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ESTUDO SOBRE A EVOLUÇÃO LEGISLATIVA DO SETOR 
PORTUÁRIO BRASILEIRO 
 
 
Lucas Henrique Souza e Silva 
 
 
 
Projeto de Graduação apresentado ao 
Curso de Engenharia Civil da Escola 
Politécnica, Universidade Federal do Rio de 
Janeiro, como parte dos requisitos necessários à 
obtenção do título de Engenheiro. 
 
Orientador: Gilberto Olympio Mota Fialho 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Junho de 2019 
 
 
 
 
ii 
 
 
ESTUDO SOBRE A EVOLUÇÃO LEGISLATIVA DO SETOR 
PORTUÁRIO BRASILEIRO 
 
Lucas Henrique Souza e Silva 
 
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO 
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS 
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO 
CIVIL. 
 
Examinada por: 
__________________________________________ 
Prof. Gilberto Olympio Mota Fialho, D. Sc. 
 
__________________________________________ 
Prof. Afonso Augusto Magalhães de Araújo, D. Sc. 
 
__________________________________________ 
Prof. Paulo Renato Diniz Junqueira Barbosa, M. Sc. 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL 
JUNHO DE 2019 
 
 
iii 
 
“A história das nações é escrita com o trabalho de seus filhos, com a riqueza do seu 
solo e com o movimento dos seus portos.”. 
Sérgio Matte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iv 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Souza e Silva, Lucas Henrique 
 Estudo sobre a evolução legislativa do setor portuário 
brasileiro. / Lucas Henrique Souza e Silva. – Rio de Janeiro: 
UFRJ/Escola Politécnica, 2019. 
 XII, 56 p.: Il.; 29,7 cm. 
 Orientador: Gilberto Olympio Mota Fialho 
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso 
de Engenharia Civil, 2019. 
Referências Bibliográficas: p. 53 até 56 
1. Introdução. 2. Evolução da legislação portuária 
brasileira. 3. Legislação atual. 4. Histórico de alguns 
exemplos práticos do setor. 5. Quadro comparativo. 6. 
Futuro do setor portuário nacional. 7. Conclusão. 8. 
Bibliografia. 
I. Olympio Mota Fialho, Gilberto. II. Universidade 
Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de 
Engenharia Civil. III. Estudo sobre a evolução legislativa 
do setor portuário brasileiro. 
 
 
v 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Aos meus pais e meu irmão, pelo amor incondicional, por sempre me apoiarem e 
confiarem em mim, e por ter sempre priorizado minha educação. 
Aos meus amigos de infância que estão do meu lado desde a decisão de escolher o curso 
até este momento de conclusão. Em especial à Helena, Clarissa e Guilherme. 
Aos meus amigos que fiz durante a faculdade e que passaram comigo todas as alegrias e 
dificuldades de uma formação acadêmica, por todo o apoio e ajuda, por estarem ao meu 
lado trilhando o caminho até a conclusão do curso de engenharia civil. Em especial à 
Marina, Marjorie, Pedro. 
Ao meu orientador Gilberto Fialho, por aceitar estar do meu lado nesse desafio que foi a 
produção desse trabalho, por ter sido um exemplo de professor e por me instigar a 
procurar um assunto, mesmo que seja fora da minha zona de conforto. 
E finalmente a todos os professores, servidores e funcionários, que convivi nesses últimos 
anos, pessoas que me ensinaram lições que levarei para o resto da vida pessoal e 
profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vi 
 
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como 
parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. 
 
ESTUDO SOBRE A EVOLUÇÃO LEGISLATIVA DO SETOR PORTUÁRIO 
BRASILEIRO 
Em meio a um cenário de ineficiência e baixos investimentos no setor portuário, a política 
brasileira se viu na necessidade de aprovar uma Nova Lei dos Portos, a fim de garantir 
maior participação da iniciativa privada e assim tentar reaquecer o setor portuário. No 
âmbito da engenharia, muitas vezes o profissional se preocupa com o gasto, qualidade e 
prazo, e se esquece de uma quarta grandeza importante na equação, a legislação, que sem 
seu bom entendimento pode causar danos financeiros de grande magnitude, podendo até 
mesmo inviabilizar um projeto. Esse trabalho tem como objetivo aprofundar os estudos 
na evolução legislativa brasileira, com foco maior nos últimos cem anos, sobre tudo nos 
dois grandes marcos regulatórios. A metodologia empregada foi o estudo cronológico das 
leis; a comparação entre épocas através de um quadro comparativo; a visão específica do 
efeito em alguns portos de interesses; e ainda se discute sobre o futuro do setor. Conclui-
se que o Brasil ainda não encontrou a melhor legislação para sua realidade e com isso 
ainda enfrenta crises no setor, porém de acordo com a história, com os erros e acertos do 
passado, é percebível que quando a iniciativa privada é valorizada e o poder decisório é 
mais descentralizado o setor tende a crescer. 
 
Lucas Henrique Souza e Silva 
Junho/2019 
 
Orientador: Gilberto Olympio Mota Fialho 
 
Curso: Engenharia Civil 
 
Palavras-chave: Legislação, Marco regulatório, Setor portuário. 
 
 
vii 
 
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial 
fulfillment of the requirements for the degree of Engineer. 
 
STUDY ON THE LEGISLATIVE EVOLUTION OF THE BRAZILIAN PORT 
SECTOR 
In the context of inefficiency and low investments in the port sector the government saw 
the need to adjust of the law and that is why a new law of ports it was approved, to 
guarantee greater participation of the private initiative and thus try to reheat the port 
sector. For engineering, the professional often worries about the cost, quality and due 
dates, and forgets about an important fourth member of the equation: legislation. 
Legislation can cause financial damages of great magnitude and may even make a project 
not worthy to be done. This study has as objective to go deep on the history of port 
legislation of Brazil, focusing on the last century, especially in the two major regulatory 
milestones. The methodology used was the chronological study of the laws; creation of a 
comparison table between years; specific view of the effect on some ports of interest; and 
speculation about the future of the sector. It is concluded that Brazil has not yet found the 
best legislation for its reality and because of this still faces crises in the sector, but 
according to history, with the mistakes and correctness of the past, it is noticeable that 
when private initiative is valued and the power of decision is more decentralized the 
sector tends to grow. 
Lucas Henrique Souza e Silva 
June/2019 
 
Advisor: Gilberto Olympio Mota Fialho 
 
Course: Civil engineering 
 
Keywords: Legislation, Port Sector, Regulatory Milestones. 
 
 
viii 
 
Sumário 
 
Capítulo 1.	 INTRODUÇÃO .............................................................................. 1	
1.1.	 MOTIVAÇÃO ...................................................................................... 1	
1.2.	 APRESENTAÇÃO DO TEMA ............................................................ 2	
1.3.	 OBJETIVOS ......................................................................................... 2	
1.4.	 METODOLOGIA ................................................................................. 2	
1.5.	 ESTRUTURA DO TRABALHO ......................................................... 2	
Capítulo 2.	 EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO PORTUÁRIA BRASILEIRA .. 3	
2.1.	 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO ...................................................... 3	
2.1.1.	 Da colonização ao início do século XX ............................................ 3	
2.1.2.	 Século XX ......................................................................................... 4	
2.2.	 1° MARCO REGULATÓRIO – LEI 8.630/93 .................................... 7	
2.2.1.	 Modelo de Gestão ............................................................................. 7	
2.2.2.	 Objetivos principaisda Lei n ° 8.630/93 ........................................ 10	
2.2.3.	 Nova estrutura do setor portuário ................................................... 10	
2.2.4.	 OGMO vs Sindicatos ...................................................................... 11	
2.2.5.	 Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) ............. 12	
2.2.6.	 Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR) .......... 12	
2.2.7.	 Terminais de uso privativo (TUP) .................................................. 13	
2.2.8.	 Decreto n ° 6.620/08 ....................................................................... 14	
Capítulo 3.	 LEGISLAÇÃO ATUAL ............................................................... 15	
3.1.	 2° MARCO REGULÁRIO – LEI N° 12.815/13 ................................ 16	
3.1.1.	 Definições e objetivos ..................................................................... 16	
3.1.2.	 Da administração do porto organizado ........................................... 18	
 
 
ix 
 
3.1.3.	 Da operação portuária ..................................................................... 20	
3.1.4.	 Do trabalho portuário ...................................................................... 22	
3.2.	 DECRETO N° 8.033/13 ..................................................................... 25	
Capítulo 4.	 HISTÓRICO DE ALGUNS EXEMPLOS PRÁTICOS DO SETOR 
PORTUÁRIO 27	
4.1.	 PORTO DE ITAJAÍ (SC) ................................................................... 28	
4.1.1.	 Histórico ......................................................................................... 29	
4.2.	 PORTO DE BARRA DO RIACHO (ES) ........................................... 32	
4.2.1.	 Histórico ......................................................................................... 34	
4.3.	 PORTO DO RIO GRANDE (RS) ...................................................... 35	
4.3.1.	 Histórico ......................................................................................... 37	
4.4.	 PORTO DO ITAQUI (MA) ................................................................ 39	
4.4.1.	 Histórico ......................................................................................... 40	
4.5.	 COMPANHIA DOCAS DO ESTADO DE SÃO PAULO ................ 42	
Capítulo 5.	 QUADRO COMPARATIVO ....................................................... 43	
Capítulo 6.	 FUTURO DO SETOR PORTUÁRIO NACIONAL ..................... 46	
6.1.	 SITUAÇÃO POLÍTICA ATUAL ....................................................... 46	
6.2.	 NOTÍCIAS .......................................................................................... 46	
6.2.1.	 Sobre a ANTAQ ............................................................................. 46	
6.2.2.	 Sobre concessões e leilões .............................................................. 47	
6.2.3.	 Sobre a Companhia Docas do Estado de São Paulo ....................... 50	
6.3.	 ESPECULAÇÕES SOBRE O FUTURO ........................................... 50	
Capítulo 7.	 CONCLUSÃO .............................................................................. 51	
Capítulo 8.	 BIBLIOGRAFIA ........................................................................... 53	
 
