Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE NEGÓCIO DE UM FOOD TRUCK DE COMIDAS ORGÂNICAS Lais Tenenbaum de Oliveira Marcella Dias da Silva Santos Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha Rio de Janeiro Agosto de 2015 2 ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE NEGÓCIO DE UM FOOD TRUCK DE COMIDAS ORGÂNICAS Lais Tenenbaum de Oliveira Marcella Dias da Silva Santos PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO. Examinado por: ___________________________________ Profª. Maria Alice Ferruccio da Rocha, D. Sc. ___________________________________ Prof. Edison Renato Pereira da Silva, D. Sc. ___________________________________ Eng. Bernardo Cascon Neves, Mestrando Rio de Janeiro, RJ – Brasil Agosto de 2015 3 Oliveira, Lais Tenenbaum Santos, Marcella Dias da Silva Elaboração de um plano de negócio de um food truck de comidas orgânicas / Lais Tenenbaum de Oliveira e Marcella Dias da Silva Santos – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2015-08-24 IX, 74 p.: il.;29,7 cm. Orientadora: Maria Alice Ferruccio da Rocha, D. Sc. Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia de Produção, 2015 Referências Bibliográficas: p. 71-74 1. Plano de negócio 2. Food truck 3. Comida orgânica I. Rocha, Maria Alice Ferruccio. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de Produção. III. Elaboração de Plano de Negócio de um food truck de comidas orgânicas 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente às nossas famílias, que sempre nos deram força e apoio incondicional durante toda a nossa jornada. Foram cinco anos de muito aprendizado, desafios e conquistas para atingirmos o fim deste ciclo que consideramos um dos mais importantes de nossas vidas. Tivemos a sorte de poder compartilhar grandes momentos da Engenharia de Produção ao lado de uma turma tão inspiradora, divertida e inteligente que nos deu um combustível a mais. Obrigada! Além de nossa família, escolhemos pessoas ao longo da vida que, apesar de não termos vínculo sanguíneo, nos apoiaram com a mesma intensidade. A todos os nossos amigos e, principalmente, a elas, Clara e Giulia, dedicamos o nosso muito obrigada! Não poderíamos deixar de agradecer à nossa orientadora, Maria Alice Ferruccio, que representou não apenas um apoio para nós nessa reta final, mas também ao longo de todo curso de Engenharia de Produção. Obrigada por ser referência para todos alunos e estar sempre disponível para nos suportar! 5 Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção. ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE NEGÓCIO DE UM FOOD TRUCK DE COMIDAS ORGÂNICAS Lais Tenenbaum de Oliveira Marcella Dias da Silva Santos Agosto/2015 Orientadora: Maria Alice Ferruccio da Rocha, D. Sc Curso: Engenharia de Produção Este projeto final tem como objetivo analisar a viabilidade de abertura de um food truck de comida orgânica, por meio da elaboração do seu plano de negócio. Esta é uma ferramenta que analisa o negócio do ponto de vista estratégico, adotando tanto uma perspectiva interna quanto externa do ambiente que o cerca. O estudo conta com abordagens relativas aos planos de gestão, marketing, operações, financeiro e jurídico do negócio para auxiliar no entendimento da sua estruturação, inserção no mercado e captação de clientes para assim construir uma análise sólida e robusta sobre sua viabilidade de implantação. Palavras-chave: Plano de Negócios, Food truck, Comida Orgânica. 6 Abstract of the graduation presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Industrial Engineer. DEVELOPMENT OF A BUSINESS PLAN OF A FOOD TRUCK OF ORGANIC FOOD Lais Tenenbaum de Oliveira Marcella Dias da Silva Santos August/2015 Advisor: Maria Alice Ferruccio Da Rocha, D.Sc. Course: Industrial Engineering The aim of this study is to analyze the feasibility of running a food truck business, which serves organic food, through the development of its business plan. This tool enables the analysis of the business from a strategic point of view, addressing both an internal and an external perspective of the environment that surrounds it. The study relies on approaches of the business’ plans of management, marketing, operations, financial and legal in order to understand its structure, market penetration and customer attraction to, thus, build a solid and robust analysis of its implementation feasibility. Keywords: Business Plan, Food truck, Organic Food 7 Sumário Executivo 1. Introdução ............................................................................................... 12 1.1. Justificativa .......................................................................................... 12 1.2. Problema ............................................................................................. 13 1.3. Hipótese .............................................................................................. 13 1.4. Objetivo ............................................................................................... 13 1.5. Metodologia ......................................................................................... 13 1.6. Limitação da pesquisa ......................................................................... 13 1.7. Contribuição Científica ........................................................................ 14 1.8. Descrição das Partes .......................................................................... 14 2. Plano de Gestão ..................................................................................... 15 2.1. O Negócio ........................................................................................... 15 2.1.1. Missão .......................................................................................... 15 2.1.2. Visão ............................................................................................. 15 2.1.3. Valores ......................................................................................... 15 2.2. Modelo de negócio Canvas ................................................................. 16 2.3. Análise CAMGPEST ........................................................................... 19 2.3.1. Cultural ......................................................................................... 19 2.3.2. Ambiental ...................................................................................... 20 2.3.3. Mercadológico .............................................................................. 21 2.3.4. Geográfico .................................................................................... 22 2.3.5. Político .......................................................................................... 22 2.3.6. Econômico .................................................................................... 24 2.3.7. Social ............................................................................................ 26 2.3.8. Tecnológico .................................................................................. 27 2.4. Cinco Forças de Porter ....................................................................... 27 82.4.1. Rivalidade entre concorrentes (baixa) .......................................... 28 2.4.2. Poder de barganha do fornecedor (médio) ................................... 29 2.4.3. Ameaça de produtos substitutos (médio) ..................................... 30 2.4.4. Poder de barganha dos clientes (baixo) ....................................... 31 2.4.5. Ameaça de novos entrantes (alta) ................................................ 32 2.5. Matriz SWOT ....................................................................................... 32 2.5.1. Forças (ou Strenghts) ................................................................... 33 2.5.2. Fraquezas (ou Weaknesses) ........................................................ 34 2.5.3. Oportunidades (ou Opportunities)................................................. 34 2.5.4. Ameaças (ou threats) ................................................................... 35 2.6. Fatores Críticos de Sucesso Comparativo .......................................... 36 2.7. Segmentação de Mercado .................................................................. 38 3. Plano de Marketing ................................................................................. 42 3.1. A Marca ............................................................................................... 42 3.2. Marketing Tático .................................................................................. 42 3.2.1. O Produto ..................................................................................... 43 3.2.2. Preço ............................................................................................ 45 3.2.3. Praça ............................................................................................ 45 3.2.4. Promoção ..................................................................................... 46 3.2.5. Pessoas ........................................................................................ 47 3.2.6. Processo ....................................................................................... 