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AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA HIPERGLICEMIA A hiperglicemia crônica está associada a lesões e disfunções de várias órgãos Os níveis de glicose sanguínea persistentemente elevados são tóxicos ao organismo por três mecanismos diferentes: mediante a promoção da glicação de proteínas, pela hiperosmolaridade e pelo aumento dos níveis de sorbitol dentro da célula HIPERGLICEMIA Classificação PRÉ-DIABETES IGT (Impaired Glucose Tolerance: Tolerância à glicose diminuída) IFG (Impaired Fasting Glucose: Intolerância à glicose em jejum) DIABETES TIPO I DIABETES TIPO II DIABETES GESTACIONAL PRÉ DIABETES Estado intermediário de hiperglicemia, cujos níveis estão acima do limite superior da normalidade, porém abaixo dos níveis considerados para o diagnóstico de diabetes melito (DM). A resistência e a diminuição da liberação de insulina (cels. B) ocorre anos antes do pré-diabetes O aumento da função das células beta ocorre 3 a 4 anos antes do diagnóstico de pré-diabetes A combinação da Resistência insulínica e diminuição da função das celulas beta levam ao pré e Diabetes Assim como no DM, o aumento da prevalência de pré-diabetes está relacionado à transição epidemiológica e nutricional e ao estilo de vida sedentário. Os fatores de risco são os mesmos observados no DM: I: Idade maior que 40 anos; II: História familiar de diabetes; III: Obesidade; IV: Sedentarismo; AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA HIPERGLICEMIA V: Dieta rica em carboidratos; VI: Dislipidemia; VII: Tabagismo; VIII: Hipertensão. PRÉ DIABETES TIPO I Indivíduos cujos familiares de primeiro grau têm DM1 e que carregam a presença de dois ou mais autoanticorpos possuem grandes chances de desenvolverem a doença ao longo dos anos. Ao realizar o rastreio nesse perfil de paciente, que ainda não abriu um quadro floreado com sintomas típicos de hiperglicemia ou cetoacidose, porém possui a presença de autoanticorpos, além de intolerância à glicose, caracteriza-se um estado que pode ser convencionalmente chamado pré- diabetes tipo 1. Esse grupo de indivíduos mostra-se ainda com substancial reserva pancreática, detectada por níveis significativos de peptídio-C no sangue periférico, que deve ser preservada com muito empenho. DIABETES MELLITUS TIPO I Ocasionada pela destruição auto- imune das células β das ilhotas pancreáticas, além de ser influenciada pela multipredisposição genética e fatores ambientais, que não estão bem definidos Corresponde a 5 a 10% dos casos de diabetes, sendo que, dentre tal porcentagem, 60 a 75% são em crianças e adolescentes Sinais e sintomas (redução de 80- 90% das células β): I: Poliúria II: Polidipsia III: Perda de peso IV: Cetoacidose diabética (1/3) AVALIAÇÃO LABORATORIAL Autoimunidade: I: Autoanticorpos anti-insulina II: Anti descarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD) III: Anti tirosina-fosfatase RECOMENDAÇÕES ADA 2019 PARA DM 1 Screening com painel de auto anticorpos é recomendado somente para familiares de 1 grau com DM 1 A Persistência de 2 ou mais auto anticorpos prediz Diabetes clinicamente e pode servir como indicação para intervenção. AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA HIPERGLICEMIA INSULINA A insulina é produzida pelas células β das ilhotas pancreáticas e é formada pela Pró-insulina associada ao Peptídeo-C. Razão peptídeo C/insulina=5:1 a 15:1 PEPTÍDEO C Secretado pelas células beta em concentrações equimolares com a insulina e, portanto, serve como marcador da secreção de insulina Para sua dosagem, cujo valor de referência é entre 1,1 a 4,4 ng/ml, tem-se um preparo de jejum de 8h, cujo método do exame é a quimioluminescência DIABETES MELLITUS TIPO 2 É ocasionada pela resistência periférica à ação da insulina, associada à sua produção insuficiente Em 90% dos casos, acomete pessoas > 40 anos Obesidade, dislipidemia, hipertensão e sedentarismo são fatores de risco Sinais e sintomas mínimos Níveis de insulina e peptídeo C normais ou elevados SCREENING DE RISCO PARA DM 2 EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES ASSINTOMÁTICOS Teste deve ser considerado para Jovens com sobrepeso percentil 85 ou obesos percentil 95, baseado na força de associação com diabetes I: História