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Mariângela Stampa APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS Entendendo e Praticando na Sa\a de Aula 2a Edição MARI PREFÁCIO 9 APRESENTAÇÃO 13 INTRODUÇÃO 15 1. DESENVOLVIMENTO E PROCESSAMENTO AUDITIVO. 19 2. RELACIONANDO AUDIÇÃO E APRENDIZAGEM 29 2.1 Sugestões de como pais e professores podem ajudar 34 l 3. ESTIMULANDO O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM POR MEIO DAS HABILIDADES AUDITIVAS 37 3.1 Cuidados, sugestões e orientações úteis a serem observados e praticados 37 3.2 Sons produzidos pelo corpo humano 41 3.2.1 Vamos ptoduzirsons 41 3.2.2. Atividades corporais: trabalhando linguagem, corpo, espaço e tempo 43 3.3 Consciência auditiva 49 3.4 Localização auditiva 55 3.5 Identificação auditiva 58 3.6 Atenção auditiva 61 3.7 Memória auditiva 68 3.8 Memória auditiva sequencial 72 3.9 Discriminação auditiva 77 3.10 Análise-síntese auditiva/ Consciência Fonológica 84 3.11 Processamento temporal: frequência, intensidade, volume e duração 119 REFERÊNCIAS 125 APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS: Entendendo e Praticando na Sala de Aula dá continuidade à irre- futável contribuição que Mariângela Stampa do Rego Mello vem dando à área de consciência fonológica percepção auditiva e discriminação sonora das línguas naturais dos ouvintes. Autora de trabalho pioneiro sobre consciência fonológica, referência para fonoaudiólogos, linguis- tas, pedagogos, alfabetizadores e profissionais volta- dos para a natureza e a percepção dos sons da fala, Mariângela aprofunda ainda mais, neste livro, os aspectos auditivos da linguagem humana. Ademais, este livro atesta indubitavelmente a viabilidade de se pensar os modos pelos quais esquemas teóricos en- contram sua práxis em terapias fonoaudiológicas e em salas de aula. Não por acaso, Stampa focaliza a audição, no atual "mundo hiperativo", mediante as dificuldades q je se apresentam tanto no que tange à seleção do que ouvimos quanto no que diz respeito à necessária e im- portante distinção entre visão e audição. Os primeiros capítulos são dedicados a uma explicação cuidadosa acerca da natureza, importân- cia e evolução da audição em crianças ouvintes. A partir de uma trajetória que prevê etapas da audição e interpretação, são apresentadas possíveis perdas, consequentes retardos e comprometimentos. Torna- se clara a compreensão sobre os principais agentes, responsáveis por transtornos de audição, a atenção indispensável à prevenção e aos problemas postos, bem como a intervenção procedente de profissionais adequadamente qualificados. Os capítulos posteriores se orientam por uma se- quência muito bem montada por meio da qual o leitor é convidado a percorrer, estimulando pais e professores a ajudar o processo de desenvolvimento das habilida- des auditivas que, como destacado, têm sido pouco re- levadas nos artigos e livros voltados para a audição, seu desenvolvimento e seus eventuais problemas. Ao longo do livro, é notável a preocupação de Stampa com o cuidado de oferecer os meios de es- timular todas as habilidades auditivas, por meio de atividades diversas, a começar pelo corpo humano, passando pela consciência auditiva, memória, dis- criminação, até chegar à questão do processamento APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS temporal que envolve frequência, intensidade, volu- me e duração. Assim, a autora transpõe detalhada- mente sua experiência terapêutica a serviço do edu- cador, que encontra, finalmente, roteiro rico, prático e eficaz para trabalhar com os aprendentes de leitura e escrita. APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMEN- TO DAS HABILIDADES AUDITIVAS: Enten- dendo e Praticando vem efetivamente preencher lacuna sentida há muito por profissionais de Educa- ção. Os inúmeros exercícios constituem atividades práticas que os educadores poderão conhecer e uti- lizar concretamente. Dessa forma, o livro dá suporte à díade teoria-prática na esfera da aprendizagem e da apropriação de habilidades auditivas. Maria Cecília Mollica Professora titular e doutora de Linguística da UFRJ epesquisadora I do CNPq MARlANGELA S^A.MPA Desde 1000 a.C., os antigos egípcios já tentavam desvendar os segredos da audição. Em 400 a.C., Hipócrates, o pai da Medicina, já descrevia as doenças que acometiam os ouvidos, com sérias consequências para a saúde e comunicação humana. Através dos tempos, contribuições maiores ou menores, de origem acidental ou por pura inspiração, levaram ao conhecimento das técnicas para aprendizado e desenvolvimento das atividades auditivas, essenciais para a vida e para o relacionamento entre os seres. Os séculos XX e XXI têm sido da maior impor- tância no desenvolvimento de novas tecnologias para o tratamento dos distúrbios da audição, tanto na área clínica como na cirúrgica. Só nos Estados Unidos, 29 milhões de pessoas sofrem de algum grau de defici- ência auditiva. Portanto, há muito de se fazer em benefício dessa população. O conhecimento dos distúrbios cognitivos, especialmente os que envolvem a audição, é da maiot relevância para o correto tratamento de cada caso. O trabalho da professora e fonoaudióloga Mari- ângela Stampa nos brinda com sua experiência pesso- al na identificação e no tratamento desses distúrbios, penetrando no conhecimento e abordando o tema de forma rápida e acessível a todos os profissionais da área de saúde e educação. Boa leitura! Dr. Fernando Gosling Pós-Graduado em Otologia e Neurotologiapela University ofQklahoma Diretor das Otocltnicas Centro, Barra e Botafogo, no Rio de Janeiro, RJ APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DAS HÁBIL IDADES A U Dl UVAS A audição é um dos sentidos mais importantes e tem função primordial na comunicação e preserva- ção da espécie, já que está ligada à função de alerta. O mecanismo da audição é bastante completo, mas podemos resumi-la assim: o som entra pelo conduto auditivo externo, entra em contato com a membra- na timpânica e é transmitida para a cadeia ossicular (martelo, bigorna e estribo). Então o estímulo sonoro é transmitido para o interior da cóclea. A cóclea tem a função de transformar este estímulo em eletricidade (o que é feito pelas células ciliadas do ouvido). Este impulso elétrico é então transmitido para o nervo au- ditivo e deste ponto para o cérebro. E maravilhosa a sensibilidade do ouvido normal; capta do mundo à sua volta os sons e os transmite ao cérebro. A audição é um sentido que funciona inin- terruptamente, colocando o indivíduo em constante MARIÂNGELA STAMPA contato com o seu meio. Ela é o canal principal para a aquisição da linguagem verbal, e sua importância é evidenciada até a idade adulta. A percepção auditiva é um pré-requisito impor- tante para a comunicação, pois implica não somente na capacidade de reconhecer e discriminar mas também de interpretar os estímulos auditivos, associando-os a experiências previamente observadas, desenvolvendo- se mediante o exercício e a prática. O trabalho de estimulação auditiva em crianças é fundamentado na possibilidade que o cérebro tem de receber estímulos e criar novas conexões como respos- tas às solicitações as quais é exposto e submetido. É o princípio da neuroplasticidade, que vem sendo tema de estudo em vários trabalhos e pesquisas, que nos remete à ideia que a repetição de uma mesma tarefa favorece o aumento do número de sinapses presentes nos circuitos neuronais envolvidos, indicando uma correlação neurofisiológica com o aprendizado. Como exemplo, assim como uma prática de um instrumento aumenta sua competência nesta execução, a estimula- ção e a repetição de estratégias que requerem habilida- des auditivas auxiliam seu desenvolvimento. Esta obra objetiva auxiliar educadores e demais profissionais interessados na prática da educação in- fantil e séries inicias relacionadas à aprendizagem, possibilitando uma base de trabalho mais consistente no que diz respeito a habilidades auditivas. Tal pre- ocupação e desejo deste livro foram resultantes da constatação de alguns fatores, tais como: baixos ní- veis destas habilidades observados na práticade mi- nha experiência profissional há alguns anos e muitos questionamentos no contato com muitos educadores e profissionais de áreas afins sobre o tema. Esta situ- ação prática ainda é corroborada pelo atual "mundo hiperativo", com tantas informações e competências a processar e executar, observando que estamos "ou- vindo cada vez menos", isto é, as habilidades auditi- vas estão sendo minimizadas pelo mundo visual, haja vista que a visão é uma percepção mais imediatista que a audição. Espero contribuir de maneira práti- ca, auxiliando educadores, fonoaudiólogos e demais profissionais relacionados à área de educação e reedu- caçáo em geral. Bom trabalho! 