Lista de Figuras 
 
 
x 
 
 
Figura 1 : Processo de implementação de um terminal de uso privativo ............ 13	
Figura 2: Localização do Porto de Itajaí ............................................................. 28	
Figura 3: Zoneamento do Porto de Itajaí. ........................................................... 29	
Figura 4: Imagens históricas do Porto de Itajaí. .................................................. 31	
Figura 5: Localização do Porto de Barra do Riacho. .......................................... 32	
Figura 6: Proposta de Poligonal do Porto de Barra do Riacho. .......................... 33	
Figura 7: Localização do Porto do Rio Grande. .................................................. 35	
Figura 8: Zoneamento do Porto do Rio Grande. ................................................. 36	
Figura 9: Imagens históricas do Porto do Rio Grande. ....................................... 38	
Figura 10: Localização do Porto de Itaqui. ......................................................... 39	
Figura 11: Evolução do Porto de Itaqui. ............................................................. 41	
 
 
 
xi 
 
Lista de Tabelas 
 
Tabela 1 – Quadro comparativo das mudanças legislativas do setor portuário 
brasileiro .........................................................................................................................41 
 
 
 
xii 
 
Lista de Abreviaturas 
 
PORTOBRAS: Empresa de Portos Brasil S.A. 
AP: Autoridade Portuária 
CAP: Conselho de Autoridade Portuária 
OGMO: Órgão Gestor de Mão de Obra 
ANTAQ: Agência Nacional de Transportes Aquaviários 
SEP/PR: Secretaria de Portos da Presidência da República 
TUP: Terminail de uso privativo 
DNPVN: Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis 
BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
CODESA: Companhia Docas do Espírito Santo 
Mercosul: Mercado Comum do Sul 
CODOMAR: Companhia Docas do Maranhão 
EMAP: Empresa Maranhense de Administração Portuária 
CODESP: Companhia Docas de Estados de São Paulo 
ANTT: Agência Nacional de Transportes Terrestres 
 
 
 
 
1 
 
Capítulo 1. INTRODUÇÃO 
 
1.1. MOTIVAÇÃO 
A prática da engenharia é uma constante busca por soluções inovadoras para 
problemas não tão simples e nem sempre de solução única. Achar a resposta ideal é achar 
o ponto perfeito entre três grandezas que regem a vida de qualquer engenheiro: custo, 
qualidade e tempo. 
No caso da engenharia civil, isso fica claro em situações como: uma obra que não 
usa os devidos coeficientes e se faz muito conservadora a ponto de encarecer demais e 
desnecessariamente não será realizada, mesmo que esteja dentro do cronograma e a 
qualidade seja ótima. Ou uma obra que queira cumprir o prazo e o orçamento, mas não 
se preocupa com a qualidade terá problemas futuros que serão de responsabilidade do 
engenheiro responsável. Por fim uma obra que cumpra os requisitos de orçamento e 
qualidade, mas que não se atenta ao cronograma corre o risco de sofrer com custos 
adicionais e baixa da qualidade. Resumindo, saber achar o ponto ótimo entre essas três 
grandezas é saber fazer engenharia. 
Porém, muitas vezes negligenciada, uma quarta grandeza vem chamando atenção 
dos engenheiros que procuram sair um pouco do seu mundo matemático e buscam se 
integrar em outras áreas no conhecimento, essa grandeza: a legislação. 
Uma vez achado o ponto ótimo entre custo, qualidade e tempo, geralmente o 
engenheiro acredita que achou a resposta perfeita para aquele problema e esquece de 
entender em que contexto aquele problema está inserido. 
Um exemplo simples de como a legislação é importante e a construção de um prédio 
de vinte andares em uma região onde o gabarito são de três andares, ou seja, não importa 
se as outras três grandezas iniciais estejam em equilíbrio, a legislação barra esse 
investimento. 
 
 
 
 
 
2 
 
1.2. APRESENTAÇÃO DO TEMA 
O setor portuário brasileiro existe por mais de cinco séculos com o início da 
colonização, desde então a sociedade foi se alterando assim como suas leis que a regem, 
não foi diferente para o setor portuário que hoje vive sob a regulamentação da Lei 12.815. 
O tema em estudo é a evolução da legislação do setor portuário brasileiro. 
1.3. OBJETIVOS 
Esse trabalho tem como objetivo principal aprofundar os conhecimentos sobre a 
evolução da legislação do setor portuário brasileiro, com foco no último século, 
principalmente em relação aos dois marcos regulatórios recentes. 
1.4. METODOLOGIA 
A metodologia empregada nesse trabalho leva em conta a evolução cronológica 
das leis, desde a colonização até os dias atuais, o foco é no último século, começando 
pelos decretos da décadade 1930, passando pelo primeiro marco regulatório, a Lei dos 
Portos, e chegando aos dias atuais com a Nova Lei dos Portos. Foi desenvolvido uma 
tabela comparativa entre os anos a fim de facilitar o entendimento e organizar as ideias, 
suas funções e seu lugar na linha temporal de maneira mais remida. Foi estudado também 
o histórico de alguns portos de interesse, além de se realizar especulações sofre o futuro 
do setor com o advento de uma mudança de ideologia do governo federal. 
1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO 
Esse trabalho conta com um capítulo inicial de introdução, um segundo capítulo 
que servirá de contextualização da legislação brasileira sobre o setor portuário, contendo 
uma breve recapitulação da evolução da legislação desde a colonização até o fim do 
século XX, com foco maior no primeiro marco regulatória, a Lei dos Portos. 
No terceiro capítulo, o trabalho aprofunda e esclarece a Lei 12.815/13, a Nova Lei 
dos Portos, que rege os portos brasileiros atualmente, sejam eles públicos ou privados. 
No quarto capítulo o estudo foca no histórico de quatro portos de interesse para que seja 
exemplifica na prático como os portos se comportaram com a evolução da legislação. 
 
 
3 
 
O quinto capítulo apresenta um quadro comparativo que resumo as diferenças dos 
principais marcos ao longo dos anos. O sexto capítulo procura especular sobre o futuro 
do setor portuário devido a nova gestão política que assume o poder. 
Por fim o trabalho se encerra com uma conclusão, onde o autor demonstra sua 
opinião sobre como os efeitos da lei impactam o desenvolvimento do setor portuário, e 
apresenta uma sugestão de como o setor deveria se comportar a fim de garantir seu 
crescimento. 
Capítulo 2. EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO 
PORTUÁRIA BRASILEIRA 
2.1. BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO 
2.1.1. Da colonização ao início do século XX 
A relação do setor portuário brasileiro remota dos tempos do Brasil colônia, uma 
vez que seu descobrimento foi pelos portugueses que chegaram em suas embarcações e 
desenvolveram os primeiros portos-cidades que possuíam influência política e econômica 
em toda região, dado que era por eles que Portugal mantinha as trocas de mercadorias 
com a colônia. Nascia assim o sistema portuário brasileiro, controlado inteiramente pelo 
estado. (FAUSTO, 2011) 
No início do século XIX, com a transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, 
o então Rei D. João VI abre os portos brasileiros ao comércio às nações amigas, o Brasil 
então começou a fazer parte do sistema econômico liberal internacional, exportando 
riquezas naturais como madeira e ouro e importando produtos manufaturados e 
especiarias que eram consumidas principalmente pela nobreza. (KAPPEL, 2019) 
Já a partir da metade do século XIX, o Império dava os primeiros sinais de uma 
abertura para que a iniciativa privada pudesse começar a participar do sistema portuário 
brasileiro. Visconde de Mauá, em 1846, fundou a Companhia de Estabelecimento da 
Ponta de Areia, que servia de ponta de partida para navios com rotas pelo Atlântico Sul, 
América do Norte, Europa e o litoral brasileiro, com isso houve um considerável aumento 
do comercio brasileiro. Sua iniciativa foi tão bem-sucedida que lhe rendeu até os dias de 
hoje a homenagem de ser patrono da Marinha Mercante brasileira. (KAPPEL, 2019) 
 
 
4 
 
Em 1869, o governo imperial elabora a primeira lei de concessão à construção e 
exploração de portos pela iniciativa. E já em 1888, o Porto de Santos, através de uma 
concorrência pública teve sua construção e exploração concedidas ao grupo liderado por 
Cândido Graffé e Eduardo Guinle. Em 7 de novembro de 1890 é criada a Companhia das 
Docas de Santos e então assinado o Termo de Concessão, que inicialmente seria por 39 
anos. Começou-se então a renovação do porto onde os antigos atracadouros, verdadeiras 
pontes de madeiras, em terreno pantanoso do estuário, que ligavam os navios ancorados 
a terra firme, também conhecidos como trapiche, deram lugar para novos 260 metros de 
cais. Em 1892, com a atracação do navio inglês Nasmith foi inaugurado o primeiro trecho 
de porto organizado do Brasil. (KAPPEL, 2019) 
O novo modelo de gestão do porto em Santos foi tão bem-sucedido que logo os 
volumes de negócios e transações comerciais cresceram consideravelmente, 
impulsionado principalmente pela exportação do café, que a concessão que até então seria 
para 39 anos passara para 90 anos. (KAPPEL, 2019) 
Durante muitas décadas a privatização do Porto de Santos funcionou muito bem e 
serviu de exemplo de sucesso, os proprietários privados faziam fortunas com os portos. 
Porém reconhecendo a tamanha importância dos portos para o desenvolvimento 
econômico nacional o governo se via debilitado em relação às atividades portuárias 
permanentes e foi então que na década de 1930 mudanças legislativas fizeram com que 
os portos tivessem novas regras de utilização. 
2.1.2. Século XX 
2.1.2.1. Década de 1930 
Em 1934, com o advento do “Estado Novo”, pós a Revolução de 1930 da Aliança 
Liberal, o estado começou a implementar um programa estatizante, e os portos por serem 
considerados peças chaves para o desenvolvimento econômico passavam agora a serem 
controlados pelo Estado. (KAPPEL, 2019) 
Sob o comando de José Américo, o então ministro de Viação e Obras Públicas, 
foram publicados os seguintes decretos: 
• Decreto n° 24.447, de 1934: para os portos organizados ficam definidas as 
atribuições conferidas a cada diferente ministério; 
 
