assim era usado como um método de intimidação, repressão e perseguição contra partidos políticos e oposições democráticas.
Esse período ficou marcado por não haver a liberdade de expressão seja no aspecto intelectual, artístico, político, de pensamento, em que o simples compartilhamento de ideias oposta ao mandato era motivo de morte ou tortura justificada, o que causou revolta e mobilizou vários movimentos contra o partido político que estava no poder. 
Canções criadas na época estão marcadas até os dias presente com letras que criticavam o governo em forma de protesto e instigavam a população a resistir e superar a censura.
Com o fim da ditadura militar entra em vigor uma nova constituição em 1988, vigente até os dias atuais, e dentre os diversos direitos fundamentais previstos na Carta Magna está o da liberdade de expressão, após anos de censura, ressaltou-se ainda mais a importância deste direito. Atualmente a liberdade de expressão é compartilhadas por diversos meios, destaca-se atualmente o espaço cibernético.
Muito embora existam documentos que protejam o direito a Liberdade de expressão como citados anteriormente, é possível ver situações em que o uso deste instituto se dar de forma desrespeitosa chegando a ferir outros direitos de cunho constitucionais, é o que acontece nos discursos de ódio, as propagações de opiniões podem ser referidas a determinada etnia, crença, raça, sexualidade, normalmente o propagador tem a finalidade colocar esses grupos como inferiores perante a sociedade. 
O espaço cibernético é atualmente o refúgio mais utilizado para fazer-se os discursos de ódio, muitos fazem uso de perfis anonimatos para compartilhar ofensas [endnoteRef:2]e ataques disfarçados de opiniões, direcionados aos grupos das minorias. Pode ser citado como exemplo o caso sofrido por Titi, filha dos atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewank, um dos comentários que ganhou destaque foi "Você e seu marido até que combina, mas a criança que vocês adotaram não combinou muito, porque ela é pretinha e lugar de preto é na África". [2: ] 
A Constituição Federal estabelece em seus textoslegais referentes ao direito da liberdade de expressão, limites, o [footnoteRef:8]art.5° inciso IV da CF prever como proibido o uso de anonimato ao fazer-se uso das manifestações de pensamento, há ainda posteriormente na Carta Magna no mesmo artigo, inciso X a inviolabilidade da honra sendo passível de direito a indenização. Desta forma quando o direito a liberdade de expressão é usado de forma desrespeitosa, como no discurso de ódio é este um limite de tal prerrogativa. [8: “Art. 5o (…) IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decde sua violação”.] 
A liberdade de expressão é um dos pilares para a democracia, cujo o fundamento é que todos devam ser tratados como iguais, o discurso de ódio é assim um limite desta instituição, uma vez que a sua principal finalidade é a tentativa de parar os movimentos históricos que garantiram a conquista deste e outros direitos, em uma busca para restaurar a supremacia dos poderes sejam eles brancos, cis-héteros, sendo assim é um movimento antidemocrático. 
3. QUANDO O DIREITO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO É UTILIZADO COMO INSTRUMENTO PARA A DISSEMINAÇÃO DE DISCURSOS DE ÓDIO 
O direito à liberdade de expressão como outrora fora comentado é de grande significância em um estado democrático de direito, pois não há como se falar em governo popular sem assegurar o livre pensar e posteriormente a exposição deste pensamento, entretanto não é justificável que se utilize deste direito para fazer propagações de ódio disfarçadas de crítica, é o que entende os pensadores Riva Sobrado de Freitas e Matheus Felipe de Castro.
Compreedendo a liberdade como um poder de autodeterminação, reconhecido pelo Estado e positivado em suas constiuições, [footnoteRef:9]por se tratar de um direito fundamental, cumpre-se indagar sobre as reais possibilidades de opor limites ao seu exercício. [9: A SaferNet, que atua desde 2006 na promoção e defesa dos direitos humanos na internet, recebe de maneira anônima e por meio de uma plataforma digital denúncias de atividades cibernéticas que violem esses princípios.] 
Seqüência (Florianópolis), n. 66, p. 327-355, jul. 2013
 Segundo o Relatório Global de Expressão, método de medida para saber se o direito a liberdade expressão está sendo devidamente respeitado, aponta que o Brasil deixou de ter os melhores índices de pesquisa, para se tornar um país com a sua democracia em crise, tal pesquisa é realizada pela ONG (Organização Não Governamental) Artigo 19. A mais atual fora analisada em 2020, destaca que após a candidatura do presidente da república Jair Messias Bolsonaro o índice piorou, com a queda de 28% (vinte e oito por cento) em apenas um ano.
 Ressalta-se ainda que com a pandemia a propagação mensagens com textos de ódio piorou, a Central de Denúncias de Crimes Cibernéticos da Safernet informa que teve um amento de 61% (sessenta e um por cento) no ano de 2021, uma das estatísticas é o registro de mais de cinco mil vezes denúncias com conteúdo de disseminação de ódio contra a população LGTQIA+ e as pessoas negras. 
Um episódio que pode ser citado como uma livre manifestação de opiniões, em que fora produzido através de a disseminação de ódio e preconceito, recentemente durante a apuração dos votos eleitorais na eleição para o cargo de presidência, em que a disputa estava acirrada entre os candidatos Lula Inácio da Silva e Jair Messias Bolsonaro, boa parte dos votos na região do nordeste foram para o candidato 
Sendo assim é valido externar que a liberdade de expressão só é um direito absoluto enquanto um direito inerente a todos, porém não é absoluta em sua prática a ser exercida em um contexto de sociedade, em que habitam pessoas diferentes, com gostos, opiniões, culturas, dentre outras características divergentes.
