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Conceito • Ação autônoma cuja finalidade é desconstituir a decisão de mérito transitada em julgado Características • Ação de impugnação autônoma • Não é recurso • Pode ser intentada por: o Qualquer das partes da ação originaria (ou pelo sucessor a titulo universal ou singular) o Ministério publico o Terceiro interessado • Não cabe em qualquer circunstância. Art. 966 enumera as hipóteses de cabimento. • Para propor a ação rescisória é necessário que a nulidade seja absoluta. Com isso, todas aquelas nulidades que desaparecem quando o processo se encerra, afastam a possibilidade de realizar ação rescisória. • Juízo rescindente e juízo rescisório o Art. 974 CPC o o juízo rescindente, aquele em que o órgão julgador rescinde a decisão impugnada o o juízo rescisório é aquele em que, se for o caso, se procede a novo julgamento. Prazo para propor a ação rescisória • Art. 975 do CPC • Decadencial → 2 anos contados do trânsito em julgado da ultima decisão proferida no processo • Exceções à regra: o Data da descoberta da prova nova (em caso de ação rescisória fundada no inciso VII), observando o prazo máximo de 5 anos, contado do trânsito em julgado da ultima decisão proferida no processo. o Em caso de simulação ou colusão das partes o prazo começa a contar a partir do momento que o terceiro interessado ou o Ministério público, que não interveio no processo, tiver conhecimento da simulação ou da colusão. Objetivo • Desconstituir decisão que reconheceu a ilegitimidade de qualquer das partes, a ocorrência de coisa julgada material, litispendência, perempção ou de convenção de arbitragem. o De forma mais simples → a ação rescisória é o meio adequado para suscitar nulidades absolutas que contaminam o processo ou a decisão Natureza jurídica → desconstitutiva • O pedido da ação rescisória se pauta na desconstituição total ou parcial do julgamento anterior transitado em julgado Pressupostos gerais São pressupostos gerais, os mesmos que devem ser respeitados por qualquer processo. • Existência o Subjetivos ▪ Investidura do juiz ▪ Capacidade de ser da parte o Objetivos ▪ Existência de ação intentada • Validade o Subjetivos ▪ Competência do juízo ▪ Imparcialidade do juiz ▪ Capacidade processual ▪ Capacidade postulatória o Objetivos ▪ Petição inicial apta ▪ Citação valida • Negativos o Litispendência o Coisa julgada o Perempção o Convenção de arbitragem Pressupostos específicos • Existência de decisão transitada em julgado o A decisão pode ser: ▪ De mérito ▪ Terminativa • Aqui a decisão deve ser tal que impeça a propositura de nova ação ou a rediscussão em torno da inadmissibilidade de recurso. o A decisão não precisa ter esgotado todos os recursos (isso é o que diz o enunciado da sumula 514 do STF) o O trânsito em julgado não precisa ser global, basta que parte do objeto litigioso transite em julgado para justificar o ajuizamento da ação rescisória. Todavia, vale ressaltar que apenas quando o transito em julgado for global, e que a ação rescisória poderá ser intentada contra o julgamento integral do objeto originário • Hipóteses de rescindibilidade previstas entre incisos I e VIII do art. 966 do CPC o I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; ▪ Isso por que tais atos inquinam a imparcialidade da jurisdição ▪ Prevaricação → definição dada pelo artigo 319 do CP “Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal” ▪ Concussão → Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida (art. 316 do CP) ▪ Corrupção → “solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar a promessa de tal vantagem” (art. 317). A corrupção pode ser: • Ativa → Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício (art. 333 CP) • Passiva → Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi- la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem (art. 317 CP) o II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; ▪ JUIZ IMPEDIDO VS JUIZ SUSPEITO • É passível somente a decisão proferida dor UM JUIZ IMPEDIDO, a do juiz suspeito não. Isso por que deve-se verificar a preclusão • Se o juiz impedido participou do julgamento em órgão colegiado, a rescisória será cabível se o seu voto repercutiu sobre o julgamento, se o influenciou. Se foi voto isolado, cuja alteração não afetaria o resultado, não há razão para cogitar da rescisão ▪ A incompetência do juízo deve ser ABSOLUTA • Em caso de incompetência relativa a decisão não pode ser desconstituída, porque com o trânsito em julgado a competência foi prorrogada afastando qualquer vicio. • De forma geral a competência absoluta é definida em base: o A pessoa o A matéria o A função • A competência relativa, por outro lado, é definida tendo por base: o Território o Valor da causa ▪ Em caso de reconhecimento da invalidade da decisão proferia pelo juízo originário, então dica a cargo do próprio tribunal julgar o mérito da ação originaria (§3° do art. 1.013 do CPC) o III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; ▪ DOLO – agir sem lealdade (boa-fé), pode se dar nos casos em que se dificulta a atuação processual do vencido ou quando o agente influencia a formação do convencimento do juiz, afastando o mesmo da verdade. ▪ COAÇÃO – exercício de ato de pressão psicológica ou constrangimento sobre a pessoa, tendo por finalidade fazer com que ela ato indesejado. ▪ SIMULAÇÃO – ato bilateral, fundado em falsa declaração de vontade tendo com objetivo prejudicar terceiros ▪ COLUSÃO - será verificada quando o autor e o réu (em conjunto) se servem do processo para alcançar resultado vedado por lei • Vem tratada no art. 142 do CPC: “Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da litigância de má-fé” ▪ Para que a decisão seja passível de desconstituição tais fatores devem ser capazes de alterar o resultado do julgamento caso não existissem. Logo, tais figuras devem desemprenhar um papel essencial dentro do resultado. o IV - Ofender a coisa julgada; ▪ Não pode haver novo pronunciamento judicial sobre pretensão já examinada por decisão transitada em julgado e acobertada pela autoridade da coisa julgada material. Nem mesmo a lei pode retroagir para prejudicá-la. o V - Violar manifestamente norma jurídica; ▪ É preciso que a decisão seja incompatível com a norma jurídica, não podendo haver coexistência lógica das duas. ▪ A decisão não se encontra em sintonia com: • o sistema e os valores sociais dominantes • orientação estabelecida pelo STF (vide art. 966, §5°) • orientação estabelecida pelo SJT o VI - For fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; ▪ É indispensável que a prova falsa tenha sido determinante do resultado, que este não possa subsistir sem ela. ▪ A falsidade da prova pode ser material ou ideológica ▪ A falsidade pode dizer respeito a todos os tipos de prova — documental, pericial ou testemunhal— e sua apuração será feita em processo criminal, ou na própria ação rescisória o VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; ▪ O autor aqui é o da ação rescisória e não da ação originaria. ▪ Prova nova – é aquela existente durante o curso do processo, cuja existência era ignorada pela parte ou que, embora conhecida, não pode ser usada por circunstancias alheias a vontade daquela. o VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos ▪ Não se admite, na ação rescisória fundada no inciso VIII, sejam produzidas novas provas do erro ▪ Só cabe a rescisória se a existência ou inexistência do fato não tiver sido expressamente apreciada pela decisão. Se o juiz, no julgamento, concluiu pela existência, ou inexistência do fato, equivocadamente, isso não enseja a rescisória. • Exercício do direito de ação no prazo decadencial o O prazo do art. 975 tem natureza decadencial, pois a ação é desconstitutiva dos julgados anteriores. o O art. 975, do CPC, estabelece que “o direito à rescisão se extingue em dois anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo”. A Súmula 401 do Superior Tribunal de Justiça acrescenta que “o prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial”. o Há duas exceções ao prazo de dois anos a contar do trânsito em julgado da última decisão: ▪ a hipótese do art. 966, VII, em que o prazo será contado da data da descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de cinco anos contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo; ▪ e a hipótese de simulação ou colusão, em que o prazo da rescisória para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, correrá a partir do momento em que ambos têm ciência da simulação ou colusão. Casos que afastam a realização de ação rescisória • Sentença de homologação o Nesse caso a ação rescisória não se revela o mecanismo mais adequado para a impugnação, devendo para tanto dar espaço para as ações anulatória ou declaratórias de nulidade, as quais são previstas para os atos jurídicos em geral. ▪ Obs. • Em caso de nulidade cabe ação declaratória. • Em caso de anulabilidade cabe ação anulatória. • Sentenças meramente extintivas o Tais sentenças põe fim ao processo, sem a resolução de mérito • Sentenças que julgarem as ações civil publicas improcedentes por insuficiência de provas o Aqui não há coisa julgada material • Sentenças que julgarem improcedentes as ações populares o Aqui não há coisa julgada material Condições necessárias para propor a ação • Legitimidade o LEGITIMIDADE ATIVA ▪ Art. 967 ▪ Quem for parte no processo ou o seu sucessor a titulo universal ou singular • Por partes entende-se o autor e o réu da ação originária e aqueles que, em razão de intervenção de terceiros, assumiram essa qualidade • Nem sempre as partes ocuparão a mesma posição ocupada na ação originária. ▪ Terceiro juridicamente interessado • Aquele que intervém no processo originário na condição de assistente. • Existe dois tipos de assistência: o Simples → o terceiro não é titular da relação jurídica discutida em juízo, mas de relação a ela interligada ou conexa o Litisconsorcial → é