 
5 
 
• Decreto n° 24.508, de 1934: para as administrações dos portos organizados 
ficam definidos os serviços a serem prestados, uniformização das taxas 
portuárias, de acordo com a sua espécie, incidência e denominação; e 
• Decreto n° 24.511, de 1934: regularização quanto a utilização das 
instalações portuárias. (PIERDOMENICO, 2010) 
De maneira geral, o sistema legal de 1934 garantia ao porto organizado monopólio 
do embarque e desembarque de toda mercadoria que estivesse dentre de sua área de 
influência ou que ela fosse destinada. 
2.1.2.2. Década de 1940 
Em 1943 estabelece-se o Decreto-lei n° 6.166, cria-se o Departamento Nacional 
de Portos, Rios e Canais, que toma o lugar do então Departamento Nacional de Portos e 
Navegação de Portos e Navegação. (MINISTÉRIO DA INFRAESTRUTURA, 2015) 
Tal mudança veio com o intuito de garantir a promoção, orientação e instrução de 
todas as questões que diziam respeito à construção, melhoramento, manutenção e 
exploração dos portos e vias navegáveis do país. (MINISTÉRIO DA 
INFRAESTRUTURA, 2015) 
Surge em 1944 o Decreto-lei n° 6.640, primeira brecha no monopólio que permitia 
a construção e exploração de “instalações portuárias rudimentares” pelos Estados e 
Municípios, que assim poderiam prestar serviços ao público e cobrar por isso, desde que 
a tarifa fosse aprovada pelo Governo Federal. Tais “instalações portuárias rudimentares” 
podiam ainda ser exploradas por terceiros, caso o Estado ou Município se 
desinteressassem das atividades. (LOBO, 2000) 
2.1.2.3. Década de 1960 
Com a Lei n° 4.213, de 14 de fevereiro de 1963, o Departamento Nacional de 
Portos, Rios e Canais é transformado no Departamento Nacional de Portos e Vias 
Navegáveis. Estava criado um órgão com caráter jurídico de direito público, uma 
autarquia, com autonomia administrativa, técnica e financeira, um órgão criado para 
confrontar os desafios dos setores portuário e hidroviário. (MINISTÉRIO DA 
INFRAESTRUTURA, 2015) 
 
 
6 
 
Em 1966, Castelo Branco edita o Decreto-lei n° 5, cujo artigo 26 garante 
oficialmente o uso de terminais privativos, expandindo assim o Decreto-lei n° 6.640/44 
para além de Estados e Municípios, mas para qualquer pessoa autorizada a construir e 
operar, salva a diferença que a partir do Decreto-lei n° 5/66, o terminal privativo não 
podia absolutamente ser utilizado por terceiros. (LOBO, 2000) 
No ano seguinte, 1967, o Ministério dos Transportes foi criado incorporandoo 
Ministério da Viação e Obras Públicas, mas mantendo o Departamento Nacional de 
Portos e Vias Navegáveis na administração direta de alguns portos, além de incentivar a 
criação de empresas voltadas para a administração portuária, começam a surgir as 
primeiras Companhias de Docas do Brasil, como a Companhia Docas do Ceará em 1965 
e a Companhia de Docas do Para em 1967. (MINISTÉRIO DA INFRAESTRUTURA, 
2015) 
2.1.2.4. Década de 1970 
Passados os anos, as então autarquias do setor portuário e hidroviário começaram 
a ganhar maior autonomia administrativa e financeira, culminando no ano de 1975 a 
promulgação da Lei n° 6.222, que acaba com o Departamento Nacional de Portos e Vias 
Navegáveis e cria a Empresa de Portos Brasil S.A. (PORTOBRAS), que viria ser uma 
“holding” vinculada ao Ministério dos Transportes. (MINISTÉRIO DA 
INFRAESTRUTURA, 2015) 
A PORTOBRAS ficou responsável por supervisionar, orientar, coordenar, 
controlar e fiscalizar as atividades relacionadas com a construção, administração e 
exploração dos portos e vias navegáveis interiores. (MINISTÉRIO DA 
INFRAESTRUTURA, 2015) 
2.1.2.5. Década de 1980 
Promulgada em 1988, entra em vigor a nova Constituição Federal, e sendo ela o 
primeiro mecanismo jurídico que aborda diretamente a questão da “exploração 
portuária”, de maneira que atribuía à União a exploração direta ou permitia a mesma, 
mediante autorização, permissão ou concessão, cabendo, portanto, somente a União 
legislar sobre os portos. (PIERDOMENICO, 2010) 
 
 
7 
 
2.1.2.6. Início dos anos 1990 
A falta de política e de recursos financeiros para o setor portuário se agrava. A 
PORTOBRAS e o Ministério do Transporte são extintos em 1990, o setor de transporte 
ficou então subordinado ao Ministério de Infraestrutura. (MINISTÉRIO DA 
INFRAESTRUTURA, 2015) 
Em 1992, o país está passou por um processo político complicado com o 
impeachment do presidente Collor, o Estado não consegue dar conta da obsolescência dos 
terminais e equipamentos portuários, a vasta costa nacional fica subaproveitada. Assumiu 
ao cargo Itamar Franco e decide debater profundamente um novo projeto de lei para o 
setor portuário brasileiro que acabada sendo aprovado com um bom arcabouço legal e 
marca o primeiro grande marco regulatório do setor, a Lei n ° 8.630 em 1993. 
 
2.2. 1° MARCO REGULATÓRIO – LEI 8.630/93 
A Lei n° 8.630/93, mais conhecida como Lei dos Portos ou Lei de Modernização 
Portuária, é uma lei extensa e complexa, caracteriza-se como um grande marco 
regulatório uma vez que ela por si só revogou sete outras leis anteriores, bem como mais 
cinco decretos-leis e sete decretos, e se mostrou de fundamental importância para o início 
da reforma privatizante que o país iria implementar. 
Foi elaborada com o objetivo de solucionar problemas como: de ineficiência; 
baixa produtividade; muita burocracia; e a falta de investimentos, através da 
descentralização da gestão portuária e da inclusão da iniciativa privada na operação, por 
meio de arrendamentos de áreas e instalações. 
2.2.1. Modelo de Gestão 
Ao redor do mundo, muitos são os modelos de gestão portuária que se pode 
encontrar, mas dentre eles, quatro podem se considerados os principais, por serem mais 
utilizados de maneira geral, são eles: Public Service Port, Tool Port, Landlord Port e 
Private Service Port. (THE WORLD BANK, 2007) 
Cada modelo possui características próprias, podendo variar dependendo das 
diferentes responsabilidades do setor público e privado, relativas à propriedade de 
infraestrutura, equipamentos, operação de terminais e prestação de serviços portuários a 
 
 
8 
 
navios, como pilotagem, reboque e amarração. O Public Service Port e o Tool Port 
concentram-se principalmente na realização dos interesses públicos, ao passo que o 
Landlord Port procura promover o equilíbrio entre os interesses públicos (autoridades 
portuárias) e o interesses privados. O Private Service Port se concentra nos interesses 
privados (acionistas) por completo. (THE WORLD BANK, 2007) 
• Public Service Port: a autoridade portuária possui a infraestrutura do porto 
e executa praticamente todos os serviços necessários para o funcionamento 
do sistema portuário, o que significa que a autoridade cuida, mantém e 
opera toda a infraestrutura, a superestrutura, equipamentos e ativos 
portuários, incluindo a movimentação de carga. Alguns serviços auxiliares 
podem ser alocados a empresas privadas. Esses portos têm por muitas 
vezes as suas autoridades vinculadas diretamente a um ministério do 
governo federal. Ao redor do mundo, esse tipo de porto vem caindo em 
desuso; (THE WORLD BANK, 2007) 
• Tool Port é semelhante ao Public Service Port, mas diferem 
principalmente na questão de manipulação de carga, que nesse caso é 
tratada pelo setor privado. No entanto, os equipamentos dos terminais, 
como guindastes e empilhadeiras, são de propriedade da União. O 
transporte de carga a bordo dos navios e no cais é efetuado por empresas 
privadas de manuseio de carga ou de estiva. Em alguns casos, o Tool Port 
é usado para fazer a transição do modelo de Public Service Port para o 
modelo de Landlord Port; (THE WORLD BANK, 2007) 
• Landlord Port é o modelo de gestão portuária mais comum, e funciona 
com a autoridade portuária atuando como um órgão regulador, enquanto 
as operações portuárias - especialmente o manuseio de cargas - são 
realizadas por empresas privadas. Infraestrutura, especialmente os 
terminais, são alugados a empresas privadas de operação ou às indústrias 
como: refinarias, terminais de grãos, terminais de tanques e fábricas de 
produtos químicos. Neste caso, a autoridade portuária mantém a 
propriedade da terra. A forma mais comum de arrendamento é um contrato 
de concessão, pelo qual uma empresa privada recebe um arrendamento de 
longo prazo em troca de aluguel, o que é calculado geralmente pelo 
tamanho da instalação, bem como pelo investimento necessário para 
 