47 4. Plano de Operações ............................................................................... 49 4.1. Layout Físico ....................................................................................... 49 4.2. Processos ........................................................................................... 50 4.2.1. Abastecer insumos ....................................................................... 51 4.2.2. Preparar ingredientes ................................................................... 52 9 4.2.3. Preparar e servir refeições ........................................................... 53 4.2.4. Realizar recebimento .................................................................... 54 5. Plano Financeiro ..................................................................................... 55 5.1. Componentes da Demonstração de Resultados ................................. 55 5.1.1. Formação dos Custos e Despesas ............................................... 55 5.1.2. Formação do Preço e Receita ...................................................... 59 5.1.3. Investimento Inicial ....................................................................... 61 5.1.4. Capital de Giro .............................................................................. 62 5.2. Demonstração do Resultado do Exercício .......................................... 63 5.3. Fluxo de Caixa .................................................................................... 64 5.4. Viabilidade Financeira ......................................................................... 65 5.5. Análise de Cenário Alternativo ............................................................ 66 6. Plano Jurídico ......................................................................................... 69 7. Conclusão ............................................................................................... 70 8. Referências Bibliográficas ...................................................................... 71 10 Sumário de Figuras Figura 1 - Quadro modelo de negócio Canvas ................................................. 17 Figura 2 - Crescimento de terras voltadas para agricultura orgânica ............... 21 Figura 3 - Selo oficial – SisOrg ......................................................................... 23 Figura 4 - Crescimento por setor 2014 ............................................................. 24 Figura 5 - Crescimento global do mercado de alimentação orgânica ............... 25 Figura 6 - O mercado de produtos orgânicos no Brasil .................................... 25 Figura 7 - 5 forças de Porter ............................................................................. 28 Figura 8 - Valor da refeição por região ............................................................. 31 Figura 9 - Matriz SWOT ................................................................................... 33 Figura 10 - FCS Comparativo - Pontos Fortes ................................................. 36 Figura 11 - FCS Comparativo - Pontos Fracos ................................................ 37 Figura 12 - Segmentação de mercado ............................................................. 39 Figura 13 - Pirâmide etária da Cidade do Rio de Janeiro ................................. 40 Figura 14 - População da Cidade do Rio de Janeiro entre 20 e 50 anos ......... 40 Figura 15 - Classes de rendimento nominal mensal ........................................ 41 Figura 16 - População da Cidade do Rio de Janeiro entre 20 e 50 anos das Classes A e B ................................................................................................... 41 Figura 17 - Logomarca food truck Guaca ......................................................... 42 Figura 18 - 6 P's do Marketing ......................................................................... 43 Figura 19 - Cardápio Guaca ............................................................................. 43 Figura 20 – Classificação Brasileira de Ocupações ......................................... 47 Figura 21 - Layout food trucks .......................................................................... 49 Figura 22 - Processo abastecer insumos ......................................................... 51 Figura 23 - Processo preparar ingredientes ..................................................... 52 Figura 24 - Processo preparar e servir refeições ............................................. 53 Figura 25 - Processo realizar recebimento ....................................................... 54 Figura 26 - Tabela com preço dos insumos ..................................................... 55 Figura 27 - Tabela com preço dos insumos ..................................................... 56 Figura 28 - Estimativa de custo por prato ......................................................... 56 Figura 29 - Estimativa de custo por prato ......................................................... 56 11 Figura 30 – Premissas ..................................................................................... 57 Figura 31 - Custo dos produtos vendidos por mês ........................................... 57 Figura 32 - Despesas operacionais e administrativas ...................................... 58 Figura 33 - Custo fixo por refeição ................................................................... 58 Figura 34 - Custo total por refeição .................................................................. 58 Figura 35 - Média por opção de prato .............................................................. 59 Figura 36 - Tabela de preço sugerida .............................................................. 59 Figura 37 -Estimativa de vendas por semana ................................................. 60 Figura 38 - Receita estimada por ano .............................................................. 60 Figura 39 - Alíquotas Simples Nacional ........................................................... 61 Figura 40 - Preço veículos................................................................................ 62 Figura 41 - Capital de Giro ............................................................................... 62 Figura 42 - Capital de Giro ............................................................................... 63 Figura 43 - Demonstração de Resultados do Exercício ................................... 64 Figura 44 - Fluxo de Caixa ............................................................................... 64 Figura 45 - Viabilidade Financeira .................................................................... 65 Figura 46 - Demonstração de Resultado do Exercício (cenário pessimista) .... 67 Figura 47 - Fluxo de Caixa (cenário pessimista) .............................................. 67 Figura 48 - Viabilidade Financeira (cenário pessimista) ................................... 67 Figura 49 - Tabela de Impostos do Simples Nacional ...................................... 69 12 1. Introdução 1.1. Justificativa A prática da comercialização de alimentos sobre rodas teve seu início nos Estados Unidos, por volta de 1860, quando veículos já eram adaptados para servir refeições a viajantes de estradas. Nos centros urbanos, esse tipo de comércio também já existia como uma opção rápida e barata de alimentação ainda no século XIX. Foi apenas no início dos anos 2000 que o conceito de comida sobre rodas começou a se reinventar, perdendo o rótulo de comida barata e de baixa qualidade e ganhando um perfil gourmet. Essa renovação do conceito de food truck se deu principalmente com a crise de 2008, em que muitos restaurantes fecharam suas portas, e os chefes passaram a ver como uma opção servir pratos de alta qualidade na rua, a baixo custo. Seguindo esta tendência, os food trucks começaram a se expandir para o mundo todo e surgiram no Brasil nos últimos anos, também como uma opção mais viável de negócio para empreendedores do setor alimentício. Acompanhando e fomentando esta tendência, os trucks passaram a ser vistos não só como veículos provedores de refeições, mas também como um locais de turismo e lazer. Além de boa comida, os trucks são caracterizados por um estilo próprio e singular, transmitindo um conceito por trás da marca. No Brasil, a cidade de São Paulo foi pioneira no negócio, inspirando-se nos modelos de sucesso de Nova Iorque e outras cidades americanas. Um fator que favoreceu o boom dos food trucks em São Paulo foi à regulamentação da atividade, a partir 2013. No entanto, este ponto ainda se apresenta como um entrave à alavancagem deste modelo de negócio no Brasil, tendo somente os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná regulamentação oficial. 13 1.2. Problema O problema que este trabalho discutirá é o de como planejar e estruturar um negócio de comercialização de comida orgânica em um food truck. e se é financeiramente viável a abertura de tal empreendimento. 1.3. Hipótese A hipótese acerca da qual este trabalho será construído é a de que é financeiramente viável a abertura de um food truck de alimentos orgânicos e que existe mercado ainda incipiente para o negócio e com grande potencial para crescer e ser explorado. 