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Neoplasias da pele, benignas ou malignas, originam-se na epiderme, na derme ou nos anexos cutâneos. Neoplasias cutâneas primárias são agrupadas em neoplasias da epiderme (benignas, carcinoma in situ e carcinoma invasor), da derme e dos anexos, nevos pigmentados e melanomas. são tumores comuns que são derivados da queratinização do epitélio escamoso estratificado da epiderme e dos folículos pilosos e do epitélio dos ductos de glândulas cutâneas. São algumas vezes confundidos clinicamente com neoplasias malignas, particularmente quando são pigmentados ou estão inflamados, e o exame histopatológico frequentemente é necessário para estabelecer um diagnóstico definitivo. • PAPILOMA Tumores benignos e hiperplasias tumoriformes caracterizados pela projeção de papilas dérmicas que elevam a epiderme, a qual aparece ondulada ou papilomatosa, com hiperceratose e acantose. O termo é impróprio, porque muito amplo, pois papilomatose ocorre em várias entidades, como ceratose seborreica, ceratose folicular invertida, ceratose senil, corno cutâneo, verrugas, acantose nigricante e papiloma fibroepitelial. • CERATOSE SEBORREICA É neoplasia benigna intraepidérmica geralmente pigmentada, prevalente em adultos ou idosos e associada comumente a fotoexposição crônica ou, às vezes, a doenças genéticas ou metabólicas. A lesão pode surgir em qualquer parte do corpo, exceto palmas e plantas. No início, aparecem máculas que evoluem para pápulas ou placas únicas ou múltiplas, de coloração heterogênea, com tons castanho, preto ou azulado. Mutações de ativação no receptor-3 do fator de crescimento de fibroblastos (FGFR3), um receptor de tirosina-cinase, são encontradas em muitas ceratoses seborreicas esporádicas e acredita-se que conduzam o crescimento do tumor. Ceratose seborreica entra no diagnóstico diferencial clínico e dermatoscópico com melanoma. Numerosas lesões de aparecimento repentino (sinal de Leser-Trélat) são manifestação paraneoplásica associada a neoplasias malignas, sobretudo carcinoma do estômago. Histologicamente, encontram-se papilomatose e proliferação de ceratinócitos basaloides, sem atipias nucleares, com grau variável de diferenciação escamosa e pseudocistos córneos. Uma lesão bem demarcada e pigmentada semelhante a uma moeda, contendo tampões na superfície preenchidos por queratina escura (detalhe), é composta de células basaloides benignas associadas a cistos córneos proeminentes cheios de queratina, alguns dos quais se comunicam com a superfície (cistos pseudocórneos). • ACANTOSE NIGRICANS Pode ser um sinal cutâneo importante de várias doenças benignas e malignas subjacentes. É uma condição marcada pela presença de pele hiperpigmentada e espessa com textura do “tipo aveludada” que frequentemente aparece nas áreas flexoras (axilas, dobras da pele nas regiões do pescoço, virilha e anogenital). Está dividida em dois tipos com base na doença subjacente. • Em 80% dos casos está associada a doenças benignas e se desenvolve gradualmente, em geral durante a infância ou a puberdade. Pode ocorrer (1) como um traço autossômico dominante com penetrância variável, (2) em associação a obesidade ou anormalidades endócrinas (particularmente com tumores da hipófise ou pineal e diabetes), e (3) como parte de várias síndromes congênitas raras. As mais comuns são as associações à obesidade e ao diabetes. • No restante dos casos surge em associação com neoplasias malignas, mais comumente adenocarcinomas gastrointestinais, geralmente em indivíduos de meia-idade e mais velhos. A característica comum é uma alteração que leva ao aumento na sinalização do receptor do fator de crescimento na pele. A forma familiar está associada a mutações germinativas de ativação no receptorde tirosina-cinase FGFR3. Em pacientes com diabetes tipo 2, acredita-se que a hiperinsulinemia