 
9 
 
construir, atualizar ou expandir um terminal. Os operadores privados 
também são responsáveis por fornecer equipamentos para garantir que os 
padrões operacionais sejam observados. Os operadores portuários 
privados fornecem e mantêm sua própria superestrutura, incluindo 
edifícios (por exemplo, escritórios, armazéns, estações de carga de 
contêineres e oficinas de produção de mercadorias). A mão de obra 
portuária é empregada por operadores de terminais privados, embora em 
alguns portos parte da força de trabalho possa ser fornecida pela autoridade 
portuária; e (THE WORLD BANK, 2007) 
• Private Service Port modelo totalmente privatizado, mas com seu papel 
marítimo assegurado. Da mesma forma, a autoridade portuária é 
totalmente privatizada. A maioria das funções portuárias estão sob o 
controle privado, embora o setor público desfrute de poderes padronizados 
de supervisão regulatória e pode possuir parte das ações do porto. (THE 
WORLD BANK, 2007) 
A partir dessa nova lei, o modelo estabelecido no Brasil foi o do Landlord Port, a 
exemplo de outros portos internacionais como o de Barcelona, Hamburgo, Roterdan, Los 
Angeles, dentre outros. O governo brasileiro fica então responsável por administrar os 
Portos Organizados através de dois novos agentes, a Autoridade Portuária (AP) pública e 
o Conselho de Autoridade Portuária (CAP). Além de administrar, a União se propõem a 
realizar investimentos em infraestrutura portuária e de acessos terrestre e marítimos. 
(PIERDOMENICO, 2010) 
O CAP é composto por quatro blocos, com ao menos dois representantes em cada 
um, e funciona como um órgão regulador, e apesar de estar uma estância acima das APs, 
juntos executam as políticas portuárias. (PIERDOMENICO, 2010) 
Cada bloco representa um segmento: o poder público, os operadores portuários, 
os trabalhadores e por fim os usuários. Na maioria das vezes tem interesses divergentes, 
fica a cargo do poder público atuar como mediador em defesa do interessepúblico. 
Importante ressaltar que nos terminais de uso privado não existe CAP. 
(PIERDOMENICO, 2010) 
Já a iniciativa privada por meio de arrendamentos (concessões) fica responsável 
não só pela operação portuária, como também por investimentos em construção, 
 
 
10 
 
aquisição ou reabilitação de superestruturas e equipamentos necessários para a operação. 
(PIERDOMENICO, 2010) 
2.2.2. Objetivos principais da Lei n ° 8.630/93 
Segundo Goldberg (2009) a Lei n° 8.630/93 tinha como principais objetivos: 
• Tirar do governo federal o poder decisório em favor dos interesses locais, 
descentralizando o setor; 
• Liberar o ingresso do setor privado nas atividades ligadas à movimentação 
de cargas, através de concessões de áreas e equipamentos dos Portos 
Organizados; 
• Criar investimentos e garantir a modernização das operações e 
superestruturas; 
• Facilitar o acesso da iniciativa privada à equipamentos mais modernos; e 
• Garantir a exploração de terminais de uso privado por terceiros, que até 
então eram limitados à operação de cargas próprias. (GOLDBERG, 2009) 
A fim de garantir esses objetivos, toda a estrutura administrativa dos portos 
precisaria ser revisitada e atualizada, para que as necessidades dos setores públicos e 
trabalhadores fossem melhor atendidas. Dessa forma criou-se uma nova estrutura para o 
setor portuário. (GOLDBERG, 2009) 
2.2.3. Nova estrutura do setor portuário 
Como forma de organizar a nova estrutura do setor portuário a Lei n ° 8.630/93 
esclarece e define alguns pontos importantes no seu artigo 1°, como: (BRASIL, 1993) 
• Porto organizado fica definido tudo que for construído e aparelhado para 
atender às necessidades da navegação, da armazenagem de cargas e da 
movimentação de passageiros e cargas, concedido ou explorado pela 
União, sob a jurisdição de uma autoridade portuária; (BRASIL, 1993) 
• Área do porto organizado é aquela que compreende as instalações 
portuárias, quais sejam, ancoradouros, docas, cais, pontes e piers de 
atracação e acostagem, terrenos, armazéns, edificações e vias de circulação 
interna, bem como pela infraestrutura de proteção e acesso aquaviário ao 
porto; (BRASIL, 1993) 
 
 
11 
 
• A operação portuária é definida como toda movimentação de passageiros 
ou mercadorias, além da armazenagem de mercadorias, que são destinados 
ou provenientes de transporte aquaviário, realizada no porto organizado 
por operadores portuários; (BRASIL, 1993) 
• O operador portuário é classificado como o agente capacitado a 
movimentar e armazenar cargas ou passageiros no porto organizado; e 
(BRASIL, 1993) 
• A instalação portuária de uso privado fica estabelecida pela exploração da 
pessoa jurídica de direito público ou privado, dentro ou fora da área do 
porto, que envolve a movimentação de passageiros ou cargas, 
armazenagem de cargas, sejam destinados ou provenientes de transporte 
aquaviário. (BRASIL, 1993) 
Além das definições básicas, a Lei n° 8.630/93 em seus capítulos e atribui às 
Autoridades Portuárias a responsabilidade pela gestão, fiscalização de contratos e 
manutenção do setor. 
Cria-se também através da Lei n° 8.630/93 as CAPs como já explicado 
anteriormente e outro órgão muito importante, o Órgão Gestor de Mão de obra (OGMO), 
responsável por administrar o fornecimento de mão-de-obra do trabalhador portuário e 
do trabalhador avulso nos portos organizados. 
2.2.4. OGMO vs Sindicatos 
No início da década de 1990, a grande concentração de mão de obra portuária, 
juntamente com a grande influência e poder dos sindicatos faziam que os custos 
portuários fossem expressivos. Essa relação estreita entre a mão-de-obra e os sindicatos 
fez com que muitas restrições às contratações, demissão e formação de ternos fossem 
impostas aos operadores privados. (GOLDBERG, 2009) 
Foi então que com o advento da Lei n° 8.630/93, esses operadores privados 
ficavam responsável por formar o OGMO, o que viria gerar conflito de interesses com os 
sindicatos. Esses agitavam as massas, o clima entre os trabalhadores portuários ficou 
extremamente tenso, por muitas vezes lideres sindicais partiam para o confronto, tentando 
a qualquer custo barrar a criação dos OGMO. (GOLDBERG, 2009) 
 
 
12 
 
Mesmo enfraquecidas, as atuações sindicais continuaram, participavam de acordo 
e convenções coletivas de trabalho, representando os trabalhadores nas negociações 
salariais e sobre as condições de serviço. Tentaram até mesmo criticar a lei em sua 
inconstitucionalidade, por exemplo acusando-a de ferir a autonomia do trabalhar avulso, 
ao filiá-lo a um órgão patronal como o OGMO. Porém mesmo com 
“inconstitucionalidades”, a Lei 8.630/93 pode ser considerada como a base do 
desenvolvimento do setor portuário brasileiro. (GOLDBERG, 2009) 
2.2.5. Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) 
Criada pela Lei n° 10.233, em 2001, e instalada de fato em 17 de fevereiro de 
2002, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários é uma entidade que integra a 
Administração Federal indireta, de regime autárquico especial, com carácter jurídico de 
direito público, independente administrativamente, com autonomia financeira e 
funcional, vinculada ao Ministério da Infraestrutura. (ANTAQ, 2019) 
A ANTAQ tem como objetivo colocar em prática as políticas criadas pelo 
Ministério da Infraestrutura, segundo os princípios e diretrizes estabelecidos na 
legislação. É responsável por regular, supervisionar e fiscalizar as atividades prestação de 
serviços de transporte aquaviário e de exploração de infraestrutura portuária e aquaviária. 
(ANTAQ, 2019) 
A agência atua nas seguintes esferas: instalações portuárias de turismo e públicas 
de pequeno porto; terminais de uso privado; estações de transbordo de carga; portos 
organizados e as instalações portuárias neles localizadas; navegação fluvial, lacustre e de 
travessia; e navegação de apoio marítimo, de apoio portuário, de cabotagem e de longo 
curso. (ANTAQ, 2019) 
A ANTAQ também funciona como mediadora, onde arbitra conflitos de interesses 
para impedir situações que configurem competição imperfeita ou infração contra a ordem 
econômica, sempre preservando o interesse público. (ANTAQ, 2019) 
2.2.6. Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR) 
Criada a partir de uma medida provisória em 2007, aprovada pelo Congresso 
Nacional e sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, instala-se a 
Secretária de Portos da Presidência da República (SEP/PR) que dentre suas competências 
e atribuições, do Ministério dos Transportes relativas à infraestrutura, estão a 
 
 
13 
 
responsabilidade pela criação de políticas e diretrizes para o aquecimento do setor dos 
portos marítimos, além de colocar em práticas certas medidas, programas e projetos para 
o apoio do desenvolvimento da infraestrutura portuária. (PORTOGENTE, 2016) 
2.2.7. Terminais de uso privativo (TUP) 
Ficou estabelecido segundo a Lei dos Portos que através de uma autorização a 
iniciativa privada poderia explorar e construir terminais privativos, podendo ser de uso 
exclusivo ou misto, quando o investidor fosse titular do terreno e manipulasse carga 
própria. (GOLDBERG, 2009) 
A figura 1 exemplifica como ocorre o processo de construção e autorização para 
terminais de uso privativo, englobando os processos desde sua concepção até sua 
exploração efetiva. (GOLDBERG, 2009) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 : Processo de implementação de um terminal de uso privativo 
Fonte: GOLDBERG, 2009 
 