1.4. Objetivo Considerando-se o contexto de expansão do mercado de food trucks no Brasil, o objetivo deste projeto será analisar a viabilidade de criação de negócio do food truck Guaca, cujo foco será a venda de alimentos orgânicos. 1.5. Metodologia Este trabalho será um estudo de caso voltado para um food truck de comida orgânica. Como forma de compreender o mercado, o grupo se utilizará de pesquisas bibliográficas. Em seguida será elaborado um estudo de viabilidade utilizando a metodologia de plano de negócio. 1.6. Limitação da pesquisa Neste trabalho será estudado apenas o tipo de negócio de comercialização de alimentos orgânicos por meio de food trucks. Não serão estudados em detalhe neste trabalho outros tipos de negócio que não este. 14 1.7. Contribuição Científica A contribuição científica proporcionada por este trabalho será apresentar como os empreendedores devem se preparar para planejar um negócio e as ferramentas a serem utilizadas para estruturá-lo antes de colocar a ideia em prática. Pode-se proporcionar, assim, uma visão sistêmica do negócio, identificando possíveis riscos. 1.8. Descrição das Partes O presente trabalho será dividido em sumário executivo, que apresenta todos os tópicos a serem abordados neste trabalho; introdução, que contém a descrição dos principais pontos que norteiam este trabalho; plano de gestão, por meio do qual é possível analisar o mercado no qual o negócio estudado se insere; plano de marketing, que auxilia no entendimento do conceito da marca e os caminhos para introduzi-la no mercado; plano de operações, que aborda os principais processos do negócio; plano financeiro, que permite ter uma visão das perspectivas econômicas do empreendimento; plano jurídico, que descreve as principais questões burocráticas e relativas à estrutura da empresa. Por fim, a conclusão apresenta um resumo das constatações obtidas a partir de todas as análises expostas. 15 2. Plano de Gestão O plano de gestão é a etapa inicial da elaboração do plano de negócio. Por meio dele é possível entender o contexto estratégico do negócio a partir da análise de fatores culturais, ambientais, mercadológicos, geográficos, políticos, sociais e tecnológicos (Análise CAMGPEST), Modelo de Negócio Canvas, Cinco Forças de Porter, Matriz de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (SWOT), Fatores Críticos de Sucesso e Segmentação de Mercado. Tais ferramentas propiciam uma visão externa do ambiente na qual o negócio está inserido. 2.1. O Negócio A proposta deste estudo é criar um food truck diferenciado que possua uma marca forte associada à venda de produtos orgânicos, saudáveis e de qualidade. Busca-se atingir o mercado consumidor não só pelo valor agregado que esta comida oferecerá, mas também pela experiência associada a este tipo de alimentação fora de casa. 2.1.1. Missão Produzir e comercializar, sobre rodas, refeições com produtos orgânicos e de qualidade, proporcionando aos nossos clientes uma experiência única e prazerosa de alimentação. 2.1.2. Visão Ser reconhecido como um dos melhores food trucks do Brasil por nossa qualidade, sabor e atendimento diferenciado. 2.1.3. Valores Qualidade Comprometimento com o meio ambiente 16 Sabor Atendimento diferenciado Higiene 2.2. Modelo de negócio Canvas O modelo de negócio Canvas é uma ferramenta elaborada por Alexander Osterwalder (2010) que descreve as principais funções de uma empresa em um mapa visual. A grande vantagem da ferramenta é que ela traz uma boa visualização, é simples, aplicável e permite flexibilidade para o modelo de negócio. A partir do modelo de negócio Canvas é possível obter insumos importantes para a elaboração do Plano de Negócio do empreendimento em questão. 17 Figura 1 - Quadro modelo de negócio Canvas Fonte: Sebrae (2015), Os Autores 18 Pode-se concluir através do modelo de negócio Canvas alguns pontos: O relacionamento e parceria com os fornecedores é um ponto chave para o negócio e influencia diretamente na estrutura de custos; Investimentos em marketing e propaganda em redes sociais é elemento fundamental para exposição da marca e impacta no relacionamento com o cliente; Seguir elementos que estão dentro da proposta de valor da marca, como fornecimentode comida orgânica acessível, cardápio atrativo e alimentos saudáveis é necessário para que possamos atingir o público alvo; Os canais de acesso aos clientes estão diretamente ligados à proposta de valor da marca. 19 2.3. Análise CAMGPEST Esta é uma ferramenta proposta pela professora Ferruccio (2015) e consiste da análise de fatores culturais, ambientais, mercadológicos, geográficos, políticos, econômicos, sociais e tecnológicos ao entorno do negócio. 2.3.1. Cultural O contexto cultural do food truck tem suas origens nos Estados Unidos, em que a prática foi iniciada, ainda no século XIX. De lá para cá, esse modelo de venda de alimentos se difundiu e se traduziu em uma marca do estilo de vida americano. A expansão deste mercado ganhou muita força, sobretudo pela mudança no estilo de vida da sociedade contemporânea e a consequente ascensão do fast food. A necessidade por alimentação rápida e barata no dia- dia é uma demanda evidente do modelo de negócio food truck. Recentemente, entretanto, este negócio vem se desvinculando da imagem de comida de má qualidade para assumir um viés gourmet, associando a experiência de alimentação de rua a uma prática que também pode ser saudável. Além disso, vem crescendo nos últimos anos entre a população a tendência de preocupação em manter uma alimentação saudável. Há duas fortes tendências hoje na alimentação: a "saudabilidade", que é a valorização daquilo que promove saúde e bem-estar, e a sensorialidade e o prazer, ligados ao boom do mercado gourmet e dos grandes chefs. (TOLEDO, 2010). O Consultor da Associação Brasileira de Franchising (ABF) Donna (2015), afirma que as redes alimentícias que levantam a bandeira da alimentação saudável hoje têm crescimento acima do mercado. De uma forma geral, a sociedade vem se conscientizando acerca da importância de ter qualidade de vida e da longevidade. O aumento nas ocorrências de doenças cardiovasculares e obesidade, atrelado a 20 investimentos do governo em propagandas para alertar sobre os perigos de doenças como estas ajudam a conscientizar a população. Nesse contexto, os produtos orgânicos ganham força no mercado, pelos benefícios que trazem à saúde e por uma crescente conscientização em relação à sustentabilidade da cadeia produtiva. Entre as tendências no food service, a pesquisa indica um crescente consumo de alimentos da linha natural. O cardápio com alimentos integrais (23%), orgânicos (18%), dietéticos (11%) e naturais (5%) representa 57% dos pratos das marcas respondentes, contra 48% de alimentos processados que compõem o cardápio. (ABF, 2015) 2.3.2. Ambiental Considerando-se que o nosso negócio será focado na comercialização de alimentos orgânicos, os impactos ambientais intrínsecos são vastos. Entende-se como produtos orgânicos aqueles que não causam risco aos seres humanos ou ao meio ambiente pois são produzidos sem o uso de fertilizantes, sintéticos, agrotóxicos e transgênicos. Sendo assim, a produção desse tipo de produto obrigatoriamente envolve o uso consciente do solo, da água e dos demais recursos naturais. Além de ser um produto que causa danos reduzidos para o meio ambiente, o fato de o cultivo ser feito por pequenos agricultores reduz ainda mais o seu impacto. O uso de energia e o descarte de materiais é menor quando comparado a outros tipos de agricultura. Pode-se dizer que este tipo de alimento possui um grande potencial de expansão no mundo. Conforme apresentado no gráfico abaixo, o crescimento do número de terras com cultivo de agricultura orgânica vem crescendo progressivamente ano a ano e, no Brasil, este tipo de cultivo é potencializado pela grande diversidade de climas e solos que favorecem a agricultura. 21 Figura 2 - Crescimento de terras voltadas para agricultura orgânica Fonte: FIBL-IFOAM-SOEL (2015) 2.3.3. Mercadológico Fenômenos mercadológicos como feiras gastronômicas que envolvem food trucks ou até eventos exclusivos deste tipo de comércio de alimentos impulsionam o crescimento desta parcela do mercado alimentício e o torna mais popular entre os consumidores. Além disso, a demanda por alimentação fora de casa é crescente. Se alimentar fora de casa é um hábito do consumidor brasileiro que cresce a cada ano e as empresas do setor acompanham a demanda atual que é por uma alimentação mais saudável e a busca da referência da alimentação de casa. (ABF, 2015) Os produtos orgânicos seguem a mesma tendência. O acesso a esse tipo de produto vem sendo ampliado, uma vez que as redes de supermercados percebem o potencial de expansão desse mercado e a crescente demanda dos consumidores. Em relação aos preços, que costumavam ser mais altos para os produtos orgânicos, já existe uma tendência de queda. Os supermercados já começam a ampliar a variedade de produtos orgânicos em suas prateleiras e, 22 realizando compras em larga escala, conseguem reduzir os preços de alguns itens. Outra prática realizada para diminuir os preços desse tipo de produto é fechar contratos de longo prazo com fornecedores regionais e, assim, os supermercados garantem reduções nos seus custos logísticos. 