provoque um aumento da estimulação de receptor do fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGFR1), outro receptor de tirosina- cinase que ativa as mesmas vias de sinalização como o FGFR3. A epiderme e a papila dérmica subjacente aumentada estão claramente onduladas para formar numerosas saliências e depressões. Pode-se observar uma hiperplasia variável, além de hiperceratose e ligeira hiperpigmentação da camada de células basais (mas não hiperplasia melanocítica). • PÓLIPO FIBROEPITELIAL É uma das lesões cutâneas mais comuns. Ele geralmente chama a atenção em indivíduos de meia-idade e mais velhos em áreas do pescoço, do tronco, da face e partes intertriginosas. São tumores macios, em forma de bolsas, da cor da pele, muitas vezes ligados à pele ao redor por um delgado pedículo. Ao exame histológico, esses tumores são constituídos por eixos fibrovasculares recobertos por epitélio escamoso benigno. Os pólipos comumente sofrem necrose isquêmica devido à torção, que pode causar dor e precipitar sua remoção. • NEVO EPIDÉRMICO Malformação congênita constituída por lesão verrucosa linear, única ou múltipla, que segue as linhas de Blaschko e não sofre modificações durante a vida. A lesão, que consiste em pápula verrucosa amarelo- acastanhada com margens irregulares, principalmente no tronco e nos membros, associa-se a várias doenças ou síndromes • CORNO CUTÂNEO Trata-se de expressão essencialmente clínica empregada para descrever hiperceratose exuberante com paraceratose variável que faz protuberância na pele em dimensão maior do que a metade do maior diâmetro da lesão. Na base do corno, podem existir várias lesões ou doenças, sobretudo ceratose actínica, verruga viral, carcinoma de células escamosas, carcinoma basocelular, ceratoacantoma, ceratose seborreica ou ceratose liquenóide Algumas são benignas, mas podem ser confundidas com neoplasias malignas cutâneas, tais como carcinoma basocelular. Outros estão associados a padrões de herança mendeliana e ocorrem como múltiplas lesões desfigurantes. Em alguns casos, essas lesões sinalizam uma predisposição para outras neoplasias malignas Se apresentam frequentemente como pápulas e nódulos únicos ou múltiplos, mal delimitados, da cor da pele. Alguns têm predileção por superfícies corpóreas específicas. • POROMA ÉCRINO: ocorre predominantemente nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, onde as glândulas sudoríparas são numerosas. • CILINDROMA: um tumor dos anexos com diferenciação do ducto (apócrino ou écrino), geralmente ocorre na testa e no couro cabeludo, onde a coalescência dos nódulos com o tempo pode produzir um crescimento em forma de chapéu, por isso chamado de tumor em turbante. • SIRINGOMAS: lesões com diferenciação écrina, geralmente ocorrem na forma de pápulas escurecidas, pequenas e múltiplas nas proximidades das pálpebras inferiores. • ADENOMAS SEBÁCEOS: podem estar associados a outras neoplasias malignas como na síndrome de Muir- Torre, um subconjunto da síndrome do carcinoma colorretal hereditário não poliposo associado a deficits da linha germinativa em proteínas de reparo de pareamentos incorretos do DNA. • PILOMATRICOMAS: exibindo diferenciação folicular, estão associados à ativação de mutações no CTNNB1, o gene que codifica a β-catenina. Mutações nesse gene são observadas em vários tumores, mas são de interesse aqui uma vez que a sinalização de Wnt através da β- catenina é fundamental para o desenvolvimento precoce de cabelo e regula o seu crescimento e sua manutenção. Os tumores anexiais cutâneos também podem apresentar diferenciação primária apócrina; esses geralmente surgem em áreas do corpo onde as glândulas apócrinas são mais prevalentes, tais como a axila e o couro cabeludo. Alguns tumores dos anexos da pele podem originar-se de células-tronco cutâneas totipotentes, que parecem residir em