 
14 
 
Contudo, a lei não normatizou quais critérios deveriam ser seguidos para a 
emissão das autorizações e também deixou vago quais regras de enquadramento para 
projetos de uma ou outra modalidade de terminal privativo. Com isso, no caso dos 
contêineres houve uma disputa de interesses entre o porto público e os terminais privados, 
o interesse privado alegava que o contêiner deveria ser considerado carga própria e assimpoderiam ser operados nos terminais privativos, já o para o porto público, o contêiner é 
apenas uma embalagem que transporta uma carga de terceiros devendo ser então operado 
somente pelo porto público. (GOLDBERG, 2009) 
Esse impasse gerou pressão no governo que em 2008 aprovou um decreto que 
viria a esclarecer a questão. Esse decreto foi o Decreto n° 6.620/08. 
2.2.8. Decreto n ° 6.620/08 
Em 2008, é aprovado o Decreto n° 6.620/08 que dispunha sobre as políticas e 
diretrizes com o objetivo do desenvolvimento e fomento do setor de portos e terminais 
portuários (PIERDOMENICO, 2010). Sendo estas: 
• Preservar arrendamentos e autorizações concedidas pela ANTAQ; 
• Estabelecimento de regras para cobrança de tarifas; 
• Esclarecimento das definições de carga própria e carga de terceiros; 
• Definição dos critérios e condições de ampliação das instalações 
portuárias; e 
• Estimular investimentos da iniciativa privada nas atividades portuárias. 
(PIERDOMENICO, 2010) 
Para atingir esses objetivos, esse decreto regulamentou três possibilidades de 
investimentos, dentre elas: licitação para concessão/outorga de portos organizados; 
arrendamento de instalações portuárias mediante a licitação; e para terminais de uso 
privativo foi criada uma outorga de autorização de sua construção e exploração. 
Importante ressaltar que o decreto ratifica que para os terminais de uso privativo deve-se 
atender às cargas próprias de seu proprietário e, residualmente, às cargas de terceiros. 
(PIERDOMENICO, 2010) 
 
 
 
 
15 
 
Sobre a matéria de outorgas/concessão para portos organizados ficou acordado 
que: 
• Poderá ser feita outorga/concessão de portos organizados marítimos ao 
setor privado, através de licitação com prazo de 25 anos, podendo ser 
renovado para mais 25 anos; (PIERDOMENICO, 2010) 
• A outorga/concessão deverá abranger: as obras de construção e 
aparelhamento dos portos; a exploração comercial do porto; a conservação 
da infraestrutura e superestrutura do porto; (PIERDOMENICO, 2010) e 
• Em caso de necessidade, por utilidade pública os terrenos e as construções 
necessárias serão desapropriados, sendo o custo dessa desapropriação a 
cargo do concessionário. (PIERDOMENICO, 2010) 
A fim de resolver um impasse que acontecia entre os terminais de contêineres 
privados e públicos quanto a questão de carga, ficava estabelecido que os terminais 
privados não poderiam movimentar contêineres uma vez que a carga interna desses 
passou a ser definida como carga de terceiros, ou seja, somente o porto organizado 
poderia operar esse tipo de carregamento. Isso gerou um grande retrocesso legislativo e 
econômico do país, uma vez que investimentos privados já programados tiveram que ser 
cancelados. 
Capítulo 3. LEGISLAÇÃO ATUAL 
 
A promulgação da Lei n° 8.630/93 de fato regrou uma vasta mudança do sistema 
portuário, principalmente devido à prioridade na participação da iniciativa privada na 
exploração e gestão portuária, além da flexibilização das normas que regem as relações 
trabalhistas nos espaços portuários. 
Como resultado, a implementação da lei resultou em um sistema mais eficiente e 
robusto do que antes. Contudo, os portos brasileiros ainda não conseguiram atingir todas 
suas metas de eficiência, os custos continuavam altos e o volume de investimentos estava 
reduzido. Esse sucesso limitado é também um dos resultados da própria Lei dos Portos, 
sobretudo no tocante à flexibilização apenas parcial das normas sobre relações de 
trabalho, e a respeito a implementação incompleta da própria lei, uma vez que, por 
 
 
16 
 
exemplo, a responsabilidade da administração dos portos continua nas mãos das 
Companhias Docas e a expansão da participação privada no sistema portuário encontra 
obstáculos impostos pelo Decreto n° 6.620/08, decreto esse que se afasta do modelo 
desenhado pela Lei dos Portos. 
3.1. 2° MARCO REGULÁRIO – LEI N° 12.815/13 
Em 5 de junho de 2013, é então promulgada a Lei n°12.815, ou mais conhecida 
como a Nova Lei dos Portos, lei essa que revoga leis e decretos anteriores, por exemplo 
a Lei n° 8.630/93 e o Decreto n° 6.620/08. Este tópico é inteiramente baseado na Lei 
n°12.815/13 (BRASIL,2013). A seguir serão destacados os pontos importantes desse 
marco regulatório: 
3.1.1. Definições e objetivos 
Segundo o artigo 1°, esta lei visa regular a forma que a União tem de explorar, de 
maneira direta ou indireta, os portos e instalações portuárias, além das atividades 
desempenhadas pelos operadores portuários. Para o porto organizado e para toda 
instalação portuária, que se localize dentro da área do porto organizado, sua exploração 
indireta será feita por meio de concessão e arrendamento de bem público. Já para a 
instalações portuárias localizadas fora da área do porto organizado sua exploração 
indireta ocorrerá por meio de autorização, nos termos desta lei. 
Finalmente, a lei determina que toda concessão, arrendamento e autorização, que 
são contemplados por essa lei, serão outorgados a pessoa jurídica que prove a capacidade 
de seu desempenho, assumindo a completa responsabilidade. 
Já o artigo 2° define conceitos básicos do setor portuários, conceitos que são: 
• Porto organizado é o bem público construído e aparelhado com o objetivo 
de suprir as necessidades da navegação, transporte de passageiros, ou 
transporte e estocagem de cargas, onde todas essas movimentações e 
operações portuárias estejam sob jurisdição de autoridade portuária; 
• A área do porto organizado é aquela que por ato do Poder Executivo é 
delimitada compreendendo as instalações portuárias e a infraestrutura e 
proteção de acesso ao porto organizado; 
• Instalação portuária é aquela que pode ser localizada dentro ou fora da área 
do porto organizado e é utilizada no transporte de passageiros, em 
 
 
17 
 
transporte ou estocagem de mercadorias, advindos ou dirigidas ao 
transporte aquaviário; 
• Terminal de uso privado é a instalação portuária que tem sua exploração 
através de uma autorização e situada fora do porto organizado; 
• Estação de transbordo de cargas é a instalação portuária que tem sua 
exploração através de autorização, situa-se fora do porto organizado e é 
utilizada exclusivamente para as operações de transbordo de mercadorias 
em embarcações de navegação interior ou cabotagem; 
• Instalação portuária pública de pequeno porte é a instalação portuária que 
através de autorização é permitida sua exploração, situa-se fora do porto 
organizado e é utilizada no transporte de passageiros ou mercadorias em 
embarcações de navegação interior; 
• Instalação portuária de turismo é instalação portuária explorada através de 
arrendamento ou autorização e é utilizada para o embarque, desembarque 
e transito de passageiros, tripulantes e bagagens, e de insumos utilizados 
nas embarcações de turismo; 
• Concessão é a cessão onerosa do porto organizado, visando à 
administração e à exploração de sua infraestrutura por prazo determinado; 
• Delegação é a transferência, por meio de convênio, da administração e da 
exploração do porto organizado para Municípios, Estados ou consórcio 
público; 
• Arrendamento é a cessão onerosa da área e infraestrutura pública situada 
dentro do porto organizado, a fim de se explorar por prazo determinado; e 
• Operador portuário é a pessoa jurídica pré-qualificada destinada a exercer 
as atividades de transporte de passageiros ou transporte e estocagem de 
mercadorias, advindos ou dirigidas ao transporte aquaviário, dentro da 
área do porto organizado. 
Finalmente, o primeiro capítulo termina com o artigo 3° com as orientações e 
diretrizes para a exploração dos portos organizados e instalações portuárias, com o 
objetivo de aumentar a competividade e o desenvolvimento brasileiro. Tais diretrizes são: 
 
 
18 
 
• Comprometimento expandir, modernizar e otimizar a infraestrutura e a 
superestrutura que integram os portos organizados e instalaçõesportuárias; 
• Comprometimento em garantir a modicidade e a publicidade das tarifas e 
preços praticados no setor, a qualidade da atividade prestada e a 
efetividade dos direitos dos usuários; 
• Comprometimento em estimular a modernização e o aprimoramento da 
gestão dos portos organizados e instalações portuárias, valorizando e 
qualificando a mão de obra e a eficiência das atividades prestadas; 
• Comprometimento em promover a segurança da navegação na entrada e 
na saída das embarcações dos portos; e 
• Comprometimento em estimular a concorrência, incentivando a 
participação do setor privado e assegurando o amplo acesso aos portos 
organizados, instalações e atividades portuárias. 
3.1.2. Da administração do porto organizado 
Segundo o capítulo IV da Lei n° 12.815/13, a administração do porto organizado 
pode ser exercida diretamente pela União, pela delegatória ou pela entidade 
concessionária do mesmo. Compete à autoridade portuária, responsável por administrar 
o porto organizado o seguinte: 
• Garantia do cumprimento e o de fazer cumprir as leis, os regulamentos e 
os contratos de concessão; 
• Garantia de usufruir das vantagens advindas do melhoramento e 
aparelhamento do porto ao comércio e à navegação; 
• Pré-qualificar os operadores portuários, conforme as normas ditadas pelo 
poder concedente; 
• Coletar os valores das tarifas provenientes de suas atividades; 
• Fiscalizar ou executar todas as obras, seja ela, de construção, reforma, 
ampliação, melhoramento e conservação, das instalações portuária; 
• Fiscalizar a operação portuária, garantindo que as atividades sejam 
realizadas com regularidade, eficiência, segurança e respeito ao meio 
ambiente; 
 
