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OBSTETRÍCIA ROTURA PREMATURA 
DAS MEMBRANAS OVULARES 
 
Rotinas Assistenciais da Maternidade-Escola 
da Universidade Federal do Rio de Janeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 Rotura Prematura das Membranas Ovulares (RPMO) é a rotura das membranas antes do início do 
trabalho de parto. A rotura de membrana que ocorre antes de 37 semanas de gestação é referida como 
RPMO pré-termo. 
 Complica cerca 8 a 10% das gestações a termo e apenas 2% das pré-termo, entretanto está associada a 
40% dos nascimentos prematuros e a 18% das mortes perinatais. 
 
FATORES DE RISCO 
 Infecção intra-amniótica 
 Baixo nível socioeconômico. 
 Sangramentos no segundo e terceiro trimestre. 
 IMC menor que 19,8, deficiências nutricionais de cobre e ácido ascórbico. 
 Doenças do tecido conjuntivo. 
 Tabagismo. 
 Conização. 
 Circlagem. 
 Trauma abdominal. 
 Hiperdistensão uterina. 
 Amniocentese. 
 
DIAGNÓSTICO 
CLÍNICO 
 A história clínica, a inspeção vulvar e o exame especular estéril são suficientes para confirmar o 
diagnóstico em 90% dos casos. 
 Exames digitais devem ser evitados, uma vez que poucas informações adicionam ao exame especular. 
LABORATORIAL 
 Cristalização do conteúdo vaginal: o esfregaço do conteúdo vaginal é aplicado sobre lâmina e, após 
secagem, examinado ao microscópio. A presença de padrão arboriforme sugere RPMO. 
 Ultrassonografia: a presença de oligodramnia associada à história clínica pode auxiliar no diagnóstico. 
Afastar oligodramnia por anomalias renais e insuficiência placentária. Normodramnia não descarta 
RPMO. 
 Detecção da 1 microglobulina placentária: presente no líquido amniótico em concentrações 10.000 
vezes maiores que nas secreções cervicovaginais. O AmniSure apresenta sensibilidade de 98,9% e 
especificidade de 88-100%, devendo ser utilizado quando disponível no serviço. 
 
CONDUTA 
 Internação da paciente – Figura 1. 
 Diagnóstico da idade gestacional: os critérios de datação da gestação devem ser revistos uma vez que 
as condutas serão direcionadas por esta informação. 
 Avaliação da vitalidade fetal: os testes de avaliação biofísica fetal têm valor limitado na predição de 
infecção fetal. A CTG pode auxiliar na identificação compressão do cordão umbilical, atividade uterina 
assintomática e taquicardia fetal (sugestiva de infecção). 
 
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 Rastrear infecção pelo estreptococo do grupo B (GBS): 
o Colher swab vaginal/retal. 
o A profilaxia antibiótica é recomendada para pacientes em trabalho de parto pré-termo e/ou a termo e 
amniorrexe por mais de 18 horas, a menos que a paciente tenha cultura recente negativa (< 5 
semanas). (Ver cap. Assistência ao Parto). 
 Rastreamento de processo infeccioso: 
o Monitorar temperatura materna e frequência cardíaca materno-fetal (a cada 4 horas). 
o Indicadores de infecção 
 Febre acima de 38°C. 
 Palpação uterina dolorosa. 
 Secreção vaginal purulenta. 
 Taquicardia materna ou fetal. 
o Contagem de leucócitos e dosagem da proteína C-reativa são inespecíficos quando não há nenhuma 
evidência clínica de infecção, especialmente se corticosteróides foram administrados. 
 Antibióticos: indicados entre 24 e 33 semanas completas. 
o Para prolongar a latência: 
 Ampicilina 2 g IV 6/6 horas por 48 horas + azitromicina 1g VO dose única. 
 Após 48 horas, substituir a ampicilina por amoxicilina 500 mg VO de 8/8 horas por 5 dias. 
 Não usar amoxicilina+clavulanato devido ao risco de maior incidência de enterocolite necrosante. 
o Na infecção intra-amniótica: 
 Iniciar tratamento para corioamnionite (clindamicina 900 mg IV 6/6 horas e gentamicina 240 mg IV 
1x/dia) 
 Antecipação do parto em qualquer idade gestacional. 
 