aquele que será alcançado pela coisa julgada, ingressando ou não. ▪ Ministério publico • Hipóteses: Art. 967, III, letra a, b e c • se não foi ouvido no processo, em que lhe era obrigatória a intervenção; o poderá ajuizar a rescisória em razão de nulidade do processo, exatamente por sua não intervenção, nos casos em que ela é obrigatória • quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou colusão das partes, a fim de fraudar a lei. • em outros casos em que se imponha sua atuação por lei. o o MP também está legitimado a pedir a rescisão de sentença em que há comprometimento de interesses públicos indisponíveis” (RSTJ 98/23). ▪ Aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória sua intervenção o LEGITIMIDADE PASSIVA ▪ Aquele que, tendo sido parte do processo no processo originário, não figura como autor da ação rescisória. • Interesse Processual o Só tem interesse em propô-la aquele que puder auferir algum proveito da rescisão, alguma melhora de sua situação, caso o julgamento anterior seja rescindido e outro seja proferido em seu lugar. o Tem interesse em intentar ação rescisória a parte que tenha saldo vencida na decisão rescindenda (inclusive se proferida em liquidação de sentença), além do terceiro juridicamente interessado e do Ministério Público, na hipótese em que, em razão da decisão proferida, não se possa prover nova ação para discutir as questões antes apresentadas. o É possível que ambos os litigantes tenham interesse em ajuizá-la, havendo sucumbência recíproca. E ambos poderão postular a rescisão com o mesmo fundamento. • Trânsito em julgado o Enquanto não há trânsito em julgado, a decisão deverá ser impugnada por meio do recurso adequado. Só quando não for mais possível a interposição do recurso, após o trânsito, surgirá o interesse de agir para a ação rescisória. ▪ Obs. partindo-se da premissa de que o julgamento de mérito é passível de decomposição em capítulos, e suposto que esses capítulos guardem autonomia entre si, é perfeitamente possível admitir a propositura de ação rescisória ainda na pendência da relação processual em que originalmente editada a decisão rescindenda. Procedimento da ação rescisória • Competência o deve ser proposta perante o Tribunal que teria competência para julgar recursos contra ela • Petição inicial o deve conter os requisitos do art. 319 do CPC o indicar os três elementos da ação: ▪ as partes ▪ o pedido o Ao formular o pedido, o autor poderá cumular a pretensão ao “juízo rescindente” e ao “juízo rescisório”, se for o caso ▪ a causa de pedir o deve corresponder a uma ou mais das hipóteses do art. 966. • Caução o O art. 968, II, obriga o autor a “depositar a importância de 5% sobre o valor da causa, que se converterá em multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou julgada improcedente”. Sem o depósito, a inicial será indeferida. ▪ Obs. O depósito prévio de 5% não pode ultrapassar 1.000 salários mínimos o NÃO HÁ NECESSIDADE DE CAUÇÃO QUANDO O AUTOR FOR: ▪ o Ministério Público, ▪ pessoa jurídica de direito público, ▪ Defensoria Pública ▪ beneficiário da justiça gratuita, o Ocorre a restituição do valor depositado em caso de: ▪ a rescisória venha a ser julgada procedente ▪ o resultado for desfavorável, mas não por unanimidade de votos o não ocorre a restituição em caso de: ▪ desistência ▪ extinção por abandono • Indeferimento da inicial o Ocorre em 2 situações: ▪ O art. 968, § 3º, do CPC autoriza o indeferimento da inicial nas mesmas situações em que isso ocorre nos outros processos (CPC, art. 330). ▪ haverá o indeferimento se não for recolhida a caução exigida pelo art. 968, II, do CPC. • Tutela provisória o Cabe concessão de tutela provisória, todavia ocorre apenas em casos excepcionais. o Para o deferimento da tutela de urgência é indispensável a plausibilidade do pedido de rescisão e o risco de prejuízo irreparável ou de difícil reparação, caso o cumprimento da decisão não seja suspenso • Citação e defesa o o relator determinará a citação dos réus, assinalando-lhes o prazo nunca inferior a quinze nem superior a trinta dias para, querendo, apresentar resposta • O julgamento o A ação rescisória será julgada, na forma do art. 974 do CPC. o Cumprirá ao tribunal, em caso de procedência, rescindir a decisão (juízo rescindente) e,se for o caso, promover o novo julgamento (juízo rescisório). o O julgamento da ação rescisória pode ser dividido em dois momentos: aquele em que o tribunal verificará se é caso de rescindir a decisão; e o posterior, que depende do acolhimento do primeiro, em que se decidirá se é caso de promover o novo julgamento, passando-se a ele, em caso afirmativo. o Cumpre ao órgão julgador da ação rescisória proferir o novo julgamento quando for o caso, isto é, quando isso for necessário e possível. • Rescisória de rescisória o Se a ação rescisória for julgada pelo mérito, e o acórdão padecer de algum dos vícios enumerados no art. 966, do CPC, será possível ajuizar rescisória da rescisória