um nicho especializado associado aos folículos pilosos. Lesões morfológicas que apresentam maior risco de evoluírempara neoplasia maligna; nelas, os distúrbios da proliferação e da diferenciação celulares ficam confinados à epiderme. • CERATOSE ACTÍNICA Geralmente ocorrem na pele danificada pelo sol e exibem hiperceratose. Como esperado, ocorrem com maior incidência em indivíduos levemente pigmentado (pele clara) A exposição à radiação ionizante, a hidrocarbonetos industriais e arsênicos pode induzir lesões semelhantes. Essas lesões podem apresentar alterações displásicas progressivamente piores, que culminam no carcinoma de células escamosas, e são análogas a esse respeito a lesões precursoras que dão origem aos carcinomas escamosos do colo uterino Caracteriza-se por placas cobertas de escamas secas, aderentes e pardacentas, medindo até 1,0 cm, que surgem em pessoas idosas. As lesões aparecem sobretudo em áreas expostas à luz solar, como face, pescoço, dorso das mãos e antebraços; mucosas dos lábios e conjuntiva podem ser afetadas. As lesões com maior risco de transformação são as hiperceratóticas no dorso das mãos, nos punhos e nos antebraços. Hiperceratose e atrofia da epiderme, que mostra perda da estratificação e atipias na camada basal, mas sem invadir a derme superior. . Pleomorfismo e policromatismo nuclear das células escamosas. • DOENÇA DE BOWEN Neoplasia intraepitelial de células escamosas na pele (carcinoma in situ). Predomina em indivíduos de pele clara e idosos e é mais frequente na cabeça, no tronco, nas extremidades e na região genital. Manifesta-se por placa vermelho-fosca, de contorno irregular e coberta de escamas ou crostas, com discreta infiltração. A etiologia inclui radiação UV e agentes químicos (p. ex., arsênico). O principal achado microscópico são células disceratóticas isoladas na epiderme, com núcleos grandes, hipercromáticos, único ou múltiplos, além de células vacuoladas • CERATOACANTOMA É lesão proliferativa escamosa de crescimento rápido, às vezes com regressão espontânea. Trata-se de variante histológica de carcinoma de células escamosas de baixo grau que lembra carcinoma verrucoso. O tumor, mais frequente em pele actínica com intenso fotodano, surge preferencialmente na sexta ou sétima década de vida; pode ocorrer em jovens quando associado a xeroderma pigmentoso ou a nevo organoide ou após traumatismo. A lesão localiza-se sobretudo em regiões expostas, como face, pescoço e dorso das mãos. O tumor é bem delimitado, tem centro ceratótico e mede de milímetros a 20 cm; quando volumoso (ceratoacantoma gigante), a lesão é localmente destrutiva. Histologicamente, a lesão apresenta exuberante proliferação escamosa simétrica, em forma de cratera, que fica preenchida por intensa hiperceratose e cujas células exibem citoplasma vítreo, áreas de ceratinização triquilemal, pérolas córneas e neutrófilos intraepidérmicos. Atipias nucleares são discretas e mitoses, raras. • CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS Segundo mais prevalente dentre todos os tipos de câncer. Manifesta-se nas células escamosas, que constituem a maior parte das camadas superiores da pele É o segundo tumor mais comum que surge em locais expostos ao sol em pessoas de idade mais avançada, superado apenas pelo carcinoma basocelular. Têm uma incidência mais alta em homens do que em mulheres. A causa mais importante é a lesão do DNA induzida pela exposição à luz UV. A incidência do tumor é proporcional ao grau de exposição solar durante a vida. Uma segunda associação comum é com a imunossupressão, mais notavelmente a imunossupressão crônica, como resultado de quimioterapia ou transplante de órgãos. A imunossupressão pode contribuir para a carcinogênese reduzindo a vigilância do hospedeiro e aumentando a suscetibilidade dos queratinócitos à infecção e à transformação por vírus