 
19 
 
• Promover o recolhimento de embarcações ou casco de embarcações que 
podem vir atrapalhar o acesso ao porto; 
• Autorizar a entrada e saída, incluindo a atracação e a desatracação, o 
fundeio e o tráfego de embarcações na área do porto, ouvidas as demais 
autoridades do porto; 
• Autorizar a movimentação de cargas pelas embarcações, com a exceção 
quanto a competência da autoridade marítima em situações de assistência 
e salvamento de embarcações, ouvidas as autoridades do porto. Não se 
aplica à embarcação militar que não esteja praticando comércio; 
• Suspender operações portuárias que atrapalhem o pleno funcionamento do 
porto, com a exceção de quando houver interesse da autoridade marítima 
responsável pela segurança do tráfego aquaviário. Não se aplica à 
embarcação militar que não esteja praticando comércio; 
• Informar à ANTAQ quando houver infrações, para que se instaure o 
processo administrativo e se aplique as penalidades previstas em lei, em 
regulamento e nos contratos; 
• Cumprir as medidas solicitadas pelas demais autoridades no porto; 
• Garantir apoio técnico e administrativo ao conselho de autoridade 
portuária e ao órgão de gestão de mão de obra; 
• Estabelecer, de acordo com as diretrizes da Secretária de Portos da 
Presidência da República, os horários de funcionamento do porto, como 
também as jornadas de trabalho no cais de uso público; e 
• Organizar a guarda portuária, de acordo com a regulamentação expedida 
pelo poder concedente. 
A autoridade marítima portuária será a responsável por elaborar o respectivo 
Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto, assim como a mesma deverá 
submeter o plano à aprovação da Secretaria de Portos da Presidência da República. A 
autoridade marítima responsável pela segurança do tráfego poderá intervir no 
ordenamento das atracações, a fim de garantir prioridade para atracação no porto de 
navios da Marinha do Brasil. 
No que tange a administração dentro dos limites do porto organizado, duas são as 
coordenações: autoridade marítima e autoridade aduaneira. À primeira compete 
 
 
20 
 
estabelecer, manter e operar o balizamento do canal de acesso e da bacia de evolução do 
porto; especificar as áreas de fundeadouro, de fundeio para carga e descarga, de inspeção 
sanitária, de polícias marítima, de navios de guerra e submarinos, de plataformas e demais 
embarcações especiais, de navios em reparo ou aguardando atracação e de navios com 
cargas inflamáveis ou explosivas. Cabe ainda à autoridade marítima estabelecer e 
divulgar os valores de calado máximo de operação dos navios, em função dos 
levantamentos batimétricos efetuados sob sua responsabilidade, além dos valores do porte 
bruto máximo e as dimensões máximas dos navios que trafegarão, em função das 
limitações e características físicas do cais do porto. Já à autoridade aduaneira compete a 
delimitação da área de alfandegamento; e a organização e sinalização dos fluxos de 
mercadorias, veículos, unidades de cargas e pessoas. 
A critério do poder concedente, a exploração direta ou indireta das áreas não afetas 
às operações portuárias poderá ser feita pela administração do porto, uma vez que seja 
observado o disposto no respectivo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto. 
Um conselho de autoridade portuária, órgão consultivo da administração do porto, 
será instituído para cada porto organizado. O regulamento detalha as atribuições, o 
funcionamento e a composição dos conselhos de autoridade portuária, assegurando a 
participação dos três pilares: poder público, classe empresarial e os trabalhadores 
portuários. 
A distribuição de vagas no conselho entre esses três pilares segue a seguinte 
proporção: 50% de representantes do poder público; 25% de representantes da classe 
empresarial; e 25% de representantes da classe trabalhadora. Quando se tratar de entidade 
sob controle estatal, na forma de regulamento, será assegurada a participação de um 
representante da classe empresarial e outro da classe trabalhadora no conselho 
administrativo ou qualquer que seja o órgão equivalente da administração. 
Fica a cargo da Secretaria dos Portos da Presidência da República garantir a 
conjunta atuação dos órgãos e entidades públicos nos portos organizados e instalações 
portuárias, com o objetivo de assegurar a eficiência e a qualidade de suas atividades. 
3.1.3. Da operação portuária 
O poder concedente estabelecerá as normas pela qual a administração do porto 
fará a pré-qualificação do operador portuário, essas normas devem obedecer aos 
 
 
21 
 
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Uma vez 
efetuado o pedido de interesse, a administração do porto terá um prazo de 30 dias para 
decidir sobre a pré-qualificação, caso o pedido seja indeferido, caberá recurso, no prazo 
de 15 dias, dirigido à Secretaria de Portos da Presidência da República, que então terá um 
prazo de 30 dias de apreciação. 
Sendo aprovada a pré-qualificação, o operador portuário caso ocorra: 
• Danos culposamente ocorridos à infraestrutura, às instalações e ao 
equipamento de que administração do seja titular, que se encontre a seu 
serviço ou sob sua guarda. Deverá responder à administração do porto; 
• Perdas e danos de mercadorias durante as operações que realizar ou em 
decorrência delas. Deverá responder ao proprietário ou consignatário da 
mercadoria; 
• Avarias nas embarcações ou na mercadoria dada a transporte. Deverá 
responder ao armador; 
• Remuneração dos serviços prestados e respectivos encargos. Deverá 
responder ao trabalhador portuário; 
• Contribuições não recolhidas. Deverá responder ao órgão de gestão de 
mão de obra do trabalhador avulso; 
• Recolhimento dos tributos incidentes sobre o trabalho portuário avulso. 
Deverá responder aos órgãos competentes; e 
• Estejam-lhe confiadas mercadorias sujeitas a controle aduaneiro, ou 
quanto tenha controle, ou uso exclusivo de área onde se encontrem 
depositadas, ou devam transitar. Deverá responder à autoridade aduaneira. 
É a ANTAQ que estabelece as normas das atividades que o operador portuário 
está sujeito. O operador portuário é titular e responsável pela coordenação de toda 
operação portuária que realizar.Para realizar as atividades de movimentação de carga a bordo da embarcação, o 
operador portuário deverá ser levar em conta a instrução do comandante da embarcação 
ou seus prepostos, responsáveis pela segurança da mesma nas atividades de arrumação 
ou retirada da carga. 
Em operações que, por seus métodos de manipulação, sua automação ou 
mecanização, não requeiram a utilização de mão de obra ou possam ser realizadas 
 
 
22 
 
exclusivamente pela própria tripulação das embarcações, fica sendo dispensável a 
intervenção de operadores portuárias. Do mesmo modo que essa intervenção também será 
indispensável quando: 
• As operações de embarcações empregadas: em obras de serviços públicos 
nas vias aquáticas do País, sendo executadas pelo poder público de forma 
direta ou indireta; no transporte de gêneros de pequena lavoura e da pesca, 
a fim de abastecer mercados de âmbito municipal; na navegação interior e 
auxiliar; e no transporte de mercadorias sólidas a granel, quando a carga 
ou descarga for feita por aparelhos mecânicos automáticos, exceto as 
atividades de rechego; 
• As operações relativas à movimentação de cargas em áreas sob controle 
militar, ou realizadas por pessoal militar, ou vinculado a organização 
militar; materiais destinados a estaleiros de construção e reparação naval; 
e peças sobressalentes, material de bordo, mantimentos e abastecimento 
de embarcações; e 
• As operações relativas ao abastecimento de aguada, combustível e 
lubrificantes para a navegação. 
Poderão ser estabelecer como operadores portuários, aquelas cooperativas 
formadas por trabalhadores portuários avulsos registrados. 
Já em instalações situadas fora da área do porto organizado, cabe ao titular da 
respectiva autorização, observadas as normas estabelecidas pelas autoridades marítimas, 
aduaneira, sanitária, de saúde e de polícia marítima, as operações portuárias. 
3.1.4. Do trabalho portuário 
Fica determinado que para cada porto, os operadores portuários devem constituir 
um órgão de gestão de mão de obra (OGMO) do trabalho portuário. Esse órgão fica 
responsável por administrar o fornecimento da mão de obra do trabalhador portuário e do 
trabalhador portuário avulso. 
Cabe também ao OGMO garantir o treinamento e habilitar profissionalmente o 
trabalhador portuário, inscrevendo-o no cadastro e mantendo de forma exclusiva esse 
cadastro, sendo o órgão que expedirá os documentos de identificação do trabalhador 
portuário. Já em relação com o trabalhador portuário avulso, o OGMO se compromete 
 
 
23 
 
em selecionar e registrar esse trabalhador e também tem exclusividade em manter esse 
registro. 
Por fim, fica a cargo do OGMO arrecadar e repassar aos beneficiários os valores 
devidos pelos operadores portuários relativos à remuneração do trabalhador portuário 
avulso e aos encargos fiscais, sociais e previdenciários. 
Vale lembrar que sendo celebrado um contrato, acordo ou convenção coletiva de 
trabalho entre os trabalhadores e tomadores de serviços, esse documento será o que vale, 
dessa forma o órgão gestor será dispensado de sua intervenção nas relações entre capital 
e trabalho no porto. 
Com relação ao trabalhador portuário avulso, compete ao OGMO: 
• Aplicar as seguintes penalidades: repreensão verbal ou por escrito; 
suspensão do registro pelo período de 10 a 30 dias; ou cancelamento do 
registro. Tudo isso caso ocorra alguma transgressão disciplinar perante às 
normas disciplinares previstas em lei, contrato, convenção ou acordo 
coletivo de trabalho; 
• Fomentar a formação profissional desse trabalhador, visando os processos 
mais atuais de movimentação de cargas e de operação de aparelhos e 
equipamentos portuários, garantindo assim um treinamento 
multifuncional ao trabalhador, nesse caso também ao trabalhador 
portuário; 
• Garantir programas de realocação e de cancelamento do registro, sem que 
se tenha cobranças ao trabalhador; 
• Recolher as contribuições destinadas ao custeio do órgão, além de 
arrecadar e repassar aos benificiários contribuições destinadas a incentivar 
o cancelamento do registro e a aposentadoria voluntária; 
• Sempre priorizar as normas de saúde, higiene e segurança; e 
• Trabalhar junto a administração do porto, no que diz respeito a 
apresentação de propostas para aprimoramento da operação portuária e a 
valorização econômica do porto. 
O órgão fica isento de responder por prejuízos ocasionados pelos trabalhadores 
portuários avulsos aos tomadores dos seus serviços ou a terceiros. Com relação aos 
operadores portuários, o órgão pode exigir uma garantia prévia dos respectivos 
 