 Corticosteróides:. Administrar entre 24 e 33 semanas completas. Não prescrever na presença de 
infecção intra-amniótica (ver capítulo específico). 
 Tocolíticos: 
o No momento não há consenso a favor ou contra a administração da tocólise para permitir a ação dos 
antibióticos e corticosteróides na paciente com RPMO pré-termo. 
o Na presença de metrossístoles, a tocólise só deve ser iniciada para possibilitar a corticoterapia, entre 
24 e 32 semanas, por no máximo, 48 horas. (Ver capítulo específico). 
 Sulfato de Magnésio: Utilizado para neuroproteção do feto entre 24 e 30 semanas (Ver capítulo 
específico). 
 Infecção pelo Herpes simples: 
o O período de latência não aumenta o risco de infecção neonatal. Se, no momento do parto, lesões 
ativas estão presentes a cesariana deve ser indicada. 
o O tratamento profilático com antivirais (acyclovir 400 mg 3 vezes ao dia no período periparto) pode 
ser considerado. 
 Infecção pelo HIV: 
o Conduta (expectante ou intervencionista) não difere daquela proposta para as pacientes não 
portadoras do vírus. 
o Na decisão da via do parto utilizar protocolo proposto para as pacientes portadoras do vírus (Ver 
capítulo específico). 
 Circlagem do colo uterino: manter os pontos até completar curso do corticóide. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 1 - Conduta na rotura prematura das membranas ovulares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rotura Prematura das Membranas Ovulares 
Infecção ausente Infecção presente 
IG < 24 semanas IG 24 a 33 semanas 
completas 
IG > 34 semanas 
Individualizada Expectante Ativa* 
Preferência indução 
do parto 
Antibióticos para 
prolongar latência 
Corticosteróides 
Profilaxia GBS se 
indicada 
Ativa 
Iniciar tratamento 
para corioamnionite 
 Aconselhamento do 
casal 
 Avaliar riscos fetais 
x riscos maternos 
 
Profilaxia GBS se 
indicada 
 
MgSO4 para 
neuroproteção até 31 
semanas + 6 dias 
* Pode-se aguardar de 18 a 24 horas para o 
início espontâneo do trabalho de parto. 
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LEITURA SUGERIDA 
- AMERICAN COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNECOLOGISTS . ACOG Practice Bulletin n. 80. 
Premature rupture of membranes. Clinical management guidelines for obstetrician-gynecologists. Obstet. 
Gynecol., v.109, n.4, p.1007-1019, 2007. 
- AMERICAN COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNECOLOGISTS. . Committee Opinion n. 455. 
Magnesium sulfate before anticipated preterm birth for neuroprotection. Obstet. Gynecol., v.115, n.3, 
p.669–671, 2010. 
- AUSTRALIAN RESEARCH CENTRE FOR HEALTH OF WOMEN AND BABIES. Antenatal magnesium 
sulphate prior to preterm birth for neuroprotection of the fetus, infant and child – National Clinical Practice 
Guidelines. v.16, mar. 2010. Disponível em: < 
http://www.adelaide.edu.au/arch/antenatalMagnesiumSulphateGuidlines.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2013. 
- BUCHANAN, S.L., et al. Planned early birth versus expectant management for women with preterm 
prelabour rupture of membranes prior to 37 weeks' gestation for improving pregnancy outcome. Cochrane 
Database Syst .Rev., n.3, CD004735, 2010. 
- KAYEM, G., et al. Active versus expectant management for preterm prelabor rupture of membranes at 34-
36 weeks of completed gestation: comparison of maternal and neonatal outcomes. Acta Obstet. Gynecol. 
Scand., v. 89, n.6, p.776-781, 2010. 
- MACKEEN, A.D. et al,. Tocolytics for preterm premature rupture of membranes. Cochrane Database Syst. 
Rev.. n.10, CD007062, 2011. 
- MIYAZAKI, K., et al. Aggressive intervention of previable preterm premature rupture of membranes. Acta 
Obstet. Gynecol. Scand., v.91, n.8, p.923-929, 2012. 
- ROYAL COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNAECOLOGISTS. Magnesium sulphate to prevent 
cerebral palsy following preterm birth. Scientific Impact Paper, n. 29, aug. 2011. Disponível em: < 
http://www.rcog.org.uk/files/rcog-corp/uploaded-files/SIP_No_29.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2013. 
- ROYAL COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNAECOLOGISTS. Preterm prelabour rupture of 
membranes. Green-top Guideline, n.44, oct. 2010. Disponível em: < 
http://www.neonatalformulary.com/pdfs/uk_guidelines/AMPICILLIN-RCOG_guideline_on_PPROM.pdf >. 
Acesso em: 26 fev. 2013. 
- YUDIN, M.H., et al. Antibiotic therapy in preterm premature rupture of the membranes. J. Obstet. 
Gynaecol.Can., v.31, n.9, p.863-874, 2009.

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