2.3.4. Geográfico Para análise do entorno Geográfico consideraremos a pluralidade de cenários existentes no Brasil. Por um lado, o crescimento dos centros urbanos impulsiona a expansão do mercado de food truck. Por outro lado, a vasta disponibilidade de terras cultiváveis estimula o crescimento rural sustentável e aumenta o acesso a produtos orgânicos e consequentemente a redução no seu preço de oferta. 2.3.5. Político A regulamentação brasileira, tanto para os alimentos orgânicos quanto para os food trucks, vem apresentando evoluções expressivas principalmente nos últimos anos. O primeiro estado que sancionou uma lei para regulamentar a venda de comida de rua foi São Paulo. A lei entrou em vigor em 2014 e serviu para fomentar o negócio de venda de comidas sobre rodas no estado. Atualmente, só os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná possuem uma legislação específica para o mercado de food trucks. Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), essas legislações tratam não apenas do termo de permissão de uso que os empreendedores devem ter, mas também de questões como uso de equipamentos específicos, atenção à legislação sanitária, segundo as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e às normas do Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (DETRAN). Já para os alimentos orgânicos, as políticas para regulamentação da produção deste tipo de alimento tiveram início um pouco mais cedo. A primeira 23 forma de regulamentação surgiu em maio de 1999 com a publicação da Instrução Normativa, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A primeira lei, por sua vez, só surgiu no final de 2003. Ela definiu e estabeleceu as condições obrigatórias para a produção e a comercialização de produtos da agricultura orgânica. Além da regulamentação para a produção de orgânicos, existe um selo oficial para produtores orgânicos dado pela Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica (SisOrg). Figura 3 - Selo oficial – SisOrg Fonte: Portal MAPA (2015) Para ser certificado com este selo, o produtor deve garantir o cumprimento das normas de produção dentro da fazenda, no preparo dos produtos, no transporte e nos pontos de venda. Produtores menores conseguem vender seus produtos sem certificação da SisOrg contanto que pertençam a uma organização regulamentada e registrada. Além da regulamentação e certificação para esse setor, podemos citar políticas que incentivaram a expansão da produção orgânica no país. Dentre elas, a de maior destaque é o Brasil Agroecológico, Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo). Com o lançamentoda Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), o governo brasileiro assume o compromisso com a ampliação e efetivação de ações que promovam o desenvolvimento rural sustentável, impulsionado pelas crescentes preocupações das organizações sociais do campo e da floresta, e da sociedade em geral, a respeito da necessidade de se produzir alimentos saudáveis conservando os recursos naturais. (Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2015) 24 2.3.6. Econômico Para a análise do contexto econômico é necessário analisar o momento pelo qual o Brasil vem passando. O país encontra-se em uma crise econômica na qual a recessão já atinge diversos setores. Em 2014 o PIB do país fechou com um crescimento 0,1% e a perspectiva para 2015 é de que haja uma queda. Abaixo, a tabela apresenta dados sobre o crescimento dos setores em 2014. Figura 4 - Crescimento por setor 2014 Fonte: EXAME. Acesso: 22/07/2015 Observa-se que os setores mais impactados foram os de Construção Civil, Indústria de Transformação e Eletricidade e gás, água e esgoto. Em compensação, o setor agropecuário apresentou um pequeno avanço (+0,4%) e podemos destacar um avanço mais expressivo do mercado de produtos orgânicos. O Brasil teve um excelente ano de 2014 no segmento de produtos orgânicos, naturais e sustentáveis, com crescimento de 25% em relação ao ano anterior e faturamento de $ 750 milhões de dólares americanos (pouco mais de R$ 2 bilhões). O crescimento do mercado de produtos orgânicos é muito relevante tanto no Brasil quanto no mundo. A figura abaixo apresenta o histórico de crescimento do faturamento (em bilhões de dólares) do setor de orgânicos no mundo. 25 Figura 5 - Crescimento global do mercado de alimentação orgânica Fonte: FIBL-IFOAM-SOEL (2015) Conforme podemos observar, o crescimento vem sendo expressivo ano a ano. No Brasil, a expectativa é de que o setor mantenha o ritmo de crescimento anual entre 25% e 30% em 2015. As exportações devem bater recordes e atingir o montante de US$ 280 milhões – 12% superior ao exportado em 2014 (US$ 250 milhões). A estimativa é de que o faturamento este ano salte para R$ 2,5 bilhões (LIU, 2015). A figura abaixo compara o faturamento do mercado de produtos orgânico no Brasil em 2012 e 2014 justamente como forma de ilustrar este salto de crescimento que o setor vem apresentando. Figura 6 - O mercado de produtos orgânicos no Brasil Fonte: SEBRAE (2014) Por outro lado, a crise também gera uma oportunidade de crescimento para o mercado de fast foods e food trucks, uma vez que os consumidores estão menos dispostos a gastar grandes quantias de dinheiro em refeições. 26 Conforme mencionado anteriormente, os donos de food truck veem a oportunidade de transformar o mercado gourmet e torná-lo mais acessível, praticando preços mais baixos. O setor de bares e restaurantes ainda é visto como um setor promissor, mesmo em tempos de crise e apresentou um crescimento de 10%, segundo dados do Sebrae. 2.3.7. Social Atualmente, o acesso à informação é crescente e isto vem alterando o perfil do consumo no Brasil e no Mundo. A maior conexão entre pessoas faz com que novas tendências se disseminem com incrível velocidade e escala por todo um país ou até mesmo no mundo. O mercado de food truck pode ser visto como uma dessas tendências, que deve grande parte do seu reconhecimento às redes sociais e eventos gastronômicos divulgados na internet. O acesso à informação também propicia uma maior conscientização da população quanto a assuntos como qualidade de vida e alimentação saudável, o que vem gerando um crescimento relevante da demanda por produtos orgânicos. A importância do desenvolvimento de uma agricultura sustentável também é cada vez mais incorporada ao consumidor, também consequência do acesso à informação. Este consumidor passa a se preocupar em consumir produtos e estimular produtores que atrelem o processo produtivo à preservação ambiental, aproveitamento de recursos naturais e utilizando conscientemente os recursos não renováveis, como é o caso das culturas orgânicas. Paralelamente a isto, a crescente tendência de aumento da renda da população vem acompanhada de uma nova percepção de que o dinheiro pode trazer não só bens materiais, mas também experiências. Consequentemente, negócios como os food trucks, passam a ser encarados como algo a mais do que uma simples fonte de alimentação, mas também como uma experiência diferenciada. 27 2.3.8. Tecnológico Analisando a perspectiva tecnológica, segundo Rodrigues (2015), gerente de Engenharia de Vendas da Truckvan, a inovação tecnológica promete trazer inúmeros benefícios para os proprietários de food truck e para o meio ambiente, como: economia no consumo do diesel do veículo, aumento da vida útil e redução da manutenção da bateria do carro, redução de emissão de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, autonomia em iluminação e fornecimento de energia para carga de baterias de celulares. Outro fator determinante que vem facilitando o acesso aos produtos orgânicos é o e-commerce. A penetração deste canal de venda no mercado foi reconhecida por Wachsner (2015), Diretora da Sociedade Nacional de Agricultura. Segundo ela, há poucos anos começaram a surgir lojas virtuais de produtos orgânicos e a tendência desta tecnologia no mercado está em expansão. Um próximo passo em direção à aplicação da tecnologia à produção de alimentos orgânicos está em vista. Ainda segundo a mesma fonte, existe uma tendência de utilização direta da tecnologia no processo produtivo, que promete melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos orgânicos, possibilitando a obtenção de produtos ainda mais sofisticados, com menos açúcar ou sal, por exemplo. 2.4. Cinco Forças de Porter O modelo das 5 forças de Porter é um modelo estratégico elaborado pelo professor Michael Porter quando lecionava na Harvard Business School. O modelo tem como objetivo analisar o nível de competitividade de um determinado mercado e para isso analisa as 5 principais forças que o regem, sendo elas: o poder de barganha dos fornecedores, a ameaça de produtos substitutivos, o poder de barganha dos clientes, a ameaça de novos entrantes e a rivalidade entre concorrentes. A partir deste modelo, seremos capazes de definir o potencial e a rentabilidade do setor e avaliar a oportunidade do mercado para a empresa. 