1. DESENVOLVIMENTO E PROCESSAMENTO AUDITIVO Durante muito tempo a preocupação dos pes- quisadores esteve voltada para as técnicas de avalia- ção de problemas auditivos, em vez de se concentra- rem no estudo do desenvolvimento das habilidades auditivas nas crianças normais. Cabe ainda ressaltar, que, além de ouvir, é determinante interpretar o que se ouve. Para os educadores em geral, é muito importante conhecer os estágios de evolução por que passa a crian- ça no seu desenvolvimento auditivo, além de ter noção de como a informação se processa, para que melhor possa situar seus alunos. Inicialmente, a criança ouve uma confusão de ruídos e, aos poucos, sua audição vai se aprimorando. Ela vai se tornando capaz de: - localizar e identificar o estímulo sonoro; - diferenciar os sons ambientais gerais dos sons mais específicos e os usados na comunicação; UAR1ÂNGELA STAMPA - diferenciar palavras, sentenças modificadas por inflexões, gestos, expressões faciais. O comportamento auditivo inclui todas as re- ações de sons manifestadas por reaçóes motoras, pri- mordialmente. Ele depende tanto de estruturas au- ditivas centrais e periféricas quanto da integridade biológica e psicológica do indivíduo. Relaciona-se a múltiplos aspectos interpretativos que vão desde as características da voz, a vocalização, o uso de gestos, a qualidade das respostas aos sons, o tipo e a ade- quação do riso e do choro até a forma de como a criança usa pistas visuais ou táteis, sua expressão fa- cial, demonstrando prazer ou desprazer, sua percep- ção social, além das respostas motoras mediante um estímulo auditivo. Tal comportamento e suas múltiplas respostas envolvem correlações com inteligência, memória auditiva, localização e discriminação de sons, sendo que, como resultado final, espera-se a extração de significados dos estímulos auditivos e o desenvol- vimento do uso da linguagem para a comunicação receptivo-expressiva. Um ouvinte normal analisa os sinais verbais que recebe, ordena-os em estruturas significativas e com- preende seu significado em relação ao seu meio am- biente por meio do funcionamento normal dos pro- cessos auditivos para receber, transmitir, perceber, re- lembrar sons e integrar experiências sonoras. Segundo Pereira (1997), ao recebermos um som, evento acústico do mundo externo, nosso orga- nismo o transformará em uma imagem mental que, quando estiver completa, será analisada e formulada uma resposta. Para que essa imagem mental esteja completa, torna-se necessária a integridade das estru- turas responsáveis por receber e analisar este estímulo físico presente no mundo real. As estruturas orgâni- cas responsáveis por esta análise são: aparelho auditi- vo (orelhas externa, média, interna e nervo auditivo), responsável por receber, transmitir, sem perdas das características do sinal para o nervo auditivo; sistema nervoso central e cérebro, responsáveis por analisar, integrar as informações sensoriais auditivas com as vindas dos outros sistemas sensoriais e programar a resposta a este conjunto de estímulos. O processo evolutivo da audição na criança nor- mal pode ser observado por meio das seguintes pistas aproximadamente: • bebé — responde ao som chorando ou com o reflexo de Moro; • 2 semanas — presta atenção à voz humana; • l mês — aquieta-se ao ouvir um som; • 2 meses — não se perturba mais, violentamente, com sons fortes; atende, para ou muda de ativi- dade em resposta à voz humana; • 4 meses — vira a cabeça à procura de sons e vozes; • 6 meses — responde diferentemente aos sons emitidos à sua volta; pode distinguir a fala ami- ga da fala zangada; demonstra interesse especial pela voz humana e localiza uma campainha que façam soar a seu lado; • 8 meses - responde a negativas e a seu nome, imita os sons e a entonação da voz; • 9 meses — começa a compreender os sons ou- vidos; • 15 a 17 meses - entende a expressão "me dá" acompanhada de gestos; • 18 meses — mostra partes do corpo: mão, pé, nariz, olhos e cabelo; • 2 anos — seleciona objetos pelo nome, em um grupo de vários objetos; • 2 anos e 6 meses — identifica objetos pelo uso; • 3 anos - entende os nomes das cores, adjetivos (grande-pequeno) e ordens simples; • 3 anos e 6 meses — é capaz de discriminar mui- tos ruídos e sons diferentes; • 4 anos - discrimina sons pela intensidade; • 5 a 5 anos e meio — identifica palavras que co- mecem com o mesmo som; • 6 anos - consegue fazer rimas. r—n APRENDIZAGEM t DESENVOLVIMENTO DASHABILIDADES AUDITIVAS Para que uma criança tenha um bom desenvol- vimento quantitativo e qualitativo de sua audição, é necessário prevenir ou tratar qualquer possibilidade de perda auditiva periférica. Com muita frequência, crianças com quadros de otites manifestas, ou não, apresentam dificuldades na aprendizagem e/ou no processamento auditivo. Quando a otite se mani- festa clinicamente, por meio de sinais e sintomas, como febre, dor, entre outros, providências clínicas são tomadas de forma mais emergencial, mas muitas vezes os episódios não trazem evidências, não sen- do tomadas providências médicas imediatas e assim causando prejuízos importantes no desenvolvimen- to da audição. Santos (1997) relata que aproximadamente 80% das crianças nas idades pré-escolar e escolar sofreram uma perda auditiva temporária durante o ano escolar. Em algum momento, 20 a 25% destes alunos falhariam em uma triagem auditiva de 15db, a perda média decorrente de uma otite média está por volta de 25 a 30db; ouvem como se estivessem com um protetor auricular. A relação de incidência da otite média, que pode ser aparentemente assintomática e não percebi- da pelos pais, tem sido objeto de estudos de muitos pesquisadores. Cabe ressaltar uma série de dificul- dades que uma criança, em fase de aprendizado de linguagem, pode apresentar quando é portadora de deficiência auditiva leve. MARIANGELA STAMPA Este fato demonstra de maneira prática a impor- tância de realização da Avaliação Audiológica Infantil para todas as crianças pré-escolares e em idade escolar, principalmente aquelas que apresentara histórico de amamentação na posição deitada ou fizeram ou fazem uso de mamadeira na mesma posição. E importante esclarecer aos pais e educadores que a infecção no ou- vido médio se faz por meio da tuba auditiva quando está com sua função prejudicada por inflamações ou obstruções, como acontece, por exemplo, nas alergias do nariz ou nas infecções da faringe (garganta). O ger- me (bactéria) presente na garganta migra pela tuba auditiva até o ouvido médio onde se multiplica nas secreções aí acumuladas, resultando uma otite média aguda. O risco de ocorrer uma infecção será maior se a tuba auditiva for pequena ou se não funcionar de ma- neira eficiente, como acontece nas crianças pequenas. A criança que mama no peito ou toma mamadeira na posição deitada é mais propensa às otites porque a po- sição facilita a entrada de alimentos, sucos digestivos e germes na tuba auditiva. Cabe ressaltar que a Avaliação Audiológica deve conter audiometria tonal infantil, ín- dice percentual de reconhecimento de fala e imitância acústica, que se refere à timpanometria e à pesquisa de reflexo acústico no modo contra e ipsilateral. A escola pode e deve adotar esta conduta, pois é uma valiosa ação preventiva não somente para a aprendizagem mas também para a qualidade de vida e desenvolvimento global dacriança. Estudos diversos ressaltam que crianças portado- ras de otite média nos primeiros anos de vida, além do prejuí-zo sensorial mesmo que este seja leve, a assime- tria sensorial entre as orelhas e a flutuação da audição favorece para aumentar os danos no que diz respeito ao desenvolvimento das habilidades auditivas. O pre- juízo sensorial de acordo com o número e duração dos episódios de otites pode comprometer a percepção dos sons da fala que tem pouca intensidade bem como to- dos os sons em contextos linguísticos complexos, tais como: terminações morfológicas das palavras e em pa- lavras polissílabas, ainda dificultando a compreensão da fala em ambiente ruidoso. O "Processamento Auditivo", também chamado de Processamento Auditivo Central (PAC), é o termo usado para descrever a maneira como o cérebro reco- nhece e interpreta a informação auditiva que ouvimos e nos ajuda a discriminar entre diferentes sons, a sele- cionar sons ou fala em um ambiente ruidoso e a enten- der a fala mesmo quando a qualidade sonora é ruim. Considera-se desordem do processamento audi- tivo o impedimento ou a dificuldade da habilidade de análise e/ou interpretação de padrões sonoros que pode ser resultado de um prejuízo da capacidade biológica do organismo ou mesmo de privação de experiências em ambiente acústico. (PEREIRA, 1996) • Crianças com dificuldades no processamento auditivo podem ouvir bem quando o ambiente é silencioso, mas costumam apresentar dificuldades era ambientes ruidosos. Ainda é comum observar déficit rta discriminação auditiva de figura-fundo; atenção auditiva pobre; limitações de memória c evocação; habilidade reduzida para informação auditiva em sequência; dificuldade na associação fonema-grafema; e atraso no desenvolvimento da linguagem, não compatíveis com nível de inteligência e audição periférica que geralmente estão dentro da normalidade. Portanto, a soli- citação de uma avaliação audiológica que apre- sente resultado normal não encerra a questão, pois podemos obter uma audição "quantitativa" dentro dos padrões de normalidade esperados, mas com nível "qualitativo" deficiente. Podemos então afirmar que as alterações do processamen- to auditivo precedem às dificuldades de lingua- gem. Crianças que apresentam dificuldades em processar os estímulos sonoros da fala poderão apresentar dificuldade em segmentar e manipu- lar a estrutura fonológica da linguagem oral e, consequentemente, estarão sujeitas a apresentar dificuldades de leitura e escrita. A etiologia das DPAs inclui otites de repetição na primeira infância; febres altas e contínuas; distúr- bios específicos do desenvolvimento da função audi- tiva; pequenas lesões nas vias de condução; privação sensorial durante a primeira infância (ALVAREZ, CAETANO e NASTAS, 1997); alterações neuro- lógicas; problemas congénitos; deficits cognitivos; psicose, autismo e distúrbios emocionais; distúrbios da comunicação humana que comprometem siste- ma fonológico, voz, fluência, leitura e escrita; trans- tornos de aprendizagem; e TDAH. (CHERMAK e MUSIEK, 1997) Os indivíduos com desordem de processamen- to auditivo tendem a apresentar manifestações com- portamentais características, que podem ocorrer de forma isolada ou associada: quanto à comunicação oral (problemas de linguagem expressiva envolven- do estruturas gramaticais, dificuldade em compre- ender a fala em ambiente ruidoso e/ou palavras com duplo sentido); quanto à comunicação escrita (inversões de letras, falhas na orientação espacial, disgrafias, dificuldade na compreensão e interpreta- ção do texto lido); quanto ao comportamento social (distração, agitação ou retraimento, desajuste, ten- dência ao isolamento devido às frustrações escola- res); quanto ao desempenho escolar (rebaixamento no mecanismo da leitura, gramática, matemática e ortografia, variando quanto à posição que ocupa na sala, tamanho da classe, nível de ruído ambiental); quanto à audição (atenção ao som prejudicada, difi- culdade de escuta em ambiente ruidoso). As alterações da percepção auditiva podem ser classificadas quanto ao grau e ao tipo. Quanto ao grau, estas podem ser classificadas em normal, leve, moderada ou grave. Quanto ao tipo, podem ser classificadas como problema de decodificação, MARIÂNGELASÍAUPA codificação e organização, sendo que um mesmo in- divíduo pode ser classificado em mais de urna das categorias de alterações. Katz (1992) classifica os tipos de Desordem de Processamento Auditivo apoiado em causas comuns que poderiam influenciar nas alterações das habilida- des auditivas. Os três tipos de categorias quanto ao tipo de prejuízo envolvido nas DPAs são: Decodifica- ção, Codificação e Organização. Decodificacão: envolve a aquisição de conheci- mentos por meio da habilidade de análise acústica do estímulo e está muito relacionada com a capacidade de reconhecimento da palavra. Codificação: envolve a capacidade de integra- ção das diversas informações sensoriais auditivas e. das auditivas com outras informações sensoriais não auditivas. Organização: responsável pelos processos envol- vidos na aquisição de conhecimentos adquiridos com a habilidade de sequencializar eventos sonoros, o que estaria muito relacionado com a memória auditiva. 