 
24 
 
pagamentos a eles, para atender a requisição de trabalhadores avulsos, e junto aos próprios 
operadores portuários o órgão também responde pela remuneração devida ao trabalhador 
portuário avulso e pelas indenizações decorrentes de acidentes de trabalho. 
O OGMO pode ceder o trabalhador avulso, em caráter permanente, ao operador 
portuário, uma vez que as atribuições do órgão não implicam em vínculo empregatício 
com esse trabalhador. 
O órgão de gestão de mão de obra tem obrigatoriamente 1 conselho de supervisão 
e 1 diretoria executiva. O conselho de supervisão será composto por 3 membros titulares 
e seus suplentes e ficam responsáveis por fiscalizar a gestão dos diretores. Já a diretoria 
executiva será composta por 1 ou mais diretores, designados e destituíveis, cujo prazo de 
gestão será de 3 anos, permitida a redesignação. Até um terço do conselho de supervisão 
poderá ser designado para cargos de diretores. E caso o estatuo ou contrato social não se 
posicione sobre determinado assunto, cabe a qualquer diretor a representação do órgão e 
a prática dos atos necessários ou funcionamento regular. 
O OGMO é de utilidade pública, sendo assim um órgão sem fins lucrativos, não 
podendo prestar serviços ou exercer qualquer atividade não vinculada à gestão de mão de 
obra. 
Essa Lei também elenca alguma das atividades principais do setor, sendo elas: 
• Capatazia, relativa a movimentação de mercadorias por meio de 
aparelhamento portuário nas instalações dentro do porto, englobando o 
recebimento, conferência, transporte interno, abertura de volumes para a 
conferência aduaneira, manipulação, arrumação e entrega, assim como o 
carregamento e descarga de embarcações; 
• Estiva, relativa a movimentação de mercadorias dentro das embarcações, 
nos conveses ou nos porões, principais ou auxiliares. Inclui o transbordo, 
arrumação, peação e despeação, assim como o carregamento e a descarga, 
quando realizados com equipamentos de bordo; 
• Conferência de carga, relativa a contagem de volumes; registro de 
características como: procedência, destino, estado da mercadoria; 
assistência à pesagem; conferência do manifesto e demais serviços 
correlatos, nas operações de carregamento e descarga de embarcações; 
 
 
25 
 
• Conserto de carga, relativa ao reparo e restauração das embalagens de 
mercadorias. Sendo necessário nas operações de carregamento, descarga, 
reembalagem, marcação, remarcação, carimbagem, etiquetagem, abertura 
de volumes para vistoria e posterior recomposição; 
• Vigilância de embarcações, relativa à atividade de fiscalização da entrada 
e saída de pessoas a bordo das embarcações atracadas ou fundeadas ao 
largo, assim como também a movimentação de mercadorias nos portalós, 
rampas, porões, conveses, plataformas e outros locais da embarcação; e 
• Bloco, relativa a limpeza e conservação de embarcações mercantes e de 
seus tanques, incluindo batimento de ferrugem, pintura, reparos de 
pequena monta e serviços correlatos. 
A contratação de trabalhadores, para as atividades listadas acima, com vínculo 
empregatício por prazo indeterminado será feita exclusivamente dentre trabalhadores 
portuários avulsos registrados. 
3.2. DECRETO N° 8.033/13 
A fim de regulamentar e completar o disposto na Lei n° 12.815/13, o Decreto n° 
8.033/13 além de outrasdisposições legais que regem a exploração dos portos 
organizados e das instalações portuárias. (ANTAQ, 2016) 
Para as seguintes entidades o decreto determina as suas competências principais: 
• SEP/PR: fica responsável por elaborar o Plano Geral de Outorgas do setor 
portuário; garantir a atualização dos Planos de Desenvolvimento e 
Zoneamento do setor portuário; propor as diretrizes para a regulamentação 
dos portos; ser responsável por enviar ao Congresso relatórios detalhados 
sobre o setor portuário; (ANTAQ, 2016) 
• ANTAQ: fica responsável por conferir as transferências do controle 
societário e de titularidade na concessão e arrendamento; estudar propostas 
de investimentos que não haviam sido previstos nos contratos de 
concessão e arrendamento; arbitrar de forma administrativa qualquer 
discordância entre os arrendatários e a Administração Portuária; arbitrar, 
como ferramenta de um recurso, conflitos que existam entres os agentes 
que atuam dentro do Porto Organizado; (ANTAQ, 2016) e 
 
 
26 
 
• Autoridade Portuária: fica responsável pelo estabelecimento do 
regulamento do Porto Organizado; atua como primeira instância quando 
ocorre conflito entre os agentes que atuam no Porto Organizado; possui 
competências estabelecidas nos contratos de concessões. (ANTAQ, 2016) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
Capítulo 4. HISTÓRICO DE ALGUNS EXEMPLOS 
PRÁTICOS DO SETOR PORTUÁRIO 
 
Este capítulo contemplará o histórico de quatro portos nacionais de interesse que 
foram escolhidos devido sua grande influência, além de uma breve história da Companhia 
Docas do Estado de São Paulo (CODESP). Foco será em suas mudanças administrativas 
e operacionais devido a evolução legislativa brasileira, os portos escolhidos para analise 
são: 
 
• Porto de Itajaí (SC); 
• Porto de Barra do Riacho (ES); 
• Porto do Rio Grande (RS); e 
• Porto do Itaqui (MA). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
4.1. PORTO DE ITAJAÍ (SC) 
Localizado nas margens direita e esquerda da Foz do Rio Itajaí, nas cidades de 
Itajaí e Navegantes, encontra-se o Complexo Portuário de Itajaí que compreende o Porto 
Público de Itajaí, terminais de uso privativo e instalações de apoio logístico em operações. 
(PORTO DE ITAJAÍ, 2019). Como é mostrado na figura 2 e figura 3. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2: Localização do Porto de Itajaí 
Fonte: LABTRANS, 2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 3: Zoneamento do Porto de Itajaí. 
Fonte: LABTRANS, 2015 
Devido sua localização estratégica, uma infraestrutura moderna e mão de obra 
qualificada, o complexo hoje se faz a principal opção para as operações de importação e 
exportação de Santa Catarina, em destaque para as cargas dry e reefer. O porto merece 
destaque na movimentação de dois artigos, primeiro para a movimentação de contêineres, 
a segunda maior do país ficando atrás apenas do Porto de Santos, e segundo para a 
exportação de frango congelado, sendo a maior do país. (PORTO DE ITAJAÍ, 2019) 
4.1.1. Histórico 
Indícios históricos remontam a importância do Porto de Itajaí desde o século XIX, 
servindo como não como porta de entrada para os colonizadores estrangeiros que chegava 
para se fixar na região, mas também pelo forte apelo comercial fluvial que acontecia na 
região nessa época, foi a partir da mobilização de pessoas e comércio informal que o porto 
evoluiu para as importantes atividades de exportação e importação. (PORTO DE ITAJAÍ, 
2019) A figura 4 mostra como era a estrutura do porto antigamente. 
Foi em 1905, que a então Comissão de Melhoramentos dos Portos e Rios realizou 
os primeiros estudos técnicos sobre o Porto de Itajaí, primeiramente foi construído 700 
metros lineares do molhe Sul e posteriormente as do molhe Norte. Em 1934, o Porto de 
 
 
30 
 
Itajaí era subordinado ao então Departamento Nacional de Portos e Navegação, e quatro 
anos depois iniciava-se de fato a construção do primeiro trecho de cais, com pátios 
pavimentados em paralelepípedos e o primeiro armazém. (PORTO DE ITAJAÍ, 2019) 
O porto em 1963 passa a responder para a nova autarquia, denominada 
Departamento Nacional de Portos, Rios e Canais. (PORTO DE ITAJAÍ, 2019) 
No ano de 1966, por meio do Decreto n° 58.780/66, o Porto de Itajaí passa a ser 
considerado porto organizado, a fim de integrar o porto ao sistema portuário nacional 
devido sua importância comercial e industrial no Vale do Itajaí. Criou-se então uma Junta 
Administrativa do Porto de Itajaí, essa passou a ser a responsável pela gestão e operação 
das atividades portuárias. (PORTO DE ITAJAÍ, 2019) 
No seu início a atividade que alavancava as operações do porto era a 
movimentação de cargas de madeiras, que chegavam das regiões Oeste, Meio Oeste e do 
Planalto de Santa Catarina e assim eram exportadas por Itajaí. Contudo, final da década 
de 1960, a comercialização desse produto teve expressiva queda e o crescimento que 
vinha ocorrendo desde o início do século ficou prejudicado. Nesse cenário de redução 
drástica das exportações, o porto teve que se adaptar a nova realidade econômica do 
estado catarinense, foi então que a diversidade de operações do porto virou foco principal. 
(PORTO DE ITAJAÍ, 2019) 
Com a nova mudança administrativa, agora nas mãos da PORTOBRAS, o porto 
começou a operar cargas diversas como: açúcar, produtos congelados, e em seguida, os 
contêineres, sendo hoje esse último a carga mais expressiva de suas movimentações. 
(PORTO DE ITAJAÍ, 2019) 
A intensificação da movimentação de contêineres coincidiu com a extinção da 
então PORTOBRAS, deixando a administração do porto em crise, a responsabilidade 
sobre o porto foi transferir em primeiro momento para o comando do Departamento 
Nacional de Portos e Hidrovias, porém esse não possuía recursos suficientes e nem 
atribuições definidas. Foi então que em dezembro de 1990 a administração do Porto de 
Itajaí passa a ser temporariamente e paliativamente da Companhia Docas de São Paulo. 
(PORTO DE ITAJAÍ, 2019) 
Todavia, a região do Vale do Itajaí tinha interesse em garantir o crescimento do 
porto e solucionar os problemas de forma definitiva, por isso pressionou o governo até 
que a gestão administrativa foi delegada ao município de Itajaí por um período de 25 
 