28 Figura 7 - 5 forças de Porter Fonte: Porter (1986), Os autores 2.4.1. Rivalidade entre concorrentes (baixa) Analisando a perspectiva em que os concorrentes são os próprios food trucks, julgamos esta rivalidade ainda baixa. O fato dos food trucks ainda não estarem totalmente consolidados pelas ruas do Brasil faz com que o maior chamariz para este tipo de comércio alimentício ainda sejam as feiras e eventos gastronômicos. Nestas feiras, diversos proprietários se unem para divulgar o evento e assim obter mais força para ganhar visibilidade e atrair consumidores. É possível perceber que, atualmente, os food trucks atuam mais como aliados do que como concorrentes. Para exemplificar como os proprietários atuam de forma conjunta pode- se citar as Associações que já existem pelo Brasil como a Associação Paulistana de Comida de Rua, a Associação de Comida Artesanal Sobre Rodas do Rio de Janeiro (ACASO RJ). Segundo o Sindicato de Hotéis Bares e Restaurantes (SindRio), o número de associados na cidade do Rio de Janeiro ainda é tímido, totalizando apenas 23 empreendedores. 29 A legislação que regula o comércio sobre rodas ainda é deficiente e restritiva, dificultando que os empreendedores se estabeleçam em pontos fixos pela cidade que não estabelecimentos privados (como feiras e eventos). Em julho de 2015, a Prefeitura do Rio de Janeiro divulgou a lista oficial dos trucks que estão autorizados a comercializarprodutos em locais públicos. Acredita-se que, futuramente, a regulamentação do setor tenderá a amadurecer, facilitando a entrada de novos empreendedores. Com a expansão deste mercado e a entrada de mais empreendedores no ramo, provavelmente, a rivalidade entre os mesmos tenderá a aumentar de forma que passarão a disputar os melhores pontos na cidade. Quando é analisada a rivalidade entre os concorrentes pela perspectiva dos restaurantes, esta pode ser consideramos baixa. Isto porque o público que procura os food trucks como opção para alimentação é um público que tem uma demanda já pré-estabelecida. Eles procuram os food trucks como uma alternativa aos restaurantes, pois muitas vezes não estão dispostos a pagar o preço cobrado ou por estarem em busca de uma experiência diferenciada. 2.4.2. Poder de barganha do fornecedor (médio) O poder de barganha do fornecedor será analisado sob duas perspectivas. Primeiramente, o encararemos como o fornecedor das instalações físicas dos trucks. A regulamentação da atividade do comércio sobre rodas impõe uma série de exigências, que devem ser respeitadas para que o veículo apresente os requisitos necessários. Assim, muitos veículos têm de ser replanejados para incorporar tais exigências. Uma transformação pode incluir tanto as alterações das dimensões do veículo e aspectos mecânicos, como também a inclusão de equipamentos específicos que a cozinha deve conter. Atualmente, os preços para este tipo de serviço podem custar até R$ 280 mil, segundo notícia do Estadão (2015). Existem oficinas mecânicas especializadas nesse tipo de transformação, porém estas ainda são poucas no país, fazendo com que seu poder de barganha seja 30 alto. As filas podem chegar até a 5 meses de espera, de acordo com a mesma fonte. Já sob a perspectiva dos fornecedores de alimentos orgânicos, pode-se considerar o poder de barganha como baixo. Isto porque já existe número significativo de produtores, de forma que se torna fácil a troca de um fornecedor por outro. 2.4.3. Ameaça de produtos substitutos (médio) Para análise da ameaça dos produtos substitutos, foram considerados todos os estabelecimentos que possam comercializar alimentos, sejam eles restaurantes, bares ou lanchonetes. Se analisados sob a ótica da necessidade do consumidor, pode-se considerar que todos eles satisfazem a mesma necessidade básica: alimentação. Por essa perspectiva, a ameaça dos produtos pode ser considerada alta. No entanto, analisando o custo de troca para o cliente, pode-se dizer que a ameaça dos produtos substitutos é baixa, pois quando analisados os produtos com o mesmo nível de qualidade, o food truck é capaz de oferecer preços mais baixos. Uma refeição em um restaurante da zona sul e Barra da Tijuca, região atual de maior concentração dos food trucks no Rio de Janeiro, pode custar mais que o dobro de uma refeição no truck. De acordo com a pesquisa de mercado da Sodexo (2015) para o ticket médio de refeição da Barra da Tijuca, Centro e Copacabana, o valor médio de uma refeição é superior a R$ 33, como apresentado nas tabelas abaixo. Considerando o preço médio de uma refeição no food truck como sendo R$ 20, é possível perceber que o custo de troca para um substituto é significativo. 31 Figura 8 - Valor da refeição por região Fonte: Sodexo (2015), Os Autores Balanceando os fatores, a análise do poder dos substitutos pode ser considerada como média. 2.4.4. Poder de barganha dos clientes (baixo) Analisando o poder de barganha dos clientes, podem ser considerados alguns fatores importantes. Do ponto de vista do volume de compra do consumidor, seu poder aumenta à medida que a escala da compra é relevante. Para consumidores de refeições de um food truck, cada consumidor compra, em média, uma única refeição. Assim, seu poder de barganha já é comprometido. Além disso, os produtos do negócio proposto podem ser considerados como sendo diferenciados, uma vez que fornece alimentação à base de produtos orgânicos. Isto reduz ainda mais o poder de barganha do consumidor. Barra da Tijuca Centro Copacabana 32 2.4.5. Ameaça de novos entrantes (alta) Para avaliar a ameaça dos novos entrantes no mercado de food trucks, deve ser considerado, primeiramente, o valor do investimento a ser realizado. Pode-se dizer que o investimento inicial para abrir um food truck é relativamente baixo, quando o comparado a outros tipos de negócio, como por exemplo, um restaurante. Conforme mencionado anteriormente, a reforma de um truck pode chegar a R$ 280 mil, valor este que viabiliza a entrada de novos concorrentes e torna a sua ameaça alta. Os novos concorrentes terão necessidade de investir um certo montante de capital para se adequar às requisições que o mercado de food truck demanda, ou seja, as especificidades dos veículos, regulamentadas em lei. Em contrapartida, a partir do momento que o empreendedor já possui o veículo, as necessidades de capital passam a ser baixas, pois o seu fornecedor principal passa a ser o de alimentos. Uma vez que este tipo de negócio não requer ativos muito específicos e o acesso à matéria prima é fácil, a ameaça de novos entrantes se torna ainda mais significativa. 2.5. Matriz SWOT Atualmente, percebe-se que o mundo está cada vez mais conectado e o fluxo de informações navega cada vez com mais rapidez. Sendo assim, se torna imprescindível que as empresas conheçam não só a sua realidade interna, mas também a sua realidade externa para que com isso saibam como se posicionar estrategicamente no seu respectivo setor. A metodologia que analisa as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (SWOT) surgiu nas décadas de 1960 e 1970 e foi elaborada por Albert Humphfrey, que liderou um projeto de pesquisa na faculdade de Stanford. Ela se baseia basicamente na análise de 4 cenários, sendo eles dois internos à empresa, suas forças (strenghts) e fraquezas (weaknesses) e dois externos, suas oportunidades (opportunities) e ameaças (threats). A partir desta análise, a empresa se torna capaz de encontrar seu posicionamento no 33 mercado e formular sua estratégia de negócio com a finalidade de otimizar seu desempenho. A matriz SWOT pode ser representada da forma apresentada abaixo. Figura 9 - Matriz SWOT Fonte: Os Autores, adaptado de Kotler (1998) 2.5.1. Forças (ou Strenghts) As forças de uma empresa representam aquilo que ela possui como diferencial interno frente a seus concorrentes. Para o empreendimento em questão, que se trata de um food truck de comidas orgânicas, podem ser citados os seguintes pontos como sendo um diferencial competitivo: Filosofia sustentável associada à venda de alimentos orgânicos; Marca forte, jovem e diferenciada; Comida saborosa e saudável; Preço mais acessível quando comparado a restaurantes; 34 Rapidez no atendimento. 2.5.2. Fraquezas (ou Weaknesses) Assim como as forças, as fraquezas também são pontos internos à empresa e são aqueles que a tornam menos competitiva frente a seus concorrentes. Para a empresa em questão, foram levantadas as seguintes fraquezas: Matéria prima mais cara (alimentos orgânicos) frente aos concorrentes; Falta de experiência dos sócios no setor alimentício; Dificuldade de exposição e promoção (associada à dependência de eventos e feiras); Ambientes com limitações que podem prejudicar a experiência do cliente (falta de banheiros, refeições em pé etc.). 