2. RELACIONANDO AUDIÇÃO E APRENDIZAGEM A aprendizagem auditiva normal depende da in- teração de um organismo normal com o mundo. Vá- rios fatores, porém, podem afetar esse processo como é o caso de uma baixa de audição, da existência de problemas cognitivos, perceptivos, lesões e disfunções neurológicas. A aprendizagem auditiva começa com reconhe- cimento, localização e discriminação de sons e se de- senvolve como parte do comportamento global do or- ganismo em maturação, tornando-se a base da palavra falada e escrita. O refinamento desse processo depende da estimulação feita desde os primeiros anos de vida. Crianças de meios desfavorecidos, onde não há ne- nhum estímulo ou onde os estímulos não são adequa- dos, certamente revelarão problemas na discriminação auditiva ao ingressarem na escola, refletindo-se isso principalmente na alfabetização. Algumas crianças são muito sensíveis aos sons, tornando-se dispersivas diante dos ruídos do ambien- te. Essas crianças podem ter problemas em focalizar a atenção nos estímulos sonoros do primeiro plano. Devem, pois, ser ajudadas a prestar atenção a um som e ignorar os outros. Todas as habilidades auditivas, tais como: discri- minação, memórias, sequência e análise-síntese, estão envolvidas não só no processo de leitura e escrita mas também em outros tipos de aprendizagem. Vários estudos apontam que, na medida em que a criança cresce, o percentual de aprendizagem por meio da audição também aumenta. Aos três anos, cerca de 70% do que a criança aprende é pela audição. Isso por- que, na maior parte do tempo, está vivendo experiências que envolvem a linguagem oral. É a fase das perguntas. A exatidão do entendimento da criança sobre o mundo depende muito da exatidão das explicações de sua mãe. Por volta dos seis anos, quando a criança começa a to- mar contato com o mundo da palavra escrita, cerca de 40% da aprendizagem se faz por meio da leitura e cerca de 60% pela audição. Toda a aprendizagem é feita, ba- sicamente, por meio da linguagem verbal. Assim, para que ela ouça e aprenda é necessário possuir não só uma adequada acuidade auditiva mas também um bom de- senvolvimento das habilidades auditivas. Detalhando ainda um pouco mais, seguem al- gumas queixas de educadores e pais em relação a seus alunos e filhos, que podem se referir às manifestações comportamentais de suas crianças relacionadas ao pro- cessamento auditivo alterado, tais como: - reaçóes exacerbadas para sons intensos; - choro ou incómodo para ruídos nem sempre intensos; - aumento do tempo de latência das respostas; - dificuldade de localização sonora; - falha na triagem auditiva comportamental; - déficit de compreensão; - desatenção; - alterações na emissão de /r,/,/l/, /s/, /z/; - dificuldades com regras; - dificuldades em organizar pensamentos;- comportamento alterado em demasia dos tipos muito agitado/ muito quieto; - alteração de memória; - dificuldades de lateralidade (relacionados à lo- calização auditiva); - baixo desempenho escolar; - disgrafia; - inversão de letras na escrita; - não acompanham uma conversa com muitas pessoas falando ao mesmo tempo; MARIAN3ELASTAMPA ou- não compreendem facilmente uma piada "duplo sentido"; - falhas de interpretação do que lêem. O desenvolvimento inadequado de habilidades auditivas apontam manifestações clínicas em vários âmbitos como podemos observar no capítulo anterior, mas incidem de forma determinante no desenvolvi- mento da aprendizagem. Visando auxiliar o educador a identificar possí- veis pistas sobre alterações nas habilidades auditivas relacionadas à sala de aula ou à rotina, observamos as seguintes descrições práticas quanto aos processos alterados: - Decodificação (função mediada pelo hemisfé- rio esquerdo): identificada pelo prejuízo no reconheci- mento das características acústicas dos sons, exibindo dificuldades em tarefas nas quais terão de reconhecer e discriminar os sons. Neste tipo de desordem, o indi- víduo terá prejudicadas as habilidades de atenção se- letiva para sílabas e dissílabas e de localização sonora, além de problemas associados, como trocas grafêmicas e de orientação direita/esquerda, alteração articulató- ria na fala, envolvendo principalmente os fonemas /r/ e /!/, dificuldade de ouvir, de compreender em am- biente ruidoso e lentidão para aprender (PEREIRA in PEREIRA & SCHOCHAT, 1997; PEREIRA & CA- VADAS in FROTA, 1998; SCHOCHAT, 1997). Ten- dem a entender mal as palavras ouvidas, solicitando repetições frequentes. Costumam ser descritos por pais e professores como tendo dificuldade para ouvir, principalmente em ambientes ruidosos. Cansam-se antes que as outras pessoas quando expostas a estímu- los auditivos (sobrecarga auditiva). Seu vocabulário é restrito e, muitas vezes, apresentam substituições de letras na escrita. - Codificação (função mediada pelo corpo ca- loso): é comum encontrarmos nos casos de alteração neste processo problemas de linguagem expressiva, dificuldade de compreensão oral e escrita, distração e disgrafia. - Organização: responsável pelos processos en- volvidos na aquisição de conhecimentos adquiridos com a habilidade de sequencializar eventos sonoros, o que estaria muito relacionado com a memória auditiva. Prejuízo dos processos envolvidos na organização gera dificuldade na aquisição de conhecimentos adquiridos como a habilidade de sequencializar eventos sonoros no tempo (memória). A organização refere-se à análi- se acústica da sequência de sons em uma palavra, em uma frase e em um discurso. A perturbação do pro- cessamento auditivo do tipo Organização resulta na inabilidade de representar eventos sonoros no tempo. A criança terá dificuldade, por exemplo, em perceber qual foi a ordem em que o som ocorreu. - Prosódia: refere-se a uma dificuldade na análi- se acústica dos aspectos não verbais da comunicação. Ocorre dificuldade em relacionar os aspectos supras- segmentares da fala (intensidade, frequência e dura- ção). Nestes casos, podemos encontrar problemas em acentuação, extensão da palavra e do ritmo, problemas corn piadas, inferências e duplo sentido. O prejuízo na prosódia pode estar relacionado com a queixa de acentuação e pontuação que incidem diretamente na dificuldade de compreensão e interpretação de textos. A orientação aos pais e professores de crianças com alterações nas habilidades auditivas é de grande importância no processo de desenvolvimento e é de grande valia a utilização de estratégias verbais, como repetição, fazer uso de palavra-chave, usar pausas, en- tre outras. 2.1 Sugestões de como pais e professores podem ajudar: • Chame a atenção da criança antes de começar a falar por meio do toque, do olhar e da fala, conferindo se ela está atenta e olhando para quem fala. • Fale mais alto, sem gritar, olhando para a criança de frente. • Repita a ordem várias vezes, certificando-se de que a criança entendeu, pedindo que ela repita o que deve ser feito. • Fale pausado, mais articulado. • Use frases mais curtas. • Adicione palavras diferentes às da criança, ampliando o vocabulário dela. • Orientar os pais para que observe o local de realização de tarefas e que, se for o caso, diminua os barulhos da casa (desligar aparelho de som, a televisão), observar a localização e as condições visuais e acústicas do local em que realiza seus estudos. No caso da sala de aula, criar estratégias de conscientização do ruído no local (pedir silêncio, fechar a janela quando possível), enquanto se fala com a criança ou ministra sua aula. É importante ainda lembrar-se do assento, que preferencialmente deve ter apoio para os pés, pois irá minimizar e melhor estruturar possíveis movimentações corporais, fatores de desatenção e ainda possibilitando adequada postura. Orientar os pais da importância do contato e da criação de situações de comunicação com seu filho; a troca de experiências faz toda a diferença. Sugerir con- tar histórias, cantar músicas, assistir a programas jun- tos, perguntar sobre atividades do dia a dia etc. APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS MARIANCiH ASTAMPA 3. ESTIMULANDO O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM POR MEIO DAS HABILIDADES AUDITIVAS • sons produzidos pelo corpo humano • consciência auditiva • localização auditiva • identificação auditiva • atenção auditiva • memória auditiva • memória sequencial auditiva • discriminação auditiva • análise-síntese auditiva 3.1 Cuidados, sugestões e orientações úteis a serem observados e praticados • Observar o objetivo prático do exercício e eliminar ou acrescentar, na ocasião adequada, o estímulo visual para atingir os