oncogênicos, particularmente o papilomavírus humano (HPV) subtipos 5 e 8. Além do seu efeito prejudicial sobre o DNA, a luz solar, por meio de mecanismos incertos, parece causar uma alteração transitória na imunidade cutânea inata, que pode diminuir a eliminação imunomediada das células danificadas pelo sol. Outros fatores de risco incluem carcinógenos industriais (alcatrão e óleos), úlceras crônicas e osteomielite com seio drenante, cicatrizes de queimaduras antigas, ingestão de arsênio, radiações ionizantes, e (na cavidade oral) mastigação de tabaco e noz de betel. A incidência de mutações no TP53 nas ceratoses actínicas detectadas em caucasianos é alta, sugerindo que a disfunção no p53 é um evento precoce no desenvolvimento dos tumores induzido pela luz solar. Normalmente, o dano ao DNA causado pela luz UV é percebido por cinases com pontos de checagem, tais como ATM e ATR, cujos sinais enviados estimulam a expressão e a estabilidade do p53. O p53, por sua vez, interrompe as células na fase G1 do ciclo celular e promove o reparo do DNA de “alta fidelidade” ou a eliminação das células que são lesadas depois do reparo, por apoptose. Quando essas funções protetoras do p53 são perdidas, a lesão no DNA induzida pela luz UV é provavelmente “reparada” por mecanismos errôneos, criando mutações que são transmitidas às células-filhas. Vale observar que as mutações observadas no TP53 Além dos defeitos no p53, as mutações que aumentam a sinalização RAS e diminuição de sinalização Notch são comuns e são também suscetíveis no processo de transformação. As lesões são muitas vezes nodulares e ulceradas, como podem ser vistas nesse tumor do couro cabeludo. B, As ilhas de epitélio escamoso atípico ultrapassam a membrana basal e invadem a derme profundamente. C, As células tumorais invasoras mostram núcleo aumentado com contorno angulado e nucléolo proeminente. A pele nessas regiões, normalmente, apresenta sinais de dano solar, como enrugamento, mudanças na pigmentação e perda de elasticidade Têm coloração avermelhada e se apresentam na forma de machucados ou feridas espessos e descamativos, que não cicatrizam e sangram ocasionalmente. Eles podem ter aparência similar à das verrugas. • CARCINOMA BASOCELULAR É o mais prevalente dentre todos os tipos. Surge nas células basais, que se encontram na camada mais profunda da epiderme (a camada superior da pele) É um tumor cutâneo localmente agressivo que está associado a mutações que ativam a via de sinalização Hedgehog. É a neoplasia invasiva mais comum em humanos. Apresentam crescimento lento e raramente produzem metástase. A grande maioria é reconhecida em um estágio inicial e curada por excisão local. Acometem locais expostos ao sol em adultos idosos levemente pigmentados. Surge claramente com a imunossupressão e em pessoas com defeitos hereditários no reparo do DNA, tais como xeroderma pigmentoso A síndrome do carcinoma basocelular nevoide (SCBN; também conhecida como nevo de células basais ou síndrome de Gorlin) é uma doença autossômica dominante caracterizada por múltiplos carcinomas basocelulares. A maior parte desses tumores se desenvolve antes dos 20 anos e é acompanhada por várias outras condições, incluindo outros tumores A SCBN é uma de uma série de síndromes cancerígenas associadas a manifestações cutâneas. O gene associado à SCBN é o PTCH, um supressor tumoral que é o homólogo humano do gene patched. Indivíduos com a SCBN nascem com a mutação da linhagem germinativa em um dos alelos PTCH; o segundo alelo normal é inativado em tumores por uma mutação adquirida por acaso ou devido à exposição aos agentes mutagênicos (como luz UV). A PTCH é uma proteína receptora sonic hedgehog (SHH), um componente da via de sinalização Hedgehog, que determina a polaridade durante o desenvolvimento embrionário e regula também a formação dos folículos pilosos e