 
31 
 
anos, renovável por mais 25. Hoje a Autoridade Portuária é delegada ao município e 
exercida pela Superintendência do Porto de Itajaí, que consiste em uma autarquia 
municipal criada em junho de 2000, com o objetivo de assegurar as condições 
operacionais e prezar pelas infraestruturas terrestres e aquaviárias que compõem o 
complexo. (PORTO DE ITAJAÍ, 2019) 
A partir dai, e em acordo com a legislação vigente, foi implementado o 
arrendamento do Terminal de Contêineres a empresa de Terminal de Contêineres do Vale 
do Itajaí, conhecida hoje como APM Terminals Itajaí. Essa iniciativa ao arrendamento 
garantiu ao porto investimentos em equipamentos e modernização que lhe faltava. 
(PORTO DE ITAJAÍ, 2019) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4: Imagens históricas do Porto de Itajaí. 
Fonte: LABTRANS, 2015 
 
 
 
 
32 
 
4.2. PORTO DE BARRA DO RIACHO (ES) 
Situado no Estado do Espírito Santo, o porto organizado de Barra do Riacho 
possui uma área limitada por uma poligonal, como mostra a figura 5, definida através de 
uma portaria gerada pelo Gabinete do Ministro do Ministério dos Transportes. Essa 
poligonal compreende uma área de greenfield pública que está disponível para 
arrendamento e outras duas já ocupadas pelos terminais privados, o Terminal Aquaviário 
de Barra do Riacho, propriedade da Petrobras, e o Terminal Especializado Portocel, 
propriedade das empresas Fíbra e Cenibra. (LABTRANS, 2015) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5: Localização do Porto de Barra do Riacho. 
Fonte: LABTRANS, 2015 
 
A poligonal portuáriaestá sendo revista pela SEP/PR. Existe uma proposta que 
foi encaminhada pela Autoridade Portuária e que está sujeita a alterações, prevê a 
exclusão na poligonal terrestre do TUP Portocel e das áreas que não possuem atividades 
portuárias, mantendo áreas do Terminal Aquaviário de Barra do Riacho e a área 
greenfield sob propriedade da CODESA. Além disso, a poligonal da área marítima seria 
amplida a leste, conforme a figura 6. (LABTRANS, 2015) 
 
 
33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6: Proposta de Poligonal do Porto de Barra do Riacho. 
Fonte: LABTRANS, 2015 
 
 
 
34 
 
4.2.1. Histórico 
O passado do Porto de Barra do Riacho muitas vezes é confundido com o passado 
dos terminais privados que estão situados dentro da área do porto. (LABTRANS, 2015) 
Foi através da empresa Aracruz Celulose S.A. que em 1973, realizou estudos 
preliminares procurando implementar um terminal especializado para embarque de 
celulose na região do município de Aracruz, esses estudos apontavam a Praia das 
Conchas, praia próxima à Barra do Riacho, como o local com as melhores condições que 
viabilizariam o projeto de construção do terminal. (LABTRANS, 2015) 
Foi então submetido ao Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis 
(DNPVN) um projeto que incluía: estudos de viabilidade técnica e econômica do 
terminal; e uma concepção básica do terminal, que incluía a construção de dois molhes e 
um berço de atracação. O DNPVN após avaliar o estudo decidiu através da Resolução n° 
1.107/74 que a Aracruz Celulose S.A. teria a autorização para construir e explorar esse 
terminal portuário privativo, que tinha como função o embarque de celulose e descarga 
dos materiais necessários à sua fabricação. (LABTRANS, 2015) 
A necessidade de obter maiores recursos financeiros junto ao Banco Nacional de 
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fez com que através de negociações o 
conceito de um porto de múltipla utilização fosse adotado no lugar do terminal de uso 
privativo. (LABTRANS, 2015) 
O antigo DNPVN deixou de existir, e o Governo Federal controla o setor portuário 
sob o comando da PORTOBRAS, esta junto com o BNDES, a Aracruz Celulose S.A. e a 
Companhia Vale do Rio Doce firmam em 1976 um termo de acordo que regulamentou as 
responsabilidades de cada ator envolvido. Foi neste mesmo ano que a partir de uma 
Assembleia Geral, foi criada a Portocel – Terminal Especializado de Barra do Riacho 
S.A., que teria como finalidade a execução da construção do referido terminal, iniciando-
se pelos molhes de abrigo e pela estrada de acesso à fabrica. (LABTRANS, 2015) 
Em 1982, foi assinado o Decreto n° 87.560, a denominação da Portocel – Porto 
Especializado de Barra do Riacho S.A. foi alterada para “Companhia Docas do Espírito 
Santo – CODESA”, que pelo mesmo decreto também teria atribuição de administrar e 
explorar comercialmente os portos de Vitória e Capuaba. Finalmente a Portocel é 
privatizada no ano de 1985, sendo 51% da ações para a Aracruz Celulose S.A. e 49% para 
a Cenibra – Celulose Nipo-Brasileira S.A.. Desde então a complexo portuário vem 
 
 
35 
 
crescendo e batendo marcas históricas de movimentação, além de continuar investindo 
em expansão, melhoramento e novas operações. (LABTRANS, 2015) 
4.3. PORTO DO RIO GRANDE (RS) 
Localizado no litoral sul do estado do Rio Grande Sul, conforme a figura 7, na 
cidade de Rio Grade e a margem oeste do Canal Norte, local que serve como escoadouro 
natural da bacia hidrográfica da Lagoa dos Patos, o Porto do Rio Grande é um porto 
marítimo público, que tem como área de atuação uma extensão que engloba os estados 
do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além de ser influente em regiões de países 
vizinhos como Uruguai, Paraguai e Argentina. Sua posição estratégica o fez conhecido 
como o Porto do Mercado Comum do Sul (Mercosul). (LABTRANS, 2013) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7: Localização do Porto do Rio Grande. 
Fonte: LABTRANS, 2013 
 
 
 
 
 
36 
 
O Porto do Rio Grande pode ser dividido em quatro grandes áreas distintas, 
conforme a figura 8: 
• Porto Velho; 
• Porto Novo; 
• Superporto; e 
• Área de expansão de São José do Norte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8: Zoneamento do Porto do Rio Grande. 
Fonte: LABTRANS, 2013 
 
 
37 
 
4.3.1. Histórico 
Na região da Barra do Rio Grande surgira um pequeno porto, onde hoje é o Porto 
Velho, porém as condições naturais da região não eram nada favoráveis a navegação, 
águas muito agitadas, as frequentes mutações dos canais e profundidades que não se 
faziam suficientes tornavam a transposição da Barra altamente perigosa. (PORTO DO 
RIO GRANDE, 2019) 
Em 1906, o Governo Federal contrata o engenheiro Elmer Lawrence Corthelli 
com o objetivo de realizar as obras de fixação da Barra do Rio Grande, incluindo a 
construção de dois molhes convergentes, o aprofundamento do leito para 10 metros e a 
construção de um novo porto, que viria a se chamar hoje de Porto Novo. Corthelli poderia 
construir e explorar o porto por 70 anos. Contudo, por não conseguir recursos suficientes 
para a realização da obra, Corthelli perde o contrato e esse é transferido para a 
“Compagnie Française du Port du Rio Grande do Sul”, enfim depois de dois anos da 
transferência iniciou-se efetivamente a construção dos molhes e do novo porto. (PORTO 
DO RIO GRANDE, 2019) 
O clima internacional na época era tenso, e a companhia francesa após a Primeira 
Grande Guerra ficou descapitalizada e não conseguia mais cumprir com o contrato, foi 
então que a responsabilidade pelas obras foi novamente transferida, e a União passa o 
controle para o estado do Rio Grande do Sul, esse podendo explorar comercialmente as 
instalações portuárias por 60 anos. (PORTO DO RIO GRANDE, 2019) 
No ano de 1934, o contrato é renovado pela União e o estado do Rio Grande do 
Sul ganha mais 60 anos concessão, incluindo as obras de manutenção de hidrovias do 
estado. Tempos depois, em 1951, devido ao crescimento de importância da região com 
toda sua influência, o Governo do Estado criou o Departamento de Portos, Rios e Canais, 
na forma de uma autarquia estadual que seria o responsável por toda administração 
portuária, bem como pela exploração comercial dos serviços concedidos. Por ser o único 
porto marítimo rio-grandense, o Porto do Rio Grande passou a fazer parte do plano 
especial de aparelhamento, uma vez que já assumia o posto de principal polo do Corredor 
de Exportação do extremo Sul. (LABTRANS, 2013) 
A perspectiva de crescimento e desenvolvimento do porto eram altas, já que 
investimentos estavam sendo feitos na década de 1970 com obras de dragagem e a 
incorporação de uma área de expansão, hoje o Superporto. (LABTRANS, 2013) 
 
 
38 
 
Com a chegada do ano de 1994, expirou-se o prazo de concessão ao Estado, que 
conseguiu prorrogar por mais 3 anos, até março de 1997, a fim de possibilitar que os 
ajustes impostos pela Lei dos Portos entrassem em vigor. Foi em 1996 que o 
desmembramento do Porto do Rio Grande do Departamento de Portos, Rios e Canais 
aconteceu, e assim foi a administração ficou a cargo da nova autarquia que viria a ser a 
Superintendência do Porto do Rio Grande. (LABTRANS, 2013) 
Finalmente, no ano de 1997, firmou-se o Convênio n° 001/97 entre o Ministério 
dos Transportes e o estado rio-grandense. Ficava delegado ao Estado do Rio Grande do 
Sul a administração do Porto do Rio Grande, além de outros, pelo prazo de 50 anos. 
(LABTRANS, 2013) 
A figura 9 mostra um pouco de como era o porto no passado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9: Imagens históricas do Porto do Rio Grande. 
Fonte: LABTRANS, 2013 - Acervo histórico do Porto do Rio Grande. 
 
 
39 
 
4.4. PORTO DO ITAQUI (MA) 
Situado na Baía de São Marcos, no município de São Luís, Maranhão, o Porto de 
Itaqui é um porto marítimo público inserido no