2.5.3. Oportunidades (ou Opportunities) As oportunidades são pontos que impactam positivamente a empresa, mas sob os quais esta não possui controle, pois derivam de forças externas. É importante para a empresa ser capaz de prever tais oportunidades, visando atuar de forma pró ativa para enfrenta-los. As seguintes oportunidades foram levantadas: A crise econômica faz com que as pessoas busquemformas alternativas de alimentação mais barata; Crescimento do número de pessoas buscando alimentação rápida fora de casa; O boom dos food trucks no mundo e no Brasil faz com que este modelo de negócio tenha cada vez mais visibilidade e desperte o interesse no consumidor; Melhoria na legislação que regulamenta o comércio sobre rodas; Número crescente de empreendedores no ramo que buscam se associar e, com isso, ganhar força; 35 Valorização da cultura saudável e sustentável; Investimentos do governo para alavancar a produção de alimentos orgânicos no Brasil; Barateamento dos alimentos orgânicos uma vez que o número de fornecedores tem aumentado cada vez mais; Crescente número de feiras e eventos focados em food trucks. 2.5.4. Ameaças (ou threats) Ao contrário das oportunidades, as ameaças são fatores externos que impactam negativamente a empresa. A empresa também não possui controle direto sob esses fatores, mas deve ser capaz de identifica-los de maneira rápida para que possa bloqueá-los. O negócio estudado possui os seguintes pontos como ameaças: Desconhecimento em relação a evolução da legislação que controla o comércio sob rodas; Imagem dos food trucks possivelmente atrelada ao ramo de fast foods de baixa qualidade; Aumento da concorrência; Disputa por pontos de vendas na cidade. 36 2.6. Fatores Críticos de Sucesso Comparativo Por meio desta ferramenta é possível realizar uma comparação entre os principais pontos fortes e fracos do negócio, listados na análise SWOT do food truck Guaca e de seus principais concorrentes. Tal análise é realizada com base na atribuição de pesos para cada um dos critérios e, em seguida, uma nota para cada negócio avaliada em cada um dos quesitos. O somatório final das notas, levando e consideração os pesos atribuídos, proporciona visibilidade para que os pontos fracos sejam minimizados e os fortes enfatizados. A tabela de análise dos fatores críticos de sucesso é apresentada abaixo. Como concorrentes, foram escolhidos o food truck de comida argentina Las Empanadas, a rede de lanchonetes Subway e o restaurante de comida mexicana Guacamole. Figura 10 - FCS Comparativo - Pontos Fortes Fonte: Os Autores 37 Figura 11 - FCS Comparativo - Pontos Fracos Fonte: Os Autores 38 A análise mostra que o food truck Guaca fica em primeiro lugar tanto nos pontos fortes, quanto nos pontos fracos. Entre os que mais se destacam no que diz respeito aos pontos fortes perante aos concorrentes, podemos destacar a filosofia sustentável e de uma alimentação saudável à base de produtos orgânicos, a rapidez no atendimento e uma comida saborosa. Já entre os pontos fracos, os que mais se destacam são a matéria prima cara, por conta dos produtos orgânicos e a falta de experiência dos sócios no setor alimentício, que pode se apresentar como uma ameaça ao bom desenvolvimento do negócio. 2.7. Segmentação de Mercado A segmentação de mercado segundo Kotler (1999) e Ferruccio (2015) tem como objetivo auxiliar a empresa a definir e limitar o seu público alvo para que, com isso, possa atingir de forma mais eficiente aquele nicho identificado pela mesma. Para segmentar e definir o público-alvo, identifica-se o mercado total e este é dividido progressivamente em grupos menores que possuem características em comum. Segue abaixo a segmentação de mercado feita para o food truck: Mercado Potencial População do Rio de Janeiro. Mercado Disponível População do Rio de Janeiro entre 20 e 50 anos. Mercado Qualificado População do Rio de Janeiro entre 20 e 50 anos da classe A e B. Mercado Alvo População do Rio de Janeiro entre 20 e 50 anos da classe A e B que tem necessidade de comer fora de casa. Mercado Penetrado População do Rio de Janeiro entre 20 e 50 anos da classe A e B que tem necessidade de comer fora de casa e que priorizam alimentação saudável. 39 Figura 12 - Segmentação de mercado Fonte: Kotler (1999), Ferruccio (2015), Os Autores Para estimar o mercado potencial, em seguida o mercado disponível utilizamos como base o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2010). Nele tem-se que a população total da Cidade do Rio de Janeiro é de 6.320.446 de habitantes. Em seguida, baseado no mesmo Censo, consegue-se estimar a quantidade de pessoas com idade entre 20 e 50 anos. Seguem abaixo os dados da pirâmide da etária da Cidade do Rio de Janeiro da qual foi possível extrair tal informação. 40 Figura 13 - Pirâmide etária da Cidade do Rio de Janeiro Fonte: Censo IBGE (2010) Faixa etária Homens Mulheres 20 a 24 253.163 255.544 25 a 29 269.306 281.797 30 a 34 251.573 272.882 35 a 49 221.671 246.860 Total 995.713 1.057.083 População do Rio de Janeiro entre 20 a 50 anos 2.052.796 Figura 14 - População da Cidade do Rio de Janeiro entre 20 e 50 anos Fonte: Os Autores Para estimar o mercado qualificado, definimos com base no Censo do IBGE de 2010 a porcentagem de pessoas que participam das Classes A (renda acima de 20 salários mínimos) e B (renda entre 10 e 20 salários mínimos) na Cidade do Rio de Janeiro (Figura 15) para em seguida aplicarmos este percentual em cima do mercado disponível previamente definido (Figura 16). 41 Figura 15 - Classes de rendimento nominal mensal Fonte: Censo IBGE (2010) Total da População da Cidade do Rio de Janeiro (2010) 6.320.446 Classe A (+ de 20 salários mínimos) 120.796 Classe B (de 10 a 20 salários mínimos) 227.352 Total Classes A e B 348.148 Percentual da População das Classes A e B 5,51% População do Rio de Janeiro entre 20 a 50 anos 2.052.796 População da Cidade do Rio de Janeiro entre 20 a 50 anos das Classes A e B 113.074 Figura 16 - População da Cidade do Rio de Janeiro entre 20 e 50 anos das Classes A e B Fonte: Os Autores Considerando que o nicho ainda se restringe às pessoas que comem fora de casa e priorizam alimentação saudável, estima-se que o mercado penetrável gira em torno de 50 a 100 mil consumidores na Cidade do Rio de Janeiro. 42 3. Plano de Marketing O plano de marketing é uma ferramenta indispensável para a elaboração completa de um plano de negócio. Por meio dele pode ser realizado o planejamento de uma marca, produto ou serviço, permitindo detalhar as ações a serem tomadas para o atingimento dos objetivos estratégicos de marketing. 3.1. A Marca O primeiro passo do Plano de Marketing foi estabelecer o conceito visual da marca. Para isso, elaborou-se a logo marca do food truck Guaca. O objetivo foi elaborar uma imagem que traduzisse a capacidade do negócio de agregar a mentalidade jovem da marca com a rapidez da alimentação sobre rodas. Abaixo, segue a logo desenvolvida para o negócio. Figura 17 - Logomarca food truck Guaca Fonte: Os Autores 3.2. Marketing Tático Os elementos de marketing (produto, preço, praça, pessoas, processos e promoção – 6 P’s) segundo KOTLER (1999) e Ferruccio (2015) são variáveis que influenciam as decisões das empresas e que devem ser planejadas de forma eficaz para que os objetivos empresariais sejam alcançados. Cada uma dessas variáveis, destacadas na figura abaixo será individualmente detalhada a seguir. 43 Figura 18 - 6 P's do Marketing Fonte: Kotler (1999), Ferruccio (2015), Os Autores 3.2.1. O Produto O menu do food truck Guaca será composto por burritos, tacos, saladas e guacamole com chips. Para cada uma das opções, o cliente poderá escolher complementos e adicioná-los ao seu prato. Figura 19 - Cardápio Guaca Fonte: Chipotle (2015) 44 Primeiramente, o cliente escolhe qual o tipo de carne vai compor seu prato, e em seguida adiciona outros complementos como arroz, feijão, vegetais e, por fim, escolhe os molhos. Entre as possíveis escolhasde complementos, estão: Carnes: Frango Carne Porco Carne de soja Outros: Arroz integral Feijão preto Queijo ralado Saladas: Cebola Pimentão Alface Tomate Pepino Picles Molhos: Sour cream Guacamole Fresh tomato salsa Barbecue 45 Em relação às bebidas, optou-se, em um primeiro momento, por estabelecer uma relação de co-branding com um fornecedor de sucos orgânicos. Segundo Godinho (2015) Co-branding - ou partilha de uma marca, significa uma associação entre duas empresas num mercado em que nenhuma delas poderia entrar isoladamente, quer pelo investimento envolvido, quer pela especificidade do produto. Sendo assim, o fornecedor de sucos poderá ter o espaço para comercializar sem custos no food truck e não haverá receitas advindas da comercialização das bebidas. Em compensação atrai-se mais clientes ao apresentar tal opção de produto aderente a filosofia da marca. Vale ressaltar que todos os custos operacionais envolvidos na comercialização deste produto como, por exemplo, custos de logística, serão arcados pelo fornecedor. 3.2.2. Preço Para a definição do preço dos produtos do Guaca, é necessário levar em consideração não somente os custos fixos e variáveis internos do negócio, como também é preciso realizar uma pesquisa de mercado a fim de analisar os preços praticados pelos concorrentes. Pesquisando os preços de outros food trucks que oferecem refeições, observou-se que estes variam de R$ 15,00 a R$25,00. Assim, o preço será detalhado mais profundamente no Plano Financeiro. 