o seu crescimento. No estado “desligado”, a PTCH se apresenta como um complexo com outra proteína transmembrana chamada de SMO. A ligação de SHH a PTCH libera SMO, que porsua vez ativa o fator de transcrição GLI1, estimulando a expressão de genes que mantêm o crescimento e a sobrevivência de células tumorais. Na SCBN a perda da função da PTCH provoca a ativação constitutiva de SMO e GLI1, levando ao desenvolvimento do carcinoma basocelular. Certas manifestações podem se assemelhar a lesões não cancerígenas, como eczema ou psoríase. Aspectos clínicos variam segundo o tipo histológico, que são: Nodular (A) geralmente pápula perlácea telangectásica, ulcerada ou não com os subtipos nodulopigmentado (B) e noduloulcerado (C) O tipo mais encontrado é o nódulo-ulcerativo, que se traduz como uma pápula vermelha, brilhosa, com uma crosta central, que pode sangrar com facilidade. Nódulos telangiectásicos perolados são compostos de ninhos de células basaloides uniformes na derme que muitas vezes são separadas do estroma adjacente por fendas finas • HISTIOCITOMA FIBROSO BENIGNO (DERMATOFIBROMA) Se refere a uma família heterogênea de neoplasias dérmicas benignas de linhagem incerta, morfológica e histologicamente relacionadas. Esses tumores geralmente são observados em adultos e com frequência acometem as pernas de mulheres jovens e de meia-idade. As lesões são assintomáticas ou sensíveis e podem aumentar e diminuir de tamanho no decorrer do tempo. Muitos casos têm uma história de trauma anterior, sugerindo uma resposta anormal à lesão e inflamação, talvez análoga ao depósito de quantidades aumentadas de colágeno alterado na cicatriz hipertrófica ou no queloide. Apresenta-se como pápula ou nódulo de coloração eritematosa, amarelada, castanha ou negro-azulada, geralmente com halo castanho periférico. Lesões múltiplas associam-se muitas vezes a imunossupressão ou uso de imunossupressores. Histologicamente, o tumor localiza-se na derme e é formado por fibroblastos, macrófagos e colágeno em quantidades variáveis e dispostos em fascículos entrelaçados, com arranjo focal em redemoinho; a epiderme é acantótica e hiperpigmentada • DERMATOFIBROSSARCOMA PROTUBERANS É mais bem definido como um fibrossarcoma primário e bem diferenciado da pele. Esses tumores apresentam crescimento lento e, embora sejam localmente agressivos e possam recidivar, raramente dão metástase. O marcador molecular é uma translocação balanceada entre os genes que codificam o colágeno 1A1 (COL1A1) e o fator de crescimento derivado de plaquetas-β (PDGFB). O rearranjo resultante justapõe-se às sequências de promotor de COL1A1 e à região codificadora do PDGFB e leva à superexpressão e secreção aumentada de PDGFβ, o que causa o crescimento das células tumorais através de um mecanismo autócrino. Manifesta-se por massa protuberante multinodular, com vários centímetros de diâmetro e crescimento lento, que surge como placa dérmica fibrosa. A pele sobre a lesão é vermelho-azulada, podendo formar placa atrófica. A lesão prefere o tronco (parede abdominal e tórax) e membros inferiores (coxas).. Histologicamente, a lesão inicia-se na derme, infiltra-se difusa e irregularmente no subcutâneo e é formada pela proliferação de fibroblastos com núcleos fusiformes e ovais, pouco atípicos, que se dispõem em feixes irregulares e em espirais. São vistos ainda neoformação colágena e espaços revestidos por células endoteliais; em alguns locais, encontram-se núcleos atípicos e figuras de mitose, sugerindo fibrossarcoma. tipo menos frequente dentre todos os cânceres da pele, o melanoma tem o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade, está fortemente ligado a mutações adquiridas, causadas pela exposição à radiação UV da luz solar. A maioria dos melanomas se origina na pele; outros sítios de origem incluem as superfícies da mucosa oral e