objetivos do exercício. A criança deverá estar de olhos fechados ou de costas para o educador. • Utilizar, inicialmente, exercícios que envolvam sons não verbais, até verificar que o aluno pode ser trabalhado com sons verbais. • Variar, ao máximo, os estímulos sonoros. • Os recursos multimídia podem ser utilizados bem como gravuras para pistas visuais. • Selecionar material para o treinamento: tambor, chocalho, apitos, gaita, brinquedos que produzam som. • Tente gravar em uma mídia tipos de sons variados para poder utilizar no dia a dia da sala de aula. Muitas crianças não reconhecem muitos barulhos porque sequer foram expostas a eles com a respectiva referência. Se tiver uma gravura respectiva aos sons apresentados, será uma pista interessante não somente para estimulação auditiva mas também para vocabulário, simbolização etc. Seguem algumas sugestões de sons em geral: - sons do corpo humano (estalo de dedos, beijo, palmas etc.); - sons de animais (cachorro, gato, cabra, pintinho etc.); - sons de instrumentos musicais (piano, violão, flauta); - sons de meios de transporte (trem, carro, navio); - sons da natureza (vento, chuva, trovão); - sons de objetos da casa (liquidificador, chuveiro). Tente selecionar sons que variam em frequência, isto é, mais graves (tambor) e mais agudos (apitos). • Confeccionar objetos que produzam ruído, com a ajuda da criança; latinhas ou caixas plásti- cas contendo caroços variados, clipes, macarrão, grãos ou outro material que produza som. • Após algum tempo de estimulação, introduzir ruído competitivo, como músicas de variados ritmos ao fundo, em volume inicialmente bem baixo, durante a realização de alguns exercícios. • Aproveitar qualquer som do ambiente, uma vez que o material em si não é tão importante quanto a maneira pela qual ele é usado. • Realizar atividades curtas uma vez que algumas crianças têm dificuldades em concentrar a aten- ção durante muito tempo. • Levar em conta a idade e as experiências da criança na escolha e no uso do material. Exer- cícios de unidades de fonemas deverão ser ofe- recidos a crianças a partir dos seis anos e meio a sete anos. MARIANGELASTAMPA •EBHHÉÍ • É indispensável que o professor saiba emitir adequadamente os fonemas,que conheça o pon- to correto de articulação de cada um deles para ajudar o aluno nos exercícios de discriminação e análise-síntese auditivas. Adaptar os exercícios, sempre que possível, para o trabalho de grupo. • Cuidado com os sons das vogais "abertas" (por exemplo: bola, bela) e "fechadas" (por exemplo: bolo, beco). • O ATO MOTOR É MUITO IMPORTAN- TE NO DESENVOLVIMENTO HUMANO. Utilize sempre que possíveis atividades associa- das a atos motores, que incluam movimentos corporais. O desenvolvimento perceptivo-motor estimu- lado garantirá à criança uma concepção mais ajus- tada sobre o mundo externo que a rodeia. Dificul- dades de aprendizagem simbólica (representação do mundo de forma verbal, escrita e suas respectivas interpretações) refletem uma deficiente integração das noções de espaço e tempo que são fundamentais para a organização do sistema sensório-motor da criança. Qualquer aprendizagem escolar, quer se tra- te de leitura, escrita ou de cálculo, é, fundamental- mente, um processo de relação perceptivo-motora. A garantia de um pleno desenvolvimento preceptivo motor por parte da criança oferecerá condições para favorecer o desenvolvimento e depuramento de suas estruturas cognitivas. É PELO COMPORTAMEN- TO PERCEPTIVO-MOTOR que a criança apren- de o MUNDO DO QUAL FAZ PARTE. 3.2 Sons produzidos pelo corpo humano 3.2.1 Vamos produzir sons: Com a boca: - tossir; - jogar beijo; - fazer bico com os lábios; - estalar a língua; - assoprar; - encher a boca de ar e soltá-lo devagar, com as mãos nas bochechas; - encher a boca de ar e explodir com as mãos; - espirrar; - estalar os lábios ("beijo de velha"). Com o nariz: - inspirar forte; - expirar forte; - "fechar" uma narina com o dedo e inspirar profundamente com a outra. O mesmo com a outra narina. Obs.: Podemos usar um pequeno espelho que deve ser colocado abaixo do nariz para observar a saída do ar. Com os dedos: - bater com as pontas dos dedos na palma da outra mão; - bater com as pontas dos dedos de uma das mãos nas pontas dos dedos da outra; - estalar. Com os pés: - saltar com os pés juntos; - pular com um pé de cada vez, pular em um pé só; - "galopar"; - arrastar os pés no chão, com a planta dos mesmos totalmente junto ao chão; - arrastar somente as pontas dos pés. Com as mãos: - esfregar as mãos: alterar o ritmo, obser- vando ritmo rápido e devagar; - bater palmas: com as mãos abertas com as mãos em forma de concha com uma das mãos aberta e outra em concha (alternar as mãos); APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS - bater o dorso das máos; - bater o dorso na palma da mão (alterar as mãos). 3.2.2. Atividades corporais: trabalhando lingua- gem, corpo, espaço e tempo As sugestões a seguir podem variar com a instru- ção de execução ao ouvir determinado instrumento ou som produzido pelo educador ou interrupção de som de algum aparelho ou mídia. - Brincadeira de "Morto-Vivo" com instrumen- tos ou qualquer outro sinal sonoro combinado: . posição de "Morto" - ao ouvir o som do apito; . posição de "Vivo" — ao ouvir o som da palma. - Comando e Ação: acordar com as crianças um "combinado" e executar as açóes. Variar a frequência dos sons é interessante para trabalhar sons graves e agudos. . ao ouvir o som do apito: ficar de pé; . ao ouvir o som do tambor: ficar agachado; . ao ouvir o som do bater de palmas das mãos: levantar os braços; . ao ouvir o som de estalar de dedos: abaixar os braços; MAR!ANGELA STAMPA . ao ouvir o som do tambor: fechar as mãos; ao ouvir o som do guizo: abrir as mãos; ao ouvir o som do coco: abrir a boca; ao ouvir o som do guizo: fechar a boca; . ao ouvir o som do chocalho: marchar no mes- mo lugar; . ao ouvir o som do tambor: marchar se deslo- cando pela sala; . ao ouvir o som do apito: bater com os cotovelos na mesa; . ao ouvir o som do tambor: bater com as mãos ma mesa. - Andar em diferentes posições: . ao ouvir o som do apito: andar normal; . ao ouvir o som do chocalho: andar de quatro (engatinhar); . ao ouvir o som do tambor: andar de joelhos; . ao ouvir o som do bater de palmas das mãos: andar de cócoras; . ao ouvir o som de estalar de dedos: andar na ponta dos pés. - Associar sons a expressões faciais e corporais: . ao ouvir som de chocalho: imitar um rosto feliz; . ao ouvir som de tambor: imitar um rosto triste; . ao ouvir um som de guizo: imitar uma criança que chora; . ao ouvir um som de pandeiro: imitar uma criança que dá gargalhada; . ao ouvir um som de estalar de dedos: imitar uma criança zangada; . ao ouvir um som do bater de palmas das mãos: imitar uma criança doente. - Simbolizando sensações: Colocar uma música clássica ou relaxante, solici tando que as crianças imaginem: . um cheirinho gostoso; . a voz de alguém de que gosta muito; . o cheiro de uma comida gostosa; . sua cor preferida; . barulho da chuva; . passarinhos cantando; . areia grossa e areia fina; . chão quente com pés descalços; . sensação de estar em ura pula-pula; . água caindo no corpo; . barulho do mar; . cheiro de sabonete; . água caindo na cabeça; . etc. - Pedir que as crianças formem um círculo de mãos dadas ou vários círculos de acordo com o núme- ro de participantes. . ao ouvir o som do apito: fechar o círculo; . ao ouvir o som do chocalho: abrir o círculo. - Pedir às crianças que formem um círculo e fi- quem sentadas. . ao ouvir o som do chocalho: dobrar as pernas; ao ouvir o som do tambor: esticar as pernas. Podemos variar as ordens motoras também auxi- liando as noções espaciais: . noções de tamanho: grande/ médio/ pequeno estreito/largo grosso/fino côncavo/plano . noções de situações: dentro /fora longe /perto no alto/ embaixo frente/atrás sobre/ sob à esquerda/à direita ao lado/contra/ entre . noções de formas: triângulo/retângulo/ círculo/quadrado etc. MARIANGELA STAMPA .noções de qualidade: cheio /vaxio mais que/menos que pouco/ muito a mais que/ a menos que - Estender uma corda no cháo. Ao ouvir o som do chocalho, saltar sobre a corda. - Crianças correndo. Ao ouvir o som do apito, parar. - Crianças circulam pela sala ouvindo uma músi- ca. Quando a música parar, fazer uma careta. - O mesmo dizendo e segurando uma parte do corpo. - "Encontrando o lugar": crianças em pequenas fileiras conforme ordem combinada. Ao som de uma música, deixar as fileiras e se deslocarem pela sala. Quando a música parar, elas deverão formar novamente as fileiras com os mesmos amigos e tentar que estejam na mesma ordem. - A mesma atividade em pequenos círculos. 