materna de DM ou DMG durante a gestação; II: História Familiar de DM 2 em primeiro ou segundo grau; III: Etnia: americana, afro américa, latina, asiaticoamericano, ilhas do pacífico IV: Sinais ou condições de resistência insulínicas (acantose, HAS, dislipidemia, ovário policístico ou pequeno para idade Gestacional) RASTREAMENTO DM 2 TIPO 2 NO ADULTO I: Idade > 45 anos II: IMC > 25 III: Familiar de 1 grau com DM IV: Inatividade física V: História de doença cardiovascular VI: HAS (PA >140/90) ou em terapia para HAS VII: Pré-Diabetes identificado VIII: História de Diabetes Gestacional IX: Tabagismo X: HDL: Colesterol < 35 ou Triglicerides > 250 XI: Síndrome de ovários policísticos XII: Etinia de alto risco (americana, afro-americano, latina, ilhas do pacífico, asiatico-americano) XIII: Condições Clinicas associadas a Resistência à Insulina (obesidade, acantose nigrans) XIV: HIV, antes do início da TRV AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA GLICOSE Amostras: soro, plasma, urina, líquor e outros fluidos corporais Métodos: Enzimático/colorimétrico, de glicose oxidase ou de hexoquinase (mais confiável) CONSIDERAÇÕES PRÉ- ANALÍTICAS I: A amostra de sangue deve ser colhida pela manhã após jejum de 8 a 14 h II: O material deve ser separado das células dentro de 60 minutos III: Deve-se ter estabilidade da glicose na amostra: Plasma com fluoreto de sódio: 72 h a temperatura ambiente ou Soro: 8 h a temperatura ambiente ou 72 h a 4 CONSIDERAÇÕES ANALÍTICAS A variabilidade analítica e variabilidade biológica da glicose I: CV analítico (métodos enzimáticos) < 4% II: CV intra-individual: 5,7% TESTE ORAL DE TOLERÂNCIA À GLICOSE (TOTG) ASPECTOS LABORATORIAIS O Teste Oral de Tolerância à Glicose é o padrão ouro e caracteriza o paciente como diabético, independentemente dos outros exames Deve-se fazer a glicemia em jejum (8 a 14 horas) e, em seguida, a ingestão de solução aquosa de glicose anidra: I: Adultos: sobrecarga padrão de 75g de glicose anidra (82,5g de Dextrosol) II: Crianças: 1,75g glicose anidra/Kg de peso Após, faz-se a glicemia 2 horas após ingestão da glicose anidra OBS: Não é recomendada a extensão do teste além de 2 horas AVALIAÇÃO LABORATORIAL A “tolerância à glicose comprometida” (IGT) no TTOG e a “glicemia de jejum alterada (IFG) fazem parte do espectro inicial do distúrbio homeostático glicêmico. A ADA recomenda a adoção do termo pré-diabetes para os pacientes classificados como IFG e IGT Perda de peso, atividade física e agentes hipoglicemiantes podem prevenir ou retardar o desenvolvimento de DM HEMOGLOBINA GLICADA É o principal exame controle ao paciente diabético, já que pode estimar a glicemia média do período Baseia-se na ligação da glicose ao terminal valina da cadeia beta e é a expressão da Hb que sofreu glicação Útil no controle glicêmico até 7% É proporcional à concentração de glicose no sangue e dependente da vida média das hemácias CONSIDERAÇÕES PRÉ ANALÍTICAS O jejum é dispensável A amostra é sangue total colhido com EDTA e é estável por 1 semana a 4° C ou por pelo menos 1 ano a 70 °C negativos Resultados falsamente diminuídos: Hemólise, ou outras condições que reduzam a sobrevida das hemácias Resultados falsamente aumentados: Aumento de sobrevida das hemácias, Anemia por deficiências: de ferro, vitamina B12 ou ácido fólico: ou hemoglobinopatias O valor proposto de 6,5% para diagnóstico de diabetes mellitus para A1C pode diagnosticar cerca de 30% menos indivíduosquando comparado ao valor de 126 mg/dL de glicemia de jejum. A utilização da A1C no rastreio ou no diagnóstico do diabetes parece ter menor sensibilidade quando comparado com a glicemia jejum A dosagem de A1C pode não detectar elevações agudas da glicemia, como pode acontecer no quadro inicial do diabetes do tipo 1 OBS: Quando utilizada como diagnóstico, pode ter um nível mais baixo do que o esperado a diabetes, juntamente à glicose alta, já que a glicosilação demora um tempo maior para revelar o metabolismo da glicose atual CONSIDERAÇÕES ANALÍTICAS I: Métodos disponíveis: Microcromatografia em coluna; Cromatografia de alto desempenho (HPLC); Cromatografia de baixo desempenho (LPLC); Imunonefelometria; Imunoturbidimetria; II: Método de referência da International Federation for Clinical Chemistry (IFCC): HPLC; Eletroforese capilar; Espectrometria de massa LIMITAÇÕES DA HbA1C I: Custo II: Uso de metodologias não padronizadas III: Condições clínicas interferentes: Condições que alteram o turnover das hemácias - anemias hemolíticas ou estados hemorrágicos; AAS e concentrações elevadas vitaminas C e E (inibem glicação da Hb); Hipertrigliceridemia; hiperbilirrubinemia; uremia (Hb carbamilada); alcoolismo crônico; ingestão crônica de salicilatos e opiáceos; Hemoglobinopatias ALVOS DE CONTROLE GLICÊMICO CONTROLE METABÓLICO: DIABETES E GLICEMIA Glicemia pós-prandial (Realizada 2 hs após refeição habitual) Não é recomendada para diagnóstico, mas é útil no controle glicêmico, cujo alvo recomendado é < 180mg/dl Importante fator de risco cardiovascular Melhor relação com HbA1c Alvo recomendado GLICEMIA CAPILAR Dosagem da glicemia em amostra de sangue total – valores 10 a 15% inferiores à glicemia plasmática Não é recomendada para diagnóstico, mas útil no controle glicêmico (jejum, pós-prandial ou aleatória) I: Detecção de hiperglicemia ou hipoglicemia em indivíduos com diabetes previamente diagnosticado II: Monitoramento do tratamento e ajuste da dose de insulina DIABETES MELLITUS GESTACIONAL Ocorre em 4% das gestações Há resistência à insulina e a hiperinsulinemia São feitas alterações pelo hormônio secretados na placenta (lactogênio placentário, hormônio do crescimento, progesterona) e Aumento da ingestão calórica, sedentarismo e maior acúmulo de tecido adiposo Risco de complicações: I: Feto: aumento da mortalidade fetal, malformações, macrossomia, hipoglicemia, icterícia, cardiomiopatia hipertrófica , síndrome do desconforto respiratório do recém-nascido II: Gestante: maior índice de aborto, infecções, hipertensão arterial, Doença Hipertensiva da Gravidez, partos pré- termo e cesáreas Na primeira consulta pré-natal, deve ser solicitada glicemia de jejum: I: ≥ 126 mg/dl = diabetes mellitus II: ≥ 92 mg/dl e < 126 mg/dl = DMG III: < 92 mg/dl = reavaliar em 4 a 12 semanas com curva glicêmica no pós parto MONITORIZAÇÃO DO TRATAMENTO O uso de parâmetros que reflitam bom controle metabólico e de detecção precoce das complicações crônicas levam à diminuição da morbimortalidade relacionada ao Diabetes I: Controle Metabólico Glicemia em capilar; Glicemia em jejum; Glicemia pós prandial; Hemoglobina glicada Frutosamina e Colesterol fracionado II: Rastreamento das complicações crônicas Creatinina, Ureia, Clearance de Creatinina, Estimativa do RFG, Microalbuminúria e proteinúria FRUTOSAMINA Nome genérico dado a todas as proteínas glicadas (excetuando-se a Hb) Interação entre a glicose plasmática e a lisina, presente na molécula de albumina e de outras proteínas Reflete o controle glicêmico de curto prazo (2 a 3 semanas) Não existe consenso sobre sua utilidade no monitoramento dos níveis glicêmicos e faltam estudos que avaliem sua correlação com as complicações crônicas e estabeleça seu nível ideal Highlight Sofre interferência dos fatores que causam diminuição dos níveis da albumina como hepatopatias, desnutrição, síndrome nefrótica Útil em situações que interferem na meia vida de hemoglobina RASTREAMENTO DE NEFROPATIA I: Recomendações de dosagem da microalbuminúria e e-TFG OMS e ADA: DM tipo 1: após 5 anos do diagnóstico e DM tipo 2: imediatamente após o diagnóstico; DM tipo 1 e 2: Posteriormente, a cada 6 meses (OMS) ou 1 ano II: Estágio 1: caracterizado por dano renal com TFG normal ou aumentada (≥ 90) II: Estágio 2: dano renal com diminuição leve da TFG (60 a 89) III: Estágio 3: diminuição moderada da TFG (30 a 59) IV: Estágio 4: observa-se considerável diminuição da TFG (15 a 29) V: Estágio 5: insuficiência renal, definida por TFG abaixo de 15 ou paciente em diálise MICROALBUMINÚRIA Demonstração de aumento da excreção de albumina em duas de três amostras de urina colhidas em intervalo de 1 a 6 meses. A confirmação através da coleta de várias amostras se deve a variação intra-individual da excreção urinária de albumina que pode chegar a 36%. OUTRAS APRESENTAÇÕES DA DIABETES OBS: O limiar de absorção da glicose na urina é entre 180-200 OBS: Os parâmetros de Glicemia em jejum e de Hemoglobina Glicada possuem o mesmo peso ao diagnóstico de Diabetes
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