anogenital, esôfago, meninges e o olho Cerca de 10% a 15% dos melanomas são herdados como um traço autossômico dominante com penetrância variável; O tumor pode ser: (1) melanoma de novo; a maioria dos casos surge sem lesão prévia; (2) associado a nevo melanocítico preexistente, congênito ou adquirido. Em 30% dos melanomas, há nevo melanocítico prévio; (3) evolução de nevo displásico (síndrome do nevo displásico familial ou nevos atípicos); (4) a partir de nevo azul, raramente. A maioria é esporádica e está relacionada a danos causados pela radiação ultravioleta (RUV), por exposição ao sol. A RUV está fortemente associada aos danos no DNA. Consistente com um papel patogênico nessa doença, o sequenciamento genômico dos melanoma demonstrou uma taxa muito elevada de mutações pontuais, que levam a confirmação dos efeitos nocivos da radiação UV sobre o DNA. Os melanomas originam-se com maior frequência nas superfícies expostas ao sol, particularmente na parte superior do dorso em homens e dorso e pernas em mulheres, e indivíduos de pele clara correm um risco maior do que as pessoas mais pigmentadas. Outras variantes genéticas hereditárias ligadas a um risco moderadamente aumentado de melanoma em populações de pele clara agem diminuindo a produção de melanina na pele, assim, presumivelmente, aumentando os danos que a exposição ao sol provoca nos melanócitos. Radiação induz a formação de radicais livres e forma dímeros de timina. Indivíduos com deficiência de endonucleases para reparar danos no DNA, como no xeroderma pigmentoso, têm risco elevado de desenvolver várias neoplasias cutâneas, entre elas melanomas. As mutações “motorista” mais frequentemente envolvidas com o melanoma afetam o controle do ciclo celular, as vias estimuladoras do crescimento, e a telomerase. • Alterações no controle do ciclo celular: anormalidade genômica é deleção na região 9p21, que contém o gene CDKN2A. Os produtos desse gene são as proteínas p14/ARR, p15/INK4 e p16/INK4, envolvidas no controle do ciclo celular. A p16 inibe a CDK4 e a CDK6, enquanto a p14 inibe a MDM2, que reduz a atividade de p53. Com defeitos no controle do ciclo celular, surge proliferação celular descontrolada • Ativação da proliferação célula:. A estimulação das células por fatores de crescimento ativa inúmeras vias de sinalização, entre elas a das proteínas RAS e PI3K. Na via RAS, existem várias proteínas intermediárias, entre elas a BRAF. Na via PI3K, há fosforilação da AKT (também chamada proteína cinase B). Produto do gene PTEN reduz a atividade da AKT. A via final de ambas é a ativação de fatores de transcrição que estimulam genes de sobrevivência celular ou de mitose. • Atividade da telomerase: em muitas neoplasias a telomerase continua ativa nas células. Em muitos casos de melanoma esporádico, existe mutação no gene da telomerase, tornando-a ativa. Manutenção de telômeros associa-se a sobrevivência celular. Os melanomas são caracterizados segundo a fase de progressão tumoral: radial ou vertical. Crescimento radial refere-se à expansão horizontal ao longo da lesão; quando há invasão dérmica, esta é escassa e superficial. Tumores com este padrão de crescimento têm bom prognóstico. Crescimento vertical.: quando as células neoplásicas na derme formam agrupamentos maiores e mais atípicos do que os da junção dermoepidérmica e existem figuras de mitose Tem a aparência de uma pinta ou de um sinal na pele, em tons acastanhados ou enegrecidos. Porém, a “pinta” ou o “sinal”, em geral, mudam de cor, de formato ou de tamanho, e podem causar sangramento. Clinicamente, as lesões são planas e assimétricas e têm coloração heterogênea. regra ABCDE: assimetria da lesão, borda irregular, cor variável, diâmetro e evolução. Aparecimento de nódulo significa que o tumor entrou na fase de crescimento vertical. Ulceração e sangramento associam-se à progressão do