3.3 Consciência auditiva Consciência auditiva é a capacidade de reagir a um estímulo sonoro. Como problemas decorrentes da ausência de consciência auditiva podem aparecer: • alheamento ao ambiente sonoro; • dificuldade de comunicação; • dificuldade na aprendizagem. Para trabalhar com a presença e ausência de sons, deve-se, inicialmente, conjugar o estímulo sonoro com o visual, isto é, fazer com que a criança veja o ruído sendo produzido. Para desenvolver a consciência auditiva: Em crianças pequenas: Realizar "Jogos Vocais": - o educador repete os sons emitidos pelo bebé e gra- / dualmente junta a eles outras vogais e consoantes; - o educador repete os sons emitidos pelo bebé e, aos poucos, vai juntando a esses sons peque- nas cantigas; - o educador imita a risada do bebé. MARIÀNGELAStAMPA - Ouvir música: - o educador embala o bebé ao som de músi- ca colocada no ambiente; em crianças maiores, balançar o corpo com ritmo de acordo com a melodia ouvida; - o educador segura o bebé e caminha no ritmo de músicas variadas; em crianças mais velhas, marchar ao som do ritmo ouvido; - o educador ajuda o bebé a bater palmas acom- panhando o ritmo de diversas músicas. Em crianças maiores: • Inicialmente, sugiro produzir e ouvir sons cau- sados pelo corpo humano. • Ouvir uma campainha ou sininho tocando de cada lado dos ouvidos. • Ouvir o educador chamando de pontos dife- rentes da sala. • Ouvir o educador falando em um tom e infle- xão agradávele variada, gerando diferentes in- terpretações por meio de sua fala e audição da criança (feliz, zangado, com sono, assustado). • Ouvir o educador falar fazendo-se acompanhar de gestos: "adeus", "beijinho" etc. • Ouvir sons de instrumentos musicais variados. • Ouvir músicas em alturas diferentes; brincar APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS com o botão de controle do volume do rádio, coiocando-o ora muito alto, ora baixo demais. • Ouvir ruídos produzidos por alguns brinque- dos e imitar esses ruídos. • Ouvir e imitar sons sem significado produzidos pelo educador: "blá-blá-blá", "mmm"... • Ouvir sons específicos ambientais, observan- do os objetos que os produzem e ouvindo o nome dos mesmos: campainha de telefone, ru- ído de discagem do telefone, barulho de ven- tilador, de porta batendo, de batida na porta, de tilintar de moedas, de água caindo da tor- neira, de riscar de fósforos, de abrir e fechar uma maleta, de dar corda em um brinquedo, de campainha do despertador, de interruptor de luz, do amassar ou cortar papel, de arrastar cadeira, de descarga de banheiro, de liquidifi- cador, de aspirador de pó etc. • Ouvir sons humanos não verbais: choro, grito, tosse, palmas, assovio, espirro, risada, vocalizações. • Ouvir sons produzidos ao ar livre: chuva cain- do, os carros passando, o barulho de um avião, vozes de pessoas. • Observar uma gravura, por exemplo, de um cachorro, enquanto ouve a sua onomatopeia. Repetir algumas vezes. • Utilizar outras associações por meio de outras gravuras que produzem sons. Fazer o mesmo com MARIÂNGELA STAMPA a voz. de outros animais ou com onomatopeias de objetos: torneira, gato, abelha, carneiro, vaca, pinto, relógio, buzina, sino, carro, avião, cobra, pato, motocicleta, cabra, porco, leão, rato. Obs.: E mais significativo quando a criança pode ver e ouvir um cachorro latir ou um gato miar, antes de ser exposta aos sons gravados ou às onomatopeias. Daí a importância de orientar os pais em reuniões, palestras e encontros sobre a importância de expor os filhos ao mundo auditivo. • Reagir à presença de um estímulo sonoro, execu- tando alguma tarefa estabelecida pelo educador. Exemplo: - O educador dirá: * Veja este chocalho (mostra). * Escute o chocalho (toca). * Quando você ouvir o chocalho, ponha uma pedrinha na caixa. * Escute (toca o chocalho e ajuda a criança a colocar a pedrinha na caixa). * Escute outra vez (toca novamente e dei- xa a criança realizar a tarefa sozinha, refor- çando o comportamento da criança com um sorriso ou utilizando outra forma de reforço). Obs.: Aos poucos, o educador retirará o estímulo visual, tocando o chocalho fora da vista da criança. - Colocar uma argola em uma vara toda vez que ouvir o educador dar uma batida em um tambor. - Guardar os lápis de cor dentro da caixa, colo- cando um lápis cada vez que ouvir o toque de uma campainha. - Pular sobre uma linha traçada no chão toda vez que o educador tocar um apito. - Tocar um instrumento toda vez que ouvir o som produzido por outro instrumento idêntico. - Enfiar um pino em uma tábua toda vez que ouvir o educador tocar um chocalho. - Traçar uma linha no chão ou no papel toda vez que ouvir o educador bater uma palma. - Traçar uma linha vertical na folha de papel toda vez que ouvir a batida de uma régua sobre a mesa. - Fechar os olhos e contar o número de batidas dadas em um tambor. - Fechar os olhos e só abri-los ao ouvir o toque de um sininho. - Passear pelo pátio de mãos dadas com um cole- ga, trocando de par toda vez que ouvir um som determinado. • Reagir à ausência de ura som. - Bater palmas à vontade ao som de um tambor, parando assim que o som for interrompido. - Levantar a mão toda vez que parar o som pro- duzido por um pandeiro tocado fora de seu campo visual. • Pedir às crianças que selecionem em casa cal- çados diferenciados, combinando previamente o que cada um vai trazer. Uma das crianças vai an- dando com seu calçado, e os outros vão ouvindo os sons dos passos do colega (de botas com salto, descalças, de chinelos, de sapatos etc.), primeira- mente dentro do campo visual, e depois todos de costas para o amigo da vez. -Qual será o calçado que o colega está usando e caminhando? - Onde está andando? Em qual direçáo? • Juntar à habilidade auditiva a motora e a visual, dando passos e traçando, com giz, no chão, o contorno dos passos dados (pegadas). Depois de a criança ter obtido sucesso nos jogos de ouvir, o educador pode usar a música como "fun- do", enquanto faz esses tipos de exercício. A criança deverá destacar o som principal do fundo musical. 3.4 Localização auditiva Localização auditiva é a capacidade de localizar a fonte sonora. A criança deve ser estimulada a localizar sons verbais e não verbais produzidos em diferentes e va- riadas direcóes, tais como: lado direito/lado esquerdo, em cima /em baixo, frente/trás, observando ainda di- ferentes distâncias. Para efeito de orientação, é importante conside- rar que crianças normais de diferentes idades são capa- zes de localizar sons nos diferentes planos: . 3 a 6m — localização no plano lateral (direita e esquerda). . 6 a 9m - indireta para baixo e indireta para cima no plano lateral. . 9 a 13m - direta para baixo e indireta para cima no plano lateral. . 13 a 18m - direta para baixo e para cima no plano lateral. .18a 24m — localização no plano vertical (acima da cabeça). . 24 a 48m - localização no plano lateral, vertical e medial (à frente). . 48m — localização nos planos lateral, vertical medial (à frente e atrás). MARIANGELASTM.1PA ,, Como problemas decorrentes de ausência de lo- calização auditiva podem aparecer: • respostas em direções diferentes das fontes; • dificuldade na aprendizagem; • dificuldade em identificar os sons. Desenvolver a habilidade de localização auditiva, colocando inicialmente a criança era contato com o local onde está situada a fonte sonora. Para desenvolver a localização auditiva, a criança poderá: • Ouvir e observar um instrumento musical to- cado pelo educador. • O educador se locomoverá pela sala tocando o instrumento. • Ir à porta e ouvir a campainha tocar. • Ir à janela para ver e ouvir um educador ou amigo falar, sendo estimulado a observar de onde vem o som. • Olhar para o céu para ver e ouvir um avião passar ou um pássaro etc. • Brincar de esconder com o educador. • O educador se esconde e chama a criança pelo nome. • Procurar o educador ou um colega que, escon- dido na sala, toca um tambor. • Andar de olhos vendados, em direçáo ao som de um sino. • Apontar o canto da sala de onde vem o som. • O educador coloca uma criança com um cho- calho em cada canto da sala e outra no centro que irá identificar de onde vem o som produzido por um dos quatro colegas. • Brincar de "cabra-cega". • Responder a perguntas sobre um determinado som ouvido pelo grupo. Por exemplo: apito Este barulho foi feito aqui dentro ou lá fora? Foi perto ou longe? • Dizer se o educador está tocando um chocalho dentro ou fora de uma caixa. • Dizer, estando de olhos fechados, em que parte da sala o educador jogou um pequeno objeto. • Brincar de "Jacó e Raquel" - Uma criança, de olhos vendados por um lenço, deverá andar em direção ao som de um sino, to- cado por um colega, que se locomoverá no pátio da escola ou na sala de aula. 3.5 Identificação auditiva Identificação auditiva é a capacidade de reconhe- cer os sons, atribuindo-lhes significado. Como problemas decorrentes de falhas na iden- tificação auditiva podem aparecer: • dificuldade de comunicação; • distorção do mundo sonoro; • dificuldades na aprendizagem. A criança com um problema auditivo pode ou- vir, mas não interpretar o que ouve. Pode ter dificul- dade de associar os sons com determinados objetos ou experiências. Para desenvolver a identificação auditiva, a crian- ça poderá: • Reconhecer sons específicos ambientais. Por exemplo: toque de telefone, água escorrendo na torneira, batida de porta etc. ÉpHBBBB • Reconhecer sons Kumanos não verbais.Por exemplo: tosse, choro, grito etc. • Identificar seu nome, "não", o latido do cachor- ro, "adeus" e paiminhas. • Identificar sons de onomatopeias. Por exemplo: O educador imita o animal e a criança escolhe entre vários objetos ou gravuras a que corresponde à onomatopeia ouvida. • animais conhecidos miau... miau... au... au... - meios de transporte *bi... bi... * piuí... piuí... * de objetos: * bum! bum! (bomba) * trim..! trim..! (telefone) * tique-taque... (relógio) * Reconhecer os passos da educadora, ou de um colega, pelo tipo de sapato que esteja usando. MARIÁNGELA STAMPA l • Identificar sons de instrumentos musicais. • Reconhecer vozes de colegas quando o chamam ou dizem pequenas frases. (A criança deverá estar voltada de costas ou com os olhos vendados.) • Realizar o jogo "Galinha e pintinhos". Uma criança é escolhida para ser "Mamãe Galinha" e sai da sala. O educador escolhe três crianças para serem filhotes. "Mamãe galinha" retorna à sala e, de costas para o resto do grupo, diz: "có... có... có..." enquanto os pin- tinhos responderão, um de cada vez: "piu... piu... piu..." "Mamãe Galinha" deverá reconhecer seus filhos. • O educador faz círculos com giz, com corda ou dispõe bambolês no chão, colocando a figura de um animal dentro de cada um. A criança deve entrar no círculo correspondente toda vez que o educador disser a onomatopeia do animal. • Levantar o braço apresentando uma gravura toda vez que ouvir o som correspondente no gravador. Por exemplo: batida de porta, latido de cachorro, barulho da água da torneira, ruído de passos, toque da campainha, tique-taque do relógio etc. • Identificar o material sobre o qual bate com uma régua: vidro da janela, madeira, lata etc. • Identificar os animais, à medida que suas vozes vão sendo apresentadas auditivamente por meio do som colocado pelo educador. Obs.: Vatiar o exercício usando sons