3.2.3. Praça No que diz respeito aos locais de comercialização, os pontos de venda públicos são regularizados pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Alguns dos principais pontos segundo Ribeiro (2015) são: Parque Madureira, Aterro do Flamengo, bairros como Laranjeiras, Glória e Grajaú. Segundo determinação da prefeitura, os pontos serão operados segundo sistema de rodízio, para que todos os proprietários de food trucks tenham as mesmas oportunidades de comercialização. 46 Além dos espaços públicos regulamentados pela prefeitura, a atividade de comercialização de comida sobre rodas também pode ser realizada em eventos particulares e feiras gastronômicas, bastante comuns atualmente. Estes eventos podem acontecer nos locais mais variados. Geralmente, ocorrem em estacionamentos de shopping centers, principalmente na Barra da Tijuca ou em outros municípios como Niterói e Friburgo. 3.2.4. Promoção Algumas das principais formas de exposição da marca no que diz respeito à publicidade, são: a criação de uma página da marca em redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter, blogs. Estes canais, além de gratuitos, permitem um contato direto e informal com o consumidor. A participação em todos os eventos e os pontos de venda operados a cada dia pode ser divulgada por esses canais, além de possíveis promoções do dia, de forma a estreitar relações com os consumidores. A participação em eventos gastronômicos que reúnem food trucks também é uma forma e divulgação da marca. Esses eventos são cada vez mais comuns e, por reunir, muitos empreendedores, são uma forma eficaz de atrair clientes. Da mesma forma, a participação em associações como a Associação de Comida Artesanal Sobre Rodas RJ é uma forma de estreitar relações com outros empreendedores, donos de trucks e também é uma forma de ter sua marca divulgada, uma vez que a ACASO RJ também possui uma página no Facebook e ajuda a divulgar eventos gastronômicos. Uma outra forma de promoção da marca é a fidelização dos clientes por meio de um programa de descontos, o Hermano Guaca. A cada vez que o cliente faz uma refeição no food truck, ele ganha pontos e pode ganhar pratos e outros prêmios. 47 3.2.5. Pessoas Para o andamento do negócio, foram pesquisados os cargos, códigos e atribuições dos profissionais necessários, conforme a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), do Ministério do Trabalho e Emprego. Estes estão apresentados na tabela abaixo: Figura 20 – Classificação Brasileira de Ocupações Fonte: Ministério do trabalho e emprego. Acesso: 22/07/2015 3.2.6. Processo A cadeia de valor de uma empresa é a representação do conjunto de processos, que, alinhados, agregam valor ao negócio. É uma forma de visualizar uma organização e as atividades que desempenha. Os processos 48 que a compõem estão divididos, conforme a legenda, em processos estratégicos, centrais e de apoio. Os processos estratégicos são aqueles fundamentalmente executados pelos sócios da empresa e que dizem respeito ao posicionamento da empresa no mercado e por meio dos quais são definidos os objetivos estratégicos da empresa. Os processos centrais ou core são aqueles que possuem interação direta com os consumidores finais do negócio, aqueles que os clientes realmente “veem”. E por fim, mas não menos importantes estão os processos de suporte. São aqueles que nem sempre são vistos pelos clientes, mas dão apoio e os insumos mais básicos para o negócio. A cadeia de valor do food truck Guaca está representada pelo esquema abaixo. Figura 21 - Cadeia de Valor Fonte: Porter (1986), Os Autores Gerir Marketing 49 4. Plano de Operações No plano de operações são descritas todas as atividades necessárias à fabricação de um produto ou prestação de um serviço. Sendo assim, retoma-se a cadeia de valor, apresentada anteriormente, do food truck de comida orgânica e mexicana Guaca. 4.1. Layout Físico De acordo com o SEBRAE (2015), a regulamentação do município do Rio de Janeiro afirma que os trucks deverão possuir as seguintes dimensões: tamanho máximo de 7 metros de comprimento, 2,5 metros de largura e 3 metros de altura. A imagem abaixo mostra outros equipamentos que os trucks devem ter: Figura 22 - Layout food trucks Fonte: Food truck carioca. Acesso: 22/07/2015 50 4.2. Processos Para melhor visualização das operações do food truck, optamos por apresentar o mapeamento dos processos core levantados cadeia de valor que são: preparar ingredientes, preparar e servir refeições e realizar o recebimento. Além disso, é importante também mapear o processo de abastecimento de insumos que, apesar de ser um processo de suporte, tem impacto muito expressivo para o negócio, como já mencionado anteriormente. Seguem abaixo os mapeamentos realizados com auxílio da ferramenta Bizagi Modeler. 51 4.2.1. Abastecer insumos Figura 23 - Processo abastecer insumos Fonte: Os Autores 52 4.2.2. Preparar ingredientes Figura 24 - Processo preparar ingredientes Fonte: Os autores 53 4.2.3. Preparar e servir refeições Figura 25 - Processo preparar e servir refeições Fonte: Os Autores 54 4.2.4. Realizar recebimento Figura 26 - Processo realizar recebimento Fonte: Os Autores 55 5. Plano Financeiro Nesta etapa, busca-se fazer uma análise de todos os gastos, receitas e investimento inicial que o negócio pretendido requer para, assim, determinar sua viabilidade de implantação. Analisa-se cada variável que compõe a demonstração de resultado da empresa, com estimativas para os primeiros anos de funcionamento da empresa. Em seguida visualiza-se os fluxos de caixa projetados a fim de chegar ao valor presente líquido do negócio e sua taxa interna de retorno. 5.1. Componentes da Demonstração de Resultados 5.1.1. Formação dos Custos e Despesas Custo dos Produtos Vendidos A principal fonte de custo dos produtos vendidos se deve à compra dos insumos. Para estimar tais custos, foi realizada uma pesquisa nos principais supermercados e também em websites de venda de produtos orgânicos. Assim, chegou-se aos valores apresentados abaixo, como estimativa dos custos por quilograma dos principais insumos donegócio e das quantidades médias utilizadas de cada insumo no preparo dos pratos do menu. Figura 27 - Tabela com preço dos insumos Porções Quantidade (g) Preço (kg) Tortilla 80 16,80R$ Arroz 50 5,60R$ Feijão 50 10,00R$ Queijo 10 45,00R$ Salada 80 12,31R$ Nachos 50 17,50R$ Guacamole 100 13,60R$ Frango 80 17,90R$ Carne 80 32,80R$ Porco 80 28,30R$ Soja 80 22,00R$ 56 Fonte: Os Autores Figura 28 - Tabela com preço dos insumos Fonte: Os Autores Cada prato pode levar diversos componentes, como tortilha, arroz, feijão, saladas, entre outros, além de carnes. Levando em consideração as quantidades estimadas de cada item por prato e o respectivo preço do quilo do devido alimento, foi possível montar uma estimativa de custo de cada prato, sem considerar ainda as carnes, como a tabela abaixo demonstra. Figura 29 - Estimativa de custo por prato Fonte: Os Autores Assumindo ainda que tanto burritos, tacos e saladas podem ser recheados com frango, carne bovina, carne de porco ou carne de soja, foi possível estimar o custo final de cada prato, como apresentado abaixo. Figura 30 - Estimativa de custo por prato Fonte: Os Autores Ingrediente Quantidade Preço Alface 1kg 14,00R$ Tomate 1kg 11,00R$ Cebola 1kg 12,98R$ Pimentão 1kg 11,98R$ Pepino 1kg 7,40R$ Picles 1kg 16,50R$ Total 6 73,86R$ Total por porção (kg) 12,31R$ Porções Tortilla Arroz Feijão Queijo Salada Nachos Guacamole Custo unitário sem carne Saladas 0,28R$ 0,50R$ 0,45R$ 0,98R$ 2,21R$ Burritos 1,34R$ 0,28R$ 0,50R$ 0,45R$ 0,98R$ 3,56R$ Guaca e Nachos 0,88R$ 1,36R$ 2,24R$ Tacos 1,34R$ 0,28R$ 0,50R$ 0,45R$ 0,98R$ 3,56R$ Preço final Frango Carne Porco Soja Saladas 3,65R$ 4,84R$ 4,48R$ 3,97R$ Burritos 4,99R$ 6,18R$ 5,82R$ 5,32R$ Tacos 4,99R$ 6,18R$ 5,82R$ 5,32R$ Guaca e Nachos 2,24R$ 57 Foram consideradas também algumas premissas para o funcionamento do truck e as seguintes estimativas para o número de refeições vendidas para cada tipo de prato do menu e também por tipo de escolha de carne, conforme mostrado abaixo. Figura 31 – Premissas Fonte: Os Autores Em posse das estimativas para as quantidades de pratos vendidos por cada tipo de item e por carne e considerando ainda os custos já estabelecidos para cada opção de pratos foi possível estimar o custo dos produtos vendidos por semana e por mês, como apresentado a seguir. Figura 32 - Custo dos produtos vendidos por mês Fonte: Os Autores Despesas Operacionais e Administrativas Para a estimativa deste tipo de despesas, foram considerados custos mensais fixos, tais como gastos com infraestrutura do veículo e outras despesas, como a tabela abaixo apresenta. Dias trabalhados por semana 5 Média de refeições vendidas por dia 100 Premissas Opção Percentual de escolha Refeições por semana Saladas 30% 150 Burritos 30% 150 Tacos 15% 75 Guaca e Nachos 25% 125 Carne/semana 100% Frango 35% Carne 35% Porco 25% Soja 5% Opção Frango Carne Porco Soja Total Saladas 191.46R$ 254.04R$ 167.96R$ 29.81R$ 643.26R$ Burritos 262.02R$ 324.60R$ 218.36R$ 39.89R$ 844.86R$ Tacos 131.01R$ 162.30R$ 109.18R$ 19.95R$ 422.43R$ Guaca e Nachos 279.38R$ 2,189.93R$ 9,635.67R$ Total (mês) 279.38R$ Total (semana) 58 Figura 33 - Despesas operacionais e administrativas Fonte: Os Autores Estes valores foram, assim, alocados aos custos unitários de cada opção de prato de menu, de forma homogênea, levando em consideração ainda as