tumor, indicando pior prognóstico. No melanoma nodular, não se identifica a fase de crescimento radial. Existem quatro subtipos de melanoma clássicos, diferentes na origem, na evolução e no prognóstico: melanoma do lentigomaligno, melanoma maligno extensivo superficial ou pagetoide, melanoma nodular e melanoma acral lentiginoso • LENTIGO MALIGNO E MELANOMA LENTIGO MALIGNO Lentigo maligno desenvolve-se em pele actínica cronicamente exposta a UV em indivíduos idosos, principalmente na região malar, no nariz e na fronte. A lesão forma mácula com bordas irregulares e pigmentação variável, com crescimento gradual. Histologicamente, há proliferação lentiginosa de melanócitos atípicos entre os ceratinócitos da camada basal da epiderme, que às vezes formam agrupamentos celulares que atingem as camadas mais superficiais. Comumente, há extensão para o epitélio dos anexos cutâneos. Invasão da derme representa a transformação do lentigo maligno em melanoma lentigo maligno, que ocorre 10 a 15 anos após o aparecimento do primeiro. Clinicamente, a transformação é indicada pelo aparecimento de pequenas tumorações preto-azuladas. Excepcionalmente, as lesões são amelanóticas. • MELANOMA EXTENSIVO SUPERFICIAL (MELANOMA PAGETOIDE) Tipo mais comum de melanoma, surge em pele com baixo grau de fotodano cumulativo. A lesão aparece em toda superfície corpórea, sobretudo em regiões com fotoexposição intermitente, em especial em pernas de mulheres e dorso de homens O tumor tem uma fase de crescimento radial, em que os melanócitos atípicos e epitelioides formam “ninhos” polimorfos ou se dispõem de forma lentiginosa, ocupando a porção superficial da epiderme (ascensão pagetoide),. Clinicamente, as lesões são máculas, pápulas ou placas assimétricas, com bordas irregulares e coloração que varia de castanha a negra. Quando presentes, áreas esbranquiçadas correspondem a focos de regressão tumoral. Algumas lesões são amelanóticas e apresentam- se eritematosas ou normocrômicas ao exame clínico/dermatoscópico. • MELANOMA NODULAR É o mais invasivo dos melanomas. A lesão é mais frequente em tronco, cabeça e pescoço, e a idade média dos pacientes é 40 anos. Quase sempre único e com 1 a 2 cm de diâmetro, não tem fase de crescimento radial detectável; a lesão apresenta-se como nódulo ou pólipo intensamente pigmentado que cresce com rapidez e frequentemente se ulcera; em certos casos, o tumor é pouco pigmentado ou amelanótico. Além de pele e retina, melanoma nodular origina-se também em mucosas justacutâneas (boca, nariz, vagina, ânus e reto). O tumor surge preferencialmente em pele aparentemente normal (de novo); em menor frequência, associa-se a nevos preexistentes. As metástases iniciais ocorrem em linfonodos; mais tarde, surgem em fígado, pulmões e na própria pele. Ulceração é sinal de pior prognóstico. • MELANOMA ACRAL Trata-se de melanoma que compromete a região palmo- plantar e o aparato ungueal. Sua incidência é variável, pois sofre influência racial, sendo o subtipo mais comum em afrodescendentes, hispânicos e asiáticos. Apresenta-se como extensa mancha heterogênea de bordas assimétricas, castanha ou enegrecida, que corresponde histologicamente a proliferação melanocítica lentiginosa atípica intraepidérmica. A lesão precede em meses ou anos invasão dérmica; Aparecimento de nódulo sobre essa área é sinal de crescimento vertical do tumor. Demora no diagnóstico, relativamente comum nessa variante de melanoma, contribui para pior prognóstico. BOLOGIA, Jean. Dermatologia . [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2015. BOGLIOLO, L.; BRASILEIRO FILHO, G. Patologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 10ªed. 2021. KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul; ASTER, Jon. Robbins &Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2016.
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