ambientais: telefone, água da torneira, campainha etc. • Marcar, em desenhos carimbados em uma fo- lha de papel ou feitos no quadro, o instrumento que o educador está tocando, de costas para as crianças. • Identificar o objeto que está dentro de uma cai- xa pelo som produzido pelo mesmo ao se sacudir a caixa. Por exemplo: os objetos deverão ser anterior- mente mostrados às crianças. • Identificar o ruído produzido pela queda de um objeto. Obs.: Os objetos serão anteriormente apresenta- dos pelo educador: lápis, estojo, livro, lata etc. 3.6 Atenção auditiva Atenção auditiva é a capacidade de concentrar a atividade psíquica nos estímulos auditivos. Problema decorrente de falhas na atenção auditiva: • dificuldade em se concentrar em estímulos so- noros, prejudicando, assim, a aprendizagem. O desenvolvimento da atenção auditiva é feito concomitantemente no desenvolvimento da háà consciência auditiva, na medida em que a criança distingue a presença cm ausência do som, fora do estímulo visual. Para que a criança ouça e aprenda, precisa prestar atenção ao que o educador diz. Para desenvolver a atenção auditiva, a criança poderá: • Ficar em silêncio durante algum tempo, de olhos fechados, dizer os barulhos que está ouvin- do à medida que vão sendo produzidos. • Fazer passeios ao ar livre, ouvindo barulhos produzidos ao redor. O educador deverá fazer as crianças pararem constantemente, ficarem as mais quietas possíveis, prestando atenção aos sons que ouvem. Chamar a atenção para os mes- mos, procurando localizá-los. Por exemplo: ouçam o barulho do avião, vejam onde ele está. • Reagir ao ouvir, em uma série enunciada, o nome de um elemento específico. • Levantar o braço ao ouvir o nome de um ani- mal previamente combinado: vaca - bola — casa - tartaruga - pêra — cachorro • Fingir que está comendo ao ouvir o nome de um alimento: pão - mesa — carro - ovo - carne - Bater palmas ao ouvir o nome de um animal que voe: jacaré — leão - pomba — macaco — galinha — passarinho Dobrar uma folha de papel em quatro partes. Desenhar em cada espaço um elemento da frase dita pelo educador. Por exemplo: - Sua casa é bonita. - O gato mia. - O copo é de vidro. - O barco está pintado. Ouvir sentenças e completá-las com uma figura. Porl exemplo: Quero passear. Vamos à garagem e pegamos um... Quero descascar minha laranja. Onde esta a... Vou atravessar a rua. Preciso prestar l j atenção ao Vou à praia. Preciso de. • Observar uma série de gravuras dispostas. Ou- vir, com atenção, uma frase lida pelo educador que omite, propositalmente, uma palavra corres- pondente a uma das gravuras. Apontar a gravura cujo nome foi omitido. • Ouvir uma história lida pelo educador e colocar no quadro ou lugar combinado gravuras a ela re- lacionadas à medida que a história se desenrola. • Cumprir ordens dadas pelo professor duran- te o desenvolvimento das atividades comuns de classe. • O educador poderá aproveitar atividades da vida diária para jogos de atenção. Na hora da saí- da, o educador dirá: "A fileira perto da janela será a primeira a sair; a fileira que tem uma menina de prendedor verde será a segunda, a terceira será a que está o Gabriel etc." A um sinal dado, as crianças sairão da sala, na ordem dada pelo educador. • Realizar o jogo: "Atenção! Concentração!" | O educador diz: A criança responde | -Atenção! j - batendo palmas três vezes | - Concentração! j h - — —._ - _ _ j _ _ _ _ -Diga o nome! j | ~ ~~ " -\ - - - - - - — — j - De uma flor! i - dizendo o nome de uma flor Obs.: Para cada criança, o educador fará uma pergunta diferente: nome de fruta, de menino, de me- nina, de cor, de animal etc. i l • Brincar de "Dança do Chapéu". As crianças, aos pares, dançam ao som de uma música, enquanto uma que está no centro fica com o chapéu na cabeça. Ao ser interrompida a música, to- dos deverão trocar de par, sendo dada a oportunidade à criança do centro de pegar um par para si. A criança que sobrar, ficará no centro, com o chapéu. • Passar a bola de mão em mão, mudando a dire- ção ao ouvir o som de um apito. • Representar, por meio de mímica, determina- das palavras de uma música. Por exemplo: o meu chapéu tem três pontas etc. • Andar em círculo, obedecendo às ordens do educador, usando movimentos imitativos. Ex.: Patos! - andar de cócoras. Coelhos! - pular. Girafas! — levantar o andar na ponta dos pés. • Marcar ou colorir adequadamente uma folha com círculos desenhados. Ex.: Pinte de verde o primeiro quadrado. Risque o segundo quadrado. "1 Obs.: Observar se a criança entende estas ordens que são muito utilizadas em exercícios escritos. • Seguir várias ordens com base em um conjunto de gravuras diferentes. * aponte a borboleta; * envolva com uma linha o que se usa no frio; * faça um X no cachorro; * pinte a alça da bolsa de verde; * faça uma cruz no que é feito de madeira; * desenhe uma linha azul em cima do brinquedo; * sublinhe o que serve para comer. • Apontar os elementos de uma cena correspon- dente a uma história contada pelo educador, à medida que ela vai sendo contada. Ex.: Gabriel gosta de brincar na praia. Ela leva seu balde e sua pá. Paulo brinca de bola com seus amigos. Eles aproveitam sempre os dias de sol. Ex.: Na parada: Lucas viu os soldados marchando. Um soldado tocava tambor na frente do batalhão. Lucas ficou muito contente; bateu palmas e pulou de alegria. • Brincar de "telefone sem fio": falar, com voz sussurrada, uma palavra ao ouvido do colega do lado que fará o mesmo com o seguinte e assim sucessivamente. O último da fila repetirá a pa- lavra em voz alta para verificar se a palavra foi passada corretamente. • Cantar substituindo algumas palavras da músi- ca por batidas de algum instrumento ou palmas das mãos. Ex.: O meu chapéu tem três pontas Tem três pontas o meu chapéu Se não tivesse três pontas Não seria o meu chapéu • Dramatizar ações à medida que o educador conta uma história simples. IMRIÁNGELA STAMPA 3.7 Memória auditiva Memória auditiva é a capacidade de reter, reco- nhecer e reproduzir estímulos sonoros anteriormente apresentados. Como problemas decorrentesde dificuldades na memória auditiva podem aparecer: • dificuldades em reconhecer e reproduzir estí- mulos auditivos; • dificuldade aparente de compreensão; • dificuldades em cumprir ordens; • problemas de aprendizagem. A partir do momento em que a criança é capaz de identificar sons, demonstra estar armazenando im- pressões auditivas. Para desenvolver a memória auditiva, a criança poderá: • Retirar de uma caixa, com vários objetos, dois objetos anteriormente nomeados pelo educador. Obs.: Aos poucos, podemos aumentar o número de objetos pedidos bem como o tempo decorrido entre a ordem dada e a resposta da criança. • Reproduzir sons feitos pelo educador. APRENDIZAGEM F DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS • O educador, de costas, toca um instrumento musical; a criança escolherá entre os seus instrumen- tos, aquele que o educador tocou e toca também. Aos poucos, o educador aumenta o número de instrumen- tos tocados. A memória auditiva da criança está sendo desenvol- vida quando lhe são dadas ordens orais para cumprir. • Cumprir uma ordem simples. Por exemplo: pegue o caderno. • Cumprir duas ordens curtas. Por exemplo: pegue o caderno e feche a porta. Obs.: As duas ordens são dadas seguidas, e, só depois de ouvi-las, a criança as cumpre. • Cumprir três ordens curtas. Por exemplo: pegue o caderno, apague a luz e feche a porta da sala. A capacidade de retenção da criança é avaliada de diferentes maneiras pelas suas respostas: quando executa alguma ordem, quando relata algum fato ou do que se lembra da informação aprendida. • Responder a perguntas sobre uma história con- tada pelo educador. • Responder a perguntas formuladas pelos colegas. MARIÂNGELA STAMPA - Contar uma história simples para as crianças. Escolher uma criança para ser o "respondedor". As de- mais crianças farão perguntas ao "respondedor" sobre a história ouvida. • Responder a perguntas, previamente combina- das, depois de ouvir uma frase dita pelo educador. Perguntas combinadas. - Onde Mariana foi? - O que foi fazer? Ex. Frase: Mariana foi a Ipanema visitar uma coleguinha que estava doente. • Apontar em urna gravura os elementos enun- ciados pelo educador. Por exemplo: aponte: casa, prato, celular, lâmpa- da e mesa. • Apontar em um cartaz a cena que se relaciona com a frase dita pelo educador. Murilo toma sorvete. P Luiza joga bola. Fernando escreve. Ricardo penteia o cabelo. Mostrar a gravura que completa a frase dita pelo educador. APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS Por exemplo: Júlia foi ao parque andar de • Repetir séries de palavras relacionadas. Por exemplo: bola — peteca — boneca — carrinho • Repetir séries de palavras não relacionadas. Ex.: de duas sílabas: boca, livro, sapo, rolha de três sílabas: madeira, palito, cocada, morango \e duas e três sílabas: velha, banda, carteira, tomada Repetir séries de três números. Ex. de um algarismo - 8 - 5 - l de dois algarismos — 24 — 36-41 de um e dois algarismos — 36 - 6 — 48 O educador diz toda a série e, só após, a crian- ça repetirá. Caso a criança tenha dificuldade com três números, começar repetindo dois. Considerar certo mesmo que a criança não fale na sequência dada. Au- mentar a série aos poucos. • Repetir sílabas. Por exemplo: ral — pam — sãs - plu • Dizer quais as palavras ditas pelo educador que não aparecem no cartaz apresentando posteriormente. Por exemplo: palavras: casaco — flor — macaco - óculos - madeira MARIÀNGtlASTAMPA íí 3.8 Memória auditiva sequencial Memória auditiva sequencial é a capacidade de perceber e reproduzir sons na mesma ordem em que foram produzidos. Como problemas decorrentes de distúrbios da memória auditiva sequencial podem aparecer: • inabilidade de apreciar a ordem temporal ou sequência dos acontecimentos auditivos que pode se refletir nas trocas de sílabas nas palavras (por exemplo: macoca por macaco) ou troca de palavras nas frases; • dificuldade de aprender