premissas apresentadas abaixo foi possível estimar o custo fixo, alocado por refeição, conforme segue. Figura 34 - Custo fixo por refeição Fonte: Os Autores A fim de chegar a um valor para os preços de cada prato do menu, após o levantamento dos custos incorridos para a sua produção, tanto no que diz respeito aos custos variáveis quanto aos custos fixos, chegou-se aos seguintes valores para os custos totais de cada opção de prato: Figura 35 - Custo total por refeição Fonte: Os Autores Despesa Valor Mensal Licença Prefeitura 680,00R$ Água, Luz, Gás e Internet 800,00R$ Manutenção 500,00R$ Folha de Pagamento 5.000,00R$ Agência de Marketing 1.500,00R$ Outras despesas 1.000,00R$ Pró-labore 6.000,00R$ Total 15.480,00R$ Premissas n° Dias trabalhados por semana 5 Média de refeições vendidas por dia 100 Dias úteis mês 22 Refeições no mês 2200 Custo fixo por refeição 7,04R$ Custo CF CV Total CF CV Total CF CV Total CF CV Total Saladas 7.04R$ 3.65R$ 10.68R$ 7.04R$ 4.84R$ 11.88R$ 7.04R$ 4.48R$ 11.52R$ 7.04R$ 3.97R$ 11.01R$ Burritos 7.04R$ 4.99R$ 12.03R$ 7.04R$ 6.18R$ 13.22R$ 7.04R$ 5.82R$ 12.86R$ 7.04R$ 5.32R$ 12.36R$ Tacos 7.04R$ 4.99R$ 12.03R$ 7.04R$ 6.18R$ 13.22R$ 7.04R$ 5.82R$ 12.86R$ 7.04R$ 5.32R$ 12.36R$ Guaca e Nachos 7.04R$ 2.24R$ 9.27R$ 7.04R$ 2.24R$ 9.27R$ 7.04R$ 2.24R$ 9.27R$ 7.04R$ 2.24R$ 9.27R$ Frango Carne Porco Soja 59 5.1.2. Formação do Preço e Receita Formação do Preço A partir do custo total de cada prato, como apresentado na seção anterior, foi possível chegar aos valores dos preços de cada prato. Para isso, primeiramente foi feita uma média dos custos de cada opção de prato (burrito, taco ou salada) por tipo de carne, de modo que este último fator será o determinante do custo do prato, independente da opção por burrito, taco ou salada. Essa média está apresentada na tabela abaixo. Figura 36 - Média por opção de prato Fonte: Os Autores O próximo passo foi estipular o valor de mark-up que os sócios desejam obter em cima da venda dos pratos. Tal valor foi estipulado como sendo de 125%. Aplicando o mark-up selecionado aos custos totais definidos para cada prato, obteve-se os seguintes preços sugeridos: Figura 37 - Tabela de preço sugerida Fonte: Os Autores Frango 11.58R$ Carne 12.77R$ Porco 12.41R$ Soja 11.68R$ Guaca e Nachos 9.27R$ Média Produto Custo Preço (markup) Preço sugerido Frango 11.58R$ 14.47R$ 14.00R$ Carne 12.77R$ 15.96R$ 15.00R$ Porco 12.41R$ 15.51R$ 15.00R$ Soja 11.68R$ 14.60R$ 14.00R$ Guaca e Nachos 9.27R$ 11.59R$ 11.00R$ Tabela de Preço Sugerida 60 Receita A fim deestimar a receita obtida com a venda dos produtos do cardápio, retomou-se a estimativa de venda de pratos por dia, de acordo com o tipo de carne selecionado. Tal estimativa, por semana, é apresentada na tabela a seguir. Figura 38 - Estimativa de vendas por semana Fonte: Os Autores A partir desta tabela, cruzaram-se os números de refeições vendidas por semana com os preços estipulados para cada tipo de prato. Obteve-se, assim, uma estimativa da receita por semana e, em seguida, por mês, considerando 22 dias úteis no mês. A tabela abaixo apresenta os valores encontrados. Figura 39 - Receita estimada por ano Fonte: Os Autores Impostos Considerando que a empresa se enquadra no sistema tributário relativo ao Simples Nacional, as devidas alíquotas de impostos que devem ser pagos foram consultadas junto à Receita Federal. Opção Frango Carne Porco Soja Saladas 53 53 38 8 Burritos 53 53 38 8 Tacos 26 26 19 4 Guaca e Nachos 125 Refeição Quantidade (semana) Preço Receita Frango 131 14.00R$ 1,837.50R$ Carne 131 15.00R$ 1,968.75R$ Porco 94 15.00R$ 1,406.25R$ Soja 19 14.00R$ 262.50R$ Guaca e Nachos 125 11.00R$ 1,375.00R$ 6,850.00R$ 30,140.00R$ 361,680.00R$ Total (ano) Total (semana) Total (mês) 61 Considerando também a receita bruta estimada mensal de R$ 361.680,00, conforme apresentado pela tabela a cima, observou-se que a empresa deve aplicar as seguintes alíquotas para cada um dos impostos listados abaixo: Figura 40 - Alíquotas Simples Nacional Fonte: Receita Federal. Acesso: 01/08/2015 5.1.3. Investimento Inicial O investimento inicial do negócio é composto principalmente pelo valor do veículo e sua adaptação aos requerimentos da regulamentação, além de equipamentos de cozinha, caracterização do truck e investimento em propaganda para divulgação inicial da marca, além de tablets para operação. Para estimar o valor do veículo buscou-se os modelos passíveis de serem adaptados para food trucks e pesquisou-se o preço dos veículos usados pela tabela da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE). O preço do veículo foi estimado em aproximadamente R$ 60 mil. Seguem abaixo alguns dos modelos pesquisados. IRPJ 0.27% CSLL 0.31% COFINS 0.95% PIS 0.23% CPP 2.75% ICMS 2.33% Impostos 62 Figura 41 - Preço veículos Fonte: Fundação Instituto de Pesquisas. Acesso 01/08/2015 Os valores para os demais itens estão apresentados abaixo. 5.1.4. Capital de Giro O capital de giro é o ativo circulante da empresa, representa a reserva de recursos necessária para fazer o negócio girar. Para calcular a necessidade de capital de giro (NCG) utilizou-se a fórmula abaixo. Figura 42 - Capital de Giro Fonte: Ross et al (2003) Carro usado 60.000,00R$ Reforma do truck 200.000,00R$ Utensílios de Cozinha 10.000,00R$ Caracterização do Truck 5.000,00R$ Divulgação/Agência de marketing 10.000,00R$ Tablet 5.000,00R$ Total 290.000,00R$ Investimentos iniciais 63 O ativo operacional representa os recursos utilizados nas operações da empresa, tais quais valores a receber e estoques. Já o passivo operacional está ligado às contas do passivo também vinculadas ao ciclo operacional da empresa, como fornecedores, salários e outras contas a pagar. A tabela abaixo apresenta os valores encontrados para cada um dos fatores considerados na fórmula. O valor de contas a receber foi composto pela estimativa de receita mensal, com as vendas das refeições. O valor dos estoques, também já calculado anteriormente, é relativo ao valor dos produtos para produzir as refeições. Finalmente, o contas a pagar levado em consideração foi o custo fixo mensal estimado nas seções anteriores. Figura 43 - Capital de Giro Fonte: Os Autores Como resultado, a necessidade de capital de giro foi de aproximadamente R$ 24.300,00. Este é o valor que será levado em conta na próxima análise do fluxo de caixa. 5.2. Demonstração do Resultado do Exercício Com todos os elementos das seções anteriores já calculados, elaborou-se a tabela de Demonstração do Resultado do Exercício da empresa para os próximos 10 anos. Para a construção desta projeção, considera-se um crescimento do volume de vendas anualmente, segundo as taxas mostradas no início da tabela. Esta previsão de crescimento se dá, principalmente, devido aos retornos esperados dos investimentos em marketing e propaganda para divulgação da marca. A tabela de Demonstração do Resultado do Exercício dos anos 1 a 10 é apresentada abaixo. Contas a Receber R$ 30,140.00 Estoques R$ 9,635.67 Contas a Pagar R$ 15,480.00 NCG R$ 24,295.67 Capital de Giro (mês) 64 Figura 44 - Demonstração de Resultados do Exercício Fonte: Os Autores 5.3. Fluxo de Caixa A demonstração de resultado da empresa já permite visualizar a geração de capital por meio de suas atividades. É fundamental, no entanto, complementar esta análise com a elaboração do fluxo de caixa, que demonstra para onde os recursos gerados são destinados. A tabela abaixo ilustra o fluxo de caixa projetado para o mesmo horizonte de tempo, já apresentado na DRE. Figura 45 - Fluxo de Caixa Fonte: Os Autores Ano 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Crescimento Anual 80% 50% 20% 20% 20% 10% 10% 10% 5% 5% Receita Operacional Bruta 361,680.00R$ 674,533.20R$ 1,055,644.46R$ 1,335,390.24R$ 1,689,268.65R$ 2,136,924.85R$ 2,489,517.45R$ 2,900,287.82R$ 3,378,835.31R$ 3,767,401.38R$ Impostos 24,738.91-R$ 46,138.07-R$ 72,206.08-R$ 91,340.69-R$ 115,545.98-R$ 146,165.66-R$ 170,282.99-R$ 198,379.69-R$ 231,112.34-R$ 257,690.25-R$ Receita Líquida 336,941.09R$ 628,395.13R$ 983,438.38R$ 1,244,049.55R$ 1,573,722.68R$ 1,990,759.19R$ 2,319,234.45R$ 2,701,908.14R$ 3,147,722.98R$ 3,509,711.12R$ Depreciação 3,000.00-R$ 3,000.00-R$ 3,000.00-R$ 3,000.00-R$ 3,000.00-R$ 3,000.00-R$ 3,000.00-R$ 3,000.00-R$ 3,000.00-R$ 3,000.00-R$ CPV 115,628.04-R$ 215,646.29-R$ 337,486.45-R$ 426,920.36-R$ 540,054.26-R$ 683,168.63-R$ 795,891.46-R$ 927,213.55-R$ 1,080,203.78-R$ 1,204,427.22-R$ Lucro Bruto 218,313.05R$ 409,748.83R$ 642,951.93R$ 814,129.19R$ 1,030,668.42R$ 1,304,590.55R$ 1,520,342.99R$ 1,771,694.59R$ 2,064,519.19R$ 2,302,283.90R$ Custo Fixo 185,760.00-R$ 197,834.40-R$ 210,693.64-R$ 224,388.72-R$ 238,973.99-R$ 254,507.30-R$ 271,050.27-R$ 288,668.54-R$ 307,432.00-R$ 327,415.08-R$ Lucro Líquido 32,553.05R$ 211,914.43R$ 432,258.29R$ 589,740.46R$ 791,694.43R$ 1,050,083.25R$ 1,249,292.72R$ 1,483,026.05R$ 1,757,087.20R$ 1,974,868.83R$ Margem Líquida 9.00% 31.42% 40.95% 44.16% 46.87% 49.14% 50.18% 51.13% 52.00% 52.42% Lucro Acumulado 32,553.05R$ 244,467.48R$ 676,725.77R$ 1,266,466.24R$ 2,058,160.67R$ 3,108,243.92R$ 4,357,536.64R$ 5,840,562.69R$ 7,597,649.89R$ 9,572,518.71R$ Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Lucro Líquido 32,553.05R$
Compartilhar