4.O DIREITO A LIBERDADE DE EXPRESSÃO INERENTE EM OUTROS PAÍSES
 Um dos elementos fundamentais para garantir qualquer país democrático, o Direito a Liberdade de Expressão é um direito que nunca deixou de ser ameaçado e lesado, necessitando desta forma de uma proteção peculiar, principalmente trazendo este direito para o âmbito digital. A função assumida pela liberdade de expressão é nas mais diversas ordens jurídicas e constitucionais de assegurar a igualdade e a progressão.
 Na perspectiva em o papel do direito a liberdade de expressão é o mesmo em qualquer país democrático de direito, as problemáticas são igualmente localizadas, principalmente no quesito proteção estatais, quando este direito colide com outro instituto constitucional da mesma importância. Questiona-se então se o direito a liberdade deve receber predileção em relação a outros direitos constitucionais, e qual serão as conseqüências nos processos de ponderação quando este se tratar de conteúdo sobre as restrições do direito a liberdade de expressão. 
 Embora existam muitas respostas para essa questão, por serem direitos igualmente relevantes e notáveis, quando a liberdade de expressão ferir outro direito que tenha por missão garantir da mesma forma a liberdade, neste sentido, levar-se-á em consideração que nenhum direito é absoluto, segundo Ingo Wolfgang Sarlet... é uma discussão extremamente relevante, pois esta irá refletir também quando o direito da liberdade de expressão dor instrumento para o discurso de ódio: 
 A importância da discussão em torno do peso relacional da liberdade de expressão é que ela impacta diretamente o modo de enfrentamento dos problemas relativos ao discurso do ódio e de sua interdição. Nesse contexto, por sua vez, assume particular relevo a adoção de uma compreensão mais ou menos restritiva da definição jurídica do discurso de ódio, ou seja, dito de outro modo, a decisão a respeito de quais manifestações podem e quais não podem ser tidas como assim enquadradas e se — e até que ponto — podem ser reprimidas.
(SARLETORCID, Revista Estudos Institucionais, v. 5, n. 3, p. 1207-1233, set./dez. 2019)
	
 Nesse contexto é relevante destacar que há diferenças entre as ordens jurídicas e constitucionais com relação ao direito da liberdade de expressão, em alguns países este tem preferência em relação a outros direitos, especialmente no que diz respeito ai discurso de ódio. Nos EUA, [footnoteRef:10] a jurisprudência da Suprema Corte tem o seguinte entendimento sobre esse assunto, logo na Primeira Emenda (1791)[footnoteRef:11] a Constituição Federal Americana de 1787, veda qualquer limitação ao direita da liberdade de expressão, como podemos ver abaixo: [10: Para o caso dos EUA, v., numa perspectiva geral, Zick (2018); sobre o discurso do ódio, v. em especial Waldron (2012). Numa perspectiva comparada – EUA e Alemanha, v. entre outros Brugger (2003. p. 372 e ss). Do mesmo autor, v. também Brugger (2010).] [11: CONSTUIÇÃO, Estados Unidos, 1787, Revista de informação legislativa, v. 24, n. 96, p. 105-112, out./dez. 1987
 ] 
O congresso não deverá fazer qualquer lei a respeito de um estabelecimento de religião, ou proibir o seu livre exercício; ou restringindo a liberdade de expressão, ou da imprensa; ou o direito das pessoas de se reunirem pacificamente, e de fazerem pedidos ao governo para que sejam feitas reparações de queixas.
(Revista de informação legislativa, v. 24, n. 96, p. 105-112, out./dez. 1987)
Deixando explicito desta forma que preferencialmente o direito a liberdade de expressão deve prevalecer em face de outros direitos constitucionais, atribuindo neste sentido um espaço restritivo para intervenção do discurso de ódio.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, André Gustavo Correa, R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 23, n. 1, p. 9-34, Jan.-Mar. 2021;
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988;
BILEWICZ,Michal; SORAL, Wiktor. Hate Speech Epidemic. The Dynamic Effects of Derogatory Language on Intergroup Relations and Political Radicalization. Advances in Political Psychology, Malden, MA: Wiley Periodicals, Vol. 41, Suppl. 1, 19 de jun de 2020, p. 1 – 31. DOI: 10.1111/pops.12670
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO, 1789. Universidade de São Paulo: Biblioteca Virtual de Direitos Humanos, 2015;
FEDERAL, Governo Federal. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2018/novembro/artigo-19deg-todo-ser-humano-tem-direito-a-liberdade-de-expressao-e-opiniao;
MAGRINI, Eduardo. Democracia Conectada. Curitiba, Juruá Editora, 2014;
MESQUITA, Lígia. Denúncias de discurso de ódio online dispararam no 2º turno das eleições, diz ONG. Da BBC News Brasil em Londres. Disponível em:https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46146756
GLORO, O Globo. Disponível em: https://oglobo.globo.com/rio/veja-outros-casos-de-famosos-vitimas-de-racismo-na-internet-22117550
SILVA, José Afonso. Aplicabilidade da norma constitucional. 4ª.ed. São Paulo: Malheiros, 2000;
SILVA, Daniel Neves. "O que foi o AI-5?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-foi-ai-5.htm. Acesso em 06 de junho de 2022;
WOLFGANG, Ingo; BITTENCOURT, Andressa. Revista Estudos Institucionais, v. 6, n. 2, p. 534-578, maio/ago. 2020.

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