os dias da semana, os meses do ano e até mesmo a sequência dos fatos históricos; • a memória e a sequência auditivas estão envol- vidas no processo de leitura-escrita; logo, pro- blemas na análise e síntese auditivas das palavras dificultam o processo de aprendizagem da leitura e da escrita. Para desenvolver a memória auditiva sequencial, a criança poderá: • Repetir, na mesma sequência, sons ouvidos, à vista de instrumentos. Por exemplo: o educador toca um tambor e depois um chocalho. A criança, utilizando outros instrumentos iguais, repetirá o padrão. O educador toca um tambor e depois um choca- lho sem que a criança os veja. A criança deverá repetir o padrão apresentado pelo educador, selecionando os instrumentos dentre vários apresentados. Obs.: Variar a apresentação dos sons: batida de pé, palmas, miado etc. • Reproduzir o número de batidas feitas pelo educador em um pandeiro, utilizando seu pró- prio instrumento. • Reproduzir, batendo em um pandeiro, o ritmo criado por um colega que bate palmas. • Reproduzir sons, utilizando instrumentos mu- sicais variados em uma sequência. Obs.: Utilizar três ou mais instrumentos mu- sicais. Variar o exercício utilizando outros sons ambientais. • Desenhar linhas ou carimbar de acordo com um ritmo dado. Por exemplo: duas palmas - pausa - uma palma (2 linhas) (l linha) • Dar passos de acordo com um ritmo dado. • Procurar gravuras em uma caixa, apresentando- as na mesma ordem das palavras ouvidas. Por exemplo: pente, caneca Obs.: Pedir depois três ou mais gravuras. Quanto mais significativo for o material, melhor será a memorização. • Repetir frases simples. Nota: Aumentar, aos poucos, o número de síla- bas da frase. • Repetir séries de números. Por exemplo: repetir 5-2 Obs.: Aceitar, somente, se a criança disser os nú- meros na sequência dada. Aumentar aos poucos a série de números. • Cumprir ordens dadas pelo educador em uma determinada sequência. Por exemplo: vá ao armário e apanhe uma caixa de giz. Obs.: Iniciar utilizando palavras que indi- quem tempo: "Primeiro vá ao armário e depois apanhe uma caixa de lápis". Mais tarde, dar três ordens consecutivas. APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS • Ouvir três frases que narram uma pequena his- tória. Arrumar, em sequência, três gravuras que ilus- tram a história ouvida. Frases: Maria ganhou doze reais. Maria comprou um brinquedo. O brinquedo de Maria é uma massinha. • Citar os personagens de uma história na ordem em que eles aparecem no decorrer da mesma. • Reproduzir histórias simples contadas pelo educador. • Repetir histórias de Literatura Infantil. • Repetir séries de palavras, acrescentando sem- pre um elemento. MARIANGELA STAMPA [1°) Realizando jogos em grupos: a) - "Minha mãe tem uma loja"; - "Minha mãe tem uma loja e vende ro jpas"; — "Minha mãe tem uma loja e vende roupas e | acesso rios"; - "Minha máe tem uma loja e vende roupas, i acessórios e perfumes". b) - "Eu vou viajar para São Paulo" - O educador inicia dizendo: "Eu vou para São Paulo | Ex.: e vou levar uma bolsa". A criança seguinte repete a frase dita e acrescenta uma palavra nova: "Eu vou! para São Paulo e vou levar uma bolsa e um celular" etc. | ! (2°) Evocando nomes de elementos relacionados a um tema. Variar os temas. j Animais: i Elefante í Elefante, cobra í Elefante, cobra, leão | Elefante, cobra, leão, jacaré Outras sugestões: objetos escolares, comidas, flo- res, frutas, cores, peças de roupa, homens, mulheres, móveis, animais ferozes, aves, partes do corpo etc. Obs.: Cada criança repete o que o colega falou, acrescentando um elemento à série. • Repetir frases às quais acrescenta elementos em complexidade crescente. Ex.: Murilo estudou muito. Murilo estudou muito para a prova. Murilo estudou muito para a prova de Matemática. • Brincar de "Clínica do Boato". - O educador manda quatro crianças saírem da sala de aula. Em seguida, conta para o resto da turma uma história simples. Manda uma das crianças voltar e uma das que ficaram recontará a história para a que voltou. Após ouvira história, esta criança chamará ou- tro colega que ficou de fora e também contará a mes- ma história ouvida. Assim se fará até todas as crianças retornarem, sendo que a última ouvinte também deve- rá contar a história. 3.9 Discriminação auditiva Discriminação auditiva é a habilidade de dife- renciar um som do outro e de distinguir pequenas di- ferenças nos sons. Como problemas decorrentes de falhas na discri- minação auditiva podem aparecer: • Confusão e troca de fonemas quando de sua enunciação: Por exemplo: /pote/ /bote/ • Dificuldades na associação dos fonemas (sons) aos grafemas (letras) correspondentes, com problemas para a aprendizagem de leitura e escrita. A criança aprende a associar um som com a fonte que o produziu. À medida que desenvolve essa habili- dade, começa a discriminar um som do outro. Para desenvolver a discriminação auditiva, a criança poderá: • Discriminar sons não verbais: - Dizer se os sons são iguais ou diferentes. Ex.: a) O educador toca um sino, faz uma pausa e torna a tocar o mesmo sino. b) O educador toca um sino, faz uma pausa e depois toca um chocalho. - Dizer se os sons (da escala musical) são iguais ou diferentes. Ex. a) O educador sopra uma gaita em urna nota, faz uma pausa e torna a tocar a mesma nota. i b) O educador sopra uma gaita em uma nota e, depois de uma pausa, toca uma outra nota. APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS - Dizer se os sons com relação à intensidade são iguais ou diferentes. Ex.: a) O educador dá uma batida leve em um tambor, faz uma pausa e depois dá uma batida forte. b) O educador dá urna batida leve no tambor e torna a bater de leve. - Juntar aos pares latinhas que produzem o mes- mo som. Por exemplo: latinhas que contêm sementes (de abóbora, laranja etc.), pedrinhas, caroços, clipes, ma- carrão etc. - Ouvir um som forte e bater palmas; ouvir um som fraco e abaixar-se. - Discriminar sons graves e agudos: de vozes, de apitos etc. - Andar lentamente ao som de um tambor e cor- rer ao ouvir o som de um chocalho. - Discriminar sons de objetos com pesos diferentes. Por exemplo: ouvir ruído provocado pela queda e dizer qual é o mais pesado. - Responder a perguntas sobre sons ouvidos pelo grupo. MARIANGELA STAMPA , Que barulho foi este? j Foi produzido aqui dentro ou lá fora? § Qual foi o som mais perto, o da buzina do carro ou o dessas pessoas falando? - Discriminar sons humanos não verbais. Por exemplo: sons de palmas, de palmadas, es- pirro, assovio, tosse, estalar dos dedos, arrastar de pés etc. - Realizar jogos de discriminação auditiva. Ex.: Jogo de "Tira e põe". A criança deverá colocar uma bola de gude em um balde quando ouvir um apito e tirar uma bola do balde quando ouvir um chocalho. • Discriminar sons verbais: - Observar a boca do educador e reagir ao ouvir determinado som. Por exemplo: levantar o braço toda vez que o educador emitir o fonema /s/ (o educador repete o mesmo som muitas vezes — ss... ss... ss... — e a criança levanta o braço a cada vez). Obs.: Nesta fase, o educador utiliza somente Letras correspondentes a sons (fonemas) que podem ser pro- longados (f, v, r, s, x, z). ATENÇÃO: é para produzir o som e não o nome da letra. - Realizar o exercício acima, utilizando as demais le- tras, isto é, seus respectivos sons: p, b, t, d, k, g que serão emitidos somente uma vez e não repetidos. - Realizar os exercícios acima, porém, estando de costas para o educador. - Ouvir uma sequência de sons bem diferen- tes auditivamente e reagir a um anteriormente combinado. Ex.: Bater palmas toda vez que ouvir o som das letras /si. O professor dirá o som das letras: p, t, s, l, s, v, r, s etc. - Realizar o exercício anterior, porém dificultan- do-o, usando fonemas mais semelhantes. Ex.: Fazer um traço vertical no quadro de giz toda vez que ouvir o som da letra /s/. O professor dirá os seguintes sons, das respectivas letras: s, z, x, s, z, j, s. - Dizer se os pares de sons emitidos pelo educador são iguais ou diferentes (utilizar sons contrastantes). ! /p/ - /t/ - são iguais ou diferentes? j /p/ - /p/ - são iguais ou diferentes? etc. j - Dizer se os pares de sons emitidos pelo educa- dor são iguais ou diferentes. (Utilizar sons homorgâni- cos, isto é, tem o mesmo ponto articulatório - /p/ - /b/, kl - /d, /k/ - /g,/ /s/ - /z/, /f/ - /v,/ etc.) Ex.: /f/ - /f/ - são iguais ou diferentes? /f/ - fvJ - são iguais ou diferentes? etc. - Observar a boca do educador e ouvir as vogais emitidas por ele: a-e — a-o — u — a-i — a. - Discriminar uma vogal em um grupo de vogais. P, Levantar o braço ou ouvir a vogal /a/. a-o - i - e - a — o -a — u -a Obs.: O educador troca apenas as vogais. - Levantar o braço quando ouvir a sílaba ab. Por exemplo: ab - ub — ob - ab - eb — ab - Dizer se os pares de sílabas são iguais ou diferentes, ap-ap op-op ap-op ep-ep - Bater com a mão na mesa quando ouvir pala- vras iguais. (O educador trabalhará inicialmente com palavras cujos fonemas sejam contrastantes.) casa/cata j Ex.: i folha/rolha fada/fada - Dizer se os pares de vogais são iguais ou dife- rentes audi ti vãmente. Ex.: Bater com a régua na mesa ao ouvir vogais iguais. | a-a a-o e-e o-e i-i u-u - Dizer se os pares de palavras são iguais ou diferentes. bote-bote cola-cola bote-bota l cala-cola APRENDIZAGEM l: DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS - Realizar o exercício acima utilizando palavras com fonemas auditivamente semelhantes (homorgânicos). Ex.: pote/bode fila/vila gola/gola gola/cola - Fazer um círculo toda vez que ouvir palavras iguais e um X quando as palavras forem diferentes (usar fonemas semelhantes). UARIÂNGELA STAMPA Ex.: Numerar o papel até 4 1. queijo - queixo 2. cola - gola 3- pato -pato 4. pato — bato 3.10 Análise-síntese auditiva/ Consciência Fonológica Análise-síntese auditiva é a capacidade de identi- ficar as características dos sons dentro de um todo e de reuni-los formando esse todo. A terminação Consciência Fonológica tem sido definida pelos linguistas como sendo a consciência de que as palavras são constituídas por diversos sons. Afir- mam que esta tomada de consciência é uns dos fatores mais importantes no processo de aprendizagem da lei- tura e da escrita, já que aprender a ler e a escrever or- dena que o aprendiz compreenda o sistema da escrita alfabética, ou seja, o aprendiz deve perceber e compre- ender que, tanto na fala quanto na escrita, existe uma sequência, e qualquer alteração nessa sequência pro- duzirá uma palavra diferente. Morais (1997) afirma que a aprendizagem do sistema alfabético de leitura e escrita pressupõe a habilidade de decompor e compor os sons da fala. Como problemas decorrentes de dificuldades de anal is e-síntese auditiva podem aparecer: • dificuldades em combinar fonemas e sílabas para formar uma palavra e combinar palavras para formar uma sentença, dificultando, assim, a aprendizagem da leitura e da escrita. Caso o educador utilize um método fonético, a alfabeti- zação terá maior risco de ser prejudicada; • dificuldades em separar as palavras em sílabas ou em fonemas (sons individuais), afetando a aprendizagem da leitura. Para aprender a ler, a criança deverá aprimorar suas habilidades de análise-síntese auditiva e consci- ência fonológica. Ela necessita analisar a palavra nas partes que a compõem, percebendo as palavras como feitas de sons iniciais, mediais e finais. Para desenvolver a análise-síntese auditiva, a criança poderá: • Ouvir sons do início da palavra, observando, com atenção, a "boca" (produção oral) do educador, para ajuda visual. Por exemplo: ouvir com atenção como começa a palavra mato. Obs.: O educador dirá mato, enfatizando a pri- meira sílaba. Trabalhar com outras sílabas. l - Discriminar sons do início da palavra, identi- ficando as que comecem peio mesmo som (trabalhar com palavras que comecem por sons auditivamente diferentes). - Apontar as gravuras do fichário cujos nomes comecem por ma. - Envolver com uma linha as gravuras cujos no- mes comecem por ma. -Procurar nas revistas gravuras cujos nomes co- mecem pela sílaba ma. - Traçar uma linha no papel, toda vez que ouvir uma palavra começada por ma. Por exemplo: mato — cola — vela — macarrão — Maria - Pensar e dizer ou escrever no papel o maior nú- mero de palavras que comecem com a sílaba ma. - Brincar de "Lá vai uma barquinha carregadinha de..." (cada criança deverá dizer uma palavra co- meçada pelo som escolhido). Por exemplo: - Lá vai uma barquinha carregadi- nha de ca... capa, capota, casa, camisa etc. - Discriminar sons iniciais identificando palavras dentre outras que comecem por sons auditivamente semelhantes. Esta atividade exige reconhecimento fo- nêmico e deverá ser introduzida com crianças em tor- no de 6 a 7 anos de idade. APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS Obs.: Realizar os exercícios anteriores, utilizando palavras com os fonemas: /p/ - /b/, /t/ - /d/, /k/ - /g/, /sj - /z/, m - M. Quando a criança já reconhece os sons que iniciam as palavras, pode passar à identificação dos sons finais. • Cantar músicas, enfatizando a última sílaba ou palavra do verso. Ex.: Atirei o pau no gato-to, mas o gato-to não morreu-reu-reu etc. - Ouvir sons do final de palavras observando, com atenção, a boca do educador para ajuda visual. Por exemplo: ouvir com atenção os sons do final de palavras (o educador dirá as palavras enfatizando a sílaba final — pato). Discriminar sons finais identificando palavras que terminem pelo mesmo som dentre outras de sons finais auditivamente diferentes. - Juntar os cartões cujos nomes terminem da mesma maneira. - Acasalar gravuras cujos nomes terminem da mesma forma. MARIÂNGELA STAMPA • Levantar a mão ao ouvir uma palavra termina- da por ola. bola — casa — cola — escola — menino — sacola • Identificar se o som vem no início ou no fim da palavra (se é o primeiro ou último). Por exemplo: apontar para o teto se o som for no início e para o chão se for no fim. Sílaba: lá - lata/cola/fala/mala • Adivinhar palavras, com ajuda do educador, que indica o som final: Uma fruta - ao Um veículo - ao Uma parte do corpo - ao As crianças gostam de cantigas e jogos que con- têm rimas. O educador deve levar a criança a perce- ber a rima, a trabalhar com palavras que rimem e a fazer rimas. Isso ajudará a criança a desenvolver a habilidade de análise-síntese auditiva e consciência fonológica. • Cantar pequenas músicas enfatizando as rimas. ^KM A barata diz que tem Sete saias de balão E mentira ela não tem Nem dinheiro pró sabão! Ex.: • Completar frases de modo que rimem, esco- lhendo a palavra entre gravuras apresentadas ou so- mente de forma oral. Ex.: Vou rociar o meu pião, l na palmada minha... Olha lá, que é que rola? Eu já sei, é uma... • Repetir pequenas frases que rimam e dizer quais são as palavras que têm sons finais iguais. P Peguei o sabão/ para lavar a mão. Eu vi um gato/ no meio do mato. Adivinhar a palavra que rima. Ex.: é uni alimento e rima com avião - é um número e rima com português - • Dizer uma palavra que rime com outras duas. P _ j coração, mão l bola, rola- .... • Completar quadrinhas, fazendo rimas. Ex.: Mamãe me deu um presente. Tirei o laço e o papel. Apanhei e pus no dedo, Como é lindo o meu Obs.: Se a criança tem dificuldade em juntar unidades isoladas, compondo palavras com significa- do, devem ser dados exercícios que a ajudem a su- perar essa dificuldade. Iniciar apresentando palavras compostas, antes de passar às formas mais difíceis de juntar os sons. • Juntar partes para formar uma palavra compos- ta, observando, logo após, um desenho relativo a cada uma delas. A gravura reforça mais uma pista visual. rEx.: Educador fala I jCriança fala guarda (pausa) roupa guarda (pausa) chuva | couve (pausa) flor guarda-roupa guarda-chuva couve-flor Educador apresenta j a gravura j APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS Obs.: Devem ser apresentadas muitas palavras compostas antes de se passar à fase de juntar sílabas e fonemas. • Juntar sílabas ditas pelo educador a partir de duas sílabas. Ex.: Educador ca (pausa) ma Ia (pausa) go bo (pausa) ca Criança: cama lago boca Obs.: Trabalhar, depois, palavras com maior núme- ro de sílabas: ma (pausa) ca (pausa) co (pausa) — macaco. • Repetir, oral ou graficamente, palavras ditas pelo educador formando uma sentença. l O educador diz pausadamente e batendo uma palma para cada palavra da frase. O (pausa) menino (pausa) brinca (pausa) com (pausa) o (pausa) carro. A criança repete: O menino brinca com carro. • Completar oralmente séries de palavras ditas pelo educador, obedecendo à sílaba inicial já combinada. IEx.: urso - pato - macaco - ca (animais) armário - sofá - banco - ca (móveis) • Dizer, oralmente, palavras que começam ou terminam com determinado som, de acordo com con- ceitos dados pelo educador. sã - E um cómodo da casa. Ex.: i sã - Usa-se no pé. ! sã - Serve para carregar compras. • Dizer, oralmente, quais são as sílabas das palavras: Tapete — ta - pé - te l Caderno — i Lápis -Lua - lu - a • Completar palavras, oralmente, dizendo a síla- ba que falta (com ou sem auxílio visual). Por exemplo: tape. boné. • Dizer a sílaba ou as sílabas que aparecem repetidas. Ex.: batata - careca - banana • Procurar palavras dentro de outras dadas pelo educador. Ex.: j Rodapé — roda/ pé Palhaço — palha/aço i Macaco - Tomate- • Alterar a ordem das sílabas das palavras dadas, formando outras. Ex.: ! gola-lago mala - lama vela - tela - . • Formar palavras novas, omitindo a segunda sí- laba de palavras trissílabas, dadas pelo educador. Ex.: gaveta - gata j verdade — verde camisa - casa bonita - camelo - calo l boneca — • Ordenar sílabas dadas pelo educador para for- mar uma palavra. Por exemplo: ca - ca - ne / caneca. • Apontar, dentre várias gravuras, aquelas cujos nomes contêm a sílaba Ia. • Marcar gravuras de acordo com o som inicial dito pelo professar. Obs.: Pode ser feito em forma de jogo de loto. Por exemplo: o professor diz sílabas ou unidades fonêmicas: "as" "ma" ou /s/, /m/ etc. Feijões ou outro objeto para marcar. • Dizer o som inicial (sílabas ou fonemas) das palavras ditas pelo educador. • Apontar a letra correspondente ao fonema que aparece o maior número de vezes em cada uma das frases lidas pelo educador. T Ex.: r - b - t Titia tem um tatu. j Beto bebeu café do bule. Rute roda o arco na rua. • Riscar em uma palavra a letra ou sílaba que não foi dita pelo educador. íEx.: | | Cão O educador dirá ao e a criança deverá riscar o c. : Janela O educador dirá nela e a criança deverá riscar o já. i • Apontar em uma folha as figuras que começam com o mesmo som. Ex.: som /t/ • Levantar o braço toda vez que ouvir palavras começadas por determinado som. Ex.: Palavras começadas por J s!: sofá — carro — sapato — sala — borracha - sete • Fazer listas de palavras começadas com os sons de diferentes fonemas. Ex.: palavras começadas com /p/, kl, /v/, /!/, l d etc. • Formar palavras novas, alterando apenas um dos sons das palavras dadas. Ex.: panela — janela vaca - faca mala — • Ouvir os fonemas ditos pelo educador, repeti- los e dizer a palavra formada. Ex.: /p/ - /i/ - /k/ - /a/ - /d/ - /a/ - picada • Escrever as letras, à medida que os fonemas correspondentes sejam ditos pelo educador. Ler a pa- lavra formada. MARIÂNGELA STAMPA Transcrição fonética: Ex: Ibr-JoJ-fíf-ht-boca. ítí - Id - IV - W - tela • Bater palmas ao ouvir palavras iguais. Numerar em um papel as palavras abaixo. Fazer "combinados". Por exemplo: fazer um círculo toda vez que ouvir palavras iguais e um X quando as palavras forem diferentes. 1 ^J>ulo '<2- J>ata 3 -jperto _4jjxmta j 1 1 - bote 2 - bato ^-bala 4 - cabelo 1 - talo 2 - tira 3 - tora 4 - touro T-'dia 7 2 - dedo 3 - data 4 - dote L - bule J-j^ata Aporto - tonta - note T - •— - mato - bala - camelo - calo - mira - tora - couro - mia - dedo - nata - bote /P/ 1 - copo 2 - campo 3 - porta 4^j>ato /B/ 1 - bico 2 - cabo 3 - nabo 4 - bola /T/
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